"Deve ser horrível - diz você - o escândalo em torno de nossa memória. O homem arrastado ao pelourinho do escárnio público e ao pasto da maledicência, deve ser uma fogueira de angústia para o coração acordado, além da morte".
Você tem razão.
A ave, em pleno céu, que se visse constrangida a voltar à casca do ovo, ou a árvore luxuriante que fosse obrigada a retornar para a cova de lodo, sofreriam menos que a alma desencarnada, sob a intimação de regresso às perigosas infantilidades da experiência humana.
Você tem razão.
A ave, em pleno céu, que se visse constrangida a voltar à casca do ovo, ou a árvore luxuriante que fosse obrigada a retornar para a cova de lodo, sofreriam menos que a alma desencarnada, sob a intimação de regresso às perigosas infantilidades da experiência humana.
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Em tais circunstâncias, laços mais pesados nos religam o espírito, com mais intensidade, à gleba da carne, e a voz dos nossos julgadores, não raro, nos converte os ouvidos em receptores gigantescos para os quais convergem todos os apontamentos justos ou injustos de quantos nos apreciam a conduta e as decisões.
Você já pensou num homem, cujo corpo seja uma chaga viva, tangido violentamente por milhares de mãos descaridosas e rudes?
Esse é o símbolo pálido com que ousamos qualificar o suplício do infortunado que lega aos contemporâneos as recordações da própria viagem pela Terra, quando essas memórias se referem às situações que fazem o inferno dos seus semelhantes.
Fustigado por reclamações e acusações infindáveis, o morto-vivo, com a infelicidade desse jaez, sofre golpes desapiedados, a torto e a direito, à maneira de um ferido na praça pública,visitado pelos sopapos e pelos impropérios de toda gente.
Você já pensou num homem, cujo corpo seja uma chaga viva, tangido violentamente por milhares de mãos descaridosas e rudes?
Esse é o símbolo pálido com que ousamos qualificar o suplício do infortunado que lega aos contemporâneos as recordações da própria viagem pela Terra, quando essas memórias se referem às situações que fazem o inferno dos seus semelhantes.
Fustigado por reclamações e acusações infindáveis, o morto-vivo, com a infelicidade desse jaez, sofre golpes desapiedados, a torto e a direito, à maneira de um ferido na praça pública,visitado pelos sopapos e pelos impropérios de toda gente.
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E você não calcula o que seja o martírio trazido pela impossibilidade de qualquer esclarecimento digno!
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Falar ou escrever levianamente é expor-se a ouvir o pronunciamento da insensatez; e por mais que o delinquente do verbo falado ou da letra reprovável se proclame arrependido e diferente, mais a crueldade o toma de assalto, esbofeteando-lhe o rosto amarrotado e disforme, sem que lhe seja facultada a mínima frase de defesa.
Efetivamente, enquanto nos demoramos na carne, é impossível imaginar o que seja isso.
É o desespero impotente daquele que, em vão, deseja fazer-se compreendido, é a sede inestancável de entendimento, é o pranto amargurado de quem observa o incêndio no próprio lar, sem uma gota d'água para extinguir a chama destruidora.
Efetivamente, enquanto nos demoramos na carne, é impossível imaginar o que seja isso.
É o desespero impotente daquele que, em vão, deseja fazer-se compreendido, é a sede inestancável de entendimento, é o pranto amargurado de quem observa o incêndio no próprio lar, sem uma gota d'água para extinguir a chama destruidora.
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A figura de Ugolino, o famoso chefe de Pisa, encarcerado na torre da fome, a devorar as vísceras mortas dos próprios filhos, e que foi encontrado por Dante nos recôncavos do Estige, é, de alguma sorte, a única imagem para o confronto analógico, nos casos a que nos reportamos, porque realmente ilhados na solidão de nós mesmos, entre o pesadelo e o remorso de não termos sido o que devíamos ser, somos obrigados a tragar os detritos de nossas próprias obras.
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Creia você que, em verdade, tudo isso é terrível e doloroso, de vez que o arrependimento irremediável nos transforma em duendes infortunados, em aflitiva peregrinação.
Não admita, porém, que isso seja apenas lamentável privilégio de alguns.
Não admita, porém, que isso seja apenas lamentável privilégio de alguns.
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Não é necessário fixarmos reminiscências da Terra, em bronze ou papel, para que a vida nos revele aos outros tais quais somos.
Trazemos conosco o arquivo que nos é próprio.
Sentimentos e ideais, palavras e ações são marcas em nossa alma.
Todos alcançaremos o plano em que nosso espírito é um livro aberto.
Intenções ocultas, interferências nos destinos alheios, assaltos disfarçados à felicidade do próximo, crimes consagrados pelo admiração do mundo, misérias íntimas e desequilíbrios morais aparecem claramente, espantando a nós mesmos, que não suspeitávamos, de leve, da nossa própria degradação.
Você que conhece tão bem o assunto, cuide dos seus passos e vele pelo futuro de sua alma eterna, porque a existência, meu caro, seja onde for, é sempre um livro que o nosso coração anda escrevendo.
Trazemos conosco o arquivo que nos é próprio.
Sentimentos e ideais, palavras e ações são marcas em nossa alma.
Todos alcançaremos o plano em que nosso espírito é um livro aberto.
Intenções ocultas, interferências nos destinos alheios, assaltos disfarçados à felicidade do próximo, crimes consagrados pelo admiração do mundo, misérias íntimas e desequilíbrios morais aparecem claramente, espantando a nós mesmos, que não suspeitávamos, de leve, da nossa própria degradação.
Você que conhece tão bem o assunto, cuide dos seus passos e vele pelo futuro de sua alma eterna, porque a existência, meu caro, seja onde for, é sempre um livro que o nosso coração anda escrevendo.
Irmão X
De "Sentinelas da Luz", d
e Francisco Cândido Xavier - Espíritos diversos
De "Sentinelas da Luz", d
e Francisco Cândido Xavier - Espíritos diversos
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