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31 outubro 2016

Deus interfere em nossa vida? - Richard Simonetti



DEUS INTERFERE EM NOSSA VIDA?

Deus é imparcial. Há quem imagine que os espíritos, os santos, Deus, Jesus, etc., interferem no resultado de uma competição esportiva, numa prova escolar, num concurso público, na disputa por uma vaga de emprego, etc. É um grande engano. Geralmente é usado o fetiche, objetos, amuletos, promessas, preces repetitivas ou ações que acreditamos ter poderes mágicos.

Os espíritos ou santos evocados para nos ajudar podem nos influenciar inspirando ideias, mas não responderão questões numa prova, eles apenas poderão ajudar no sentido de favorecer um ambiente saudável e a estabilidade psíquica, algo muito importante numa competição, para que a pessoa se lembre da matéria que estudou. Então, o peso maior será sempre o da competência, envolvendo habilidade, conhecimento, estudo.

Por exemplo: Oscar, o maior jogador de basquete do Brasil em todos os tempos, fazia arremessos tão certeiros, com tão alto índice de aproveitamento, que é chamado de “mão santa”. Haverá algum protetor espiritual fazendo santa a sua mão? Negativo! É fruto do esforço! Por isso, pedir nas orações sucesso, uma vida melhor, como fruto de dádivas divinas, sem empenho de nossa parte, seria pretender que Deus tivesse preferências. Se nós, que somos infinitamente inferiores a Deus não desprivilegiamos um filho para ajudar outro, imaginemos Deus. Então, não podemos dizer que conseguimos o desejado porque rezamos mais que o outro ou dizer que não fomos bem na atividade profissional, no relacionamento amoroso, que não superamos a doença, que não conseguimos o que desejávamos, porque os espíritos ou os santos não são fortes ou não ouviram nossas preces. O que não foi forte foi a falta de empenho e perseverança em relação aos nossos objetivos, em busca do melhor. 

Por outro lado, é importante saber que os bons espíritos procuram nos ajudar, atendendo nossas orações, dando-nos condições para enfrentarmos nossas dificuldades e resolvermos nossos problemas. 

“Deus ajuda aos que se ajudam a si mesmos, e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias capacidades: AJUDA-TE, E O CÉU TE AJUDARÁ”, nesta frase, Allan Kardec quis dizer que “este é o princípio da Lei do Trabalho, e, por conseguinte, da Lei do Progresso, porque o progresso é filho do trabalho, e o trabalho coloca em ação as forças da inteligência.

Então, podemos dizer que Deus interfere em nossa vida de maneira indireta. Se fosse de maneira direta, nós ficaríamos ociosos, preguiçosos, omissos, esperando que tudo venha de mãos beijadas do Céu. Mas, se buscarmos o aprimoramento moral e intelectual; se revelarmos dedicação e responsabilidade na atividade profissional ou esportiva; se cultivarmos o otimismo e o bom ânimo; se exercitarmos a oração e a reflexão; se desenvolvermos o esforço do bem, enfim, se tudo fizermos, confiantes em Deus, estaremos habilitados ao contato com os bons Espíritos (trabalhadores de Deus na Terra) que nos ajudarão na realização de nossos anseios de felicidade e paz.


Richard Simonetti

30 outubro 2016

O céu estrelado - Léon Denis


O CÉU ESTRELADO


Um livro grandioso está aberto aos nossos olhos, e todo observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida eterna. Aí se vê que uma Vontade dispôs a ordem majestosa em que se agitam todos os destinos, se movem todas as existências, palpitam todos os corações.

Ó Alma! aprende primeiro a suprema lição que desce dos espaços sobre as frontes apreensivas. O Sol está escondido no horizonte; seus alvores de púrpura tingem ainda o céu; luz serena indica que, além, um astro se velou aos nossos olhos. A noite estende acima de nossas cabeças seu zimbório constelado de estrelas.

Nosso pensamento se recolhe e procura o segredo das coisas. Voltemo-nos para o Oriente. A Via-Láctea expande, qual imensa fita, suas miríades de estrelas, tão aconchegadas, tão longínquas, que parecem formar uma contínua massa. Por toda parte, à medida que a noite se torna mais densa, outras estrelas aparecem, outros planetas se acendem qual se fossem lâmpadas suspensas no santuário divino. Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam os seus raios de prata; impressionam-nos a distância, e nos falam uma linguagem muda.

Eles não brilham todos com o mesmo fulgor: a potente Sírius não se pode comparar à longínqua Capela. Suas vibrações gastaram séculos a chegar até o nosso olhar, e cada um de seus raios vale por um cântico, uma verdadeira melodia de luz, uma voz penetrante. Esses cânticos se resumem assim: "Nós também somos focos de vida, de sofrimento, de evolução. Almas, aos milhares, cumprem, em nós, destinos semelhantes aos vossos."

Entretanto, todos não têm a mesma linguagem, porque uns são moradas de paz e de felicidade, e outros, mundos de luta, de expiação, de reparação pela dor. Uns parecem dizer: Eu te conheci, Alma humana, Alma terrestre; eu te conheci e hei de te tornar a ver! Eu te abriguei em meu seio outrora, e tu voltarás a mim. Eu te espero, para, por tua vez, guiares os seres que se agitam em minha superfície!

E depois, mais longe ainda, essa estrela que parece perdida no fundo dos abismos do céu e cuja luz trêmula é apenas perceptível, essa estrela nos dirá: Eu sei que tu passarás pelas terras que formam meu cortejo, e que eu inundo com os meus raios; eu sei que tu aí sofrerás e te tornarás melhor. Apressa a tua ascensão. Eu serei e sou já para contigo uma vera amiga, porque até mim chegou o teu apelo, tua interrogação, tua prece a Deus.

Assim, todas as estrelas nos cantam seu poema de vida e amor, todas nos fazem ouvir uma evocação poderosa do passado ou do futuro. Elas são as “moradas” de nosso Pai, os estádios, os marcos soberbos das estrelas do Infinito, e nós aí passaremos, aí viveremos todos para entrar um dia na luz eterna e divina.

Espaços e mundos! que maravilhas nos reservais? Imensidades sidéreas, profundezas sem limites, dais a impressão da majestade divina. Em vós, por toda parte e sempre, está a harmonia, o esplendor, a beleza! Diante de vós, todos os orgulhos caem, todas as vanglórias se desvanecem. Aqui, percorrendo suas órbitas imensas, estão astros de fogo perto dos quais o nosso Sol não é mais que simples facho. Cada um deles arrasta em seu séquito um imponente cortejo de esferas que são outros tantos teatros da evolução. Ali, e assim na Terra, seres sensíveis vivem, amam, choram. Suas provações e suas lutas comuns criam entre si laços de afeto que crescerão pouco a pouco. E é assim que as Almas começam a sentir os primeiros eflúvios desse amor que Deus quer dar a conhecer a todos. Mais longe, no insondável abismo, movem-se mundos maravilhosos, habitados por Almas puras, que conheceram o sofrimento, o sacrifício, e chegaram aos cimos da perfeição; Almas que contemplam Deus em sua glória, e vão, sem jamais cansar, de astro em astro, de sistema em sistema, levar os apelos divinos.

Todas essas estrelas parecem sorrir, qual se fossem amigas esquecidas. Seus mistérios nos atraem. Sentimos que são a herança que Deus nos reserva. Mais tarde, nos séculos futuros, conheceremos essas maravilhas que nosso pensamento apenas toca. Percorreremos esse infinito que a palavra não pode descrever em uma linguagem limitada.

Há, sem dúvida, nessa ascensão, degraus que não podemos contar, tão numerosos são; mas nossos guias nos ajudarão a subi-los, ensinando-nos a soletrar as letras de ouro e de fogo, a divina linguagem da luz e do amor. Então o tempo não terá mais medida para nós. As distâncias não mais existirão. Não pensaremos mais nos caminhos obscuros, tortuosos, escarpados, que seguimos no passado, e aspiraremos às alegrias serenas dos seres que nos tiverem precedido e que traçam, por meio de jorros de luz, nossos caminhos sem fim. Os mundos em que houvermos vivido terão passado; não serão mais que poeira e detritos; mas nós guardaremos a deliciosa impressão das venturas colhidas em suas superfícies, das efusões do coração que começaram a unir-nos a outras almas irmãs. Conservaremos a muito cara e dolorosa lembrança dos males partilhados, e não seremos mais separados daqueles que tivermos amado, porque os laços são entre as Almas os mesmos que entre as estrelas. Através dos séculos e dos lugares celestes, subiremos juntos para Deus, o grande foco de amor que atrai todas as criaturas!

Léon Denis
Obra: O Grande Enigma

29 outubro 2016

Fraterna convocação - Inácio Ferreira

 
FRATERNA CONVOCAÇÃO

O Espiritismo, em sua característica progressiva, necessita avançar, mesmo porque, a menos que queira se nivelar às doutrinas secularmente estacionárias, não lhe sobra alternativa.

Avançar, sem perder, é claro, a sua condição de Consolador, pois, sem o Evangelho, ele será apenas e tão somente um repositório de belas elucidações de natureza filosófica.

Mais do que conhecer, o homem carece de amar.

A Humanidade, nos tempos atuais, está a revelar o que o progresso material, por si só, pode representar para ela no que tange ao perigo de autodestruição.

Neste sentido, endereçamos fraterna convocação aos adeptos espíritas de mente arejada, que não se prendem a dogmas e ortodoxias. A Codificação Espírita, que se complementa nas obras mediúnicas da lavra de Chico Xavier, carece de prosseguir se desdobrando, estabelecendo conexões, sobretudo, com a Ciência.

A expressão atribuída a Kardec de que o Espiritismo haverá de ser científico, ou não sobreviverá, não precisa ser de sua lavra para ser autêntica.

Na Introdução de “O Livro dos Espíritos”, porém, ele consignou com meridiana clareza que “o Espiritismo é a ciência do Infinito”.

Mais do que médiuns na psicografia de obras que, em geral, apenas reafirmam os seus Princípios Básicos, a Doutrina está necessitando de estudiosos e pesquisadores, enfim, de pensadores encarnados que lhe ampliem os conceitos.

O Espiritismo, em seu aspecto científico, com uma ou outra exceção, não está se desenvolvendo por obra de seus seguidores. Os “construtores” da Doutrina, em pequeníssimo número, estão sendo sufocados apenas pelos que sabem implodir o acanhado esforço dos que estão procurando algo acrescentar ao seu magnífico edifício.

Não é lícito que os encarnados permaneçam na expectativa de que toda a Revelação provenha dos desencarnados.

Carecemos de incentivar, em nossos Centros, maior diálogo em torno dos postulados doutrinários, não deixando que esses mesmos Centros percam a sua característica de escola.

O Movimento Espírita de difusão da Mensagem da Terceira Revelação, igualmente, precisa ser Movimento de Expansão do Pensamento Espirita em si mesmo.

Muitas perguntas permanecem sem respostas.

Pior: muitas perguntas sequer têm sido formuladas com receio das respostas que, para elas, possam ser obtidas.

André Luiz, através de Chico Xavier, disse que “a ortodoxia no mundo costuma ser o cadáver da Revelação”.

Não estamos, convém repetir, desconsiderando o valor da Mensagem Espírita, que, sobretudo, nos exorta à renovação íntima. Porém, até o presente momento, as pesquisas, por exemplo, sobre Reencarnação e Mediunidade, têm se mostrado excessivamente tímidas.

Os críticos de Doutrina agem movidos pelo “achismo” – opiniões pessoais que, não raro, ocultam intenções menores, esquecidos de que a Verdade não pode ser tomada de assalto.

Estamos, todavia, esperançosos na nova geração de espíritas, que, a pouco e pouco, naturalmente, há de substituir os que tendem à igrejificação do Espiritismo, com pretensão a seus “bispos” e “cardeais”.

Convocamos, pois, a todos os irmãos e irmãs de boa vontade, sem comprometimento com políticas doutrinárias de bastidores, a que nos unamos pela libertação do Pensamento Espírita, não consentindo na sua elitização e, muito menos, no “controle pessoal” que alguns encarnados querem ter sobre ele, esquecidos de que o “espírito sopra onde quer”!...

Inácio Ferreira
Psicografia de Carlos A. Baccelli

28 outubro 2016

Condão do Passe - Miramez

 

CONDÃO DO PASSE

O passe é uma transfusão fácil de fluidos de uma pessoa para outra. No entanto, requer do doador, no caso de tratamento, o dom de curar e a disciplina das emoções, a educação da mente e o amor mais acentuado às criaturas. Os pensamentos desordenados desajustam o psiquismo e adelgaçam todo o mundo orgânico, com propensão a variados tipos de enfermidades. O operador magnético poderá restabelecer o doente impondo-lhe as mãos, auxiliando-o com os olhos, sob o controle da mente educada e da palavra serena.

Viajando nos caminhos evangélicos, encontramos cenas inumeráveis, tanto do Cristo como dos Seus discípulos, impondo as mãos sobre os enfermos e curando-os, falando com paralíticos e restabelecendo seus movimentos, olhando para pessoas desorientadas e desenvolvendo lhes a paz e a esperança. Jesus foi o Mestre, por excelência, nessa arte, e deixou para a humanidade esse recurso, como herança divina, e a Boa Nova como disciplinadora dessas forças benfeitoras.

A doença é excremento, de certo modo, da vitalidade. O passe multiplica a energia e faz circular o campo de força, preso por deficiência psico-mental e cármica. E para que o alívio se estabeleça ou a cura se faça, é indispensável que se associe, com o passe, a instrução espiritual, e que o paciente queira assimilar, pela fé e pelo raciocínio, os dois polos que se completam.

O baço é uma glândula de secreção interna da mais alta importância. O seu duplo armazena energias consideráveis, vindas diretamente do sol, filtradas por centros de força e acumuladas nessa bateria, que as redistribui a todo o organismo. Essa glândula tem função de reator. Transforma e multiplica o magnetismo injetado nela por hábeis passistas, como também sobrecarrega a ação do passe, quando o operador não tem consciência do trabalho ou é envolvido por fluidos inferiores.

A conjuntura do medianeiro, na inoculação magnética no enfermo, é momento sagrado, que não dispensa o respeito, a oração, a fé e a tranquilidade. Os pensamentos devem obedecer à harmonia do coração, ajudando o doente a restabelecer-se. O Cristo tocava os enfermos com o mesmo amor. No entanto, para cada doente, tinha uma energia diferente. Para atingir essa medicina espiritual, é preciso que o curador seja sábio e santo.

Mas, até chegarmos lá, devemos começar a modificar nossos pensamentos, doutrinar nossas emoções, observar a nossa palavra, procurando filtrá-las e, quando a oportunidade nos convidar para a escola da cura, tentemos com fé, pois esta transporta montanhas. Mas nunca nos esqueçamos de que a fé é mais rica quando está, positivamente, ordenada pela conduta conceituada por Jesus.

O passe é uma benção de Deus para os homens. É um recurso que todos possuímos, até certo ponto, como luz doadora de alegria. Se existem fluidos de composições variadíssimas, que atendem ao mesmo tanto de desequilíbrios, a bondade de Deus coloca em nossas mãos um tipo universal, que alivia todos os que dele fazem uso, dando-nos acesso, por injustiça, ao aprendizado maior, para que, no futuro, possamos conhecer a ciência e nos aprofundar no amor, fazendo qual o Cristo com os sofredores: “Levanta-te e anda”. Usa o condão do passe. Tu és o médico, o passe é o remédio. Deus e Cristo, a ordem é curar.

Os pensamentos desordenados desajustam o psiquismo e adelgaçam todo o mundo orgânico, com propensão a variados tipos de enfermidades.


Extraído do Livro “Horizontes da Mente” por Miramez, psicografia de João Nunes Maia, Editora Fonte Viva.


27 outubro 2016

Nova Luz - Camilo


NOVA LUZ

Galvanizados pela eloquência dos esclarecimentos do Consolador, levantamo-nos para cantar-lhe as notas de gratidão, pelo congraçamento fraternal que nos une as almas em redor da Boa Nova do Evangelho de Jesus, falando-nos de soerguimento e de progresso impostergáveis.

Eis chegada a hora de dedicarmos nosso tempo precioso aos empreendimentos necessários para que conquistemos a renovação própria, tão vastamente exaltada.

* * *

Com ingentes esforços, Maria, a cortesã equivocada pela ilusão carnal, abdica do prazer mentiroso e aviltante para alcançar paz, em plenitude de gozo, após travar contato com Jesus deixando para trás a perturbação de que fora presa, em Magdala.

Zaqueu, atormentado onzeneiro, sofrido com coração espinhado pela necessidade de paz, transforma seu roteiro conquistando as bênçãos da paz anelada, no convívio com Jesus.

A mulher aturdida do poço de Jacó, na Samaria, depois do diálogo mantido com Jesus, reergue-se para o verdadeiro sentido da vida, seguindo, então, sob a chancela da dignidade moral, em clima de paz.

Lázaro, somente depois de retornar dos panos da morte, reestrutura seu próprio caminho, vivificado pelas messes de energias que lhe ensejaram paz ao coração, desfechadas por Jesus.

José de Arimateia embrenha-se nas experiências do bem e na intensidade do amor, na sua condição de destacado príncipe, logo que sua alma foi tocada pela presença da paz que de Jesus emanava.

Inumeráveis outros lidadores dos tempos atuais, convertidos ao amor cristão e à renovação dos semelhantes, deixaram-se envolver pela aura luminífera que se evola do Mestre Nazareno, nutrindo-se de paz, a fim de a outros pacificarem, igualmente.

* * *

Levanta-se, destarte, a imperiosa necessidade de modificares a conduta, teu proceder, utilizando-te do aprendizado que o Espiritismo faculta, penetrando a vida do Evangelho, transfazendo a pauta cotidiana, tendo a paz necessária para as reflexões maduras, certo de que Jesus Cristo em tua jornada torna-se o Sol excelente a aquecer-te a vida, entendendo que, com Ele, a Doutrina Espírita se te fará ponte levadiça para a imortalidade grandiosa, significando uma nova luz mantendo teus passos com firmeza no vigoroso ideal que te valoriza os dias na Terra.


Camilo
Psicografia de Raul Teixeira, em 30 de setembro de 1984, na Sociedade Espírita Renovação.

26 outubro 2016

Erraticidade - Hugo Lapa


ERRATICIDADE

Erraticidade é um termo que desperta muitas dúvidas nas pessoas, mas é algo simples de definir. Erraticidade nada mais é do que um estado espiritual, ou uma condição de existência onde os espíritos desencarnados passam durante o espaço entre uma encarnação e outra. Esses são chamados espíritos errantes, ou erráticos. A palavra erraticidade vem de “erro”, e significado o estado em que os espíritos cometem um número maior ou menor de erros, sem compreender a sua natureza espiritual e a natureza do mundo dos espíritos.

A erraticidade não deve aqui ser confundida com o umbral, nem com o estado dos espíritos extremamente inferiores. Existem espíritos errantes em todas as classes da escala espírita, exceto os espíritos puros, que já atingiram o grau máximo na imensa escada da existência universal. Neste sentido, erraticidade não implica em uma condição moral inferior, pois todos os espíritos que não atingiram ainda a perfeição podem ser considerados erráticos. Muito embora, o termo erraticidade tenha sido aplicado a espíritos que ficam meio “perdidos” no mundo dos espíritos e que podem permanecer longos períodos em sofrimento pelo desconhecimento de sua nova condição.

Kardec diz o seguinte sobre a erraticidade: “Estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas existências corpóreas. A erraticidade não é um sinal absoluto de inferioridade para os Espíritos. Há Espíritos errantes de todas as classes, salvo os da primeira ordem ou puros Espíritos, que não tendo mais que sofrer encarnação, não podem ser considerados como errantes. Os Espíritos errantes são felizes ou desgraçados segundo o grau de sua purificação. É nesse estado que o Espírito, tendo despido o véu material do corpo, reconhece suas existências anteriores e os erros que o afastam da perfeição e da felicidade infinita. É então, igualmente, que ele escolhe novas provas, a fim de avançar mais depressa”.

Assim como é no mundo corpóreo, a erraticidade está carregada de espíritos que se agrupam com simpatias e vibrações em comum e formam centros de convivência. Nas obras de Chico Xavier, esses centros de convivência foram chamados de “Colônias Espirituais”. Ao contrário do que alguns pensam, os espíritos não ficam vagando fora do tempo e do espaço, mas se reúnem em espaços coletivos a fim de interagirem.


Hugo Lapa


25 outubro 2016

"Vencer na vida" e os fascínios utópicos - Jorge Hessen

 
“VENCER NA VIDA” E OS FASCÍNIOS UTÓPICOS


Na sociedade o “vencer na vida” é relativo; todos poderiam “vencer”, se se entendessem convenientemente, porque o verdadeiro “vencer na vida” consiste em cada um empregar o seu tempo como lhe apraza, e não na execução de trabalhos pelos quais nenhum gosto sinta. “Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba.” [1]

É evidente que não é natural a “desigualdade extrema” na sociedade. É obra de alguns homens e não de Deus. Mas essa “desigualdade extrema” desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Permanecerá porém a desigualdade do merecimento , pois que a cada um segundo seus méritos, como proferiu Jesus.” [2]

Sobre isso, li com atenção o depoimento de Fernanda Orsomarzo, uma juíza de direito do Tribunal de Justiça do Paraná, afirmando que “ralou duro” para ser Juíza de Direito. Chegou a estudar 12 horas por dia, abdicou de festas, passou feriados em frente aos livros. Sim, muito esforço pessoal.[3] Seria hipocrisia afirmar que se tornou juíza por méritos pessoais. Justifica que tudo lhe foi favorável, pois nasceu “branca”, era da classe média, estudou em escola particular, frequentou cursos de inglês e informática, teve acesso a filmes e livros. Contou com pais presentes e preocupados com a sua formação. Jamais faltou o seu café da manhã, almoço e jantar. Nunca se preocupou com merenda ou material escolar.

Não obstante seu esforço individual, no entanto, afiança que nada conquistaria sem as inúmeras oportunidades proporcionadas pelo fato de ter nascida “branca”e no seio de uma família de classe média bem estruturada. Justifica não ter mérito porque na competição em busca do “vencer na vida”, teve todas as vantagens desde que nasceu. Por isso, segundo afirma, não é justo ser exigido que alguém que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição (“vencer na vida”)em iguais condições.

Alega que o discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. Segundo Orsomarzo, a meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social.

Em que pese Fernanda ter um discurso charmoso, talvez resvale para uma ideologia capciosa. Sob o ponto de vista espírita não anuímos com a sua arenga. Observemos o seguinte cenário: abre-se vaga para médico, através de um concurso público (confiável). Poderão se inscrever os que satisfazem as exigências legais. Apresentam-se dois candidatos. O primeiro é filho de um professor, estudou em uma faculdade “de ponta”, teve no lar todos os estímulos para estudar todos os livros necessários e nunca precisou trabalhar. O segundo candidato é órfão de pai desde criança. Sua mãe é uma diarista, criou cinco filhos com enormes dificuldades. Esse candidato não teve muito tempo para estudar; sem livros, tendo que trabalhar desde cedo, estudando à noite em uma faculdade “fuleira”, pouca alimentação etc.

Pergunta-se: qual deles dois, considerando-se que possuem a mesma inteligência e se prepararam para o concurso, está, teoricamente, em melhores condições de vencer a disputa? Obviamente, o primeiro candidato.

Para os espíritas a meritocracia faz sentido a partir de uma abordagem reencarnacionista, e torna justa a lei de Deus. As nossas encarnações são construídas segundo duas variantes: a necessidade evolutiva e os resultados de nossas ações de vidas pregressas.

O primeiro candidato (filho do professor) pode ter sido um filho de lavadeira em reencarnação anterior, e que, superando todos os obstáculos, fez o melhor que pôde, adquirindo merecimentos, que lhe são considerados na existência atual. O segundo candidato (filho da lavadeira) talvez tenha sido um filho de professor no passado, que tendo recebido todas as facilidades em existência hipotética, desconsiderou-as, levando uma vida de ócio ou devassidão. Retorna, pela reencarnação, ao cenário da Terra, com dificuldades redentoras para, através da vida custosa, reeducar-se perante si mesmo. E assim a justiça se faz e o princípio do mérito torna-se aplicável às diferentes situações da vida.

Meritocracia (do latim meritum, “mérito”, e do sufixo cracia, “poder”) indica posições ou colocações conseguidas por mérito pessoal. É comum se fazer referência à meritocracia espírita, designada por Kardec como aristocracia intelecto-moral, desmerecendo-a por analogia à meritocracia vigente. A meritocracia espírita é fundamentada nas conquistas morais do Espírito encarnado. Os conceitos do Espiritismo defendem a meritocracia do ideário liberal, a liberdade individual e quem pugna por esses valores não deve ser tido como um reacionário.

O princípio da improfícua ideologia igualitária sempre fascinou a mente revoltosa, porque parece ser mais “justa”, e atender melhor à parte mais “desprotegida” da sociedade. Irrisão! Essa ideologia carrega consigo uma mancha execrável. Não é capaz de respeitar o que é inerente ao ser humano, que é o livre arbítrio individual. Como não conseguirá jamais se estabelecer com a concordância dos cidadãos, precisa se impor à força para que os “mais iguais” (grupelhos autoritários e minoritários) liderem e dirijam a “liberdade” do resto da massa narcotizada e reprimida.

Seria hoje possível a “igualdade absoluta” das riquezas, por exemplo ou das oportunidades? Óbvio que não é possível. “A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres. ”[4] Há, teóricos que julgam ser a “igualitarismo” o remédio aos males da sociedade. Quase sempre tais partidário são ateus, materialistas e cultores de sistemas [coercitivos] ou interesseiros entupidos de cobiça. “Não compreendem que a “igualdade” com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das circunstâncias.

É importante sim combater o egoísmo, que é a chaga social, mas não correr atrás de quimeras utópicas.”[5]


Jorge Hessen


Referências bibliográficas:

[1] Kardec Allan. O Livro dos Espíritos , questão 812, RJ: Ed. FEB, 2000

[2] Idem, questão 806


[4] Kardec Allan. O Livro dos Espíritos , questão 811, RJ: Ed. FEB, 2000

[5] Idem inciso “a”

24 outubro 2016

Virá um dia - Bezerra de Menezes

 
VIRÁ UM DIA


Virá um dia em que a criatura humana esquecer-se-á de si mesma e, naturalmente quando chegue esse dia, que não está longe e não está perto, as criaturas humanas se abraçarão carinhosamente.

Virá um dia em que o lobo feroz beberá no mesmo regato do cordeiro.

Um dia virá em que as criaturas estreitarão os corações numa doce afetividade. Virá um dia em que o Santuário dos Espíritos agasalhará a misericórdia de Deus deixando de ser um clube para ser um altar da natureza.

Virá um dia em que nos amaremos uns aos outros com ternura e ciciaremos aos ouvidos palavras doces de encantamento.

Virá um dia em que o amor conseguirá superar o ódio e a amargura.

Filhas e filhos do coração, o Senhor convocou-nos para a implantação do Seu Reino nas paisagens lúgubres da Terra, nos lugares escusos em que a dor se homizia e a vergonha marca com sinete de fogo os corações derrotados.

Haja o que houver, amai! A honra do amor é daquele que ama. Estendei as mãos da caridade, deixai que o amor penetre pelo cérebro, desça através da voz e caminhe pela ternura das mãos, brilhando no coração como o do crucificado que, cheio de sangue, nos convidou à redenção.

Não amanhã, hoje. Não mais tarde, agora é o momento santo de ajudar.

Exultai vós que chorais. Aqui estamos aqueles que vos amamos para vos dizer, suavemente: Vinde, nós vos esperamos.

Vinde para fluirmos da mercê e ternura do Amor não amado: Vinde, e eu vos consolarei!

Filhas e filhos da alma, voltai aos vossos lares e amai ao próximo mais próximo de vós - a família. Honrai-a com os vossos beijos de carinho e amai enriquecendo de vida os que estão sedentos de amor e esfaimados de compreensão. Jesus espera por nós.

Eia, o instante azado da nossa integração no Espírito do Cristo!

Muita paz. Exoramos a Deus que a todos vos abençoe e vos abraçamos em nome dos Espíritos- espíritas que aqui estamos.

O servidor humílimo e paternal de sempre,


Bezerra

Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, ao final da Conferência Pública, proferida no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 22.9.2016.

23 outubro 2016

No além-túmulo não se maneja contas bancárias - Jorge Hessen



NO ALÉM-TÚMULO NÃO SE MANEJA CONTAS BANCÁRIAS


Sabe-se que Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, e sua esposa, Priscilla Chan, doaram US$ 95 milhões para suas duas instituições de caridade, a Chan Zuckerberg Foundation e a CZI Holdings LLC. O valor, que será investido nas áreas de saúde, tecnologia e educação, soma-se aos US$ 285 milhões já doados pelo casal e reflete uma realidade comum entre os mais ricos do mundo: a filantropia como estratégia empresarial. [1] Para Stephen Kanitz a doação ou investimento que os bilionários fazem para a filantropia é uma alternativa de propaganda para as empresas que querem causar o máximo de impacto junto à opinião pública com poucos recursos. Em que pese ser presumível tal tática, não se pode ignorar que é uma estratégia elogiável e imprescindível.

O investidor bilionário George Soros declarou em um artigo publicado no jornal norte-americano Wall Street Journal que irá investir 500 milhões de dólares para ajudar a atender as necessidades de imigrantes e refugiados. [2]  Bill Gates, cofundador da Microsoft, já doou US$ 31 bihões para sua instituição de caridade, a Bill & Melinda Gates Foundation, que beneficia movimentos pela redução da fome, pobreza e doença. Gates e Warren Buffett criaram, há seis anos, a Giving Pledge (“Promessa de Doação” em uma tradução livre”) que incentivou mais de 190 bilionários a doarem pelo menos metade de sua fortuna, em vida ou na morte.

Larry Ellison, fundador da Oracle, criou em 1997 a Ellison Medical Foundation, que se dedica à investigação da biomedicina e melhorias de vida à população mundial. Ellison também se comprometeu a doar toda sua riqueza para a caridade. Carlos Slim Helu, dono da Telecom, já investiu mais de US$ 100 milhões em conservação ambiental no México, doou US$ 4 milhões para educação e também ofereceu um programa para que mexicanos fizessem pós-graduação na Universidade George Washington.

Michael Bloomberg, investiu US$ 53 milhões em um programa para recuperar a população de peixes no Brasil, Filipinas e Chile. A tradição da filantropia americana vem de longe. Cremos que Andrew Carnegie seja seu maior ícone e, de certo modo, definidor conceitual. Imigrante pobre, Carnegie fez fortuna na siderurgia americana, na segunda metade do século XIX. Em 1901, aos 66 anos, vendeu suas indústrias ao banqueiro J.P. Morgan e tornou-se o maior filantropo americano. Uma de suas tantas proezas, não certamente a maior, foi construir mais de 3 mil bibliotecas nos Estados Unidos. Em 1889, escreveu o artigo “The Gospel of Weath”, defendendo que os ricos deveriam viver com comedimento e tirar da cabeça a ideia de legar sua fortuna aos filhos. Melhor seria doar o dinheiro para alguma causa, ou várias delas, à sua escolha, ainda em vida. [3]

Alwaleed Bin Talal Al-Saud, príncipe da Arábia Saudita, é um dos homens mais ricos do mundo, pretende doar toda sua fortuna para causas filantrópicas. Em um comunicado em seu site, Al-Saud afirma que busca construir um mundo com mais tolerância, aceitação, igualdade e oportunidade para todos. O dinheiro vai para a Alwaleed Philanthropies, que tem parceria com a Bill & Amp; Melinda Gates Foundation, Carter Center e Weill Cornell Medical College, para reforçar os cuidados de saúde e de controle de epidemias pelo mundo. [4]

Jorge Paulo Lemann, considerado pela Revista Forbes o homem mais rico do Brasil, segue o mesmo discurso de Bill Gates de direcionar parte de sua fortuna a projetos sociais. Por meio da Fundação Lemann, investe na melhoria da educação no Brasil, oferecendo bolsas de estudo no exterior para talentos brasileiros e cursos para secretários municipais de educação, diretores e professores de escola pública.

Para os endinheirados, digamos, mais avarentos, brasileiros ou estrangeiros, segue aqui um alerta do mundo dos “mortos”. O aviso é do finado poeta Humberto de Campos: “se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós [no além-túmulo], em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque [contas bancárias].” [5]

Jorge Hessen
Brasília-DF

Referências:





[5] Xavier, Francisco Cândido. Cartas e Crônicas, ditado pelo espírito Humberto de Campos, cap. 4 “Treino para morte” Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1967

22 outubro 2016

Consequências espirituais do aborto - Revista Cristã de Espiritismo



CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS DO ABORTO



O QUE DIZ A MEDICINA ESPÍRITA?


As complicações clínicas advindas dos abortos provocados na esfera ginecológica são inúmeras e podem, inclusive, determinar o êxito letal da mulher. No campo psicológico, são comuns os processos depressivos subseqüentes que acometem as mulheres que se submeteram à eliminação da gestação indesejada. A sensação de vazio interior, mesclada com um sentimento de culpa consciente e inconsciente, freqüentemente, determina uma acentuada baixa de vibração na psicosfera feminina.

Paralelamente, a ação do magnetismo mental do espírito expulso passará gradativamente a exacerbar a situação depressiva materna.

Como já estudamos, em muitos casos, aquele que reencarnaria como seu rebento estava sendo encaminhado para um processo de reconciliação afetiva. O véu do esquecimento do passado é que possibilitaria a reaproximação de ambos sob o mesmo teto. Com o aborto provocado, à medida que o espírito recobra a consciência, passa, nesses casos, a emitir vibrações que, pelo desagrado profundo, agirão de forma nociva na psicosfera materna. Em que pese o esforço protetor exercido pelos mentores amigos, em muitas circunstâncias se estabelece o vínculo simbiótico, mergulhando a mãe nos tristes escaninhos da psicopatologia.

Ao desencarnar, de volta ao plano espiritual, a mãe apresentará em diversos níveis, conforme o seu grau de responsabilidade, distonias energéticas que se farão representar por massas fluídicas escuras que comporão a estrutura de seu psicossoma (perispírito). Apesar de serem atendidas com os recursos e as técnicas terapêuticas existentes no mundo astral, a chaga energética, em muitos casos, se mantém, em função da gravidade e agravantes existentes.

As lesões na textura íntima do psicossoma a que nos referimos, muitas vezes, só podem ser eliminadas numa próxima encarnação de características expiatórias.

Expiação, longe de ter uma conotação punitiva, pois esse critério não existe na planificação superior, é um método de eliminação das desarmonias mais profundas para a periferia do novo corpo físico. A expiação sempre tem função regeneradora e construtiva e visa restaurar o equilíbrio energético perdido por posturas desequilibradas do passado.

As deficiências que surgirão no corpo físico feminino, pelo mecanismo expiatório, visa, em última análise, suprimir o mal, drená-lo para a periferia física. Segundo os textos evangélicos: “A cada um de acordo com as próprias obras”.

Os desajustes ocorrem inicialmente nas energias psicossomáticas do chacra genésico, implantando-se nos tecidos da própria alma as sementes que germinarão no seu novo corpo físico, em encarnação vindoura, como colheita de semeadura anterior.

RESPONSABILIDADE PATERNA


Se é verdade que a mulher se constitui no ninho onde se aconchegam os ovos, que, acalentados pelo amor, abrir-se-ão em novos filhotes da vida humana, não há como se esquecer da função paterna.

A pretensa igualdade pregada por feministas, que mais se mostram como extremistas, não permite que se enxergue pela embaciada lente do orgulho, que a mulher jamais será igual ao homem. A mulher é maravilhosamente especial para se igualar a nós homens.

Já nos referimos às complexas conseqüências para o lado materno no caso da interrupção premeditada da gestação.

Faz-se necessário, não só por uma questão de esclarecimento, mas até por justiça, estudarmos os efeitos sobre o elemento paterno que, muitas vezes, é o mentor intelectual do crime.

Desertando do compromisso assumido, ou pressionando pela força física ou mental, o homem, a quem freqüentemente a mulher se subordina para manter a sobrevivência, obriga a sua companheira a abortar. Não estamos eximindo quem quer que seja da responsabilidade, pois cada qual responde perante a lei da natureza proporcionalmente à sua participação nos atos da vida. A mãe terá sua qüota de responsabilidade, ou de valorização, devidamente codificada nos computadores do seu próprio espírito.

O homem, freqüentemente, obterá na existência próxima a colheita espinhosa da semeadura irresponsável. Seu chacra coronário ou cerebral, manipulador da indução ao ato delituoso, se desarmonizará gerando ondas de baixa freqüência e elevado comprimento ondulatório. Circuitos energéticos anômalos se formarão nesse nível, atraindo por sintonia magnética ondas de similar amplitude e freqüência, abrindo caminho à obsessão espiritual.

As emanações vibratórias doentias do seu passado, que jaziam adormecidas, pulsarão estimuladas pela postura equivocada atual e abrirão um canal anímico de acesso aos obsessores.

O chacra genésico também recebe o influxo patológico de suas atitudes, toma-se distônico e, na seguinte encarnação programa automaticamente pelos computadores perispirituais a fragilidade do aparelho reprodutor. Objetivamente, veremos moléstias testiculares e distúrbios hormonais como reflexos do seu pretérito.

Lembramos sempre que não se pode generalizar raciocínios nem padronizar efeitos, pois cada espírito tem um miliar de responsabilidades e, a cada momento, atos de amor e de crescimento interior diluem o carma construído no passado. 
 
CONSEQÜÊNCIAS PARA O ABORTADO

A especificidade de cada caso determina situações absolutamente individuais no que se refere às repercussões sofridas pelo espírito eliminado de seu corpo em vias de estruturação.

Se existe na ciência do espírito uma regra fundamental que rege a lei de causa e efeito, poderíamos enunciá-la assim: A reação da natureza sempre se fará proporcional à intencionalidade da ação. Isto é, jamais poderemos afirmar que um determinado ato levará inexoravelmente a uma exata conseqüência.

Quando a responsabilidade maior da decisão coube aos encarnados, pai e ou mãe, eximindo o espírito de participação voluntária no aborto, teremos um tipo de situação a ser analisada.

O espírito, quando de nível evolutivo mais expressivo, tem reações mais moderadas e tolerantes. Muitas vezes seria ele alguém destinado a aproximar o casal, restabelecer a união ou, mesmo no futuro, servir de amparo social ou efetivo aos membros da família. Lamentará a perda de oportunidade de auxílio para aqueles que ama. Não se deixará envolver pelo ódio ou ressentimento, mesmo que o ato do aborto o tenha feito sofrer física e psiquicamente. Em muitos casos, manterá, mesmo desencarnado, tanto quanto possível, o seu trabalho de indução mental positiva sobre a mãe ou os cônjuges.

Nas situações em que o espírito se encontrava em degraus mais baixos da escada evolutiva, as reações se farão de forma mais descontrolada e, sobretudo, mais agressiva.

Espíritos destinados ao reencontro com aqueles a quem no passado foram ligados por liames desarmônicos, ao se sentirem rejeitados, devolvem na idêntica moeda o amargo fel do ressentimento.

Ao invés de se sentirem recebidos com amor, sofrem o choque emocional da indiferença ou a dor da repulsa. Ainda infantis na cronologia do desenvolvimento espiritual, passam a revidar com a perseguição aos cônjuges ou outros envolvidos na consecução do ato abortivo.

Em determinadas circunstâncias, permanecem ligados ao chacra genésico materno, induzindo consciente ou inconscientemente a profundos distúrbios ginecológicos aquela que fora destinada a ser sua mãe.

Outros, pela vampirização energética, tornam-se verdadeiros endoparasitas do organismo perispiritual, aderindo ao chacra esplênico, sugando o fluido vital materno.

As emanações maternas e paternas de remorso, de culpa ou outras que determinam o estado psicológico depressivo, abrem caminho no chacra coronário dos pais para a imantação magnética da obsessão de natureza intelectual.

A terapêutica espiritual, além da médica, reconduzirá todos os envolvidos ao equilíbrio, embora freqüentemente venha a ser longa e trabalhosa.

Há também espíritos que, pela recusa sistematicamente determinada em reencarnar, para fugir de determinadas situações, romperam os liames que os unia ao embrião. Estes terão seus débitos cármicos agravados e muitas vezes encontrarão posteriores dificuldades em reencarnar, sendo atraídos a gestações inviáveis e a pais necessitados de vivenciar a valorização da vida. No entanto, o grande remédio do tempo sempre proporcionará o amadurecimento e a revisão de posturas que serão gradativamente mais harmoniosas e, sobretudo, mais construtivas.

Todos terão oportunidade de amar. 



Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 26, páginas 06-11

21 outubro 2016

Hipertensão: a causa está no espírito - Associação Médico-Espírita (AME-PR)



HIPERTENSÃO: A CAUSA ESTÁ NO ESPÍRITO


A Doutrina Espírita afirma que a causa das nossas doenças está no espírito e as lesões do corpo físico são projeções doentias do pensamento e dos sentimentos, mais especificamente do ego, da personalidade ou máscara.

“No caso da hipertensão arte rial, do ponto de vista da Medicina puramente materialista, suas causas podem ser renais, glandulares e cardio-circulatórias, porém a mais comum é de origem desconhecida, a chamada hipertensão essencial. Mas, no paradigma espírita, a causa está no espírito”, declara Júpiter Villoz Silveira, médico endocrinologista e vice-presidente da Associação Médico-Espírita (AME) de Londrina (PR), que tratou do tema no IV Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita (Medinesp 2003), realizado em junho, em São Paulo (SP).

Júpiter lembra que o neurologista Antônio Carlos Costardi, de Taubaté (SP), autor de vários livros sobre a mente, entre eles Um condomínio chamado família, faz essa afirmação há anos. “Costardi nos diz que a hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com personalidade controladora, que, ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que, descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial”, afirma.

Para provar a tese de que todas as pessoas hipertensas têm personalidade controladora e traçar um perfil psicoespiritual do hipertenso, Júpiter convidou, este ano, aleatoriamente, pacientes hipertensos, tanto de seu consultório, como da instituição Casa do Caminho, de Londrina, que estivessem dispostos a participar do trabalho de investigação. As pessoas escolhidas foram de ambos os sexos, de 20 a 50 anos. Posteriormente, elas foram encaminhadas ao Instituto Reviver, clínica do médico Cláudio Sproesser, que trabalha com as doutoras Eliane Alves de Andrade e Marilene Moreli Padoa, onde passaram por testes em que foi avaliada a história detalhada de suas doenças e promovidos testes psicológicos. “Após anamnese detalhada e aplicação de testes como o Warteg, eles encontraram os seguintes resultados: intolerância, pessoas dominadoras e baixa auto-estima”, relata (a anamnese é a informação sobre o princípio e evolução de uma doença até a primeira observação do médico, e os testes de Warteg são avaliações psicológicas do paciente). “Entre a população avaliada, a intolerância e o comportamento dominador obtiveram um perfil de 100%. Já em relação à baixa autoestima, o índice constatado foi de 90% e o nível de estresse dessa população está numa escala altíssima”, completa Júpiter.

De acordo com Júpiter, aqueles que apresentam faixa etária acima de 40 anos e/ou aqueles que fumam, independentemente da idade, segundo a literatura médica, já estão na probabilidade da ocorrência de apresentarem ou já estarem apresentando alterações cardio-vasculares. “Mas, podemos afirmar que, independentemente do grau de cultura, a conscientização quanto à espiritualidade é fator predominante no equilíbrio da qualidade de vida do paciente”, diz.

O vice-presidente da AME-Londrina também aponta que, através dos protocolos avaliados, é possível identificar características quanto ao “eu” do indivíduo na sua afetividade, a sua ambição, sexualidade e proteção. “Pode-se notar algumas características comuns entre essas pessoas, como insegurança, busca de proteção, negação da sua individualidade, repressão da angústia, objetivos indefinidos e dificuldades quanto a sua sexualidade. Cabe ressaltar que também foram constatadas outras características distintas, sendo algumas positivas”, lembra.

Centro coronário 

Segundo André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicos-somáticas organizadas. Dele, parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.

“A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes e infelizes de sua motivação consciencial no campo do destino”, finaliza Júpiter.

“Na obra de André Luiz, fica muito claro que o espírito é o responsável, através de seus sentimentos em desequilíbro, pelas lesões perispiríticas que se traduzem como doenças no corpo físico.”


Matéria publicada na Folha Espírita em novembro de 2003


20 outubro 2016

Cuide da sua saúde - J. Raul Teixeira

 
CUIDE DA SUA SAÚDE


Nas atividades diárias, você encontra muita desatenção para com a saúde, vivida por gigantesco número de pessoas.

Observando bem, com sinceridade, talvez você mesmo esteja incurso nesse número de indivíduos que desrespeitam os recursos do corpo físico, que o Criador lhes concedeu.

Na lista das cotidianas agressões contra a saúde do corpo, você poderá deparar-se com:

- o vício do tabaco, sob todos os nomes incentivado aqui e ali;

- o vício do alcoolismo, que, empesteando lares, templos e escolas, ainda recebe o aplauso social em diversas áreas;

- o vício da gastronomia, que, costuma deformar o estômago, o corpo em geral, danificando as suas funções, sendo, não obstante, mal interpretado como "comer bem";

- o vício dos exageros de trabalho, submetendo o maquinário orgânico a excessos tais que em curto tempo dilapidam as energias somáticas, candidatando o veículo carnal a prematuro desgaste;

- o vício do demasiado lazer, que leva a pessoa a desrespeitar a lei do trabalho, atirando-se ao extremo oposto, que leva o corpo orgânico à inação, ao desgaste pela inoperância a que é relegado por aqueles que tudo entregam ou negociam por uma hora a mais no leito, ou por um feriado a mais e outras providências pró-paralisia, em nome de um contínuo cansaço;

- o vício dos regimes para emagrecer ou para engordar, sem qualquer necessidade em muitos casos, ou sem a orientação da Medicina e do Nutricionismo, provocando desastres que podem conduzir à falência do veículo corporal.

- Cuide de sua saúde, sim, sem esquecer, no entanto, que o seu corpo físico é importante bênção a serviço da sua evolução no planeta, é um bendito talento para que, bem utilizando-o, possa galgar os passos da evolução que você persegue.

Evite, então, os exageros de quaisquer tipos. Não se permita padecer carências e distúrbios orgânicos sem que procure os cuidados médicos necessários, sem cultivar, contudo, a hipocondria que estabelece a mania neurótica de doenças, bombardeando as células com os dardos da mente perturbada.

Evite o uso indiscriminado desse ou daquele medicamento, por mais apregoada esteja, considerando as reações danosas que podem provocar no seu corpo.

Cuide bem da sua saúde, com todos os cuidados que ela exige, seja do alimento de boa qualidade e da dinâmica da boa ginástica, desde os descansos necessários até os remédios bem indicados pelo facultativo. Assim, aprenda a fazer tudo o que lhe seja importante com moderação, de modo a não desperdiçar as bênçãos do corpo.

Não olvide, porém, que o seu estado mental e a sua harmonia psíquica são fundamentais para o devido acionamento dos seus recursos corporais.

Então, procure manter a sua mente alimentada por tudo o que lhe seja útil, salutar, relaxante, retirando você das tensões nervosas, dos estresses, que têm sido tão comuns na vida de hoje, provocando, com os distúrbios psicoemocionais, as disfunções somáticas, gerando enfermidades ao invés de manter a saúde.

Cuide-se, então.

Respeite esse talento bendito que o Criador lhe oferta na Terra.

Viva o seu dia-a-dia com essa visão de que você é o grande responsável por seu estado geral de doença ou de saúde, como o senhor de suas células corporais, como você sabe que é.

Meditação: Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. (Cap. XVII, item 11, segundo parágrafo, do Evangelho Segundo o Espiritismo)


Pelo Espírito Joanes
 De "Para uso diário", de J. Raul Teixeira


19 outubro 2016

Dias difíceis - Camilo




DIAS DIFÍCEIS


Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.

Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.

Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor conseguiu acumular ao longo da noite.

Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.

Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil. Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.

Encontras-te com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma.
Em tais circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a vida até um novo encontro.

São esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas, desagradas.

Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.

No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.

São dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena, desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas situações da existência.

Quando perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim, evoluas.

Não te olvides de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...

Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreende que a cada dia basta o seu mal..., tratarás de te recompor, caso tenhas te deixado ferir por tantos petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania. Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranquilidade, passando o momento difícil.

Há de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a DEUS por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.

Nos dias difíceis da tua existências, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais infeliz.

Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.

Se lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a terra se encontra engolfada.

Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos teus dias.



Mensagem Psicografada em 30.12.2002 - Raul Teixeira / Camilo
Fonte: site "Fórum Espírita"