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31 julho 2008

Pena de Morte - Jorge Hessen

PENA DE MORTE - UMA SUPREMA IRRACIONALIDADE HUMANA

Dentre os escritos do Velho Testamento, encontramos a seguinte passagem: "O que ferir qualquer dos seus compatriotas, assim como fez, assim se lho fará a ele: quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; qual for o mal que tiver feito, tal será o que há de sofrer." (1) Disposições punitivas em flagrante contradição com a ordenação maior do mesmo Velho Testamento no Decálogo - "Não matarás" (2).

A imprensa noticiou que o Governo cubano anunciou, recentemente, que todos os prisioneiros condenados à morte no país terão suas penas revistas, exceto alguns poucos condenados por "terrorismo". A deliberação de comutar a pena dos condenados à morte, segundo o governo de Havana, não foi tomada por conta da pressão internacional, mas por razões "humanitárias". Porém, lamentavelmente, a pena capital continuará existindo em Cuba.

No Brasil, pesquisas indicam que a maioria dos brasileiros é favorável à implantação da pena de morte. Na condição de espírita, temos convicção de que o argumento das pesquisas não é legítimo. Até porque, o respeito pelos direitos humanos nunca deve depender da opinião pública, sujeita a muitas instabilidades. E, mais ainda, a experiência tem mostrado que a pena de morte tem sido aplicada (nos países que a adotam) contra as minorias sociais e contra os pobres, aos quais sempre se associa a imagem da violência.

Segundo Chico Xavier, - "a pena deveria ser de educação. A pessoa deveria ser condenada, mas, a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial. (3) O Estado de Nova Jersey - EUA tornou-se o primeiro Estado americano a abolir a pena de morte por decisão legislativa, desde que a Corte Suprema do país restituiu a prática, em 1976. Houve 53 execuções em 2006 nos EUA, menor número em dez anos.

Durante a Idade Média, muitos pensadores foram excomungados pela Igreja e, com o aval ou o silêncio do monarca, condenados à morte. Com a chegada do séc. XIX e o advento dos filósofos iluministas, o movimento contra a pena de morte conheceu um período de franco apogeu. Portugal foi o país pioneiro na abolição dessa execrável instituição; em 1852 para os crimes políticos, e em 1867 para os crimes civis. Paulatinamente, muitos países seguiram a trilha dos compatriotas ibéricos, abraçando essa conquista dos direitos humanos sobre a barbárie, tornando-se abolicionistas. Porém, com o eclodir das duas Grandes Guerras mundiais no século XX, holocaustos e revoluções, fundamentalismos e purgas, a tendência começou a se inverter, infelizmente. No Brasil, esta pena foi abolida para os crimes comuns em 1979. Mas, a pena capital foi largamente utilizada e aplicada no País até a segunda metade do século XIX.

Sobre a Pena de morte "a aprovação definitiva, pela Assembléia Geral da ONU, [formada por 192 estados membros] teve 99 votos a favor, 52 contra, 33 abstenções e 08 ausências. A resolução abre caminho para a abolição da pena de morte e a proteção dos Direitos Humanos no mundo". (4) Lamentavelmente, 99 países ainda continuam a matar "legitimamente", ou seja, mais da metade. A pena de morte dita "limpa", herdeira da guilhotina da Revolução Francesa, faz parte do rol de costumes que, hoje, todos os verdadeiramente civilizados tendem a considerar bárbaros.

Nos países islâmicos as execuções continuam a ser públicas. No Iraque, as famílias dos condenados são obrigadas a pagar o custo da execução, tal como na China, onde a conta dos projéteis (balas) é enviada para casa do condenado. Na Arábia Saudita, Qatar, Iémen e Emirados Árabes Unidos, os condenados têm o sádico "privilégio" de serem decapitados com uma cimitarra (5)... de prata!

Dois mil anos passados após a mensagem consoladora e educativa do Cristo, Ele próprio vítima dessa nefasta instituição, continua-se assassinando. Na era do espírito, da informação e da conquista do espaço, a persistência neste arcaico expediente, consistindo em dar aos Estados o direito de levar a termo a sua própria vingança, é, no mínimo, degradante e ignorante, demonstrando a falta de ética e evolução desses povos.

Allan Kardec indagou aos Espíritos se desaparecerá, algum dia, da legislação humana, a pena de morte? Os Benfeitores responderam que "incontestavelmente, desaparecerá, e a sua supressão assinalará um progresso da humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos a pena de morte será completamente abolida da Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos homens." (6)

Na pergunta 761 de "O Livro dos Espíritos", acerca do tema, questionando se o homem tem o direito de matar, eliminando, assim, da sociedade, um membro perigoso, os espíritos superiores respondem: "Há outros meios de ele (o homem) se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso abrir e não fechar aos criminosos a porta do arrependimento." (7)

Com a pena de morte, julga o homem, na sua ignorância das leis da vida espiritual e da reencarnação, ter solucionado o problema social da violência. O que acontece é bem diferente, pois o condenado irá forçado para o plano espiritual, mas, voltará, inevitavelmente, à Terra, para prosseguir o seu plano de crescimento espiritual. Quando assumimos - segundo os melhores juristas do mundo - a posição de juízes, e decretamos a pena de morte, demonstramos o nosso ódio e o nosso fracasso.

Matar criminosos não resolve: eles não morrem. Eliminar o corpo físico não significa transformar as tendências do homem criminoso. Seus corpos descerão à sepultura, mas, eles, Espíritos imortais, surgirão vivos e ativos, pesando, negativamente, no ar que respiramos. O criminoso executado ganha o benefício da invisibilidade e passa a assediar pessoas com tendência à criminalidade, ampliando-a, causam estragos no psiquismo humano, na medida em que as pessoas se mostrem vulneráveis, psiquicamente, à sua influência.

Ouçamos a admoestação do Espírito Emmanuel - "Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás dos quadros de vossa penologia, e oremos, todos juntos, suplicando a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, será possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre, condenado à morte sem culpa: "Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!"(8)

Perante todas essas considerações, é necessário que tomemos, urgentemente, um posicionamento definitivo contra a pena de morte, até porque, a violência gera violência. A educação, a instrução religiosa, aliada à fé raciocinada, garantem a solução para os problemas sociais. Recorrer às práticas primitivas é, no mínimo, retroceder no tempo, e já deveriam fazer parte apenas do arquivo da história da humanidade.

Jorge Hessen E-Mail: jorgehessen@gmail.com Site: http://jorgehessen.net

FONTES:
1 Levítico, 24:17, 19 e 20.) 2 Deuteronômio Cap. 5 vs17 3 Xavier, Francisco Cândido. Mandato de Amor, MG: Ed. União Espírita Mineira, 1992. 4 documento publicado pela ONU (16.11.2007) 5 A cimitarra é uma espada de lâmina curva mais larga na extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada por certos povos orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos guerreiros muçulmanos 6 Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 760 7 Idem pergunta 761 8 Xavier, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos, Ditado pelo Espírito Emmanuel, cap. 50, Rio de Janeiro: ed. FEB, 2001

30 julho 2008

Dirigir Não é um Direito, Mas Apenas uma Permissão - Jorge Hessen

DIRIGIR NÃO É UM DIREITO, MAS APENAS UMA PERMISSÃO

O problema é trágico quando se trata de acidentes de trânsito, no Brasil, causados por quem dirige alcoolizado. Por isso, foi promulgada uma nova lei estabelecendo normas mais rígidas para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor. A Lei nº 11.705, de 19 junho de 2008, assume tolerância zero com o álcool. Antes, um motorista podia ter, até, seis decigramas de álcool, por litro de sangue (índice alcoólico equivalente ao consumo de, aproximadamente, dois copos de cerveja). Agora, mais do que zero de álcool, é infração gravíssima.

É uma luta de Davi contra o Golias. É extremamente complicado bater de frente com a indústria da bebida, em especial a da cerveja, com as suas bilionárias campanhas publicitárias, que sorrateiramente associam álcool com o sucesso, a sensualidade, a jovialidade e para isso usam ícones populares da música e das novelas.

As indústrias de cervejas se mobilizam junto a políticos para impedir restrições à nefanda propaganda do álcool, um tóxico livre. Qualquer uma pessoa , até sem muito esforço de raciocínio, sabe que a cerveja, por seu teor de álcool, pode ser considerada uma droga psicoativa, capaz de alterar os estados mentais.

Há muito tempo escrevemos sobre a tragédia do consumo do álcool, porém a julgar pelo alarmante número de mortes violentas vinculada a bebida, como demonstra o trânsito de todo país, nós , que alertamos em nome do Cristo, estamos sendo derrotados ante a "felicidade sóbria" de quem está faturando o vil metal com a irresponsabilidade social.

Em verdade, por trás da tragédia do consumo do álcool, sabemos que o alcoolismo é um dos mais sérios problemas médico-sociais do mundo contemporâneo. Os especialistas se esforçam em buscar as causas prováveis da questão, e, dentre muitos outros fatores, destacam a gigantesca influência da propaganda bem produzida, veiculada pela mídia, especialmente na televisão.

Há estudos repletos de dados apontando que considerável parcela dos crimes está associada ao consumo de álcool, fator responsável por atropelamentos, homicídios e violências domésticas, entre muitos outros delitos.

Para fugir da punição, alguns defendem a tese de que ninguém, pela legislação brasileira, é obrigado a produzir prova contra si mesmo. No entanto, para o trânsito, as regras são outras, e quem as desobedecer estará sujeito às sanções penais cabíveis. Logo, prudente é que ninguém se recuse a fazer o teste de alcoolemia com o bafômetro sob quaisquer justificativas. Dirigir não é um direito, mas uma permissão do poder público, concedida apenas a quem se habilita e segue determinadas regras. Concordamos, plenamente, que dirigir seja, apenas, uma permissão. Logo, ou nos submetemos aos ditames das normas ou deixamos que outros dirijam por nós, o que é mais sensato.

De acordo com o art. 306 da lei, o condutor de veículo que apresentar teor de álcool, igual ou superior a seis decigramas por litro de sangue, é enquadrado como criminoso de trânsito. Nesse caso, o motorista está sujeito à prisão, de seis meses a três anos, além de ser multado, ter a carteira suspensa ou ficar proibido de tirar nova habilitação. Se uma pessoa, sob influência de álcool, se envolver em acidente, com lesão corporal, o crime passa a ser considerado doloso, com intenção de matar, ao invés de culposo, sem intenção de matar, como era previsto na lei anterior.

A obsessão, através do consumo de álcool, é mais generalizada do que parece. Num contexto social permissivo, o vício de ingestão de alcoólicos torna-se expressão de "status", atestando a decadência de um período histórico que passa lento e dolorido. Apesar dos danos que o álcool provoca na estrutura fisiopsicossomática, existem aqueles "especialistas" que alegam que o corpo físico necessita de pequenas quantidades dele. Ledo engano! Isso é veementemente contestado pelos estudiosos sensatos. O alcoolista não é somente um destruidor de si mesmo, mas, também, um veículo das trevas, ponte viva para as fontes arrasadoras do mal. A retórica permissiva do "inofensivo" drinque deve ser enterrada e, jamais, sob nenhuma alegação, deve ser exumada. Tudo começa com o primeiro gole. Depois vem a necessidade do segundo, do terceiro e assim por diante, posto que a dependência se instala sorrateiramente no organismo humano.

A legislação atual (graças a Deus!) proíbe condutores que tenham consumido qualquer dose de bebida alcoólica, tanto em vias urbanas, quanto em estradas rurais. Porém, para o período de indefinição, vale um decreto que permite aos motoristas, por enquanto, apresentar até dois decigramas de álcool por litro de sangue. Isso é o equivalente a um cálice de vinho para uma pessoa de 80 quilos. Uma taça de vinho significa um teor alcoólico, de dois a três decigramas por litro de sangue, o que configura infração, mesmo com a margem de tolerância que vai valer nos primeiros tempos da lei.

O que nos envergonha é que a própria família incentiva o consumo de alcoólicos. O número de jovens que dirige sob a influência do álcool é surpreendente, conforme nos revelam as pesquisas. Os jovens, de hoje, têm grande dificuldade em lidar com limites, e, por essa razão, a faixa etária dos que abusam do álcool diminuiu. Há dez anos, o alcoólatra de 40 anos começava a beber aos 17 ou 18 anos. Hoje, aos 12 ou 13. Isso significa que, daqui a uma década, teremos alcoólatras graves de, apenas, 35 anos, no auge da vida produtiva. É pertinente dizer que, se a pessoa beber dois chopes, a presença do álcool vai ser detectada pelo bafômetro, de três a seis horas, depois do consumo. Quantidades maiores podem ser registradas, até 12 horas, após a ingestão. Nada adianta driblar o agente de trânsito ou o bafômetro, com velhas e conhecidas artimanhas, como, por exemplo, tomar café, banho frio ou correr. Nada tira o efeito do álcool. Para isso, o único jeito é esperar que as horas passem ou não beber coisa alguma.

O adolescente se expõe, hoje, muito mais às hipnoses das bebidas da moda. Está se formando uma geração de dependência do álcool. Além de comprometer a saúde, há os riscos por dirigir embriagado. A violência é explícita e os traumatismos decorrentes de acidentes, por abuso do álcool, é a conseqüência. Existem mais de cem mil alcoolistas só em Brasília e boa porcentagem desse universo é constituído de jovens com menos de 17 anos de idade. Atualmente, o alcoolismo é o mais importante problema de saúde pública no Brasil.

O ideal é que não haja, na face da Terra, pessoas consumindo alcoólicos. Isso é possível, desde que queiram livrar-se desse mal. Para se adaptarem aos processos da educação, necessitam do esforço continuado (disciplina). Todas as conquistas do espírito se efetuam na base de lições vivificadas. O homem não se conserva no vício, senão porque quer permanecer nele; aquele que queira corrigir-se sempre encontrará recursos para se libertar dessa condição inferior. Se não fosse dessa forma, inexistiria, para nós, a lei do progresso, conforme demonstram os princípios espíritas.

Jorge Hessen E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net

29 julho 2008

Tolerância da Lei - Espírito Carlos

TOLERÂNCIA DA LEI

Não é certo que se despreza o ladrão, quando furta para saciar-se, tendo fome? Prov. 6:30.

A lei, mesmo a terrena, tem uma grande tolerância com aqueles que a desrespeitam. As faltas são amenizadas, muitas vezes, contudo, é de senso comum o reparo do prejuízo verificado. Ninguém tem o direito de prejudicar a outrem.

Muitos alimentam idéias de facilidades para não ganhar o pão com o suor do rosto.
Pedem misericórdia quando a justiça os apanha. A corrigenda se faz necessária para o despertamento da consciência. A pedra serve mais quando é arrancada por meio de explosivos, de onde se acomodou outrora.

A lei nos seus fundamentos, em todos os países do mundo, tem profunda ligação com as leis espirituais e é tão justa que cada povo recebe só o que merece, na pauta das suas ascensões. Em nenhuma delas falta a misericórdia. Na proporção que cada faltoso merece, o amor atinge a todos na freqüência das necessidades dos corações. E o direito dos homens cada vez mais crescem, na medida que aumentam as suas virtudes e compreendem as leis de Deus, senão as leis naturais.

Estamos caminhando vertiginosamente para o reino de Deus na Terra; muitas almas têm opiniões contrárias, no entanto, essa é a verdade. Jesus comanda a nossa batalha sem esmorecer e, como um cântico de vitória, onde há guerra, está sendo semeada a paz, onde há injustiça, está sendo disseminada a justiça, onde há ódio, o amor está sendo pregado por todos os meios que os recursos aconselham.

O terceiro milênio nos espera com muitas renovações.
Não desprezemos o ladrão como nos pede o provérbio, porém com as nossas possibilidades, procuremos educá-lo. No momento em que quer carinho, dá carinho e, na hora em que a energia fizer falta, usemos a energia bem direcionada. Em tudo na natureza existe equilíbrio; devemos, pois, fazer o mesmo.

De "Gotas de Fé",
de João Nunes Maia,
pelo Espírito Carlos


28 julho 2008

Missionários do Amor - Momento Espírita

Missionários do Amor

Quando se fala em missionário, a primeira imagem que nos acode à mente é a de um religioso devotado ao bem.

Alguém que dedique seus dias e noites, de forma integral, para o bem dos seus irmãos, para a Humanidade.

No entanto, missionários existem de diversos portes. E alguns muito próximos de nós.

Por vezes, pais amorosos que recebem nos braços filhos deficientes e os sustentam por toda uma vida, com seus cuidados e extremada ternura.

De outras, amigos excepcionais que estendem mãos de veludo para aplacar as dores dos espinhos nas carnes alheias.

Filhos dedicados que nascem para iluminar nossas vidas, à semelhança de astros luminíferos em nosso céu borrascoso.

Recordamos de uma família que conhecemos. O segundo filho do casal nasceu portador de séria enfermidade que, a pouco e pouco, lhe foi retirando a mobilidade.

Primeiro foi o andar impreciso, depois somente com amparo forte, até a imobilidade dos membros inferiores.

Da dificuldade de coordenação motora à dependência total para as mínimas necessidades: beber um copo d\'água, levar o alimento à boca.

Enquanto o drama era vivido e sofrido pelos pais, a esposa engravidou pela terceira vez.

O diagnóstico nada animador prescrevia um abortamento, dadas as complicações cardíacas da gestante, além da possibilidade do bebê ser portador de microcefalia.

Estribado na fé, o casal aguardou o tempo. O bebê nasceu perfeito. Garoto feliz, demonstrou desde os primeiros momentos o quanto era grato por estar vivo.

Mais de uma vez, deixava dos folguedos para correr ao pescoço da mãe, abraçá-la e dizer: Eu amo a minha vida, amo a minha casa, amo todos vocês.

A nota mais interessante começou a ser observada quando o pequeno não tinha mais que ano e meio. Colocava-se em pé em sua cadeirinha e com cuidado ajudava colocar na boca do irmão deficiente a alimentação.

Na sua linguagem infantil, pronunciava: Eu judo o mano. E na medida em que cresceu, a ajuda se tornou mais constante e efetiva.

Hoje, quase aos sete anos, o pequeno é o guardião do seu irmão. Dormem no mesmo quarto, por insistência dele e, não são raras as madrugadas em que ele se levanta do leito, atravessa o corredor, se dirige ao quarto dos pais para pedir ajuda para o mano, que necessita alguma atenção maior.

Nenhuma queixa, nenhuma reclamação. Deixa de brincar com os amigos para se dedicar ao irmão. Busca água, conduz a cadeira de rodas, joga vídeo-game, assiste filmes, comenta futebol.

Dia desses, na sua inocência infantil, olhou para a mãe e lhe disse: Mãe, sabe por que eu nasci?- e, ante a surpresa da genitora, aduziu: Eu nasci para cuidar do mano.

Missionários existem, sim, em nossos lares. Anônimos, ocultos, realizam sua tarefa.

Missionário é todo aquele que se entrega em totalidade em tarefa de amor, na obscuridade da estrada ou nos palcos da ciência, da filosofia ou da religião.

Missionário é todo aquele que traz a consciência do seu dever de servir além e acima de qualquer circunstância.

Movido pelo amor, é qual chama ardente que não se extingue. Sol de primeira grandeza que ilumina outras vidas, em barracos infectos ou em mansões suntuosas.

Sua missão é amar e servir. Como a violeta escondida na ramagem do jardim, exala seu perfume e se esconde na capa humilde de servidor.

* * *

Quem ama, coroa as horas de luz. Quem serve, adorna o coração de ventura imorredoura.

Saiamos na direção do sol para servir.

Redação do Momento Espírita, com pensamento final com base no verbete Servir,do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Feb.

27 julho 2008

Sofrimento e Aflição - Joanna de Ângelis

SOFRIMENTO E AFLIÇÃO

Ei-los misturados em todo lugar. Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere; e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.
 
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quanto gostaria de fazê-lo; e aflição porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.
         
Sofrimento pela dor que anseia agasalho no coração; e aflição em face da dor que vergasta, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais.

 Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do carácter; e aflição porque, desejando e tendo tanto, não pode fruir quanto pensava gozar.

Sofrimento derivado da revolta de não possuir felicidade nos moldes que planejou; e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se agasalham no manto brilhante desse felicidade ilusória.

Sofrimento por muito ter e constatar nada ter; e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter.

Sofrimento na cruz do desequilíbrio; a e aflição do desequilíbrio na cruz do dever reparador. Sofrimento em quem luta pela reabilitação; e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se.

Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar. No entanto, é o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um veículo de sofrimento para quem, mantendo o encontro com a verdade libertadora, elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo mesmo, depois das lutas fúteis do caminho por onde jornadeiam os desatentos e infelizes
.
Com Jesus tens aprendido que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.

Empenha-te no valoroso esforço de eliminação do mal que reside em ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência, certo de que, antes da manhã clara e luminífera da ressurreição gloriosa do Mestre, houve a sombra da traição e a infâmia da crueldade, como valioso ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho, que te conduzirá, porém, à radiosa festa 
de luz e liberdade definitiva.

De "Messe de Amor", de Divaldo Franco, 
pelo Espírito Joanna de Ângelis

26 julho 2008

Diante da Angústia - Joanna de Ângelis

DIANTE DA ANGÚSTIA

A ausência de objetivos existenciais conduz o indivíduo à conceituação do nada como um mecanismo de fuga da realidade.

Kierkegaard, o eminente teólogo e filósofo dinamarquês, estabeleceu que a ausência de sentido da vida conduz à angústia, procedendo do nada e vivenciando realidades para o futuro .

Essa ambigüidade entre o nada e o ser leva a uma irracionalidade da sua existência metafísica e a expressão absurda da vida.

Essa conceituação abriu espaço para formulações variadas na área da filosofia, facultando aos existencialistas, através do pensamento de Sartre, que a considerava como sendo uma expressão de liberdade, conseqüência da falta de objetivos essenciais.

Igualmente os sensualistas têm-na como ausência de metas, o absurdo, produzindo resultados de aniquilamento da vida, como pensava Camus e todo um grupo de apologistas do prazer.

Sob o ponto de vista psicológico, a angústia resulta de vários fatores ancestrais, que podem possuir uma carga genética, que imprimiu no comportamento a patologia perturbadora.

Outros impositivos psicossociais como perinatais influenciam a conduta angustiante, levando à depressão profunda, que pode resultar em suicídio.

A fixação de pensamentos negativos em que o homem se compraz termina por gerar conflitos graves quando se negam auto-estima e o direito à felicidade, vivência a autoconsideração, tombando na revolta surda e silenciosa, que cultiva nos dédalos da personalidade conflitiva.

Entretanto, as raízes fortes da angústia encontram-se emaranhadas no passado de culpa do Espírito, que reconhece o erro e teme ser descoberto.

Envolve-se , sem dar-se conta, num manto sombrio de desconforto moral e sem ter consciência da sua realidade, compreende-a, mas não sabendo digeri-la, transforma-a em mortificação, em cilício, que o amargura.

Faltando valores morais para um enfrentamento lúcido com a realidade em que limita os movimentos, transfere o sentido de responsabilidade para o próximo, para a sociedade e descarrega a sua mágoa, rebelando-se, anulando-se.

A angústia é estado mórbido que deve ser combatido na sua causalidade.
A reflexão em torno dos valores que são desconsiderados, a introspeção sobre a oportunidade de despertamento para ser útil, o sentimento de fraternidade que deve ser despertado, contribuem positivamente para o tratamento libertador...

A ajuda especializada de terapeuta responsável enseja o desalgemar do Espírito desse amargo estado aflitivo, acenando possibilidades felizes que se transformam em bem –estar e saúde.

Não raro, o portador de angústia cultiva o masoquismo, que resulta de uma consulta egoísta, graças, ao que, mediante mecanismo psicológico especial, foge da realidade por necessidade de valorização pessoal. Em face da ausência de recursos positivos e superiores, recorre ao atavismo dos instintos primários e descamba na torpe angústia.

Diante dela, somente uma resolução firme e legítima para facultar abertura terapêutica para o desafio.

Não havendo interesse do paciente, é certo que mais difícil se torna a liberação da psicopatologia tormentosa.

Considera a bênção da oportunidade que desfrutas e espanca as sombras da tristeza que, periodicamente, te assaltam.

Evita acumular amarguras defluentes da queixa, da sensação de infelicidade, e trabalha-te, a fim de que teu amanhã se apresente menos tenebroso.

Hoje colhes, enquanto fruis o ensejo de ensementar.
Busca ser útil a alguém, mesmo que, aparentemente, nenhum objeto se te delineie de imediato.

Sempre há oportunidade, quando se deseja crescer e desenvolver valores latentes.
Jesus informou que Ele é vida e vida em abundância.

Recorre-lhe à ajuda, e deixa-te curar pela sua assistência de Psicoterapeuta por excelência.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco em 05/03/98
Salvador /Bahia

25 julho 2008

O Problema das Psicose - Carneiro Campos

O PROBLEMA DAS PSICOSES

Exigindo uma anamnese mais cuidadosa, severa, o mapeamento das causas psicóticas conduz o pesquisador a estudos mais profundos do que no caso das neuroses, porquanto aquelas dizem respeito a problemáticas menos graves que se repetem nos painéis do organismo físico e mental em formas transitórias...

Não obstante a demorada discussão em torno de as psicopatias manisfetarem-se no corpo ou na mente, já não resta dúvidas quanto aos seus fatores causais, classificados como endógenos e enógenos, que facultam a eclosão do terrível mal, responsável por torpes alienações .

Essas doenças mentais, genericamente classificadas como psicoses, impõem, às vezes, desvios qualificativos, mesmo nos casos de aparente e puro desvio quantitativo, nos valores de caráter do homem. Em face de complexidade, multiplicidade de tais desvios, uma classificação exata dos fenômenos psicóticos é sempre difícil.

Há, sem dúvida, além dos fatores psicológicos, uma vasta gama de incidentes sociais que conduzem a psicoses múltiplas, num emaranhado causal relevante.

Nos fatores enógenos, há causas externas (tóxicos, infecções) e corpóreas (doenças de outros órgãos, distúrbios do metabolismo, amências, estados crepusculares, delírios confusionais a se expressarem não especificamente como derivados de várias etiologias, mal de Basedow, do diabete, uremia), como, também, nos de ordem endógena (a esquisofrenia, as perturbações mentais da epilepsia, a psicose maníaco-depressiva), em que as psicoses se expressam como um processo de auto-punição que o espírito se impõe pelos malogros e os crimes cometidos em outras vidas, que não foram alcançados pela legislação humana.

O psicótico maníaco-depressivo, por exemplo, traz gravado nas paisagens do inconsciente os hediondos desvios morais pregressos que escaparam à justiça estabelecida nos códigos da humana legislação e que ora expungem, como tendência à fuga ao dever e à responsabilidade, pelo suicídio.

O esquizofrênico, na sua múltipla classificação, é igualmente um espírito revel, enredado nas malhas dos abusos que praticou noutra vida e que, sem embargo, passaram desconsiderados quanto ignorados pelos cômpares da existência anterior.

Não nos desejando fixar, apenas nessas, constatamos que, mesmo as psicoses de climatério, cujas causas são óbvias, fazem-se escoadouro purificador, recurso de que se utilizam as Leis Divinas para alcançar os infratores e relapsos que pretenderam ludibriar o código de ética universal, inviolável.

Em todo problema de psicoses, seja ele de natureza neurótica ou psiconeurótica, tenha o gravame da psicopatia ou não, o ser espiritual é sempre o responsável pela conjuntura que padece.
Aqui se podem incluir as psicoses de guerra como instrumento da vida a fim de justiçar arbitrários campeões do crime.

No espírito, encontram-se latentes os valiosos recursos que o podem incitar à liberação do carma pela importância da terapêutica tradicional, quando o paciente resolve ajudar-se; pela técnica fluidoterápica da Ciência Espírita, quando o alienado deseja cooperar; mediante os recursos valiosos da psicoterapia através da auto, da hetero-sugestão do otimismo, da oração, da edificação em si mesmo, quando o enfermo deseja submeter-se espontaneamente.

Em qualquer problema de ordem mental como psicológica, o terreno em que se desbordam as enfermidades e distonias é o mesmo que agasalha os sêmens de vida e saúde, aguardando que a primavera da boa vontade do espírito, colhido pela impetérrita justiça de Deus, lhe faculte o surgimento em forma de paz.

Nesse sentido, a caridade fraternal junto aos psicóticos, a solidariedade gentil diante deles, a paciência irrefragável para com eles, a intercessão generosa a benefício deles são contribuições inestimáveis que o espírita a todos tem o dever de oferecer, particularmente em se tratando dos irmãos tombados no aturdimento interior.

Simultaneamente, a evangelização do enfermo, a disciplina que a si se deve impor, a diretriz de reabilitação por meio de um roteiro de trabalho renovador e produtivo são indispensáveis recursos utilizados para que o ser espiritual abandone as províncias da sombra em que se acha enjaulado, interiormente, e possa recompor os painéis mentais desarticulados de que se utiliza para a andadura material na Terra.

Entretanto, no caso das ulcerações dos tecidos orgânicos, das intoxicações que deixam rastro de várias degenerescências, havendo já insculpida, seja na paisagem mental, seja no organismo físico, a presença do desequilíbrio, esta se revela como distonia perturbante.

A crença de que o “cérebro não pode adoecer” tem cedido lugar ao conceito griesingeriano, após demoradas investigações fisiológicas como psicológicas.

Mesmo nas paralisias gerais, nas doenças encefálicas complexas, decorrentes de causas sifilíticas, com alteração da personalidade que padece demência, delírios, em cima de psicose perfeita, o espírito se reajusta à ordem universal, resgatando gravames...

Não há porque se desesperarem os que se atribuem o dever da enfermagem fraternal.
Máquina em desequilíbrio - dificuldade para o condutor.
Condução irresponsável - maquinaria em desarticulação.

Sempre se pode ajudar, mesmo não se esperando uma reabilitação imediata, ao menos uma liberação do compromisso negativo, tendo em vista que a vida não se circunscreve ao breve período da reencarnação, dilatando-se além do desequilíbrio orgânico e da degeneração celular, na direção da imortalidade.

E como o procedimento orgânico e o moral, não raro, acompanham o viandante da eternidade, ajudar alguém a desembaraçar-se de psicoses com vistas a melhores dias espirituais, é também terapia preventiva ou assistência curadora, que não pode ser relegada a plano secundário.

A saúde é um estado interior que nasce no espírito, mas a felicidade deve ser a meta que todos almejam para agora, amanhã ou mais tarde, devendo ser trabalhada desde hoje, mediante os atos de enobrecimento e elevação que cada um se pode e deve impor, imediatamente.

Carneiro Campos
Texto extraído da obra Sementes de Vida Eterna,
Psicografia de Divaldo P. Franco,
Ditado por diversos Espíritos, 1ª ed.,
págs. 55 a 59, 1978, LEAL

24 julho 2008

Nostalgia e Depressão - Joanna de Ângelis

NOSTALGIA E DEPRESSÃO

As sindromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.

O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.

Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia.

A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.

Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional.

A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.

Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos.

A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional.

Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve.

Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e desarmonias perturbadoras na conduta psicológica.

No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida.

À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo.

Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.

A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente.

O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de exteriorização.

Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora.

Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão.

É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo superando o estado depressivo.

Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.

Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo.

Nem sempre a depressão se expressará de forma auto-destrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm.

Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos...

Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão auto-punitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio.

Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido.

Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico,
direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição.

Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem auto-comiseração, nem auto-punição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.

O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da auto-compaixão, facultando campo para a renovação mental e a ação construtora.

Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força.

Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, como também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis.

A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais complexidades e dificuldades de recuperação.

Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional.

O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o auto-crescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.

Trecho extraído do livro " AMOR IMBATÍVEL AMOR
Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco

22 julho 2008

Simplifica - Emmanuel

SIMPLIFICA
  • Se desejas a bênção da paz, simplifica a própria vida para que a tranqüilidade te favoreça.
  • Muitos recorrem ao auxílio dos outros, esquecendo a necessidade do auxílio a si mesmos.
  • Encarceram-se no cipoal das preocupações sem proveito, adquirindo compromissos que lhes prejudicam a senda e acabam suplicando o socorro da caridade, quando , mais avisados, poderiam entesourar amplos recursos para a assistência generosa aos mais desfavorecidos do mundo, empregando o talento das horas nas mais ricas sementeiras de simpatia.
  • É que se extraviam nas ambições desregradas, buscando para si próprios os grilhões do sofrimento ou afixando aos ombros frágeis pesados fardos, difíceis de suportar.
  • Não se contentam em viver com segurança o dia que o Senhor lhes concede. Preferem lamentar por antecipação as tempestades prováveis do amanhã remoto que, talvez, jamais sobrevenham. Não se conformam com o pão abençoado de hoje. Reclamam celeiro farto para longo tempo, à frente da vida, ignorando as alterações e provas que os espreitam.
  • Não se alegram com o agasalho valioso de agora. Exigem guarda-roupa repleto e variado de que provavelmente não se utilizarão, enquanto companheiros da jornada humana exibem a pele desnuda e fria. Não se resignam a possuir o dinheiro prestimoso que lhe soluciona os problemas da hora em curso. Suspiram pela caderneta de banco, dominadora e invejável, que lhes marque o nome com a melhor expressão financeira, não obstante a penúria que, m uitas vezes, magoa o lar alheio.Aprende a viver o minuto que Deus te empresta no corpo físico, amealhando a luz do conhecimento nobre e fazendo aos outros o bem quepossas.
  • Auxilia, perdoa, trabalha, ama e serve, gastando sensatamente os recursos que o Céu te situou no caminho e nas mãos, como quem sabe que a Contabilidade Divina a todos nos procura no grave instante do acerto justo.
  • E, simplificando as próprias experiências, reconhecer-te-ás mais leve e mais feliz, habilitando-te, por fim, à libertação espiritual que, infalivelmente, convocar-te-á, hoje ou amanhã, para o regresso à Vida Maior.
De "Nós",
de Francisco Cândido Xavier,
pelo Espírito Emmanuel

21 julho 2008

Sobre Anjos - Momento Espírita

Sobre Anjos

A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral.

É, freqüentemente, aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se o bom e o mau anjo, o anjo da luz e o anjo das trevas.

Na Bíblia encontra-se muito este termo. Às vezes, com o sentido de criaturas humanas exercendo a função de mensageiros, embaixadores, profetas.

O uso mais freqüente se aplica a criaturas já existentes antes da criação do mundo, mas igualmente criadas por Deus.

Distinguem-se do homem pela superioridade da inteligência, sabedoria e poder.

Alguns críticos julgam ser influência dos povos vizinhos a Israel, sobretudo a Pérsia, a idéia de anjos substituindo os deuses.

É assim que eles aparecem, em descrições bíblicas, falando aos homens na forma e linguagem humana. E são mostrados com graus hierárquicos entre si.

Observa-se que, no Novo Testamento, as referências aos anjos são menos freqüentes do que no Antigo Testamento.

A existência de seres humanos exercendo as funções de mensageiros da Divindade aos homens é admitida como realidade entre religiões não bíblicas, também.

É assim que vemos descrições de anjos no maometismo, nas mitologias gregas e orientais e em algumas formas do budismo.

O Corão é extraordinariamente rico em referências aos anjos.

A Doutrina Espírita ensina que os anjos são seres criados como todos os Espíritos.

Por já terem percorrido todos os graus e reunirem em si todas as perfeições, se tornaram Espíritos puros.

Como existem Espíritos dessa categoria, muito anteriores ao homem, este acreditou que eles haviam sido criados assim, perfeitos.

Entre os anjos, existem aqueles que se dedicam a proteger: são os anjos da guarda.

São sempre superiores ao homem. Estão ali para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a montanha escarpada do progresso.

São amigos mais firmes e mais devotados do que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra.

Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao lado dos homens. Ali estão por Seu amor.

Cumprem junto aos homens uma bela mas, ao mesmo tempo, penosa missão.

Seja nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, eles se encontram ao lado dos seus protegidos.

É deles que a nossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Eles nos auxiliam nos momentos de crise.

Para os que pensam ser impossível os Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, é bom lembrar que eles nos influenciam a milhões de léguas de distância.

Para eles, o espaço não existe. Podem estar vivendo em outros mundos e conservar a ligação com os seus protegidos.

Gozam de faculdades que não podemos compreender.

Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho.

Sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

O anjo da guarda é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte. Freqüentemente o segue depois da morte e mesmo através de numerosas existências corpóreas.

Para o Espírito imortal, essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida.

* * *

Foi Gregório Magno o primeiro a introduzir a concepção da angelologia na teologia cristã no Ocidente.

Surgiram assim, além dos anjos e arcanjos, duas outras classes: a dos querubins e serafins, jamais mencionadas em toda a Bíblia como seres angelicais.

No Novo Testamento, os anjos são apresentados como sujeitos a Cristo, o Espírito perfeito.

Redação do Momento Espírita com base nos itens 128 a 130 e 489 a 495 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Anjo, da Enciclopédia Mirador, v. 2, ed.Enclyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

20 julho 2008

Educação dos Pais - Momento Espiríta

Educação de Pais

Vez ou outra algumas cenas nos chocam. Lemos, em uma revista de circulação internacional, que uma senhora foi ao teatro com seus dois filhos.

Narra ela que, logo que o espetáculo começou, duas crianças que estavam sentadas mais à frente começaram a chorar, em altos brados.

Uma espectadora que estava próxima às crianças falou para a mãe delas: Não seria melhor a senhora sair com os dois, até que eles se acalmem? Eu cuido dos seus lugares.

Mais do que depressa, a mulher respondeu: Claro que não vou sair. Comprei três ingressos. Meus filhos e eu temos o direito de ficar até o fim do espetáculo. Os outros que agüentem.

* * *

São fatos de tal natureza que nos apontam o porquê da má educação de tantas crianças e jovens, na atualidade.

É que seus pais não estabelecem normas. Exatamente porque eles mesmos não têm normas.

E, para muitos pais, seus filhos sempre têm razão. Se o garoto ficou no banco de reservas no jogo da escola, partem com vigor para cima do técnico, desejando saber as razões do que chamam perseguição gratuita.

Com tal atitude, não exemplificam ao filho que há momento para se participar ativamente e momento para se aguardar.

Que uma equipe é o resultado do esforço de todos e de cada um, no momento oportuno.

Se o time mirim perde, eis novamente os pais culpando o técnico, o treinador. Afinal, todos têm má vontade com as suas crianças, não as preparam.

Em nenhum momento cogitam de falar ao filho que há momento de ganhar e momento de perder. Que tudo é uma questão de treino, dedicação, esforço e que, numa disputa, naturalmente, o melhor deve vencer.

A derrota deve servir para estímulo a mais treinamento.

Com tal atitude, não é de estranharmos que torcidas organizadas, compostas por adolescentes, bloqueiem uma estrada e destruam um ônibus a pedradas e pauladas, desejando agredir os jogadores do seu time de futebol, que foi desclassificado do torneio esportivo.

Quando os filhos apresentam o boletim com notas baixas, a culpa sempre é dos professores ou da direção da escola.

Nunca dos seus rebentos que não estudaram ou quiçá tenham apresentado baixo desempenho escolar, por alguma problemática que estejam atravessando.

É tempo de pensar e tomar atitude. Antes de mais nada, exemplificar, como pais, a cortesia, a gentileza, a honestidade, enfim, todos os valores que desejamos portem os nossos filhos.

Não há mais tempo para se descurar dessa infância do hoje que se constituirá nos homens do amanhã, os cidadãos do novo mundo que todos aspiramos.

* * *

De forma muito freqüente, o comportamento rude das crianças é resultado de falta de orientação.

É que os pais descuidam de estabelecer normas de comportamento, e assim eles agem como observam outros agirem.

Críticas e xingamentos somente contribuem para tornar as crianças mais tensas e agressivas.

Assim, a educação exige que se estabeleçam normas claras para as crianças seguirem. Normas ditadas pelas boas maneiras, respeito aos semelhantes, modéstia e justiça.

Redação do Momento Espírita com base no artigo Como criar filhos educados em um mundo rude, da Revista Seleções do Reader’s Digest, outubro/1997.

19 julho 2008

Plantio - Espírito Carlos

PLANTIO

O que trata a figueira comerá do seu fruto;
e o que cuida do seu Senhor, será honrado. Pv. 27:18


  • Colherás na medida do seu plantio. Tudo que plantamos, a natureza nos devolve com abundância, de sorte a termos misericórdia daqueles que se esquecem do trabalho.
  • A mente é mão poderosa que planta em todas as direções a semente das idéias. Se os pensamentos forem bons, a fecundação é harmoniosa e a colheita rica defelicidade, na consubstanciação de todas as virtudes angélicas.
  • Começa o dia colocando em ordem a tua casa mental e abre as portas dos teus sentimentos em direção ao amor.
  • Se és subordinado a alguém, não foi por acaso que a vida te colocou nessa posição. Cuida de cumprir melhor os seus deveres, honrando quem te protege e ajuda, pois o amor é sempre retribuído pelo amor.
  • A cultura da mente tem muita semelhança com a da Terra; se a cultivares com carinho, se não faltar o capricho, sem esquecer o adubo e a vigilância permanente, terás muita alegria e os teus celeiros encherás. Tudo o que fizeres, faz com bom senso.
  • Se estás na posição de operário, guarda as ordens da comunidade a que pertences. Uma só abelha que é dada à preguiça, é jogada para fora do apiário.
  • Não cedas à revolta de alguns insatisfeitos na casa que te cede o pão; se oportuno, aconselha-os a observar os deveres de cada dia que Deus não deixa o progresso parar por causa da ignorância, ou por falta de justiça.
  • O tamanho da lavoura mental deve ser o constante. O ódio é uma forma de espinho que interrompe o lavrador; a preguiça é a lama fétida que esmorece quem a cultiva; a vingança é a seca terrível, por faltar a chuva do perdão; e, a língua que não conhece a indulgência, é a lagarta que destrói a lavoura quase no ponto da colheita.
  • Sê um benfeitor de ti mesmo, e acorda o mais cedo possível para que o sol da verdade banhe o teu coração e o Cristo apareça em ti como educador universal.
  • Por onde andares, leva contigo as mãos cheias de sementes da paz e salpique os teus caminhos com essa luz que não se apaga.
  • O chão de Deus te espera; deixa que grãos de luz caiam de ti na terra dos corações, que nunca andarás em trevas.
De "Gotas de Amor",
de João Nunes Maia,
pelo Espírito Carlos

18 julho 2008

Nostalgia e Depressão -

Preciosa Dádiva - Momento Espírita

Preciosa Dádiva

A mulher bateu à porta da rica casa. Estava grávida e já se avizinhavam os dias de dar à luz.

A dona da casa veio atender, portando no olhar a serenidade dos dias vencidos e das dores suportadas.

Dona, lhe falou a gestante, quer ficar com o meu bebê?

E antes que a outra se recobrasse do susto da inesperada oferta, prosseguiu:

Não o quero. Não tenho lugar para ele em minha vida. Engravidei sem querer e não posso sustentar outra boca.

Pesa-me a barriga e anseio por liberar-me da carga. Se a senhora não o quiser, não sei o que farei. Já o ofereci a mais de duas dezenas de pessoas. Ninguém o quer.

A mulher bondade convidou a ofertante a entrar. Fê-la sentar-se. Serviu-lhe um café reconfortante.

Instigada, aquela lhe narrou sua história de desacertos, desde a juventude mais tenra. A síntese é de que via no filho em gestação um estorvo, um problema a mais.

A mulher carinho falou-lhe da bênção da maternidade e da reencarnação. Maternidade é uma das mais nobres missões conferidas ao ser humano.

O Pai e Criador confia uma das estrelas do Seu Universo à guarda de um outro ser.

Pela lei da reencarnação, o Espírito imortal tem a possibilidade de resgatar erros, crescer, ascender.

A mulher ternura lhe falou de como o Espírito, preso ao corpinho em formação, tudo percebe, tudo sente, tudo sofre.

Ele suspira oportunidade, tempo e atenção. Precisa de carícias, de ouvir a voz de quem o gera a lhe murmurar acalantos, aguarda a mão da ternura a lhe rociar a pele frágil.

Ele espera tanto. E tão pouco.

A mulher renúncia lhe falou das noites insones e dos sorrisos empós. Dos choros da febre, da manha e dos balbucios dos vocábulos primeiros.

Dos chutes quando ainda no ventre, em seus movimentos de acomodação. E da insegurança dos primeiros passos.

Ele tem tanto para dar.

Por que confiá-lo a outrem, se a Divindade lho oferta?

A mãe foi despertando na gestante. Num gesto quase mecânico, acariciou o ventre bojudo e sentiu os movimentos do bebê.

Que desejaria ele dizer? Não me abandone, cuide de mim. Estreite-me em seus braços. Venho para com você aprender o alfabeto do amor.

Não me dê a ninguém. É do seu carinho que preciso.

Quando a tarde morreu, a gestante retornou ao seu lar, com a esperança a tremeluzir no olhar.

A mulher doação a auxiliaria e ela teria o seu filho, conduzindo-o no mundo.

Dividiriam as dificuldades e somariam esforços. Permitiriam que se multiplicassem as oportunidades de regeneração, para que diminuíssem as dores.

E se a soma dos problemas parecesse suplantar as forças, sempre poderiam contar com o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe.

* * *

Os filhos não são realizações fortuitas. São filhos de Deus em jornada evolutiva, seguindo hoje ao seu lado, sob a direção das suas experiências.

Quando um filho enriquece um lar, traz com ele os valores indispensáveis à própria evolução.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais extraídos do verbete Filho, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

17 julho 2008

Sexo e Amor - Joanna de Ângelis

SEXO E AMOR

Na sua globalidade, o amor é sentimento vinculado ao Self enquanto que a busca do prazer sexual está mais pertinente ao ego, responsável por todo tipo de posse.

O sentimento de amor pode levar a uma comunhão sexual, sem que isso lhe seja condição imprescindível. No entanto, o prazer sexual pode ser conseguido pelo impulso meramente instintivo, sem compromisso mais significativo com a outra pessoa, que, normalmente se sente frustrada e usada.

Os profissionais do sexo, porque perdem o componente essencial dos estímulos, em razão do abuso de que se fazem portadores, derrapam nas explosões eróticas, buscando recursos visuais que lhes estimulem a mente, a fim de que a função possa responder de maneira positiva.

Mecanicamente se desincumbem da tarefa animal e violenta, tampouco satisfazendo-se, porquanto acreditam que estão em tarefa de aliciamento de vidas para o comércio extravagante e nefando da venda das sensações fortes, a que se habituaram.

O amor, como componente para a função sexual, é meigo e judicioso, começando pela carícia do olhar que se enternece e vibra todo o corpo ante a expectativa da comunhão renovadora.

Essa libido tormentosa, veiculada pela mídia e exposta nas lojas em forma de artefatos, torna-se aberração que passa para exigências da estroinice, resvalando nos abismos de outros vícios que se lhe associam.

Quando o sexo se apresenta exigente e tormentoso, o indivíduo recorre aos expedientes emocionais da violência, da perseguição, da hediondez.

Os grandes carrascos da Humanidade, até onde se os pode entender, eram portadores de transtornos sexuais, que procuravam dissimular, transferindo-se para situações de relevo político, social, guerreiro, tornando-se temerários, porque sabiam da impossibilidade de serem amados.

Quando o amor domina as paisagens do coração, mesmo existindo quaisquer dificuldades de ordem sexual, faz-se possível superá-las, mediante a transformação dos desejos e frustrações em solidariedade, em arte, em construção do bem, que visam ao progresso das pessoas, assim como da comunidade, tornando-se, portanto, irrelevantes tais questões.

O ser humano, embora vinculado ao sexo pelo atavismo da reprodução, está fadado ao amor, que tem mais vigor do que o simples intercurso genital.

Sem dúvida, por outro lado, as grandes edificações de grandeza da humanidade tiveram no sexo o seu élan de estímulo e de força. Não obstante, persegue-se o sucesso, a glória efêmera, o poder para desfrutar dos prazeres que o sexo proporciona, resvalando-se em equívoco lamentável e perturbador.

O amor à arte e à beleza igualmente inspirou Miguel Ângelo a pintar a capela Sistina, dentre outras obras magistrais, a esculpir la Pietá e o Moisés; o amor à ciência conduziu Pasteur à descoberta dos micróbios; o amor à verdade levou Jesus à cruz, traçando uma rota de segurança para as criaturas humanas de todos os tempos...

O amor é o doce enlevo que embriaga de paz os seres e os promove aos píncaros da auto-realização, estimulando o sexo dignificado, reprodutor e calmante.

Sexo, em si mesmo, sem os condimentos do amor é impulso violento e fugaz.

De "Amor, imbatível amor",
de Divaldo P. Franco,

pelo Espírito Joanna de Ângelis

16 julho 2008

Salário Ideal - Momento Espírita

SALÁRIO IDEAL

Você está satisfeito com o seu salário?

Provavelmente não, pois são contínuas as reclamações a respeito da baixa remuneração que, como dizem, não dá para nada.

Ouve-se dizer que o dinheiro que se ganha ao final do mês mal dá para quitar débitos anteriormente assumidos.

O estranho em tudo isso é que, se as reclamações pela melhoria dos salários provêm de todas as classes trabalhistas, o que se verifica em questão de qualidade de trabalho é quase o caos.

Não se percebe, falando de forma generalizada, que as pessoas se preocupem em realizar bem a sua tarefa.

Contrata-se um jardineiro para colocar em ordem o jardim. E o que se obtém é uma poda mal feita, grama mal aparada e a terra mal espalhada pelos canteiros.

Entrega-se uma criança aos cuidados de uma babá e se percebe a má vontade com que segue os passos vacilantes do pequeno, inquieto e vivaz.

Recomenda-se um idoso enfermo a determinado atendente e nos surpreendemos com a forma com que ele é tratado, às pressas, sem atentar para detalhes.

Balconistas apressados, servidores desatenciosos, vendedores impacientes.

Em todos os lugares nos deparamos com criaturas que somente pensam em olhar para o relógio, no aguardo do final do expediente, atendendo suas tarefas com descuido e até desleixo.

À conta disto, decai a qualidade e trabalhos contratados são concluídos e entregues de forma afoita.

Se digno é o trabalhador do seu salário, como nos alerta o Evangelho, é também muito justo que o trabalhador execute o seu trabalho com disposição e cuidado.

Que nos custará, na qualidade de jardineiros, atender à poda devidamente, afofar a terra com carinho? Afinal, as plantas dependem de nós.

Quantos minutos despenderemos a mais se nos detivermos, junto ao idoso ou ao enfermo, e estendermos a colcha com cuidado, interessando-nos pelo seu bem estar?

E poderemos acaso nos dar conta da responsabilidade que é zelar pelos passos de um bebê?

Podemos avaliar o quão emocionante é acompanhar o desenvolvimento de um ser tão pequeno, e vê-lo a cada dia vencer mais um obstáculo?

Não importa qual seja nossa profissão, qual seja a nossa tarefa.

O que importa, e muito, é que a realizemos com amor, aprimorando-nos na sua execução.

Quer se trate de lavar uma simples peça de roupa ou lidar com sofisticados aparelhos computadorizados, é necessário que nos conscientizemos de que, tanto quanto desejamos receber dos demais o melhor, compete-nos doar o melhor.

Portanto, antes de prosseguirmos a reclamar da nossa remuneração, revisemos a qualidade dos nossos serviços.

Preocupemo-nos muito mais em nos tornarmos excelentes profissionais, o que significa criaturas responsáveis, ativas, competentes.

* * *

Sejam quais forem as tuas possibilidades sociais ou econômicas, trabalha!

O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade.

Redação do Momento Espírita, com pensamento final do verbete Trabalho, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

15 julho 2008

Existe o "Meio Honesto", o "Quase Honesto"...Jorge Hessen

EXISTE O "MEIO HONESTO", O "QUASE HONESTO", 
O "MAIS OU MENOS HONESTO?"

Quando o tema diz respeito à HONESTIDADE de dirigentes e trabalhadores das hostes cristãs, o assunto é muito preocupante, ante as evidências. Uma delas, das mais dramáticas, refere-se a líderes religiosos que enriquecem - ficam milionários, eu diria -a custa do dinheiro arrecadado dos fiéis.

Acresce-se, aqui, uma observação: Não sou o primeiro, o único, ou o último a divulgar esse cortejo de vícios, mas a Mídia, freqüentemente, anuncia e expõe tais fatos, francamente, abomináveis e com grande repercussão negativa.

Proferimos palestras em vários centros sobre esse tema e destacamos da tribuna que o lídimo cristão é honesto em tudo que faz.

Se alguém deve um centavo que seja, obrigatoriamente, tem que quitar esse débito com seu credor, por simples questão de honestidade. Não se pode "fingir" que esqueceu a dívida. É indispensável haver transparência na prestação de contas, mensalmente, com os contribuintes da casa espírita. Cremos que é simples obrigação afixar, no 'quadro de avisos' ao público, a comprovação da correta aplicação dos recursos recebidos. Os dirigentes que assim procedem vêem patenteadas a credibilidade da instituição que administram e a pureza de suas intenções. Por outro lado, evitam-se rumores, do tipo: -"fulano(a) está cada vez mais rico(a)"; -"sicrano(a) construiu uma mansão com o dinheiro doado ao centro" e, -"beltrano(a) comprou um carro do ano, caríssimo", olhem só pra isso!

Lembramos que certa vez após uma palestra sobre o incômodo tema, houve rumores nos corredores do centro, alguns dirigentes espíritas me arremessaram uma saraivada de 'chumbo grosso' (em nossa ausência, é claro!) e sutilmente, proscreveram-nos da escala de oradores. Essa decisão em nada nos afetou, mesmo porque isso implicaria em que admitíssemos contemporizar com as suas artimanhas obscuras com dinheiro dos outros.

Confessamos que nos surpreendemos com alguns deles, totalmente desarmonizados (aqueles que dissimulam gestos de santidade, palavras mansas, olhar de superioridade, julgam-se donos da verdade, etc., etc., etc..) ditando normas de conduta, que nem mesmo eles têm suporte doutrinário para exemplificá-las. É uma pena. E o pior é que estão todos lá como se nada tivesse acontecido. Estão com as mentes narcotizadas na ilusão de que são missionários.

Será que os meios justificam os fins, quando os dirigentes são omissos quanto a prestar contas? Se não devem, não têm o que temer, não é verdade? É evidente que ficamos atônitos e envergonhados quando sabemos, pela imprensa, que algumas instituições "filantrópicas" desviam recursos, emitem recibos forjados de falsas doações, etc..

Há centros que dão, até, uma 'ajudazinha' aos confrades, driblando o Imposto de Renda retido na Fonte... imaginem! Instituições outras recebem, à guisa de doações, roupas, calçados, alimentos, eletrodomésticos, etc., e os dirigentes se apropriam delas, com a maior naturalidade.

Temos conhecimento de instituições que aceitam doações, até, de objetos valiosos e que os dirigentes se apropriam dos melhores, é claro, antes de os exporem em bazares ditos "beneficentes", objetivando arrecadar fundos para obras "assistenciais". Daí, pergunto: isso é fruto da minha imaginação?

Será que estamos obsedados abordando o tema? Não, meus irmãos. Estamos completamente conscientes da responsabilidade cristã. A prudência continua sendo a nossa melhor conselheira. Intimidar-nos, para que desanimemos da tarefa de divulgar a Doutrina Espírita, conforme a recebemos do espírito "Verdade", através de Kardec, é tempo perdido.

Recordamos , ainda, que os "proprietários" de alguns centros - centros esses, que os donos se eternizam nas alternâncias da direção - que na ocasião ouviram a nossa palestra, sobre o teminha instigante, fizeram um grande barulho na consciência, ficaram alvoroçados, realizaram reuniões solenes e privadas, é claro, para avaliarem a obsessão que tomou conta do orador. Ah! Ele está sendo muito influenciado pelas trevas, pois ele não está respeitando os que buscam o centro espírita pela primeira vez, ao dar tanta ênfase à desonestidade. Oh! Podem pensar, até, que a mensagem é para a nossa diretoria.

É imperioso salientar que não fazemos uso da palavra para proferir mensagens espíritas direcionadas para a instituição A, B, ou C, e muito menos com o intuito de denegrir a sua imagem. Dirigimo-nos a todas, indistintamente, como alerta geral. Difundimos os conceitos sem privilegiar esse ou aquele grupo espírita, mas por questão de consciência ética, acreditamos que um autêntico espírita tem que ser fiel aos princípios que a doutrina impõe e saber que HONESTIDADE é prática OBRIGATÓRIA (com letra maiúscula, mesmo!) para todo ser humano, que dirá, para um cristão (?) Não conseguimos ver lógica num homem "meio honesto", "quase honesto" ou "mais ou menos honesto". Ou se é honesto, ou desonesto, não há meio termo.

Seja sua palavra sim! sim! - não! Não! Ensinou-nos Jesus. Portanto, que seja, definitivamente exorcizada toda e qualquer evasiva, que tente justificar concessões fraudulentas, como se fossem normais para certas ocasiões. As falanges das trevas se organizam para obstruir muitos projetos cristãos. Os obsessores são inteligentes, organizados e vão dando um passo de cada vez, por conhecerem muito bem nossos pontos vulneráveis. Nesse caso, não cremos que advertir sobre a obrigatoriedade da conduta honesta seja artimanha das trevas, mas sim que o ideal espírita seja cada vez mais ético, transparente consoante os preceitos evangélicos ...

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net

14 julho 2008

Juventude e os Dramas Existenciais - Jorge Hessen

JUVENTUDE E OS DRAMAS EXISTENCIAIS

"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." (1)

Sabemos que há problemas sociais horripilantes acontecendo, diariamente, na face da Terra e que nem nos chegam ao conhecimento. Ao contrário, quando, através da mídia, assistimos aos programas de telejornalismo, sentimo-nos extremamente aterrorizados diante dos dramas, das tragédias e das dores acérrimas que irmãos nossos vivenciam. Ao mesmo tempo, sentimo-nos impotentes, quanto a prestar solidariedade e socorro às vítimas, restando-nos rogar a Deus por elas.

Constrangeu-nos ler a noticia,publicada no Jornal Correio Braziliense, de 28 de março de 2008, em que a mãe de uma adolescente fez denúncia sobre uma festa de orgia sexual, na qual sua filha, de apenas treze anos, aparece em cenas de plena atividade libidinosa, que foram filmadas e veiculadas na Internet. O ambiente era de absoluto primarismo moral, em ritmo de festa, embalada por música funk e regada a refrigerante e vodka. Isso aconteceu em horário escolar, na cidade de Luziânia, Município de Goiás, distante 58 km de Brasília. Conforme a reportagem, os envolvidos foram acusados de estupro presumido, porque a menina, embora tenha consentido, é menor de idade. Ela teria praticado atos sexuais com seis colegas num interregno de duas horas. Enquanto isso, outras três meninas, partícipes da festa, protagonizaram cenas de strip-tease.

A agonia da mãe está expressa nos estertores verbais de seu desabafo: "Vamos embora deste lugar. Vejo hoje que nunca deveria ter saído da roça. Vejo tudo isso como uma oportunidade perdida de vencermos na vida. Agora acabou." (2)

Esse tétrico fato nos remete à filosofia do prazer que impulsiona a recondução do adolescente à era das cavernas, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das orgias e, aí, entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio, pela busca do prazer alucinado do gozo imediato.

Antes de comentarmos o fato , evoco uma frase de André Luiz: "Se alguém errou na experiência sexual, consulte o próprio íntimo e verifique se você não teria incorrido no mesmo erro se tivesse oportunidade".(3) Luziânia é um pequeno município de gente tradicional, pacífica por natureza, que, lamentavelmente, a modernidade e os meios de comunicação ajudaram a fragmentar os valores regionais e a introduzir uma cultura estranha e alienante, sem fronteiras. Valores como o amor, a liberdade, a justiça e a fraternidade, na prática, perderam o conteúdo essencial, deslustrando as conquistas sociológicas deste século.

A juventude está muito atônita, sem alicerces morais fortes, iludida, com influências muito sensualistas. Nos anais da História, jamais um jovem teve contato tão intenso com mensagens erotizantes, como nos dias atuais, graças à Internet. Em face disso, perambula sem norte, perdido, confundindo a palavra liberdade com liberalidade ou libertinagem, rebaixando o verdadeiro sentido do amor. Assim, aos poucos, esses jovens vão se afastando do seu equilíbrio e de sua paz interior. Como resultante desse fenômeno, de ausência de amor e carinho verdadeiros, crescem, assustadoramente, os distúrbios psicológicos da juventude contemporânea, o que explica, em parte, o crescente índice de prostituição e de abortos provocados, pelo fato de se acharem donos de seus corpos.

O período da puberdade, que, normalmente vai dos doze aos catorze anos, é cheio de surpresas. O corpo sofre modificações hormonais muito rápidas, o que pode deixar alguns jovens à beira do pânico. Em o livro Missionários da Luz, André Luiz narra: "a epífise é a glândula da vida mental. Aos catorze anos, aproximadamente, torna-se de posição estacionária quanto a ação inibidora sexual, dando agora passagem para o desenvolvimento da sexualidade e das glândulas genitais. Ela acorda no organismo, na puberdade, as forças criadoras mentais e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal (...)segrega "hormônios psíquicos" ou "unidades-força" que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento da alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.(4)

O adolescente precisa entender que a mudança repentina que ocorre na sua organização íntima e, conseqüentemente, no seu corpo físico, especialmente no que diz respeito à função sexual, é a Natureza ensaiando os primeiros passos para o seu autoconhecimento, para, em seguida, desenvolver a energia viva do amor consciente. Precisa encarar essa experiência com muita seriedade, para não desencadear os agentes depressivos de quem busca, apenas, o prazer imediato, pois, na adolescência, as emoções se confundem, havendo significativas alternâncias de humor e sentimentos.

É nessa fase que o Espírito reassume sua verdadeira condição, apresentando, a partir daí, todos os seus defeitos e virtudes. É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como ele era. Euforia e tristeza se alternam sem razões aparentes que justifiquem o fato. Pode-se amar profundamente alguém, num dia, e passar a detestá-lo, na semana seguinte, por razões que a própria razão desconhece.

Emmanuel, na obra Vida e Sexo, explica que na adolescência, a energia sexual, que é uma energia criadora, pode ser extravasada, ainda que parcialmente, através de outras atividades, já que não convém ao jovem assumir uma vida sexual plena, nessa fase de sua existência. Isso devido a fatores sociais, econômicos, éticos e psicoemocionais "As atividades esportivas, artísticas e culturais de um modo geral podem contribuir positivamente para equilibrar os impulsos sexuais do adolescente. A energia sexual nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo. porém, que criatura alguma, no plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe der."(5)

É, ainda, Emmanuel que nos alerta: "conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar "consciências" qual se fossem "coisas", e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um?"(6) A natureza não autoriza, a quem quer que seja, estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais, porque isso resultaria, unicamente, em licença ou devassidão. Como já referimos , existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações irresponsáveis, homens e mulheres, psiquicamente, não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, que devem evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, sob pena de lesões n'alma e de difícil tratamento.

André Luiz admoesta: "Não julgue os supostos desajustamentos ou falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo". (7)

É óbvio que é importante que o jovem exercite a viagem para dentro de si mesmo, a fim de que possa aprender a se conhecer e, em se conhecendo, aprender a se amar respeitosamente. Um jovem sem Deus, que não concebe a importância da religiosidade e que não dá valor à família, fica muito vulnerável às sugestões do mal, e, conseqüentemente, desperdiça tempo valioso quanto ao seu crescimento espiritual. Quaisquer que sejam as investidas na recondução do bem, se não aprender a administrar seus conflitos no seio da família, dificilmente saberá se ajustar na sociedade que o cerca.

Por essas razões, resta-nos orar pelas mães, cujos filhos se encontram em desalinho, comprometidos com a ignorância e com a ilusão do sexo sem consciência. Possam os adolescentes decifrar suas incógnitas íntimas, para, por fim, liberar o deus interno que existe em cada um deles, assim como, em cada um de nós.

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net

FONTES:
1 JOÃO, cap. VIII
2 o Jornal Correio Braziliense, edição de 28/03/2008
3 Xavier, Francisco Cândido, Sinal Verde ditado pelo Espírito André Luiz, BH: Ed.CEC - Comunhão Espírita Cristã, 1992
4 Xavier, Francisco Cândido, Missionário da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz RJ: Ed FEB 2000
5 Xavier, Francisco Cândido, Vida e Sexo, ditado pelo Espírito André Luiz RJ: Ed FEB 2003
6 idem
7 Xavier, Francisco Cândido, Sinal Verde ditado pelo Espírito André Luiz, BH: Ed.CEC - Comunhão Espírita Cristã, 1992