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30 outubro 2010

A Vidência Esquecida - Humberto de Campos

A VIDÊNCIA ESQUECIDA

Benício Fernandes era assíduo freqüentador de um grupo espiritista, mas, nunca se furtara à enorme contrariedade por não participar da visão direta, dos quadros movimentados da esfera invisível. Desejava, ardentemente, os dons mediúnicos mais avançados. Fazia inúmeros exercícios para obtê-los. Iniciavam-se os trabalhos habituais e lá estava o nosso amigo em profunda concentração, ansioso por surpreender as visões reveladoras. Tudo, porém, em torno do seu mundo sensorial, era expectação e silêncio. Terminada a reunião, ouvia, velando a própria mágoa, certas descrições de alguns companheiros. Este observara a presença de Espíritos amigos, aquele contemplara maravilhoso quadro simbólico. Falava-se de mensagens, de painéis, de luzes entre vistas. Dentre os visitantes comuns, de passagem pelo grupo, surgiam preciosos casos de fatos vividos. Havia sempre alguém a comentar um acontecimento inesquecível, de sabor doutrinário, ocorrido no se io da família.

Benício não conseguia disfarçar a inveja e o desgosto e despedia-se, quase bruscamente, nervoso, fisionomia estranha e taciturna, para entregar-se em casa a pensamentos angustiosos.

Por que razão não conseguia perceber as manifestações do plano espiritual? Seria justo acompanhar o esforço dos companheiros, quando, a seu ver, se sentia desatendido em suas necessidades?

A coisa ia assumindo caráter de terrível obsessão. Nosso amigo não mais ocultava o mal-estar íntimo. Se alguém, depois de uma prece, o interrogava sobre as observações próprias, esclarecia em tom desabrido: “Nada vi, nada sinto. Acredito que sou uma pedra!”

Aquelas atitudes revelavam profunda desesperação aos companheiros preocupados. A situação agravava se cada vez mais, quando, uma noite, Benício sonhou que aportava ao mundo espiritual, convocado por um amigo desejoso de receber suas notícias diretas. Na paisagem de intraduzível beleza, o desvelado mentor abraçou-o e cogitou das suas amarguras. O pobre homem estava deslumbrado com o que via, sem encontrar meio de expressar a sensação de gozo que lhe ia na alma; toda via, respondeu - sem hesitação:

- Meu grande benfeitor, não me posso queixar da minhas lutas terrenas, mas não devo ocultar minha grande mágoa.

A respeitável entidade fez um gesto interrogativo, enquanto Benício continuava:

- Desgraçadamente, para mim, embora participe dos esforços de uma nobre agremiação de estudos evangélicos, nunca vi os Espíritos!. . .

- Mas não estás com a luta temporária da cegueira! Objetou o amigo venerando, afavelmente. - Esqueces, acaso, que teu plano de trabalho está igualmente povoado de Espíritos em diversos graus da ascensão evolutiva?! Crês, porventura, que, os habitantes da Terra sejam personalidades, estranhas à comunidade universal?

Benício Fernandes experimentou imenso choque. Aquela interpretação inesperada lhe desnorteava os pensamentos. Como desejasse retificar o engano de suas cogitações, acentuou com algum desapontamento:

- Sinto ânsia ardente de contemplar os Espíritos protetores, beijar-lhes as mãos todos os dias, manifestando-lhes meu reconhecimento.

- Esqueceste tua velha mãezinha? - perguntou o mentor solícito. - Há quanto tempo não te recordas de orar com ela, osculando-lhe as mãos carinhosas? Acreditas, talvez, que os cabelos brancos dispensam os carinhos? E teu tio; esgotado nos trabalhos mais grosseiros do mundo, por ajudar tua mãe, na viuvez? Olvidaste, Benício, esses Espíritos protetores de tua vida?

O discípulo da Terra experimentou frio cortante na alma; no entanto, prosseguiu:

- Compreendo... Mas não me posso furtar ao desejo de entrar em contacto com as nobres entidades que dirigem ali tarefas e conhecer-lhes os superiores desígnios.

- Não recordas teu chefe de trabalho diário? - interrogou o benfeitor venerável.

- Ele é um bom Espírito dirigente. Supões que a tua oficina e a sua administração estivessem no mundo, a esmo? Não desdenhes a possibilidade de integrares elevados programas de ação do teu diretor de trabalhos terrestres. Auxilia-o com a boa-vontade sincera. Antes de examinar-lhe as decisões com pruridos de crítica, -procura algum meio de contribuir com o teu esforço, honrando-lhe os propósitos. E como o interlocutor estivesse, agora, profundamente emocionado, o amoroso mensageiro continuou:

- Olvidaste os diretores da instituição doutrinária onde buscas benefícios? Aqueles irmãos muitas vezes são caluniados e incompreendidos. Considera-lhes os sacrifícios. Quase sempre sofrem os ataques da malícia humana e necessitam de companheiros abnegados para a obra generosa de suas fundações fraternais. É justo que não sejas apenas mero sócio contribuinte de despesas, materiais, e sim participante ativo do trabalho evangélico, isto é, sincero sócio de Jesus-Cristo.

O aprendiz da Terra sentia-se extremamente envergonhado. Suas idéias modificavam-se em ritmo vertiginoso. Entretanto, na sua feição de homem do mundo, pouco inclinado a ceder das próprias opiniões, redargüiu em tom de mágoa:

- Sim, meu bondoso amigo, reconheço a justiça e a grandeza das vossas observações; entretanto, nas minhas atividades terrenas, queria ver, pelo menos, algum Espírito sofredor, alguma entidade necessitada, ou ignorante. . .

Valendo-se da pausa que se fizera espontânea com os derradeiros argumentos, o carinhoso emissário voltou a dizer:

- Almas desalentadas, entre feridas e angústias? Seres necessitados de assistência e de luz? Não te lembras mais dos filhinhos que o Céu te concedeu? Penetras cegamente os portais da tua instituição, a ponto de não veres os enfermos e derrotados da sorte que ali procuram o socorro do Evangelho de Jesus-Cristo? Nunca viste os que se aproximam da fonte das bênçãos, tomados de intenções mesquinhas e criminosas, terríveis obsessores dos operários fiéis?

Benício estava agora extático, demonstrando haver afinal compreendido.

- Andas assim tão esquecido da vidência preciosa que Deus te confiou? - prosseguia o mentor espiritual, solicitamente. - Se ainda não pudeste contemplar os Espíritos benfeitores, ou malfeitores, que te rodeiam na Terra, como queres conhecer e classificar as potências do Céu? Volta para casa e procura ver!...

Nesse instante, Benício sentiu-se perturbado pela explosão de um ruído imenso.

Era o relógio que o despertava. Acordou, esfregou os olhos e preparou-se para tomar o trem suburbano, dentro de alguns minutos.

Nessa manhã, Benício Fernandes levantou-se, tomou o café, abraçou mais afetuosamente a esposa e os filhinhos. Cada coisa da sua modesta habitação apresentava, agora, aos seus olhos, uma expressão diferente e mais preciosa. Antes de sair foi beijar as mãos de sua mãe paralítica, o que há muito não fazia; perguntou pelo velho tio que saíra mais cedo, e, engolfado em grandiosos pensamentos, dirigiu-se para o trabalho, meditando na Providência Divina que lhe havia permitido receber uma lição para o resto da vida.

Pelo Espírito Humberto de Campos
Do livro: Reportagens do Além Túmulo
Médium: Francisco Cândido Xavier

29 outubro 2010

Indignação - Miramez

INDIGNAÇÃO

Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. IX - Item 9

Quem se encontra encolerizado é o primeiro a ser atingido pela cólera, na sua manifestação de desequilíbrio. Se a razão nos diz que sofremos esse assanho, por que vamos entrar nesse estado de sofrimento? O homem deve procurar o Cristo com urgência, para se educar, senão disciplinar seus impulsos inferiores, saindo das trevas da ignorância, buscando a luz que tranquiliza a consciência, motivando o coração para o amor.

A primeira coisa que o Espírita deve fazer ao abraçar o Espiritismo é se educar e, na mesma sequência, instruir-se, de modo que a sabedoria espiritual domine seu íntimo, acendendo luzes em todos os sentimentos.

Mesmo que você viva em um ambiente inferior, esforce-se para elevar-se, procurando o domínio de si mesmo, para que a caridade cresça no seu coração, motivada pelo exemplo de Jesus. Quem procura o Cristo com fé e honestidade sempre encontra o Mestre, e ainda escuta a Sua voz, dizendo:

"Vinde a mim todos vós que sofreis".

O maior sofrimento é a ignorância das leis espirituais que, bem entendidas, informam a direção certa dos caminhos a serem percorridos.

Fuja da ira, usando o perdão, porque, além de livrar-se de um ambiente negativo, ainda granjeará amigos, porque o perdão é caridade; e se é caridade, é amor que começa a nascer. Tenha cuidado quando o orgulho aparecer nos seus sentimentos, pois no ambiente dele podem surgir muitas inferioridades, que põem a alma no desequilíbrio, comungando com as trevas, para esquecer a luz. Assim é o egoísmo, que petrifica os valores que por vezes se encontram acordando.

A alma que começa no aprimoramento das qualidades espirituais é sempre atacada pelos invasores, para esmorecer no serviço do bem. A Terra é um estágio de educação, e como ninguém se educa sem sofrimento, preciso se faz que se tenha coragem, enfrentando todos os obstáculos, vencendo-os e indo de encontro de outros, até conhecer a verdade, libertando-se de todos os inimigos íntimos, que são os mais difíceis de serem vencidos, mas isso é trabalho nosso, que outro não pode fazer.

Fuja da impetuosidade; ela é campo propício, que faz esquecer a caridade. Pense na humanidade, procurando senti-la; pense no amor, procurando senti-lo, que a sua vida irá mudando para a vida de Jesus, e esses valores lhe darão meios de sentir a alegria cristã que atinge todo o seu ser, ainda mais, beneficiando os que convivem com eles.

Procure coligir suas ideias com as dos cristãos verdadeiros; desta forma, o Mestre passará a nascer na sua intimidade, com aquele carinho que se transforma em amor, aquele amor que facilita o nascimento de todas as outras virtudes de que o Evangelho nos dá notícia.

Deve você colocar dignidade em todos os trabalhos a que for chamado a fazer, para que a luz não falte em seus avanços e nem o Cristo em suas cogitações. Quem se esforça para melhorar já começa a sentir o perfume da felicidade, que não falta com a sua presença, para quem persevera no bem até o fim.

Devemos pensar que somos filhos de Deus, alunos de Jesus, e irmãos de toda a humanidade, onde quer que estejamos. E, para tanto, é preciso que cresçamos em amor, que só ele nos liga com todos e com tudo, porque Deus é o Amor.

De "Máximas de Luz"
Médium: João Nunes Maia
Pelo Espírito Miramez

28 outubro 2010

Dificuldades - Kelvin Van Dine

DIFICULDADES

Será justo pensar o que seria de nós sem as ocorrências desagradáveis.

Decerto não se pedirá que a vida se faça um campo de aflições no pressuposto de que isso nos resolverá os problemas.

Necessário, porém, considerar que a maior parte dos acontecimentos felizes apenas nos acomoda em satisfação quando as dificuldades nos fazem raciocinar.

O corpo do recém-nato se fosse conservado em redoma, a pretexto de fugir a provações, acabaria em monstruosidade.

Espírito que se isolasse em contentamento egoístico, sob a desculpa de evitar o erro, terminaria em lamentável fenômeno de infantilização.

Há os que se fecham em si acossados pela própria vaidade e os que se interiorizam para exteriorizar mais amor desinteressado ao próximo. Uma atitude é tristeza, outra alegria; uma doença, outra prosperidade espiritual.

Estamos convocados pela sabedoria da vida a tudo compreender e valorizar.

Agradecer as vantagens, mas aproveitar os empeços.

Dificuldade cria transformação e toda transformação favorece a aquisição de experiência se for construtivamente utilizada.

O que recebemos como desilusão para a alma, pode ter o efeito da cirurgia por vezes indispensável à defesa do corpo. Lágrimas de alguns instantes lavam incertezas da mente como a chuva desfaz a sombra da atmosfera.

Tudo é lição no clima do espírito. O fato de cada hora é novo decantador da alma. O desespero nunca remediou qualquer situação; piora sempre todas as causas e todas as conseqüências.

Compara-se o tempo a rio que corre incessante para o estuário da eternidade. Mágoas, ressentimentos e desânimos assemelham-se a ensinamentos que viciamos ou perdemos, lembrando águas roubadas à correnteza das horas e convertidas em agentes de decomposição na tristeza do pântano.

Empreguemos os obstáculos do caminho na edificação da felicidade, como se ajustam pedras na construção.

Não nasceu a inteligência para estirar-se sob a hipnose da alegria deficitária do "eu" sem o "tu" .

Todos fomos criados pela Divina Sabedoria para sermos felizes com os outros e para isso é imperioso aprender, produzir e pensar.

De "Técnica de Viver"
de Waldo Vieira
pelo Espírito Kelvin Van Dine

26 outubro 2010

O Maior Pecado - Neio Lúcio

O MAIOR PECADO

Um sacerdote sábio, desejando ensinar o caminho do Céu aos crentes que confiavam nele, rogou a Jesus, depois de longas meditações e sacrifícios, lhe fosse revelado qual o maior impedimento contra a iluminação espiritual.

Com efeito, de mente limpa, dormiu e sonhou que era conduzido à Porta Celestial.
Nimbado de esplendor, um anjo recebeu-o, benevolente.

- Mensageiro de Deus! — clamou o sacerdote — venho rogar a verdade para as ovelhas humanas que me seguem...
— Que pretendes saber? — indagou a entidade angélica.
— Peço esclarecimento sobre o maior obstáculo para a alma, na marcha para Deus. Sei que temos sete pecados mortais que aniquilam em nós a graça divina, na ascensão para o Alto. Sob a influência de semelhantes monstros, rola o espírito no despenhadeiro infernal. Entretanto, desejaria explicações mais claras, quanto ao problema do mal, porque nossas faltas variam ao infinito.

O anjo sorriu e considerou:
— A solução é simples. Quais são os pecados a que te referes?

O ministro da fé movimentou os dedos e respondeu:
— Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Deles nascem as demais imperfeições.

O mensageiro, contudo, acrescentou:
— No fundo, porém, podemos reduzi-los à unidade. Todos os pecados, inclusive os mortais, procedem de uma fonte única.
O sacerdote, curioso, suplicou:
— Oh! anjo amigo, aclara-me o entendimento! Há muitos aprendizes, na Terra, aguardando-me a palavra!...
O emissário da Esfera Superior, sem qualquer presunção de superioridade, passou a elucidar:
— Escuta e atende!
- Se o soberbo trabalhasse para o bem de todos, não encontraria ensejo de cultivar o orgulho e a vaidade que o levam a acreditar-se ponto central do universo.
- Se o avarento conhecesse a vantagem do suor, na felicidade dos semelhantes, não se entregaria à volúpia da posse que o obriga a acumular dinheiro inütilmente.
- Se o homem inclinado à tentação dos prazeres fáceis aprendesse a despender as próprias forças em favor da elevação coletiva, não disporia de ocasião para prender-se às paixões aniquiladoras que o arrastam ao crime.
- Se as pessoas facilmente irascíveis estivessem dispostas a servir de acordo com os desígnios divinos, não envenenariam a própria saúde com remorsos e angústias injustificáveis.
- Se o guloso vivesse atento à tarefa construtiva que lhe cabe no mundo, não se escravizaria aos apetites devastadores que lhe arruínam o corpo e a alma.
- E se o invejoso utilizasse a existência, no trabalho digno, não gastaria tempo acompanhando maliciosamente as iniciativas do próximo, complicando o próprio destino...

Como vê, o maior dos pecados, a causa primordial de todos os males, é a preguiça.
Dá trabalho edificante às tuas ovelhas e convence-te de que, na posse do serviço, não se afastarão do caminho justo.

O sacerdote não mais teve o que perguntar.
Despertou, edificado, e, do dia seguinte em diante, o povo reparou que o ministro modificara as pregações...

Do livro "Alvorada Cristã", 36
Pelo Espírito Neio Lúcio
Médium: Francisco C. Xavier

25 outubro 2010

Donativos Desprezados - Melitão Pacheco

DONATIVOS DESPREZADOS

Cumprir os próprios deveres sem esperar que os amigos teçam láureas de gratidão.

Calar toda queixa.

Abster-se do gracejo nas conversas de fundo edificante para não desencorajar a responsabilidade nascente.

Grafar páginas consoladoras e construtivas sem a pretensão de sermos compreendidos ou elogiados.

Prestar favores oportunos ao próximo sem a idéia de que o próximo venha, por isso, a dever-nos qualquer cousa, ainda mesmo o agradecimento mais simples.

Reconhecer que as faltas dos outros podiam ser nossa,s a fim de que saibamos desculpa-los sem condições.

Não supor que o ouvinte ou os ouvintes seja obrigado a pensar pela nossa cabeça.

Executar os erros de quem se exprime numa assembléia, sem sorrisos de mofa, para que o iniciante no cultivo do verbo superior não se sinta frustrado em seus intentos de bem fazer.

Não atribuir a outrem essa ou aquela falha havida em serviço.

Auxiliar aos irmãos menos felizes sem exprobrar-lhes a conduta passada.

Não acusar e nem criticar pessoas sob o pretexto de estarem ausentes.

Silenciar diante dos grandes ou pequenos escândalos, sem considerações deprimentes, orando em favor daqueles que os provocaram.

Não reclamar homenagens afetivas nessa ou naquela circunstância.

Ouvir com respeito à palavra ou a dissertação supostamente fastidiosa, sem ofender a quem fala.

Evitar a maledicência em derredor de gestos, atitudes e frases sob nossa observação.

Substituir espontaneamente e sem qualquer apontamento desfavorável, nas boas obras, o seareiro em falta nas atividades previstas.

Executar com sinceridade as obrigações que a vida nos preceitua sem a preocupação de invadir as tarefas alheias.

Não opor contraditas às opiniões do interlocutor e sim ajuda-lo, sem presunção, a entender a verdade em torno disso ou daquilo, no momento adequado.

Amar sem pedir que os entes amados se convertam em bibelôs dos nossos caprichos.

Não exigir das criaturas humanas a perfeição moral que todos estamos muito longe de possuir.

Deixar os companheiros tão livres para encontrarem a própria felicidade quanto aspiramos a ser livres por nossa vez.

Pelo Espírito Melitão Pacheco
Do livro: Ideal Espírita
Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

24 outubro 2010

Política Divina - Emmanuel

POLÍTICA DIVINA

"Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve." - Jesus. (LUCAS, 22:27.)

O discípulo sincero do Evangelho não necessita respirar o clima da política administrativa do mundo para cumprir o ministério que lhe é cometido.

O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da política do amor, representou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora.

Administrou servindo, elevou os demais, humilhando a si mesmo. Não vestiu o traje do sacerdote, nem a toga do magistrado.

Amou profundamente os semelhantes e, nessa tarefa sublime, testemunhou a sua grandeza celestial.
Que seria das organizações cristãs, se o apostolado que lhes diz respeito estivesse subordinado a reis e ministros, câmaras e parlamentos transitórios?

Se desejas penetrar, efetivamente, o templo da verdade e da fé viva, da paz e do amor, com Jesus, não olvides as plataformas do Evangelho Redentor.

Ama a Deus sobre todas as coisas, com todo o teu coração e entendimento.
Ama o próximo como a ti mesmo.
Cessa o egoísmo da animalidade primitiva.
Faze o bem aos que te fazem mal.
Abençoa os que te perseguem e caluniam.
Ora pela paz dos que te ferem.
Bendize os que te contrariam o coração inclinado ao passado inferior.
Reparte as alegrias de teu espírito e os dons de tua vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho.
Dissipa as trevas, fazendo brilhar a tua luz.
Revela o amor que acalma as tempestades do ódio.
Mantém viva a chama da esperança, onde sopra o frio do desalento.
Levanta os caídos.
Sê a muleta benfeitora dos que se arrastam sob aleijões morais.
Combate a ignorância, acendendo lâmpadas de auxílio fraterno, sem golpes de crítica e sem gritos de condenação.
Ama, compreende e perdoa sempre.

Dependerás, acaso, de decretos humanos para meter mãos à obra?

Lembra-te, meu amigo, de que os administradores do mundo são, na maioria das vezes, veneráveis prepostos da Sabedoria Imortal, amparando os potenciais econômicos,passageiros e perecíveis do mundo; todavia, não te esqueças das recomendações traçadas no Código da Vida Eterna, na execução das quais devemos edificar o Reino Divino, dentro de nós mesmos.

Do livro "Vinha de Luz
Pelo Espírito André Luiz
Médium: Francisco C. Xavier

23 outubro 2010

Tesouro de Luz - Emmanuel

TESOURO DE LUZ

Nem sempre disporás de finança precisa para solver problemas ou extinguir aflições. Ninguém está impedido, entretanto, de acumular o tesouro de luz da esperança no próprio coração. Ninguém que não possa engajar-se nessa empresa de investimentos divinos. Todos necessitamos de semelhante apoio para viver e todos nos achamos habilitados a ministrá-lo, a fim de que os outros vivam.

Julgamos freqüentemente que a esperança seria providência apenas em auxílio dos últimos na retaguarda humana. No entanto, não é assim. As vítimas de frustração, tristeza, desequilíbrio ou desalento estão em todos os lugares.

Arma-te de compreensão e bondade para esparzir esse recurso de refazimento e renovação. Para isso, comecemos por omitir pessimismo e perturbação em todas as manifestações que nos digam respeito.

Os necessitados dessa luminosa moeda, a expressar-se por bênção de energia, se te revelam em todos os lances da experiência comum.

Emergem dos vales de penúria, onde podes estendê-lo em forma de socorro assistencial; entretanto, surgem muito mais do próprio campo de ação em que transitas e das cúpulas da organização social em que vives.

Doarás a todos os aflitos que te procurem semelhante amparo, a fim de que a força de realizar e de construir não se lhes esmoreça na vida.

Falarás de coragem aos que se fixaram no medo de servir, de perdão aos que se imobilizaram no ressentimento, de confiança aos tristes, de perseverança aos fracos, de paz aos que tombaram na discórdia e de amor aos que se reconheceram atirados à solidão.

Nem sempre lograrás ajudar com possibilidades monetárias – repitamos – mas, raciocinando com a bênção da caridade, podes ainda hoje entrar nas funções de poderosa usina distribuidora de otimismo e de fé. Não percas o ensejo de investir felicidade com esse tesouro de luz e amor porquanto, em verdade, onde não mais exista esperança desaparece o endereço da paz.

Pelo Espírito Emmanuel
Do livro: Encontro de Paz

Médium: Francisco Cândido Xavier

22 outubro 2010

O Remédio Imprevisto - Neio Lúcio

O REMÉDIO IMPREVISTO

O pequeno príncipe Julião andava doente e abatido.
Não brincava, não estudava, não comia.
Perdera o gosto de colher os pêssegos saborosos do pomar.
Esquecera a peteca e o cavalo.
Vivia tristonho e calado no quarto, esparramado numa espreguiçadeira.

Enquanto a mãezinha, aflita, se desvelava junto dele, o rei experimentava muitos médicos.
Os facultativos, porém, chegavam e saíam, sem resultados satisfatórios.
O menino sentia grande mal-estar. Quando se lhe aliviava a dor de cabeça, vinha-lhe a dor nos braços. Quando os braços melhoravam, as pernas se punham a doer.

O soberano, preocupado, fez convite público aos cientistas do país. Recompensaria nababescamente a quem lhe curasse o filho.
- Que todos saibam de minha disposição.
- Avisaremos a todos, majestade, - disse seu auxiliar.

Depois de muitos médicos famosos ensaiarem, embalde, apareceu um velhinho humilde que propôs ao monarca diferente medicação.
- Qual será o preço do tratamento ? perguntou o rei.
- Nada quero... respondeu o velhinho. Desejo apenas plena autoridade sobre seu filho.
O pai aceitou as condições e, no dia imediato, o menino foi entregue ao ancião.
O sábio anônimo conduziu-o a pequeno trato de terra e recomendou-lhe arrancasse a erva daninha que ameaçava um tomateiro.
- Vamos meu filho! Arranque a erva daninha.
- Não posso! Estou doente! — gritou o menino.
O velhinho convenceu-o, sem impaciência, de que o esforço era necessário e, em minutos breves, ambos libertavam as plantas da erva invasora. Antes do meio-dia, Julião disse ao velho que sentia fome. O sábio humilde sorriu, contente, enxugou-lhe o suor copioso e levou-o a almoçar.
- Sirva-se à vontade, Julião, - disse o velho
O jovem devorou a sopa e as frutas, gostosamente.
Após ligeiro descanso, voltaram a trabalhar.

No dia seguinte, o ancião levou o príncipe a servir na construção de pequena parede.
- Vamos levantar uma parede disse o velho a Julião.
- Eu não sei.
- Quem não sabe aprende, Julião, respondeu o velho.
À tarde sua fome era maior.
Novo programa foi traçado para Julião. Após o banho matinal, cavava a terra. Almoçava e repousava. Ao entardecer, estudava e a noitinha, brincava e passeava com jovens da mesma idade.

Transcorridos dois meses, Julião era restituído à autoridade paternal, rosado, robusto e feliz. Ardia, agora, em desejos de ser útil, ansioso por fazer algo de bom. Descobrira, enfim, que o serviço para o bem é a mais rica fonte de saúde.

O rei, muito satisfeito, tentou recompensar o velhinho.
Todavia, o ancião esquivou-se, acrescentando:
- Grande soberano, o maior salário de um homem reside na execução da Vontade de Deus, através do trabalho digno. Ensina a glória do serviço aos teus filhos e tutelados e o teu reino será abençoado, forte e feliz.
Dito isto, desapareceu na multidão e ninguém mais o viu.

Do livro "A Vida Fala III"
pelo Espírito Neio Lúcio
Médium:Francisco C. Xavier

21 outubro 2010

Maledicência - Huberto Rohden

M A L E D I CÊ N C I A

Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.

- Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.

Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem
brilhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.

Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.

As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.

Falar mal das misérias alheias é um prazer tão subtil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.

Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para "matar tempo". A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.

Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.

Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.

Falando, Líderes hipnotizam multidões, enceguecidas, que se atiram sobre outras nações, transformando-as em ruínas.

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.

Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio.

São enfermos em demorado processo de reajuste.

Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.

Pense nisso!

Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.

Evitemos a censura.

A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.

Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.

Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.

Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.

Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, "a boca fala do que está cheio o coração".

Texto extraído do livro "A Essência da Amizade", Huberto Rohden

20 outubro 2010

Convite ao Recato - Joanna de Ângelis

CONVITE AO RECATO

"... Nenhuma coisa é em si impura, - a não ser para aquele que a tem como tal, para esse ela é impura." (Romanos, 14:14.)

Atormentados, não conseguem distinguir as fronteiras que existem entre o estético e o ridículo, ultrapassando-as a largos passos, de modo a mergulharem nos fundos fossos da esquisitice.

Afirmando a elaboração de uma conduta realista, fingem contestar o passado, alienando-se, a princípio, das linhas do equilíbrio, e, marginalizados, em conseqüência, estrugem em rebelião anárquica, em avanço irreversível quase pelos corredores da alucinação.

Fisicamente bem modelados crêem-se protótipos de novos cometimentos e supõem-se biótipos hoje das futuras formas da Humanidade.

Alguns são realmente idealistas e sonham com novos padrões de ética e justiça social, de fraternidade e amor através de cujas fórmulas se beneficiariam todos os homens. Aturdidos, porém, pelo tumulto tecnológico e a desenfreada luta competitiva na esfera da Comunicação, facultam-se fascinar pelas aberrações e chafurdam nos pauis da sexolatria desvairada e da toxicomania infeliz, absorvidos pelo poder de todos os disparates da razão ultrajada.

Transformam-se em líderes de outros insanos.

Padronizam comportamento e afrontam os valores da dignidade, da honradez, mediante sarcasmo contumaz, desprezo sistemático à ordem e às expressões da saúde moral, social.

Estão destruindo, apregoam, para construírem depois.

Estereotipados pelos sofismas materialistas, embora aparentem crer em Deus e no espírito imortal, apenas aparentam, pois desmentem qualquer religiosidade, mediante a vida por que se deixam consumir...

A pretexto de modernismo não te desequilibres.

O recato é atitude moral indispensável a uma vida sadia, normal.

Não que o traje seja fator de corrupção.

Ocorre que a sua ausência faculta conúbios mentais desditosos entre os que não conseguem ver com discernimento, e enseja mais amplas possibilidades de atentados ao pudor.

Preconizava o Converso de Damasco na sua memorável epístola aos Romanos que uma coisa somente é "impura para aquele que a tem como tal".

Como o espírito humano se demora, por enquanto, nas faixas inferiores de onde procede, em cujos limites por ora se compraz, com algumas exceções, fácil lhe é ver tudo através das lentes escuras da animalidade, estimulando-se ao influxo das atrações do sexo em desgoverno, a dominar quase todos os departamentos da Terra...

Não só no trajar o recato se impõe. Nos diversos labores e situações da vida o recato, a morigeração, a ordem têm regime de urgência para que o homem consiga haurir a porvindoura felicidade que lhe está destinada desde hoje.

De "Convites da Vida"
de Divaldo P. Franco
pelo Espírito Joanna de Ângelis


19 outubro 2010

Espiritismo no Lar - Joanna de Ângelis

ESPIRITISMO NO LAR

"Deus permite que, nas famílias, ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso." O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 4º - Item 18.

Todos sabemos valorizar o benefício de um copo dágua fria ou de uma ampola de injetável tranquilizante, ofertados num momento de grande afliçã’água

Reconhecemos a bênção do alfabeto que nos descortina as belezas do conhecimento universal e bendizemos quem nô-lo imprimiu nos recessos da mente.

Mantemos no carinho do espírito aqueles que nos ajudaram nos primeiros dias da reencarnação, oferecendo-nos amparo e amamentação.

Somos reconhecidos àqueles que nos nortearam em cada hora de dúvida e não esquecemos o coração que nos agasalhou nos instantes difíceis do caminho renovador...

Muitos há, no entanto, que desdenham e esquecem todos os benefícios que recebem durante a vida.

Há um inestimável benefício que te enriquece a existência na Terra: o conhecimento espírita.

Esse é guia dos teus passos, luz nas tuas sombras e pão na mesa das tuas necessidades.

Poucas vezes, porém, pensaste nisso.

Recebeste com o Espiritismo a clara manhã da alegria, quando carregavas noite nos painéis mentais e segues confiante, de passo firme, com ele a conduzir-te qual mãe desvelada e fiel.

Se o amas, não o detenhas apenas em ti.

Faze mais. Não somente em propaganda "por fora" mas principalmente dentro do teu lar.

No lar se caldeiam os espíritos em luta diária nas tarefas de reajustamento e sublimação.

Na família os choques da renovação espiritual criam lampejos de ódios e dissenção, que podes converter em clarões-convites à paz.

Não percas a oportunidade de semear dentro de casa.

Apresenta a tua fé aos teus familiares mesmo que eles não n’a queiram escutar.

Utiliza o tempo, a psicologia da bondade e do otimismo e esparze as luminescências da palavra espírita no reduto doméstico.

Se te recusarem ensejo, apresenta-o, agindo.

Se te repudiarem, conduze-o, desculpando.

Se te ferirem, espalha-o, amando.

Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa...

Ali, na oportunidade, ouvidos desencarnados se imantarão aos ouvidos dos teus e escutarão; olhos atentos verão pelos olhos da tua família e se nublarão de pranto; mentes se ligarão às outras mentes e entenderão... Sim, ouvidos, olhos e mentes dos desencarnados que habitam a tua residência se acercarão da mesa de comunhão com o Senhor, recebendo o pão nutriente para os espíritos perturbados, através do combustível espírita que não é somente manancial para os homens da Terra, mas igualmente para os que atravessaram os portais do além-túmulo em doloroso estado de sofrimento e ignorância.

Agradece ao Espiritismo a felicidade que possuis, acendendo-o como chama inapagável no teu lar, para clarear os teus familiares por todos os dias.

O pão mantém o corpo.

O agasalho guarda o corpo.

O medicamento recupera o corpo.

O dinheiro acompanha o corpo.

Seja o Espiritismo em ti o corpo do teu espírito emboscado no teu corpo, a caminhar pelo tempo sem fim para a Imortalidade gloriosa.

E se desejares felicidade na Terra, incorpora-o ao teu lar, criando um clima de felicidade geral.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Do livro: Espírito e Vida

Médium: Divaldo Pereira Franco - Editora Leal

18 outubro 2010

Clamor por União - Maria Modesto Cravo

CLAMOR POR UNIÃO

Vivemos um momento crucial na Terra. Um embate decisivo de forças. A força do Cristo que nos puxa para os cimos e a resistência das trevas que atraem para baixo. Um autêntico duelo de titãs se trava nos bastidores da humanidade terrena. Não fosse a extensão da Misericórdia Celeste e o planeta estaria totalmente dominado pelo mal.

A união de forças fraternais nesse momento implica na formação de trincheiras ativas do bem. O dístico que inspirou o codificador nunca foi tão apropriado como roteiro moral de segurança, equilíbrio e libertação:
tolerância, fraternidade e trabalho. Eis a ordem de Mais Alto que expressa a atitude da misericórdia aplicada.

Na contramão da ação benevolente de dar as mãos e nos fraternizar está o império da maldade insuflando a descrença. Sem fé e confiança, o homem se estiola. Sem ideal e sem amor, a humanidade perece à míngua. Descrença é a força para baixo que exaure e consome a disposição de marchar e elevar-se. A ausência de fé legítima no bem produz a escassez e a penúria em assuntos da alma, mantendo-nos cativos nas celas da preguiça, da tristeza e do vazio existencial.

Um de seus efeitos mais perniciosos é fixar-nos no “lado sombrio” da vida e do próximo.

Na convivência, a descrença patrocina o esfriamento afetivo e favorece a indisposição para proximidade, a cordialidade. É o sentimento que esfacela a confiança, bombardeia os pensamentos com a cobrança e incendeia a crítica maledicente.

Quando focamos nossa mente nas mazelas alheias, despertamos em nós próprios os monstros da inveja, da disputa e da indiferença que alicerçam o piso emocional da rivalidade silenciosa.

A melhor palavra que define a ação misericordiosa de uns para com os outros é a indulgência.

O indulgente vê o mal de outrem e se resguarda na ação complacente de destacar-lhe seus valores e conquistas. Esse impulso de generosidade e altruísmo é a apólice de proteção mais inspiradora para relações sadias e educativas regadas por afeto cristão.

A união depende desse ato promissor de perceber sem denegrir. É arte de nos perdoarmos uns aos outros pelo que ainda somos no carreiro da evolução.

Os grupos doutrinários que não aplicam indulgência matam a esperança do pacifismo nas relações e constroem ninhos acolhedores para a cizânia.

União não significa caminharmos sempre juntos, mas poder contar sempre uns com os outros; não significa que tenhamos que aceitar as idéias alheias, porém, respeitar o direito que outrem tem de cultivá-las, sem asilar perturbação ou antipatia; e o mais importante: união não significa viver sentimentos que ainda não somos capazes, todavia, não permitir qualquer obstáculo para que o arrependimento ou a saudade não destruam ou reprimam o amor que, inegavelmente, nutrimos por alguém.

Estamos procurando corações dispostos a enaltecer a “boa parte” de quem quer que seja. A tarefa genuína do educador de almas é tirar de dentro dela a beleza reluzente, os lírios de esperança adormecidos em cada um de nós. O clamor das esferas superiores é estender as mãos uns aos outros incondicionalmente.

Sem amizade, será a derrocada do dialogo.

Sem dialogo, resta-nos a solidão dos pensamentos no qual emaranhamos em fantasias que alimentam a loucura da discórdia e da separação com motivos aparentemente justos a nosso favor.

Só quem distancia do amor aplicado, reserva-se o insano direito de diagnosticar culpados pela perturbação e dissolução nos ambientes da doutrina. O somatório de nossas lutas morais é a única explicação aceitável para a borrasca que atinge a convivência.

Se não nos toleramos, não floresce a fraternidade, e sem ela somos, inevitavelmente, atraídos para baixo ao encontro das sombras que agasalhamos. Sem fraternidade, não haverá espaço para a atitude de alteridade em nosso íntimo.

Misericórdia é a diretriz que traduz amor incondicional. Se o Cristo nos aceita, estendendo benesses em todo instante pela nossa caminhada, por que haveremos nós, operários imperfeitos de Sua Obra, de depreciar o valor de outrem que coopera fazendo o melhor que pode?

A destruição dos grupos espíritas caminha nesse passo: julgamento/ rotulação/ crítica/ maledicência/ mágoa/ inimizade/ indiferença/ conflitos imaginários/ obsessão/ cisão perturbadora.

Tudo começa no pensamento quando nos concedemos observar o argueiro no próximo sem enxergar a trave em nós próprios.

Desoprimamos o coração do peso da mágoa que provém, quase sempre, de julgamentos intolerantes que fazemos da ação alheia.

Conquanto caiba-nos o direito de discernir a conduta de outrem e dela discordar, compete-nos o dever de zelar pela manutenção dos melhores sentimentos cristãos para a pessoa em si. Que desabonemos a conduta, mas continuemos a amá-lo. Divergência de opinião sem desistência do amor.

Na ordem cristã impera: julgamento/ compaixão/ assertividade/ oração/ acolhimento fraterno/ amabilidade/ amizade/ concórdia.

Agindo assim espalharemos o clima do otimismo e da crença uns nos outros criando ambientes revigorantes para nossa fragilidade e inconstância afetiva.

Lembre-se: quem quiser sentir Jesus mais perto de si nesses dias tormentosos da Terra, tenha sempre uma palavra de estímulo nos lábios e um gesto de amabilidade na atitude. Saiba retirar o diamante escondido no lodo.

Desapegue das certezas acerca dos julgamentos e renove o campo mental para estar sempre a dizer mesmo sem palavras: estou aqui meu amigo, conte comigo!

Em um belo poema de luz, Paulo em sua segunda carta ao povo de Corinto, capítulo doze, versículo quinze, recitou: Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.

Amemos sem cansar. Incondicionalmente.

Da servidora do Cristo e amante do bem,

Maria Modesto Cravo
Mensagem psicografada pelo médium Wanderley Soares de Oliveira em 26/05/06 na Sociedade Espírita Ermance Dufaux, em Belo Horizonte, Minas Gerais

17 outubro 2010

Paternidade Involuntária - Augusto Cezar

PATERNIDADE INVOLUNTÁRIA

Companheiro,

Você nos solicita algo dizer sobre a paternidade involuntária.

Comecemos por destacar a situação dos irmãos desencarnados ainda excessivamente vinculados à experiência física.

Ei-los que passam por nós ou passamos por eles.

Formam grupos que evoluem, rente aos próprios homens.

Vemo-los sem que nos vejam.

Estão dentro da nuvem formada pelos pensamentos de que se nutrem.

Emanam-se pelas vibrações que eles próprios emitem.

Cada núcleo parece uma colônia de consciências dilapidadas pelo sofrimento que criaram para si próprias.

Num plano de vida, em que as idéias tomam forma e consistência, em derredor daqueles que as arrojam de si, jazem fora da realidade, vivendo nas alucinações materializadas, agora em movimento por fora deles.

Todos, porém, acalentam o desejo de retomar o corpo que deixaram, a fim de reclamarem no mundo físico o que julgam pertencer-lhes.

E, na impossibilidade que lhes frustra os anseios, depois de amargosos diálogos sempre reiterados, acabam em explosões de rebeldia e arrependimento que sensibilizariam corações de pedra.

De nossa parte, efetuamos quanto se nos faz possível para asserenar-lhes o espírito agoniado.
Formamos turmas de assistência que os reconfortem ou lhes restaurem o ânimo, no entanto, após breve pausa para reflexão volvem à dor que eles próprios sustentam.
Entretanto, não se encontram em supostos enfermos exteriores. Moram ao nível dos homens comuns, usufruindo-lhes os ambientes.

De quando a quando, esses companheiros aflitos se harmonizam com aqueles irmãos reencarnados que se lhes afinam com a vida íntima, nesse ou naquele ângulo de pensamento, e lhes transmitem a ânsia de retorno à terra.

Querem nascer de novo, a qualquer preço. Imploram novo corpo, através da suave hipnose das petições comovedoras.

E semelhantes requisições afetivas, por vezes, repercutem nos sentimentos do homem ou da mulher a que se ligam, através da afinidade.

E daí, freqüentemente, surgem a gravidez e a criança inesperada.

Digo tudo isso a você, prezado amigo, porque você me fala do filhinho em gestação e indaga sobre a conveniência do aborto.

Não exija semelhante delito da sua companheira de emoções e entretenimentos.

Essa criança que você auxiliou a formar, provavelmente estará chegando do plano que descrevemos. Não destrua o ninho dessa ave de Deus que aspira a reviver sob a proteção de seu carinho.

Se você não pensava na criança quando amava a jovem que acreditou em suas palavras, guarde a certeza de que o espírito renascente pensou em você.

Deixe que o amor lhe funcione nos raciocínios, enterneça-se e receba quem o procurou sem que você conscientemente o procurasse.

Quem será esse coração que pulsa no seu? Algum ente querido de seu próprio passado ou, talvez do seu presente?

No futuro, saberemos.

Por agora, se algo podemos pedir, rogo-lhe de irmão para irmão: amigo, auxilie essa criança a viver!...

Do livro "Presença de Luz"
Pelo Espírito Augusto Cezar

Médium:Francisco C. Xavier

16 outubro 2010

Novos Dias - Eros

NOVOS DIAS

“Doravante, disse Jesus, fica proibido amar com ansiedade de ser amado e servir com a disposição de receber pagamento.

Os roseirais se debruçarão sobre as janelas das casas sorrindo pétalas exuberantes em participação da felicidade doméstica. E os girassóis darão as costas às ruas e campos onde florescem, esgueirando-se pelas frestas dos lares em festas, porque haverá tanta claridade no reduto doméstico que a estrela Solar será confundida com as constelações luminíferas, que explodirão, irisadas, no ninho familiar.

Ficará proibido, também, que o bolo da amizade, servido às pessoas, receba o fermento da suspeita.

A partir de então, já não será necessário que se fale de justiça com as palavras frias dos Códigos humanos. Cada um usufruirá do discernimento com o qual respeitará todos os direitos alheios entregando-se aos deveres que lhe cumpre realizar.

Não mais haverá sofrimento. E quem sofrer não se envergonhará disso, porque entenderá que toda dor recupera e somente padece quem é devedor.”

A piedade fraternal será transformada em flor de solidariedade que converge em dever sem a necessidade dos estímulos fortes.

Vicejará a liberdade sem punição. O revel fruirá da bênção de ser livre e lutará, ele próprio, pela reabilitação. Os animais e as aves não permanecerão em jaulas ou gaiolas. O homem estará subordinado às leis do amor, respeitando o seu irmão e todos os irmãos menores do bosque, do deserto e das planuras. E dar-se-á ao bem doravante...

Os órfãos, os anciãos, os fracos, os enfermos constituirão oportunidade para os aquinhoados com pais, os amparados pelos filhos, os sustentados pela fortaleza, os resguardados pela saúde, o que impedirá a miséria, a vergonha, o abandono, o sofrimento desnecessário.


O lobo e o cordeiros pastarão juntos”, quanto a borboleta e a abelha na mesma flor ou o regato e a fonte misturando as águas, sem guerra nem extermínio.

Os homens se fitarão nos olhos como as estrelas que se espiam no velário da noite transparente, e o ar balouçando a haste delicada da flor.

Os sorrisos dos pobres cantarão na melodia da bondade dos ricos, quais palmeiras farfalhantes nos braços da brisa.

Ninguém a sós... A solidão descerá ao auxílio alheio e a atividade festiva correrá na direção da soledade.

Ninguém mais chorará os seus mortos, nem lamentará os seus vivos, nem se amargurará com as tristezas... Irromperá uma orquestração de vozes no silêncio da saudade dos que ficaram, encorajando os debilitados. Essas melodias levantarão os enfraquecidos e todos cantarão...

Doravante, ninguém engane ninguém, pois que se estará enganando a si mesmo. Nem minta, nem ultraje, nem persiga mais. Todos se dêem as mãos e confraternizem com as rosas, com os girassóis, com as tardes coloridas, com os dias de cinza, com as noites estreladas, com as aves e os animais, e os regatos, e as árvores, compondo um quadro de amor perene, que se faça um perene feriado para o mal.

Doravante, disse o Senhor, e assim se fará nesses vindouros novos dias.”

Eros (espírito)
Obra: No Longe do Jardim

Psicografia de Divaldo Pereira Franco


15 outubro 2010

Como Vencer a Morte - Miramez

COMO VENCER A MORTE

Certo que estou prestes a deixar este meu tabernáculo, como efetivamente Nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou. II Pedro, 1:14

O apóstolo Pedro já havia sido avisado por Jesus da sua próxima partida para o além, mas por certo tinha vencido a morte, nada temendo do aviso do Senhor. Quem batalhou por tantos anos como Pedro, disseminando a vida por toda parte, certamente não temeria a morte, que, para ele, constituía uma simples mudança de uma casa para outra. Dava, sim, graças a Deus e glória a Jesus, por largar o velho tabernáculo de carne já com grandes necessidades em se desfazer, voltar ao estado de energia de onde viera, pois se nada se acaba, nada se destrói!

Como vencer a morte? Multidões de almas não deixam de perguntar a si mesmas e aos outros; e a resposta é dada pela vida dos grandes homens. Sereis vencedores da morte, se venceres a vós mesmos. O fenômeno a que chamais morte, foi e está sendo temido há milhares de anos e, o medo dela é somente alimentado pela ignorância. Quando a verdade começa a despontar no alvorecer dos corações, raia novo Divino Amigo para a alma, período que poderemos chamar de “primeiro dia de vida” . Quem teme a morte nunca teve alegria pura, nunca esteve em paz com a consciência. As grandes almas, quando em trânsito pela Terra, na hora suprema, deram seus testemunhos de coragem.

Sócrates tomou a cicuta satisfazendo seus algozes, sorrindo, sem pelo menos contrair as faces; não temia a morte e se expressava como a dizer: “A vida me espera com mais fulgor e, quem morre aqui nasce para a vida eterna”.

Francisco de Assis aproximou sua fala à do missionário grego, dizendo: “É morrendo que nascemos para a vida eterna”.

Buda, certa feita, disse aos seus seguidores: “Se eu temesse a morte, não teria deixado a vida de príncipe para procurá-la”.

E Cristo, quantas vezes afirmou que a vida continuaria depois do túmulo. E ele deu provas disso, porquanto voltou vezes sem conta, aparecendo aqui e ali, ora para uns discípulos, ora para outros, para todos reunidos, e para uma multidão na Galiléia. Não seria preciso mais provas.

Neste tópico evangélico que ora nos inspira Jesus em espírito, Pedro é avisado de que a sua desencarnação está próxima, e o arquivo etérico nos relata que o apóstolo sentiu um grande regozijo com o anúncio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pedro já havia vencido a morte, portanto pregava a vida; dir-se-ia que não pensava mais na morte, nem como meio de interromper os seus trabalhos apostólicos, por viver somente irradiando a vida. E quando fora executado pelos carrascos, de fato não perdera a consciência. Ergue-se ao deixar o tabernáculo terreno, em espírito e verdade, na plenitude da vida.

Espíritas, irmãos, vocês são os novos cristãos redivivos, não podem temer a morte, pois ela é a vida. A reencarnação lhes mostrará que a vida se expande em toda parte. Todavia, não haverá liberdade sem sacrifícios, dependerá muito de cada um, em se sacrificando para se tornar livre na vida eterna.

A morte existe para quem duvida da vida; a morte existe para espíritos que desconhecem o bem; a morte existe para quem desdenha da caridade; a morte existe para quem tem a infelicidade de odiar. Ela nunca existe para homens e espíritos que se iniciaram com Jesus na vivência da Boa Nova de Deus.

A Doutrina dos Espíritos, fazendo ingente esforço ao renascimento do Cristianismo, traz provas irrefutáveis, de que a morte não existe, tendo desaparecido por completo das cogitações dos espiritualistas. Transmutou-se em vida, para felicidade dos homens e glória de Deus.

O medo da morte, se teve alguma utilidade, foi para os espíritos primitivos, não para homens de razão apurada e de sentimentos elevados, como são os cristãos, que vencendo a morte, começam a viver com a alegria superior; e foi para testificar que não há morte depois do túmulo que o Cristo voltou, aparecendo a todos os Seus discípulos, anunciando que Ele, aquele da cruz,
estava vivo para a eternidade.

No Espiritismo acontece o mesmo: seres amados que já se foram tornam a voltar, em espírito, através de medianeiros, dando para seus familiares a boa nova de que ninguém morre, que a vida prossegue fulgurante por todas as latitudes das regiões espirituais. E que se Deus determinar, poderão novamente renascer, recebendo as bênçãos de novos corpos, em busca da
felicidade.

Meu irmão, se você está próximo a deixar o corpo físico, de volta ao mundo espiritual, não tema, porque ninguém morre; procure sentir a mesma serenidade de Pedro, ao certificar-se da sua partida, por aviso do Cristo.

Repetimos as suas próprias palavras, quando proclama:
Certo que estou prestes a deixar este meu tabernáculo, como efetivamente Nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou.

Mensagem extraída do livro O Mestre dos Mestres
Médium: João Nunes Maia
Pelo Espírito Miramez


14 outubro 2010

Esquecimento e Reencarnação - Emmanuel

ESQUECIMENTO E REENCARNAÇÃO

Examinando o esquecimento temporário do pretérito, no campo físico, importa considerar cada existência por estágio de serviço em que a alma readquire, no mundo, o aprendizado que lhe compete.

Surgindo semelhante período, entre o berço que lhe configura o início e o túmulo que lhe demarca a cessação, é justo aceitar-lhe o caráter acidental, não obstante se lhe reconheça a vinculação à vida eterna.

É forçoso, então, ponderar o impositivo de recurso e aproveitamento, tanto quanto, nas aplicações da força elétrica, é preciso atender ao problema de caráter e condução.


Encetando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, a criatura recebe, desse modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio das energias físicas,e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia, muito tempo antes de acolher-se ao abrigo materno.

Na melhor das hipóteses, quando desfruta grande atividade mental nas esferas superiores, só é compelido ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra instrumentação fisiológica dos encarnados, tempo em que se lhes reaviva a experiência terrestre.

Temos, ainda, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as quais, acrescidas às conseqüências dos fenômenos naturais de restringimento do corpo espiritual, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações do passado, par que se avalie a mente na direção de novas conquistas. E, como todo esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos conceitos e pensamentos acerca de si própria, é compreensível que a criatura desperte na adolescência como alguém que fosse longamente hipnotizado para fins edificantes, acordando, gradativamente, na situação transformada em que a vida lhe propõe a continuidade do serviço devido à regeneração ou à evolução clara e simples.

E isso, na essência, é o que verdadeiramente acontece, porque, pouco a pouco, o Espírito reencarnado retoma a herança de si mesmo, na estrutura psicológica do destino, reavendo o patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, a se lhe regravarem no ser, em forma de tendências inatas, e reencontrando as pessoas e as circunstâncias, as simpatias e as aversões, as vantagens e dificuldades, com as quais se ache afinizado ou comprometido.

Transfigurou-se, então, a ribalta, mas a peça contínua.

A moldura social ou doméstica, muitas vezes, é diferente, mas, no quadro de trabalho e da luta, a consciência é a mesma, com a obrigação de aprimorar-se ante a bênção de Deus, para a luz da imortalidade.

Do livro "Religião dos Espíritos", 45
Pelo Espírito Emmanuel,
Médium: Francisco C. Xavier

13 outubro 2010

Triologia Bendita - Neio Lúcio

A TRILOGIA BENDITA

Em tempos remotos, o Senhor vinha ao mundo frequentes vezes entender-se com as criaturas.

Certa vez, encontrou um homem irado e mau, que outra coisa não fazia senão atormentar os semelhantes. Perseguia, feria e matava sem piedade. Quando esse espírito selvagem viu o Senhor, aproximou-se atraído pela luz dEle, a chorar de arrependimento.

O Cristo, bondoso, dirigiu-lhe a palavra:
— Meu filho, porque te entregaste assim à perversidade? Não temes a justiça do Pai? Não acreditas no Celeste Poder? A vida exige fraternidade e compreensão.

O malfeitor, que se mantinha prisioneiro da ignorância, respondeu em lágrimas:
— Senhor, de hoje em diante serei um homem bom.

Alguns anos passaram e Jesus voltou ao mesmo sítio. Lembrou-se do infeliz a quem havia aconselhado e buscou-o. Depois de certa procura, foi achá-lo oculto numa choça, extremamente abatido. Interpelado quanto à causa de tão lamentável transformação, o mísero respondeu:
— Ai de mim, Senhor! Depois que passei a ser bom, ninguém me respeitou! Fiz-me escárnio da rua... Tenho usado a compaixão e a generosidade, segundo me ensinaste, mas em troca recebo apenas o ridículo, a pedrada e a dilaceração...

O Mestre, porém, abençoou-o e falou.

— O teu lucro na eternidade não será pequeno com o sacrifício. Entretanto, não basta reter a bondade. É necessário saber distribuí-la. Para bem ajudar, é preciso discernir. Realmente é possível auxiliar a todos. Contudo, se a muita gente devemos ternura fraterna, a numerosos companheiros de jornada devemos esclarecimento enérgico. Estimularemos os bons a serem melhores e cooperaremos, a benefício dos maus, para que se retifiquem. Nunca observaste o pomicultor? Algumas árvores recebem dele irrigação e adubo; outras, no entanto, sofrerão a poda, a fim de serem convenientemente amparadas.

O Senhor retirou-se e o aprendiz retomou luta para conquistar o conhecimento.

Peregrinou através de muitos livros, observou demoradamente os quadros da vida e recebeu a palma da ciência.

Os anos correram apressados, quando o Cristo regressou e procurou-o, novamente.
Dessa vez, encontrou-o no leito, enfermo e sem forças.

Replicando ao Divino Amigo, explicou-se:
— Ai de mim, Senhor! Fui bom e recebi injustiças, entesourei a ciência e minhas dificuldades cresceram de vulto. Aprendi a amar e desejar em sã consciência, a idealizar com o plano superior, mas vejo a ingratidão e a discórdia, a dureza e a indiferença com mais clareza. Sei aquilo que muita gente ignora e, por isto mesmo, a vida tornou-se-me um fardo insuportável...

O Mestre, porém, sorriu e considerou:
- A tua preparação para a felicidade ainda não se acha completa. Agora, é preciso ser forte. Acreditas que a árvore respeitável conseguiria viver e produzir, caso não soubesse tolerar a tempestade? A firmeza interior, diante das experiências da vida, conferir-te-á o equilíbrio indispensável. Aprende a dizer adeus a tudo o que te prejudica na caminhada em direção da luz divina e distribuirás a bondade, sem preocupações de recompensa, guardando o conhecimento sem surpresas amargas. Sê inquebrantável em tua fé e segue adiante!

O aprendiz reergueu-se e nunca mais experimentou a desarmonia, compreendendo, enfim, que a bondade, o conhecimento e a fortaleza são a trilogia bendita da felicidade e da paz.

Do livro "Alvorada Cristã"
Cap. 16, pelo Espírito Neio Lúcio
Médium: Francisco C. Xavier

12 outubro 2010

Um Homem do Mundo - Irmão X

UM HOMEM DO MUNDO

Que Sidônio Gonçalves era homem inteligente não havia negar. Cuidava de todos os interesses da vida terrena com invulgar mestria. Sua capacidade inventiva, na zona do ganho financeiro, era invejável. De longe, cercava negócios lucrativos. Identificava os fatores de ordem econômica, usando tão grande tirocínio que as suas contas eram sempre as de multiplicar.

E dava prazer vê-lo, nas conversações evangélicas, junto aos colegas de trabalho espiritista. Revelava surpreendente espontaneidade nos conceitos felizes. Não chegava a comprometer-se na tribuna. Mas fazia profissão de fé na palestra brilhante e macia.

Os amigos espirituais, observando-lhe a acuidade intelectual, tudo faziam por chamá-lo ao desbravamento de caminhos para a esfera mais alta, mobilizando recursos indiretos.

Sidônio era homem admirável no jogo das aquisições transitórias. Que não faria se aplicasse a mente às propriedades eternas do espírito?

Em razão disso, congregaram-se parentes próximos e remotos, no "outro mundo”, a fim de lhe soerguerem o padrão íntimo.

Crivaram-no de mensagens consoladoras e elevadas. Fizeram-lhe nas mãos, por intermédio de valiosos amigos, centenas de livros notáveis e avisos santificantes. Devia ser bom e útil, valendo-se da vida terrena para iluminar-se.

Sidônio, porém, fosse nos salões ou nas ruas, esquivava-se, gentilmente, ao serviço, comentando:

– Quem sou, meus amigos? Sou um homem do mundo, atolado em negócios materiais. Não estou preparado em face da sementeira divina.

Os benfeitores do Além, contudo, não repousavam. Gonçalves era chamado ao Reino do Senhor, através de mil modos. Da linha de conhecimento a que chegara, entretanto, descia sempre, incapaz do impulso de elevação.

Se era convidado a visitar doentes, sua resposta era clara:

– Quem sou eu? nada tenho para dar. Além disso, sinto-me inabilitado para socorrer enfermos. Tenho os nervos em pandarecos.

Quando algum companheiro, inspirado pelos Espíritos benevolentes, vinha rogar-lhe o concurso na direção de algum centro de caridade, replicava, de pronto :

– Eu? que pensam de mim? sou indigno de tal responsabilidade. Minha presença complicaria as questões, ao invés de resolvê-las.

De outras vezes, irmãos de luta, nas mesma circunstâncias, solicitavam-lhe o empréstimo do nome para o serviço de beneficência cristã, mas Sidônio respondia, implacável:

– Nada disto! quem sou eu? não tenho valor algum e a opinião pública jamais me perdoaria.

Substituam-me, porque, de fato, não sirvo...

Continuava freqüentando as reuniões evangélicas e prosseguiam os apóstolos da espiritualidade acenando-lhe ao coração.

Sugeriram-lhe, certo dia, o desenvolvimento mediúnico, em benefício dos infortunados. O escolhido, no entanto, repeliu com firmeza:

– Que péssima lembrança! – exclamou melindrado – tenho de viver muitos séculos, antes de tal cometimento. Sou um homem do mundo, inibido de partilhar de ministério como esse...

As entidades amigas tentaram, então, situar-lhe o concurso num lactário. Quando algumas senhoras, orientadas por trabalhadores desencarnados, lhe trouxeram o plano, Gonçalves explodiu:

– Eu? tratar de órfãos abandonados? que idéia infeliz! Procurem outra pessoa...

E esfregando as mãos, espantadiço, acentuava o estribilho:

– Sou um homem do mundo...

Os círculos superiores buscaram, então, localizar-lhe o serviço num asilo de velhos, para que a sua mente, através da assistência fraternal, conseguisse algum acesso a regiões de pensamentos mais nobres. Sidônio necessitava acender a própria luz.

As possibilidades que detinha estavam prestes a extinguir. A existência curta na Terra já lhe impunha o entardecer. O interessado na bênção, contudo, recusou-a. Registando o apelo que se lhe dirigia à cooperação, anunciou sem tergiversar:

– Absolutamente! não aceito a incumbência!

E redizia:

– Quem sou eu?...

Por fim, os Missionários de Cima recordaram-lhe a oportunidade de amparar alguns loucos, relegados ao hospício. O colaborador retardatário poderia fazer muito ainda. Ajudaria companheiros devotados ao bem e salvaria vários doentes. Todavia, em face do novo convite, esperneou, negou e fugiu.

Veio, porém, a hora da partida e Gonçalves, realmente, experimentou o coração vazio e angustiado. Nada mais fizera que algemar-se aos interesses efêmeros e, sem o veiculo de carne, não sabia como utilizar a enormidade do tempo, além-túmulo.

Via-se aflito, sem equilíbrio e sem luz.

Depois de longas e difíceis peregrinações pelas vias da incompreensão e do sofrimento, foi recebio por dedicado mensageiro celeste, que lhe atendeu as rogativas, tocadas de pranto.

Sidônio ajoelhou-se.

A frente do sublime missionário e envolvido em seu magnetismo inundado de amor, os olhos se lhe abriam... Era o retorno à claridade bendita.

Mãos estendidas e trêmulas, interpelou o emissário, que não se mostrava disposto a ouvi-lo, por muito tempo, em virtude das obrigações que o reclamavam a outros lugares:

– Mensageiro do Céu – implorou comovedoramente –, valei-me por quem sois! Sempre guardei muita fé na Providência Divina, procurei as reuniões edificantes em que os Espíritos Bons nos ajudavam, fui um crente e deixei o corpo grosseiro, esperando a admissão nas Esferas Felizes.

Ante o embaixador silencioso, repetia, inquieto:

– Não me conheceis, porventura? será possível seja eu agora desfavorecido pelos protetores aos quais recorri?

O preposto de Jesus, estampando indisfarçável tristeza na fisionomia calma, falou:

– Conheço-o bem. Todas as vezes que lhe enviávamos um apelo de serviço, sua mente dava-se pressa em perguntar pela própria identidade.

– Sim, sim... – gaguejou Sidônio, extremamente desapontado – mas refere-se - efetivamente a mim? Sabeis, acaso, meu nome?

– Como não? – esclareceu a entidade angélica – você é um homem do mundo... quando modificar a sua direção, transferindo sua alma de residência, procure-nos... Estaremos prontos a atender...

Desviou-se o emissário seguindo outra rota e, tornando à sombra, Gonçalves, de coração apresso, passou a recordar...

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Luz Acima
Médium: Francisco Cândido Xavier

11 outubro 2010

No Reino Doméstico - Irmão X

No Reino Doméstico

Você, meu amigo, pergunta que papel desempenhará o Espiritismo, na ciência das relações sociais, e, muito simplesmente, responderei que, aliado ao Cristo, o nosso movimento renovador é a chave da paz, entre as criaturas.

Já terá refletido, porventura, na importância da compreensão generalizada, com respeito à justiça que nos rege a vida, e à fraternidade que nos cabe construir na Terra?

A sociologia não é a realização de gabinete. É obra viva que interessa o cerne do homem, de modo a plasmar-lhe o clima de progresso substancial.

Reporta-se você ao amargo problema dos casamentos infelizes, como se o matrimônio fosse o único enigma na peregrinação humana, mas se esquece de que a alma encarnada é surpreendida, a cada passo, por escuros labirintos na vida de associação.

Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a harmonia. Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham, lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da traição, sorvendo o remédio amargoso da convivência compulsória para sanarem velhas feridas imanifestas.

E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos. Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam, impassíveis, contra os próprios descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.

Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de lar. Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada; entretanto, na profundeza das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que, não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida. Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou da caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa, através da onda móvel.

Não tenha dúvida.

O homicídio, nas mais variadas formas, é intensamente praticado sem armas visíveis, em todos os quadrantes do Planeta.

Em quase toda a parte, vemos pais e mães que expressam ternura, ante os filhos desventurados, e que se revoltam contra eles toda vez que se mostrem prósperos e felizes. Há irmãos que não suportam a superioridade daqueles que lhes partilham o nome e a experiência, e companheiros que apenas se alegram com a camaradagem nas horas de necessidade e infortúnio.

Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que às vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.

Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria individual, em favor da tranqüilidade coletiva e da ascensão de todos.

Desvelando os horizontes largos da vida, a Nova Revelação dilatará a esperança, o estímulo à virtude e a educação em todas as inteligências amadurecidas na boa vontade, que passarão a entender nas piores situações familiares pequenos cursos regenerativos, dando-se pressa em aceitá-los com serenidade e paciência, de vez que a dor e a morte são invariavelmente os oficiais da Divina Justiça, funcionando com absoluto equilíbrio, em todas as direções, unindo ou separando almas, com vistas à prosperidade do Infinito Bem.

Assim, pois, meu caro, dispense-me da obrigação de maiores comentários, que se fariam tediosos em nossa época de esclarecimento rápido, através da condensação dos assuntos que dizem respeito ao soerguimento da Terra.

Observe e medite.

E, quando perceber a imensa força iluminativa do Espiritismo Cristão, você identificará Jesus como sendo o Sociólogo Divino do Mundo, e verá no Evangelho o Código de Ouro e Luz, em cuja aplicação pura e simples reside a verdadeira redenção da Humanidade.

Do livro "Luz no Lar"
Pelo Espírito Irmão X
Médium: Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos

10 outubro 2010

Não Perdoar - Hilário Silva

NÃO PERDOAR

Bezerra de Menezes, já devotado à Doutrina Espírita, almoçava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiúva, o grande republicano, e o assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a interessar-se.

Em meio da conversa, aproxima-se um serviçal e comunica ao dono da casa:

- Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial.

Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspão, que, por pouco, não lhe atingiu a cabeça, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo.

- Manda-o entrar – ordenou o político.

- Doutor – roga o moço preso, em lágrimas -, perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos...
Compadeça-se! Não tinha qualquer má intenção...
Se o senhor me processar, que será de mim? Sua desculpa me livrará! Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não incomodarei o senhor...

O notável político, cioso da própria tranqüilidade, respondeu:

- De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudência, não ficará sem punição.

Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou, à guisa de resposta indireta:

- Bezerra, eu não perdôo, definitivamente não perdôo...

Chamado nominalmente à questão, o amigo exclamou desapontado:

- Ah! você não perdoa!

Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou, irritado:

- Não perdôo erro. E você acha que estou fora do meu direito?

O Dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:

- Meu amigo, você tem plenamente o direito de não perdoar, contanto que você não erre...

A observação penetrou Quintino como um raio.

O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe caía em bagas, tornou à cor natural, e, após refletir alguns momentos, disse ao policial:

- Solte o homem. O caso está liquidado.

E para o moço que mostrava profundo agradecimento:

- Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa.

Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversação no ponto em que haviam ficado.

Pelo Espírito Hilário Silva
Do livro: Almas em Desfile
Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

09 outubro 2010

O Poderoso Exército - Neio Lúcio

O EXÉRCITO PODEROSO

O exército poderoso, à nossa disposição, está constituído, na atualidade, por vinte e três soldadinhos do progresso.

Separam-se, movimentam-se, entrelaçam-se e dominam o grande país das ideias.

Sem eles, cresceríamos para a sombra, quando não para a brutalidade.

Em companhia desses auxiliares pequeninos, penetramos os santuários da ciência e da arte, aperfeiçoando a vida.

Quem os não conhece?

Estão nos documentos mais importantes.

Fazem as mensagens telegráficas e as receitas dos médicos.

Dão notícias de outras regiões e de outros climas.

Contam as surpresas do Céu, explicam alguma coisa das estrelas longínquas.

Fornecem avisos preciosos.

São emissários do carinho entre os filhos e as mães distantes.

Raros recordam os benefícios imensos que todos devemos a esses ajudantes minúsculos. No entanto, eles nos servem sem recompensa. Nada reclamam pelo trabalho que nos prestam. Alimentam as raízes dos valiosos conhecimentos dos administradores, dos juizes, dos médicos, dos artistas, sem qualquer remuneração.

Instrumentos das luzes espirituais que se transmitem, de cérebro a cérebro, enriquecem a vida; porém, assim como quase nunca nos lembramos de louvar a água, o vento e a planta, que representam gloriosas dádivas do Altíssimo, muito raramente lhes observamos os serviços. Jamais se cansam. Vivem no pensamento, de onde se expandem, amparando-nos os interesses e as realizações.

Os maus se utilizam deles para fazer a guerra; os bons empregam-nos na edificação da paz e do conforto, para a redenção e felicidade do mundo.

Esses soldadinhos humildes e prestimosos são as letras do alfabeto. Sem a cooperação deles, o mundo não seria tão belo e a vida não seria tão boa, porque o acesso ao reino espiritual se tornaria extremamente difícil.

Aprender a trabalhar com esses pequenos auxiliares da inteligência é buscar tesouros imperecíveis.

O castelo da cultura humana começa sobre a colaboração deles e vai até à pátria divina, onde mora a sabedoria dos anjos.

Pelo Espírito Neio Lúcio
Do livro: Alvorada Cristã
Médium: Francisco Cândido Xavier

08 outubro 2010

Cantoria de Criança - Leandro Gomes de Barros

CANTORIA DA CRIANÇA

Sobre o mundo da criança
Alguém me manda escrever:
Quando quem pode é quem manda
Obediência é dever.
Gosto muito de meninos,
Mas não sei que fazer.

Quem nascia antigamente
Achava quem protegia,
Pai e mãe formavam dupla
Que velava noite e dia;
E dessa prova de amor
Qualquer criança sabia.

Chegasse o recém-nascido,
Parecia o viajante,
Parente do coração
Há muito tempo distante,
A família toda em festa
Ficava mais importante

Amigos traziam flores
De paz e satisfação,
A criança ouvia preces
De carinho e gratidão,
Sabendo-se recebida
Por dentro do coração.

Das razões do nascimento
Ninguém queria o porque,
A criança era beijada
De alegria, já se vê,
A mamãezinha no quarto
Amamentava o bebê.

Hoje em dia, um pequenino
Já nasce tristonho e só,
É dado para a enfermeira,
Não vê vovô, nem vovó,
Não ganha leite materno;
Nasce tomando leite em pó.

Não há mais festas nem preces...
Seja menino ou menina,
Que não se arranque do berço,
Que se aguente no arrozina*,
Em vez de colos e abraços
É vacina e mais vacina.

Mamãe vai para o trabalho,
A criança chora e chama,
Tem sede e fome de amor,
Mas ninguém lhe nota o drama,
Depois das mãos da enfermeira
Vai para os braços da ama**.

A ama vive no esquema,
O nenê quer conversar,
Papai, porém, não tem horas
Para carinhos no lar,
A mamãe regressa tarde,
Precisa repousar.

A criança tem de tudo,
Brinquedos, roupa enfeitada,
Aniversários em festa,
Televisão e mesada,
Mas dos pais de quem nasceu
Já sente rejeitada.

Aí começa o salseiro
Do lar a se decompor,
Rara é a criança que chega
Da vida superior,
Quase sempre é parentela,
Pedindo pousada e amor.

Sentindo-se em menosprezo,
O espírito renascente
Sem apoio que o renove,
Faz-se rebelde e doente,
Frio amargo e revoltado
Mesmo forte e inteligente.

Hoje, ouvindo professores,
Falando de educação,
Não sei quando o não é sim,
Nem sei quando o sim é não,
Só peço aos pais que observem
A lei da reencarnação.

Organizar o futuro
Para melhor é dever,
Mas aqui falo a verdade
Que todos devem saber:
O que se faz à criança
É o que vai acontecer.

Do livro "Família"
Pelo Espírito Leandro Gomes de Barros
Médium: Francisco C. Xavier