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31 janeiro 2017

Ser, Crer e Crescer Elucidações para uma Vida Melhor - Adésio Alves Machado,

 
SER, CRER E CRESCER
ELUCIDAÇÕES PARA UMA VIDA MELHOR


 SER

Dentro do contexto evolutivo onde se acha inserido, o Espírito espírita possui ao alcance três opções para chegar ao seu desiderato final - a perfeição espiritual, quais sejam: Ter, Não Ter e Ser.

Claro que as duas primeiras opções, e isto salta aos olhos de quem sabe o que é SER espírita, nada têm a haver com ele, porque a real necessidade dele é SER. Mas SER o quê? É isto que importa abordar na oportunidade.

Abraçamos uma doutrina de tríplice aspeto, cada um deles convergindo para o outro. São interagentes. Em essência, os três - Ciência, Filosofia e Religião - concitam para um único objetivo: o AMAR o próximo, em regime de reciprocidade, como único meio para SER feliz. O Espiritismo é, pois, esta doutrina que revoluciona todos os conceitos vigentes em matéria de moralidade, realizando no âmago da criatura humana uma mudança que ela não logra deter, porque uma lei divina a impulsiona inexoravelmente objetivando a perfeição : a Lei do Progresso.

Além do mais, ele revive o Cristianismo na sua fase primeira, aquela sustentada a duras penas pelos Apóstolos de JESUS, principalmente após assumirem a Casa do Caminho. O espírita há de SER aquele que tudo faz para viver a lei de amor, justiça e caridade, espelhando-se o mais possível nos conceitos crísticos, segundo os quais, com relação ao amor, afirma que em amar quem nos ama nenhuma vantagem existe. Nossa meta é amarmos até os inimigos. Segundo a lei de justiça, haveremos de vivenciá-la fazendo aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem e, finalmente, a lei de caridade, a qual fica resumida na maneira como a entende JESUS: “Benevolência para com todos, indulgência às imperfeições alheias e perdão das ofensas” ( O Livro dos Espíritos perg. 886 ).Adésio Alves Machado SER espírita, o que equivale a SER cristão, enfim, é:

- começar o seu dia na luz da oração, porque, ao procurarmos o amor do CRIADOR, pelo mecanismo da prece, estamos certos de que SEU amor por nós nunca falha;

- aceitar serenamente qualquer tipo de dificuldade, sem discussões nervosas, porque hoje é sempre o dia de se fazer o melhor que se pode;

- trabalhar com alegria, sabedor de que o trabalho é lei da vida, é benção que se não deve desperdiçar, porque “ o preguiçoso é um cadáver que pensa” , segundo André Luiz;

- fazer o bem que pode, sentindo-se feliz ao fazê-lo e pedindo a DEUS oportunidades de realizá-lo, todos os dias;

- saber aproveitar os minutos, porque tudo volta, menos a hora perdida;

- cultivar a disciplina, para não ser comparado ao carro sem freio numa ladeira;

- estimar a simplicidade, pelo fato de estar consciente de que “o luxo é o mausoléu dos que se avizinham da morte”, segundo André Luiz;

- viver a necessidade de perdoar, porque sabe que será perdoado como houver perdoado;

- usar de gentileza, mais ainda dentro de casa, agindo de modo especial com os parentes, do mesmo modo como age com as visitas;

- lutar por ser bom, sem SER displicente; generoso, sem SER perdulário; justo, mas não implacável; franco, mas não insolente; paciente, mas não irresponsável; tolerante, mas não indiferente; calmo, mas não sossegado em demasia; confiante; mas não fanático; diligente, mas não precipitado; enfim, SER espírita é, antes de tudo, procurar conhecer-se para se analisar, escolhendo posições de equilíbrio, porque este nunca é demais.

SER espírita é ajudar constantemente; é cumprir as obrigações; é amparar o enfermo; é perdoar sem condições; é compulsar os bons livros; é evitar acessos de cólera; é desenvolver simpatia pessoal; é cultivar entendimento; é habituar-se à meditação; é confiar na compaixão divina; ela que sabe como afastar as trevas da noite com a luz do sol, que oferece sempre oportunidade de recomeço e, ainda, sem que nós saibamos, de forma nítida e clara, vai-nos oferecendo as ensanchas de encontrarmos a nossa redenção espiritual pelos caminhos cheios de calhaus, como o é o do mundo de provas e expiações.

Não podemos acumular todas as condições de SER espírita aqui enunciadas, mas se já conseguimos algumas delas incorporar em nosso viver e conviver, podemos dar-nos por satisfeitos sem deixar, no entanto, de continuar na busca das demais.

CRER

Convidado a abraçar esta doutrina realmente libertadora, uma das primeiras necessidades do espírita é a aquisição da fé. Ele precisa CRER para que a sua transformação moral se faça de forma consciente, sem nenhum tipo de imposição. Que seja um ato voluntário, espontâneo, fruto, deste modo, da sua capacidade de discernimento em cima dos postulados do Espiritismo.

Leva em consideração, aquele espírita que deseja CRER, como profundo conhecimento, o que se acha no frontispício do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, onde se lê: “Fé inabalável só o é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade”.

Perfeitamente compreensível é o fato de que a fé precisa assentar em base segura, base que é a inteligência a mais perfeita possível daquilo em que se deve CRER. E, se queremos CRER, não nos é suficiente ver; torna-se necessário, acima de tudo, compreender. E por uma razão muito simples: a fé imposta, cega, já não faz parte deste mundo, já existe uma reação natural contra “o crer ou morre”. Esse tempo criou um grande número de incrédulos, porque pretendia impor-se, procurando abolir uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre arbítrio. O incrédulo não aceita mais este tipo de fé, de CRER. Quer provas convincentes, a fim de que a criatura não alimente nenhuma dúvida, depois de CRER. Há, pois, de se buscar a fé raciocinada, porque ela se apoia em fatos e na lógica de tudo que afirma, nunca entrando em conflito com a Ciência, esta que tem derrubado muitos dogmas através dos tempos da predominância da fé cega. A pessoa passa a CRER porque sabe, ama a DEUS porque sabe, aceita o próximo como irmão porque sabe, perdoa porque sabe, procura amar até o inimigo porque sabe e ninguém tem certeza senão porque compreendeu.

Tendo o Espiritismo para se apoiar, o espírita crê conscientemente que triunfará sobre a incredulidade, arrastando na sua retaguarda, pelo seu exemplo, outros tantos que buscarem a fé, o CRER baseado na razão.

O CRER alicerçado na lógica torna o homem capaz da execução não só das realizações materiais, mas sobretudo das morais, as quais se constituem na sua maior necessidade, haja vista as lições de JESUS, Seus exemplos, Sua vida de sacrifícios.

Nada pode conseguir quem duvida de si, quem não crê que é capaz.

Com o CRER fortalecido pela fé raciocinada, as montanhas de dificuldades serão transpostas, vencidos serão os preconceitos rotineiros, os interesses materiais, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas que são calhaus no caminho dos que trabalham pelo progresso da Humanidade.

O CRER com logicidade dá a perseverança, oferece a energia e os recursos que fazem sejam vencidos os obstáculos, assim nas pequenas tarefas como nas grandes. O CRER hesitante, sem estudo, conduz à incerteza de que se aproveitam os adversários contumazes e gratuitos para semearem suas idéias divisionistas, destituídas de arrazoados lógicos.

O CRER é, antes de tudo, confiança que se tem na realização de algo que se almeja, é a certeza, a fé de lograr determinado fim. O CRER oferece uma espécie de lucidez que permite se vislumbre, em pensamento, o fim que se colima e os meios a serem utilizados para alcançá-lo.

Porque o crê caminha com total segurança, faculta a calma, a paciência, a resignação e a fortaleza moral para que sejam executadas as grandes realizações.

Aquele que vacila no CRER percebe de imediato a sua própria fraqueza, sente-se tomado pelo desinteresse de prosseguir, queixa-se da sorte, percebe-se fraco e candidata-se ao fracasso retumbante.

Estejamos munidos do CRER espírita para nos candidatarmos aos grandes objetivos morais da vida, quando haveremos de nos vencer, porque vamos seguir as pegadas do Incomparável Mestre e Senhor JESUS, Aquele que soube CRER até os últimos instantes de Sua passagem pela Terra, pedindo a DEUS perdão para as nossas inferioridades e imperfeições.

CRESCER

Costuma-se falar muito em crescimento, e é natural que assim seja, porque a nossa necessidade primeira consiste, em verdade, em crescermos moral e espiritualmente. Esse crescimento está sendo desenvolvido na área psicológica, tendo em vista a larga infância psíquica em que ainda estagia a nossa humanidade.

Sempre tivemos nossos anseios atendidos, nossas vontades respeitadas, imaturamente, na maioria das vezes, pelos que por nós se responsabilizaram. Acostumamo-nos e, desta forma, hoje encontramos sérias dificuldades para nos conduzir sozinhos, tomar decisões, viver com mais acertos do que desacertos. Acalentamos dúvidas sempre que nos deparamos com situações em que devemos adotar este ou aquele procedimento. Nesses instantes procuramos transferir para os outros as soluções de nossos problemas.

Todavia, o CRESCER que desejamos aqui expor é, exatamente, o de que mais temos necessidade: o moral/espiritual, isto é, aquele que nos levará ao Reino de DEUS, porque queremos CRESCER com JESUS, ELE a nos servir de Modelo e Guia. É, pois, todo um CRESCER especial, bem diferente do que conceitua o mundo.

Que meios, recursos, possuímos para CRESCER? A resposta é uma só: o conhecimento. Espiritismo, acima de tudo, é conhecimento, recurso este que fará com que nos ajustemos à vida na sua expressão maior, aquela que engloba os dois planos existenciais - material e espiritual.. Haveremos de CRESCER apoiados nas três grandes áreas do conhecimento, elas que são a Ciência, a Filosofia e a Religião, sem que se choquem, se conflitem, pelo contrário, estabeleçam uma convivência harmoniosa, porque uma necessita da outra para sobreviver. A Ciência e a Filosofia haverão de ser religiosas, assim como a Religião precisa ser científica e filosófica. As três se integram, interagem em perfeita sintonia, uma acompanhando a subida da outra. Apoiam-se porque derivam de DEUS, e DEUS quer o nosso melhor bem-estar. Competenos fazer esta descoberta.

O Espírito aqui reencarnado ainda se mostra instável, susceptível, medroso, ciumento, já que não superou a fase infantil, nela ainda habitando sob conflitos de várias etiologias.

Busca amparo nas pessoas que considera fortes e eleitas como seus heróis ou seus superiores. Os empreendimentos dessas pessoas são, para elas, sempre coroados de êxito.

Desconhecem que elas também se sacrificam, travam lutas íntimas, têm que renunciar... Mas esta parte preferem ignorar, nela não acreditando, caso lhes seja revelada.

A imaturidade emocional que trazem os que buscam CRESCER leva-os à violência, à agressividade, decorrentes de caprichos com todas as características de infantilidade.

Todos nascemos para a auto-realização, e fazemos parte de um grupo social no qual nos encontramos para servir e ser servido, procurando dar mais do que receber, caso já possuamos o conhecimento da realidade trazida por JESUS. Isto nos propiciará total segurança e disposição para o nosso CRESCER, que será sempre resultado da junção íntima existente entre ele - CRESCER - e os outros dois: SER e CRER, desde que saibamos estabelecer tal conexão, é óbvio.

Com raríssimas exceções, não se chega ao CRESCER sem partir dos erros, porque em todas as áreas do comportamento estão presentes a glória e o fracasso, como subprodutos do mesmo empreendimento.

Para que atinjamos o CRESCER necessário é nos munirmos, acima de tudo, de perseverança, da repetição sem enfado, alijando as reclamações, queixas e cansaço. Procuremos não complicar os mecanismos de defesa que todos nós trazemos internamente ao acionarmos novas tentativas de fugas psicológicas, tentativas onde paira de forma destacada a subestima pessoal e a desconsideração pelos nossos próprios valores. A falta de amor a nós mesmos é causa de terríveis desajustes da alma, o que leva as esgotamento dessas forças inesgotáveis que estão ao alcance do nosso esforço pessoal.

Nosso sistema imunológico, sempre ao nosso dispor, malgrado não o acessemos sempre que necessário, por desconhecê-lo em essência, e também o trabalho de Carl Simonton com a sua psiconeuroimunologia, só é acionado pelo nosso SER, pelo nosso QUERER e pelo nosso CRESCER. Todo o nosso sucesso, portanto, no avanço evolucionista, depende única e exclusivamente de nós e de mais ninguém. 

Adésio Alves Machado 
(Trecho retirado do livro "Ser, Crer e Crescer Elucidações para uma Vida Melhor" do mesmo autor)

30 janeiro 2017

Ritos e Doutrina Espírita - Ademir Luiz Xavier Jr


 

RITOS E DOUTRINA ESPÍRITA

"(...) Será que vocês poderiam me explicar a enquadração de alguns ritos como: Nascimento, Morte, Casamento, Puberdade, Oração e Libertação na pratica da religião espírita. Poderiam me ajudar?"  - Marcos Inácio

A respeito da questão que você propôs, avanço aqui algumas considerações muito breves. Informações mais detalhadas você pode conseguir na literatura espírita especializada (que você pode consultar posteriormente).

De uma maneira bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações científicas, religiosas e filosóficas ( principalmente éticas). Não há, assim, dentro dele uma "enquadrarão de ritos" como você se refere abaixo.

Na verdade, o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista, isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento. O objetivo fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade do ser humano.

Assim, a doutrina espírita prevê que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases a que você se referem são, as sim, simplesmente estágios da existência humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".

O nascimento é o regresso da alma à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.

A morte é o regresso dessa mesma alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior do Espírito. A puberdade é entendida dentro do conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação à difícil realidade do mundo.

O casamento de forma alguma constitui uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união, segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união, também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a liberdade de consciência é um princípio fundamental , e ninguém deve tê-la violada em nome de qualquer outra ideia secundária. 

A oração é uma prática saudável de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. 

Esse equilíbrio é conseguido não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades do indivíduo segundo as práticas do bem. Não existe nenhuma fórmula explícita para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental que seja praticada com o coração acima de tudo. 

Isto quer dizer que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades perante as faltas que houver come tido contra os outros (se as tiver) antes de procurar qualquer ajuda divina. Não existe, também, "troca de favores" entre os homens e os Espíritos ou Deus.

Os que assim pensam agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve existir entre os homens , Deus e os espíritos.

Finalmente, para dizer alguma coisa sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra. Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída. Se tratamos aqui d a liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade de ir e vir, pensar e agi r. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades, já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade alheia.

O ser (ou Espírito) adquire liberdade a medida que ele evolui.

Coincidentemente, ele também adquire felicidade. A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem, da ética e da felicidade dos semelhantes.

Toda moral espírita resume-se, portanto, àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas pela regra áurea de " não fazer aos outros aquilo que se não gostaria fosse feito a si mesmo " acrescida do " amar aos outros como assim mesmo ". Por "outros" ou "próximos" o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras). Como Jesus ainda tenha acrescentado o " assim como eu vos amei ", a prática desse amor tem como modelo o próprio Jesus. 

O ponto fundamental da regra áurea trazido por Jesu s está na misericórdia que deve guiar os atos do indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).

Essas regras ou leis que cito acima são leis naturais, assim como as leis da Física, Química etc e, portanto, regem e julgam os atos de todos os seres. É claro que o conhecimento facilita o avanço evolutivo e isso é a razão de existir de todas as religiões da Terra, a refletir parcelas do conhecimento divino entre nós. 


Ademir Luiz Xavier Jr
Publicado no Boletim GEAE Número 337 de 23 de março de 1999 e reproduzido com autorização do autor.

29 janeiro 2017

Por que as pessoas são enganadas pelos picaretas - Hugo Lapa



POR QUE AS PESSOAS SÃO ENGANADAS PELOS PICARETAS?


É muito importante que todos tomem muito cuidado com os picaretas que existem dentro do movimento Espiritualista.

Há uma grande proliferação de falsos profetas hoje em dia. Isso não se restringe apenas ao Espiritismo e ao Espiritualismo, mas abrange todas as religiões, correntes, tradições, seitas e espaços holísticos. Há muitos aproveitadores, oportunistas e pessoas que se valem da boa fé das pessoas para auferir vantagens indevidas.

Infelizmente não podemos dizer o nome destas pessoas que atuam aqui no Brasil, pois isso poderia gerar vários processos na justiça. Por isso, todos precisam ter discernimento e não aceitar tudo o que nos aparece. Muitas pessoas se desviam do caminho espiritual levadas pelos falsos profetas, por falsos terapeutas, por falsos médiuns, por charlatães que enriquecem às custas daqueles que acreditam em tudo, ou melhor, que querem acreditar. É muito importante que as pessoas duvidem dos “espiritualistas”, dos médiuns, daqueles que escrevem psicografias feijão com arroz do tipo “novelas da Globo”. É preciso sempre ter o pé atrás.

Mas por que tantas pessoas são enganadas pelos picaretas? Essa resposta está dentro de cada um de nós, em nossa atitude insistente de querer tudo fácil, tudo pronto, tudo dentro da chamada “lei do menor esforço”. Muitas pessoas são enganadas pelos picaretas não apenas por culpa desses oportunistas, mas principalmente porque essas pessoas optaram em seguir a via mais fácil, mais cômoda. Vamos dar um exemplo para a melhor compreensão desse ponto. Imagine uma pessoa que acredita numa falsa cigana leitora de cartas. Ela busca esse adivinho porque é o caminho mais confortável para descobrir sobre si mesma. Ao invés de fazer um esforço para se autoconhecer, para analisar a si mesmo, entrar dentro de si e superar suas angústias, ela procura alguém que lhe dará todas as respostas prontas e que, principalmente, alguém que lhe dirá o que ela quer ouvir. Assim, ela não precisará fazer uma terapia mais profunda para se descobrir, ela não precisará buscar as respostas dentro de si, ela não precisará fazer uma análise minuciosa de seu comportamento, de suas tendências; ela não precisará adentrar em seu inconsciente e ver o que ela não quer ver… ela precisará apenas ir na vidente e descobrir as respostas. Assim é, sem dúvida, muito mais fácil, porque, afinal de contas, entrar dentro de si e ver as causas de nossas angústias é algo que doi muito.

Vejamos outro exemplo. Por que tantas pessoas buscam romances tipo “novelas da globo” e assim acabam caindo nas garras dos falsos médiuns de psicografia? Porque essa pessoa quer uma leitura mais simples, menos reflexiva, mais agradável, algo que ela não precise pensar muito. Ela procura uma obra que não exija um senso crítico mais apurado, que não seja muito profunda e que toque apenas questões superficiais. Ela deseja uma literatura mais rasa porque pensar e refletir sobre as questões mais profundas dá muito trabalho. Pensar chega até a doer para algumas pessoas. Rever nossas crenças nos deixa inseguros. Pensar sobre as questões essenciais da vida nos dá medo. Olhar para a vida e admitir o mistério nos faz sentir um certo vazio, afinal de contas, o ser humano acredita que sabe ou deveria saber tudo. Quando descobrimos que sabemos muito pouco, ou quase nada, constatamos o quanto ainda precisamos peregrinar por um muito longo e árduo caminho. Essa caminhada é penosa e cansativa, então a maioria prefere acreditar que já sabe tudo e que não se faz necessária a revisão profunda de suas crenças. Com esta atitude, o que acontece? A pessoa facilmente cai em ciladas de livros falsos que dizem apenas o que a pessoa quer ouvir. Romances superficiais que não tocam as grandes questões da existência. Obras que ao invés de rever certas crenças, vem a reforça-las, para que o leitor se sinta seguro dentro da insegurança básica da existência material. São livros que criam ilusões dentro de ilusões e ao invés de nos colocar diante da verdade, apenas nos fazem decair ainda mais em ilusões que só aumentarão nosso sofrimento. Assim, as pessoas caem nas enganações e nas mentiras dos charlatães. No fundo, elas não são enganadas, elas apenas buscam alguém que as ajude a enganar e mentir para si mesmas.

Por outro lado, por que tantas pessoas buscam os falsos terapeutas? A resposta é a mesma… Porque esses profissionais oferecem métodos de tratamento com fórmulas prontas, com respostas fáceis, com um caminho que pouco exige da pessoa. Eles passam uma técnica de cura em que a pessoa não precisa rever a sua vida; ela não necessita mudar certas atitudes; ela não terá que entrar dentro de si mesma e fazer uma catarse mais profunda… Basta apenas seguir a fórmula pronta, fazer um sinal, usar um adereço, defumar o ambiente, proferir algumas supostas “palavras de poder”, ou precisará apenas ficar parada e esperar que o terapeuta haja sobre ela, sem que ela precise fazer coisa alguma. Não afirmamos aqui que nenhuma destas coisas possa ter um efeito, mas nenhuma delas vai transformar a nossa vida e resolver os nossos problemas.

Por isso dissemos com convicção: não existe caminho mais fácil para a solução dos nossos problemas. Enquanto as pessoas continuarem buscando o método “feijão com arroz”, a comodidade da técnica oferecida por um picareta, nada será mudado: a pessoa continuará a mesma e pode até piorar.

Quanto mais o ser humano amadurece, mais ele percebe que na vida nada se consegue sem esforço e sem dedicação. É preciso mergulhar em nosso interior, encarar frente a frente nossos demônios e exorciza-los um a um. E isso… sinto dizer… Só a própria pessoa pode realizar, ninguém mais pode. Claro que o terapeuta sério vai te indicar o caminho; o verdadeiro mestre vai te ajudar a olhar para dentro de si; o xamã honesto vai descer ao inferno com você no auxílio da cura de suas mazelas, o sensitivo correto vai ajudar a equilibrar as suas energias. No entanto, no fim das contas, é você mesmo e mais ninguém, que pode resolver-se a si mesmo. Aqueles que continuarem buscando facilidades na resolução das impurezas do seu ser vão continuar sendo enganados pelos picaretas, pelos falsos profetas e pelos falsos terapeutas… E pior: vão continuar sofrendo, angustiados, doentes e bloqueados quando já podiam ter se curado e se transformado.

Por isso, não acreditem no caminho mais fácil. Não optem pela via do comodismo. Não creiam em fórmulas prontas, cursos ou workshops de fim de semana miraculosos que prometem cura, prosperidade e outras benesses mundanas. Acreditem em Deus e em sua própria capacidade de superar todos os seus limites. Uma coisa é certa: a doença foi criada por nós e consequentemente a cura também está tão somente dentro de nós mesmos.


Hugo Lapa


28 janeiro 2017

Tolerância e Respeito - Sérgio Biagi Gregório

 (Foto cidade de Santos/SP)

TOLERÂNCIA E RESPEITO

SUMARIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sobre a Tolerância: 4.1. Os Vícios e as Virtudes; 4.2. Formas Falsas e Formas Verdadeiras de Tolerância; 4.3. Tolerância é uma Virtude Difícil. 5. Sobre o Respeito: 5.1. O Respeito em Kant; 5.2. A Lei Áurea; 5.3. A Tolerância é Passiva e o Respeito Ativo. 6. Tolerância, Respeito e Espiritismo: 6.1. Lei de justiça, Amor e Caridade; 6.2. Cristo é o Ponto Chave da Tolerância; 6.3. O Respeito ao Próximo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

Tolerar é bom, mas respeitar é melhor. Respeitar é bom, mas amar é melhor.

1. INTRODUÇÃO


O que significa a palavra tolerância? E respeito? Tratamos o próximo da mesma forma que gostaríamos de ser tratados? Somos severos para com os outros e indulgentes para conosco ou severos para conosco e indulgentes para com os outros? Que tipo de subsídios o Espiritismo nos oferece para uma melhor interpretação do tema?

2. CONCEITO


Tolerância – do latim tolerantia, do verbo tolerare que significa suportar. É uma atitude de respeito aos pontos de vista dos outros e de compreensão para com suas eventuais fraquezas. Esta palavra está ligada a outros termos afins: paz, ecumenismo, diferença, intersubjetividade, diálogo, alteridade, não violência etc.

Respeito – do latim respectus, de reespicere que significa olhar. Sentimento de consideração àquelas pessoas ou coisas dignas de nossa veneração e gratidão, como aos pais, aos mais velhos, às coisas sagradas, aos sentimentos alheios etc.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Em seu sentido estrito, a tolerância é o regime de liberdade concedido pelo governo de um país, onde já se tem uma forma de religião estabelecida, de praticar qualquer outra forma de religião, ou mesmo de não seguir nenhuma.

A completa liberdade religiosa é fato recente no mundo ocidental. Antes da Reforma, a Igreja católica aplicava todo o tipo de penalidades a quem quer que se desviasse da sua ortodoxia. A Reforma (1517) deu início à tolerância, mas não de forma absoluta, pois os próprios reformadores não toleravam as teses que combatiam. Os Protestantes quiseram não só submeter indivíduos, mas nações inteiras às suas opiniões. Com isso, vimos aparecer o movimento denominado "Contra-Reforma", encetado pela Igreja católica, dando origem à "guerra das religiões", de caráter político religioso. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira) A intolerância religiosa foi, no processo histórico, a maior causadora das guerras entre nações. Nesse mister, o próprio catolicismo demorou muito a respeitar o pluralismo das diversas crenças. Foi somente no Concílio Vaticano II que deixou claro: 1.º) a tolerância religiosa não se baseia no falso princípio de que todas as religiões sejam verdadeiras, mas no princípio da liberdade de consciência; 2.º) esta não dispensa ninguém do dever fundamental de fidelidade à verdade, isto é, não significa que se pode mudar de religião como se muda de roupa, mas significa que a aceitação de uma fé é um ato soberanamente livre e espontâneo da consciência. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

O ser humano moderno não é um Robinson Crusoe, desterrado em uma ilha, cuja única atividade era a de pescar e de caçar para sua sobrevivência. O homem tem que viver em sociedade, pois já se disse que ele é um animal político e social. E quando começa a se associar, a entrar em contato com mentes que pensam de forma diferente da sua, a contradição aparece. E é justamente aí que surge o ensejo de praticar a tolerância, que nada mais é do que o respeito para com o pensamento alheio.

4. SOBRE A TOLERÂNCIA

4.1. OS VÍCIOS E AS VIRTUDES


A virtude é a potência de um ato. É a atualização do que já existe no âmago do ser. A virtude do abacateiro é produzir abacate. A virtude do santo é produzir santidade. Segundo Aristóteles, a virtude deve ficar no meio, ou seja, nem se exceder para cima e nem para baixo. O relacionamento entre vício e virtude coloca-nos frente à lei da utilidade marginal decrescente, a qual nos ensina que o excesso de uma coisa pode transformar-se no seu oposto. Assim sendo, o excesso de humildade pode transformar-se em orgulho e o excesso de orgulho pode transformar-se em humildade. Tomemos o exemplo de Paulo. Depois da perda e recuperação de sua visão, no deserto de Damasco, o orgulhoso combatente de Cristo tornou-se o seu mais humilde servidor.

4.2. FORMAS FALSAS E FORMAS VERDADEIRAS DE TOLERÂNCIA


Existem formas falsas e verdadeiras de tolerância. Um exemplo de forma falsa é a do ceticismo, aquela que aceita tudo, subestima todas as divergências doutrinais, porque parte do princípio de que é impossível aproximar-se da verdade. A verdadeira tolerância é humilde, mas convicta. Respeita as idéias e condutas dos demais, sem desprezá-las, mas também sem minimizar as diferenças, porque sabe que é a contradição que leva ao bem comum. Nesse sentido, a frase atribuída a Voltaire, "Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim", é providencial para elucidar o respeito que devemos ter para com os nossos semelhantes, sejam de que condições forem.

4.3. TOLERÂNCIA É UMA VIRTUDE DIFÍCIL


O dilema dos limites da virtude da tolerância pode resumir-se em dois princípios: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" e "Não deixes que te façam o que não farias a outrem". 

O comodismo que norteia os nossos passos é o grande obstáculo para o não cumprimento desta virtude. Quantas não são as vezes que dizemos sim a um convite quando, com razão, deveríamos ter dito não, por faltar-nos a coragem de dizer que aquilo não faz parte de nosso projeto de vida.

Em se tratando dos erros alheios, a dificuldade está em delimitar aceitação dos mesmos. Pergunta-se: até que ponto devemos suportar as injúrias e violências, os agravos e os desatinos de nosso próximo? Qual é o limite? Jesus ensina-nos que devemos perdoar não sete, mas sete vezes sete, isto é, indefinidamente. É para sempre? Contudo, há um limite em que a paciência deixa de ser considerada virtude. Qual é o limite? Ainda: "O hábito de tudo tolerar pode ser fonte de inúmeros erros e perigos".

5. SOBRE O RESPEITO

5.1. O RESPEITO EM KANT


Em Kant, o respeito é o único sentimento comparável com o dever moral. Não é um sentimento "patológico" que procede da sensibilidade – como todos os outros – ou seja, da parte passiva do nosso ser. Ele procede da vontade. Em sua Fundamentação da Metafísicados Costumes, define-o como a consciência da imediata determinação da vontade pela lei, ou seja, como a apreensão subjetiva da lei. Embora tenha certas semelhanças com as inclinações naturais e o temor, distingue-se de ambos porque não resulta de uma impressão recebida, mas de um conceito de razão. (Dorozói, 1993)

5.2. A LEI ÁUREA


A lei áurea já existia antes de Jesus. Os gregos diziam: "Não façais ao próximo o que não desejeis receber dele"; os persas: "Fazei como quereis que vos faça"; os chineses: "O que não desejais para vós, não façais a outrem"; os egípcios: "Deixar passar aquele que fez aos outros o que desejava para si"; os hebreus: "O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo"; os romanos: "A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo".

Com Jesus, porém, a regra áurea solidificou-se plenamente, pois o mestre não só a ensinou como a exemplificou em plenitude de trabalho, abnegação e amor. (Xavier, 1973, cap. 41)

5.3. A TOLERÂNCIA É PASSIVA E O RESPEITO ATIVO


A palavra tolerância relaciona-se com o substantivo "respeito" e o verbo "suportar". Conseqüentemente, devemos não somente respeitar como também suportar Deus, o próximo e a nós mesmos. Suportar a nós mesmos deve vir em primeiro lugar, porque não há peso mais pesado do que o nosso próprio peso. Quantas não são as vezes que pensamos estar agradando aos outros e não percebemos o elevado grau de grosseria, hostilidade e autoritarismo que lhes causamos. Eles acabam nos aturando porque não têm outra saída. É o caso do relacionamento entre o funcionário e o seu chefe. Se não lhe obedecer, estará sujeito a perder o emprego.

A tolerância obriga-nos a respeitar a regra de ouro: "Não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem". Evitar fazer mal aos outros é uma atitude meramente passiva. O respeito, ao contrário, carrega uma polaridade ativa: "Amar ao próximo como a nós mesmos". De acordo com Aristóteles, enquanto o respeito constitui uma virtude que nunca pode pecar por excesso, porque quanto mais respeito se tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma virtude que se obriga ao meio termo porque, em excesso, resulta em indiferença, e, em falta, traz o sabor da intolerância. (Marques, 2001)

6. TOLERÂNCIA, RESPEITO E ESPIRITISMO

6.1. LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE


A Lei de Justiça, Amor e Caridade ajuda a compreender a tolerância. Segundo o entendimento desta lei, a justiça, que é cega e fria, deve ser complementada pelo amor e pela caridade, no sentido de o ser humano conviver pacificamente com o seu próximo. 

Observe alguém, sem recursos financeiros, jogado ao sofrimento, como conseqüência de atos menos felizes do passado. Há justiça divina, porque nada ocorre por acaso. Mas o amor e a caridade dos semelhantes podem mitigar a sua sede e a sua fome.

6.2. CRISTO É O PONTO CHAVE DA TOLERÂNCIA


A base da tolerância está calcada na figura de Cristo. Foi Ele que nos passou todos os ensinamentos de como amar ao próximo como a nós mesmos. Ele nos deu o exemplo, renunciando a si mesmo em favor da humanidade. Fê-lo, sem queixas e sem recriminações, aceitando sempre as determinações da vontade de Deus e não a sua. Em suas prédicas alertava-nos que deveríamos ser severos para conosco mesmos e indulgentes para com o próximo, e não o contrário.

6.3. O RESPEITO AO PRÓXIMO


Respeitar o próximo é não lhe ser indiferente. É procurar vê-lo no interior do seu ser. Diz-se que o sábio pode se colocar no lugar do ignorante, mas este não pode se colocar no lugar do sábio, porque lhe faltam condições para bem avaliar o que é sabedoria, conhecimento e evolução espiritual. Contudo, os amigos espirituais nos alertam que penetrar no âmago do próximo não é tarefa fácil. Podemos fazer algumas ilações, algumas tentativas, mas como pensar com a cabeça do outro?


Numa Casa Espírita, o respeito ao próximo deve ser praticado com cada colaborador. Respeitar aquele que escolheu se dedicar aos animais, aquele que escolheu se dedicar ao trabalho de assistência social, aquele que escolheu transmitir os ensinamentos doutrinários. Nesse mister, não há trabalho mais ou menos importante, porque todos concorrem para a divulgação dos princípios doutrinários do Espiritismo.

7. CONCLUSÃO


O Espiritismo, entendido como ciência, filosofia e religião, é o que mais subsídios nos dá para respeitar as crenças e os comportamentos do nosso próximo. Isto porque, "quanto mais o ser humano sabe, melhor compreende os comportamentos humanos, desarmando-se de idéias preconcebidas, da censura sistemática, dos prejuízos das raças, de castas, de crenças, de grupos".

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
MARQUES, Ramiro. O Livro das Virtudes de Sempre: Ética para Professores. Portugal: Landy, 2001.
XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973.



Sérgio Biagi Gregório
São Paulo, agosto de 2007

27 janeiro 2017

Ética da Transformação - Ermance Dufaux

 

ÉTICA DA TRANSFORMAÇÃO


“Reconhecese o verdadeiro espírita pela sua transformação moral ”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVII, Item 4)

A reforma íntima é um trabalho processual.

Processual significa aquilo que obedece a uma sequência. Em conceito bem claro, é a habilidade de lidar com as características da personalidade melhorando os traços que compõem suas formas de manifestação. Caráter, temperamento, valores, vícios, hábitos e desejos são alguns desses caracteres que podem ser renovados ou aprimorados.

Nessa saga de mutação e crescimento, o maior obstáculo a transpor é o interesse pessoal, o conjunto de viciações do ego repetido durante variadas existências corporais e que cristalizaram a mente nos domínio do personalismo.

O hábito de atender incondicionalmente as imposições dos desejos e aspirações pessoais levou-nos a cruel escravização, da qual muito será exigido nos esforços reeducativos para nos libertamos do “império do eu”.

Negar a si mesmo ou “despersonificar-se”, esvaziar-se de “si”, tirar a máscara é o objetivo maior da renovação espiritual. Esse o grande desafio a seguido por todos os que se comprometeram com seriedade nas nobres finalidades do Espiritismo com Jesus e Kardec.

Extenso será esse caminho reeducativo na vitória sobre nossa personalidade manhosa e talhada pelo egoísmo... O meio prático e eficaz de consegui-lo, conforme ensinam os bons Espíritos da Codificação, é o conhecimento de si mesmo (O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Questão 919)

Entretanto, para levar o homem ao aprimoramento, o autodescobrimento exige uma nova ética nas relações consigo e com a vida: é a ética da transformação, sem a qual a incursão no mundo íntimo pode estacionar em mera atitude de devassar a subconsciência sem propósitos de mudança para melhor. O Espiritismo é inesgotável manancial no alcance desse objetivo. Seu conteúdo moral é autêntico celeiro de rotas para quantos desejam assumir o compromisso de sua transformação pessoal com segurança e equilíbrio. Sem psicologismo ou atitudes de superfície, a Doutrina Espírita é um tratado de crescimento integral que esquadrinha os vários níveis existenciais do ser na ótica imortalista.

Nem sempre, porém, verifica-se tanta clareza de raciocínios entre os espíritas acerca dessa questão. Conceitos mal formulados sobre o que seja a renovação interior têm levado muitos corações sinceros a algumas atitudes de puritanismo e moralismo, que não correspondem ao lídimo transformador da personalidade, em direção aos valores capazes de solidificar a paz, a saúde e a liberdade na vida das criaturas. Por esse motivo, será imperioso que as agremiações do mundo, erguidas em nome do Espiritismo ou aquelas outras que expandam a luz da espiritualização entre os homens, investiguem melhores noções sobre a ética da transformação, a fim de oferecer a seu profitentes uma base mais cristalina sobre os caminhos e percalços no serviço da iluminação de si mesmo.

A prática especial e meta fundamental dos ensinos dos bons Espíritos são a melhora da humanidade, a formação do homem de bem. O Espiritismo, em verdade, está nos elos que criamos, uns com os outros, e que passam a fazer parte da personalidade nova que estamos esculpindo com o buril da educação. Os “ritos” ou práticas doutrinárias são recursos didáticos para o aprendizado do amor – finalidade maior de nossa causa. Na falta do amor, as práticas perdem seu sentido divino e primordial.

Em face dessas reflexões, evidencias-se a urgência da edificação de laços de afetos nos grupamentos humanos, no intuito de fixarmos na intimidade as mensagens do Evangelho e do bem universal. Afeto é a seiva vitalizadora dos processos relacionais e o construtor de sentidos nobres para a existência dos homens.

O autoconhecimento, através das luzes de imortalidade que se espera dos fundamentos espíritas, é um mapa de como chegar ao “eu verdadeiro”, a consciência. Todavia, essa viagem não pode ser feita somente com o mapa, necessita de suprimentos morais preventivos e fortalecedores, necessita de uma ética de paz consigo próprio.

Somente se conhecer não basta, é necessário um intenso labor de autoaceitação para não sairmos nas garras de perigosas ameaças nessa “viagem de retorno a Deus”, cujas mais conhecidas são a culpa, a autopunição e a baixa autoestima, as quais estabelecem o clima psicológico do martírio. É preciso uma ética que assegure a transformação pessoal um resultado libertador de saúde e harmonia interior. Tomar posse da verdade sobre si mesmo é um ato muito doloroso para a maioria das criaturas.

À guisa de sugestões maleáveis, consideremos alguns comportamentos que serão efetivos roteiros de combate, vigília e treinamento para instauração das linhas éticas no processo autotransformador:

* Postura de aprendiz – jamais perder o vistoso interesse em buscar o novo, o desconhecido. Sempre há algo para aprender e conceitos a reciclar. A postura de aprendiz se traduz no ato da curiosidade incessante, que brota da alma como sendo a sede de entender o Universo e nossa parte “dança dos ritmos cósmicos”. Romper os preconceitos e fugir do estado doentio da autossuficiência.

* Observação de si mesmo – é o estudo atento de nosso mundo subjetivo, o conhecimento das nossas emoções, o não julgamento e a autoavaliação constante. Tendemos a avaliar o próximo e esquecer o serviço que nos compete, no entanto, relembremos que perante a imortalidade só responderemos por nós, no que tange ao serviço de edificação dos princípios do bem na intimidade.

* Renúncia – a mudança íntima exige uma seletividade social dos ambientes e costumes, em razão dos estímulos que produzem reflexos no mundo mental. No entanto, a renúncia deve ampliar-se também ao terreno das opiniões pessoais e valores institucionais para os quais, frequentemente, o orgulho nos ilude.

* Aceitação da sombra – sem aceitação da nossa realidade presente, poderemos instaurar um regime de cobranças injustas e intermináveis conosco e posteriormente como os outros. A mudança para a melhor não implica em destruir o que fomos, mas dar nova direção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros.

* Autoperdão – a aceitação, para ser plena, precisa do perdão. Recomeço é a palavra de ordem nos serviços de transformação pessoal. Sem ela o sofrimento e a flagelação poderão estipular provas dolorosas para a alma. É uma postura de perdão às faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais.

* Cumplicidade com a decisão de crescer – o objetivo da renovação espiritual é gradativo e exige devoção. Não é serviço para fim de semana durante a nossa presença às tarefas do bem, mas serviço continuado a cada instante da nossa vida, onde estivermos. Somente assumindo com muita seriedade esse desafio o levaremos avante. Imprescindível a atitude de comprometimento com a meta de crescimento que assumimos. Somos egressos de experiências frustradas no desafio do aperfeiçoamento pessoal, portanto, muito facilmente somos atraídos para ilusões variadas. Somente com muita severidade e muita disciplina construiremos o homem novo e almejado.

* Vigilância – é a atitude de cuidar da vida mental. Cultivar o hábito de higiene dos pensamentos, da meditação no conhecimento de si, da absorção de nutrição mental digna nas boas leituras, conversas, diversões e ações sociais. Vigilância é a postura da mente alerta, ativa, sempre voltada a ideais enriquecedores.

* Oração – é a terapia da mente. Sem oração dificilmente recolheremos os germens divinos do bem que constituem as correntes de energia superior da vida. Através dela, igualmente, despertamos na intimidade forças nobres que se encontram adormecidas ou sufocadas pelos nossos descuidos de cada dia.

* Tolerância – toda evolução é concretizada na tolerância. Deus é tolerância. Há tempo para tudo e tudo tem seu momento. Os objetivos da melhoria requerem essa complacência conosco para que haja mais resultados satisfatórios. Complacência não significa conivência ou conformismo, mas caridade com nossos esforços.

* Amor incondicional – aprender o autoamor é o maior desafio de quem assume o compromisso da reforma íntima, porque a tendência humana é desgostar de sua história de evolução, quem toma consciência do ponto em que se encontra ante os estatutos universais da lei divina. Sem autoamor a reforma íntima reduz-se a “tortura íntima”. Aprender a gostar de si mesmo,independente do que fizemos no passado e do que queremos ser no futuro, é estima a si próprio, o estado interior de júbilo com nosso retorno lento, porém gradativo, para uma identificação plena com o pai.

* Socialização – seu interesse pessoal é o grande adversário de nosso progresso, então a ação em grupos de educação espiritual será excelente meditação contra o personalismo e a vaidade. Destaquemos assim o valor das tarefas doutrinárias regadas de afetividade e siso moral. São treinamentos na aquisição de novos impulsos.

* Caridade – se socializar pode imprimir novos impulsos e reflexões no terreno da vida mental, a caridade é o “dínamo de sentimentos nobres” que secundaram o processo socializador, levando-o ao nível de abençoada escola do afeto e revitalização dos ensinamentos espíritas.

* * *

Conviveremos bem com os outros na proporção em que estivermos bem conosco mesmo. A adoção de uma ética de paz, no transcorrer da metamorfose de nós próprios, será medida salutar no alcance das metas que almejamos, ao tempo em que constituirá garantia de bem-estar e motivação para a continuidade do processo.

O exercício de negar a si mesmo não inclui o descuido ou o descrédito pessoal, confundindo a sombra que precisamos reciclar com necessidades pessoais que não devemos desprezar, para o bem-estar e equilíbrio. Cuidemos apenas de atrelar essas necessidades de conformidade com os novos rumos que escolhemos.

Fazemos essa menção porque muitos corações queridos do ideal supõe que reformar é negar ou mesmo castigar a si, quando o objetivo do projeto de mudança espiritual é tornar o homem mais feliz é integrado a sua divina tarefa perante à vida.

Nos celeiros de luz dos repositórios do Evangelho, verificamos um exemplo de rara beleza e oportunidade que servirá como diretriz segura para a “despersonificação” dos servidores do Cristo na obra do amor: Ananias, o apóstolo chamado para curar o Doutor de Tarso. Quando o Mestre o chama pelo nome, o colaborador humilde, com prontidão e livre dos interesses pessoais, responde sabiamente: “Eis-me aqui, Senhor”.( ATOS DOS APÓSTOLOS, 9:10) O nome dessa virtude no dicionário cristão é disponibilidade par a ser vir e aprender , o programa ético mais completo e eficaz para quantos desejam a autoiluminação.


Espirito Ermance Dufaux
Livro: Reforma Intima Sem Martirio -  Cap.2
Psicografia Wanderley S. de Oliveira


26 janeiro 2017

Suicídio Moral - Joanna de Ângelis



SUICÍDIO MORAL 


Vários são os mecanismos que desencadeiam o autocídio.

Multiplicam-se desde aqueles de natureza moral aos terríveis sofrimentos que defluem de enfermidades degenerativas e dolorosas, passando pelos dramas existenciais e torpezas do comportamento, aflições econômicas e sociais... Dentre outros, os transtornos psicológicos em forma de depressão respondem por altas cifras de desencarnações pelo suicídio.

Há, no entanto, uma forma insidiosa e traiçoeira de autodestruição, de referência ao corpo somático, que não passa de instrumento indireto para atingir o mesmo fim.

Esse cruel adversário da vida é o cultivo de idéias mórbidas e perturbadoras, que se instalam como pessimismo ou culpa, desestruturando o ser nos seus objetivos elevados.

Inicialmente surgem como pensamentos infelizes que prosseguem, fixando-se e alienando o indivíduo que foge ao convívio saudável com outras pessoas, transformando-se em conflitos destrutivos que terminam de maneira penosa, injustificável. ...

A vida física é oportunidade sublime para o crescimento íntimo e a auto-iluminação, que não pode ser exposta a esses fatores de desagregação e perda.

Da mesma forma, o hábito doentio de entregar-se aos vícios, sejam quais forem, desde aqueles que criam dependência química ou os que se fazem compromissos morais devastadores, culminando no esfacelamento das forças com o conseqüente fenômeno da desencarnação.

O corpo é instrumento da Vida com finalidades específicas, que deve ser preservado a qualquer preço. A partir dos hábitos saudáveis de higiene até aos do trabalho dignificante em favor da sua manutenção, a fim de mantê-lo em equilíbrio conforme os costumes da sociedade, apresenta-se a necessidade de oferecer-lhe auxílio para os equipamentos que o constituem, através dos contributos morais que melhormente o preservam.

Sem as disciplinas hábeis, que conservam as funções de que se constitui, facilmente degenera e sucumbe.

Sob condicionamentos infelizes e sujeição de drogas desgastantes ou vapores mentais tóxicos, a sua maquinaria desajusta-se e interrompe a marcha.

Certamente aquele que assim procede, por negligência ou indiferença, está contribuindo para a própria desencarnação, sub-repticiamente desejando-a.

É menos responsável aquele que, mediante gesto intempestivo e alucinado, atira-se no abismo do suicídio covarde, do que o indivíduo que dispõe de tempo para a reflexão e a mudança de comportamento, não obstante prosseguindo no programa de desrespeito à vida conforme se entrega.

...

Nada justifica o ato insano do autocídio.

A noite tempestuosa de hoje sempre cede lugar ao dia claro e risonho de amanhã.

Dor é instrumento de reflexão e análise de como se está vivendo, enquanto que os acidentes e incidentes sociais e morais são chamados de atenção de que dispõe a Vida para o auto-aprimoramento do ser.

Tem paciência, pois, em qualquer situação em que te encontres, e aguarda a Divina Providência.

Coisa alguma acontece fora das Leis Cósmicas e das necessidades de evolução.

Não poucas vezes, quando algo negativo ou perturbador, em forma de desar ou enfermidade, chega-te, afligindo-te, e a Vida chamando-te à reflexão em torno daquilo que necessita ser corrigido e deves averiguá-lo para logo o fazer.

Preserva o teu corpo, preparando-o para servir-te de domicílio pelo período mais largo possível, a fim de que, ao desencarnares, não te dês conta de que te encontras entre aqueles que chegaram à Pátria espiritual antes da hora, pelo nefando instrumento do suicídio indireto.

Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 26 de junho de 2002, na reunião do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


25 janeiro 2017

Alineação Mental - Inácio Ferreira

(Foto cidade de Santos/SP)

ALIENAÇÃO MENTAL


Na excelente obra intitulada “No Mundo Maior”, logo no capítulo 2 – “A Preleção de Eusébio” –, vamos nos deparar com as atualíssimas palavras do referido Instrutor, alertando, há 70 anos, para o grave problema da alienação mental, que, de fato, a Humanidade parece estar acometida, diante da violência e dos comportamentos agressivos que, mesmo nos países mais civilizados, se espalham entre os homens.

“Existe, porém – alerta-nos o Instrutor –, nova ameaça ao domicílio terrestre: o profundo desequilíbrio, a desarmonia generalizada, as moléstias da alma que se ingerem, sutis, solapando-vos a estabilidade.

Vossos caminhos não parecem percorridos por seres conscientes, mas semelham-se a estranha veredas, ao longo das quais tripudiam duendes alucinados.

(...) Esse hiante vórtice, meus irmãos, é o da alienação mental, que não nos desintegra só os patrimônios celulares da vida física, senão também nos atinge o tecido sutil da alma, invadindo-nos o cerne do corpo perispiritual.” Realmente, a falta de equilíbrio emocional, tangenciando a loucura, parece se generalizar, não apenas nas demonstrações coletivas de insanidade, que poderiam ser atos de loucura isolados, mas, principalmente, nas ações individuais, cometidas, no cotidiano, por pessoas aparentemente saudáveis.

Eis alguns exemplos:

- o vandalismo contra a Natureza,

- a depredação do patrimônio público,

- a violência no trânsito,

- a corrupção generalizada,

- o comportamento suicida dos jovens...

Claro que, felizmente, quando nos referimos ao comportamento suicida dos jovens, existem exceções, tanto quanto nos outros itens que acima elencamos – não obstante, deveras, é alarmante, a situação de precariedade espiritual que a Humanidade atravessa.

Agora, recentemente, em Portugal, um incêndio criminoso que, praticamente, se generalizou, destruiu boa parte de suas reservas florestais.

Aqui no Brasil, durante as Olímpiadas, sem nenhum propósito de crítica destrutiva, dois jovens atletas norte-americanos, forjaram um assalto para ocultarem os atos de barbárie que, sem mais nem menos, praticaram num posto de gasolina.

Nos Estados Unidos da América do Norte, com a população quase toda armada, quando a quando, alguém ensandecido invade uma repartição publica e pratica assassinatos em série.

No Brasil, um idoso de mais de 80 anos, dentro de um ônibus, sem qualquer motivo aparente, atirou num rapaz e esfaqueou outro que desmaiara – ambos desencarnaram.

No Japão, dias atrás, um homem, armado de faca, invadiu um hospital e assassinou dezenove pessoas.

Aqui, em Uberaba, até então, pacata cidade do interior mineiro, numa briga envolvendo gangs de traficantes, em plena via pública, de populoso bairro, um rapaz foi morto a tiros de metralhadora e as casas dos moradores vizinhos ficaram crivadas de projéteis.

O homem, com facilidade, está a se transfigurar em fera, e, realmente, exteriorizando o seu preocupante estado de alienação mental, a manifestar-se, de inesperado, não apenas nos “homens-bomba” do terrorismo islâmico, mas, repetimos, em seu comportamento diário, inclusive, dentro de sua própria casa.

E assim, por exemplo, num país como a Itália, na qual anda faltando médico pediatra para cuidar das crianças refugiadas, que, abandonadas, vagam, pelas ruas das grandes cidades, há de faltar psiquiatras para cuidar de tanta gente louca, quando, inclusive, eles próprios, os psiquiatras, em bom número, demonstram estar carecendo de tratamento.

A Humanidade, quase no final da segunda década deste Terceiro Milênio, está se vendo diante de um impasse: ou, realmente, se volta para as lições de Jesus, o Divino Médico das Almas – mas não para o Cristo que os pastores evangélicos andam pregando em seus templos na loucura do enriquecimento ilícito! –, ou, infelizmente, veremos a Terra transformar-se em maior nosocômio do que ela já se revela.

Os encarnados, que crêem na sobrevivência do espírito para além da morte do corpo carnal, nem de perto fazem ideia do número de espíritos que, quase que em completa insanidade, todos os dias aportam ao Mundo Espiritual, carecentes de tratamento psiquiátrico de profundidade, já que, infelizmente, ainda não se revelam dispostos a aceitar Jesus Cristo no coração.


Inácio Ferreira
Psicofrafia de Carlos A. Baccelli
Uberaba – MG, 5 de setembro de 2016



24 janeiro 2017

Se tivermos a caridade - Fabiano



SE TIVERMOS A CARIDADE

Filhos

Deus nos abençoe.


A obra do Cristo, hoje como ontem, é a caminhada do amor, em sérvio aos semelhantes, através de estradas em que a sombra, muitas vezes, ruge e domina.


*


Problemas, dificuldades, aflições, incompreensões, obstáculos, crises, dores, lutas e sacrifícios surgirão na senda, por desafios da construção que nos compete realizar... entretanto, para a romagem possuímos a CARIDADE, como sendo a luz inextinguível que o MESTRE nos legou.


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Tropeços aos monte repontarão do cotidiano... mas, se tivermos CARIDADE, serão removidos em silêncio, para que a harmonia se reajuste.


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Discórdias gritarão, concitando-nos a conflitos desnecessários nas trevas... entretanto, se tivermos CARIDADE, os ânimos conturbados se apaziguarão, para que a serenidade nos comande o destino.


*


Injúrias virão, a modo de serpes, insuflando no ambiente as projeções de que são portadoras... todavia, se tivermos CARIDADE, a prece virá do nosso coração à força do verbo, a fim de que se convertam em bênçãos de paz.


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Deserções inesperadas induzir-nos-ão à tristeza e ao desânimo, ante a falta de companheiros que se nos erigiam em sustentáculos da esperança... se tivermos CARIDADE, porém, o vazio da fileira será preenchido e os irmãos ausentes voltarão mais tarde para mais ampla cooperação.


*


Provas rudes cairão sobre nós, como sejam aquelas que se vinculam às consequências do passado culposo, comprometendo-nos a estabilidade de ação e conjunto... no entanto, se tivermos CARIDADE, o amor vibrará em nossas almas, desfazendo as tramas obscuras da obsessão.


*


Desentendimentos no âmbito mais íntimo de nossos ideais aparecerão, à maneira de insetos destruidores, carcomendo a plantação promissora de nossas realizações com Jesus... mas, se tivermos CARIDADE, encontraremos os recursos precisos para extirpá-los, sem que o fel da mágoa nos intoxique as fontes da fraternidade e da confiança.


*


Para todas as proposições da vida, onde a vida nos apresente um enigma a resolver, ligados às exigências de nossa tarefa e melhoria, aperfeiçoamento e elevação, recordemos a sublime condicional:

SE TIVERMOS A CARIDADE...



Fabiano
De “Caridade”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos