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31 janeiro 2008

Terapia de Vidas Passadas - Victor Rebelo e Érika Silveira

Terapia de Vidas Passadas

É grande o número de pessoas que dizem ter encontrado na TVP (Terapia de Vidas Passadas) a solução que buscavam há muito tempo para medos, traumas ou dificuldade em lidar com determinadas pessoas ou situações, ou melhor, sensações de origem inexplicável na vida atual.

Mistérios que a Ciência oficial ainda busca compreender, mas que ainda está distante de aceitar que as experiências e lembranças podem ficar armazenadas para sempre nos “arquivos” do espírito. Um vasto acervo de memória guardado no cofre do tempo e que o nosso estágio evolutivo não permite, ainda, compreender tamanha complexidade.

Há estudos que mostram que no velho Egito, sacerdotes-médicos já utilizavam o desdobramento espiritual (projeção da consciência) dos enfermos pela indução magnética para que ampliassem a percepção e conseguissem atingir as causas profundas de seus males. Mas na atualidade, foi com os avanços da psicologia transpessoal, que leva em conta o aspecto espiritual do indivíduo, que a TVP – como é conhecida a Terapia de Vidas Passadas – ganhou maior força. O intercâmbio de conhecimento entre a cultura ocidental e oriental também permitiu o crescimento da terapêutica.

Das técnicas utilizadas pela psicanálise de Freud para a expansão da consciência até a regressão de memória e, posteriormente, a vidas passadas, ocorreram grandes evoluções a respeito, mas é preciso caminhar muito, ainda, para que finalmente corpo e alma entrem em plena conexão.

Embora exista maior divulgação sobre regressões obtidas por intermédio de indução terapêutica, com aplicação de técnicas que promovam estados alterados de consciência, há também aqueles que afirmam terem se recordado de fatos importantes relacionados a existências anteriores através de sonhos. Mas neste caso, vamos abordar apenas as regressões de memória promovidas por especialistas. A terapia utilizada de forma correta e séria possibilita que o paciente, durante as sessões terapêuticas, possa entrar em contato com as lembranças traumáticas que influenciam na atualidade determinados comportamentos, e conseqüentemente, consiga se libertar de padrões estabelecidos em diversas existências.
Os especialistas dizem que a TVP é indicada como um recurso importante na compreensão e superação desses desequilíbrios, mas, assim como qualquer outro tratamento, não funciona como mágica capaz de resolver os problemas de todos os pacientes. Além disso, o tratamento deve ser aplicado por profissionais capacitados e não por qualquer pessoa. É o que alerta a dra. Maria Júlia Peres, considerada a precursora da Terapia de Vidas Passadas no Brasil e fundadora do Instituto Nacional de Pesquisa e Terapia Regressiva Vivencial Peres. Ela associa a terapia cognitivo-comportamental ao uso do estado modificado de consciência, promovido pelo relaxamento físico e mental do paciente. A associação das técnicas permite um processo de auto-resolução dos conflitos interiores e uma reprogramação dos padrões mentais do paciente.

O psiquiatra e conceituado escritor norte-americano, Brian Weiss, especialista em Terapia de Vidas Passadas ressalta, também, sobre o cuidado no momento de escolher o terapeuta adequado, um que saiba diferenciar a imaginação do paciente de uma verdadeira regressão. “Recordo de um paciente que achava que tinha sido Napoleão. Ele via batalhas, uniformes e estratégias de guerra. Nós checamos e os fatos eram realmente reais, mas ele não foi Napoleão, mas um soldado de seu exército e estava, inclusive, a alguns metros dele. Como na vida atual ele era um pessoa que sentia necessidade de poder, acabou fazendo uma distorção da realidade”, relata.

Em recente visita ao Brasil para o lançamento de seu novo livro, Muitas Vidas Uma Só Alma, Brian Weiss concedeu uma entrevista exclusiva a Revista Cristã de Espiritismo.

Dr. Weiss é o autor de vários livros que bateram recordes de vendas, todos baseados em sua experiência como psiquiatra e terapeuta de vidas passadas. Formado pela Columbia University e pela Yale Medical School, Brian L. Weiss M.D. foi diretor do Departamento de Psiquiatria do Mount Sinai Medical Center em Miami.

O médico, que era cético em relação à existência da reencarnação, diz ter mudado sua visão de vida há 25 anos, após um caso de regressão com uma de suas pacientes, durante uma sessão de hipnose. O caso é relatado no livro Muitas Vidas Muitos Mestres, que se tornou recorde de vendas. A partir desse episódio, Brian Weiss passou a trabalhar com terapia de vidas passadas. Em todos esses anos de experiência, foram mais de quatro mil pacientes atendidos, além de um grande número de palestras por diversos países do mundo.

Em geral como é a visão dos americanos em relação à espiritualidade?
Brian Weiss - Está mudando, existem cada vez mais pessoas interessadas no assunto nos EUA. Esse novo conceito vai contra o movimento fundamentalista e ultra-religioso que predomina. Porque religiosidade e espiritualidade são coisas diferentes. A pessoa pode ser extremamente religiosa, mas não ser espiritualizada. Ao mesmo tempo em que cresce o número de pessoas que buscam a espiritualidade, aumenta também a influência, principalmente política, do fundamentalismo, um grupo perigoso, com uma visão fechada a respeito das coisas e que acredita ser dono da verdade. Porém, há nos EUA muitos grupos diferentes, ou seja, diversas correntes de pensamentos.

Os americanos falam sobre Espiritismo?
Sim, de certa forma, mas não como no Brasil, onde a crença é centrada na codificação de Kardec. Eles falam sobre espiritualidade, mas em âmbito mais amplo e geral, o que engloba também outras correntes espiritualistas.

A influência do Protestantismo também está crescendo nos EUA?
Sem dúvida, está crescendo. Para mim a espiritualidade está diretamente relacionada ao amor, independente da religião. A compaixão, a não-violência e a empatia podem estar presentes em qualquer tradição religiosa. Às vezes, penso que o protestantismo está tentando se tornar um só sistema, o que é perigoso demais, porque faz com que as pessoas deixem de ter a mente aberta e se tornem seguidores sem lógica.

Em sua opinião, a Ciência está próxima de provar a existência do espírito?
É difícil medir isso cientificamente, porque hoje em dia tudo é feito com testes de DNA, mas clinicamente é possível verificar um aperfeiçoamento. É fato que existem pessoas se curando de diversos problemas através das memórias de vidas passadas. Quando a pessoa consegue se recordar de uma vida passada, é seu espírito que lembra e não seu corpo, por isso seria difícil comprovar cientificamente, testando-se o cérebro e o DNA. Até agora tem se provado a existência do espírito clinicamente, mas nunca foi utilizado um exame de sangue para isso. Então, ninguém pode provar que funciona através da química cerebral, embora possa ser observada a melhora desses pacientes. É isso que a terapia de vidas passadas e a análise psíquica tem em comum. São técnicas similares que promovem a melhora ou até mesmo, o desaparecimento de sintomas físicos, medos e problemas mentais.

O senhor acredita que algum dia as escolas ensinarão aos alunos temas ligados à natureza espiritual como a reencarnação?
Hoje em dia esse é um assunto importante nos EUA. O país tem a tradição de não ensinar religião nas escolas, eles chamam isso de separação entre a Igreja e o Estado. Na minha opinião é provavelmente o melhor caminho, porque a religião está entrando nas escolas de uma forma errada. Talvez, inserir religião na escola seja uma tarefa mais complicada do que tira-la, porque muitas vezes, dirigentes ignorantes querem impor sua religião. Portanto, seria melhor deixar a religião de lado e deixar essa tarefa para os pais.

Com relação à regressão, ela pode ocorrer sem a interferência de um terapeuta?
Claro que sim, isso acontece o tempo todo. Podemos nos recordar de vidas passadas de forma detalhada por meio dos sonhos. Pode ocorrer, também, quando a pessoa viaja para algum lugar no qual nunca esteve antes e sabe onde tudo se localiza, como se já estivesse estado lá outras vezes. Então existem os sonhos, as memórias espontâneas e o “déjá vu”, expressão de origem francesa que significa “já visto”.

É aconselhável que apenas alguém formado em medicina trabalhe com terapia de vidas passadas ou um médium também atuar nesta área?
São duas coisas diferentes. O médium pode até falar sobre vidas passadas, mas é completamente diferente quando a própria pessoa experimenta e sente novamente as emoções vivenciadas no passado. Nos EUA não temos muitos médiuns, então, não são exatamente eles que fazem isso, mas podem existir pessoas que não possuem treinamento em TVP e isso atrapalha na interpretação de informações. Porque muitos fatos podem ter sentido metafórico ou serem apenas fruto da imaginação. Se o paciente apresentar algum problema psicológico mais significativo, vai precisar de um terapeuta para ajudá-lo a lidar com as emoções revividas.

Existe perigo da pessoa não voltar da hipnose adequadamente?
Eu acredito que não, porque mesmo na hipnose, o subconsciente é muito protetor e não permite que aconteça algo que a pessoa não possa lidar.

Qual foi sua intenção ao escrever o livro A Cura Através da Terapia de Vidas Passadas?
Foi para mostrar as pessoas e ao meio científico que é possível a cura dessa forma. O livro Muitas Vidas Muitos Mestres teve muita repercussão, especialmente entre a comunidade acadêmica, mas entre os psicólogos e psiquiatras houve muita crítica. Então, quis escrever um livro para mostrar que esse assunto é mais importante e sério do que parece. A obra A Cura Através da Terapia de Vidas Passadas relata vários casos de pessoas que obtiveram melhora por meio da regressão. Mostra, também, para que serve e como fazer. Minha intenção foi permitir que médicos e cientistas entendessem o que é exatamente essa terapia e que realmente existe uma sólida base clínica para isso.

Poderia citar algum caso de experiência com regressão a vidas passadas?
Existe um caso famoso sobre uma mulher nos EUA. Ela teve uma memória de uma vida passada na antiga Jerusalém e nessa vida recente, sofreu por dezessete anos com um problema severo de dor nas costas, em conseqüência de um câncer que teve. A cirurgia e os tratamentos radioativos causaram danos em suas costas. Através da lembrança de uma vida passada em Jerusalém e das referências a Jesus nessa época por meio da regressão, ela descreveu sua vida com muitos detalhes. Sua forte dor nas costas desapareceu quando se lembrou desses fatos importantes.

E seu livro mais recente, o Muitas Vidas, Uma só Alma, que além de vidas passadas também aborda vidas futuras?
O livro aborda sobre vidas passadas e o processo de cura, mas também sobre vidas futuras. Muitos dos meus pacientes passaram a penetrar no futuro espontaneamente. Eu dizia a eles: “Vá até onde está o problema” e muitas vezes eles se reportavam ao futuro, não apenas ao passado. Eu estava fazendo pesquisa a respeito de sonhos do futuro (pré-cognitivos) e descobri que muitos de meus pacientes que passaram por uma Experiência de Quase-morte desenvolveram a capacidade de sonhar com o futuro. A partir desse fato, cheguei a conclusão de que, se alguns deles, com essas Experiências Quase-morte podiam fazer isso, outros pacientes, através da hipnose, poderiam também e descobri que realmente podem. Muitos dos meus pacientes puderam se reportar não apenas a fatos futuros dessa vida, mas das próximas existências.

Mas o futuro é algo dinâmico...
O tempo só existe aqui nesse mundo. Os estudos da física quântica, por exemplo, mostram que existem dimensões paralelas. Tudo é energia.

Eu acredito que quanto mais as pessoas mudam nessa vida, mais suas vidas mudarão, porque o futuro não é fixo. É como admite a física moderna, existem muitos mundos paralelos. Então, passei a trabalhar mais com vidas futuras, porém nunca esquecendo das vidas passadas, porque ambas estão conectadas.

Poderia citar algum caso?
Eu fiz muitas pesquisas nessa área, levando indivíduos até o futuro. Posso citar o caso de um pai que estava muito preocupado com sua filha porque ela tinha leucemia. Ele “foi” ao futuro e conseguiu ver seus netos, que seriam filhos dela. Então ele sabia que sua filha iria sobreviver. Ao conseguir vislumbrar o futuro, o pai passou a sentir menos medo, se tornou mais amoroso com a filha e ela respondeu a esse estímulo e realmente obteve a cura.
Outro trabalho que fiz, ainda nesta área, foi levar grupos de pessoas em conferências a um futuro distante. Depois essas pessoas responderam a um questionário relatando suas experiências. Eu fiz isso com milhares de pessoas e chegamos a um consenso desses relatos, principalmente os que dizem respeito a mil anos à frente. Os relatos descreviam um mundo muito bonito, sem doenças, violência e com uma população menos numerosa que atualmente.

É importante ressaltar que no caso de experiências futuras trabalhamos com possibilidades e probabilidades. As pessoas enxergam o futuro mais provável, porque não podemos nos esquecer que temos livre-arbítrio, ou seja, poder de escolha que determinará nosso futuro.

Gostaria de deixa uma mensagem aos leitores da Revista Cristã de Espiritismo?
Eu estive em muitos países e acredito que o Brasil seja um dos lugares mais espiritualizados do mundo, mais até do que a Índia, que já foi bastante, mas as coisas mudaram.

Espero que os brasileiros continuem nesse caminho, porque o Brasil pode ser uma luz para o mundo nesses tempos de escuridão. É importante jamais nos esquecermos de que a alma é o que realmente importa, que nossa real natureza é espiritual e não física. Somos seres espirituais e nós vivemos nessa escola por um tempo, mas não há morte, a alma continua sempre viva.

Dr.Brian Weiss

Escrito por Victor Rebelo e Érika Silveira
Entrevista publicada na Revista Cristã de Espiritismo, ed. 39

30 janeiro 2008

Espírito, Perispírito e Desobsessão - Ney Pietro Peres

Espírito, Perispírito e Desobsessão

Possessão demoníaca, exorcismo, obsessão... Ao longo do tempo, vem sendo propagada a idéia errônea de que a violência é necessária para "expulsarmos" um espírito obsessor. Hoje, sabemos que só a terapia do amor é capaz de realizar de forma profunda a desobsessão.

Para fundamentar o nosso estudo, vamos analisar os concei­tos de espírito e de matéria inseridos no pensamento do codificador Allan Kardec.

Espírito
O espírito, originado do princípio inteligente do universo, embora de natureza não palpável, é algo que existe como individualização desse princípio. É incorpóreo e não pode ser percebido pelos nossos sentidos. Pode existir independen­temente do corpo que anima e, na sua forma, seria comparado a uma chama, um clarão, uma centelha luminosa, cuja cor pode variar do escuro ao brilho do rubi. Pode penetrar e atravessar a matéria e se deslocar ao espaço tão rapidamente como o pensamento. Mesmo não se dividindo, se irradia para diferentes la­dos, como o sol envia seus raios a muitos lugares distantes ,pare­cendo estar neles simultaneamente.

Entende-se por alma o espírito encarnado, que, não estando enclausurado no corpo, se irradia e se manifesta, se exteriorizando como a luz elétrica através de um globo de vi­dro.

Matéria
A matéria é o segundo elemento geral do universo, tanto como o espírito, é também criado por Deus, constituindo, esses três, o princípio de tudo que existe, a Trindade Universal: Deus, espí­rito e matéria.

A matéria pode ser entendida como aquilo que tem exten­são, é impenetrável e pode impressionar os nossos sentidos, mas ela existe em outros estados desconhecidos, tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão aos sentidos físicos.

Ao elemento material deve-se acrescentar uma de suas for­mas de apresentação, entre as inumeráveis combinações distingüidas por propriedades especiais: o Fluido Universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria.

Fluido Universal
Este Fluido Universal, ou Primitivo, ou Elementar, é o prin­cípio da matéria ponderável cujos elementos e compostos quí­micos são transformações dele, nas modificações que as molé­culas elementares sofreram ao unirem-se em determinadas cir­cunstâncias, lhes dando diferentes propriedades, como o sa­bor, o odor, as cores, as ações cáusticas, salutares, nutritivas, radioativas etc.

O Fluido Universal é suscetível de inúmeras combinações com a matéria e, ainda, sob a ação do espírito, produzir infinita va­riedade de coisas. E o agente de que o espírito se serve para animar, agregar, transmitir, alterar, condensar, dispersar, mate­rializar, vitalizar, dar forma e estrutura a todas as constituições físicas, quer sejam minerais, vegetais, animais ou humanas.

Entre as muitas modificações do Fluido Universal, duas se revestem de maior importância para os seres vivos: o Princípio Vital e o Perispírito.

Princípio Vital
O Princípio Vital é a força motriz dos corpos orgânicos. A sua união com a matéria a animaliza, diferenciando-a dos corpos inorgânicos. Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assi­milam. É também chamado fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é o intermediário entre o espírito e a matéria. Ao mesmo tempo que impulsiona os órgãos, a ação destes o man­tém, conserva e desenvolve, como o atrito produz o calor e a cor­rente elétrica produz o campo magnético ou a irradiação lumi­nosa.

O Princípio Vital ou fluido magnético pode ser transmitido pela vontade dirigida do seu portador a outros seres vivos, contri­buindo em favor do seu reabastecimento ou reequilíbrio orgânico.

Perispírito
O Perispírito, ou corpo fluídico do espírito, ou ainda psicossoma, ou corpo espiritual, é um dos produtos mais im­portantes do Fluido Universal, é uma condensação dele em tor­no de um foco de inteligência ou espírito.

Os espíritos compõem seu Perispírito do ambiente onde se encontram. Isto quer dizer que se forma dos fluidos ambientais e, portanto, varia em conformidade com o mundo em que vivem. A natureza do Perispírito está sempre relacionado com o grau de adiantamento moral do espírito.

O Perispírito pode ser entendido como a vestimenta do espí­rito, o que lhe dá propriamente forma.

Entre as muitas atribuições do Perispírito, se coloca aquela de intermediário entre o espírito e o corpo. É ele constituído de substância vaporosa, não visível aos olhos humanos, porém as­sumindo consistência nos planos do Espírito.

Ao Perispírito se pode atribuir a qualidade de estruturador do corpo orgânico, a partir da fecundação, na embriogênese, bem como estar diretamente relacionado à memória biológica, isto é, o registro das múltiplas experiências nos campos dos se­res vivos, no decurso dos milênios, a partir das primeiras mani­festações das formações protoplásmicas. Nele aglutinamos todo o equipamento de recursos automáticos que governam as bi­lhões de células, adquiridos vagarosamente pelo ser através dos tempos, nos esforços de recapitulação pelos diversos setores da evolução anímica.

Pode-se visualizar o Perispírito ou Corpo Espiritual à se­melhança de uma estrutura eletromagnética integrada, enriquecida de informações que se foram acumulando experi­mentalmente num mecanismo de estímulo-resposta, dentro de uma diretriz evolutiva, ou seja, de auto-seleção e auto-aprimo­ramento, conduzida por um principio de conservação de ener­gia, onde o máximo de informações são armazenadas com o mínimo dispêndio de energia.

Esse Corpo Espiritual vem se diversificando e aumentando de complexidade do mesmo modo como se observou nos seres vivos a evolução biológica e a formação dos aparelhos e siste­mas no organismo animal. É ele sensível aos impulsos ou às irradiações dos nossos pensamentos, refletindo as imagens fluídicas plasmadas pelas idéias.

Pode também o Perispírito se alterar no seu equilíbrio mag­nético em decorrência das próprias impregnações que as nos­sas imagens perniciosas e deteriorantes nele se projetem e se gravem. Interligado como se acha, interagindo na intimidade celular por contato molecular, portanto, nas estruturas atômi­cas da matéria, tais desequilíbrios se transmitem ao organismo físico, nas áreas mais sensíveis ao tipo de impulso desencadea­do, determinando desordens físicas, causas de certas moléstias.

Assim, os descontroles emocionais, nos ódios, na irritação, as extravagâncias no comer e no beber, a maledicência, os desequilíbrios do sexo, o fumo, o álcool, os tóxicos, podem ge­rar enfermidades, tais como, respectivamente: cardiopatias, do­enças hepáticas, gastralgias, surdez e mudez, cansaço precoce e distrofias musculares, asmas e bronquites, loucura, idiotia.

Ações magnéticas no perispírito: nas obsessões
Entende-se por obsessão o domínio que alguns es­píritos podem adquirir sobre certas pessoas. Pressupõe-se na obsessão a ação de espíritos inferiores com tal tenacidade que a pessoa sobre quem atua não consegue se desembaraçar.

Na obsessão, não ocorre a simultânea coabitação de corpos pelo espírito encarnado na posição de vítima e pelo espírito desencarnado na posição de algoz. Há, no entanto, o efeito de constrangimento de um sobre o outro, ou seja, de tolher, forçar, compelir, obrigar pela força, induzir.

Os tipos de Obsessão
As principais variedades da obsessão classifi­cam-se em: obsessão simples, fascinação e subjugação.

Na obsessão simples, o espírito malfazejo se impõe, in­trometendo-se contra a vontade do indivíduo, impedindo a ação de outros espíritos que possam vir em seu auxílio e causando-lhe inconvenientes como embaraço nas comuni­cações mediúnicas, insinuações levianas, incentivos à vaida­de e a desejos ilícitos. Evidentemente, essas ações exteriores serão mais acentuadas e exercerão maior influência na medi­da em que mais apoio encontrarem no íntimo das criaturas por elas atingidas.

Na fascinação, a ação do espírito no pensamento do indivíduo é de tal ordem que ele não se considera iludido, nem é ca­paz de compreender o absurdo do que faz, podendo até ser ar­rastado a cometer ações ridículas, comprometedoras ou perigo­sas. Admite-se, nesses casos, estarem agindo espíritos inteli­gentes, ardilosos e com objetivos de maior alcance no mal, pois quase sempre utilizam a tática de afastar do seu intérprete aque­les que possam abrir os seus olhos ou esclarecer sobre seus er­ros. Os homens mais instruídos e inteligentes não estão livres desse tipo de obsessão.

A subjugação é um envolvimento que produz a paralisa­ção da vontade da vítima, fazendo-a agir mesmo contrariamente ao seu desejo. A subjugação pode ser moral ou corpórea. Na primeira, o indivíduo é levado a tomar deci­sões freqüentemente absurdas e comprometedoras. Na segun­da, a pessoa realiza movimentos involuntários, nos momen­tos inoportunos, e até atos ridículos. Na subjugação, estão compreendidos os casos de possessão, cuja denominação pres­supõe a ocupação do corpo da vítima, fato esse não admitido pelo Codificador.

Características
Há uma relação de características pelas quais se pode reconhecer os casos de obsessão. Tais caracteres vão da insistência dos espíritos em se comunicar, ilusão do médium que não reconhece a falsi­dade das comunicações, crença na infalibilidade dos espíritos comunicantes, aceitação dos elogios feitos pelos espíritos, rea­ções agressivas às críticas feitas sobre as comunicações recebi­das, a quaisquer formas de constrangimento moral ou físico, ou ainda ocorrências de ruídos e movimentos de objetos sem cau­sas normalmente explicáveis.

Causas
Os motivos ou causas da obsessão podem ser geral­mente admitidos como originados de:

a) Vinganças de espíritos contra pessoas que lhes fizeram so­frer nessa ou em vidas anteriores;

b) Desejo simples de fazer outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia;

c) Para usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem os seus afins a cometê-los;

d) Apego às pessoas pelas quais nutriam grandes paixões quan­do em vida;

e) Por interesse em destruir, desunir, dominar, provocar o mal, manter distúrbios, partindo de inteligentes espíritos das hostes inferiores.

A terapêutica nas obsessões
No estudo de O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, o autor indica alguns meios para se combater a obsessão, aqui apresentados para discussão, como segue:

–“Paciência para com os obsessores”(id., ib. item 249):

No trato com as entidades incorpóreas que estejam agindo mentalmente sobre as criaturas, há que compreender-lhes seus motivos de perseguição e, com espírito humanitário, induzir-lhe pacientemente a mudarem suas disposições. Mesmo entre criaturas humanas, uma abordagem respeitosa e compreensiva transmite sempre um envolvimento fraterno e uma radiação de amor que, certamente, age sobre as próprias estruturas perispirituais, de forma confortadora, carinhosa, estabelecendo importantes apoios para as necessárias mudanças comportamentais. A severidade, no entanto, ao lado da benevolência, ali­adas à prece em favor deles, constituem fatores eficazes na so­lução dessas influências.

– “Apelo ao anjo bom e aos bons espíritos” (id., ib. item 249):

Recorrer à assessoria daqueles que operam no mesmo plano da vida espiritual é fator preponderante em qualquer trabalho dessa natureza quando, na maioria das vezes, todo o encami­nhamento e aproximação com aqueles perseguidores (às vezes, nossas vítimas) realizam-se nos territórios do imponderável, livre ao acesso desses auxiliares espirituais.

– “Interrupção das comunicações escritas”(id., ib. item 249):

Alterando-se o intermediário, na posição de instrumento mediúnico nas comunicações psicografadas, ou mesmo na psicofonia, por ações de mentes perturbadoras (encarnadas ou desencarnadas), a interferir no fluxo das mensagens transmiti­das por meios telepáticos, como providência criteriosa e pru­dente, a interrupção provisória desses exercícios mediúnicos é de todo aconselhável, até que se restabeleçam os canais de va­zão telepática com os bons espíritos e se afastem as infiltrações prejudiciais.
– “Intervenção de um colaborador que atue pelo magnetismo ou pelo império da vontade”(id. ib., item 251):

A ação mental de apoio diretamente sobre o paciente, esti­mulando-lhe os próprios recursos de reação, tanto pela aplica­ção das energias fluido-dinâmicas nos mecanismos do passe, como pelo esclarecimento renovador, elevando-lhe o padrão dos próprios pensamentos e fortalecendo a vontade no bem, atin­ge as estruturas perispirituais e os campos de radiações da psicosfera (ou mente) momentaneamente desarticulados, devol­vendo-lhes a ordem e a sanidade.

Os resultados benéficos obtidos serão tanto mais significati­vos quanto maior for a superioridade moral dos colaboradores e menores as imperfeições do obsediado. Essas imperfeições morais constituem freqüentemente para o paciente obstáculos à sua libertação (id. ib., item 252).

Ensina-nos André Luiz: “... almas regularmente evoluídas, em apreciáveis con­dições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos, podem, desse modo, projetar raios mentais, em vias de sublimação, assimilando correntes superio­res e enriquecendo os raios vitais de que são dínamos comuns”.

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 08.

29 janeiro 2008

O Desencarne na Infância - Marco Tulio Michalick

O Desencarne na Infância

Apenas quem já perdeu um filho na infância pode descrever a dor que se sente neste momento tão doloroso. Como se o mundo girasse ao seu redor, você pensa estar vivendo um pesadelo e que, ao acordar, tudo voltará ao normal. Mas a realidade se mantém e você não entende o porquê de estar acontecendo tudo aquilo.

Chega a duvidar da justiça divina e as perguntas constantes permanecem: Por que meu filho se foi tão jovem, cheio de vida, com um futuro promissor? Por que eu não fui em seu lugar? As indagações são muitas, mas a resposta só vem com o tempo.

A família tem que estar muito unida em um momento como esse. A religião é um bálsamo para a dor que, em certos dias, parece ser infinita. Temos que ser fortes e acreditar que nada acontece por acaso. A revolta e o descrédito em Deus não são justos. Há momentos na vida em que precisamos passar por determinadas experiências, para que possamos ter uma visão de vida diferente da que temos atualmente.

O desencarne de uma criança comove até as pessoas que mal conhecemos. Richard Simonetti descreve em seu livro Quem tem medo da morte?: “O problema maior é a teia de retenção formada com intensidade, porquanto a morte de uma criança provoca grande comoção, até mesmo em pessoas não ligadas a ela diretamente. Símbolo da pureza e da inocência, alegria do presente e promessa para o futuro, o pequeno ser resume as esperanças dos adultos, que se recusam a encarar a perspectiva de uma separação”.

Prejudicial ao espírito

As lamentações, o choro e a fixação no ente querido que desencarnou prejudicam sua reabilitação no plano espiritual, fazendo com que ele sofra vendo tamanho desespero de seus familiares. A oração é o melhor remédio para todos. Pedir a Deus que proteja e auxilie seu filho no plano espiritual é a maneira correta de lhe fazer o bem.

Reviver a tragédia que ocorreu no plano terrestre pode ser um martírio, pois, no plano espiritual, há toda uma equipe de trabalhadores dando o suporte necessário ao desligamento do espírito do aparelho físico. Além do mais, conforme explica Simonetti, “o desencarne na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranqüilo, porquanto nessa fase o espírito permanece em estado de dormência e desperta lentamente para a existência terrestre. Somente a partir da adolescência é que entrará na plena posse de suas faculdades”.

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: “Por que a vida freqüentemente é interrompida na infância”? A resposta dos espíritos é a seguinte: “A duração da vida de uma criança pode ser, para o espírito que está nela encarnado, o complemento de uma existência interrompida antes de seu termo marcado e sua morte, no mais das vezes, é uma prova ou uma expiação para os pais”.

Ernesto Bozzano, em Enigmas da Psicometria, escreve que não são desconhecidos os casos de mortes infantis nos quais o espírito já tenha progredido bastante para suprimir uma provação, mergulhando na Terra só com a finalidade de se revestir de elementos fluídicos indispensáveis ao perispírito desejoso de se preparar para a próxima reencarnação.

Com o tempo, você vai encontrando respostas para suas indagações. A lembrança daquele filho que se foi talvez nunca sairá de sua mente, mas sempre que pensar nele, pense com carinho, enviando boas vibrações, para que, onde ele se encontrar, possa sentir todo o amor que você emana.

Reencontro no plano espiritual

Em entrevista publicada na edição nº 11 da Revista Cristã de Espiritismo, Mauro Operti, quando perguntado sobre que mensagem daria às pessoas que perderam seus entes queridos e acreditam que nunca mais irão encontrá-los, respondeu: “Para estas pessoas eu diria que Deus não cometeria esta maldade de separar definitivamente dois seres que se amam. A essência da vida é o outro. Por que Deus juntaria num breve tempo de uma existência duas criaturas que se sentem felizes de estar juntas e depois as separaria pela eternidade? A certeza da sobrevivência que a prática espírita garante às criaturas está acompanhada da certeza da reunião daqueles que se amam depois da perda do corpo físico. Esta é a maior consolação que poderíamos desejar, mas não é só uma consolação piedosa, é uma certeza proveniente da vivência que, aos poucos, vai nos tornando mais seguros e menos propensos às crises de ansiedade e aflição que são tão comuns às pessoas hoje em dia. Temos certeza e sabemos, não apenas acreditamos”.

O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que, quando Jesus falou “deixai vir a mim as criancinhas”, Ele se referia ao fato de que “a pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade, excluindo todo pensamento egoísta e orgulhoso”. Explica ainda que “é por isso que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como a tinha tomado para o da humildade. Somente um espírito que tivesse atingido a perfeição poderia nos dar o modelo da verdadeira pureza. Mas a comparação é exata do ponto de vista da vida presente, pois a criança, não podendo ainda manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Além disso, Jesus não diz de maneira absoluta que o reino de Deus é para elas, mas sim para aqueles que se lhes assemelham”.

Escrito por Marco Tulio Michalick
Artigo publicado na edição 13
da Revista Cristã de Espiritismo

28 janeiro 2008

O Fenômeno Mediúnico - Manoel Philomeno de Miranda

O Fenômeno Mediúnico

O fenômeno mediúnico, para expressar-se com segurança, exige toda a complexidade do mecanismo fisiopsíquico do homem que a ele se entrega, assim como da perfeita identificação vibratória do seu comunicante.

Para o desiderato, o perispírito do encarnado exterioriza-se em um campo mais amplo, captando as vibrações do ser que se lhe acerca, por sua vez, igualmente ampliado, graças a cuja sutileza interpenetram-se, transmitindo reciprocamente os seus conteúdos de energia, no que resulta o fenômeno equilibrado.

Às vezes, automaticamente, dá-se a comunicação espiritual, produzindo o fato mediúnico, ora por violenta injunção obsessiva e, em outras oportunidades, por afinidades profundas, quando a ocorrência é elevada.

Seja porém, como for, sem o contributo e a ação do Perispírito, a tentativa não se torna efetivo.

Desse modo o conhecimento do Perispírito é de vital importância para quantos desejam exercitar a mediunidade colocando-a a serviço de ideais enobrecedores.

Penetrabilidade, elasticidade, fluidez, materialização, depósito das memórias passadas entre outras oferecem compreensão e recurso para melhor movimentação dessas características, algumas das quais são imprescindíveis para a execução da tarefa, no fenômeno de intercâmbio espiritual.

A fixação da mente, através da concentração, proporciona dilatação do campo perispirítico e mudança das vibrações que variam das mais grosseiras às mais sutis a depender, igualmente, do comportamento moral do indivíduo.

O pensamento é o agente das reações psíquicas e físicas, sem o que, os automatismos desordenados levam aos desequilíbrios e aos fenômenos mediúnicos perturbadores, que respondem pelas obsessões de variada nomenclatura, que aturdem e infelicitam milhões de criaturas invigilantes e desajustadas.

Todo fulcro de energia irradia-se em um campo que corresponde à sua área de exteriorização, diminuindo a intensidade, à medida que se afasta do epicentro. Graças a isto, são conhecidos os campos gravitacional e atômico, no macro e microcosmo, conforme os detectou Albert Einstein.

Na área psicológica não podemos ignorar-lhe a presença nas criaturas, gerando as simpatias - por decorrência de afinidades vibratórias entre as pessoas que se identificam - e a antipatia - que deflui do choque das ondas que se exteriorizam, portadoras de teor diferente produzindo sensações de mal-estar.

Invisível, no entanto preponderante nos mais diversos mecanismos da vida, o campo é encontrado no fenômeno mediúnico, através de cuja irradiação é possível o intercâmbio.

Cada ser humano, encarnado ou não, vibra na faixa mental que lhe é peculiar, irradiando uma vibração especifica.

Quando nas comunicações, os teores são diferentes, a fim de produzir-se a afinidade, o médium educado sintoniza com o psiquismo irradiante daquele que se vai comunicar, e se este é portador de altas cargas deletérias, demorando-se sob vibrações baixas, o hospedeiro permite-se dela impregnar até que, carregado dessas energias pesadas, logra envolver-se no campo propiciador, portanto, de igual qualidade, cedendo as funções intelectuais e orgânicas à influência do ser espiritual que passa a comandá-lo, embora sob a sua vigilância em Espírito, que não se aparta, senão parcialmente, do corpo.

Quando se trata de Entidade portadora de elevadas vibrações, mais sutis que as habituais do médium, este, pelas ações nobres a que se entrega, pela oração e concentração, em que se fixa, libera-se das cargas mais grosseiras e sutiliza a própria irradiação, enquanto o Benfeitor, igualmente concentrado, condensa, pela ação da vontade e do pensamento, as suas energias até o ponto de sintonia, proporcionando o fenômeno de qualidade ideal.

Em casos especiais, nos quais seres muito elevados ou grotescos, nos extremos da escala vibratória compatível com a Vida na Terra, vêm-se comunicar, os Mentores, que mais facilmente manipulam as energias, tornam-se os intermediários que filtram as idéias e canalizam-nas em teor mais consentâneo com o campo do sensitivo, ocorrendo o fenômeno da mediunidade disciplinada.

O fenômeno mediúnico, portanto, a ocorre no campo de irradiação do Espírito através do Perispírito, está sempre a exigir um padrão vibratório equivalente, que decorre da conduta moral, mental e espiritual de todo aquele que se faça candidato.

Certamente, como decorrência do campo perispiritual, diversos núcleos de vibrações, nos quais se fixa o Espírito ao corpo, bem como em face do mecanismo de algumas das glândulas de secreção endócrina, apresentam-se as possibilidades ideais para o intercâmbio espiritual de natureza mediúnica.

Assim havendo constatado, foi que o Codificador do Espiritismo com sabedoria afirmou que a faculdade "é simplesmente uma aptidão para servir de instrumento, mais ou menos dócil aos Espíritos em geral que "os médiuns emprestam o organismo material que falta a estes para nos transmitirem as suas instruções".

Pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda Fonte Revista Presença Espirita setembro de 1991,
psicografia de Divaldo Pereira Franco

27 janeiro 2008

Influência Oculta - José Antonio Ferreira da Silva

Fascinação

Quando o médium começa receber” espíritos respeitáveis em quaisquer lugar, a qualquer hora, sem nenhuma justificativa, está auto-fascinado, por si mesmo, pela sua mediunidade e sob o comando de entidades que o querem levar ao ridículo. Seria o mesmo que eu agora entrar em transe e receber um espírito. Para que esse exibicionismo desnecessário?

Em uma conversação entre amigos eu "receber" um espírito. Para que? Ele não virá dizer nada além do que o médium poderia dizer. Os espíritos bons têm as suas ocupações e não podem estar como capatazes, ao nosso lado governando os servidores. Daí a fascinação é perigosa porque o médium fascinado não se dá conta. Tudo que ele faz é melhor do que os outros poderiam fazer... É diferente dos outros... É superior... Se toca em algum lugar aquele lugar reluz... Então a fascinação é um grande escolho à mediunidade.

Quando encontrarmos a pessoa nessa fase é um ato de caridade dizer-lhe que volte a ler o capítulo 23 de "O Livro dos Médiuns". Dizer-lhe que é uma coisa natural que todos nós passamos. Basta que mudemos de humor para que atraiamos espíritos equivalentes. Eu me recordo que havia psicografado e publicado o livro “Messe de Amor”. Este livro foi traduzido ao Espanhol em 1965 por Juan Durant. E ele me mandou o livro pedindo que Joanna de Ângelis desse o prefácio. Eu então pedi a ela em uma das nossas reuniões mediúnicas. Nessa mesma reunião em desdobramento, e ao lado dos espíritos, acompanhando a reunião, ela disse-me que não iria escrever o prefácio e que tinha convidado o nobre espírito Amália Domingos Soller para que ela prefaciasse a obra. Convidou-me então a recebê-la à porta. Chegando lá, observei que uma claridade oscilante aproximava-se, como se alguém viesse carregando uma lanterna, que a luz avançava e retrocedia. Então subitamente apareceu-me um espírito de uma beleza incomum. Trajava-se à espanhola do século dezessete. Aproximou-se e nesse momento, Joanna disse-lhe: - "Veneranda amiga, gostaria de lhe apresentar o médium através do qual a senhora vai escrever". Ela estendeu-me a mão e eu curvei-me para beijá-la. Entramos os três e vi que ela dobrou-se sobre o meu corpo, tomou-me o braço e começou a escrever. Do meu braço saiam fluidos luminíferos e a medida que ela escrevia, o papel ficava com miríades de pequeninas estrelas. A ponta do lápis parecia portadora de energia estranha, que não obstante escrever com um lápis Faber número 1, a letra era prateada. Ao terminar, despediu-se e fomos levá-la até a porta. Terminada a reunião, voltei ao normal e fui ler a mensagem. Ela escreveu em espanhol. Fiquei tão comovido naquela noite que voltei-me para Joanna e disse-lhe: - Eu já posso "receber" Amália Domingos Soller!? Ela então respondeu-me: - "Não pode não senhor! Ela veio por misericórdia... Portanto não aguarde uma volta tão cedo! Por enquanto você vai ficar mesmo é com os sofredores do seu tipo para baixo, o que já é uma grande coisa. Já é merecimento sintonizar com eles...".

Assim Joana tirou a minha presunção antes de começar. Ela cortou logo. Toda vez que uma entidade generosa vinha e vem escrever, Joana pede-me que fale com naturalidade sobre a identidade do espírito, sem alarde. Que os outros se espantem, mas eu não. Mas às vezes eu sou muito emocional e quando vejo quem é o espírito escrevendo, fico louco que ele acabe só para dizer o nome. Eles então põem um pseudônimo (nome falso) tirando toda minha galanteria.”

Atendimento fraterno e a subjugação
"A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.” (Allan Kardec, "O Livro dos Médiuns", capítulo 23, item 240). Dentro das leis cármicas a subjugação não é expiatória (o indivíduo ter que passar pelo problema), exceto quando danifica a aparelhagem nervosa do sistema central do indivíduo. Mas se a pessoa está subjugada, o espírito subjugador pode ser orientado nas sessões especializadas, e arrependendo-se, liberta aquele que aflige e o indivíduo se recupera. Allan Kardec conta um exemplo no capítulo 23 de "O Livro dos Médiuns", onde um rapaz, toda vez que via uma moça bonita, caia de joelhos e fazia-lhes declarações de amor... Era um caso curioso de obsessão física. Eu observo em algumas das nossas reuniões, que os amigos que trabalham no atendimento fraterno - o atendimento fraterno, instituído nas casas espíritas. Esclarecido e estimulado pelo grupo que faz o Projeto Manoel Philomeno de Miranda, da cidade do Salvador, Bahia, tem como finalidade atender aqueles que se encontram problematizados e que buscam a orientação da Doutrina Espírita. É uma equipe composta de companheiros conhecedores do Espiritismo e com experiência na área do comportamento humano - que durante a semana estiveram em contato com os sofredores, obsessos, doentes, acabam levando essas entidades para o trabalho mediúnico, providencia esta tomada pelos benfeitores espirituais. Algumas dessas entidades comunicam-se e são doutrinados. Quando eles desistem da perseguição e são conduzidos a uma estância superior, o paciente, onde estiver, fica bem, melhora, ainda mesmo em situação de subjugação. Pessoas que me dão nomes e nós levamos para o trabalho mediúnico. Lá se apresentam os seus obsessores e são esclarecidos e as suas vítimas logo melhoram. Só que eles não vêm dizer que melhoraram. Elas virão depois quando acontecer outra vez. Daí a subjugação pode ser eliminada.“

Escrito por Divaldo Franco
Revista Cristã de Espiritismo

26 janeiro 2008

O Sono e os Sonhos - R.C.E - Especial 08

O Sono e os Sonhos

Chama-se emancipação da alma, o desprendimento do espírito encarnado, possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico. No estado de emancipação da alma, o espírito se desloca do corpo físico, os laços que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o corpo perispiritual age com maior liberdade.

Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e sensoriais. Dormimos um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto dormimos.

Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante o sono. Os sonhos, em sua generalidade, não representam, como muitos pensam, uma fantasia das nossas almas.

A ciência e o espiritismo
A ciência oficial, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas (relativo aos sonhos) ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o sono e o sonho.

Sem considerar a emancipação da alma; sem conhecer as propriedades e funções do perispírito, fica, realmente, difícil explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico. Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área, julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma destas manifestações seria através dos sonhos.

Allan Kardec, através da codificação espírita, principalmente em O Livro dos Espíritos, cap. VIII - questões 400 a 455, analisou a emancipação da alma e os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais.

Allan Kardec tece comentários muito importantes acerca dos sonhos: o sono liberta parcialmente a alma do corpo; o espírito jamais está inativo, têm a lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire maior liberdade de ação delimitada pelo grau de exteriorização; podemos entrar em contato com outros espíritos encarnados ou desencarnados; enquanto dormem, algumas pessoas procuram espíritos que lhes são superiores (estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos); outras pessoas procuram os espíritos inferiores com os quais irão aos lugares com que se afinizam.

Sonhos comuns
São aqueles que refletem nossas vivências diárias. Envolvimento e dominação de imagens e pensamentos que perturbam nosso mundo psíquico.

O espírito, desligando-se parcialmente do corpo, se vê envolvido pela onda de imagens e pensamentos, de sua própria mente, das que lhe são afins e do mundo exterior, uma vez que vivemos e nos movimentamos num turbilhão de energias e ondas vibrando sem cessar.

Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização perispiritual. São muito freqüentes dada a nossa condição espiritual. Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo de impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília (vivências ocorridas durante o dia, quando acordados).

Nos sonhos comuns, o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito do corpo; mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens que povoam a sua memória, trazendo impressões confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos.

Sonhos reflexivos
Há maior exteriorização que nos sonhos comuns.
Por reflexivos, categorizamos os sonhos, em que a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente, inconsciente e superconsciente e plasmadas na organização perispiritual. Tal registro é possível de ser feito em virtude da modificação vibratória, que põe o espírito em relação com fatos e paisagens remotos, desta e de outras existências.

Ocorrências de séculos e milênios gravam-se indelevelmente em nossa memória, estratificando-se em camadas superpostas.

A modificação vibratória, determinada pela liberdade de que passa a gozar o espírito, no sono, o faz entrar em relação com acontecimentos e cenas de eras distantes, vindos à tona em forma de sonho.

Mentores espirituais poderão revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências.

Poderão os espíritos inferiores motivarem estas recordações com a finalidade de nos perseguirem, amedrontar, desanimar ou humilhar, desviando-nos dos objetivos benéficos da existência atual.

Geralmente os sonhos reflexivos são imprecisos, desconexos, freqüentemente interrompidos por cenas e paisagens inteiramente estranhas, sem o mais elementar sentido de ordem e seqüência.

Ao despertarmos, guardaremos imprecisa recordação de tudo, especialmente da ausência de conexão nos acontecimentos que, em forma de incompreensível sonho, estiverem em nossa vida mental durante o sono.

Sonhos espíritas
Também chamados de viagem astral ou espiritual; há mais ampla exteriorização do perispírito.

Leon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.

Durante a viagem astral, a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e efetiva, encontrando-se com parentes, amigos, instrutores e também com os inimigos desta e de outras existências. Nas projeções temos que considerar a lei de afinidade.

Nossa condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa: o religioso buscará um templo; o viciado procurará os antros de perdição; o abnegado do Bem irá ao encontro do sofrimento e da lágrima, para assisti-los fraternalmente; o interessado em aproveitar bem a encarnação irá de encontro a instrutores devotados e ouvirá deles conselhos, esclarecimentos e instruções, que proporcionarão conforto, estímulos e fortalecimento das esperanças.
Infelizmente, porém, a maioria se vale de repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas.

Ao despertarmos, conserva o espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência vibratória. Fica em nós apenas uma espécie vaga de pressentimento dos acontecimentos, situações e encontros vividos durante o sono.

Recordação do sonho
O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono, mas nem sempre nos lembramos daquilo que vimos ou de tudo o que vimos. Isto porque não temos nossa alma em todo o seu desenvolvimento.

Na questão 403, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga : “Por que não nos lembramos de todos os sonhos? Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.”

Mecanismo da recordação
O registro pelo cérebro físico do que aconteceu durante a emancipação da alma através do sono é possível através da modificação vibratória. As diversas modificações vibratórias dos fluidos é que formam os ambientes dimensionais de atuação do espírito. Quanto maior for a velocidade vibratória, mais sutil é o fluido. Quanto mais lenta é a velocidade vibratória, mais denso é o fluido.

Este raciocínio explica aquela dúvida que sempre ouvimos: Porque raramente lembro de meus sonhos? É por que não sonhei? A resposta para está dúvida é a seguinte: As pessoas que não lembram dos sonhos é porque os acontecimentos vividos ou lembrados durante o sono não foram registrados no cérebro físico. Ficaram apenas registrado no cérebro do perispírito. Agora, quando recordamos dos detalhes dos sonhos é porque tivemos predisposição cerebral para os registros. O fato de não lembrarmos dos sonhos não significa que não tenhamos sonhado, ou seja, vivemos uma vida no plano espiritual e apenas não recordamos.

Dessa oportunidade se valem nossos amigos do espaço para dar-nos conselhos e sugestões úteis ao desenvolvimento de nossa encarnação.

Procuram afastar-nos do mal, fortalecem-nos moralmente e apontam-nos a maneira certa de respeitarmos as Leis Divinas. Ao despertarmos, embora não lembremos deles, ficam no fundo de nossa consciência, em forma de intuições, como idéias inatas.

Podemos dedicar os momentos de semi-libertos à execução de tarefas espirituais, sob a direção de elevados mentores.

Acontece muitas vezes acordamos com uma deliciosa sensação de bem-estar, de contentamento e de alegria. Isto acontece por termos sabido usar bem de nossa estada no mundo espiritual, executando trabalhos de real valor. Contudo, não raras vezes despertamos tristes e com uma espécie de ressentimento no fundo do nosso coração.

O motivo dessa tristeza sem causa aparente é que, muitas vezes, nos são mostradas as provas e as expiações que nos caberão na vida, as quais teremos de suportar, e conquanto sejamos confortados por nossos benfeitores, não deixamos de nos entristecer e ficamos um tanto apreensivos.

Há espíritos encarnados que, ao penetrarem no mundo espiritual através do sono, entregam-se aos estudos de sua predileção e por isso têm sempre idéias novas no campo de suas atividades terrenas.

Outros valem-se da facilidade de locomoção para realizarem viagens de observação, não só na Terra, mas também nas esferas espirituais que lhe são vizinhas.

Assim como visitamos nossos amigos encarnados, também podemos ir visitar nossos amigos desencarnados e com eles passarmos momentos agradáveis enquanto nosso corpo físico repousa; disso nos resulta grande conforto.

Estado de Entorpecimento: São comuns os encarnados cujos espíritos não se afastam do lado do corpo, enquanto este repousa; ficam junto ao leito, como que adormecidos também.

É comum o sono favorecer o encontro de inimigos para explicações recíprocas. Esses inimigos podem ser da encarnação atual ou encarnações antigas. Os mentores espirituais procuram aproximar os inimigos, a fim de induzi-los ao perdão mútuo. Extingüem-se assim muitos ódios e grande número de inimigos se tornam amigos, o que lhes evitará sofrimentos. É a maior e melhor percepção de que goza o espírito semi-liberto pelo sono, facilita a extinção de ódios e a correção de situações desagradáveis e por dolorosas vezes.

Os sonhos e a evolução
Considerável porcentagem de encarnados, ao entregarem seu corpo físico ao repouso, continuam, sono adentro, com suas preocupações materiais.

Não aproveitam a oportunidade para se dedicarem um pouco à vida eterna do espírito. Estudam os negócios que pretendem realizar, completamente alheios aos verdadeiros interesses de seus espíritos; e nada vêem e nada percebem do mundo espiritual no qual ingressam por algumas horas.

Há encarnados que ao se verem semi-libertos do corpo de carne pelo sono, procuram os lugares de vícios, com o fito de darem expansão a suas paixões inferiores, na ânsia de satisfazerem seus vícios e seu sensualismo. Outros se entregam mesmo ao crime, perturbando e influenciando perniciosamente suas vítimas, tornando-se instrumentos de perversidade.

No livro Mecanismos da Mediunidade, psicografado por Chico Xavier, André Luiz nos diz que quanto mais inferiorizado, mais dificuldade terá o homem em se emancipar espiritualmente.

Qual ocorre ao animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico.

No animal, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas e no homem primitivo, em que a onda mental está em fase inicial de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariavelmente ação reflexa de seu próprio mundo consciencial e afetivo.

Há leis de afinidade que respondem pelas aglutinações sócio-morais-intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e valores. Estaremos, então, durante o repouso noturno, se emancipados espiritualmente, vivenciando cenas e realizando tarefas afins.

Buscamos sempre, durante o sono, companheiros que se afinam conosco e com os ideais que nos são peculiares. Procuraremos a companhia daqueles espíritos que estejam na mesma sintonia, para realizações positivas, visando nosso progresso moral ou em atitudes negativas, viciosas, junto àqueles que, ainda, se comprazem em atos ou reminiscências degradantes, que nos perturbam e desequilibram a alma.

Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue na direção dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou onde gostaria de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais.

Os sonhos espíritas, isto é, naqueles que nos liberamos parcialmente do corpo e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de nosso posicionamento espiritual.

Refletem de nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos.

O tipo de vida que levarmos durante o dia determinará invariavelmente o tipo dos sonhos que a noite nos ofertará, em resposta às nossas tendências. Dorme-se, portanto, como se vive, sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da sua vida moral e espiritual.

Análise dos sonhos
A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso autodescobrimento.

Devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens e lembranças esparsas.

Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.

Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a situações e espíritos desequilibrados. Daí, a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos do bem, vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece e à meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos.

Prepara-se para bem dormir
Elizeu Rigonatti, no livro Espiritismo Aplicado diz que, para termos um bom sono, que ajude o nosso espírito a desprender-se com facilidade do corpo, é preciso que prestemos atenção no seguinte: o mal e os vícios seguram o espírito preso à Terra.

Quem se entregar ao mal e aos vícios durante o dia, embora o seu corpo durma à noite, seu espírito não terá forças para subir e ficará perambulando por aqui, correndo o risco de ser arrastado por outros espíritos viciosos e perversos.

A excessiva preocupação com os negócios materiais também dificulta o espírito a desprender-se da Terra.

A prática do bem e da virtude nos levarão, através do sono, às colônias espirituais onde fruiremos a companhia de mentores espirituais elevados; receberemos bom ânimo para a luta diária; ouviremos lições enobrecedoras e poderemos nos dedicar a ótimos trabalhos.

Oremos ao deitar, mas compreendamos que é de grande valia a maneira pela qual passamos o dia; cultivemos bons pensamentos, falemos boas palavras e pratiquemos bons atos, evitando a ira, rancor e ódio. E de manhã, ao retornarmos ao nosso veículo físico, elevemos ao Senhor nossa prece de agradecimento pela noite que nos concedeu de repouso ao nosso corpo e de liberdade ao nosso espírito.

Quadro dos Sonhos

Algumas considerações
No estado de vigília (quando estamos acordados) as percepções se fazem com o concurso dos órgãos físicos; os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos e transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas. No cérebro físico, são gravados para serem reproduzidos pela memória biológica a cada evocação.

Quando dormimos cessam as atividades físicas (exceto as autônomas), motoras e sensoriais. O espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem que estes cheguem ao cérebro físico; tudo é percebido diretamente pelo espírito. Por “adaptação vibratória”, as percepções da alma poderão repercutir no cérebro físico; quando lembramos, dizemos que sonhamos, mas na verdade sonhamos todo dia.

Artigo publicado na edição especial 08
da Revista Cristã de Espiritismo

25 janeiro 2008

Violência - Jornal O Clarim

Violência

A violência prossegue campeando individual e coletivamente.
Agressões, seqüestros, assassinatos, guerrilhas, guerras, de fundo étnico, religioso, político-econômico.

Em muitos lares, famílias, base das sociedades, não é diferente.
O contra-ponto encontra-se nos ensinamentos do Cristo, hoje compreendidos à luz da Doutrina Espírita.

No capítulo IX de “O Evangelho Segundo o Espiritismo, após as palavras de Mateus, que Kardec transcreve, temos as suas próprias considerações:
Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com os semelhantes.

Em que pode uma simples palavra revestir-se de gravidade que mereça severa reprovação? É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira do cristão. (4)

Quando a Humanidade se submeter à lei do amor e de caridade, deixará de haver o egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pela forte e pelo violento. Tal a condição da Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado muito ditoso, por efeito do afastamento dos maus. (5)

Na seqüência do estudo, nas Instruções dos Espíritos, preciosos pronunciamentos de Lázaro, Hahnemann, entre outros, nos falam da afabilidade e da doçura, da paciência, da obediência e resignação, da cólera, dos quais destacamos alguns tópicos para nossa reflexão:
A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são formas de manifestar-se. – Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. (6)

A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo. – É caridade perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para porem à prova a paciência. (7)

A doutrina de Jesus ensina a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura. – A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. – A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. – Toda resistência orgulhosa terá que, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos. (8)

O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espíritos, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? Entregai-vos à cólera. – A cólera não exclui certas qualidades do coração; mas impede que se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. – A cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs. (9)

Um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico; um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando. – Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. – O homem não se conserva vicioso senão porque quer permanecer vicioso; aquele que queira corrigir-se sempre o pode. (10)

Neste Natal, busquemos exercitar a pacificidade.

Bibliografia: (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10) referem-se aos itens do capítulo IX de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Redação - Jornal O Clarim
Dezembro/2007

23 janeiro 2008

Fim do mundo - Abel Glaser

FIM DO MUNDO

Seja por fanatismo, seja em função de uma hecatombe nuclear, volta e meia fala-se em fim do mundo.

No primeiro caso, a “Folha de São Paulo” do dia 16 de novembro último, página A-17, noticia que russos esperam o fim do mundo em caverna. Trata-se de membros de uma seita cristã apocalíptica se entrincheirando em uma caverna, no centro desse país, para aguardar o fim do mundo; o grupo, formado por 29 adultos e 4 crianças, tapou a entrada do local, ameaçando cometer suicídio se as autoridades tentarem intervir. O grupo acredita que o mundo acabará em maio do próximo ano.

No segundo caso, o mesmo jornal, em sua edição do dia 24 de novembro seguinte, publica, à página A-28, a criação de uma nova “arca de Noé”, no arquipélago de Svalbard, Noruega, para o caso de uma hecatombe nuclear destruir a vida na Terra no futuro, entre outras hipóteses.

Diante do exposto, é oportuno lembrar a posição da Doutrina Espírita a respeito, colocada por Kardec:- No livro “A Gênese”, capítulo XVII, itens 47-58, o Codificador coloca que sob a alegoria dos “finais dos tempos”, enunciada por Jesus e escrita por João, Marcos e Mateus, cujos textos Kardec transcreve, grandes verdades se ocultam:-
Há, primeiramente, a predição das calamidades de todo gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as idéias progressistas e as retrógradas;
Há, em segundo lugar, a predição da difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza primitiva;
Depois, a predição do reinado do bem, que será o da paz e da fraternidade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em prática por todos os povos.

Não é racional, diz Kardec, se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entra no caminho do progresso moral: devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal. É, pois, o fim do mundo velho, governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia.

Tratando da Regeneração da Humanidade, no livro “Obras Póstumas”, Kardec amplia e aprofunda o raciocínio lógico sobre a questão, do qual destacamos:-

A chave para compreender tais alegorias está nas descobertas da Ciência e nas leis dos mundo invisível que o Espiritismo vem revelar; daqui em diante, com o auxílio destes novos conhecimentos, o que era obscuro se tornará claro e inteligível.

Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não serão subvertidas.
Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso se faz que a povoem somente Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que unicamente ao bem aspirem. Como já chegou esse tempo, uma grande emigração se opera entre os que a habitam.

O Espiritismo é a senda que conduz à renovação, porque destrói os dois maiores obstáculos que se opõem a essa renovação: a incredulidade e o fanatismo, facultando uma fé sólida e esclarecida.
O Espiritismo sairá triunfante da luta, porquanto ele está nas leis da Natureza.

Surgirão aqueles que, com a autoridade de seus nomes e de seus exemplos o apoiarão, impondo silêncio aos detratores.

As artes se acercarão do Espiritismo como de uma mina riquíssima, traduzindo seus pensamentos e horizontes por meio da pintura, da música, da poesia, da literatura.

Mais subsídios sobre o tema, o leitor pelo encontrar na Revista Espírita de 1866, mês de outubro, ampliando seus conhecimentos a respeito do assunto.

Texto de Abel Glaser
Revista Internacional de Espiristimo
Edição - Janeiro/2008

22 janeiro 2008

Crianças no Além - José Marcelo Gonçalves Coelho

Crianças no Além

Sempre nos despertou grande curiosidade a sorte das crianças após a “morte”, bem como a possibilidade de intercâmbio com aqueles que tenham se despojado prematuramente de suas roupagens carnais.

Iniciando nossa explanação a res¬peito do tema, citemos a questão 381, de O Livro dos Espíritos, em que Kardec assim indagava:

Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor?

Ao que responderam os Espíritos:

“Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado daquele envoltório, isto é, quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo.”

Ocorre que esse desligamento será tanto mais rápido quanto mais elevado for o grau evolutivo do Espírito em questão. Vejamos alguns exemplos:

Na quarta obra basilar da Codificação, O Céu e O Inferno, publicada pela primeira vez em 1865, temos, precisamente na segunda parte, capítulo VIII, a oportunidade de analisar uma comunicação de alto teor filosófico, que revela a rápida emancipação do Espírito Marcel, desencarnado alguns meses antes, aproximadamente aos oito anos de idade, após atrozes sofrimentos que ele havia superado de maneira exemplar.

Anos mais tarde, já no Brasil, um triste episódio marcaria sensivelmente a vida do casal Francisco e Terezinha Cruañes.

Foi em tarde ensolarada, numa fazenda do interior de São Paulo, quando a pequena Fernanda Cruañes, de apenas quatro anos de idade, caía do trator em que se encontrava, vindo a desencarnar em 08 de agosto de 1981. Menos de doze meses após o ocorrido, exatamente em 30 de julho de 1982, Fernanda se manifestava através da mediunidade segura de Francisco Cândido Xavier, em comunicação reproduzida na obra "Estamos no Além", solicitando aos seus pais que não se entregassem tanto ao desespero, como freqüentemente vinham fazendo, posto que todas aquelas sensações de sofrimento lhe eram integralmente transmitidas. Declarava, ainda, que sua avó Jenny, também desencarnada, conduzia-lhe as mãos durante a comunicação, pois que ela se ressentia da dificuldade de “não saber escrever”, revelando um condicionamento psíquico comumente observado na maioria dos espíritos precocemente desencarnados, sem prejuízo, porém, da consistência de sua mensagem, que acusava uma situação evolutiva satisfatória.

Também pode se dar, ainda que raramente, encontrarmos “crianças” em funções espirituais de grande relevância, conforme relatado por Rafael Ranieri em sua obra Materializações Luminosas, em que ele discorre sobre diversas reuniões de materialização de espíritos em que tomou parte, inclusive com a pre¬sença de Chico Xavier.

Naquelas memoráveis sessões, o Espírito Araci, Guia Espiritual do conceituado médium Francisco Peixoto Lins (Peixotinho), tangibilizava-se sob a aparência de uma criança de aproximadamente três anos de idade. Assim também, para sua surpresa e satisfação, descobre que a dirigente espiritual daqueles trabalhos de alta importância era exatamente sua filha Heleninha, desencarnada quando contava apenas um ano e oito meses. Por vezes, ela se apresentava na forma infantil; noutras ocasiões, mostrava-se sob aparência adotada em encarnação pregressa, demonstrando grande domínio sobre seu perispírito.

Informações igualmente preciosas nos deu André Luiz, em sua obra intitulada Entre a Terra e o Céu, psicografada por Francisco Cândido Xavier.

Conta-nos ele que, em determinado momento no plano espiritual, passa a ouvir uma suave melodia; ao se aproximar, percebe que a música era entoada por um coro de crianças felizes e sorridentes, em meio a paisagens de rara beleza. Ele se encontrava no Lar da Bênção — um misto de escola de preparação para a maternidade e abrigo para espíritos que haviam desencarnado na infância. Alguns deles, naquele exato momento, recebiam a visita de suas mães, ainda encarnadas, que para lá se deslocavam por ocasião do sono físico. André Luiz, então, fascinado com o que via, questiona se haveria ali cursos primários de alfabetização; ao que a dirigente daquele educandário responde afirmativamente, pois que se tratava de um verdadeiro estabelecimento de ensino no além, que abrigava, à época, cerca de dois mil espíritos desencarnados em tenra idade, que lá permaneciam até reunir condições para retornar ao plano físico, o que se dava, na maioria das vezes, antes que o Espírito retomasse sua compleição adulta.

Surge, então, a instigante questão do “crescimento das crianças no plano espiritual”, que estará intimamente atrelada à retomada de consciência por parte do Espírito desencarnado, o que lhe permitirá plasmar as modificações necessárias em seu corpo fluídico.

Exemplo disso encontramos novamente na obra "Estamos no Além", através do relato mediúnico de Sandra Regina Camargo. desencarnada aos nove anos de idade, após ter padecido durante três anos em virtude de pertinaz leucemia. Menos de quatro anos após seu desencarne, na noite de 17 de janeiro de 1981, ela se comunicaria com seus entes queridos, através de Chico Xavier, declarando: “ saibam também que cresci. Isso aconteceu na medida de meu desejo de me fazer pessoa grande...”.

Assim também se deu com Upton, desencarnado com apenas três meses de vida. Em carta psicografada por Chico Xavier, e publicada na obra Reencontros, demonstrava ter recobrado sua maturidade espiritual em poucos anos de regresso à Vida Maior.

Há, portanto, espíritos que, tendo desencarnado na infância, em retorno ao plano espiritual reassumem em curtíssimo prazo a forma adulta que tinham antes de reencarnar, ou, ainda, outra apresentação perispiritual que lhes convenha, sempre de acordo com suas potencialidades anímicas.

Entretanto, o Espírito André Luiz, ainda na obra Entre a Terra e o Céu, nos afirma que essas são exceções, pois que a maioria dos seres que estagiam no planeta Terra necessitam de longo espaço de tempo e total amparo da Espiritualidade para se desvencilharern dos impositivos da forma infantil, a que se encontram mentalmente fixados. Ademais, são em grande número aqueles que, ao desencarnarem precocemente, adentram o plano espiritual em extremo desequilíbrio, razão pela qual são recolhidos em alas isoladas, com o fito de receberem cuidados especiais.

Certamente que a temática não se esgota neste breve estudo, todavia, desde já podemos concluir, mais uma vez, que o Espiritismo é, irrefutavelmente, o Consolador prometido por Jesus, por nos brindar com a realidade da sobrevivência da alma, notadamente em relação àqueles que retornaram às esferas espirituais quando ainda ensaiavam seus primeiros passos no mundo.

Autoria de José Marcelo Gonçalves Coelho
www.omensageiro.com.br

Bibiografia:
Kardec, Allan: O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76 ª edição.
Kardec, Allan: O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. VIII, Editora FEB, 76ª edição.
Ranieri, Rafael R.: Materializações Luminosas, cap. IX, XIII e XXVI, Edições FEESP, 1989.
Xavier, Francisco Cândido (Espíritos diversas);
Estamos do Além-Instituto de Difusão Espírita, cap. 2 e 10, 1986.
Xavier, Francisco Cândido (Espíritos diversos):
Reencontros-Instituto de Difusão Espírita, cap. 10,1987.
Xavier, Francisco Cândido (André Luiz):
Evolução em Dois Mundos, Segunda Parte, cap. IV, FEB, 1991.
Xavier, Francisco Cândido (André Luiz):
Entre a Terra e o Céu, cap. X e XI, FEB, 1991.

21 janeiro 2008

Renovação - Martins Peralva

Renovação

"O supremo objetivo do homem, na Terra, é o da sua própria renovação"

Aprender, refletir e melhorar-se, pelo trabalho que dignifica - eis a nossa finalidade, o sentido divino de nossa presença no mundo.

Descendo o Cristo das esferas de luz da Espiritualidade Superior à Terra, teve por escopo orientar a Humanidade na direção do aperfeiçoamento.

“Brilhe a vossa luz” - eis a palavra de ordem, enérgica e suave, de Jesus, a quantos lhe herdaram o patrimônio evangélico, trazido ao mundo ao preço do seu próprio sacrifício.

A infinita ternura de sua angelical alma sugere-nos, incisa e amorosamente, o esforço benéfico: “Brilhe a vossa luz”.

O interesse do Senhor é o de que os seus discípulos, de ontem, de hoje e de qualquer tempo, sejam enobrecidos por meio de uma existência moralizada, esclarecida, fraterna.

O Evangelho aí está, como presente dos céus, para que o ser humano se replete com as suas bênçãos, se inunde de suas belezas, se revigore com as suas energias, se enriqueça com os seus ensinos eternos.

O Espiritismo em particular, como revivescência do Cristianismo, também aí está, ofertando-nos os oceânicos tesouros da Codificação.

Pode-se perguntar: de que mais precisa o homem, para engrandecer-se, pela cultura e pelo sentimento, se lhe não faltam os elementos de renovação, plena, integral, positiva?!...

Que falta ao homem moderno, usufrutuário de tantas bênçãos, para que “brilhe a sua luz”?!...

A renovação do homem, sob o ponto de vista moral, intelectual e espiritual, é difícil, sem dúvida.

Mas é francamente realizável.

É indispensável, tão-somente, disponha-se ele ao esforço transformativo, com a conseqüente utilização desses recursos, desses meios, desses elementos que o Evangelho e o Espiritismo lhe forneçam exuberantemente, farta e abundantemente, sem a exigência de qualquer outro preço a não ser o preço de uma coisa bem simples: a boa-vontade.

A disposição de auto melhoria.

O homem, para renovar-se, tem que estabelecer um programa tríplice, como ponto de partida para a sua realização íntima, para que “brilhe a sua luz”, baseado no Estudo, na Meditação e no Trabalho.

Estudo: - O estudo se obtém através da leitura do Evangelho, dos livros da Doutrina Espírita e de quaisquer obras educativas, religiosas ou filosóficas, que o levem a projetar a mente na direção dos ideais superiores.

O estudo deve ser meditado, assimilado e posto em prática, a fim de que se transforme em frutos de renovação efetiva, e consciente: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres”.

Meditação: - A meditação é o ato pelo qual se volve o homem para dentro de si mesmo, onde encontrará a Deus, no esplendor de sua Glória, na plenitude do seu Poder, na ilimitada expansão do seu Amor: “O Reino de Deus está dentro de vós”.

Através da prece, na meditação, obterá o homem a fé de que necessita para a superação de suas fraquezas e a esperança que lhe estimulará o bom ânimo, na arrancada penosa, bem como o conforto e o bem-estar que lhe assegurarão, nos momentos difíceis, o equilíbrio interior.

Na meditação e na prece haurirá o homem a sua própria tonificação, o seu próprio fortalecimento moral e a inspiração para o bem.

Trabalho: - O trabalho, em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material, espiritual, moral.

Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para com a sociedade de que participa.

Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal.

No campo da atividade moral, lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar aquelas com que já se sente aquinhoado.

Em resumo: aquisição, cultivo e amplificação de qualidades superiores que o distanciem, em definitivo, da animalidade em que jaz há milênios de milênios: “E na vossa perseverança que possuireis as vossas almas”.

-o-

A palavra do Senhor - “Brilhe a Vossa Luz” - impele-nos, na atualidade, à realização deste sublime programa:

Renovação moral, cultural, espiritual.

A estrada é difícil, o caminho é longo, repleto de espinhos e pedras, de obstáculos e limitações, porém, a meta é perfeitamente alcançável.

Uma coisa, apenas, é indispensável: um pouco de boa-vontade.

Boa-vontade construtiva, eficiente, positiva.

O resto virá, no curso da longa viagem...

Autoria de Martins Peralva
Livro: Estudando o Evangelho

20 janeiro 2008

O Inferno - Aureliano Alves Netto

O Inferno

“Mas uma voz me disse: O Céu e o Inferno estão em ti mesmo”.
Omar Kháyyám.

Segundo o dogma do pecado original, todos os homens, manchados pela culpa de Adão, estariam virtualmente condenados às penas eternas, não fora a Misericórdia Divina haver-lhes facilitado um meio de salvação: o holocausto do filho de Deus feito homem, para redenção de quantos fossem eleitos para o recebimento da graça. Predestinação e favoritismo, incompatíveis com a bondade e perfeita justiça de Deus.

- Que pensar – indaga com razão E. Bellamare – de um juiz que condenasse um homem sob o pretexto de que, milhares de anos, um seu antepassado cometera um crime?

“Se o sacrifício de Jesus fosse necessário para salvar a humanidade terrestre, Deus deveria o mesmo socorro a outras Humanidades desgraçadas. Sendo, porém, ilimitado o número de mundos inferiores em que dominam as paixões materiais, o filho de Deus seria, por isso mesmo, condenado a sofrimentos e sacrifícios infinitos. É inadmissível semelhante hipótese”. (Cristianismo e Espiritismo – Léon Denis).

O dogma das penas eternas e o do pecado original se entrelaçam, guardando entre si estreitas relações de causa e efeito. Um já condenado, Satã, disfarçando-se em serpente, induz a primeira mulher ao pecado e a culpa de Eva contaminará todas as futuras gerações, per omnia saecula saeculorum. E como não são muitos os favorecidos pelo “estado de graça”, haja espaço nos departamentos do inferno...

Acreditava-se antigamente que a Terra era o centro do Universo e que o firmamento formava uma abóbada na qual se incrustavam as estrelas, ficando o Céu situado no alto e o Inferno embaixo.

Mas Copérnico demonstrou o duplo movimento dos planetas sobre si mesmos e à volta do Sol; e Galileu, seguindo-lhe as pegadas, proclamou a teoria heliocêntrica do Universo. Provou-se ser errônea a idéia de subir ao Céu ou de descer aos infernos. Evidenciou-se que, devido ao movimento de rotação da Terra, há lugares antípodas a se alternarem permanentemente de posição, e que, sendo infinito o espaço, não pode haver alto nem baixo no Universo.

Contudo, por mais estranho que pareça, ainda hoje, no século da cibernética e das viagens pelo Cosmo, há certas religiões que continuam querendo demonstrar o indemonstrável: a existência do inferno.

Não é fora de propósito, por conseguinte, alinharmos algumas considerações nossas e alheias, acerca do velho assunto que de há muito já devia ter saído de pauta.

Vale repetir a frase de Denis: - Admitir Satanás e o inferno eterno é insultar a Divindade.

Efetivamente. Deus, onisciente que é, conhece todo o passado e antevê o futuro. Ao criar uma alma, deve saber se ela haverá de cometer faltas graves. E, se tendo conhecimento antecipado dessas faltas, condena a alma ao sofrimento eterno, o Criador deixa de ser bom e justo.

Outro aspecto a considerar, na lúcida explanação de Kardec:

“Se Deus é inexorável para o culpado que se arrepende, não é misericordioso, deixa de ser infinitamente bom. E porque daria Deus aos homens uma lei de perdão, se Ele próprio não perdoasse? Resultaria daí que o homem que perdoa aos seus inimigos e lhes retribui o mal com o bem, seria melhor que Deus, surdo ao arrependimento dos que O ofendem, negando-lhes por todo o sempre o mais ligeiro carinho”.

“Achando-se em toda parte e tudo vendo, Deus deve ver também as torturas dos condenados; e se Ele se conserva insensível aos gemidos por toda a eternidade, será eternamente impiedoso; ora, sem piedade, não há bondade infinita”. (O Céu e o Inferno – Capítulo VI).

Afirma Bernardo Bartmann, em sua Teologia Dogmática, que “o fogo do inferno, em si, na sua natureza é semelhante ao fogo terrestre, mas dotado de propriedades particulares: não necessita ser aceso e alimentado”.

Santo Agostinho imagina um quadro pavoroso: num verdadeiro lago de enxofre, vermes e serpentes saciando-se nos corpos, conjugando suas picadas com as do fogo. Esse fogo, no entender de conceituados teólogos, queima sem destruir, penetrando a pele dos condenados, bem como embebendo e saturando-lhes todos os membros, medula dos ossos, pupila dos olhos, enfim, as mais recônditas fibras do seu ser.

O piedoso Doutor Angélico S. Tomás de Aquino, dá-nos ciência de que os bem-aventurados, ao contemplar as torturas dos condenados, “não somente serão insensíveis à dor, mas até ficarão repletos de alegria e renderão graças a Deus por sua própria felicidade, assistindo à inefável calamidade dos ímpios”.

Como conceber-se – objetamos nós, tanto gozo da parte de u´a mãe amorosa ou dum pai extremoso que, das beatíficas regiões celestes, observa, impassível, os ingentes sofrimentos do filho querido que foi dar com os costados no inferno?

Puro sadismo angelical, o que é uma contradição nos termos.

À vista de tanta insensatez e de tanto despautério, surge como um bálsamo a palavra sensata de um pastor evangélico, o reverendo Doutor Charles R. Brown, da Igreja Congregacionalista de Oakland e decano da Universidade de Yale:

“Hoje o Universalismo ensina que todos os homens colhem o que semeiam, segundo uma Justiça que não falha. Todo erro será castigado ou aqui ou além, mas sempre com o fim de corrigir o malfeitor. O inferno não é um lugar de condenação eterna e de desespero: é mais uma escola de reforma”.

Autoria de Aureliano Alves Netto