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30 novembro 2021

Como Lidar com a Ingratidão do Próximo sob uma Ótica Espírita ? - Fernanda Oliveira

 
COMO LIDAR COM A INGRATIDÃO DO PRÓXIMO SOB UMA ÓTICA ESPÍRITA?

Ingratidão, segundo o dicionário online, é qualidade ou ação de quem é ingrato; falta de gratidão, de reconhecimento. Lamentavelmente chegamos ao ponto de perceber a ingratidão das pessoas em diversos momentos e situações cotidianas, desatenção a generosidade e a atitude fraterna; o não agradecer as pequenas delicadezas e gestos do dia a dia.

Quem pratica o bem e procura auxiliar e ajudar geralmente o faz de coração, sem esperar nada em troca. Mas será difícil para quem recebe reconhecer aquela atitude caridosa?

Aprendemos a amar, a fazer o bem e a manter uma postura de gratidão pela vida, mas como devemos lidar com a atitude de ingratidão?

O ser ingrato é uma criatura guiada ainda pelo egoísmo; conforme esclarece questão 937 de O Livro dos Espíritos: Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras? “São; porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão feito mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão”

A ingratidão é um teste para o seu agir, quando fazemos e tomamos atitudes sem esperar nada em troca, procurando realizar pensando na coletividade, no bem comum, podemos nos deparar com ações infelizmente de desconhecimento, mas não podemos ou devemos deixar esse ato modificar a nossa essência generosa, a questão 938 de O Livro dos Espíritos esclarece: As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade? “Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão”. a) - Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a idéia de que seria mais feliz, se fosse menos sensível? “Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles”.

Allan Kardec: A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.

O descaso do outro não pode e não deve afetar o que você é e as atitudes generosas e despretensiosas que realiza, a insatisfação gera sentimentos negativos que atrapalham o nosso caminhar. Se ajudamos alguém esperando receber algo em troca, isso não é dar/ ajudar isso é troca. Nunca estar satisfeito com o que se é ou com o que possui acaba produzindo sintonia com energias inferiores e negativas muitas pessoas ainda não compreendem o poder da gratidão. Todo mal por nós praticado conscientemente expressa de algum modo lesão em nossa consciência.

Devemos atentar para o que é positivo, registrar as coisas simples e boas, fazer contas de todas as dádivas já recebidas. Semelhante atrai semelhante, reencarnações após reencarnações vamos formando as nossas vidas ao nosso redor de acordo com os nossos pensamentos e atitudes.

A gratidão faz bem à saúde, é sintonia plena com o plano superior da vida, nos torna felizes e positivos.

As leis espirituais respeitam o livre arbítrio, mas a vida pede para repensarmos nossas atitudes e escolhas. Toda vez que eu causo sofrimento no meu semelhante eu gero sofrimento em mim.

Conforme elucida o Evangelho segundo o Espiritismo no capitulo XXVIII no item 28: “O homem esquece facilmente do bem, para, de preferência, lembrar-se do que o aflige. Se registrássemos diariamente os benefícios de que somos objeto, sem os havermos pedido, quase sempre ficaríamos espantados de termos recebido tantos e tantos que se apagaram da nossa memória com a nossa ingratidão”. É recomendado essa sintonia de percepção com todas as coisas boas que recebemos e aprendemos diariamente, entrar em sintonia com Deus, manter o equilíbrio e a paz intima.

O mundo que vivemos é o mundo real e é bem diferente da teoria do mundo ideal, quando estamos equilibrados nada tira nossa paz. Conheça bem a si mesmo para que a ingratidão do outro não afete o seu estado mental e modifique quem você nasceu para ser. Procure proteger suas emoções, pois é dela que saem as suas escolhas.

A gratidão é o medicamento do espírito e o sentimento de almas elevadas. Com a disciplina, controle dos nossos pensamentos e atitudes, abandono do costume de reclamar e foco no propósito da vida entramos em conexão direta com os planos elevados e passamos a ter uma postura otimista na vida.O Espiritismo nos ensina a cultivar a semente do bem em nós mesmo e no nosso próximo. O homem nasceu com a sina do progresso.

Vamos caminhando praticando o bem na sintonia do amor.

“Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”(Cora Coralina)

Fernanda Oliveira
Fonte:
Blog Letra Espírita  
 
Referência:

1- O Evangelho Segundo o Espiritismo- Allan Kardec- Editora Boa Nova

2- O Livro dos Espíritos- Allan Kardec –Editora EME

3- A vida na visão do Espiritismo- Alexandre Caldini Neto- Editora Sextante

4- Melhores Poemas- Cora Coralina-Editora GlobalPocket.

29 novembro 2021

Imortalidade - Divaldo Pereira Franco

 
IMORTALIDADE

O debate filosófico sobre a Imortalidade da alma é muito remoto e encontramos notáveis pensadores e cientistas que se dedicaram ao estudo profundo do ser, posteriormente apresentando o resultado das suas investigações.

Na Grécia Antiga, combatendo as ideias espiritualistas de Sócrates, Platão e Aristóteles, surgiram as contribuições de Leucipo, Lucrécio e Demócrito. Enquanto os primeiros informavam que a vida continuava após a morte, os outros elucidavam que tudo quanto existe é resultado do movimento, do vácuo e dos átomos. Quando um desses elementos se altera, ocorre a desestruturação da matéria, portanto, o aniquilamento. Nasceu aí o denominado atomismo, que é uma das primeiras explicações materialistas para elucidar a origem do Universo.

Enquanto, de um lado, em quase todos os países, narravam-se fatos demonstrativos da Imortalidade, num natural e compreensível confronto, as teses niilistas apareceram com formulações diferenciadas, mas com o mesmo conteúdo destrutivo.

A lógica esclarece que a Vida, gastando mais de dois bilhões e duzentos milhões de anos para construir o ser humano, não pode havê-lo elaborado apenas para o breve período entre o berço e o túmulo. Ademais, o nada não pode gerar senão o nada.

Os embates prosseguiram, enquanto a Ciência avançou nas suas profundas inquirições e análises.

De surpresas sucessivas, a investigação da Ciência chegou, no Século XX, à mais completa análise da matéria e demonstrou a necessidade da mudança do seu conceito multimilenar.

Matéria é energia condensada (ou resfriada), e tudo é energia, que é matéria desagregada.

A partir de Dalton, com a demonstração científica sobre a teoria corpuscular, a Roentgen, a Becquerel, ao casal Curie, a matéria se foi desestruturando e tornando-se radiação, isto é, energia, um reino de ondas e raios, correntes e vibrações.

A contribuição da Física Quântica, no estudo em torno da matéria, facultou entender-se a possibilidade de existir uma energia pensante, que é o Espírito.

Anteriormente, com o surgimento do Espiritismo, os Imortais desencarnados haviam definido o Espírito como o princípio inteligente do Universo.

A concordância de definições demonstra que a sua Imortalidade é real. Nada morre. A vida é indestrutível.

Desse modo, não chores os teus afetos que desencarnaram, porque eles vivem.

Recorda-os com ternura e gratidão pela convivência afetuosa que tiveste com eles.

A celebração de Finados é mais do que a demonstração do carinho dos que estamos no corpo em homenagem aos que já se libertaram e convivem conosco.

Faze o bem por amor a eles e prepara-te para viver após a tua desencarnação, tornando-te um elemento digno na sociedade na qual te encontras.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 04/11/2
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28 novembro 2021

Dever de Gratidão - Orson Peter Carrara


DEVER DE GRATIDÃO

Devemos tudo à Vida abundante que desfrutamos. Deus, o Criador, dotou-nos de vida e possibilitou-nos intenso e contínuo aprendizado. Para que pudéssemos evoluir, aprender, e, portanto, adquirir méritos do esforço colocado a serviço da conquista da felicidade, cercou-nos de inúmeros recursos. Entre eles estão as maravilhas produzidas pela natureza. Desde o espetáculo do nascer do sol – que soa como amável e silencioso convite ao trabalho -, às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos. Sempre estão a nossa volta e o espaço desta página seria insuficiente para relacionar.

Colocou-nos num planeta rico de possibilidades e perspectivas. Dotou o planeta de água, fauna e flora abundantes; deu-nos os animais, pássaros e outros seres como companheiros de viagem e ainda escalou experimentados irmãos mais velhos que visitam o planeta periodicamente para ensinar o caminho do acerto e da felicidade. Entre eles, o maior de todos, Jesus de Nazaré, mensageiro do Evangelho, porta-voz direto do Pai Criador e que vivenciou em si mesmo o que ensinou.

No geral, devemos entender que, como filhos de um Pai Bondoso e Justo, que ama profundamente suas criaturas, fica o dever do auto aprimoramento intelecto-moral, único instrumento real de equilíbrio e felicidade. E consideremos que tudo isto enquadra-se até num dever de gratidão a tudo que recebemos diariamente de Deus, o Pai de todos nós.

E pensemos que o auto aprimoramento intelecto-moral nos levará pelo menos a duas consequências inquestionáveis: dominaremos o egoísmo feroz que ainda nos domina (o que determinará o fim da onda de sofrimentos que abate o planeta) e partiremos, porque mais conscientes, aos deveres da solidariedade que, por consequência, trarão o equilíbrio que esperamos. Aí está o Natal novamente, que nos inspira a todos a busca do Mestre da Humanidade.


Por Orson Peter Carrara

27 novembro 2021

Formação dos Seres Vivos - Cecília Alves

 
FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS

Tivemos, no decorrer dos tempos, grandes revoluções científicas e tecnológicas em todas as áreas do conhecimento, que resultaram em evidente progresso; mas o fato é que ainda hoje, cientistas, filósofos, pensadores religiosos de todos os credos se curvam ante um dos mais intrigantes enigmas: como, quando e porque surgiu o que se chama VIDA, ou seja: como foi possível que a matéria inorgânica, passiva, indeterminada, composta de simples moléculas formadas a partir de um conjunto de átomos pudesse desenvolver a desconcertante habilidade de se auto-reproduzir e dar origem a organismos unicelulares? É preciso convir que a evolução dessas moléculas foi de tal ordem, de tal complexidade e magnitude, que elas se tornaram responsáveis pela imensa diversidade da vida na Terra. (Microsoft Word - origemvida.doc (ieef.org.br)

Ana Maria R. Catalano nos ensina que existe uma força de natureza espiritual que prepara o caminho para o surgimento da vida. É o princípio inteligente, causa geradora de tudo o que existe, vivente ou não vivente, a expressar a presença de Deus na matéria.

Em O Livro dos espíritos, na questão 07 e em diante, Allan Kardec pergunta aos espíritos qual seria a causa primeira das coisas, ao que lhe foi respondido que a causa primeira é uma inteligência superior à humanidade no que antecedeu a formação dos seres vivos. “Tudo era um caos”, visto que os elementos que os formariam futuramente estavam dispersos.

Os seres vivos não se originaram do dia para noite, mas sim de forma gradativa, como nos ensina o livro dos espíritos na sua questão 44. Essa formação ocorreu a partir da reunião de condições favoráveis no planeta Terra para que as substâncias orgânicas fossem moldadas.

Deste modo os “germes” das substâncias orgânicas que se encontravam dispersos aos poucos foram se aglutinando, ou seja, se reunindo.

Após esta fase de modificações estas substâncias ficaram inertes até que fosse o momento oportuno para o surgimento da vida propriamente dita em cada uma das espécies existentes.

Com o surgimento dos primeiros seres vivos, estes foram aproximando-se uns dos outros e se multiplicando, levando assim a continuidade de suas espécies.

Ao ler o que até então expusemos provavelmente você se pergunte se os seres humanos também se encontravam entre estes seres. Observemos o que nos diz a este respeito O Livro dos Espíritos em suas questões 47 e seguintes.

Questão 47. A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre?

Sim, e veio a seu tempo. Foi o que deu lugar a que se dissesse que o homem se formou do limo da terra.

Questão 48. Poderemos conhecer a época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na Terra?

Não; todos os vossos cálculos são quiméricos.

Do até então exposto podemos concluir que o homem foi formado dos mesmos elementos dos demais seres, não se podendo precisar quando do seu surgimento no planeta, visto que o que temos até então são cogitações, suposições.

Os espíritos superiores seguem nos ensinando na questão 48 em O Livro dos Espíritos que tanto os homens quanto os demais seres da criação Divina absorveram ou se apropriaram de elementos necessários para que pudessem lhes dar continuidade à vida através da Lei da reprodução.

Ao que concerne propriamente à formação do homem, A Gênese Kardequiana nos ensina que, existindo um primeiro casal, os indivíduos se multiplicaram. Mas, esse primeiro casal, donde saiu? É um desses mistérios que entendem com o princípio das coisas e sobre os quais apenas se podem formular hipóteses. A Ciência ainda não pode resolver o problema; pode entretanto, pelo menos, encaminhá-lo para a solução.

A este respeito são apresentadas na supracitada obra duas hipóteses: numa delas apenas um casal teria originado os demais seres humanos e na segunda teoria Deus teria criado vários casais e estes teriam se multiplicado e dado origem aos homens e mulheres.

Em A Gênese defende-se que a segunda hipótese seria mais provável visto que um só tronco familiar originar toda a raça humana poderia comprometê-la por poder transferir os seus vícios aos seus demais descentes.

A criação, no entanto, de vários casais levaria a criação de vários troncos familiares, cada um deles possuindo defeitos, qualidades e características próprias, o que conferiria maior diversidade dos seres, não apenas no quesito moral, mas também em questões biológicas.

Em última análise podemos observar que a criação do homem e dos demais seres vivos seguiu um longo caminho, bem como que a perpetuação de cada um dos seres vivos no planeta segue a Leis Divina do progresso, a qual demonstra que todos estamos destinados ao progresso evolutivo.

Cecília Alves

26 novembro 2021

Como me Comunicar com meu Mentor? - Priscila Gonçalves

 
COMO ME COMUNICAR COM MEU MENTOR?

Anjo guardião, mentor, amigo espiritual... Vários são os nomes conferidos a estes Espíritos tão amorosos e dedicados, que foram designados pela Espiritualidade Superior durante o processo de planejamento reencarnatório para nos acompanhar durante a vida.

Vez ou outra, quando este Espírito é designado para uma outra missão, ele se afasta e recebemos outro tutor, mas, ainda assim, nunca estamos desacompanhados.

Estes Espíritos pertencem a uma ordem elevada da categoria dos Espíritos. Por certo, já passaram pelo Planeta Terra numerosas vezes, e também por outros mundos inferiores e superiores, e, assim, desenvolveram empatia, amor, criaram laços amorosos conosco, e, possivelmente, em uma encarnação passada, tivemos com eles uma forte conexão, e seu conhecimento e seu grau evolutivo o fazem apto a nos auxiliar em uma etapa de nossa jornada evolutiva.

Das questões 492 a 495 presentes em O Livro dos Espíritos, encontramos explanações sobre a ligação dos Benfeitores Espirituais conosco, até mesmo quando ocorre seu afastamento:

492. O Espírito protetor está ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

– Do nascimento à morte, e muitas vezes ele o segue após a morte, na vida espírita, até mesmo em várias existências corporais, pois essas existências constituem apenas fases bem curtas em relação à vida de Espírito.

493. A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?

– O Espírito é obrigado a velar por vós porque aceitou essa tarefa, mas ele pode escolher os seres que lhe são simpáticos. Para uns é um prazer, para outros, uma missão ou um dever.

493. a) Apegando‑se a uma pessoa, o Espírito renuncia a proteger outros indivíduos?

– Não, mas ele o faz de maneira menos exclusiva.

494. O Espírito protetor fica fatalmente apegado ao ser confiado à sua guarda?

– Muitas vezes acontece de alguns Espíritos deixarem sua posição para cumprir missões diferentes; mas, nesse caso, outros os substituem.

495. O Espírito protetor às vezes abandona o seu protegido, quando este não lhe ouve os conselhos?

– Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis, e que a decisão de submeter‑se à influência de Espíritos inferiores é mais forte. No entanto, não o abandona completamente, e sempre se faz ouvir. É o homem que fecha os ouvidos. O Espírito protetor volta tão logo é chamado.

Mas, por que então somos “abandonados” por nosso orientador? Bem, esta é uma questão que é facilmente respondida pelo nosso comportamento. Quando decidimos não seguir seus conselhos, suas orientações e inspirações, ele nos deixa para que possamos caminhar, errar e aprender; porém, mesmo nesta circunstância, quando nos tornamos pouco merecedores de companhia tão amável, ele volta; basta que deixemos nosso ego de lado e o convoquemos novamente.

A comunicação com este amigo é que faz toda a diferença. E como, afinal, podemos nos comunicar com ele? Cada indivíduo tem seu modo particular de comunicação. Uns têm uma conversa mais formal, outros mais informal, como uma conversa entre amigos, o que não deixa de ser, afinal, o Benfeitor é seu amigo presente quase 24 horas por dia. Outros o fazem através de preces, outros pelas artes. Cantando músicas edificantes, nas leituras, na escrita.

Não importa se está angustiado, entristecido ou tão feliz que parece exalar alegria e satisfação por todos os poros, e não importa se precisa compartilhar sua dor com o seu amigo para aliviar o fardo, ou celebrar uma conquista; o diálogo com o Espírito protetor, o anjo guardião, se faz necessário diariamente.

Abra os ouvidos e os olhos da alma, para ouvir e ver todos os sinais que ele lhe envia, para compreender e discernir os bons dos maus caminhos, avaliar seus passos e seu comportamento, e até pedir orientação para uma decisão difícil a ser tomada. Ou até contar como foi seu dia. Ele é, sempre foi e sempre será um grande amigo, disposto a ajudar sem julgar, querendo sempre o seu bem maior, pois abdicou de muitas coisas para cumprir a missão de lhe guardar e proteger dos males internos, dos vícios e más inclinações, e também dos males externos, dos perigos do mundo.

Priscila Gonçalves
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referências:
 
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Capivari: EME, 2019.


25 novembro 2021

Em louvor à liberdade - Vianna de Carvalho

 
EM LOUVOR À LIBERDADE

O natural processo de evolução do Espírito culminará quando, dominando as latentes faculdades de que se encontre investido, logre liberar-se dos atavismos da larga jornada dos renascimentos carnais ao longo dos milênios.

Corpúsculo de luz que mergulhou na névoa material para esplender como uma estrela de primeira grandeza, possui as incomparáveis qualidades divinas que desenvolverá no curso dos renascimentos na atmosfera terrestre.

Essa liberdade de pensar e de agir tem sido a ânsia de conquista do ser humano através dos tempos.

Imaturo e sem a capacidade de saber usá-la, criou o pensamento filosófico para poder melhor expressar-se, não conseguindo o tentame em razão do primarismo que ainda lhe é peculiar.

A busca da liberdade tem sido o impulso vigoroso presente nas escolas de pensamento, sempre comprometidas com as necessidades e limites dos seus criadores.

Em seu nome, indagou a célebre Madame Roland, na Revolução Francesa, antes de ser guilhotinada, Liberdade! Liberdade! Quantos crimes se praticam em teu nome?

O direito de vivenciar a liberdade deflui do reto cumprimento dos deveres que organiza o grupo social.

Enquanto predomina no indivíduo o jugo das energias materiais o seu anseio de liberdade não passa de uma transferência de conflito pessoal por anelar favores a que não faz jus.

Essa conquista resultará da perfeita consciência de discernimento dos valores que organiza a sociedade sob a inevitável ética de respeito e consideração aos direitos dos outros.

Durante a experiência da reencarnação a liberdade encontra-se sujeita aos limites do organismo na sua multiface, assim como na constituição legal e moral vigente.

Ninguém que propugne pela liberdade poderá impô-la, pois que ao fazê-lo violenta o direito do outro, tanto de pensar como de agir consoante o seu estágio de desenvolvimento moral.

A liberdade, portanto, é um conceito muito pessoal, sujeita ao espaço cultural em que se transita.

Quando se impõe, estabelecendo comportamentos esdrúxulos, faz-se libertinagem com grandes riscos de consumpção dos valores éticos vigentes.

Certamente, os propugnadores da liberdade dos cidadãos geram conflitos entre os conceitos anteriores e os porvindouros, que provocam receios, especialmente aqueles que se apresentam dominadores.

Quase sempre esses opositores do progresso da liberdade de qualquer opressão ou submissão, são ainda poderosos pela força bruta que os domina e na qual se comprazem.

Na História da Civilização ergueram-se impérios fantásticos sobre as ruínas de povos que foram vencidos, por sua vez, esmagados por títeres ainda mais perversos, que igualmente sucumbiram ao horror de outras armas mais destrutivas.

Na Antiguidade, homens e mulheres violentos levantaram-se contra as circunstâncias brutais que viviam e fizeram-se conquistadores que se apoiaram na perversidade para temidos e vingativos atingirem as suas metas sanguinárias.

Amaram filósofos temerários e se glorificaram por algum tempo, sendo derrubados por outros não menos odientos.

Desde Ciro, o Grande, pai de Cambises II, que construiu o império mais glorioso da História, a Alexandre Magno, da Macedônia, a Júlio César, a Cipião, o Africano, a Aníbal, o Cartaginês, para citar apenas poucos déspotas e guerreiros que passaram como edificadores, porém, sobre cadáveres e amontoados de lixo. A quase invencível Cartago foi arruinada e não ficou pedra sobre pedra, que não haja sido derrubada...

As poderosas culturas e cidades aparentemente invencíveis dormem hoje sob aos areais escaldantes dos desertos ou sob as águas submarinas, ou colunas e pedras abandonadas que parecem fantasmas corroídas pelos ventos calcinantes.

Veio, então, Jesus, para pacificar o mundo com a Sua mensagem de Amor e padeceu a ignorância dominante, sendo os seus fiéis discípulos, à Sua Semelhança, dizimados de forma inumana, compatível com os déspotas de então.

Logo após, a partir de 410 com a destruição de Roma por Alarico, os bárbaros com Átila, o terror de Deus, o próprio Alarico, Genghis Khan, que construiu o terrível império e outros não menos perversos, também foram devorados pelo tempo inclemente.

Sucederam-se os períodos de trevas por quase mil anos e o ser humano sempre sonhando com a liberdade, vem-se alçando no rumo do infinito e sofrendo o guante dos poderosos de um dia.

As guerras inclementes não cessaram, tornando-se mais cruéis e destrutivas, mas, apesar de todas as terríveis dores, o ser humano permanece na sua luta pela conquista da liberdade.

Com a Revelação do Espiritismo, compreende que a legítima liberdade é a do amor que permanece e sobrevive a todas as funestas e incessantes batalhas do mal e da desgraça coletiva, culminando na imortalidade em triunfo após todas as injunções enganosas, Todos somos livres para pensar e, à vezes, agir, conforme os regimes políticos, mas sempre nossas ações impõem-nos a liberdade de cultivar o bem, de evocar o Mártir da Cruz, que aparentemente foi vencido, porém retornou em glória soberana, exultante na ressurreição em liberdade absoluta.

O Seu exemplo é a lição mais grandiosa da luta pela independência do amor para vencer as misérias resistentes, representativas dos períodos primários do mecanismo da evolução.

A liberdade reside, portanto, na consciência do amor sob todos os aspectos considerados, em conclamação permanente pelo trabalho de dignificação da vida em toda a sua plenitude.

Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 16 de outubro de 2019, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

24 novembro 2021

Discursos materialistas sobre o aborto - Marco Milani


 DISCURSOS MATERIALISTAS SOBRE O ABORTO


Na conclusão de O Livro dos Espíritos (LE), parte II, encontramos a afirmação de que o Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Essa contraposição torna-se evidente ao fundamentar-se os discursos sobre as mais diferentes questões.

O aborto é um dos temas que, apesar de claramente considerado nos ensinamentos dos Espíritos (ver questão LE-358, por exemplo), ainda fomenta polêmica àqueles que abraçam argumentos materialistas para defendê-lo.

A única exceção sob o ponto de vista doutrinário que justificaria o aborto provocado seria quando a continuidade da gravidez colocasse a vida da mãe em risco (ver questão LE-359).

Por não acreditarem haver nada mais além da matéria, materialistas justificam a afirmação de que o aborto provocado é uma questão de escolha da gestante, pois eles supõem que o ser em gestação seja parte do próprio corpo da mulher (matéria), e não exista um Espírito independente vinculado ao processo reencarnatório. Assim, o bebê nada mais seria que uma extensão do corpo da mãe.

Outra afirmação materialista é a de que o aborto é um caso de saúde pública, supondo que o ser em gestação é descartável perante o desejo maior da mãe de expulsá-lo de seu corpo servindo-se de procedimentos que não coloque a sua própria vida em risco. Sob essa narrativa, caberia ao Estado oferecer mais segurança sanitária para a expulsão do ser em gestação. Um argumento abortista recorrente sobre esse tópico é a de que mulheres ricas estariam mais seguras para eliminar o bebê do que as pobres, então dever-se-ia, por uma questão de “justiça social”, oferecer as mesmas condições para os mais carentes.

O sacrifício dos seres que apresentem algum tipo de má-formação ou características patológicas graves é, ainda, aceitável para materialistas que vislumbram as dificuldades que serão geradas aos responsáveis para o acolhimento, gastos e cuidados necessários. Chegam a usar o discurso de que será melhor para a criança não nascer (ou seja, ser eliminada) do que viver em sofrimento, desconsiderando todas as causas espirituais que levaram a essa situação.

Longas discussões médicas e jurídicas marcam a determinação de quando, efetivamente, começaria a vida. Discute-se ser a partir da concepção ou outras fases do desenvolvimento do corpo. Materialistas, servindo-se de malabarismos conceituais, relativizam a existência intrauterina.

Ao inserirmos o elemento espiritual, amplia-se a perspectiva da análise, pois considera-se o ser reencarnante, um indivíduo independente, com direito à vida (LE-880), continuando seu processo evolutivo junto àqueles que, por afinidade, participarão de sua jornada terrena. Ao proteger-se a sobrevivência do nascituro, valoriza-se a vida.

Uma das características do Espiritismo é a fé raciocinada, portanto espera-se que os seus adeptos creiam, baseados em argumentos válidos e assumam posturas compatíveis com os princípios e valores doutrinários. Certamente, o nível de maturidade e compreensão desses princípios e valores variarão e refletirão nas expressões públicas e privadas de cada um.

Sobre a temática do aborto, Kardec sinaliza, claramente, as consequências a todos envolvidos, proporcionais ao conhecimento, intenção e responsabilidade sobre o ato. Em momento algum desconsidera o livre-arbítrio e, com ênfase, destaca o mérito daqueles que superam as mais dolorosas situações para preservar a vida.


Marco Milani
Fonte: Agenda Espírita Brasil


23 novembro 2021

Egoísmo - Márcio Martins da Silva Costa

 
 
EGOÍSMO

Em mundo cada vez mais acelerado, não te dás conta de pequenos detalhes.

Levantas-te pela manhã pensando em teu desjejum. Preparas o que lhe convém com os recursos que dispõe.

Satisfazes no calor da refeição e segues para a repetitiva rotina. Mas não lembras que poderias beneficiar outros no teu lar aumentando a porção que preparastes.

Dirigindo na rodovia, assumes a faixa da esquerda em velocidade bem menor que a prevista, impedindo a passagem de outros irmãos que carecem de tempo. Atento somente ao que lhe importa adiante, olvidas que o condutor do veículo que lhe segue pode estar em atendimento a alguma emergência.

No trabalho deténs conhecimentos de favorecimento coletivo. Mas guardas para si as informações, justificando aplicá-las futuramente em prol exclusivo de tuas necessidades.

No transporte coletivo, buscas uma melhor posição para ti e te fixas nos recursos audiovisuais na palma de sua mão, sem te dar conta que tua mochila nas costas espreme o irmão que compartilha o espaço apertado no corredor. Ainda neste cenário, sem tirar teus olhos da tela, sentas-te no banco que esvazia próximo a ti, sem observar se no entorno há outros mais necessitados de um assento.

Em via pública, manténs-te na calçada em linha reta a passos largos, ignorando quem vem à frente. Mal percebes que uma irmã com um carrinho de bebê foi obrigada a se desviar pela rua para não colidir contigo.

Sujeitas tua saúde a condições limítrofes que podem fragilizá-la, alegando imperativos da carne. Mas te esqueces que o teu adoecimento representa trabalho e exclusividade dos que lhe são próximos.

Regozijas-te de teus feitos e de teu sucesso com terceiros, porém te esqueces que para alguns ouvidos que te escutam isto pode representar dor e sofrimento por não contarem com a mesma oportunidade.

Ao chegar o sono busca o repouso completo de suas forças, fazendo uso do tempo que te apraz. Todavia, ignoras a possibilidade de se esforçar um pouco mais em vigília para dividir com o próximo que compartilhas contigo o teto as tarefas rotineiras do lar.

* * *

Dentre todos os males da humanidade, o egoísmo é o que nos detém como grilhões, obstando o nosso progresso moral. Filho do orgulho, ele nos impele a agir em favor de nós mesmos, negando a caridade para com o próximo.

Em todos os momentos da vida é nos dada a oportunidade de aplicarmos o evangelho prático e exercermos a caridade das mais variadas formas.

Todavia, muitas vezes e sem nos darmos conta, exercemos o egoísmo a cada passo, influenciando o próximo a fazer o mesmo em um efeito dominó que, às vezes, retorna para nós mesmos.

Ao aplicarmos o egoísmo pessoal, negamo-nos automaticamente à lei de amor, dita pelo Mestre Jesus por meio do “Amai o vosso próximo como a vós mesmos”. Todavia, qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Neste contexto, percebemos que nosso egoísmo pode transcender o eu para se tornar um egoísmo de família, de casta, de nacionalidade.[1]

Busquemos nos exemplos do Divino Mestre a lembrança contínua de aplicarmos na escola da vida o evangelho vivido em ações de amor ao próximo. Só assim, e
 
 
xpurgando este mal de nossos corações, é que iremos contribuir com a ascensão da humanidade à a um mundo de Regeneração onde a felicidade será o caminho natural dos homens.

Márcio Martins da Silva Costa
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

Nota do autor:

Publicado na Coluna Espírita (Agê) do Jornal Diário de Taubaté, em 28 de setembro de 2021.

Referência:

[1] A. Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 131a. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013.

22 novembro 2021

Pobreza - Divaldo Pereira Franco


POBREZA

Normalmente, a referência à palavra pobreza significa ausência de recursos de toda natureza, conduzindo o indivíduo à miséria.

Do ponto de vista histórico sempre houve pessoas pobres, como sociedades muito necessitadas no seu conjunto, arrastando carências de toda ordem, especialmente a falta de valores amoedados e quaisquer outros que possam proporcionar conforto e bem-estar.

Além da situação deplorável pela falta do que pode manter a vida digna, sustentável, é também fonte de situações abomináveis.

O nada ou quase nada ter é resultado de injustiças sociais e egotismo de reduzida minoria de criaturas que se apoderam de tudo, em detrimento de posses mais ou menos favoráveis ao crescimento espiritual e moral.

Essa situação conduz à posição de indignidade espiritual, por facultar a ausência moral de ideais superiores e de ânsias que dignificam o ser humano.

Nesses covis da miséria, onde a fome se aloja e o desespero faz morada, os crimes mais perversos são urdidos e praticados.

Numa visita que Jesus realizou a um homem fariseu rico, que o convidara a uma refeição em sua casa, foi homenageado por uma desconhecida que lhe umedecia os pés com raro perfume, enquanto enxugava-os com os seus cabelos.

Precipitado e ambicioso, Judas achou a cena um desperdício e reclamou que aquele perfume poderia ser vendido e o seu fruto distribuído com os pobres.

Jesus, que sempre estava em vigília, sem censura, respondeu-lhe: Os pobres sempre os tereis, mas a mim, não!

O anfitrião não teve para com Ele nenhuma das obrigações recomendadas quando da recepção de um convidado: oferecer água e toalha para ablução, dar um ósculo na face. Mas a mulher estranha ofertava-lhe beijo nos pés lavados também por suas lágrimas...

Aquele fariseu hipócrita que desejava ser homenageado recebendo no seu lar a figura ímpar do Mestre, fazia parte de uma classe perigosa e infeliz de pobreza, que é a de natureza moral. Ele se houvera reportado a esse gênero humano, quando expôs no Sermão da Montanha que seriam bem-aventurados os pobres de amor, de solidariedade, de compaixão... Espíritos ricos de tesouros morais.

A sociedade contemporânea encontra-se rica de técnicas e conquistas exteriores, falando sobre a igualdade dos bens de todos os seres humanos, no entanto, jamais abdica dos recursos que lhes produzem o poder, mediante os mecanismos da corrupção, dos vícios e dos meios lamentáveis de dominação arbitrária.

Faz-se indispensável que o pensamento hodierno contemple os legítimos valores que enriquecem, mediante o amor, a fraternidade e a justiça.

Nunca houve tanta injustiça no mundo, como hoje.

Merece, no entanto, recordar, que somente os justos herdarão o Reino de Deus.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no Jornal A Tarde, coluna Opinião, de 21.10.2021.


21 novembro 2021

Transmigração Progressiva – Reencarnação, Evolução e a Pluralidade dos Mundos - Isabelle Oliveira

 
TRANSMIGRAÇÃO PROGRESSIVA - REENCARNAÇÃO, EVOLUÇÃO E A PLURALIDADE DOS MUNDOS

A reencarnação e a pluralidade dos mundos também fazem parte das bases de estudo do Espiritismo, o que traz muitos questionamentos e termos para definir melhor cada coisa. A transmigração progressiva é um desses termos, que é utilizado para explicar a evolução dos espíritos através da reencarnação com a pluralidade das existências nos diversos mundos. Sendo apenas dessa forma que o espírito pode chegar a perfeição.

Quando se fala em Espiritismo, comumente se liga a reencarnação, as diversas existências que se pode ter na Terra, de como o espírito evolui entre uma reencarnação e outra, de certo. Mas isso só ocorre aqui na Terra? Se há muitas moradas na casa do Pai, a Terra seria apenas mais uma?

O codificador da doutrina dos espíritos, Allan Kardec, elencou diversas dessas questões em O Livro dos Espíritos, trazendo informações importantes sobre esses processos, bem como a chamada transmigração progressiva.

Transmigração é o ato de transmigrar, que vem a ser a ação de passar de um lugar para o outro e, se tratando de alma – falando aqui do espírito reencarnado – acredita-se passar de um corpo para o outro. Contudo, vale a pena salientar que há uma grande diferença entre transmigração, que vem da metempsicose de Pitágoras, e do termo reencarnação. Enquanto a primeira se ocupa da crença que o mesmo espírito pode ocupar um novo corpo após a morte, podendo ser de animais, plantas e humanos.

A segunda se ocupa da crença que o espírito pode, após a morte, renascer em um novo corpo, sendo apenas de seres humanos.

A transmigração progressiva é um termo utilizado para explicar a evolução do espírito por meio da reencarnação na pluralidade das existências nos diversos mundos habitados. Mundos esses, que também evoluem e tem sua escala evolutiva, que são cinco: Mundos Primitivos – onde há as primeiras encarnações; Mundos de Provas e Expiações – o qual o mal prevalece; Mundo de Regeneração – aquele que o mal ainda existe, porém não predomina. Ainda há expiações; Mundos Felizes ou Ditosos – o bem supera o mal. A felicidade predomina; Mundos Puros ou Celestes – morada dos espíritos puros, reina o bem e o conhecimento da verdade.

A Terra é um Planeta de Provas e Expiações, sendo mais evoluída que Marte e menos evoluída que Júpiter, que aliás, é o planeta mais evoluído deste sistema solar. Já no Sol, não há reencarnações por não ser habitado, mas os espíritos superiores o utilizam para fazer reuniões, emanam seus pensamentos para os outros mundos, via espíritos de menor grau evolutivo, através do fluido universal.

Os espíritos reencarnam nos mundos que são compatíveis com seu grau evolutivo, podendo transmigrar de um mundo para outro de forma que venha a ser conveniente com seu processo evolutivo. Um espírito pode reencarnar em um mundo inferior à sua evolução, no intuito de ajudar aquele planeta, o que faz de bom grado. No entanto, não pode reencarnar em um planeta de superior evolução a sua, tendo em vista que não se pode pular etapas na evolução do ser. Por mais que um espírito seja perfeito em um Mundo de Provas e Expiações, jamais ele poderá pular para um Mundo Ditoso.

O espírito nasce simples e ignorante, tal qual uma criança aqui na Terra. Sendo assim, conforme ele vai adquirindo inteligência e moralidade, vai chegando a maturidade. Mas precisa passar pela infância, adolescência e vida adulta para poder atingir a primazia. Tudo isso passando por quantas reencarnações forem necessárias.

A reencarnação na pluralidade das existências nos diversos globos, é o único meio do espírito atingir a perfeição, do contrário ele estacionaria. Por esse motivo não é possível se manter na erraticidade – viver apenas no plano espiritual. O corpo físico é o instrumento que o espírito se utiliza para tal finalidade, experimentando formas e vivencias a lhes auxiliar na própria evolução.

Isabelle Oliveira
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referência:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: Parte Segunda – Capítulo V. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: FEB, 2009.


20 novembro 2021

Visão espírita sobre possivelmente morrer antes da hora - Daniel Polcaro

 
VISÃO ESPÍRITA SOBRE POSSIVELMENTE MORRER ANTES DA HORA*

Uma das dúvidas mais comuns para quem está iniciando o estudo da Doutrina Espírita é se alguém morre antes da hora. Ou seja, é possível que alguém volte para o plano espiritual antes do planejado? Afinal, por mais que tenhamos um planejamento aqui na Terra, será que ele pode ser alterado ao ponto de interromper a nossa missão?

Ninguém morre antes da hora?

‘Não há erro na hora da morte. A gente morre na hora exata, na hora certa, na hora que precisava morrer, exceto no caso de suicídio’, observa Alexandre Caldini, da TV Mundo Maior. Ele explica que no caso de acidente, apesar de não ser possível prever, mas aconteceu e existe uma explicação.

‘Frequentemente existe um culpado para o acidente. Podia não ter acontecido, mas aconteceu’, explica. Ou seja, existe uma ligação do fato com o resgate daquele espírito, que pode ter sido imprudente ou ‘vítima’. Mas nos dois casos não existe o que se pode chamar de erro na visão espírita. Podemos provocar a nossa morte pela imprudência, mas ela não seria fora de hora pois escolhemos através de nossas atitudes.

Colheita constante

Em outras palavras, estamos em constante colheita do que plantamos nesta e em outras vidas. Dessa forma, diariamente teremos questões mal resolvidas do passado nos convocando para serem resolvidas. Seja através de situações no campo familiar, mas também podendo alcançar questões cotidianas com pessoas desconhecidas, a exemplo de uma confusão no trânsito.

Mas também temos condições de continuar plantando enquanto se colhe o que não consideramos bom. Assim, teremos em um determinado tempo, a colheita de sentimentos, situações e conhecimentos melhores.

A transformação é imediata

Em conclusão, desde já, se assim desejarmos, temos a plena condição de iniciar essa transformação, que começa a nível de consciência. Afinal, quando despertamos para essa sabedoria espiritual, compreendemos que aquilo que hoje nos machuca é fundamental para a cura que desejamos.

Ou seja, sem todos os conflitos que negamos e tentamos evitar, não seremos merecedores e teremos capacidade de usufruir todas as conquistas que desejamos e iluminam nosso ser.

Daniel Polcaro
*Texto baseado no video de Alexandre Caldini
Fonte:
Chico de Minas Xavier

19 novembro 2021

Uniões Cármicas - Fernando Rossit


UNIÕES CÁRMICAS

Nos sentimos atraídos por outras pessoas por duas razões, basicamente: afinidade ou compromissos espirituais.

Num primeiro momento, nem sempre é possível distinguir uma coisa da outra quando nos aproximamos de alguém com a intenção de consolidar um relacionamento mais íntimo (amizade, namoro, casamento…).

A dúvida é: – o que estou sentindo advém de uma “atração cármica” ou trata-se de um espírito amigo com o qual já me relacionei saudavelmente no passado?

“Quando duas pessoas se encontram nos caminhos da Vida e sentem, de forma imediata e automática, uma conexão/atração mútua e irresistível, pode tratar-se de uma situação de um relacionamento cármico entre os dois, que já vem de outras vidas”.

Talvez por isso é que muitos relacionamentos que inicialmente pareciam ter tudo para dar certo, acabam de forma dramática e muitas vezes trágica.

Mas por que será que isto acontece? E o que são encontros cármicos?

São encontros de almas que têm pendências de outras vidas para resolverem entre si.

A principal característica de um relacionamento cármico baseia-se no fato de que ambos parceiros carregam emoções não resolvidas dentro de si, tais como culpa, medo, dependência, ciúmes, raiva, ressentimentos etc, trazidas de outras vidas e que precisam de ser resolvidas na vida atual.

E a oportunidade de resolver dá-se exatamente pelo “reencontro” entre as duas almas.

Num reencontro cármico, a outra pessoa é-nos imediata e estranhamente familiar, mesmo que nunca a tenhamos visto nesta vida ou que não a conheçamos bem.

Este tipo de reencontro, muitas vezes, acaba por se transformar num relacionamento amoroso ou numa intensa paixão. E então as emoções que experimentamos podem ser tão avassaladoras, que acreditamos ter encontrado a “alma gêmea”.

Por causa da “carga emocional” não resolvida, estes dois seres sentem-se atraídos um pelo outro na vida atual e o reencontro é a oportunidade de resolverem o que ficou pendente e libertarem-se, para uma vivência mais plena e feliz.

Então o que acontece quando duas pessoas assim se encontram?

Dois seres com questões por resolver, quando se encontram, sentem uma compulsão, quase que uma emergência em estar mais perto um do outro.

Entretanto, depois de algum tempo, por força dos problemas e atritos que inevitavelmente surgem no relacionamento atual (dessa vida), poderão repetir os mesmos padrões emocionais que causaram rompimentos e dores numa vida passada.

Uma nova existência juntos é a grande oportunidade para enfrentarem os problemas pendentes e lidar com eles de uma forma mais iluminada.

Ou não!

Tudo depende do grau de maturidade emocional de cada um e da vontade de superar as dificuldades do relacionamento.

Por isso, muitos casais acabam por se separar de forma dramática e dolorida, mesmo que o relacionamento tenha começado num aparente “mar de rosas” e, muitas vezes, nem eles mesmos conseguem perceber muito bem por que as coisas deram errado.

Este tipo de relacionamento, por causa da carga emocional e bloqueios que traz consigo, trará sempre grandes desafios, muitos deles bem dolorosos, que virão à tona mais cedo ou mais tarde.

Após algum tempo, geralmente os parceiros acabam envolvendo-se num conflito psicológico, que poderá ter como base a luta pelo poder, o controle e a dependência, seja emocional, material, ou de outra natureza.

E o que isto significa? Significa que muitas vezes, estes dois seres acabam repetindo comportamentos ou criando situações que o seu subconsciente “ reconhece” de uma vida anterior, onde essas pessoas podem ter sido amantes, pai e filho, patrão e funcionário, ou algum outro tipo de relacionamento.

Pode ser que, nessa vida anterior, um dos dois tenha aberto uma ferida emocional no outro, através infidelidade, abuso de poder, manipulação, agressão etc, tendo provocado cicatrizes profundas e trauma emocional.

O propósito espiritual deste tipo de “reencontro” para ambos os parceiros é que eles aproveitem esta oportunidade para fazer escolhas diferentes das que fizeram numa vida passada e aprendam um com o outro, tudo o que deve ser aprendido e absorvido, para a evolução de ambos.

Identifique se está neste tipo de relacionamento, aprenda as lições necessárias, cresça e amadureça.

Caso ambos parceiros sejam suficientemente maduros e evoluídos emocionalmente, o relacionamento cármico pode sim ser verdadeiramente benéfico e transformador para ambos.

Fernando Rossit
Fonte:
Kardec Rio Preto

Bibliografia de apoio:


Reencarnação – Richard Simonetti


18 novembro 2021

Perigos do Espiritismo - Orson Peter Carrara


PERIGOS DO ESPIRITISMO*


Não se assemelham

Querendo certos experimentadores do Espiritismo, com o intuito de verificação, fixar as condições de produção dos fenômenos, acumular os obstáculos e as exigências, nenhum resultado satisfatório obtiveram, e, desde então, tornaram-se hostis a essa ordem de fatos.

Devemos lembrar que as manifestações dos Espíritos não poderiam ser assemelhadas às experiências de Física e de Química. Ainda assim, estão estas submetidas a regras fixas, fora das quais todo resultado é impossível.

Nas comunicações espíritas, achamo-nos diante não mais de forças cegas, porém de seres inteligentes, dotados de vontade e de liberdade, que, não raro, leem em nós, discernem nossas intenções malévolas e, se são de ordem elevada, cuidam pouco de se prestarem às nossas fantasias.

Resguardar-se dos embustes

O estudo do mundo invisível exige muita prudência e perseverança. Somente ao fim de muitos anos de reflexão e de observação é que se adquire o conhecimento da vida, é que se aprende a julgar os homens, a discernir o seu caráter, a resguardar-se dos embustes de que está semeado o mundo.

Mais difícil ainda de obter é o conhecimento da Humanidade invisível que nos cerca e paira acima de nós. O Espírito desencarnado acha-se, além da morte, tal como ele próprio se fez durante sua estada neste mundo. Nem melhor nem pior. Para domar uma paixão, corrigir uma falta, atenuar um vício é, algumas vezes, necessária mais de uma existência.

Daí resulta que, na multidão dos Espíritos, os caracteres sérios e refletidos estão, como na Terra, em minoria, e os Espíritos levianos, amantes de coisas pueris e vãs, formam numerosas legiões.

Pela afinidade é que se atraem

O mundo invisível é, pois, em mais vasta escala, a reprodução do mundo terrestre. Lá, como aqui, a verdade e a Ciência não são partilha de todos.

A superioridade Intelectual e moral só se obtém por um trabalho lento e contínuo, pela acumulação de progressos realizados no curso de longa série de séculos.

Sabemos, entretanto, que esse mundo oculto reage constantemente sobre o mundo corpóreo. Os mortos influenciam os vivos, os guiam e inspiram à vontade. Os Espíritos atraem-se em razão de suas afinidades. Os que despiram as vestes carnais assistem os que ainda estão com elas. Estimulam-nos no caminho do bem; porém, mais vezes ainda, nos impelem ao do mal.

Superiores e inferiores

Os Espíritos superiores só se manifestam nos casos em que sua presença é útil e pode facilitar o nosso melhoramento. Fogem das reuniões bulhentas e só se dirigem a homens animados de intenções puras. Pouco lhes convêm as nossas regiões obscuras. Desde que podem, voltam para os meios menos carregados de fluídos grosseiros, mas, apesar da distância, não cessam de velar pelos seus protegidos.

Os Espíritos Inferiores, incapazes de aspirações elevadas, comprazem-se em nossa atmosfera. Mesclam-se em nossa vida e, preocupados unicamente com o que cativava seu pensamento durante a existência corpórea, participam dos prazeres e trabalhos daqueles a quem se sentem unidos por analogias de caráter ou de hábitos. Algumas vezes mesmo, dominam e subjugam as pessoas fracas que não sabem resistir às suas influências. Em certos casos, seu império torna-se tal que podem impelir suas vítimas ao crime e à loucura.

Joguete de Espíritos pérfidos

É nesses casos de obsessão e possessão, mais comuns do que se pensa, que encontramos a explicação de numerosos fatos relatados pela História.

Há perigo para quem se entrega sem reservas às experimentações espíritas. O homem de coração reto, de razão esclarecida e madura, pode de aí recolher consolações inefáveis e preciosos ensinos. Mas aquele que só fosse inspirado pelo interesse material ou que só visse nesses fatos um divertimento frívolo tornar-se-ia fatalmente o objeto de uma infinidade de mistificações, joguete de Espíritos pérfidos que, lisonjeando suas inclinações, seduzindo-o por brilhantes promessas, captariam sua confiança, para, depois, acabrunhá-lo com decepções e zombarias.

Para expelir más influências

É, portanto, necessária uma grande prudência para se entrar em relação com o mundo invisível. O bem e o mal, a verdade e o erro nele se misturam, e, para distingui-los, cumpre passar todas as revelações, todos os ensinos pelo crivo de um julgamento severo. Nesse terreno ninguém deve aventurar-se senão passo a passo, tendo nas mãos o facho da razão. Para expelir as más influências, para afastar a horda dos Espíritos levianos ou maléficos, basta tornar-se senhor de si mesmo, jamais abdicar o direito de verificação e de exame; é bastante procurar, acima de tudo, os meios de se aperfeiçoar no conhecimento das leis superiores e na prática das virtudes.

Aquele cuja vida for reta, e que procure a verdade com o coração sincero, nenhum perigo tem a temer. Os Espíritos de luz distinguem, veem suas intenções, e assistem-no. Os Espíritos enganadores e mentirosos afastam-se do justo, como um exército diante de uma cidadela bem defendida. Os obsessores atacam de preferência os homens levianos que descuram das questões morais e que em tudo procuram o prazer ou o interesse.

Reflexos do passado

Laços cuja origem remonta às existências anteriores unem quase sempre os obsidiados aos seus perseguidores invisíveis. A morte não apaga as nossas faltas nem nos livra dos inimigos. Nossas Iniquidades recaem, através dos séculos, sobre nós mesmos, e aqueles que as sofreram perseguem-nos, às vezes, com seu ódio e vingança, de além-túmulo. Assim o permite a justiça soberana. Tudo se resgata, tudo se expia. O que, nos casos de obsessão e de possessão, parece anormal, iníquo muitas vezes não é senão a consequência das espoliações e das infâmias praticadas no obscuro passado.

Orson Peter Carrara

*cap. 26 do livro DEPOIS DA MORTE – Leon Denis (1ª. edição CELD-RJ,2.000, tradução de Maria Lúcia Alcântara de Carvalho). Transcrição na íntegra com subtítulos e divisão do texto por Orson Peter Carrara

17 novembro 2021

Aborrecimentos - Blog Espiritismo na Rede


 
ABORRECIMENTOS

Nada mais comum, nas atividades terrenas, do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações.

Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.

Como num grupo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos ocorre o mesmo fenômeno.

Mais do que compreensível que nós, como se fôssemos um menino de pavio curto, liberemos adrenalina nos episódios cotidianos que desafiam a nossa estabilidade emocional.

Compreensível que nos agitemos, que nos irritemos, que levantemos a voz, que afivelemos ao rosto expressões feias de diversos matizes.

Tudo isso é possível de acontecer por causa do nível do nosso mundo íntimo.

No entanto, é bom lembrarmos que não viemos para a Terra para fixar nossas deficiências, nossas dificuldades. Estamos aqui para tratar delas, cultivando saúde íntima.

Não estamos no mundo para agirmos, atendendo aos nossos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida.

Não nascemos para nos permitirmos levar pelo destempero, pela irritação que nos desequilibra, nos torna pessoas de difícil trato.

Cabe-nos o dever de nos educarmos, porque temos na pauta da nossa vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresçamos, que amadureçamos, que nos tornemos pessoas nobres.

Desse modo, os nossos aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, provocam ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis, nas almas que vivem e convivem conosco.

Tornamo-nos pessoas causadoras de distúrbios, de inconveniências, em síntese, de problemas.

Observemo-nos. Façamos uma análise de nós mesmos e nos conheçamos um pouco mais. Verifiquemos nossos pontos negativos e trabalhemos para deles nos libertarmos.

Eles nos infelicitam e causam preocupações aos familiares, amigos, colegas.

Afinal, quem pode ficar tranquilo ao lado de quem parece sempre pronto a estourar?

Resistamos aos impulsos inferiores que ainda rondam a nossa intimidade.

Aproximemo-nos mais dos benfeitores espirituais que nos amparam.

Perante as perturbações alheias, aprendamos a não imitá-las.

Diante da rebeldia de alguém, analisemos e não façamos o mesmo.

Notando a explosão violenta de alguém, reflitamos nas consequências danosas, a fim de não agirmos de igual forma.

Cada esforço que fizermos por nos melhorarmos, por nos educarmos, será secundado pela ajuda de luminosos imortais que estão, em todo tempo, investindo no nosso progresso.

Eles esperam que cresçamos e nos iluminemos, tornando-nos cooperadores com Deus, superando a nós mesmos, transformando nossas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura.

Quando formos visitados pelo sofrimento ou por contrariedades, não nos deixemos dominar.

Finalmente, quando tivermos vencido nossos ímpetos de impaciência, de cólera, ou de desespero, digamos, para nós mesmos, cheios de justa satisfação: Fui o mais forte.

Redação do Blog Espiritismo na Rede basedo no cap. 13 do livro Para uso diário, pelo Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.


16 novembro 2021

Direitos da Criança e do Adolescente sob a Luz da Doutrina Espírita - Rafaela Paes de Campos e Carla Silvério Barbosa

 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
SOB A LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA

É inegável que a criança e o adolescente demandam tratamentos e cuidados diferenciados, levando-se em consideração a sua condição de ser em formação e que necessita de orientação minuciosa para que assimile as noções de certo e errado e molde sua personalidade. No Brasil, a lei maior está contida na Constituição Federal, promulgada em 1988 e, no sentido inicialmente exposto, ela dispõe

Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 2021a).

Portanto, é necessário que a criança tenha acesso a tudo o que qualquer cidadão também tem direito, mas com prioridade que atenda às suas particularidades. Diante disso, tem-se também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei especial para tratar de forma diferenciada aquele que demanda tratamento diferenciado.

Adentrando aos direitos inerentes à religião, base deste nosso artigo, temos mais uma vez a intervenção da Constituição Federal em seu artigo 5ª, inciso VI, aduzindo que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias” (BRASIL, 2021a).

Assim sendo, em nosso país é livre o exercício da religião, não podendo o Estado impor nenhuma delas e devendo garantir a segurança dos ambientes religiosos na forma da lei. O mesmo direito estende-se às crianças, eis que, estando no artigo 5ª da Constituição, trata-se de um direito fundamental e, por isso, inegociável e inerente a todos os cidadãos brasileiros.

Nesse sentido, corrobora o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 3º, estabelecendo que toda criança e adolescente possuem os mesmos direitos fundamentais que são inerentes à pessoa humana, garantindo que tenham todas as oportunidades e facilitações para o “desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade” (BRASIL, 2021b). E, ao falar sobre liberdade, inclui-se a crença e o culto religioso, conforme dispõe o mesmo Estatuto em seu artigo 16, inciso III.

Entretanto, é importante que se leve em conta, nesse aspecto, o que dissemos inicialmente, eis que a criança e o adolescente são seres em formação e, por esse motivo, demandam a supervisão de seus responsáveis. Isto posto, tem-se a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança de 1989, que foi ratificada pelo Brasil e que, igualmente, reconhece o direito de liberdade religiosa, estando a criança sujeita apenas às recomendações de seus pais ou responsáveis e, estritamente, ao que diz a lei.

Isso ocorre porque a criança e o adolescente acabam por iniciar a sua vida religiosa de acordo com aquela professada por seus pais ou representantes, ficando livres, mais tarde, para escolher aquela que mais se adequa às suas crenças e necessidades diversas.

E saindo da lei material para a espiritual, disse-nos Jesus: “Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, pois o reino dos céus é daqueles que se assemelham a elas. Eu vos digo, em verdade, que todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará” (KARDEC, 2019, p. 93).

Muito embora a criança seja um Espírito com bagagem incontável de existências pretéritas, ao adentrar a matéria em nova vida traz consigo a aparência da fragilidade para que receba de seus responsáveis a doçura e consequente orientação nos novos passados na materialidade.

Sendo um Espírito imortal e biopsioespiritual, tem na infância um novo caminho para o desenvolvimento de nova existência e desenvolvimento das experiências necessárias para o seu aprimoramento intelectual, moral e espiritual, reencarnando no seio adequado para o a vivência das reações de ações passadas e seu aprimoramento.

O Livro dos Espíritos nos ensina que a infância é a fase mais propícia para que haja a ação educativa, eis que na questão 383 responde-se que “o Espírito, encarnando com o objetivo de aperfeiçoar-se, é mais acessível, nesse período, às impressões que recebe e que podem ajudá-lo em seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de sua educação” (KARDEC, 2018, p. 150). Deste modo, cabe aos responsáveis a lapidação das tendências que as crianças manifestam desde o berço, podendo ser boas ou ruins e que são oriundas de encarnações passadas. Os pais devem combater as más inclinações demonstradas desde muito cedo a fim de não permitirem a instalação das grandes mazelas da humanidade, quais sejam, o orgulho e o egoísmo. Aos pais, portanto, cabe o papel de lutar e fazer a sua parte e, caso não alcancem “bom resultado, não têm repreensões a se fazer, e sua consciência pode ficar tranquila” (KARDEC, 2019, p. 156).

É importante que se compreenda que, diante da imortalidade e bagagem experiencial de cada Espírito, nem sempre as lições serão absorvidas pelos filhos, pois há uma personalidade espiritual que se molda pelas ações passadas e, sendo criança, esta não recobra as suas faculdades de forma instantânea ao reencarnar, o que lhe volta pouco a pouco com o desenvolvimento de seus órgãos e, portanto, sendo possível que se sobreponham as ensinamentos dados pelos pais, conforme nos explica a questão 352 de O Livro dos Espíritos (KARDEC, 2018, p. 144).

É por este motivo que, não raro, irmãos criados da mesma maneira são tão diferentes entre si. O passado se faz presente, eis que é parte indisponível de quem somos enquanto Espíritos, e nos oferece as grandes oportunidades de aperfeiçoamento, caso enxerguemos as lições necessárias para nosso resgaste e evolução.

No capítulo VIII, item 4 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, os Espíritos Superiores nos ensinam que, a partir do nascimento, seguindo o gradativo desenvolvimento do corpo físico, as ideias que formam caráter da criança passam, igualmente, a despertar passo a passo, haja vista que nos primeiros anos de vida ficam em estado latente, adormecidas, e a criança, Espírito em formação no plano material, é verdadeiramente imersa em universo infantil, tanto material, quanto espiritualmente (KARDEC, 2019, p. 94). A Doutrina Espírita nos ensina a fundamental importância do período da infância para a formação do Espírito reencarnante, uma vez que é neste período em que a plasticidade cognitiva é maior que a formação da personalidade da criança enquanto indivíduo parte da sociedade; a criança é mais facilmente moldada, possibilitando a educação intelectual e moral do ser, aparando-se as arestas equivocadas trazidas já de outras existências.

É na infância que os pais conseguem domar os instintos inferiores de seus filhos, ensinando-os impressões mais elevadas, auxiliando-os à modificação equivocada de sua natureza para possibilitar a estes reforma íntima e aprimoramento moral – missão primordial dos pais em relação aos Espíritos que lhes são tutelados.

A sublime missão dos pais de educar seus filhos no bom caminho está descrita na questão 582 de O Livro dos Espíritos, que diz:

Pode-se considerar a paternidade como uma missão?

É incontestavelmente uma missão; é ao mesmo tempo um dever muito grande, e que determina, mais do que o homem imagina, sua responsabilidade para o futuro. Deus colocou a criança sob a tutela dos pais para que eles a conduzam no caminho do bem, e lhes facilitou a tarefa ao conceder à criança uma constituição frágil e delicada, que a torna acessível a todas as impressões. Mas há quem se ocupe mais em endireitar as árvores do seu jardim e em fazê-las render bons frutos do que em endireitar o caráter de seu filho. Se este sucumbe por erro dos pais, eles receberão a pena disso, e os sofrimentos que na vida futura caberiam à criança recairão sobre eles, pois não fizeram o que dependia deles para o adiantamento do filho no caminho do bem. (KARDEC, 2018, p. 201).

Assim, os pais devem guiar seus filhos no caminho da retidão moral, visando a formação da pessoa de bem, alicerçada nos elevados ensinamentos do Mestre Jesus.

A questão da paternidade/maternidade, dentro da Doutrina Espírita, é vista como sendo de grande relevo para a formação do Espírito reencarnado através dos laços havidos com seus pais no planejamento reencarnatório para a nova existência que passa a vivenciar.

Os pais, ao exercer a missão-dever de educar seus filhos com responsabilidade, amor e afeto, proporcionam a estes a oportunidade de crescimento e desenvolvimento intelectual-moral e principalmente espiritual – Questão 383 de O Livro dos Espíritos, a saber que a criança “é mais acessível, nesse período, às impressões que recebe e que podem ajudá-lo em seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de sua educação.” (KARDEC, 2018, p. 150).

Desta forma, é direito natural de toda criança ser bem instruída e direcionada por seus pais ao sadio desenvolvimento físico-intelecto-moral-espiritual, haja vista que, conforme orientação dos Espíritos Codificadores, na Questão 582 acima, caso os filhos venham a experimentar os dissabores e as vicissitudes da vida material por terem sucumbido em decorrência da negligência de seus pais, estes suportarão os desgostos resultantes da queda de seus filhos, e com estes partilharão dos amargos e indigestos frutos de seus atos em existência futura.

Sendo direito natural da criança receber de seus tutores boa educação moral, intelectual e espiritual, cabe aos pais, portanto, fazer o que estiver ao seu alcance para que a criança trilhe o bom caminho.

A missão-dever dos pais em educar seus filhos deve ser cumprida diligentemente, já que aqueles exercem grande influência sobre estes no desenvolvimento de sua educação, como colocado na Questão 208 de O Livro dos Espíritos:

[...] os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver o de seus filhos, através da educação; para eles, isto é uma tarefa: se nela falharem, tornar-se-ão culpados. (KARDEC, 2018, p. 104).

Sabe-se que o planejamento reencarnatório inclui, dentre outras questões, a escolha da família pela qual o Espírito irá reencarnar, considerando-se o que lhe é melhor e mais adequado para as provas e expiações de que necessita para a existência vindoura – Questão 258, LE – e é em meio aos laços familiares que a reencarnação acontece.

A criança tem direito fundamental à liberdade religiosa e nesse sentido, sob a luz da Doutrina Espírita, a receber todos os ensinamentos colocados à humanidade pelos benfeitores do plano espiritual superior e, como continuidade à educação recebida de seus pais, as casas espíritas devem também zelar pela preservação desse direito natural à boa formação moral e espiritual, com estudos e atividades instrutivas, adequadas a cada faixa etária.

Esse direito fundamental é exercido pelas casas espíritas mediante a participação da criança e do adolescente nas atividades de Evangelização Infantil e Mocidade Espírita.

Como Espírito em marcha evolutiva, toda criança e adolescente tem direito a receber o auxílio necessário para o seu adiantamento, como dito, e a formação moral da criança e do adolescente, realizada mediante a participação da Evangelização Infantil e Mocidade, tem caráter educativo, complementar aos alicerces construídos no âmbito familiar, com vistas à vivência dos ensinamentos de Jesus e à formação do ser humano de bem.

A criança e o adolescente são protagonistas de seu desenvolvimento espiritual. Têm direito a participar ativamente enquanto indivíduos e a se engajar em seus processos de desenvolvimento moral e aprimoramento espiritual (FEB, 2018).

À criança e ao adolescente devem ser garantidos espaços de participação efetiva no estudo da Doutrina Espírita e nas confraternizações, como prática da dinâmica social na vivência da Lei de Sociedade (FEB, 2018).

Toda criança e adolescente tem direito a um estudo doutrinário de qualidade, realizado com zelo, com estruturação pedagógica adequada a cada faixa etária, visando aprimoramento moral individual e consequente transformação social (FEB, 2018).

Toda Espírito é perfectível e carrega consigo o germe da evolução espiritual.

Toda criança, assim como o adolescente, enquanto Espírito perfectível, carrega dentro de si a centelha divina da perfeição.

A finalidade da reencarnação é o aperfeiçoamento moral do ser, o entendimento de suas faltas e a quitação de suas dívidas.

A união da alma e do corpo inicia-se na concepção e se completa no nascimento e, desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. As faculdades do Espírito somente se manifestam gradativamente, de acordo com o desenvolvimento de seu corpo físico (ASSIS, 2020, p. 166).

Assim, garantindo a preservação dos direitos naturais e fundamentais de toda criança e adolescente, seja sob qualquer âmbito de sua existência, será garantido o sucesso da sublime missão de educação do Espírito para a formação de pessoas de bem, seja por parte de seus pais, seu núcleo familiar, social ou em relação à casa espírita da qual faça parte.

Por fim, não é demais reforçar os ensinamentos da Espiritualidade Elevada ao colocar a singularidade e importância para o Espírito encarnado de passar pela infância e mocidade, para se aperfeiçoar, com auxílio de seus pais e de toda a comunidade que o cerca, sendo nesta fase da vida material mais acessível às impressões que recebe e, assim, formando-se personalidades com maiores chances de sucesso na colheita futura de bons frutos (ALVES, 2015).

Rafaela Paes de Campos e Carla Silvério Barbosa
Fonte:
Blog Letra Espírita

Referências:

ALVES, Walter Oliveira. Educação do Espírito – Introdução à Pedagogia Espírita. 1ª edição. Londrina: Editora IDE, 2015.

ASSIS, Cristiane. Gestação – Encontro entre Almas. 1ª edição. Belo Horizonte: Editora AME-MG, 2020.

BERNARDI, Ricardo Di. Gestação Sublime Intercâmbio. 11ª edição. São Paulo: Editora Intelítera, 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23/09/21.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 23 set. 2021b.

FEB. Federação Espírita Brasileira. Orientação para a Ação Evangelizadora Infantil – Subsídios e Diretrizes. Área Nacional de Infância e Juventude do Conselho Federativo/FEB. 1ª edição – 3ª impressão. Rio de Janeiro: Editora FEB, 2018.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução e redação final de Matheus Rodrigues de Camargo. 43ª Reimpressão. Capivari-SP. Editora EME. 2019.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Tradução de Matheus Rodrigues de Camargo – 23ª reimp. Capivari: Editora EME, 2018.

MIRANDA, Hermínio C. Nossos Filhos são Espíritos. 1ª edição. São Paulo: Editora Lachâtre, 2014.


ONU. Convenção sobre os Direitos da Criança. 1989. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca. Acesso em: 23/09/21.