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30 junho 2013

Clamor das Massas - Divaldo Pereira Franco


CLAMOR DAS MASSAS


Quando as injustiças sociais atingem o clímax e a indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas...

Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença pelas suas dores.

O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o mínimo de dignidade.

Não há mais lugar na cultura moderna, para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior.

A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo.
É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas, arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição.
Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações.
O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz, senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames condutas... porém, em ordem e em paz.

 Divaldo Pereira Franco – Jornal A Tarde, de
Salvador/Bahia, em 20.6.2013

29 junho 2013

A Desnecessária Mística do Passe - Cristina Sarraf

 

 

 

A DESNECESSÁRIA MÍSTICA DO PASSE



Nada mais natural, simples e sem formalidades que o abraço da mãe em seu filho pequeno e o carinho com que o afaga e aconchega, sobretudo quando está doente. Nesses momentos, passa para ele seu amor, suas energias mais saudáveis e seus pensamentos positivos. Passa... Essa é, provavelmente, a origem do passe, ou seja, da transmissão de fluidos que a humanidade utilizou desde seus primórdios para curar e beneficiar.

Sob nomes variados e ganhando técnicas desnecessárias, mas próprias dos Homens de cada época, o passe também sempre envolve a evocação de forças da Natureza, de Deus ou de Espíritos/anjos que possam curar. É o que faz a mãe, quando abraçando seu filho doente, pede a cura para ele, mesmo sem saber que é o principal veículo é ela mesma, pois de si emana o maior e mais poderoso recurso, que é o amor.

Nas circunstâncias da vida, muitas e muitas vezes transmitimos e recebemos passes, ou seja, energias positivas, através de um abraço afetuoso, de um sorriso sincero, de olhar bondoso e da atenção verdadeira. E todos podemos testemunhar que esse passe aconteceu, sem formalidades e até mesmo sem intenções, porque nos sentimos melhor, acalentados e fortalecidos. As crianças e os animais domésticos são peritos em passar essas bênçãos aos adultos!

Nas doenças e indisposições daqueles que moram conosco ou convivem muito proximamente, a ação de passar-lhes benefícios energéticos, o passe, é perfeitamente natural e não acarreta nada de ruim para ambas as partes, até porque estamos acostumados com a qualidade energética dessas pessoas e elas com a nossa. E, ao evocarmos ajuda espiritual, os bons Espíritos participam dando qualidades melhores e até específicas à necessidade.

Esses exemplos diários, mostram que a emissão de energias/fluidos que beneficiam outrem, depende de como nos sentimos em relação a essa pessoa ou animal e da nossa disposição de colaborar.

Certamente, em nenhum dos casos acima arrolados, aquele que transmitiu/ passou as energias favorecedoras, esteve preocupado se estava perfeitamente sadio, se esteve pensando coisas tristes e negativas, se estava bem acompanhado espiritualmente, se o ambiente estava perfeitamente higienizado, se demorou o tempo certo, se havia sido treinado, se podia, se, se, se... Não! Nenhuma dessas “neuras” visitou-lhe a mente, e se o tivesse feito, o passe não aconteceria, porque a insegurança e o orgulho se interporiam e estancariam a emissão das boas energias.

Por que? Porque, é o pensamento, que determina a qualidade dos fluidos que emanamos! E essa informação nos vem dos Espíritos da Codificação e pode ser encontrada nos estudos sobre fluidos, sobretudo em A Gênese, de Kardec.

Então, qual a razão de precisamos de tantas regras, formas e cuidados especiais, quando organizamos um trabalho de passes na Casa Espírita? Na verdade não precisaríamos, pois nos basta saber que o importante é doar energias boas, mas não absorver as do outro. Até porque se isso acontecer, fomos nós que recebemos o passe, mesmo que de energias ruins...

No entanto, se vamos atender as mais variadas pessoas, é preciso saber se temos condições energéticas para tanto, ou seja, se nossa emissão de recursos é volumosa o suficiente para não nos faltar e ficarmos prejudicados.

Também, é necessário analisar o que costumamos ficar pensando, para melhorar a qualidade dos nossos fluidos e as companhias espirituais. Ou os Espíritos curadores terão que se ocupar mais com nossas encrencas mentais que com aquele que precisa do passe.

E acima de tudo, é preciso que haja amor ao próximo e disposição de doar seu tempo.

A qualidade de um serviço de passes, na Casa Espírita, então, não depende das regras adotadas e sim da qualidade dos pensamentos que prevalecem naqueles que se dedicam a essa tarefa.

Se, por exemplo, um médico ficar se condoendo com a dor do seu paciente e perturbar-se por isso; se viver preocupado se está totalmente sadio ou se comeu o que a regra manda; se ficar inseguro porque passou nervoso no trânsito ou dormiu menos nessa noite, com certeza cairá, e muito, a qualidade de seu atendimento, cirurgia ou diagnóstico. Lógico que há circunstâncias emocionais, doenças pessoais ou perturbações espirituais que pedem a suspensão da atividade de um médico, assim como a de um doador de energias pelo passe.

O que mais tem mitificado e atrapalhado esse hábito saudável de curar, é a banalização do passe, ou seja, sua utilização sem fins de cura, bem como as regras esdrúxulas e limitadoras que lhe são impostas.

O amor de uma criança por seu animalzinho, dá-lhe o passe que precisa, se não está bem de saúde; o cuidado de uma pessoa com suas plantas, dá-lhes o passe que precisam, se estão debilitadas; o tipo de pensamentos que cultivamos qualifica, ou desqualifica, as energias que doamos. Basta observar com atenção.

A natural bondade do coração, a mente limpa e a sabedoria de não “pegar” o que é do outro... precisamos mais que isso para transmitir bons fluidos pelo passe? 




28 junho 2013

A Sabedoria de Envelhecer - Momento Espírita




A SABEDORIA DE ENVELHECER 

Ele é um homem com mais de 80 anos. Forte. Daqueles bons italianos.

Um exemplo de saber envelhecer. Ele já se deu conta, há muito tempo, que o vigor da juventude o deixou.

Mas, isso não quer dizer que se acomodou. Faz tudo o que o corpo ainda lhe permite.

Até há pouco tempo, dirigia seu carro e, em determinadas épocas, tomava da esposa, dizia Inté para os filhos e netos e saía a viajar.

De cada vez, um local diferente.

Vamos conhecer tal lugar? - Perguntava para a esposa, cuja idade beira a dele.

Quer dizer, perguntava por perguntar, porque a senhora, também disposta, sempre concordava.

Fechavam o apartamento e lá iam para uma estância, uma estação de águas, um hotel fazenda.

Há pouco, completaram suas bodas de ouro e os filhos promoveram uma grande festa.

Ele compareceu no mais belo e alinhado terno, bigodes aparados, cabelo branco bem penteado e a seriedade, disfarçando a emoção.

Ela, num lindo vestido longo, azul turquesa, encantando os olhos dele, como se fossem os anos primeiros de convivência.

Recentemente, amigos de Ideal Espírita decidiram por prestar-lhe homenagem, pelos anos de dedicação à causa.

 Pelo seu pioneirismo, alçando a bandeira da Doutrina Espírita em terras onde apenas despontava, tímida.

De imediato, sua memória e sua ética foram ativadas.

Por que eu? Antes de mim, houve quem fizesse muito mais do que eu. E melhor.

E recordou do amigo, por cujas mãos conheceu a Doutrina Espírita. E esteve presente para a entrega da homenagem. Naturalmente, ele também foi homenageado.

Emocionado, agradeceu, dizendo não merecer porque, dizia, da Doutrina Espírita recebera o melhor. Ele era, portanto, um devedor.

E, incentivou à juventude, aos atuais trabalhadores a continuarem no bendito labor da divulgação, espalhando luzes, aclarando mentes e corações.

Comoveu a todos.

Simples, embora detentor de considerável patrimônio e posses, abraça com vigor os amigos.

Faz questão de um bom papo, embora a dificuldade, por vezes, para ouvir. Mas, ele ajusta o seu aparelho para a surdez e participa.

Não tem vergonha de tornar a perguntar, quando não entende.

Sábio, não fala se não tem certeza de ter bem entendido a pergunta.

Sabe calar-se quando muitos falam ao mesmo tempo, dificultando-lhe a captação das palavras.

Ainda guarda um ar de maroto, por vezes, mostrando que o viço infantil não morreu em sua intimidade.

Assim, outro dia, em pleno café da manhã com amigos, quando todos já haviam terminado a refeição e se entretinham à mesa, conversando, ele tomou de uma faca e a introduziu no pote de doce de leite.

Trouxe-a com a ponta carregada do precioso doce. Olhou para a esposa, exatamente como criança que sabe que o que vai fazer está errado, e lambeu-a, com prazer.

Todos riram. Ele também. Havia acabado de fazer uma peraltice bem própria de criança.

Mas, afinal, quando envelhecemos com sabedoria, somos assim.

Maduros no agir, jovens no pensar, crianças para o prazer de viver intensamente cada dia.

*   *   *

Pessoas frívolas, que somente valorizam o exterior, temem envelhecer.

Pessoas ponderadas envelhecem sorrindo. Sabem que o vigor da juventude é passageiro e aproveitam a madureza dos anos para semear sabedoria e colher venturas.

Venturas por ter educado filhos para o bem e para o amor. Por ter cultivado o afeto no matrimônio. Por ter construído amizades sólidas, independentes de idade, raça, cor, nível social.

Aprendamos com quem sabe envelhecer!


Redação do Momento Espírita

27 junho 2013

Sexo e Culpa - Hammed


SEXO E CULPA

A sexualidade é a área em que a culpa mais floresce na sociedade. Como pouco sabemos sobre ela, ficamos praticamente confinados às ideias e opiniões alheias. Nossa limitação na compreensão dos outros seres humanos se deve ao pouco ou a quase nada que sabemos sobre nós mesmos, ou seja, ao desconhecimento de nossa sexualidade. Por isso é que temos dificuldade de admitir a diversidade de sentimentos e emoções afetivas e sexuais.

Confundimos constantemente a nossa habilidade para o sexo com a nossa capacidade sexual. Por acreditarmos saber distinguir a diferença biológica entre o macho e a fêmea, julgamos conhecer tudo sobre o conjunto dos fenômenos sexuais que se podem observar nos seres vivos.

Na atualidade, as crianças são introduzidas prematuramente na esfera dos adultos por inúmeras revistas, filmes, cartazes, fotografias e pela publicidade da televisão e do radio, o que lhes provoca a malícia numa idade desprovida da lógica e do bom senso contra essa espécie de afronta sexual.

Desde cedo, os ensinamentos de valores éticos e morais deverão ser ministrados aos menores, para que eles possam absorver, inconscientemente, através dos gestos, atos, ideias e palavras dos pais, tudo o de que necessitam para formar um padrão normal psicossexual e emocional.

Orientar, a nosso ver, não é a mesma coisa que educar. A educação sexual é assimilada, basicamente, na experiência de vida no lar; traz a marca ou o caráter distintivo e particular dos pais. Já a orientação sexual engloba métodos de ensino, informação e notícias transmitidas e/ou aplicadas à criança pelos parentes, religiosos, professores, psicólogos, médicos e outros profissionais especializados.

Ainda que os pais não tenham fornecido, intencionalmente, educação sexual aos filhos, mesmo assim as crianças formaram hábitos, conceitos e ideias sobre o sexo, absorvidos no dia-a-dia da vida familiar nos mais diversos exemplos que recolheram dos atos e crenças dos adultos.

Noções, crendices, preconceitos e concepções já existem nas crianças, pois são frutos de suas existências pretéritas. Além disso, somam-se à sua “bagagem espiritual” as ocorrências e aprendizagem da vida atual. É importante, no entanto, para desenvolver adultos maduros e ajustados psicossexualmente, fundamentar o ensino da orientação sexual sobre métodos pedagógicos e psicológicos de cunho reencarnacionista, pelos quais os menores são observados como almas milenares e educados sob uma atmosfera de vida eterna.

Em certas circunstâncias evolutivas, encarnamos como homem; em outras, como mulher. E, ainda, em determinadas oportunidades de aprendizagem e de renovação, o espírito pode vir ocupar uma vestimenta corporal oposta à tendência íntima que vivenda. O fenômeno é análogo ao que se refere à área masculina tanto quanto a feminina. Independentemente da forma de sexualidade que estamos vivendando no presente, procuremos aceitá-la em plenitude, visto que há sempre, em qualquer condição, a oportunidade de adquirirmos experiências e, por consequência, progredirmos espiritualmente, vencendo desafios e promovendo realizações.

“(…) o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade”.

Não podemos nos esquecer de que o “grau de responsabilidade” deve ser sempre coerente com a estrada evolucionai por onde transitam as almas. Portanto, os indivíduos responderão adequadamente por seus atos e atitudes e serão responsáveis somente por aquilo que conhecem, não pelo que ignoram.

Devemos, assim, viver em paz com nossa experiência sexual atual, valorizando nosso aprendizado e, em tempo algum, culpar-nos ou atribuir culpa a alguém.

Todos os seres humanos são regidos pela “Lei das Vidas Sucessivas”. Cada um de nós está vivendo um aprendizado particular e único em todos os aspectos e, obviamente, também na área sexual. Efetivamente, existem tantos níveis de entendimento e amadurecimento sexuais quanto indivíduos que os possuem.

Não podemos determinar exatamente a extensão das dificuldades e das carências de conhecimento e discernimento de uma criatura em seu desenvolvimento afetivo. Mesmo porque estamos na Terra a fim de aprender e é através de nossos acertos e desacertos que ficaremos sabendo como agir corretamente nas experiências subsequentes.

Podemos julgar a promiscuidade sexual, moralmente errada mas não podemos julgar o indivíduo promíscuo, por desconhecermos sua necessidade evolutiva e seu “coeficiente de maturidade”.

Na fisiologia, o denominado “ponto cego” é um local no campo da visão em que não há células sensíveis à luz. É nesse ponto que as fibras nervosas da retina convergem para formar o nervo óptico, que transmite os sinais nervosos ao cérebro para a decifração em imagens visuais. Transportando o significado deste termo fisiológico “ponto cego” para a área psicológica, poderemos fazer uma analogia entre esta lacuna em nosso campo visual com nossa falta de visão íntima para ver as coisas como realmente são. Nossos “pontos cegos” interiores se prendem à nossa inexperiência e à nossa incapacidade evolutiva.

Querer ser iguais aos outros e nos comparar sexualmente indicam ausência de peças importantes em nossa consciência profunda, o que nos torna incapacitados para perceber a extensão das Leis Divinas que regem a todos nós.


Espírito Hammed 
Livro: As Dores da Alma, item Culpa
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto




26 junho 2013

Reforma Íntima - Joanna de Ângelis



REFORMA ÍNTIMA


A reforma íntima!

Quanto puderes, posterga a prática do mal até o momento que possas vencer essa força doentia que te empurra para o abismo.

Provocado pela perversidade, que campeia a solta, age em silêncio, mediante a oração que te resguarda na tranqüilidade.

Espicaçado pelos desejos inferiores, que grassam, estimulados pela onde crescente do erotismo e da vulgaridade, gasta as tuas energias excedentes na atividade fraternal.

Empurrado para o campeonato da competição, na área da violência, estuga o passo e reflexiona, assumindo a postura da resistência passiva.

Desconsiderado nos anseios nobres do teu sentimento, cultiva a paciência e aguarda a bênção do tempo que tudo vence.

Acoimado pela injustiça ou sitiado pela calúnia, prossegue no compromisso abraçado, sem desânimo, confiando no valor do bem.

Aturdido pela compulsão do desforço cruel, considera o teu agressor como infeliz amigo que se compraz na perturbação.

Desestimulado no lar, e sensibilizado por outros afetos, renova a paisagem familiar e tenta salvar a construção moral doméstica abalada.

É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores. Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, a requeimarem por dentro, passados os primeiros momentos.

Ninguém foge aos desafios da vida, que são técnicas de avaliação moral para os candidatos à felicidade.

O homem revela sabedoria e prudência, no momento do exame, quando está convidado à demonstração das conquistas realizadas.

Parentes difíceis, amigos ingratos, companheiros inescrupulosos, co-idealistas insensíveis, conhecidos descuidados, não são acontecimentos fortuitos, no teu episódio reencarnacionista.

Cada um se movimenta, no mundo, no campo onde as possibilidades melhores estão colocadas para o seu crescimento. 

Nem sempre se recebe o que se merece. Antes, são propiciados os recursos para mais amplas e graves conquistas, que darão resultados mais valiosos.

Assim, aprende a controlar as tuas más inclinações e adia o teu momento infeliz.

Lograrás vencer a violência interior que te propele para o mal, se perseverares na luta.

Sempre que surja oportunidade, faze o bem, por mais insignificante que te pareça. Gera o momento de ser útil e aproveita-o.

Não aguardes pelas realizações retumbantes, nem te detenhas esperando as horas de glorificação.

Para quem está honestamente interessado na reforma íntima, cada instante lhe faculta conquistas que investe no futuro, lapidando-se e melhorando-se sem cansaço.

Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício.

Toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.

Trabalha-te interiormente, vencendo limite e obstáculo, não considerando os terrenos vencidos, porém, fitando as paisagens ainda a percorrer.

A tua reforma íntima te concederá a paz por que anelas e a felicidade que desejas.


Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco.
Da obra Vigilância


25 junho 2013

Não se Iluda - Orson Peter Carrara



NÃO SE ILUDA

Passe é terapia de superfície, alívio momentâneo e até duradouro, mas não definitivo. Não atinge as causas, embora em muitos casos de fé positiva e merecimento consiga operar curas de enfermidades graves.

A causa de nossas perturbações reside em nós mesmos, nas inferioridades morais que todos temos. Por isso, muito mais importante que o passe é o esforço por esclarecer-se. Esclarecidos, seremos defensores pessoais de nós mesmos. Saberemos defender a própria saúde, física e espiritual.

As perturbações de ordem espiritual, a influência de espíritos ou sua presença incômoda é de nossa própria responsabilidade. Somos nós que lhes permitimos se aproximarem de nós. Quando sentimos ódio, revolta, inconformação, inveja, ciúme ou outros sentimentos mesquinhos, verdadeiramente escancaramos nossas defesas espirituais e os espíritos infelizes encontram livre acesso para nos perturbar.

Conclui-se em breve raciocínio que NÃO ADIANTA viver recebendo passe e NÃO MELHORAR o comportamento. E isto se compreende de maneira muito ampla quando se estuda. Nossa preferência deve ser de procurar antes reuniões de estudos, palestras, estudo dos livros, para conhecer com profundidade as causas das enfermidades, das perturbações.

É comum encontrar-se o Centro cheio em dia de passe. Reduzido, porém, em dia de estudos ou nas palestras doutrinárias. Ora, isto é um equívoco tremendo. Valoriza-se demasiadamente a tarefa do passe, em detrimento do que o Espiritismo possui de mais belo - o seu conteúdo doutrinário. Este sim precisa receber prioridade dos dirigentes espíritas para levá-lo ao conhecimento do público e também receber nossa preferência, quando freqüentadores dos Centros.

O estudo espírita é altamente terapêutico, preventivo. Abre a mente, esclarece o raciocínio. Mas, aqui também, não se iluda. O estudo requer perseverança, continuidade, interesse... A Doutrina possui material de estudo e reflexão para a vida toda.

O passe é importante? Claro que sim! Muito importante. Mas é tarefa e recurso secundário. Somente o estudo ensina a pessoa a auto defender-se. Conhecera Doutrina Espírita deve ser nossa meta. Ela não veio para ficar nas estantes. Veio para ser conhecida, ajudar o homem. Desprezá-la demonstra desconhecimento da grave responsabilidade de que estamos investidos e também total desconsideração ao público que pretensamente julgamos atender. 

Por Orson Peter Carrara

24 junho 2013

Subjugação Ininterrupta sob o Guante de uma Reencarnação? - Jorge Hessen

 

 

SUBJUGAÇÃO ININTERRUPTA SOB O GUANTE DE UMA REENCARNAÇÃO?

 

Conta-se que a face gêmea apresentava alguns indícios de inteligência, porém não ingeria alimentos e inacreditavelmente era capaz de fazer careta, rir e chorar. O “rosto parasita”era flácido e desfigurado, algo ameaçador e tétrico. Narra-se que os olhos da “face intrusa” expressavam malícia e fúria e seguiam as pessoas pausadamente como se estivesse estudando aqueles que visualizavam, os seus beiços invariavelmente faziam barulhos exóticos. Embora sua voz fosse ininteligível, Edward declarou que muitas vezes foi mantido acordado durante a noite por conta dos murmúrios de ódio de sua “face gêmea diabólica” (como passou a chamá-la) e dos zumbidos lúgubres.Por efeito das buliçosas narrativas sobre as deformações físicas, deparamos com eventos gritantes, e ao mesmo tempo melancólicos, de pessoas que (re)nasceram com os mais singulares tipos de aberrações. Edward Mordake (foto) sofria de uma anomalia conhecida como Craniopagus Parasiticus. Ele possuía outro“rosto parasita”acoplado à sua nuca. Em seu caso, poderia parecer apenas um caso de “gêmeo chupim”, mas para muitas pessoas e para ele mesmo, o que existia em sua nuca era algo mais sombrio.

Conquanto o seu caso seja concretamente citado nos primórdios dos relatos médicos, na verdade sua história é misteriosa, e foi analisada como caso irreal durante algum tempo, por ser demasiadamente delirante para se acreditar e, obviamente, por não fazer muito sentido do ponto de vista médico, em alguns momentos. A única coisa que persiste dessa história é a existência de uma foto de Edward, que comprova que ele realmente existiu, mas quando exatamente não se sabe.


Há um livro intitulado Anomalies and Curiosities of Medicine, de George M. Gould e Walter L. Pyle, que faz referência a Edward Mordake, porém muito do que se conhece de sua vida é baseado em relatos orais. 

Muitos componentes de sua trajetória foram perdidos no decorrer do tempo e não há fontes consideráveis para os pesquisadores atuais, exceto a foto(1)

Sabe-se que ele viveu em completo isolamento, recusando-se às visitas, até mesmo dos familiares. 

Diz-se que Edward teria pedido aos médicos que removessem sua “cara diabólica”, contudo nenhum clínico foi favorável a fazê-lo, porque a cirurgia seria fatal.


As pessoas começaram a se afastar dele e isso potencializava sua depressão. Conta-se que nos momentos de tristeza a sua “face extra”permanecia gracejando como se estivesse ridicularizando suas dores. Portanto, padecendo com o bullyng que o “rosto intruso” exercia, Mordake resolveu acabar logo com aquilo e se matou aos vinte e três anos. Diz-se que o suicídio ocorreu logo após seus médicos recusarem fazer a remoção cirúrgica daquele “suplemento facial’ na nuca. Edward teria deixado uma carta solicitando que a “cara satânica” fosse destruída de sua cabeça antes de seu sepultamento, a fim de que ele não continuasse a ouvir seus terríveis sussurros no além-túmulo.


Descreve-se que gostaria de ser enterrado em um lugar deserto, sem pedra ou legenda para marcar seu túmulo. Seu pedido teria sido atendido pelos médicos Manvers e Treadwell, que cuidavam do caso. Edward foi enterrado em uma cova de terra barata e sem qualquer tipo de lápide ou escultura, também a seu pedido.


No mundo somos defrontados com inúmeros casos teratológicos que assombram e deixam embaraçados mesmo os mais experientes analistas. Será admissível que junto com alguém que (re)nasce, reencarnar concomitantemente um outro Espírito colado em seu tecido perispiritual (molde do corpo físico), ocasionando pânico, como no episódio narrado, tanto para seu hospedeiro como também para quem o visualiza? Que mistérios existiriam por trás do rosto “demoníaco” de Edward Mordake?


Pelas leis reencarnatórias, teoricamente, num só corpo não há como reencarnar mais que um Espírito. No caso dos seres siameses, por exemplo, existem dois espíritos em corpos unidos biologicamente (grudados), com dois cérebros (dicéfalos), dois indivíduos, duas mentes. Embora o caso Edward não seja um fenômeno de siameses, é manifesto que existia um Espírito grudado (não sabemos como) naquela bizarra “face traseira”.


Há casos teratológicos em que nas reencarnações os Espíritos simpáticos aproximam-se por analogia de sentimentos e sentem-se felizes por estarem grudados biologicamente. Porém, os seres que não se toleram se repelem e são extremante infelizes no convívio. É da Lei! No caso Edward, do ponto de vista reencarnatório, que razões levariam a justiça divinaa permitir tal anomalia física? Por que alguns espíritos necessitam permanecer algemados biologicamente, compartilhando órgãos e funções orgânicos, sabendo que nada nos é mais íntimo e pessoal que o corpo físico?


A ser verdadeira a história de Edward, cremos que são dois espíritos ligados por cristalizados ódios, construídos ao longo de muitas reencarnações, e que reencarnam nessas condições estranhíssimas, raramente por livre escolha e nem por “punição”de Deus, mas por uma espécie de determinismo originado na própria lei de Ação e Reação. Alternando-se as posições como algoz e vítima e também de dimensão física e extrafísica, constrangidos por irresistível atração de ódio e desejo de vingança, buscam-se sempre e culminam se reaproximando em condições comoventes, que os obriga a compartilhar até do mesmo sangue vital e do ar que respiram.


Considerando que nos estatutos de Deus não há espaços para injustiças, a dualidade espiritual presente no corpo disforme de Mordake é factível . Sobretudo se no  processo de subjugação ocorrida em vidas pregressas , quando o obsessor assume o lugar do subjugado  em vários momentos da vida. A subjugação pode ser moral ou corporal que paralisa a vontade do obsedado.  Materialmente o obsessor atua sobre o corpo físico e provoca movimentos involuntários. Dava-se antigamente o nome de possessão ao império exercido por maus Espíritos.


Mas,  a possessão seria, para nós, sinônimo da subjugação, pois não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados. Poderá ter como conseqüência a uma espécie de loucura cuja causa o mundo desconhece, mas que não tem relação alguma com a loucura ordinária. Entre os que são tidos por loucos, muitos há que apenas são subjugados; precisariam de um tratamento moral, enquanto que com os tratamentos corporais os tornam verdadeiros loucos. Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e curarão mais doentes do que com as duchas”.(2)


Acreditamos que numa reencarnação especialíssima , dois seres que experimentaram a trama de subjugações obsessivas podem  renascer nas condições especialíssimas narradas no texto, todavia evidentemente estamos conjecturando  propondo ao leitor amigo mais amplas reflexões.


Muitas vezes não é possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações anômalas a fim de que haja total recuperação psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos, a imantação se avoluma, tangendo dimensões cruciais de alteração do corpo perispiritual de ambos. A analgesia transitória, pela comoção de consciência causada pela reencarnação, poderá impactar e recompor os sutis tecidos em desarranjo da alma enferma.


Infelizmente não foi o caso Mordake, pois ele fugiu do compromisso.Se à época Edward fosse espírita, poderia ter recorrido a alguns recursos tais como a prática da prece e da doação de energias magnéticas através do passe, por exemplo, que são recursos adequados e indispensáveis para despertar consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções essas que para ele se descortinariam eficazes, iluminando-lhe a consciência para a necessidade da efetiva reconciliação, arrostando a união pelo laço indestrutível e saudável do amor.


Jorge Hessen 


Nota e referência bibliográfica:


(1) Em 1896, o livro Anomalies and Curiosities of Medicine, de George M. Gould e Walter L. Pyle, mencionava uma versão da história de Edward Mordake que ficou muito famosa na época e acabou virando referência para vários textos, peças teatrais e até mesmo para uma música de Tom Waits Poor.


(2) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997

 

23 junho 2013

Humildade x Orgulho - Momento Espírita

 


HUMILDADE X ORGULHO


Você já deve ter ouvido muitas vezes a palavra humildade, não é mesmo?

Essa palavra é muito usada, mas nem todas as pessoas conseguem entender o seu verdadeiro significado.
O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente.
Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente.
A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia ou com a pieguice.
A humildade é a mais nobre de todas as virtudes pois somente ela predispõe o seu portador, à sabedoria real.
O contrário da humildade é o orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende.
O orgulho é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade.
Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões.
Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: Eu me equivoquei, pois sua intenção é aprender, crescer. Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: Não foi minha culpa, porque se acha acima de qualquer suspeita.
A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa e por essa razão tem mais tempo.
Uma pessoa orgulhosa está sempre muito ocupada para fazer o que é necessário. A pessoa humilde enfrenta qualquer dificuldade e sempre vence os problemas.
A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações e pendências. Uma pessoa humilde se compromete e realiza.
Uma pessoa orgulhosa se acha perfeita. A pessoa humilde diz: Eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser.
A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr-lhes defeitos.
O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. O orgulhoso não colabora, e sempre diz: Eu faço o meu trabalho.
Uma pessoa humilde diz: Deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir. A pessoa orgulhosa afirma: Sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo.
A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso as guarda para si mesmo, porque teme a concorrência.
A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.
Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade.
O orgulhoso se diz céptico, por achar que não pode haver nada no Universo que ele desconheça. O humilde reverencia ao Criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece.
Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.
Enfim, como se pode perceber, o orgulho é grilhão que impede a evolução das criaturas, a humildade é chave que abre as portas da perfeição.

*   *   *
Você sabe por quê o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso?
É porque foi humilde o bastante para colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado.
Pense nisso!


Redação do Momento Espírita


22 junho 2013

À Guisa de um Bate-Rebate Fratenal - Jorge Hessen



À GUISA DE UM BATE-REBATE FRATERNAL 

A LUZ NA MENTE .    Como o Espiritismo explica o movimento hippie da década de 60/70?
Jorge Hessen:-   Nesse contexto, não devemos esquecer que a ação social alternativa do movimento hippie, apesar de abrir diálogos com certos anseios (democracia-participação-debate contra o capitalismo), propunha como mote efetivo um estilo de vida libertina, sexo livre, drogas, descompromisso familiar. Naquela conjuntura, o lar foi colocado em plano secundário. Portanto, o fenômeno hippie foi maléfico em linhas gerais.
Foi o peculiar formato de vida dos diogeanos atuais, que esforçaram-se para romper com as amarras da sociedade “vitoriana”. Nos idos dos anos 70 encontramos uma geração com características acerbas. Nos anos 80 e 90, há uma invasão mundial de ideologias estranhas, caracterizando o eclodir de seres repletos de atavismos incultos, momento em que surgem as gangues neonazistas, os bad boys, os punks. Sucede então a reencarnação coletiva de silvícolas que afastam-se dos seus habitats e alcançam a cidade, na condição de cobradores das amplas dívidas geradas pela sinistra colonização apadrinhada pelos europeus nesses 600 anos. Ainda hoje notamos adolescentes pilhados, andando em bandos “alegres”, de celular à mão e piercing no corpo; góticos, emos, skatistas, darks, neo-hippies, todas as tribos metropolitanas que se fazem representar, ruidosamente.
Um estudioso citou as quatro frases abaixo:
1ª) “Nossa juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos, hoje, são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos seus pais e são simplesmente maus.”
2ª) “Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje tomar o poder amanhã; porque essa juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível.”
3ª) “Nosso mundo atingiu seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais seus pais. O final do mundo não pode estar muito longe!”
4ª) “Essa juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura.”
Após ter citado os quatro itens, ficou muito satisfeito com a aprovação que os espectadores davam às frases. Então, revelou a origem delas: A primeira frase é de Sócrates (470-399 a.C.); a segunda é de Hesíodo (720 a.C.); a terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C, e a quarta estava escrita em um vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilônia e tem mais de 4000 anos de existência.
O palestrante concluiu que o conflito de gerações é normal e a geração que está sendo substituída sempre tenta diminuir as capacidades da que está ascendendo. Porém, toda juventude tem o poder de transformação e deve usá-lo para criar sociedades mais justas.
A despeito de tudo isso, acreditamos que, após os processos de aferição e seleção dos valores morais na Terra, em um determinado momento – quiçá não muito longe – a sociedade será contemplada com uma geração de espíritos que, no transcurso da adolescência, pelo plantio da paz, experimentarão a sua essência. Saberão conservar essa paz, com Jesus, no seu mais lídimo ideal.
A LUZ NA MENTE .    Como o Espiritismo explica as encarnações das bruxas e a caça a elas na Idade Média?
Jorge Hessen:-   O conceito de bruxa é geralmente retratado no imaginário popular como uma mulher velha, sentada sobre uma vassoura voadora, nariguda e enrugada, exímia e contumaz manipuladora de magia negra e dotada de uma gargalhada horripilante. São também bastante públicas na literatura de ficção, como nas obras e filmes da popular série Harry Potter.
Os bruxos (médiuns), a rigor, eram pessoas dotadas de faculdades mediúnicas e não ignoramos que a mediunidade é atributo peculiar ao psiquismo de todas as criaturas. Médiuns existiram em todos os tempos. Na antiguidade remota, eram  adivinhos e pitonisas que, frequentemente, pagavam com a vida o conhecimento inabitual de que se faziam portadores.

Na Idade Média, eram santos e santas, quando se afinavam à cartilha religiosa da época, ou então, feiticeiros e bruxas, recomendados à fogueira ou à forca, quando se não ajustavam aos preconceitos do tempo em que nasceram. O Papa João XXII, em 1326, autorizou a perseguição às bruxas sob o disfarce de heresia. O Concílio de Basileia (1431-1449) apelava à supressão de todos os males que pareciam arruinar a Igreja. Em 1484 o Papa Inocêncio VIII promulgou a bula Summis desiderantes affectibus, confirmando a existência da bruxaria. No mesmo ano foi lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger. Com 28 edições, esse volumoso manual se tornou uma espécie de bíblia da caça às bruxas. Contudo, Benedict Capzov, um fanático luterano, foi responsável pela morte de aproximadamente 20.000 “bruxas”, apoiando-se na “lei” do Êxodo (22,18); “Não deixarás viver a feiticeira”.
Hoje há médiuns de todos os matizes, em largas expressões, a saber: psicógrafos, clarividentes, clariaudientes, curadores, poliglotas, psicofônicos, materializadores, intuitivos etc. Paulo de Tarso foi admirável médium de clarividência e clariaudiência, às portas de Damasco, ao ensejo de seu encontro pessoal com Jesus. Todavia, não podemos esquecer que os subjugados – os doentes mentais e os obsedados de todos os graus – que enxameavam a estrada dos tempos apostólicos, eram também médiuns.
A LUZ NA MENTE .     Como se dá o “prolongamento” ou “diminuição” de encarnações? (ex.: uma pessoa que tem que morrer aos 30 e morre aos 40)
Jorge Hessen:-   Dentre outros aspectos, podemos dizer que (re)nascemos debaixo de uma prévia programação para vivermos um período presumível de tempo de vida física na Terra. Ante esses planos reencarnatórios, muitas vezes encurtamos o tempo mínimo previsto através do mau comportamento (vícios, suicídio direto ou indireto) em que exaurimos parte do quantum de fluido vital, responsável pela mantença do arcabouço biológico. Há casos de modificação de planejamento espiritual em que podemos ampliar a estada na carne, em face dos méritos adquiridos, seja na ação no bem, na boa gestão da saúde física e mental, o que acarretará interferência de um espírito especialista para que tal fenômeno ocorra.

A LUZ NA MENTE .     Que informações temos acerca da pré-história de acordo com o Espiritismo?
Jorge Hessen:-   Temos excelentes dados sobre a formação da Terra nas obras A caminho da luz e Evolução em dois mundos. Pesquisadores da Universidade de York descobriram que o homem de Neanderthal nutria um grande sentimento de piedade. Para os arqueólogos, há cerca de 1,8 milhão de anos atrás, o Homo erectus integrou o sentimento de compaixão com o pensamento racional através de ações como cuidar dos doentes e dedicar atenção especial aos mortos, demonstrando luto e desejo de suavizar o sofrimento alheio.
Cremos que as sepulturas datadas da era paleolítica comprovam já haver naquele período uma crença na vida após a morte e no poder ou influência dos ancestrais sobre a vida cotidiana do clã familiar.
Questão instigante é como o primata se tornou hominídeo. A resposta é ainda uma incógnita. Nunca foi encontrado o “elo perdido”, a espécie biológica que represente essa transição. “Pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual de espíritos mais adiantados [que os antropóides], o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados os corpos, pela procriação, deu-se origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu.
Allan Kardec explica que desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem. O Espírito André Luiz argumenta que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos.
Muitas das transformações que se verificaram no “homo” foram promovidas em suas estruturas perispirituais, entre uma existência e outra (ou seja, no plano espiritual). Os Espíritos construtores, sob a supervisão do Cristo, retocavam, em vezes sucessivas, as formas perispiríticas, e essas alterações criariam o campo magnético para as futuras mutações. Experiências múltiplas no patrimônio genético dos nossos antepassados, coordenadas por geneticistas siderais, foram modelando aquelas formas que deveriam persistir até os tempos atuais. A seleção natural se incumbiria de fazer desaparecer as formas primitivas inaptas.
Conforme afirma Emmanuel, atualmente a ciência procura os legítimos antepassados das criaturas humanas nessa imensa vastidão da arena da evolução anímica. No período terciário, sob a orientação das esferas espirituais, notavam-se algumas raças de antropóides, no Plioceno inferior [de 5,3 milhões a 1,6 milhão de anos]. Esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes, daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da atualidade.
Para o autor de “Renúncia”, não houve propriamente uma “descida da árvore” no início da evolução humana. “As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade. Os antropóides das cavernas espalharam-se então aos grupos pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a realidade porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas.
Os milênios correram o seu toldo de experiências drásticas sobre a fronte desses seres de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente dos homens; surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir.
Elucida o Espírito Emmanuel que há muitos milênios um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais diretoras do Cosmos deliberam então localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores. Aqueles seres angustiados e aflitos seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
A Natureza ainda era, para os trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de experiências infinitas; tanto assim que, se as observações do mendelismo fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética não poderia fixar, como hoje, as expressões dos “genes”, porquanto, no laboratório das forças invisíveis, as células ainda sofriam longos processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes elementos de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas às organizações do porvir.
Apostam os arqueólogos que no interregno de 500 mil e 40 mil anos, o sentimento evoluiu e os primeiros seres humanos, como o Homo heidelbergensis e o Neanderthal, já demonstravam compromisso com o bem-estar dos outros, o que pode ser comprovado através de uma adolescência longa e a dependência em caçar juntos. Cremos que não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio.” Com a conquista da razão aparecem o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta [de fora para dentro]; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino hominal, o princípio inteligente – agora sim, Espírito – está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga [de dentro para fora].
Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estada no reino hominal. Ele iniciou na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos. Os sonhos premonitórios, as visões de Espíritos, a audição da voz dos mortos – inclusive nos fenômenos de voz direta – e a materialização de Espíritos foram fatos concretos, que levaram o homem primitivo à crença na continuação da vida após a morte. Diretamente dos médiuns neandertalenses surgiram os feiticeiros, ancestrais dos sacerdotes de todas as religiões.
Há um princípio sofista atribuído a Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas.”. Mas uma medida, por assim dizer, afetiva, sem o controle da razão. Por isso Herculano Pires afirma que “é pelo sentimento, e não pelo raciocínio, que o homem primitivo humaniza o mundo.”. Destarte, ficam ratificadas as teses científicas sobre o homem pré-histórico que integrou o sentimento de compaixão na síntese do pensamento racional através de ações efetivas para o outro semelhante.

A LUZ NA MENTE .     Há alguma menção/explicação sobre os “seres elementais” no Espiritismo?
Jorge Hessen:-   A questão é complicada. Essa terminologia não está presente na codificação. Mas o conceito existe, embora não tenha cunho místico ou oculto. Elemental vem de espíritos dos elementos da natureza – são os seres inferiores começando a trilhar o reino hominal, subordinados a espíritos mais experimentados. Estes fazem o serviço mais pesado – executam parte dos fenômenos da natureza.
Não localizamos a palavra “Elemental” no dicionário do Aurélio, e que tampouco consta nas obras codificadas por Allan Kardec. Aliás, o Espírito São Luís, na Revista Espírita do mês de março de 1860, empregou o termo “elementar” ao invés de “Elemental”. O professor Rivail cita a palavra “duende” referindo-se aos espíritos perturbadores, em duas oportunidades. A primeira quando faz alusão ao duende de Bayonne, que apareceu para sua irmã, provocando travessuras. Na segunda, descreve a experiência do Sr. J. com alguns espíritos perturbadores, em sua residência. Mas em ambas as oportunidades o Codificador os descreveu como espíritos perturbadores, sem no entanto lhes conferir as propriedades que a crendice popular dá aos duendes e elementais.
Nessa abordagem teórica, não podemos adentrar pela porta larga das concepções místicas, até porque a nomenclatura espírita é concisa e clara, e precisa estar acima da imaginação popular, que concebe, geralmente, a mediunidade de maneira mística, e quase sempre denominando esses seres de Silfos (elementais do ar), Salamandras (elementais do fogo), Ondinas (elementais da água) e Gnomos (elementais da terra).
Sabemos que nas hostes espíritas existem muitas terminologias novas, que não estão inscritas nas Obras Básicas. Todavia, no decorrer do século XX, foram sendo incorporadas no dicionário kardeciano, a exemplo dos termos “colônias espirituais”, “bioenergia”, “monoideísmo”, “ovóides”, “umbral”, “vampirismo”, “aura” etc. Expressões essas que, se não foram utilizadas pelo Codificador, estavam de alguma forma implícitas nas ideias, através de outras terminologias do século XIX.
O termo “Elemental” é comumente empregado de forma esotérica, sobretudo na cultura teosófica. Porém, André Luiz faz alusão à palavra referindo-se a entes servidores comuns do reino vegetal, ou seja, espíritos da Natureza totalmente estranhos à sua compreensão.
Algumas obras espíritas complementares confirmam que os seres infra-humanos são os “entes servidores da natureza”, executores dos fenômenos naturais. Segundo o ilustre lionês, os Espíritos constituem a força inteligente da Natureza e concorrem para a execução dos desígnios do Criador, que não criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, uma vez que tudo na Natureza se encadeia por elos que ainda não podemos apreender.
Os Instrutores Espirituais intervêm na melhoria das formas evolutivas inferiores, nas quais o princípio inteligente estagia. Em verdade, todos os campos da Natureza contam com agentes da Sabedoria Divina para formação e expansão dos valores evolutivos. A rigor, o espírito não chega à fase da razão sem haver passado pela série divinamente necessária dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Destarte, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e se elabora, passando pelo diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades.
Certa vez, conhecendo uma colônia purgatorial de vasta expressão, André Luiz foi informado sobre as milhares de criaturas “utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, que se movimentam naquelas regiões em posição infraterrestre. Talvez essas entidades não habitem o interior da Terra, porém, “presidem aos fenômenos geológicos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que receberemos a explicação de todos esses fenômenos e os compreenderemos melhor.
Na escala da evolução, eles estariam entre a fase animal e hominal. Muitos esotéricos acreditam que essas entidades são superiores ao homem, crença essa contrária aos conceitos e conhecimentos espíritas. Para nós, esses seres situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a ideia simples do homem primitivo da floresta.
No Capítulo IX de O Livro dos Espíritos, questões 536 a 540, o mestre lionês fez perguntas pertinentes sobre a ação dos espíritos nos fenômenos da natureza. Compreendemos, assim, sobre a existência de “princípios inteligentes” que auxiliam no controle dos fenômenos da natureza, sob a supervisão de espíritos mais elevados, operando em nome de Deus, que “não exerce ação direta sob a matéria”.
Não seria justo dizer que os elementais não existem. A experiência, a tradição e a própria Doutrina Espírita acolhem tais seres como realidade e não como mera fantasia. Todavia, não podemos esquecer que o Espiritismo tem em seu vocabulário os termos adequados para designar precisamente esses entes espirituais. Razoável então não adotarmos palavras inadequadas e distorcidas pelas crenças mitológicas.

A LUZ NA MENTE .     Os espíritos influenciam os fenômenos da natureza? (chuvas, tornados, tsunamis e etc)
Jorge Hessen:-   Sim! As questões 536 e 539 do Livro dos Espíritos esclarecem o tema. Os espíritos interferem nos fenômenos materiais e exercem certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir a natureza. E nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos. A produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é obra de vários Espíritos que se reúnem, formando grandes massas, para produzi-los. Óbvio que o assunto é bem mais abrangente no Livro dos Espíritos.

A LUZ NA MENTE .     Existe esporte no plano espiritual? Os espíritos que encarnam como grandes atletas “treinam” antes de encarnar?
Jorge Hessen:-   Não há treinamento para competição esportiva nas colônias espirituais; ali as atividades são voltadas para outros interesses. Não temos informes sobre as regiões mais densas (umbral). Há silêncio de maiores notícias sobre essas paragens, portanto não podemos comentar muito sem fontes seguras.
Considerando a questão genética (hereditária) fisicamente falando, os treinamentos e empenho, muitas vezes insanos, formam os grandes atletas que são espíritos disciplinados. Muitos deles trazem largas experiências de vidas passadas num ou noutro esporte e desenvolvem naturalmente os reflexos, a força e outras habilidades na vida corporal e esses automatismos (treinamento) são arquivados e podem permanecer como patrimônio individual para as próximas existências, sobretudo se o espírito optar em continuar no esporte nas vidas ulteriores, portanto tudo é herança, fruto da conquista no campo da disciplina e isso vale para a cultura, o saber, a inteligência, a destreza musical etc.
Lembremos que os materialistas fomentaram a prática do esporte em todas as suas modalidades, visando os perigos possíveis, na excessiva acumulação de forças nervosas [como são chamadas as secreções elétricas da pineal], e têm aconselhado aos jovens o uso do remo, da bola, do salto, da barra, das corridas a pé etc. Dizem que desse modo preservam-se os valores orgânicos, legítimos e normais para as funções da hereditariedade. Emmanuel explica que a medida, embora satisfaça em parte, é contudo incompleta e defeituosa. Incontestavelmente, a ginástica e o exercício controlados são fatores valiosos de saúde; a competição esportiva honesta é fundamento precioso de socialização; no entanto, podem circunscrever-se a meras providências em benefício dos ossos e, por vezes, degenera-se em elástico das paixões menos dignas.
São muito raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema do aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra da substância, e sim a substância em si mesma.

A LUZ NA MENTE .     Existe idioma no plano espiritual? Quando estamos no plano espiritual falamos todas as línguas?
Jorge Hessen:-   No capítulo 24 do Livro Nosso Lar lemos que, tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos sem as barreiras idiomáticas; mas de modo geral, não se pode prescindir da forma. A humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e linguísticos remanescem no além, condicionados a fronteiras psíquicas. Isto é, os desencarnados encontram no além a habitação, o utensílio e a linguagem terrestres. Ressalte-se porém que falar todas as línguas não é necessário, pois a linguagem universal é o pensamento. Mas para atingir esse patamar é preciso crescer muito aqui e no além.

A LUZ NA MENTE .    O corpo de Cristo, que não foi encontrado por Maria de Madalena no sepulcro, qual a sua opinião sobre esse assunto. Ocorreu a “desmaterialização” do corpo ?  O Cristo pode ter sido  um “agênere” (Espírito apenas materializado) ou será que o Corpo do Cristo era fluídico ? Não tinha como nós o corpo físico e o espiritual ?
Jorge Hessen:-   Kardec analisa a questão dos agêneres no capítulo XIV e XV do livro A Gênese e obviamente acompanho o pensamento do mestre lionês .  Aprendemos com o Codificador que Jesus não era um agênere. Ele  tinha um molde (perispírito) do corpo físico  o mais imaculado que admitimos. O Seu psicossoma jamais poderia ser igual ao do homem comum, entretanto quanto ao corpo físico  era material numa etapa e fluídico noutra, notemos:
Para  Kardec o desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres, conforme  assinala o item 36 do Cap. XIV.  Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
Kardec explica ainda que  a estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que  precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da  concepção até o nascimento,   tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua  vida revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os  fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus  diferentes, noutros indivíduos.
Depois de sua crucificação, ao contrário, tudo nele  revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não  podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente  dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela,  a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no  corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o  funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos  fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e  não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante  ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa  de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem  morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo  nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi  sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar.  Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu  corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio,  prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu  na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é  que carnal era o seu corpo.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.
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A LUZ NA MENTE .     Como se dá a materialização nas colônias que se encontram em regiões umbralinas?
Jorge Hessen:-   Assunto muito longo. Por “lá”, tudo é plasmado pela força magnética da irradiação mental  dos Benfeitores e pelo conjunto de suas virtudes espirituais.

A LUZ NA MENTE .     Como os espíritos menos evoluídos possuem “força” e permissão para construir colônias que têm a intenção de fazer o mal?
Jorge Hessen:-   Tais seres não têm força nem permissão para construir “colônias”. Eles vivem mergulhados nos tormentos das suas psicosferas densas. O que cometem são meros resultantes da Lei dos fluidos. Eles vivem mergulhados nas faixas vibracionais das suas próprias emanações psíquicas deletérias, e os ambientes que perpetram não podem ser consideradas “colônias”, mas simplesmente gueto brumoso oriundo das suas emanações psíquicas.

A LUZ NA MENTE .     Há referências espíritas sobre as civilizações mesoamericanas e sul-americanas (astecas, maias, incas)?
Jorge Hessen:-   A obra A caminho da Luz faz referências que permitem conexões. Emmanuel lembra no capítulo 9 que os vários povos e as grandes coletividades que floresceram na América do Sul, então quase ligada à China pelas extensões da Lemúria, e da América do Norte, que se ligava à Atlântida. As grandes civilizações pré-históricas, que desabrocharam e desapareceram no continente americano, de cujos cataclismos e arrasamentos ficaram ainda as expressões interessantes dos incas e dos astecas que, como todos os outros agrupamentos do mundo, receberam a palavra indireta do Senhor, na sua marcha coletiva através de augustos caminhos.

A LUZ NA MENTE .     O “anjo da guarda” para o Espiritismo seria o “mentor espiritual”?
Jorge Hessen:-   Anjo da guarda – expressão de fundo alegórico – é o espírito protetor que temos. Protetor ou orientador são expressões mais adequadas. Mentor passa uma ideia de espírito excessivamente  mais elevado que o assistido – na maioria das vezes não é o caso.

A LUZ NA MENTE .     Ismael é o guia espiritual do Brasil? Como são escolhidos os guias de cada pais?
Jorge Hessen:-  Sim, é o governador espiritual do Brasil sob o ideal mais puro do lema Deus, Cristo e caridade. Obviamente, os mentores de cada nação são eleitos pela qualidade moral e intelectual, pelo compromisso com os objetivos nacionais, pela vinculação cultural e histórica, pelo potencial de trabalho e de amor – quanto mais importante a nação, mais evoluído o espírito que a governa.

Jorge Hessen