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31 janeiro 2014

Entre Irmãos -

ENTRE IRMÃOS

Estes são tempos desafiadores para todos os que buscam um mundo melhor, onde reine o amor, onde pontifique a fraternidade, onde possam florir os mais formosos sentimentos nos corações.

Anelamos por dias em que a esperança, há tanto tempo acariciada, possa converter-se em colheita de progressos e de paz.

Sonhamos com esse alvorecer de uma nova era em que o Espiritismo, transformado em religião do povo, apresentando Jesus às multidões, descrucificado e vivo, possa modificar as almas, para que assumam seu pujante papel de filhas de Deus no seio do mundo.

Entrementes, não podemos supor que esses ansiados dias estejam tão próximos, quando verificamos que há, ainda, tanta confusão nos relacionamentos, tanta ignorância nos entendimentos, tanta indiferença e ansiedade nos indivíduos, como se vendavais, tufões, tormentas variadas teimassem em sacudir o íntimo das criaturas, fazendo-as infelizes.

A fim de que os ideais do Cristo Jesus alcancem a Terra, torna-se indispensável o esforço daqueles que, tendo ouvido o cântico doloroso do Calvário, disponham-se a converter suas vidas na madrugada luminosa do Tabor.

O mundo terreno, sob ameaças de guerras e sob os rufares da violência, em vários tons, tem urgência do Mestre de Nazaré, ainda que O ignore em sua marcha atordoada, eivada do materialismo que o fascina, que o domina e que o faz grandemente desfigurado, por faltar sentido positivo e digno no uso das coisas da própria matéria.

Na atualidade, porém, com as advertências da Doutrina dos Espíritos, com essa luculenta expressão da misericórdia de Deus para com Seus filhos terrenos, tudo se torna menos áspero, tudo se mostra mais coerente, oferecendo-nos a certeza de que, no planeta, tudo está de conformidade com a lei dos merecimentos, com as obras dos caminheiros, ora reencarnados, na estrada da suspirada libertação espiritual.

“A cada um segundo as suas obras” aparece como canto de justiça e esperança, na voz do Celeste Pastor.

Hoje, reunidos entre irmãos, unimo-nos aos Emissários destacados do movimento de disseminação da luz sobre as brumas terráqueas, e queremos conclamar os queridos companheiros, aqui congregados, a que não se permitam atormentar pelos trovões que se fazem ouvir sobre as cabeças humanas, ameaçadores, tampouco esfriar o bom ânimo, considerando que o Cristo vela sempre. Que não se deixem abater em razão de ainda não terem, porventura, alcançado as excelentes condições para o ministério espírita, certos de que o tempo é a magna oportunidade que nos concede o Senhor. Que ponham mãos à obra, confiantes e vibrantes, certos de que os verdadeiros amigos de Jesus caminham felizes, apesar das lutas e das lágrimas, típicas ocorrências das experiências, das expiações e das provas.

Marchemos devotados, oferecendo, na salva da nossa dedicação, o melhor que o Espiritismo nos ensina, o melhor do que nos apresenta para os que se perdem nas alamedas do medo, da desesperança e da ignorância a nossa volta.

Hoje, entre os amigos espíritas, encontramos maior ânimo para a superação dos nossos próprios limites, o que configurará, ao longo do tempo a superação dos limites do nosso honroso Movimento Espírita.

Sejamos pregadores ou médiuns, evangelizadores, escritores ou servidores da assistência social, não importa. Importa que nos engajemos, todos, nos labores do Codificador, plenificando-nos na grande honra de cooperar com os excelsos interesses do Insuperado Nazareno. O tempo é hoje, queridos irmãos. O melhor é o agora, quando nos entrelaçamos para estudar, confraternizar e louvar a Jesus com os corações em clima festivo.

Certos de que o Espiritismo é roteiro de felicidade e bandeira de luz, que devemos içar bem alto sobre o dorso do planeta, abracemo-nos e cantemos, comovidos: Louvado seja Deus! Louvado seja Jesus!

Com extremado carinho e votos de crescente progresso para todos, em suas lidas espiritistas, quero despedir-me sempre devotada e servidora pequenina.

Olympia Belém
Mensagem psicografada por Raul Teixeira, no dia 03.09.1995, no encerramento da X Confraternização Espírita do Estado do Rio de Janeiro.


30 janeiro 2014

Cristo reina! - Camilo

CRISTO REINA!

Na Terra, vivem-se momentos de importantes transformações que influem sobre os indivíduos que, por seu turno, igualmente, se inscrevem no contexto das transmutações de si mesmos.

O hálito de Jesus Cristo envolve o mundo, sem dúvida, e Ele convoca Seus discípulos para o trabalho de redenção humana, pela via do amor.

Pelo orbe, pervagando os caminhos de todos, a loucura infanticida aterroriza; porém, Jesus reúne grupos de almas que se dedicam a salvar muitos dos recém chegados à atmosfera terrena, com boa-vontade e ternura.

Vêem-se quadros de abandono infantil em toda parte, entretanto, Jesus organiza falanges de devotados espíritos que se empenham em adotar e orientar, alimentar e manter crianças atingidas pela friagem de tantos corações.

Acompanham-se os que se agregam às indústrias da morte, mas um número imenso de lidadores ajusta-se às empresas da vida, em nome do Senhor.

Descobre-se o egoísmo a explorar comunidades inteiras dos menos afortunados de cultura intelectual, espalhando a miséria; entanto, o Cristo, sobrepujando o mal passageiro, prepara homens e mulheres que conduzem, ensinam, servem e amam, desinteressadamente, os irmãos do caminho.

Muitos entoam as cantilenas da guerra e da desagregação, enquanto o Mestre tem Seus servidores da paz e da construção do bem, difundindo luz sobre o Planeta.

Tantos seguem frios, indiferentes, desajustando-se na praça do gozo intérmino das sensações grosseiras; porém, Cristo arrebanha os Seus seguidores, dispostos e fiéis, aquecidos pela fraternidade que lhes propicia emoções sutis, que os aproxima do Reino, estendendo harmonias no mundo.

Deficientes físicos e doentes mentais acham apoio e proteção, sob o patrocínio Dele.

Macróbios desditosos encontram novo lar de afeto, sob a égide Dele.

Indigentes das sarjetas recebem assistência fraterna nas noites de abandono, sob inspiração Dele.

Governantes de sociedades e de povos se reúnem para o diálogo, nas decisões graves do momento humano, sob os auspícios Dele.

Almas delicadas que saem a servir, renunciando às próprias vidas para dá-las aos outros, fazem-no por amor a Ele.

Cristo reina sempre!

Em todas e quaisquer cogitações planetárias, somente Nele tem-se roteiro seguro para seguir-se em frente, firmemente.

Por mais se discuta sobre Sua figura excelsa, contra ou a favor, a realidade é que Jesus prossegue a Estrela fulgurante na noite caliginosa da Humanidade, anunciando a Boa Nova do Seu Natal, capaz de penetrar e sensibilizar, ativar e clarificar o âmago de todos aqueles que, mergulhados nas difíceis lutas da Terra, fazem-se homens de boa-vontade, espalhando bênçãos em Seu Nome.

Camilo Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em  15.10.1986, na Sociedade Espírita Fraternidade – Niterói – RJ.


29 janeiro 2014

Aprendendo com a Vida - Momento Espírita


APRENDENDO COM A VIDA...

Existem muitas oportunidades na vida que perdemos por estarmos olhando na direção oposta. Ou, por estarmos distraídos, e só nos darmos conta quando a brisa da sua passagem nos atinge, ou seja, tarde demais.

Existem criaturas infelizes, no mundo, porque não pronunciaram certas palavras, não tomaram determinadas atitudes, enfim, não fizeram algo que lhes teria sido muito importante.

Foi certamente pensando em tudo isso, que William Shakespeare escreveu o poema Eu aprendi e que, numa tradução livre, diz mais ou menos assim:

Eu aprendi que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha.

Eu aprendi que basta uma pessoa nos dizer: “Você fez meu dia”, para ele se iluminar.

Eu aprendi que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo.

Eu aprendi que ser gentil é mais importante do que estar certo. Eu aprendi que sempre podemos orar por alguém quando não temos a força para ajudá-lo de alguma outra forma.

Eu aprendi que não importa quanta seriedade a vida nos exija, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto.

Eu aprendi que, algumas vezes, tudo de que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender.

Eu aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos.

Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular.

Eu aprendi que ignorar os fatos não os altera.

Eu aprendi que cada pessoa que conhecemos deve ser saudada com um sorriso.

Eu aprendi que devemos sempre ter palavras doces e gentis, pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las.

Eu aprendi que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar nossa aparência.

Eu aprendi que não podemos escolher como nos sentir, mas podemos escolher o que fazer a respeito.

Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre enquanto estamos escalando a montanha.

E, finalmente, eu aprendi que quanto menos tempo temos, mais coisas conseguimos fazer.

*   *   *

Se temos avós no lar, aproveitemos para lhes ouvir as histórias das suas vidas. Aproveitemos a sua sabedoria antes que eles partam para as terras espirituais e fiquemos amargando a saudade.

Se temos crianças no lar, aproveitemos para lhes observar o sono, povoado de sonhos doces e ainda frescos dos orvalhos das manhãs.

Aprendamos com elas a nos entregar ao sono em tranquilidade e paz, usufruindo de cada momento para uma verdadeira recomposição das forças da alma.

Se temos conosco mãe, pai, um amor, digamos hoje, enquanto o sol brilha e as nuvens espalham manchas brancas no céu azul, digamos o quanto eles são importantes para a nossa vida, o quanto os amamos, o quanto os queremos bem.

Façamos isso hoje, já, agora, antes que o dia passe, a noite venha e as palavras morram, estranguladas, em nossa garganta, pela oportunidade desperdiçada, outra vez.


Redação do Momento Espírita, com base em tradução livre do texto I have learned, de William Shakespeare.
 
 

28 janeiro 2014

Louvor, Rogativa e Gratidão - Aura Celeste

 

LOUVOR, ROGATIVA E GRATIDÃO

Quando você despertar, cada dia, defrontando a mensagem luminosa do sol fecundo e aspirando o ar puro e balsâmico da generosa Mãe Natureza, escutando a voz do vento no arvoredo feliz e produtivo a misturar-se à sinfonia canora das avezitas e dos animais, ore em louvor ao Pai Celeste, que lhe propicia mais uma oportunidade de luta na grande estrada da existência terrena.

Quando a dor, em forma de agonia e solidão ou vestida de enfermidade e amargura, abraçar-lhe o corpo frágil, atingindo-lhe a alma sedenta de paz, descoroçoando o seu ânimo e escurecendo o céu da sua paisagem íntima, ore, rogando inspiração e socorro para vencer a fragilidade orgânica e superar o testemunho moral, atravessando a ponte da dificuldade.

Quando o desrespeito físico houver sido regularizado e a inquietação se amainar no solo do espírito, envolvendo-o em doce e plácida serenidade, ore, agradecendo a gentileza divina que o enriqueceu de favores em forma de harmonia e paz.

Louve o Senhor em todos os dias da sua vida, cantando o amor no trabalho venturoso em favor de todas as criaturas.

Rogue-lhe as fortunas morais da segurança e da fé e os tesouros espirituais da alegria e do trabalho, transformando sua alma em estrela brilhante em noite escura, qual bênção de tênue claridade aos que se afligem no torvelinho tempestuoso das paixões.

Agradeça ao Senhor a oferenda recebida, cada hora, como a jóia do minuto que lhe enseja resgate e conquista para o Espírito — esse viajor da Eternidade.

Não macule, entretanto, a sua oração com os pedidos mesquinhos que nascem na ambição desvairada e se desenvolvem no desequilíbrio da emoção.

Respeite na oração o anjo do amor, que em nome da criatura busca o Criador, e na inspiração que logo advém descubra a resposta celeste, resultante do carinho de nosso Pai por todos nós.

Ore e trabalhe sempre e sem desfalecimento.

Abra a boca na prece e dilate os sentimentos na comunhão oracional, buscando os celeiros da inefável luz, e a alimentação substanciosa do amor divino desdobrará para você a percepção espiritual, inundando-o de vitalidade para a continuação de luta em que você se empenha.

Aura Celeste (espírito) 
Autor: Divaldo P. Franco (médium) 
Data:01/03/2002 
Obra: Crestomatia da Imortalidade


27 janeiro 2014

Quando Ele chegou... - Amélia Rodrigues


QUANDO ELE CHEGOU...

Aqueles eram dias tormentosos a estes semelhantes.

O monstro da guerra devorava as nações, que se transformavam em amontoados de cadáveres e pasto de devastação, enquanto a loucura do poder temporal escravizava as vidas nas malhas fortes da sua dominação impiedosa.

O ser humano valia menos do que uma animália, como ocorre hoje quando o denominam como excluído, tombando na exaustão da miséria.

Os vencedores alucinados exultavam nos cárceres internos que os enlouqueciam quando passeavam a sua hediondez nos carros do triunfo aureolados de folhas de mirto ou de loureiro.

O medo aparvalhava os já infelizes atirados ao deserto dos sentimentos indiferentes daqueles que os devoravam como abutres.

A esperança vivia asfixiada no desprezo, sem oportunidade de expandir-se nos países submetidos, Nada obstante, reinava um fio de expectativa em a noite de dores inenarráveis.

As agonias extremas abateram-se sobre Israel por longos séculos de horror e desespero.

Mas o fio de esperança era a expectativa da chegada do Messias, vingador e poderoso, como os algozes de então, anunciado pelos profetas antigos e descrito por Isaías, há quase setecentos anos...

Ele seria poderoso e arrancaria o jugo hediondo de sobre o seu povo, concedendo-lhe benesses e glórias.

Enquanto isso, predominava a opressão dos que tombaram sob as legiões voluptuosas do Império Romano desde a vitória de Pompeu e todos os males que dela advieram...

Um estrangeiro execrando, mais cruel do que o romano, dominava o país ultrajado e vergado pela vergonha do asmoneu insano, que beijava as mãos de César, adornava-as de ouro e púrpura arrancados do suor e do sangue do povo que submetia.

Os impostos roubavam o alento e o parco pão dos desvalidos, enquanto o desconforto cantava em toda parte a litania da miséria e da servidão.

Aumentava a mole dos desventurados que abarrotavam as cidades enquanto os campos ficavam ao abandono.

Tudo era escasso, especialmente o amor que fugira envergonhado dos corações, enquanto a compaixão e a misericórdia ocultaram-se dos espoliados e indigentes.

A ingênua alegria das massas fugira dos seus corações que passaram a homiziar o ressentimento e o crime, a degradação e as paixões vis, a serviço das intrigas intérminas e das lutas vergonhosas.

Os potentados, especialmente os fariseus, os saduceus e os cobradores de impostos, todos odiados também, detestavam-se uns aos outros, enquanto eram, por sua vez, desprezados...

A vil política de Jerusalém estendera-se por todo o território israelense e ninguém escapava à sua inclemente perseguição.

A própria Natureza, naqueles dias, sofria inclemência dos dias quentes e das noites mornas, sem a suave brisa cantante que carreava o perfume das rosas e das flores silvestres.

A fria Judeia era amada em razão do seu fabuloso Templo, ornado de ouro e de gemas preciosas, mas também odiada pela governança insensível que lhe aumentara o poder.

Os chacais que a administravam espoliavam a ignorância e as superstições do povo humilhado que ali buscava consolação.

* * *

Ele crescera no deserto e robustecera o caráter na aridez e ardência da região sem vida e sem beleza.

Mergulhara o pensamento no abismo das reflexões, por anos a fio, buscando entender o objetivo primordial da existência, Deus e Sua justiça, diferente de tudo aquilo que havia ouvido dos sacerdotes indignos.

As noites estreladas e frias refrescaram-lhe a alma que ardia em febre de expectativas pela chegada do Rei libertador de consciências e de sentimentos. Ele sabia, sem saber como, que fora designado, mesmo antes do berço, de anunciar o Messias e, por essa razão, no momento próprio transferiu-se para o vau da Casa da Passagem, no rio Jordão, a fim de anunciá-lO.

A sua era uma voz tonitruante e o seu um aspecto chocante, mesmo para os padrões daqueles dias especiais. Os seus olhos brilhavam como lanternas acesas quando ele falava sobre o Ungido de Deus.

Afirmava que Ele já se encontrava entre todos e seguia desconhecido. Também asseverava que Ele viria fazer justiça, punir os réprobos morais, submeter os insubmissos, vingar-se do abandono a que fora relegado pelos tempos longos.

As multidões que se reuniam na praia fresca do rio fascinavam-se por temor, por necessidade de um Salvador.

Elucidava que Ele era tão grande, o Triunfador a quem servia, que não era digno sequer de amarrar os cordéis das Suas sandálias.

E batizava, lavando simbolicamente as misérias do homem comprometido, a fim de que ressurgisse o novo ser aureolado de bênçãos.v Não conhecia ainda o Messias, mas adivinhava-O.

Inesperadamente, em formosa manhã, no meio da multidão Ele surgiu, aproximou-se, e os seus olhos detiveram-se uns nos outros, então ele exclamou, tomado de lágrimas e sorriso: - Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!

Como Ele era belo e manso, suave e meigo, discreto e amoroso!

Aquele Homem-sol curvou-se diante dele e disse-lhe: - Cumpre as profecias... 

Estranho temor tomou-lhe todo o corpo austero e pensou como seria possível ao servo permanecer ereto enquanto o Rei se dobrava com sublime humildade.

Era seu primo e não O conhecia, era seu mentor e ele O serviria...

A partir daquele momento inolvidável, o seu verbo amaciou, a sua voz passou a cantar, a sua vida se modificou.

Antes de morrer, inquieto e expectante, enviou-Lhe dois discípulos, a fim de que tivesse a confirmação de ser Ele o Messias. Desejava retornar à pátria em paz e segurança.

Na terrível noite da fortaleza de Macaeros ou Maqueronte, na Pereia, após o longo cativeiro de meses, a sua voz foi silenciada pela espada do sicário Herodes Antipas, por solicitação de Salomé, filha da sua mulher ambiciosa e atormentada...

* * * 

Na madrugada espiritual que passou a vestir Israel de luz,o canto de amor começou a ecoar desde as praias do mar da Galileia até a tórrida Judeia, dos contrafortes dos montes Galaad, da cadeia de Golan até a longínqua região do Aravá, o vale que se estende além do Mar Morto, por toda parte.

As multidões que acorriam para vê-lO, para ouvi-lO, eram mais ou menos iguais às de hoje, ansiosas e sofredoras, inebriando-se com a melodia rica de beleza, de suavidade, de esperança.

As ráfagas ora brandas da alegria penetravam os casebres e os bordéis, as sinagogas e as ruas, diminuindo a aspereza do sofrimento.

Os corpos em decomposição refaziam-se ao delicado toque das Suas mãos, enquanto os olhos apagados recuperavam a clara luz da visão, os ouvidos moucos se abriam aos sons e a Natureza explodia em festa de perfume e de estesia.

Por onde Jesus passava nada permanecia como antes.

O Messias do amor chegara sem exércitos, sem clarins anunciadores, sem forças de impiedade e, por isso, não foi bem recebido pela ímpia Judeia, pelos iludidos do mentiroso poder temporal.

Seu incomparável canto ainda prossegue, há dois mil anos incessantes, convidando com invulgar ternura: - Vinde a mim e eu vos consolarei... Incompreendido ainda hoje, submetido às nefárias paixões dos séculos, imposto a ferro e a fogo no passado, deixado ao abandono, jamais se apagou da memória da Humanidade que sempre O tem necessitado.

E hoje, como naqueles dias de turbulências e de incompreensões, de poder mentiroso e arrogância doentia, a Sua música prossegue e é ouvida somente por aqueles que silenciam o tormento, deleitando-se com o Seu convite e declaração graves: -É leve o meu fardo e suave o meu jugo. Vinde!

Ele veio como uma primavera de bênçãos para sempre e aguarda!

Amélia Rodrigues 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 31 de julho de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia


26 janeiro 2014

Porto de Segurança - Joanna de Ângelis


PORTO DE SEGURANÇA

Desde quando te deixaste arrebatar pela mensagem espírita, que te vês a braços com muitas dores, somadas às tuas próprias dores.

A princípio, atribuías que a revelação te libertaria do sofrimento, facultando-te uma diferente visão da vida e dos acontecimentos. 

E estavas com a razão.

A questão, no entanto, é de óptica. Mediante a fé compreendes melhor as causas e as finalidades da existência corporal bem como a sua importância para o espírito, modificando os conceitos que mantinhas.

Isto não quer dizer que seriam eliminados esses efeitos que te alcançam, mas que te ajudaria a gerar causas positivas para uma sega porvindoura. Aumenta-te a capacidade de compreensão, o serviço se te apresenta como elemento libertador.

Desse modo, tens ouvidos e palavra, interesse e disposição para auxiliar o próximo que transita sem rumo e sem apoio.

Não estranhes que te busquem os aflitos e os aturdidos, os ignorantes e os agressivos.

Dão-te a oportunidade feliz de crescimento pessoal e de felicidade pelo que lhes possa doar.

Unge-te de coragem e atende-os, sustentando-lhes a força antes da queda total.

A Terra é escola de reabilitação e aprendizagem.
 
Conforme cada discípulo portar-se hoje, assim viverá amanhã, o que também respeita ao presente em relação ao passado.

Apresenta-te feliz, considerando ser buscado a ajudar, ao invés de estares buscando o auxílio na ignorância das Leis.

Não relacionem os problemas que decorrem do cansaço e da continuidade volumosa que te assoberbam cada dia.

Se muitos te procuram, é porque algo em ti encontram, que lhes faz bem.

Coloca-te no lugar deles e perceberás quanto gostarias de receber...

Assim, não te escuses de contribuir.

Se te sentes necessitado de apoio, este não te falta, porquanto já podes dirigir-te diretamente ao Supremo Doador, que te não deixa em desamparo, conforme ocorre em relação a todos e a tudo, com a diferença, que somente poucos se fazem receptivos àquele auxílio.

Apoia-te na fé robusta e transfere as alegrias e comodidades para mais tarde, as que agora não podes fruir, em razão da assistência que deves dispensar aos desesperados.

Quando nos dispomos a ajudar, adquirimos uma aura magnética que irradia reconforto e atrai os necessitados de socorro.

Talvez se te apeguem e produzam mal-estar.

Possivelmente, extorquirão as reservas de energias daqueles a quem buscam, numa exploração que não tem sentido.

Provável que se não beneficiem, mesmo quando ajudados...

Estas, porém são questões que não podes resolver.

Deixa-te conduzir pela esperança e esparze-a, mesmo que sofrendo, sem o dizer, e colocado numa situação de que não tens problemas, o que não corresponde à verdade, prosseguindo, afável e confiante, no rumo do futuro onde está o porto de segurança de todos nós. 

De “OTIMISMO”
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
 

25 janeiro 2014

Conexão - Eugenio Lara


CONEXÃO

Gosto da palavra conexão. Ainda é a palavra do momento. Palavras outras nortearam o sentido das coisas em outros tempos. Como transar, transa, em seu mais amplo sentido, nome de um disco de Caetano Veloso. Engajamento já teve a sua fase, assim como conscientizar. Cada época valoriza determinados substantivos, que inspiram atitudes (verbais), novos verbos, diferentes entonações, novas emoções de se pensar e sentir o mundo, novos mundos, a cada momento. Liberdade, libertário, esta não sai de moda, imexível em seu charme intrínseco.

O grande pedagogo e educador Paulo Freire (1921-1997) se considerava uma pessoa conectiva. E segundo ele, na simplicidade profunda de suas palavras ditas com serenidade e radicalidade, uma pessoa conectiva é alguém “e”. Como a conjunção “e”. Menor do que “and”, no inglês, próxima a “y”, no castelhano. Trata-se de, no português, a menor palavra existente para aproximar uma coisa de outra, um sujeito de outro, eu e você, leitor, você e eu, que aproxima, na conjunção das coisas, os amantes, os amigos, os idealistas.

Contudo, em vez do “e”, suportamos o “eu”, palavra um pouco maior do que essa pequena conjunção que é muito mais do que uma vogal. Quando o “eu” se supervaloriza, não existe conexão, não há o “e”. “Eu” fiz, “eu” realizei, “eu” ganhei, esquecendo-se do “e”, do outro, que dá significado a nossa existência.

Alguém “e” é alguém que “é”. A interação, a comunhão, a conexão com o mundo, com os seres e as coisas. É o trabalho em equipe, que soma ao invés de solapar e subtrair, que multiplica ao invés de dividir. Quando há a divisão, no sentido mais positivo, surge o comprometimento, a cumplicidade. Não se aparta, pois existe a partilha. Aquele que é “e”, compartilha.

E a base da conexão com o meio é o diálogo, não somente verbal, visual também, mental, sensorial, intuitivo. Do diálogo à ação, que rima com conexão. Conectar-se é se unir, se ligar (“tá ligado?”), estabelecer um nexo, com um provedor, eletrônico ou natural, com uma Inteligência, Suprema ou então com a mulher amada, com a natureza, consigo mesmo.

Por ser ecológico, gregário, social, o ser humano é conectivo por natureza. Quando dela se desconecta (da natureza), quando se desconecta de si mesmo, do outro, temos a desagregação, a destruição. Daí para a crueldade, o suicídio e a demência é um simples passo.

A lei de ação e reação ou de causa e efeito, deveria ser pressentida como uma conexão existencial, que transcende o tempo e o espaço, que abdica da contabilidade mesquinha do “olho por olho, dente por dente”. Lei essa tão ultrapassada que até para Deus já deve ter saído de moda.

Somos conectivos. Somos, portanto, internéticos, interexistenciais. Estou conectado? Então existo...

O Espiritismo é conectivo, policonectivo por que ele é um “e” em relação ao conhecimento, ao nos oferecer uma forma de pensar e sentir o mundo que navega numa faixa de síntese. É, portanto, religião no sentido de laço, de elo, de conexão estimulante entre as pessoas, num clima de fraternidade e solidariedade, bem distante do sectarismo religioso, do reformismo religiosista, do fanatismo, do fundamentalismo dogmático, intolerantes por natureza. O Espiritismo nos conecta com o além, bem além de nossas fronteiras existenciais.

Conectemo-nos, pois, a fim de estabelecer uma comunicação conectante com os sentimentos mais profundos. Ser conectivo é compartilhar o mundo em profunda comunhão, não no sentido litúrgico, sacramental, mas de modo comunicacional, participativo e benevolente. É tempo de se conectar...


Fonte: Jornal de Cultura Espírita Abertura, outubro de 2001, Licespe - Santos-SP

Eugenio Lara

 

24 janeiro 2014

Fuga Dolorosa - Momento Espírita

 

FUGA DOLOROSA

O suicídio continua em alta. Infelizmente. Apresenta-se das formas mais diversas. Desde o ser que, voluntariamente, agride sua integridade física ao que deixa de cuidar da saúde, no intuito de apressar o fenômeno da morte. Nesse particular, temos uma gama muito grande.

Portadores de determinadas enfermidades, com necessidade de dietas e cuidados, que desleixam. Não aceitam se furtar ao prazer disso ou daquilo. E a doença progride aceleradamente, advindo a morte prematura.

Seres vinculados ao vício do fumo, do álcool, da droga.

Criaturas que, na busca do prazer, esquecem as horas do sono.

Desgastam a máquina orgânica em noitadas vazias. Acordam, no dia seguinte, a horas mortas, com distúrbios digestivos, cefaleia, intoxicações. O quadro se repete, se reprisa, levando aquele que assim se entrega a um desgaste orgânico, sem recomposição.

Pessoas que se desvitalizam no abuso sexual. Pessoas que não buscam o médico, não se submetem a exames, não aceitam conselhos. São todos suicidas indiretos.

O desejo de morrer pode resultar em enfermidades. A anorexia, por exemplo. O quadro clínico da anorexia contém mais sinais do que a simples recusa de comida. O corpo inteiro decreta um estado de animação suspensa. Nenhum sono. Nenhuma alimentação.

Todas as funções vitais estão atrofiadas, reduzidas.

E as greves de fome? Há que se considerar da nobreza da causa, os objetivos que as orientam. Pode haver, por trás da decisão, o ardente desejo de buscar a morte. Nesse caso, é suicídio lento.

O sacrifício da vida é meritório quando tem por fim salvar a de outros ou ser útil aos semelhantes. Mas um sacrifício não é meritório senão pelo desinteresse, e antes de realizá-lo deve-se refletir se a vida não poderá ser mais útil do que a morte.

A mais trágica de todas as circunstâncias que envolvem a morte, a de consequências mais devastadoras, é o suicídio.

Tormentos desabam sobre o suicida. Precipitado, de forma violenta, na Espiritualidade, em plena vitalidade física, revive, sem cessar, por largo tempo, as dores e as emoções dos últimos momentos.

Um dos grandes problemas é o lesionamento do corpo espiritual. O suicida exibe na organização espiritual ferimentos correspondentes à lesão do corpo físico.

Podemos aquilatar das dores de quem desferiu um tiro no cérebro, ingeriu elemento corrosivo, atirou-se de grande altura. Tais efeitos se registrarão em nova reencarnação.

O tiro no cérebro originará dificuldade na fala, no raciocínio. O impacto da queda violenta poderá propiciar complexos quadros neurológicos. O veneno corrosivo implicará em ulcerações ou deficiências no aparelho digestivo.

E, na medida em que a família mergulhe no desespero e na inconformação, mais sofrerá o suicida.

O bálsamo que se lhe pode oferecer é a oração. Ela lhe constituirá alento novo para os padecimentos no Além. Também o auxiliará a se reerguer.

*   *   *

Se você está a ponto de cometer a loucura do suicídio, pare!

Pense! Espere! O problema pode parecer muito amargo ao coração.

A sombra interior é tamanha que você tem a ideia de haver perdido o próprio rumo.

Mas, não se mate! Deus não nos abandona. Faça silêncio e ore. O socorro chegará. Por meios que você desconhece, Deus permanece agindo.

Redação do Momento Espírita, com base no item 951, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB; no cap. 6, item Anorexia, greves de fome: as greves da vida, do livro Suicídio, modo de usar, de Claude Guillon e Ives Le Bonniec, ed. EMW Editores e no cap. Fuga comprometedora, do livro Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti, Gráfica São João.

 

23 janeiro 2014

Desvinculações Familiares - Emmanuel

DESVINCULAÇÕES FAMILIARES

Momentos surgem nas áreas da família terrestre em que a vida nos pede compreensão e serenidade, sempre mais amplas, a fim de que o desequilíbrio não se estabeleça, criando problemas desnecessários.

Referimo-nos ao instante no qual um dos componentes do grupo doméstico altera conscientemente as próprias diretrizes, com a indiferença diante dos compromissos assumidos.

Certamente, em ocasiões quais essas em que notamos uma pessoa querida a se afastar da execução do plano de paz correspondente ao dever que traçou a si própria, não se lhe negarão os avisos afetuosos, nos diálogos de coração para coração.

Entretanto, se essa criatura que se nos faz sumamente estimável nos recusa os alvitres e ponderações, isso não é motivo para sofrimentos inúteis.

Não se compreende porque devamos cercear os passos dos entes amados que não nos prezem a intimidade, subestimando os encargos que abraçaram conosco.

É preciso entender que o caminho de muitas das criaturas que mais amamos, ainda não se vincula à senda que a Sabedoria da Vida nos deu a trilhar.

Possivelmente, estaremos observando com o enfoque de nossas próprias experiências, determinados perigos futuros a que se expõem; no entanto, isso é assunto que se refere aos companheiros a que nos reportamos e não a nós, compreendendo-se que em nossa própria estrada no mundo, sobram riscos a facear.

Quando existam crianças nesses processos de desvinculação, é justo nos voltemos para elas, estendendo-lhes a proteção que se nos torne possível, ainda mesmo quando estejam, por força das circunstâncias, junto ao parente indireto, com o qual os familiares que amamos estejam em oposição.

Os pequeninos são as vítimas, quase sempre indefesas, de nossos desajustes e, em qualquer caso, é imperioso permanecermos acordados para a responsabilidade de auxiliá-los, considerando o futuro, de modo a que se sobreponham aos nossos desastres afetivos e às nossas indecisões.

Quanto aos adultos, nas opções a que se inclinem, saibamos respeitá-los nas situações que prefiram, mesmo porque todos nós - os espíritos ainda ligados à evolução da Terra - temos problemas e débitos, ideais irrealizados e numerosa reparações a fazer, perante a Contabilidade da Vida sobre o qual se baseiam as Leis de Deus.

Pelo Espírito Emmanuel
Livro:Urgência - GEEM
Médium: Francisco Cândido Xavier


22 janeiro 2014

Aparentes Injustiças - Momento Espírita


APARENTES INJUSTIÇAS

Entre historiadores, filósofos ou sociólogos, é corrente a ideia de que a evolução de uma sociedade se reflete na sua legislação.

Segundo essa análise, quanto mais justas e ponderadas forem as leis de determinado povo, maior o seu desenvolvimento coletivo.

Assim, percebemos que situações que eram aceitas há algum tempo, hoje são motivo de escândalo.

As leis de hoje a ninguém concedem o direito de lavar sua honra, através do duelo, como no passado, sem estar sujeito a penalidades legais.

Porém, tal prática ainda era corrente no Século XIX.

Não podemos hoje conceber que homens e mulheres tenham direitos diferenciados ou que as mulheres sejam vítimas de preconceito.

Porém, a legislação não possibilitava seu direito ao voto e restringia sua atuação no mercado de trabalho, nas primeiras décadas do Século XX.

Para alterar essas situações, inúmeros foram os juristas, estudiosos, filósofos e legisladores que, de boa fé, buscaram desenvolver leis cada vez mais justas.

E os mecanismos da justiça vêm sendo aperfeiçoados ao longo do tempo, visando proteger e garantir o bem-estar e a justiça para todos.

Muito embora o esforço e dedicação e, apesar do progresso indubitável das estruturas jurídicas na sociedade, ainda há muita injustiça a grassar no mundo.V Isso porque trazemos em nossa intimidade grande soma de imperfeições, que se refletem na sociedade.

Como não temos perfeita consciência das leis de justiça e fraternidade, agimos movidos por sentimentos diversos que os da correção das ações e da justeza dos atos.

E assim, porque não primamos pelo respeito às leis e aos direitos de nosso próximo, geramos injustiças. Ao mesmo tempo, nós mesmos também podemos ser atingidos pelas injustiças da sociedade.

Conhecedor da natureza humana como ninguém, Jesus, percebendo nossas dificuldades íntimas e de relacionamento, nos preveniu a respeito.

Não foi por outro motivo que nos ensinou que as bem-aventuranças estariam com aqueles que têm fome e sede de justiça.

De forma nenhuma queria indicar o Mestre que deveríamos estar à mercê dos injustos e dos maus.

Lecionou-nos a resignação frente a impositivos em que não temos como atuar em nossa defesa ou nos salvaguardar.

Portanto, perante as injustiças que acontecem no mundo, das pequenas às de grande monta, que tenhamos a coragem da humildade e da paciência para enfrentá-las.

Perceberemos, um dia, que muito melhor nos será perecer da injustiça que soframos, do que sermos os semeadores dela.

Preferível sempre sofrermos a sua ação, mesmo não lhe compreendendo os motivos, de imediato, do que procurar fazer justiça com as próprias mãos.

Assim, sejamos daqueles a primar pelo certo, pelo justo e pelo bem.

E, se as limitações e dificuldades daqueles que nos cercam nos atingirem com o peso da injustiça, entreguemo-nos a Deus, confiando na sua sempre soberana Justiça.

Pensemos: a Justiça Divina é infalível e a todos alcança. Os aparentemente injustiçados de agora estamos ressarcindo passados compromissos infelizes.
Logo mais, a plenitude nos alcançará.




21 janeiro 2014

Por Que Sou Tão Infeliz? – Orson Peter Carrara


POR QUE SOU TÃO INFELIZ?
 
               O fim de ano acentua a tristeza e a melancolia em muitas pessoas, nas recordações de perdas variadas coincidentes com o período em outras épocas ou com a saudade dolorida de um ser querido que já partiu. Ou mesmo nas frustrações e decepções que se acumulam sob variadas formas.

               À costumeira pergunta que explode no coração deprimido, que se desencantou ou busca razões para entender a própria vida, permito-me transcrever pequeno trecho, ainda que parcial, em treze itens:

1 – “(...) a felicidade se encontra onde cada qual coloca o coração (...)”;

2 – “(...) se você situa as aspirações no prazer fugidiço, no ouro mentiroso e nas paixões que ardem e se apagam breve, a sua ausência produz a desdita (...)”;

3 – “(...) se pensa em paz de consciência, retidão moral e dever corretamente cumprido, como metas de dignidade e honradez, a ventura se estabelecerá no coração tranquilo (...)”;

4 – “(...) Quem deseja usufruir sem merecer, receber sem dar, colher sem haver semeado é obrigado a furtar e converter-se em indigno beneficiário da vida, que lhe impõe recomeços difíceis (...)”;

5 – “(...) Todos podemos conseguir a felicidade se soubermos e quisermos bem conduzir nossas aspirações (...)”;

6 – “(...) Muitos desejariam um pomar referto, um jardim de messes. Por não consegui-los, desalentam-se, esquecidos de que também poderiam tornar-se um arbusto verde ao caminho pedregoso, adornando a estrada adusta (...)”;

7 – “(...) Felicidade é o bem que fazemos, não o gozo que fruímos (...)”;

8 – “(...) A felicidade não resulta do que se tem e do que se frui, mas do que se é e do que se faz (...)”;

9 – “(...) Não nos queixemos! A reclamação reflete insatisfação pelo que temos, a traduzir a revolta de que nos consideramos defraudados e, em consequência, injustiçados por Deus (...)”;

10 – “(...) Cada um recebe, não como julga merecer, (...), mas de acordo com o que nos seja melhor para o bem estar real (...)”;

11 – “(...) Não se lamente mais e saia do egoísmo vexatório, insatisfeito, fator de sua inquietação, aprendendo a descortinar belezas e esperanças (...)”;

12 – “(...) se fecharmos a janela, campeiam as sombras neste recinto. Se as abrirmos, reinará a claridade (...)”;

13 – “(...) A forma como se encontrarem as janelas das nossas intenções espirituais, morais e mentais, dirá do que preferimos: luz ou sombra, alegria ou dissabor (...)”.

               Os itens transcritos estão no capítulo 19 do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo Pereira Franco. Eles fazem parte da longa e notável resposta à pergunta de um dos personagens da bela história. Abstenho-me de resumir a história para não tornar longa a presente abordagem, indicando o excelente livro ao leitor. O leitor encontrará com facilidade referida obra, que foi lançada em 1981 e possivelmente deve estar disponível na net, pois não cheguei a pesquisar esse detalhe.

               Notará o leitor que cada item é material de farta reflexão. Pensando nos abatidos pela melancolia e agora, diante do ano novo, sempre é tempo de renovar os pensamentos e alterar os modelos de comportamento. Se algo não vai bem, isso indica necessidade de mudança. O extraordinário capítulo é fonte de ampla orientação e motivação extensa para a alegria de viver, com gratidão e disposição para agir corretamente. Esforcemo-nos, pois, pelas mudanças que se fazem essenciais.


20 janeiro 2014

Benefícios das Reuniões Mediúnicas Espíritas - José Couto Ferraz



BENEFÍCIOS DAS REUNIÕES MEDIÚNICAS ESPÍRITAS

As tarefas desenvolvidas, nas reuniões mediúnicas espíritas, devidamente estruturadas dentro do método que preceituam os postulados doutrinários do Espiritismo, facultam benefícios extraordinários para os planos de vida física e espiritual.

No transcorrer do desenvolvimento, educação da mediunidade e desobsessão dos encarnados, os Benfeitores Espirituais promovem a profilaxia nos participantes destas atividades, em torno de doenças enigmáticas na área física e mental, possibilitando o desdobramento das potencialidades mediúnicas daqueles que lhes são portadores, ao mesmo tempo, tratando com eficiência dos médiuns atormentados por Espíritos malévolos ou portadores de auto-obsessão pertinazes com que lhes ensejam liberação, conduzindo-os ao trabalho da caridade anônima e fraternal.

Nestes intercâmbios salutares, os integrantes dos grupos mediúnicos fruem da oportunidade de aprendizado junto aos desencarnados, ouvindo-lhes as lições vivas dos seus depoimentos realísticos sobre as dificuldades encontradas na pátria espiritual, por haverem desconsiderado os patrimônios que a vida lhes ofereceu.

Simultaneamente, tomam conhecimento das técnicas empregadas pelos Espíritos infelizes, que exercem perturbação, agridem e prejudicam os seus desafetos que transitam no corpo – seus algozes impiedosos de existências passadas – resultando daí, um convite silencioso para todos fazerem uma reavaliação do comportamento pessoal diante do próprio ingresso na vida futura.

Decorrente desta convivência entre os dois mundos, o dos encarnados e dos desencarnados, utilizando-se das informações colimadas no desenrolar destes misteres, conscientizam-se da necessidade de efetuarem modificações graduais, nas suas personalidades deficientes, ocorrendo, então, o grande fenômeno efeito da comunicabilidade dos Espíritos, qual seja, o do acordar a consciência dos seres inteligentes que vivem no corpo ou fora dele, com reflexos favoráveis para o surgimento de uma humanidade mais feliz.

Além disso, as cargas psíquicas, carreadas por vibrações deletérias dos seres espirituais infelizes provenientes do entrechoque de paixões absorventes, são diluídas, nessas ocasiões, por mecanismos especiais; as tensões nocivas em forma de frustração, ansiedade, ódio, desejo de vingança e medo, diminuem de intensidade, apaziguadas pelo refrigério do tratamento fluidoterápico feito pelos Espíritos Superiores, abrindo espaços no mundo íntimo dos participantes para um posicionamento com melhores perspectivas de um retorno à normalidade e à conquista da paz em futuro próximo.

Especificamente, para os desencarnados, sofredores ou perturbadores da Erraticidade inferior, essas reuniões funcionam como meio mais direto de socorro, esclarecimento, tratamento e preparação com vistas a um novo retorno ao palco da existência física, onde repetirão as experiências malogradas, aliviando, por sua vez, o peso específico da psicosfera da Terra, sobrecarregada de fluidos enfermiços e desagregadores, provindos da população flutuante das zonas umbralinas, tão prejudiciais para a saúde física, quanto mental e espiritual dos habitantes terrestres.

Durante os breves minutos que se passam na ocorrência do fenômeno de acoplagem mediúnica quando se verifica a psicofonia, acontece uma verdadeira “reencarnação” a curto prazo, quando o desencarnado ensaia, prepara-se para uma “incorporação” de longo curso, que é a reencarnação definitiva, em novo casulo carnal...

Especialmente, no tratamento das doenças mentais, nos casos de perseguições odientas de desencarnados sobre encarnados, as reuniões mediúnicas espíritas, assumem uma posição de vanguarda para a cura definitiva desta enfermidade social epidêmica em virtude da larga incidência do fenômeno denominado, por Allan Kardec, como obsessão.

Nesse particular, as suas atividades, facultadas pela mediunidade consciente e equilibrada, pela vivência e prática dos ensinamentos evangélicos vêm oferecendo uma grandiosa e abençoada contribuição, porque conseguem demonstrar que por detrás das neuroses e psicoses, nos distúrbios da emoção e da mente, invariavelmente, existe uma problemática de ordem espiritual, seja do próprio Espírito encarnado – um delinquente, fugitivo de anteriores existências, trânsfuga das leis divinas, diante de crimes hediondos perpetrados contra os seus semelhantes – seja daqueles que, no plano espiritual, geram no seu campo magnético lamentáveis expressões alienadoras que sintonizam por via obsessiva.

Eminentes psiquiatras, psicanalistas e psicólogos em todas as épocas defrontaram o problema da obsessão. Não obstante o progresso extraordinário alcançado pelas “ciências do espírito”, em se tratando da influência ou o império persistente que Espíritos inferiores exercem em determinados indivíduos, a terapêutica psiquiátrica ainda se torna um tanto ineficaz, para lograr-se o êxito desejado, ou seja, a cura definitiva.

Somente o Espiritismo, utilizando-se da mediunidade dignificada, nas reuniões especificas, consegue um percentual de cura expressivo, usando a terapia da catarse, na doutrinação dos Espíritos atormentados, através de médiuns adestrados, da moralização do próprio enfermo, como daquele que se encarrega do trabalho de aconselhamento do atormentado-atormentador.

Um dia não muito distante, quando a ciência oficial abandonar os preconceitos escolásticos e o Espiritismo, como a mediunidade forem melhor conhecidos e estudados, disporemos de processos mais avançados, na área da Psiquiatria, para uma penetração em maior profundidade da problemática das alienações mentais, nas suas diversas e complexas feições, quando serão feitos em maior escala na atualidade, nos Sanatórios de doentes mentais, as técnicas desobsessivas, realizadas nas reuniões mediúnicas espíritas, paralelamente ao tratamento psiquiátrico, proporcionando-se índices jamais imaginados nas curas definitivas das variadas formas de psicopatias e alienações mentais.

Se tudo isso não bastasse para enaltecer tal ministério de intercâmbio espiritual, poderíamos ainda contabilizar a favor das reuniões mediúnicas espíritas, o auxílio fraternal e solidário dado pelos Espíritos Superiores respondendo a um número sempre crescente de pedidos de orientação espiritual, ou então páginas e páginas de mensagens edificantes enfeixadas em livros traduzindo de forma decisiva, o valor inestimável da mediunidade vitoriosa sob a égide de Jesus Cristo, o Amigo Incomparável de todos nós.

Artigo da autoria de José Couto Ferraz


19 janeiro 2014

A Conspiração do Silêncio - Joanna de Ângelis


A CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO

Na Antiguidade ficava envolta em mistérios, somente acessíveis aos iniciados, constituindo a doutrina secreta ministrada nos templos por sacerdotes especializados.

Sempre quando se fazia revelar, de imediato era oculta à curiosidade popular e, muitas vezes, mantida em segredo, de que se utilizavam muitos para a exploração ignóbil, tornando-se seus intérpretes, porém, de acordo com os próprios interesses.

Condenada por inúmeros governantes e temida por incontáveis deles, era manipulada pela astúcia e habilidade de mistificadores que exploravam a credulidade geral, ameaçando ou liberando de penas que eles próprios elaboravam, a fim de inspirar temor e respeito. Mesmo com o advento da mensagem de Jesus, os Seus adversários denunciavam-na como interferência demoníaca, teimando em ignorar a sua legitimidade, assim comprazendo-se na irresponsabilidade.

Depois de Jesus, passou a ser objeto de teólogos nem sempre honestos e convictos da sua realidade, para envolvê-la em fantasias do sobrenatural distante do elevado significado de que se reveste.

Durante longo período na noite medieval foi severamente perseguida, sem que a perversidade dos insanos inimigos conseguisse diminuir-lhe o brilho e a fascinante significação.

Ao Espiritismo coube o elevado mister de desvelá-la, tornando-a anelada e oferecendo as diretrizes austeras e seguras para a conquista dos benefícios dela advindos durante a existência planetária.

Evocando-a na ressurreição triunfante de Jesus após a dolorosa crucificação, a imortalidade do Espírito é a mais grandiosa revelação do conhecimento humano, que proporciona esperança e alegria de viver.

Por mais que os amigos desejassem acreditar que Ele voltaria do silêncio do túmulo, após a morte infamante, ei-lO glorioso, irradiando mirífica luz, que demonstraria ser Ele o Senhor dos Espíritos e o Guia da Humanidade.

Embora a ignorância e a má fé de incontáveis personalidades que se iludem com a transitoriedade carnal, a imortalidade é a vida que se encontra ínsita em todos, seja na frágil organização física ou na deslumbrante libertação mediante o fenômeno inevitável da desencarnação.

A ruptura da conspiração do silêncio em torno da vida-além-da-vida orgânica, oferece a certeza do sentido psicológico superior da existência terrena, como escola de aprimoramento moral, objetivando a plenitude a que todos aspiram.

Impossível, portanto, silenciar a verdade e impedir que os imortais comuniquem-se com as criaturas humanas, a fim de adverti-las e orientá-las quanto ao significado existencial.

* * *

Embora alguns subterfúgios, que ainda permanecem em torno dos vigorosos fenômenos mediúnicos que atestam a sobrevivência do Espírito à desagregação molecular, uma nova consciência surge na sociedade, para contribuir significativamente para a conquista do bem-estar permanente, para a superação do medo da morte.

Desmistificada, ao invés de significar a fatalidade aniquiladora, torna-se o anjo libertador do fardo do sofrimento e faculta o voo pleno pelo infinito.

O limite a que se está acostumado, durante a jornada berço a túmulo, amplia-se, ante a visão majestosa do Universo, com os seus sextilhões de astros, que são outras tantas moradas da Casa do Pai.

Incontestavelmente, uma existência corporal é insignificante ante a magnificência do Cosmo, de modo que a aceitação desse pequeno périplo diminui a majestade do Criador.

Lentamente, pois, e com segurança, a conspiração do silêncio em torno da imortalidade cede lugar à convicção da vida após o túmulo, graças à fenomenologia mediúnica presente em todos os segmentos da sociedade.

Ao mesmo tempo, o sofrimento que alcança todos os indivíduos, após as jornadas pelos gabinetes da ciência encarregada de atenuar-lhes a dor e diminuir-lhes o desespero, encontra nas nobres elucidações espíritas o reconforto e o ânimo para os enfrentamentos que decorrem das condutas antes vivenciadas, conforme elucida a reencarnação.

As psicoterapias transcendentais ora aplicadas encontram na imortalidade do Espírito e nas suas várias reencarnações os recursos valiosos para os transtornos de comportamento e os de natureza mental, por elucidar a anterioridade da vida ao corpo atual, quando foram assumidos compromissos ultrajantes que agora têm necessidade de ser reparados.

Nada acontece quando não existe uma causa anterior.

A lei, portanto, de causa e efeito, que responde pelos acontecimentos felizes ou desditosos que têm lugar no mundo de hoje, como no de todas as épocas, convida o ser humano à responsabilidade lúcida e consciente por necessidade de despertar para a própria realidade.

Já não há tempo para o escamotear da verdade, quando a comunicação virtual e o conhecimento de algumas leis universais deslumbram todos aqueles que se permitem o esclarecimento e buscam a libertação das algemas da intolerância de qualquer natureza, assim como da castração espiritual ainda vigente em algumas doutrinas religiosas.

Este é o momento do autoencontro, da autoconsciência, da comunhão com Deus. 

* * *

A busca da verdade, por fim, conduz o indivíduo à plenitude, rompendo o véu da ignorância e do medo em torno da transcendência e grandeza da vida, que deve ser experienciada com inefável alegria.

As dores e as ocorrências afligentes são acidentes do programa evolutivo que, de maneira nenhuma interrompem o fluxo do desenvolvimento da inteligência e da moral.

Jesus havia anunciado a Era Nova de conhecimentos e de felicidade que a Terra experimentaria.

Assim, pois, são estes os dias anunciados graças ao Consolador, que Lhe veio repetir os ensinamentos e dizer coisas novas que no Seu tempo não podiam ser reveladas, por falta do entendimento científico em torno da existência, assim como o das leis universais.

Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco, na noite de 16 de novembro de 2013, em Leiria, Portugal, no Congresso Espírita Português.