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30 novembro 2017

Fábulas da carochinha e o ancestral “espiritismo” à brasileira - Jorge Hessen

 

FÁBULAS DAS CAROCHINHA E O ANCESTRAL "ESPIRITISMO" À BRASILEIRA


Um belo dia, assisti a um vídeo (documentário) sobre as atividades de certa instituição espírita dirigida rigorosamente sob os preceitos da coerência doutrinária. Entretanto, no que pese o admirável trabalho assistencial efetivado por essa instituição, ela o realiza em sociedade (parceria) com outro “centro espírita”, que é administrado sem discernimentos e integral inobservância dos princípios kardecianos.

Eis aí o nó da questão!

Para meu espanto, notei no vídeo que alguns trabalhadores do segundo centro espírita estavam trajados com camisetas brancas à guisa de uniformes e coruscantes manifestações de idolatrias ao “médium” protagonista que “incorpora” “doutores do além” e/ou “espíritos curadores”.

No documentário ainda percebi cenas em que são exibidas substâncias acondicionadas em diversas garrafas, supostamente contendo “remédios” prescritos por orientações de “pretos velhos”. Com obviedade estranhei sobre tal prática, considerando que o documentário foi exibido numa instituição de orientação genuinamente kardeciana. Por isso, deliberei escrever aqui sobre as inconsistências dessa segunda instituição.

São raras, ainda, as instituições espíritas que se podem entregar à prática mediúnica, com plena consciência da tarefa que têm em mãos. Deste modo, é aconselhável e prudente a intensificação das reuniões de estudos sérios das obras de Kardec, a fim de que os trabalhadores de boa vontade não venham a cair no desânimo ou na inércia por causa de um antecipado e imaturo comércio com as energias do plano invisível.

Creio que os médiuns são úteis, mas não indispensáveis numa casa espírita. É evidente que a ausência de estudos de Kardec não é prudente nas instituições espíritas, e é de se estranhar que médiuns estudiosos e sinceros continuem com suas consciências escravizadas, incidindo no velho erro do misticismo e/ou da idolatria.

Quanto aos médiuns idolatrados, é importante adverti-los que o seu maior inimigo não é quem os adverte, mas o seu personalismo e sua pirraça no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho. Há médiuns que se convenceram quanto aos fenômenos, sem se converterem ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Espiritismo os seus caprichos pessoais, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração.

É importante prevenir fraternalmente que os Espíritos que se apresentam como “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)” nos terreiros ou noutros recintos possuem muito pouco ou quase nada de si mesmos para ensinar, em termos de filosofia espírita.

O princípio do ÓBVIO nos sussurra que devemos ter respeito, atenção, carinho, amor, sincero desejo de ajudar tais entidades, porém essa não é uma recomendação isolada para Espíritos de “caboclos” e “pretos(as)-velhos(as)”. Isso vale para todas e quaisquer comunicação mediúnica.

Dizem que por trás desses estereótipos (“pretos(as)-velhos(as)”, “caboclos”) podem estar “médicos”, “filósofos”, “poetas” etc., que apenas se utilizam de tais “roupagens” para ensinar melhor (!…). Conquanto exista obra mediúnica já consagrada nas hostes espíritas que afiance isso, particularmente, duvido sobre tal veridicidade. Nada mais precipitado do que se dar crédito a esses argumentos. Até porque, o PENSAMENTO é a linguagem, por excelência, no mundo espiritual, e a forma e trejeitos no falar e agir são adicionais supérfluos e desnecessários.

Ora, não há eternos espíritos de “pretos(as)-velhos(as)”, nem brancos(as)-velhos(as), porque todos estão em processo de evolução e não podem permanecer nessas categorias. Por essa razão, devemos ter toda cautela com os seus atavismos primários. Até porque essas entidades precisam descontruir tais psiquismos atávicos que, a rigor, mais assemelham-se aos mitológicos “deuses” do velho politeísmo.

A Doutrina dos Espíritos está estruturada nas Obras Básicas de Allan Kardec e não possui ramificações ou subdivisões com outras crenças. Seu corpo doutrinário está contido nos ensinos dos Espíritos Elevados (isso mesmo! Espíritos Superiores). Motivo pelo qual não podemos nos acomodar com um Espiritismo “à moda brasileira”, ou seja, um Espiritismo umbandizado, catoliquizado, irracional, místico e mistificado por desajustados centros “espíritas” que insistem em difundir as ingênuas fábulas da carochinha…




29 novembro 2017

Parasitose Mental e Vampirismo - Antônio Carlos Navarro



PARASITOSE MENTAL E VAMPIRISMO


Parasitas ou parasitos são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente, prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo. (1)

De conhecimento comum, a existência e mecanismo de atuação dos parasitas ocorrem em amplo espectro nos reinos animal e vegetal. Em alguns casos a convivência é pacífica, chegando a produzir efeitos positivos no hospedeiro, enquanto que em outros podem levar o hospedeiro à morte e esta, em consequência, também aniquila o parasita.

Desejamos, no entanto, traçar apontamentos sobre uma espécie de parasitose pouco conhecida, mas, largamente, presente na espécie humana.

Trata-se da parasitose provocada pela presença junto aos seres encarnados, de um ou mais indivíduos viciosos desencarnados, que continuam, no plano espiritual, a incessante busca pela satisfação de suas viciações à custa da viciação de suas vítimas.

Sabemos que o que atrai os espíritos para junto de nós são as vontades e pensamentos que geramos e sustentamos e, por isso, toda e qualquer viciação do encarnado permite a sintonia com desencarnados viciosos compatíveis.

Toda viciação começa na mente do Ser.

A esse respeito, encontramos esclarecedora mensagem espiritual transmitida pelo Espírito Dias da Cruz, que foi médico na Terra em sua última existência, ao médium Francisco Cândido Xavier (2), de onde tiramos os seguintes apontamentos:

“Avançando em nossos ligeiros apontamentos acerca da obsessão, cremos seja de nosso interesse apreciar o vampirismo, ainda mesmo superficialmente, para figurá-lo como sendo inquietante fenômeno de parasitose mental”.

Após identificar o fenômeno obsessivo vinculado à viciação como Parasitose Mental ou Vampirismo, continua o Benfeitor:

“No vampirismo, devemos considerar igualmente os fatores externos e internos, compreendendo, porém, que, na esfera da alma, os externos dependem dos internos, porquanto não há influenciação exterior deprimente para a criatura, quando a própria criatura não se deprime”.

No apontamento acima o Benfeitor identifica o encarnado como sendo o responsável direto pela atração e hospedagem do “Parasita Espiritual” e, abaixo, esclarece o modus operandi:

“É que pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”.

Aqui o Benfeitor deixa claro que todo processo espiritual-parasitário pode provocar doenças físicas e mentais de profundidade, levando o hospedeiro ao encurtamento da vida física, em processos de suicídio direto e indireto, que trará, como consequência, sofrimentos variados nas esferas espirituais, bem como reclamará a corrigenda futura, também com muito sofrimento, em outras reencarnações, decorrente do necessário reparo da tessitura perispiritual através das mais diversas más formações e mau funcionamento dos órgãos físicos.

Finalizando o assunto o Benfeitor nos orienta:

“Imprescindível, assim, viver em guarda contra as ideias fixas, opressivas ou aviltantes, que estabelecem, ao redor de nós, maiores ou menores perturbações, sentenciando-nos à vala comum da frustração.

Toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária, ociosa ou inerte, que se rende, desajustada, às sugestões inferiores que a exploram sem defensiva.

Usemos, desse modo, na garantia de nossa higiene mento-psíquica, os antissépticos do Evangelho. Bondade para com todos, trabalho incansável no bem, otimismo operante, dever irrepreensivelmente cumprido, sinceridade, boa vontade, esquecimento integral das ofensas recebidas e fraternidade simples e pura, constituem sustentáculo de nossa saúde espiritual.

– “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” recomendou o Divino Mestre.

– “Caminhai como filhos da luz” – ensinou o Apóstolo da gentilidade.

Procurando, pois, o Senhor e Aqueles que o seguem valorosamente, pela reta conduta de cristãos leais ao Cristo, vacinemos nossas almas contra as flagelações externas ou internas da parasitose mental”.

Pensemos nisso.


Antônio Carlos Navarro


Referências Bibliográficas:

(1) Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Parasita;

(2) Livro Instruções Psicofônicas. Lição nº 34. Página 159.

28 novembro 2017

Vigilância e fidelidade da última hora - Bezerra de Menezes


VIGILÂNCIA E FIDELIDADE DA ÚLTIMA HORA



Filhos, filhas, todos da alma!

Metamorfoseando-se, o materialismo penetra em todos os ramos do conhecimento humano e as religiões não escapam da sua habilidade camaleônica, permitindo-se os métodos perturbadores das necessidades corporais do ser humano no seu processo de evolução.

Indispensável a vigilância para não nos deixarmos engambelar pelas sereias sedutoras nos seus cânticos que fascinam, entorpecem e aniquilam a esperança.

Jesus, não poucas vezes, teve que enfrentar a argúcia do materialismo disfarçado, das manifestações farisaicas que se apresentavam vestidas de traje impecável quais sepulcros de branco caiados, ocultando cadáveres em decomposição.

Allan Kardec, não poucas vezes, viu-se sitiado pelas manobras maniqueístas do Mundo Espiritual inferior através de companheiros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sendo, no entanto, fiéis aos postulados do Espírito de Verdade.

Na atualidade, de sofreguidão e de tormento, o ser humano procura uma forma de escapar das provações necessárias ao seu processo evolutivo, e não raro são atraídas essas almas para as propostas equivocadas do deus Mamon, e Mamon deísta que fascina, embriaga os invigilantes e os precipitados.

Indispensável a nossa fidelidade aos postulados espíritas conforme exarados na Codificação. O mundo estertora, não pela primeira vez. Periodicamente, conjugam-se fatores cósmicos que se tornam sociológicos e ético-morais, sacudindo as civilizações e empurrando-as para o aniquilamento, para logo surgir um período de esperança e de paz.

Às vésperas da grande transição planetária já iniciada desde há muito, atingimos o clímax que nos pede sacrifício e honradez. Quantos desertam na hora do testemunho! Quantas almas fragilizadas pela sua constituição emocional e espiritual, atraídas pela doçura do Homem das Bem-Aventuranças, mas que não suportam o ferrete do padecimento humano e optam pela desistência mais uma vez!

Somos alguns deles que retornamos, ouvindo o convite de Jesus para a mansuetude, para a misericórdia, para a autoiluminação e tendo baqueado ontem, encontramo-nos necessitados da redenção, tropeçando nas próprias mazelas, correndo o risco da desistência perigosa. Tenhamos cuidado para que os encantos rápidos do mundo não nos distraiam tanto.

Algo temos que fazer e o Mestre Incomparável pede-nos fidelidade da última hora. A noite desce e a treva não se faz total porque as estrelas do amor brilham no cosmo das reencarnações.

Este é momento grave, filhas e filhos do coração, e vós tendes a oportunidade de O servir como dantes não lograstes.

Tornai-vos fortes ante a debilidade das forças. Sede fiéis diante das facilidades do comportamento. Por mais longa seja a existência física, ela se interrompe e o ser volta à realidade, à Casa Paterna, com os valores que acumulou durante a trajetória física.

Bendireis amanhã as dificuldades de hoje, as noites, quiçá indormidas, de preocupações e de zelo, porque o pastor se preocupa especialmente com as ovelhas que tresmalham e deveis estar atentos para essas ou para aquelas que são lobos travestidos de cordeiros em nosso meio, ameaçando a estabilidade do rebanho.

Jesus recomendou-nos a vigilância para, depois, a oração. Sede prudentes como as serpentes, sábios como as pombas, parafraseando o Evangelho, e estai vigilantes, porque amigos vossos de ontem, que se encontram conduzindo as leiras do Espiritismo com Jesus abrem as portas imensas da Imortalidade para que as atravesseis em triunfo e em glória.

Bendizei, portanto, as dificuldades que também experimentamos quando estávamos na indumentária carnal. Ninguém em caráter de exceção. Quantas vezes choramos convosco, abraçando-vos e dizendo-vos: “bom ânimo, crede e perseverai”, recordando-nos de Paulo, sob as ruinas da acrópole antiga em Atenas, renovada, ouvindo as vozes espirituais depois do insucesso da sua pregação aos gregos que ele tanto amava. E ele soube esperar, trabalhar, insistir e amar, fazendo que depois Atenas recebesse o divino pábulo do Evangelho e o legado sublime de Jesus.

Estamos em uma nova Atenas, que teima em não nos aceitar, em substituir Jesus pela tradição dos velhos deuses de Dionísio a Momo, de Baco às expressões mais vis do humano comportamento.

O triunfo, sem dúvida, é de Jesus. Ide e pregai com o exemplo, vivendo o Evangelho a qualquer preço, não conforme as teologias, mas de acordo com a ética moral de que se utilizou Allan Kardec para perpetuar esse modelo e guia da Humanidade que nos conduz!

Ide, amados! Antes, servos e, agora, irmãos do Mestre em triunfo, na Era de Luz que se iniciará em madrugada próxima, logo seja terminada a noite de trevas.

Mantende-vos em paz e amai, ajudando-vos uns aos outros nas suas debilidades e fraquezas, pois que são eles que precisam do vosso auxílio para também atingirem a meta.

O Senhor da Vida irá conosco.

Muita Paz, filhos do coração e filhas da ternura!

São os votos dos espíritos-espíritas, por intermédio do servidor humílimo e paternal de sempre,


Bezerra
(Mensagem psicofônica ditada pelo Espírito Bezerra de Menezes ao médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizada em Brasília, em 12 de novembro de 2017. Texto revisado pelo autor espiritual.)

27 novembro 2017

Disciplina é dever – Orson Peter Carrara



DISCIPLINA É DEVER



A disciplina (em todos os sentidos: dieta, caminhadas, responsabilidades, compromissos, vigilância sobre o próprio comportamento, etc.), normalmente é encarada como algo difícil e desagradável. Afinal é difícil resistir a um sorvete ou a uma torta, à tentação de permanecer mais na cama, a faltar num compromisso numa noite de chuva e mesmo atender à necessidade dos cuidados com a saúde. Isso sem falar nos que não resistem às oportunidades da desonestidade, da esperteza que prejudica outras pessoas, ao “jeitinho” brasileiro, aos deslizes morais de toda espécie.

Resistir, todavia, é grande virtude. Não é fácil disciplinar-se. A primeira providência é não mentirmos para nós mesmos. De que adianta dizer que esse ou aquele compromisso é bom, agradável, quando não sentimos prazer. Então, o oposto é dizer a verdade: não é bom, mas é necessário. Ou, em outras palavras: preciso fazer isso. Preciso estudar, preciso caminhar, preciso resistir, preciso disciplinar-me, mesmo adiando o prazer. Sim, porque segurar-se em várias questões provoca adiamento do prazer que buscamos.

Adiar o prazer momentâneo, ao invés de trazer sofrimento, o potencializa.
O prazer momentâneo da indisciplina alimentar criará problemas para a saúde. Adiar esse prazer significa mais qualidade de vida, mais saúde. Da mesma forma um estudante que adia o prazer de passear, namorar, etc., potencializa o prazer futuro de se ver aprovado no vestibular. O prazer efêmero da aventura sexual muitas vezes trará muitas “dores de cabeça” no futuro.

Por isso pensando na disciplina que precisamos aplicar a nós mesmos, busco a inspiração do poeta Cornélio Pires no poema Assuntos de disciplina, que transcrevemos parcialmente:

Tema difícil — meu caro —
Pois disciplina é dever,
Mas isso, enquanto entre os homens,
Não é fácil de saber.
Se vivermos descuidados,
Deixando as horas em vão,
Surgem testes retardados
E lutas de revisão.

A prova que se recusa
É caminho a desamparo,
Ensinamento esquecido,
Mais à frente custa caro.

Todo aquele que se esquece
Do que lhe cabe fazer,
Descamba no prejuízo,
Tem sempre muito a perder.

Lembre, nos quadros da Terra
Que recordamos a dois:
Onde surge a indisciplina,
Tribulação vem depois…

Discipline, caro amigo,
Seu tempo, corpo e função…
Quanto mais ordem na vida,

Mais vida de elevação.


Orson Peter Carrara

26 novembro 2017

No que consiste o nosso planejamento reencarnatório - Adriana Machado

 

NO QUE CONSISTE O NOSSO PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO


Fazemos uma ideia muito errada sobre o que é o nosso planejamento reencarnatório. E nos equivocamos porque temos ideias muito deturpadas do que é sairmos vencedores, termos boas experiências, superarmos nossas dificuldades.

Enquanto não percebermos que a nossa existência não se resume a um punhado de experiências que nos farão sofrer, não compreenderemos a essência de nossa própria realidade.

E porque pensamos isso? Primeiro, porque muitos ainda acreditam que é pelo sofrimento que seremos felizes! Interpretamos, equivocadamente, que sendo a dor necessária para o nosso crescimento, o sofrimento também o será, como se um dependesse do outro, como fossem um só. Mas, hoje, mais do que nunca, esses conceitos estão sendo explicados de uma forma mais simples e libertadora: dor e sofrimento são dois aspectos de uma experiência, sendo que a primeira é a forma que encaramos a experiência em que vivemos e o segundo, como nos deixamos senti-la.

Quando é afirmado que a dor é necessária, está se dizendo, simplesmente, que a maioria de nós, seres terrenos, nesta etapa evolutiva, somente nos freamos quando algo “desagradável” aos nossos olhos nos acontece. Esse algo, normalmente, é um alarme que nos faz perceber que precisamos parar e descobrir, de uma forma mais racional e sem destemperos, qual o caminho que nos retirará daquela trajetória desastrosa que estávamos percorrendo. E por que digo “aos nossos olhos”? Porque tal circunstância pode ser horrível para nós e não ser para um outro alguém. Eu posso perder a paz em uma circunstância que outra pessoa a vivenciaria sem muitos tumultos... Por isso, a dor é subjetiva, da mesma forma que a intensidade de nosso sofrimento também é. Ambos, serão avaliados pelo indivíduo e dada a sua importância e intensidade segundo a sua forma de enxergar a vida.

Mas, o que isso tem a ver com a programação reencarnatória? Tudo, porque ambas serão produzidas pelo indivíduo segundo a sua noção consciente ou inconsciente de seus débitos e trabalhadas em suas existências materiais. Está muito claro para mim que, os nossos débitos são contraídos pelas nossas ações equivocadas, mas eles só são mantidos pela nossa consciência culpada. Mesmo quando pensamos naquele indivíduo que não tem noção exata de seus equívocos e é aprisionado pelos seus algozes no plano imaterial, isso só acontece porque ele, como qualquer um de nós, já “sabe” o que é certo e errado, e ele “vibra” conforme este entendimento. Desde a vinda dos grandes Mestres, incluindo Jesus, não podemos mais dizer que não sabemos onde erramos.

Por isso, quando participamos de nossa programação reencarnatória, temos em nossa mente o que queremos superar e se possível “pagar” para nos vermos livres de nossa consciência perturbada. Elegemos muitas possíveis experiências não especificadas [1], mas úteis para o nosso desabrochar e, na ilusão de um menino pequeno que acha que se esconde atrás de suas próprias mãos, enxergamos muita dor e empreendemos muito sofrimento nelas para nos vermos pagando por cada erro cometido.

Precisamos compreender que sermos vencedores em uma existência terrena, termos boas experiências e superarmos nossas dificuldades depende de como vemos o que recebemos da vida e estas podem ser por nós transmutadas para um olhar mais humano e caridoso para conosco. Se não aprendermos isso, ao acreditarmos que precisaremos padecer os horrores de uma doença terminal para nos livrarmos de nossos males, será isso que construiremos para nós ao final de nossa existência. Assim, atendendo ao nosso desejo, a vida nos dará a chave de nossa libertação (a doença terminal) para que alcancemos o objetivo de nossa programação reencarnatória que é, tão somente, alcançarmos a nossa felicidade espiritual.

[1] Em nosso planejamento, com raras exceções, não escolhemos passar especificamente por uma avalanche ou um tiroteio, uma queda de avião ou acidente de carro... Escolheremos, de uma forma geral, passar por uma experiência que nos ajudará a compreender o valor da vida, da família ou do emprego que nos sustenta... Daí, as circunstâncias serão construídas a partir de nossas ações, serão o resultado de nossas construções segundo as nossas escolhas de toda uma vida.




25 novembro 2017

Contato com Espíritos no presídio - Wellington Balbo



CONTATO COM ESPÍRITOS NO PRESÍDIO


Alguns anos atrás que minha filha, Olívia, começou a queixar-se de influência espiritual.

Segundo ela, o Espírito de uma menina a perseguia causando-lhe embaraços de todos os tipos. Falava com ela e aparecia-lhe em sonhos.

Como na época morávamos juntos, resolvi, certo dia, conversar com o Espírito que perseguia minha filha.

Fomos até a sala, oramos, e eu, em voz alta, iniciei a fala. Disse para o Espírito sobre Jesus, abordei a questão do amor, perdão, vida após a morte e pedi que seguisse seu caminho, deixando Olívia em paz.

A situação resolveu-se e, desde então minha filha não mais acusou a presença da entidade que apoquentava sua vida.

Bem provável ter sido o caso de um Espírito ainda sem conhecer sua real condição. Parecia-me, realmente, uma entidade muito mais perdida do que má.

Por que contei este fato?

Porque algumas pessoas consideram que não se deve estabelecer contato com os Espíritos fora do ambiente do centro espírita.

Esquecem, todavia, que os Espíritos estão entre nós, a todos os instantes, e basta o pensamento para que os imortais estejam mais próximos.

Aliás, Kardec trouxe um Espiritismo com Espíritos, sem grande cerimônia para contatar os imortais.

Segundo Kardec bastava o sentimento fervoroso e o desejo sério de instruir-se para, então, ser digno de receber os bons Espíritos, fosse onde fosse, estivesse onde estivesse.

Muito mais do que a geografia, ensina Kardec que o importante é o coração puro.

No que concerne a manifestação dos Espíritos, Kardec narra pitoresco fato:

Conta ter recebido carta de um presidiário que se convertera ao Espiritismo.

A missiva está na Revista Espírita, fevereiro de 1864. O detento informa que o Espiritismo teve o poder de levá-lo à reflexão. Ele, então, ao conhecer o Espiritismo pode perceber o mal que havia feito, sendo, pois, despertado para uma nova vida por meio da fé.

Mas eis que o presidiário informa estar contatando os bons Espíritos no presídio.

E eles, os bons Espíritos, não lhe faltavam a assistência e compareciam, ditando-lhe palavras reconfortantes.

Ou seja, o presidiário era médium e fazia o contato com os Espíritos na própria em que se encontrava.

Kardec encerra o texto de forma primorosa, informando-nos que nenhum obstáculo, nem mesmo o fato de se estar na prisão é impeditivo de confabular com os bons Espíritos, pois estes manifestam-se aqui, ali e acolá...

Quer o homem queira ou não, os Espíritos são livres e não aceitam que neles se coloquem amarras de qualquer tipo.

E como são livres, estarão onde bem quiserem e entenderem, não sendo, pois, apenas o centro espírita palco para a presença das entidades desencarnadas.

Elas estão por toda parte e a nós cabe entender como se processa este contato para, então, colaborar de alguma forma, caso se faça necessário nosso concurso.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo

24 novembro 2017

Um homem, uma história resignificando o vínculo solidário - Jorge Hessen



UM HOMEM, UMA HISTÓRIA RESIGNIFICANDO O VÍNCULO SOLIDÁRIO


Objetivando transmitir uma mensagem de “alento” e “esperança” a pessoas em desespero, John Edwards, de 61 anos, um ex-dependente de drogas e ex-alcóolatra (sóbrio há mais de duas décadas) inexplicavelmente se voluntariou deitar em um caixão que foi fechado e enterrado no terreno de uma igreja de Belfast, na Irlanda do Norte. Obviamente o ataúde foi especialmente adaptado para que Edwards “sobrevivesse” por três dias (quando fosse desenterrado) e pudesse transmitir a experiência ao vivo pelas redes sociais.

No passado Edwards enfrentou abuso sexual, viveu na rua, recebeu tratamentos para distúrbios mentais, sobreviveu a várias overdoses e “perdeu” mais de 20 amigos por conta de abuso de drogas, álcool e suicídios. Sobreviveu a dois cânceres e a um transplante de fígado após desenvolver hepatite C por causa de uma agulha contaminada.

Há quase 30 anos, após passar pelo que descreveu como um “incrível encontro com Deus”, Edwards criou vários centros cristãos de reabilitação e abrigos para moradores de rua. Atualmente se dedica a aconselhar e orar com pessoas em situações de abandono e desesperança. [1]

Em que pese o desígnio altruístico de John Edwards, é evidente que agiu de forma irracional ao se permitir enterrar vivo por três dias, visando gritar o brado da “esperança” para as pessoas em desespero. A rigor, tal manifesto não faz sentido lógico sob qualquer análise racional. Entretanto, deixando de lado essa insanidade (sepultar-se vivo), vislumbremos os efeitos positivos da transformação de sua vida pessoal.

Importa reconhecermos que os diversos núcleos de reabilitação e abrigos para moradores de rua instituídos por John são passaportes pujantes para auto conquista da paz espiritual. Nisso Edwards acertou em cheio, pois embrenhou-se no orbe da solidariedade através do compartilhamento de um sentimento de identificação em relação ao sofrimento alheio. Não apenas reconheceu a situação delicada dos moradores de rua, mas também auxiliou essas pessoas desamparadas.

Sabemos que os males que afligem a Humanidade são resultantes exclusivamente do egoísmo (ausência de solidariedade). A eterna preocupação com o próprio bem-estar é a grande fonte geradora de desatinos e paixões desajustantes. A máxima “Fora da Caridade não há Salvação” [2] é a bandeira da Doutrina Espírita na luta contra o egoísmo. Nesse sentido, a solidariedade é a caridade em ação, a caridade consciente, responsável, atuante, empreendedora.

Os preceitos espíritas contribuem para o progresso social, deterioram o materialismo, orientam para que os homens compreendam onde está seu verdadeiro interesse. O Espiritismo destrói os preconceitos “de seitas, de castas e de raças, ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos” [3]. Destarte, segundo os Benfeitores espirituais, “quando o homem praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade” [4].

A recomendação do Cristo de “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” [5] assegura-nos o regime da verdadeira solidariedade e garante a confiança e o entendimento recíproco entre os homens. A solidariedade na vida social é como o ar para o avião. É imprescindível darmo-nos através do suor da colaboração e do esforço espontâneo na solidariedade para atender substancialmente as nossas obrigações primárias à frente do Cristo. [6]

Ante as responsabilidades resultantes da consciência doutrinária que nos impõe a superar a temática de vulgaridade e imediatismo ante o comportamento humano, em larga maioria, a máxima da solidariedade apresenta-se como roteiro abençoado de uma ação espírita consciente, capaz de esclarecer e edificar os corações com a força irresistível do exemplo



Referências bibliográficas:

[1] Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-39191185 acesso em 21-03-2017

[2] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, Cap. XV

[3] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, pergunta 799

[4] Idem

[5] Jo 15.12

[6] Xavier, Francisco Cândido. “Fonte Viva” ditada pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1992

23 novembro 2017

Caminhar juntos - Momento Espírita




CAMINHAR JUNTOS


Ao nos casarmos, decidimos caminhar com alguém ao nosso lado.

Mas é necessário entender que caminhar lado a lado não é dar os mesmos passos.

Caminhar juntos pode apresentar descompassos, tropeços ou mesmo algumas paradas vez ou outra para ajuste dos passos.

Isso porque nós e o caminho vamos modificando na medida que os passos vão se desdobrando.

A estrada se descortina com suas surpresas, próprias de trechos ainda não percorridos.

Naturalmente, no transcorrer do percurso, bifurcações surgem, nos obrigando a tomar decisões, escolher para que lado seguir.

Se, individualmente, temos opções a fazer, diante das encruzilhadas que a vida nos oferece, podendo realizar escolhas pessoais, a vida a dois igualmente apresenta tais momentos.

E se nosso desejo é caminharmos um ao lado do outro, importante que optemos pelas mesmas direções nessas oportunidades.

Assim, as decisões deverão ser tomadas de comum acordo, para que não nos distanciemos um do outro ao longo da jornada.

Nesse caminhar decidiremos o tamanho da família que queremos ter, as datas propícias para o seu crescimento, como será a educação dos filhos.

Tomaremos, ainda, decisões importantes relativas à vida profissional de ambos, dos bens a adquirir, e outras que se fizerem presentes.

Quando não existir o diálogo franco, pela falta de ouvir o outro ou não ceder nos propósitos pessoais, é comum os cônjuges optarem por caminhos diferentes.

Dessa forma, seguem individualmente, como se sozinhos estivessem, e não percebem que o outro não mais caminha ao seu lado.

Haverão de se dar conta muitos passos adiante, muito tempo depois, de que estão caminhando a sós.

É quando surgem os desentendimentos, as discussões tolas, por tudo e por qualquer coisa.

Caminhar juntos é cuidar um do outro, é prestar atenção na direção dos próprios pés para que não se distanciem de quem está ao lado.

Importante lembrar que nenhum de nós é obra acabada a ser descoberta aos poucos pelo outro.

Somos obra em construção, modificada, alterada e estruturada a cada dia.

Ocorre, por vezes, que mesmo depois de anos de caminhada, nos surpreendemos com as ações ou reações do outro. Descobrimos, então, que não conhecemos verdadeiramente quem há tanto tempo está ao nosso lado.

Por isso é necessário atentar para os passos, mas também aprender a ler nos olhos.

Será através dessas janelas da alma que conseguiremos penetrar a intimidade do cônjuge.

Por outro lado, também devemos permitir que ele nos leia nos olhos, que nos examine a alma.

Dessa forma, caminhar lado a lado será mais simples porque iremos acompanhando as mudanças íntimas, a conquista dos valores, os desejos e os sonhos um do outro.

Muitos desistem da caminhada. Outros tantos se permitem afastamentos e passam a seguir sozinhos. Não raro são aqueles que se perdem, em uma bifurcação qualquer.

Será sempre valioso aprendizado se, atentos ao caminhar, seguirmos pela longa estrada, vencendo tropeços, acertando passos e escolhendo juntos os caminhos.

Portanto, sigamos com atenção para que juntos possamos estabelecer belo e venturoso percurso e, finalmente, cheguemos ao destino que ambos idealizamos, em uma data qualquer.


Por Redação do Momento Espírita


22 novembro 2017

Impossível não chorar – Orson Peter Carrara




IMPOSSÍVEL NÃO CHORAR


Surpreendeu-me vivamente o filme Little Boy – Além do Impossível. Entreguei-me às lágrimas, sem conseguir segurar. E faz chorar duas vezes, com intensidade. É muito comovente. Veja no Netflix.

Reproduzo a sinopse que extraí da net: “O’Hare, Califórnia. O pequeno Pepper (Jakob Salvati) tem uma forte ligação com o pai, James Busbee (Michael Rapaport), com quem vive aventuras fantasiosas. Quando seu irmão London (David Henrie) é convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial, James se oferece para ir no lugar dele. A situação deixa Pepper desolado, sendo que ele ainda precisa lidar com as constantes provocações dos demais garotos por ser pequeno demais – daí o apelido jocoso Little Boy. Disposto a trazer o pai de volta da guerra, Pepper resolve seguir uma lista de boas ações entregue pelo padre Oliver (Tom Wilkinson).”

A fé do menino, estimulada pelo conhecido “grão de mostarda” que ele ouviu do padre, inclusive com uma metáfora fantástica numa cena marcante do filme, em que somos levados a pensar sobre a fé e seus desdobramentos, tem um final comovente.

O pequeno garoto – de estatura menor mesmo –, transforma-se num gigante pela esperança e fé alimentadas para que o pai voltasse da guerra. A ligação entre ambos é muito forte e a família sobre as agruras da idiotice de uma guerra que separou seus membros. O menino pequeno, todavia, traz à família, à população do vilarejo onde vive e especialmente para o telespectador, as lições vivas do “transporte da montanha”, como indica o ensinamento maior.

O filme começa e parece despretensioso, sem atrativos, mas vai envolvendo de tal maneira, que não se imagina o final surpreendente. Que emociona. As lágrimas do menino são transferidas de maneira intensa para quem assiste e sofre com ele. Os personagens da trama igualmente se envolvem com seu drama, ele se torna muito conhecido pela sua história de fé e esperança, espalhando no ar algo diferenciado que comove mesmo.

Muito bom filme. Não deixe de ver. Veja, inclusive, com a família toda.

Não consigo transformar em palavras as emoções intensas que me envolveram, refletindo sobre o valor da fé e o drama do pequeno de 8 anos de idade. Como pai e avô, as situações familiares ali se desenham diante do inevitável da separação, em tão variadas circunstâncias que a vida se apresenta. Felizmente somos todos imortais, mas a lição viva da fé, trazida pelo filme, produz expressiva reflexão aliada a lindas emoções.

Se eu me aventurar mais aqui, acabo contando o final, e não quero estragar a expectativa do telespectador. Veja o filme, meu amigo, minha amiga…. É um verdadeiro auto teste da fé que alimentamos diante das situações adversas.

Orson Peter Carrara

21 novembro 2017

Como Saber se Você está Sofrendo de Obsessão - Fernando Rossit



COMO SABER SE VOCÊ ESTÁ SOFRENDO DE OBSESSÃO



Definição:  é a ação prejudicial, insistente, dominadora, de um Espírito sobre outro. Em alguns casos, quando a ação é intensa e continuada, pode vir a causar reflexos prejudiciais no organismo do obsidiado.

Por que acontece?


Por débito de um Espírito para com outro, originado nesta ou em outra vida;

Pela afinidade que atrai um Espírito para outro. Nossas imperfeições atraem para junto de nós Espíritos com idênticas imperfeições, vícios e falhas morais, tais como: alcoolismo, maledicência, ambição etc.

Pela falta de ação no Bem, pois devemos fazer o Bem no limite de nossas forças, e que respondemos por todo o mal que resultar de não termos praticado o Bem. Incluímos aqui o não exercício da faculdade mediúnica, quando a possuímos.


Tipos de Obsessão

1-De desencarnado sobre encarnado: é a que mais costumamos notar.

2-De encarnado obsidiando desencarnado;

3-De desencarnado sobre desencarnado


Como reconhecer quando alguém está obsediado:


A pessoa demonstra alterações no campo das ideias e no comportamento, tanto físico como emocional.


Quem tem conhecimento doutrinário espírita e um pouco de experiência no atendimento a obsidiados, reconhece os sinais dessa alteração.

Quando a obsessão se acentua, os sinais de alteração começam a ficar evidentes, tais como:

(Excetuando-se causas orgânicas, psicológicas, neurológicas)

-olhar fixo ou fugidio, sem encarar a ninguém;

-tiques e cacoetes nervosos;

-desalinho, desleixo ou excentricidade na aparência pessoal;

-agitação, inquietude, intranquilidade;

-medo e desconfiança injustificados;

-apatia, sonolência, mente dispersiva;

-ideias fixas;

-excessos no falar, no rir; mutismo ou tristeza;

-agressividade gratuita, difícil de conter;

-ataques que levam ao desmaio, rigidez, inconsciência, contorções etc;

-pranto incontrolável e sem motivo;

-orgulho, vaidade, ambição ou sexualidade exacerbados.

A CURA:


A cura da obsessão se dá pela ação:

Do encarnado: que, sem se abater, suporta com paciência o assédio espiritual e, enquanto isso, toma atitudes salutares para ir se renovando moralmente e se exercitando na prática do Bem;

Do desencarnado: que desanima por não obter os efeitos desejados ou se sente motivado a se modificar para melhor.

De terceiros: que ofereçam ajuda competente, tanto ao obsessor quanto ao obsidiado com esclarecimentos sobre o porquê de seus sofrimentos e como se conduzir para se libertar e continuar a progredir.



Fernando Rossit


Bibliografia de Apoio:

1-O Livro dos Médiuns, Allan Kardec

2-Estudo sobre Mediunidade, Therezinha de Oliveira

20 novembro 2017

Luz do amor - Joanna de Ângelis



LUZ DO AMOR



Cultiva o Amor, qual o fizesses a um campo fértil, de onde planejasses retirar a subsistência; toda a colheita futura resultará de como programes, executes e assistas a sementeira.

De origem divina, o amor está latente no homem, que deve fazê-lo germinar e crescer, propiciando-lhe os fatores necessários, sem os quais dificilmente se desenvolverá.

O amor substitui o personalismo dissolvente, unindo os homens numa família sadia.

Consegue arrancar pela raiz o egoísmo, gerador da miséria de múltiplos aspectos que infelicita os homens.

***

O amor é como a luz – imprescindível para a vida.


***

O amor é como o ar - impossível existir, na Terra, sem ele.


***

O homem que vive sem amar ainda não aprendeu a viver.

O Amor é pão nutriente que, não usado devidamente, se deteriora, reaparecendo em expressões menos felizes, porque ninguém pode sobreviver sem a sua presença.

Reaparece, então, em forma de amargura - amor enfermo;

em manifestação de ódio - amor selvagem;
em paixão de posse - amor desequilibrado;
em revolta surda - amor despeitado;
como egoísmo - amor pessoal mórbido;
como queixa e competição - amor ciumento;
como vingança - amor desesperado;


***

Quando o homem ama, fomenta a vida e o progresso.

Em sua volta floresce a esperança, e o bem se irradia em todas as direções - amor fraterno;

a renúncia se a abnegação fazem parte do cotidiano - amor-sacrifício;
a felicidade se espraia onde ele surge - amor-bondade;
o perdão reanima os arrependidos - amor-indulgência;
a alegria reina em pleno campo da miséria - amor-caridade.

***


E porque "Deus é amor", ei-Lo em todo lugar dinamizando o homem e dignificando a vida.

Ama, pois, sem cessar, tornando-te um campo onde sempre medrem a ternura e a misericórdia, em nome do Amor Supremo.



Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo P. Franco


19 novembro 2017

Tudo está dando certo - Hugo Lapa



TUDO ESTÁ DANDO CERTO


Uma moça, chamada Caroline, jovem e muito religiosa estava fazendo as primeiras escolhas em sua vida. Decidiu que queria ser médica e optou em cursar medicina. Porém, no primeiro vestibular, não alcançou nota suficiente para passar. No ano seguinte prestou mais uma vez, e de novo não obteve sucesso. Estudou muito e tentou pelo terceiro ano consecutivo, e mais uma vez não conseguiu ser aprovada na universidade.

Após três decepções em três anos seguidos ela orou fervorosamente a Deus e perguntou por que ela não conseguia passar na universidade e qual era o motivo de suas tentativas frustradas. Ficou em oração por um tempo e veio em sua mente uma voz angelical que disse:

– “Está dando certo…”.

Caroline ouviu a voz, mas não deu importância, já que obviamente o vestibular não tinha dado certo, pois ela não passou em medicina, que era seu sonho. No ano seguinte tentou Direito e conseguiu ser aprovada, porém com certa tristeza.

Quando estava cursando Direito, leu num cartaz da faculdade uma excelente oportunidade de estágio, num dos escritórios de advocacia mais conceituados do Brasil. Passou por uma entrevista de emprego e foi muito elogiada pelo entrevistador. Mas na prova teórica necessária para a aprovação não teve o mesmo sucesso e foi reprovada. Assim que chegou em casa, a noite, orou mais uma vez aos anjos e perguntou por que o estágio também tinha dado errado, assim como a medicina. “Por que quase tudo dá errado?”, perguntou ela em oração. Subitamente ouviu a mesma voz angelical dizendo:

– “Está dando certo…”.

Mais uma vez não deu importância à voz, posto que, obviamente, ela tinha perdido uma grande oportunidade de estágio.

Caroline morava num apartamento com sua mãe. Havia terminado a faculdade quando, num ataque cardíaco fulminante, sua mãe morreu e a deixou sozinha neste mundo. Caroline se desesperou muitíssimo, pois era bastante apegada a sua mãe. Desenvolveu um quadro depressivo após a perda e precisou de alguns meses até se recuperar. Numa de suas crises de desespero, fez uma prece dirigida aos anjos do Senhor e mais uma vez perguntou:

– Por que Senhor? Por que tudo em minha vida dá errado?

Mais uma vez, a mesma voz angelical, muito bela, ressoou dentro de sua mente, mas agora lhe veio também à imagem de um anjo, que disse:

– “Está dando certo…”.

Caroline já começava a ficar brava com a voz. “Nada está dando certo, que droga!”, disse ela em voz alta. “Tudo em minha vida está dando errado! Não entendo por que Deus faz isto comigo!”

Após a morte de sua mãe, Caroline, que já era viciada em trabalho, começou a ficar ainda mais mergulhada nos afazeres do escritório em que começou a trabalhar. Já estava por demais estressada e cansada de tanto trabalho, e por isso acabou ficando muito doente e foi conduzida a UTI de um hospital com um quadro bem grave. Ficou mais de dois meses internada, sem poder trabalhar, e ficou pensando sobre a sua vida até aquele momento. Sua sensação era de ter perdido tudo e estar à beira de um surto. Mais uma vez orou ardentemente e pediu uma explicação a Deus e aos anjos.

– Deus, por favor, me ajude. Perdi tudo e estou aqui neste leito de hospital inválida. Qual o sentido de tudo isso? Por que tudo dá errado para mim?

Caroline ficou tão nervosa com essa situação que acabou tendo um ataque cardíaco. Percebeu seu corpo muito leve e começou a levitar acima do leito hospitalar. Viu a equipe médica tentando reanima-la, mas sem sucesso. De repente já não estava mais no hospital, mas numa espécie de cosmos espiritual infinito, além do tempo e do espaço, numa região de luz e amor. Nesse momento, uma voz suave disse:

– “Está dando certo…”.

Caroline reconheceu aquela voz. Era a mesma voz que, ao longo de várias fases de sua vida até aquele momento, havia sempre lhe incentivado com a afirmativa de que tudo estava dando certo. Logo depois um anjo apareceu. Caroline então resolveu aproveitar aquela situação de “quase-morte” e perguntou ao anjo.

– Ao longo de minha vida sempre ouvi sua voz dizendo que tudo estava dando certo. Mas eu não passei em medicina, perdi o estágio que tanto queria para minha carreira em Direito, minha mãe, que era a pessoa que eu mais amava morreu, fiquei depressiva e agora estou aqui, morta, após uma grave enfermidade. Como é possível acreditar que minha vida deu certo?

O anjo, com olhar amoroso, respondeu:

– Caroline, em todos os momentos difíceis de sua vida eu lhe disse que as coisas estavam dando certo, e de fato estavam. Você não passou na faculdade de medicina por que não seria feliz como médica, não era esse o seu dom. Você seria mais produtiva, feliz e cumpriria muito mais a sua missão sendo advogada. Você não passou no “prestigiado estágio”, pois seria estuprada no escritório nos primeiros dias de trabalho, o estuprador ficaria impune e isso provocaria feridas psicológicas que você dificilmente superaria. 

A morte de sua mãe serviu para você se libertar do apego que tinha dela, e para você aprender a se virar sozinha, como você conseguiu depois. A doença que te levou a interrupção do seu trabalho veio para que você pudesse parar um pouco com sua rotina super corrida e estressante e refletisse um pouco sobre você mesma, caso contrário, algo pior poderia ocorrer. 

Tudo isso serviu de aprendizado, lições que você jamais irá perder. Por isso eu sempre lhe transmitia o pensamento de que “Está dando certo”. De um ponto de vista humano limitado, tudo estava dando errado, mas de um ponto de vista infinito, dentro do seu desenvolvimento espiritual, tudo estava dando certo. 

Muitas vezes as pessoas pedem a solução dos seus problemas e acreditam que sua vida está toda errada. E na maioria das vezes, está tudo dando certo, mas o ser humano não percebe isso. Os anjos ficam repetindo “está dando certo… está dando certo…” e as pessoas não acreditam. Agora volte a Terra, pois ainda não chegou a sua hora. Você vai retornar e passar a viver uma existência muito melhor.


Autor: Hugo Lapa


18 novembro 2017

Não-ditos e Não-Feitos - Joanna de Ângelis

(Santos/SP - by Leguth)


NÃO-DITOS E NÃO-FEITOS



Estudiosos afeiçoados aos “ditos do Senhor” mergulharam, em todos os tempos, o pensamento nas fontes evangélicas, em busca de consolo e diretrizes, encontrando na clara mensagem da Boa Nova o clima de paz e amor necessários a uma vida feliz.

Narrativas comoventes relatam os encontros do Rabi Amoroso com os corações constrangidos pela dor e com es espíritos atribulados a todos ensejando, pelo verbo luminoso e sublime, os roteiros libertadores.

Páginas de beleza inefável têm sido elaboradas sobre os efeitos e as palavras do Enviado de Deus, favorecendo o pensamento humano com antevisões do porvir e sugerindo retrospectos das inolvidáveis emoções que viveram os que participaram das jornadas d’Ele...

Infelizes e enfermos de variada classificação, obsidiados e dementes de muitas alienações foram reconduzidos à serenidade e à paz através da mensagem de esperança que Ele nos dá, desde então, como pábulo que nos mantém alimentados, conduzindo-nos para a frente e o amanhã.

-o-o-

Muito mais poderia ter dito e feito o Senhor.

Não o disse, porém, nem o fez.

E o que não disse, o que não fez, são tão grandiosos que atestam a excelente procedência d’Ele.

Recusado por uma aldeia do interior de ser ali agasalhado, nada disse, e instado pelos discípulos para que ateasse o fogo do céu sobre o lugarejo ímpio, não o fez. Retirou-se em silêncio, plácido e triste, seguindo adiante...

Impossibilitado de falar ao povo de Gadara, após a recuperação psíquica do gadareno, não disse uma sentença condenatória, não teve um gesto de revolta. Imperturbável, retornou ao mar e à Galileia...

Acusado por comensais dos interesses imediatos, de açular as massas infelizes que O seguiam esperançadas, não disse um revide, não expôs uma defesa, não reagiu com irritação, não fez uso dos seus poderes...

Conclamado por aqueles que O desejam triunfador na Terra não apresentou explicações, não debateu o assunto, retirou-se a sós...

Diante de Pilatos quase nada disse, nada fazendo e, no entanto, poderia tudo dizer e tudo fazer.

Na cruz, resignou-se a não dizer senão o indispensável para o tributo de amor, submetendo-se, incomparável, à Vontade do Pai.

E mesmo depois de ressurgido não disse nem fez o que muitos esperavam.

Afirmou a imortalidade atestando-a, realentou os companheiros com o seu amor de compreensão e, ao ascender aos Cimos, despachou-os para as tarefas do “dizer” e do “fazer” como Ele mesmo disse e fez.

-o-o-

Medita sobre os não-ditos e não feitos do Senhor.

Se a dificuldade e a incompreensão de quem amas, quando a serviço d’Ele, t amesquinham, não te amofines.

Se a luta recrudesce e o combate acirra, não desesperes.

Se a enfermidade avança e te vence, não desanimes.

Se todos os males de fora e de dentro de ti mesmo ameaçam conduzir-te à desencarnação, não recalcitres.

Não te defendas, se injuriado.

Não te justifiques, se perseguido.

Não te exponhas, se angustiado.

Não digas, nada faças, mesmo que tenhas o que dizer e disponhas de recursos para fazer.

Teus ditos e teus feitos já falaram por ti. Se não se fizeram ouvir, porfia confiante, de fé robusta.

Mais vale ser vítima da impiedade quando se está com a consciência tranquila, do que perseguidor entre ovações, carregando uma consciência em brasa.

E se a vida solicitar ao teu espírito o pesado tributo da tua doação total pela causa de amor que abraças, na Seara de Luz do Evangelho e do Espiritismo, não te negues, não recuses, nada digas, nada faças, entregando a vida e aspiração às mãos d’Ele, pois que mesmo morrendo na liça incompreendido e ralado, ascenderás tranquilo aos páramos do amor para voltares a fim de ajudar, mais tarde, os que te perseguiram e injuriaram vitoriosamente, ficando, porém, nas linhas sombrias e tristes da retaguarda, esperando pelo teu socorro.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis
De “Dimensões da Verdade”, de Divaldo P. Franco