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31 outubro 2011

Agressores e Vítimas - Orson Peter Carrara


Agressores e Vítimas

Diante de crimes hediondos, suicídios, tragédias provocadas (como atentados e sequestros dramáticos), a perplexidade domina os círculos da sociedade humana.

É importante, de início, já informar: ninguém nasceu predestinado a matar ou a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da liberdade de agir. Estamos todos destinados ao progresso e o desajuste das emoções, do equilíbrio, é o grande responsável por tais tragédias. Estamos absolutamente convidados à harmonia na convivência, à solidariedade nas iniciativas.

Referida liberdade de decisão, no entanto, nos sujeita a reparações que virão a seu tempo. Isso por uma razão muito simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e suas leis determinam essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro que toda lesão que causamos a nós mesmos ou a terceiros teremos que reparar. Não é castigo, mas apenas conseqüência.

E as vítimas? Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais, etc? Podemos acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram inesperadamente de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas situações?

Apesar da dor e sofrimentos decorrentes, e da não justificativa – sob qualquer pretexto – de gestos que violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em quadros de aprendizados necessários ou de reparações conscienciais perante si mesmos, envolvendo, é claro, os próprios familiares.

Por outro lado, os autores – apesar de equivocados e cruéis – são dignos de piedade, uma vez que enfermos. Quem agride está doente, desequilibrado na emoção e necessitado de auxílio, compreensão, tolerância e, mais ainda, de perdão.

Cristãos que nos consideramos, sem importar a denominação religiosa que adotamos, a postura solicitada em momentos difíceis como o agora enfrentando pela mentalidade brasileira, é de compaixão com agressores e vítimas. Todos são dignos da misericórdia que norteia o amor ao próximo. A situação de quem agride é muito pior do que quem é agredido. O agredido já se liberta de pendências que aguardavam o momento difícil; o agressor, por sua vez, abre períodos longos, no futuro, de arrependimentos e reparações que lhe custarão dores e sofrimentos.

Nada justifica a crueldade. Sua ocorrência coloca à mostra nossas carências e enfermidades morais expostas, demonstrando a necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns pelos outros.

Não podemos julgar. Não temos competência para isso. O histórico divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas, entre tantos outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos...

O momento é de vibrações e preces para ambas as famílias.

Todos são filhos de Deus...

Por Orson Peter Carrara

30 outubro 2011

Vamos Sair de Nós Mesmos? - Orson Peter Carrara


Vamos Sair de Nós Mesmos?

A divulgação espírita alcançou patamares antes nunca vistos. Mas precisamos ainda fazer mais. O conhecimento espírita consola, orienta, motiva, entusiasma e abre perspectivas imensas para viver com equilíbrio e serenidade.

Apesar do esforço enorme de muita gente, em muitos casos ainda estamos falando para nós mesmos. E isso é útil pois a cada dia temos pessoas novas que se aproximam das atividades de nossas instituições.

A carência maior do planeta, apesar dos índices alarmantes de fome, violência e miséria, continua ainda a ser a carência moral, especialmente causada pela falta de conhecimento de nossa realidade imortal e da responsabilidade que todos temos perante nós mesmos e a própria vida.

Muitas cidades já implantaram, há anos e em alguns casos décadas, a veiculação da mensagem espírita em jornais e rádios, em programas específicos ou retransmitindo o extraordinário conteúdo dos conhecidos CDs da Federação Espírita do Paraná, o Momento Espírita.

Pensamos que é hora de movimentarmos esforços gerais em todo país, em todas as cidades, portanto, para que os conteúdos desses extraordinários CDs alcancem todas as emissoras e levem aos lares a firmeza da fé, da confiança em Deus e do estímulo para viver com dignidade que os tão bem produzidos CDs traduzem.

É que muito mais do que a preocupação de identificação do adjetivo espírita, está a força do amor, da bondade, do equilíbrio, da serenidade, que todos precisamos, de maneira permanente, espalhar à nossa volta. E referidos CDs fazem isso com muita competência, face à qualidade da produção daqueles áudios.

Por outro lado também a inclusão de colunas com conteúdo espírita nos jornais, de grande utilidade, é outra providência de grande expressão, que precisamos incentivar em todas as cidades.

Aqui é bom recordar o esforço de Cairbar Schutel, em 1905, quando fundou o jornal O Clarim, numa época de grandes dificuldades e sem os modernos meios tecnológicos de comunicação, hoje existentes.

São as idéias de imortalidade, comunicabilidade dos espíritos, pluralidade das existências, lei de causa e efeito e principalmente os valorosos conceitos de amor trazidos pelo Evangelho é que precisam, com grande urgência, chegar aos corações que se angustiam ou se equivocam em precipitações que infelicitam e comprometem sadios projetos reencarnatórios.

Para quem conhece os CDs Momento Espírita, da FEP, nada preciso dizer. Mas para quem não conhece, não posso deixar de indicar esse maravilhoso trabalho, um dos melhores do movimento espírita nos últimos anos.

Espalhemos as sementes de esperança do pensamento espírita por toda parte, sem preocupação de converter ou convencer, mas com o sentimento de amor que tais ensinos trazem, aplicando-os em nós mesmos para que nós mesmos sejamos cartas vivas da extraordinária mensagem dessa consoladora doutrina chamada Espiritismo.

Desde já, através de nossas instituições e organizações que unem as instituições, tratemos de incentivar e providenciar espaços em colunas de jornais e em emissoras de rádio para que a mensagem espírita abra o importante espaço no coração, onde a fé raciocinada consola, esclarece, orienta...

Será que já não perdemos muito tempo?

Por Orson Peter Carrara

29 outubro 2011

Desajustes Desnecessários - Orson Peter Carrara,


Desajustes Desnecessários

Quanto tempo não perdemos com discussões vazias, com especulações que a nada levam, com tolices e vaidades ou pretensões descabidas no cotidiano diário?

Sim, nelas se incluem teimosias, imposições, querelas, precipitações, ansiedades, temores, ciúmes e condicionamentos que, em resultado final, afetam a saúde e causam sérios desajustes emocionais.

Basta verificarmos em nós mesmos a constante falta de flexibilidade, a má vontade com o chamado “jogo de cintura”, a dureza de opiniões cruéis muitas vezes e mesmo a total carência da boa vontade. Felizmente isso não é em todo mundo, pois sempre encontramos pessoas com a vitoriosa resignação ativa, com o coração aberto à boa vontade e igualmente muita gente dotada de boa dose de paciência e tolerância diante do comum azedume da irritação diária. Não pense em pessimismo, leitor.

Não! O que se busca aqui é destacar os valores do silêncio, da espera ou da indulgência com a dificuldade alheia, pois que a presença daquela tensão comum dos relacionamentos prejudica a saúde, tortura a vida social e gera prejuízos que nem sempre podemos medir.

Muitos desajustes – individuais e coletivos – poderiam ser evitados com mais atenção a detalhes desprezados. Muitas vezes, a releitura de um documento, de uma informação, o prestar atenção num diálogo, a atitude de paciência e tolerância diante dos fatos podem evitar tragédias. Por outro lado, como discernir sobre o limite entre o agir e o aguardar? Eis o grande desafio.

Nem sempre acertamos no momento certo de agir ou aguardar... A resposta e o alcance dessa maturidade vêm com o tempo. Somente a experiência dos anos e mesmo a vinculação e observação atenta, constante e determinada, vai trazer a maturidade de agir, calar ou aguardar o momento certo. Enquanto temos dúvida, aguardemos com prudência.

A prudência é virtude excelente. Atentemos para os graves problemas que porventura estejamos enfrentando e veremos o quanto o uso dessa virtude poderia ter evitado em termos de tensões, preocupações e mesmo enfermidades ou os chamados sérios desajustes emocionais. Busquemos exemplo prático diário para essa abordagem: todos já encontramos funcionários ou clientes irritados, impacientes, agressivos, em total postura de má educação ou desrespeito. E nós mesmos, quantas vezes já não estivemos em posição de cliente ou atendente em diferentes situações, onde a tônica predominante foi a irritação ou a explosão de agressividade? Pois é! São as questões humanas. Fácil? Não, nem sempre.

Mas a vida pede atitude que silencie os desajustes que piorem e danifiquem os relacionamentos...
Viemos todos para a concórdia e para a harmonia.

Por que sermos causa de querelas perfeitamente dispensáveis?

Sejamos nós os facilitadores para que a vida flua mais naturalmente.

Autor: Orson Peter Carrara


28 outubro 2011

O Ponto de Referência - Orson Peter Carrara


O Ponto de Referência

Por que muitos espíritas se fecham no próprio Centro em que atuam e não participam de eventos espíritas de outras casas ou cidades? Medo, insegurança, acomodação, indiferença?

Não sabemos! E nem nos cabe saber ou julgar, pois um dos pontos marcantes da Doutrina é a liberdade que se faculta ao espírita.

Porém, há algo a pensar. Os eventos, sejam encontros ou congressos, simples palestras ou até mesmo reuniões, são verdadeiros referencias de comparação e análise do que fazemos e do que fazem nossos companheiros de outras casas e cidades.

Não comparação no sentido de menosprezo pelo que fazem os outros, mas comparação no sentido de encontrar-se referências para crescimento próprio e do Movimento. Sim, pois o intercâmbio, a troca de idéias, as experiências diferentes fortalecem a todos os envolvidos.

Sendo uma Doutrina de liberdade, o Espiritismo é interpretado conforme o amadurecimento e estágio evolutivo de quem o estuda. E como vivemos num planeta onde se misturam diversos estágios de conhecimento, amadurecimento e experiências, todos tem algo a oferecer. O que sobra em nós, falta em outro. Do mesmo modo, o que falta em nós, podemos aprender com os outros.

Só por este motivo temos que valorizar o intercâmbio entre grupos, pois sempre há o que aprender e experiências a trazer e levar. Mas existem outros motivos também importantes:

a) O que dizer sobre a fraternidade que Jesus busca espalhar sobre o planeta? E nos negaremos a também sermos instrumentos desse trabalho?

b) Nossa experiência, nossos dons e habilidades ficarão trancados onde atuamos, sem beneficiar outros que podem ser beneficiados com aquilo que fazemos de bom? Não seria egoísmo, que tanto falamos combater?

c) A Doutrina nos faz tanto bem. Vamos querê-la só para o nosso grupo. O objetivo não é espalhar a semente espírita por toda parte, beneficiando a humanidade? Pois isto começa da união entre os próprios espíritas que, unidos, abrirão novos caminhos...

d) Quantas habilidades são desconhecidas pela falta de intercâmbio, de união?

e) Procuremos não esquecer que os espíritos se manifestam por toda parte, sem preferências de qualquer espécie, objetivando despertar as mentes para a realidade que já é do nosso conhecimento. E nós vamos querer segurar, trancar, controlar, como pretensos donos de uma exclusividade irreal?

Por isso, sempre pensamos na utilidade dos eventos espíritas, de oportunidades que reunam os espíritas. Eles estimulam a fraternidade, abrem caminhos. E melhor, se tornam verdadeiros pontos de referência para muitos que ali encontram o desabrochar de suas habilidades e potencialidades.

Autor: Orson Peter Carrara


27 outubro 2011

Suicidar-se nunca! - Orson Peter Carrara


Suicidar-se nunca!

Meu caro leitor, se você é daquelas pessoas que está enfrentando difícil fase de sua existência, com escassez de recursos financeiros, enfermidades ou complexos desafios pessoais (na vida familiar ou não) e está se sentindo muito abatido, gostaria de convidá-lo a uma grave reflexão.

Todos temos visto a ocorrência triste e dramática daqueles que se lançam ao suicídio, das mais variadas formas. A idéia infeliz surge, é alimentada pelo agravamento dos problemas do cotidiano e concretiza-se no ato infeliz do auto-extermínio.

Diante de possíveis angústias e estados depressivos, não há outro remédio senão a calma, a paciência e a confiança na vida, que sempre nos reserva o melhor ou o que temos necessidade de enfrentar para aprender. Ações precipitadas, suicídios e atos insanos são praticados devido ao desespero que atinge muitas pessoas que não conseguem enxergar os benefícios que as cercam de todos os lados.

Mas é interessante ressaltar que estes estados de alma, de desalento, de angústias, de atribulações de toda ordem, não são casos isolados. Eles integram a vida humana. Milhões de pessoas, em todo mundo, lutam com esses enigmas como alunos que quebram a cabeça tentando resolver exercícios de física ou matemática. Mas até uma criança sabe que o problema que parece insolúvel não se resolverá rasgando o caderno e fugindo da sala de aula.

Sim, a comparação é notável. Destruir o próprio corpo, a própria vida, como aparente solução é uma decisão absurda.
Vejamos os problemas como autênticos desafios de aprendizado, nunca como castigos ou questões insuperáveis. Tudo tem uma solução, ainda que difícil ou demorada.

O fato, porém, é que precisamos sempre resistir aos embates do cotidiano com muita coragem e determinação. Viver é algo extraordinário. Tudo, mas tudo mesmo, passa. Para que entregar-se ao desespero?
Há razões de sobra para sorrir, rir e viver...!

O suicídio é um dos maiores equívocos humanos, para não dizer o maior. A pessoa sente-se pressionada por uma quantidade variável de desafios, que julga serem problemas sem solução, e precipita-se na ilusão da morte. Sim, ilusão, porque ninguém consegue auto-exterminar-se. E o suicídio agrava as dificuldades porque aí a pessoa sente o corpo inanimado, cuja decomposição experimenta com os horrores próprios, pressionada agora pelo arrependimento, pelo remorso, sem possibilidade de retorno imediato para refazer a própria vida. Em meio a dores morais intensas, com as sensações físicas próprias, sentindo ainda a angústia dos seres queridos que com ele conviviam, o suicida torna-se um indigente do além.

Como? Sim, apenas conseqüências do ato extremo, nunca castigo. Isto tudo por uma razão muito simples: não somos o corpo, estamos no corpo. Somos espíritos reencarnados, imortais. E a vida nunca cessa, ela continua objetivando o aprimoramento moral e intelectual de todos os filhos de Deus. Suicidar-se é ilusão. Os desafios existenciais surgem exatamente para promover o progresso, convidando à conquista de virtudes e o desenvolvimento da inteligência. A oportunidade de viver e aprender é muito rica para ser desprezada. E quando alguém a descarta, surgem consequências naturais: o sofrimento físico, pela auto-agressão e o sofrimento moral do arrependimento e da perda de oportunidades. Muitos talvez, poderão perguntar-se: Mas de onde vem essas informações?

A Revelação Espírita trouxe essas vinformações. São os próprios espíritos que trouxeram as descrições do estado que se encontram depois da morte. Entre eles, também os suicidas descrevem os sofrimentos físicos e morais que experimentam. Sim porque sendo patrimônio concedido por Deus, a vida interrompida por vontade própria é transgressão à sua Lei de Amor. Como uma criança pequena que teima em não ouvir os pais e coloca os dedos na tomada elétrica.

Para os suicídios há atenuantes e agravantes, mas sempre com consequências dolorosas e que vão requerer longo tempo de recuperação. Deus, que é Pai bondoso e misericordioso, jamais abandona seus filhos e concede-lhes sempre novas oportunidades. Aí surge a reencarnação como caminho reparador, em existências difíceis que apresentam os sintomas e aparências do ato extremo do suicídio. Há que se pensar nos familiares, cônjuges, pais e filhos, na dor que experimentam diante do suicídio do ser querido. Há que se pensar no arrependimento inevitável que virá. Há que se ponderar no desprezo endereçado à vida. Há, mais ainda, que se buscar na confiança em Deus, na coragem, na prece sincera, nos amigos (especialmente o maior deles, Jesus), a força que se precisa para vencer quaisquer idéias que sugiram o auto-extermínio.

Meu amigo, minha amiga, pense no tesouro que é tua vida, de tua família! Jamais te deixes enganar pela ilusão do suicídio. Viva! Viva intensamente! Com alegria! Que não te perturbe nem a dificuldade, nem a enfermidade, nem a carência material. Confie, meu caro, e prossiga!

Orson Peter Carrara (Matão/SP)
Escritor e orador espírita.
Constultor Editorial residente em Matão/SP
e-mail: orsonpeter@yahoo.com.br
Blog: http://orsonpetercarrara.blogspot.com/


26 outubro 2011

Morrer é Voltar para Casa - Momento Espírita


Morrer é Voltar para Casa

Quando a morte chega, com sua bagagem de mistérios, traz junto divergências e indagações.

Afinal, quando os olhos se fecham para a luz, o coração silencia e a respiração cessa, terá morrido junto a essência humana?

Materialistas negam a continuação da vida. Mas os espiritualistas dizem que sim, a vida prossegue além da sepultura.

E eles têm razão. Há vida depois da morte. Vida plena, pujante, encantadora.

Prova disso? As evidências estão ao alcance de todos os que querem vê-las.

Basta olhar o rosto de um ser querido que faleceu e veremos claramente que falta algo: a alma já não mais está ali.

O Espírito deixou o corpo feito de nervos, sangue, ossos e músculos. Elevou-se para regiões diferentes, misteriosas, onde as leis que prevalecem são as criadas por Deus.

Como acreditar que somos um amontoado de células, se dentro de nós agita-se um universo de pensamentos e sensações?

Não. Nós não morreremos junto com o corpo. O organismo voltará à natureza - restituiremos à Terra os elementos que recebemos – mas o Espírito jamais terá fim.

Viveremos para sempre, em dimensões diferentes desta. Somos imortais. O sopro que nos anima não se apaga ao toque da morte.

Prova disso está nas mensagens de renovação que vemos em toda parte.

Ou você nunca notou as flores delicadas que nascem sobre as sepulturas? É a mensagem silenciosa da natureza, anunciando a continuidade da vida.

Para aquele que buscou viver com ética e amor, a morte é apenas o fim de um ciclo. A volta para casa.

Com a consciência pacificada, o coração em festa, o homem de bem fecha os olhos do corpo físico e abre as janelas da alma.

Do outro lado da vida, a multidão de seres amados o aguarda. Pais, irmãos, filhos ou avós – não importa.

Os parentes e amigos que morreram antes estarão lá, para abraços calorosos, beijos de saudade, sorrisos de reencontro.

Nesse dia, as lágrimas podem regar o solo dos túmulos e até respingar nas flores, mas haverá felicidade para o que se foi em paz.

Ele vai descobrir um mundo novo, há muito esquecido. Descobrirá que é amado e experimentará um amor poderoso e contagiante: o amor de Deus.

Depois daquele momento em que os olhos se fecharam no corpo material, uma voz ecoará na alma que acaba de deixar a Terra.

E dirá, suave: Vem, sê bem-vindo de volta à tua casa.

* * *

A morte tem merecido considerações de toda ordem, ao longo da estada do homem sobre a Terra.

É fenômeno orgânico inevitável porque a Lei Divina prescreve que tudo quanto nasce, morre.

A morte não é pois o fim, mas o momento do recomeço.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

25 outubro 2011

Poder para o Prazer - Joanna de Ângelis


PODER PARA O PRAZER

Todos aspiram a algum tipo de poder. Até o poder da mentira é mencionado com suficiente força para se conseguir algum triunfo, e não são poucos os indivíduos que o utilizam, terminando por infamar, destruir, malsinar...

Mediante o poder adquire-se a possibilidade de manipular vidas, alterar comportamentos, atingir os cumes das vaidades doentias.

É inata essa ambição, porquanto está presente nos animais expressando-se em força, mediante a qual sobrevive o espécime mais forte.

O homem, no entanto, porque pensa, recorre ao poder a fim de desfrutar de mais prazer, e o faz individualmente, tornando-se um perigo quando o transferiu para as massas que, através de pressões violentas, alteram a conduta do próprio grupo social: sindicatos para a defesa de empregados; agremiações para proteção dos seus membros; clubes para recreações; condomínios para guarda de algumas elites; clínicas de variadas especialidades para a proteção da saúde...

Graças a essa força transformada em poder coletivo o processo de evolução da humanidade tornou-se factível, mas também as guerras irromperam cada vez mais cruéis, as calamidades sociais mais desastrosas, o crime organizado mais virulento... Nessa marcha, com a soma do poder nas mãos de governos arbitrários, a possibilidade da destruição de milhões de vidas e mesmo do planeta, torna-se uma realidade nunca descartada dos estudiosos do comportamento coletivo dos povos.

O poder, quando em pessoas imaturas, corrompe-as, assim como se torna instrumento de perversão de outros indivíduos que se lhe entregam inermes e ansiosos.

Tudo, porém, guardando-se a ambição do prazer que se poderá usufruir.

De "Amor, imbatível amor", capítulo "Poder para o prazer"
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito de Joanna de Ângelis

24 outubro 2011

O Anjo da Limpeza - Neio Lúcio


O ANJO DA LIMPEZA

Adélia ouvira falar em Jesus e tomara-se de tamanha paixão pelo Céu que nutria um desejo único - ser anjo para servir ao Divino Mestre.

Para isso, a boa menina fez-se humilde e crente, e, quando se não achava na escola em contato com os livros, mantinha-se na câmara de dormir em preces fervorosas.

Cercava-se de lindas gravuras, em que os artistas do pincel lembram a passagem do Cristo entre os homens, e, em lágrimas, repetia: — "Senhor, quero ser tua! quero servir-te!..."

A Mãezinha, em franca luta doméstica, embalde convidava-a aos serviços da casa.

Adélia sorria, abraçava-se a ela e reafirmava o propósito de preparar-se para a companhia do Divino Amigo.

A bondosa senhora, observando que o ideal da filha só merecia louvores, deixava-a em paz com os estudos e orações de cada dia.

Meses correram sobre meses e a jovem prosseguia inalterável.

Orando sempre, suplicava ao Senhor a transformasse num anjo.

Decorridos dois anos de rogativas, sonhou, certa noite, que era visitada pelo Mestre Amoroso.

Jesus envolvia-se em vasta auréola de claridade sublime. A túnica luminosa, a cair-lhe dos ombros com graça e beleza, parecia de neve coroada de sol.

Estendendo-lhe a destra compassiva, o Cristo observou-lhe:
— Adélia, ouvi tuas súplicas e venho ao teu encontro. Desejas realmente servir-me?
— Sim, Senhor! - respondeu a pequena, inflamada de comoção jubilosa, convencida de que o Salvador a conduziria naquele mesmo instante para o Céu.
— Ouve! - tornou o Mestre, docemente.

Ansiosa de pôr-se a caminho do paraíso, a jovem replicou, reverente:
— Dize, Senhor! estou pronta!... Leva-me contigo, sinto-me aflita para comparecer entre os que retêm a glória de servir-te no plano celestial!...

O Cristo sorriu, bondoso, e considerou:
— Não, Adélia. Nosso Pai não te colocou inutilmente na Terra. Temos enorme serviço neste mundo mesmo. Estimo tuas preces e teus pensamentos de amor, mas preciso de alguém que me ajude a retirar o lixo e os detritos que se amontoam, não longe de tua casa. Meninos cruéis prejudicaram a rede de esgoto, a pequena distância do teu lar. Aí se concentra perigoso foco de moléstias, ameaçando trabalhadores desprevenidos, mães devotadas e crianças incautas. Vai, minha filha! Ajuda-me a salvá-los da morte. Estarei contigo, auxiliando-te nessa meritória tarefa.
A menina preocupada quis fazer perguntas, mas o Mestre afastou-se, de leve...

Acordou sobressaltada.

Era dia.

Vestiu-se à pressa e procurou a zona indicada. Corajosa, muniu-se de desinfetantes, armou-se de enxada e vassoura, pediu a contribuição materna, e o foco infeccioso foi extinto.

A discípula obediente, todavia, não parou mais.

Diariamente, ao regressar da escola, punha-se a colaborar com a Mamãe, em casa, zelando também quanto lhe era possível pela higiene das vias públicas e ensinando outras crianças a serem tão cuidadosas, quanto ela mesma. Tanto trabalhou e se esforçou que, certo dia, o diretor do grupo escolar lhe conferiu o título de Anjo da Limpeza. Professoras e colegas comemoraram festivamente o acontecimento.

Chagada a noite, dormiu contente e sonhou que Jesus vinha encontrá-la, de novo.

Nimbado de luz, abraçou-a, com ternura, e disse-lhe brandamente:
— Abençoada sejas, filha minha! agora, que os próprios homens te reconhecem por benfeitora, agradeço-te os serviços que me prestas diariamente. Anjo da Limpeza na Terra, serás Anjo de Luz no Paraíso.

Em lágrimas de alegria intensa, Adélia despertou, feliz, compreendendo, cada vez mais, que a verdadeira ventura reside em colaborar com o Senhor, nos trabalhos do bem, em toda parte.

Do livro "Alvorada Cristã"
Espírito de Neio Lúcio
Médium: Francisco C. Xavier

23 outubro 2011

Amelhamos Tesouros - Momento Espírita


Amealhando Tesouros

Não são poucos aqueles que gastam boa parte de sua energia e de seu tempo a buscar tesouros, acumular riquezas.

Está no sonho de muitos ter uma vida abastada, uma condição financeira vantajosa, um estilo de vida cercado de conforto e, não raro, de luxo.

Para tanto, investe-se o tempo, os recursos, a energia, tudo o que for necessário, em nome da carreira, do sucesso, do retorno financeiro.

Planos detalhadamente são elaborados, metas são traçadas e parte-se para a busca e a conquista do mundo.

E, tão envolvidos nos achamos nessa conquista, que nos esquecemos de que, a qualquer momento, podemos ser chamados de retorno ao lar, à nossa verdadeira pátria, ao mundo espiritual.

Nada há de errado em ter como meta o sucesso profissional, em desejar uma posição social confortável, em buscar ganhos financeiros de grande monta.

O fruto do trabalho honesto e bem conduzido é digno do trabalhador, que a ele faz jus.

O que ocorre é que, muitas vezes, ao encetar tal viagem na conquista do mundo externo, esquecemos o quão passageiro e efêmero ele é, o quanto ele efetivamente representa para nossa vida.

Ora deixa-se a convivência familiar em busca de experiências profissionais melhor remuneradas. De outra feita, as reuniões fraternas não contam com nossa presença, posto que nossas ocupações não nos permitem.

Não raro, o brincar com o filho, ou o nosso passatempo predileto, ou ainda a diversão descompromissada, tudo perde espaço para novas responsabilidades assumidas.

Caminhamos como se tivéssemos que conquistar o mundo e nos esquecemos de que não há desafio maior do que o de se autoconquistar.

Preocupamo-nos em demasia com aquilo que nos rodeia e nos esquecemos da nossa intimidade.
Assim, faz-se necessário pararmos vez ou outra a fim de nos perguntarmos quais são os tesouros que estamos amealhando nesta vida.

Se nossa vida física se concluísse hoje, o que levaríamos conosco?

De tudo que conseguimos nesta vida, de todos os tesouros, quais ficariam nos cofres do mundo e quais conseguiríamos levar conosco, no cofre do coração?

Jesus nos alertou sobre os tesouros que deveríamos efetivamente buscar, ensinando-nos sobre a condição passageira da vida física e da grandiosidade da vida espiritual.

* * *

Verifiquemos quais os valores e quais caminhos vêm percorrendo nossos passos, nesta viagem chamada vida.

Se nos conscientizarmos de que somos uma alma sob experiências na vida física, e não um corpo no qual habita uma alma, necessário que nossos valores e nossas opções sejam coerentes com quem efetivamente somos.

Viver no mundo, buscar suas alegrias e prazeres saudáveis, seus desafios e conquistas, é lícito e salutar.

O que não vale a pena, efetivamente, é perdermo-nos nas coisas do mundo, iludindo-nos exclusivamente com pertences e valores materiais.

Redação do Momento Espírita

22 outubro 2011

Espíritas Delinquentes - Weimar Muniz de Oliveira


ESPÍRITAS DELINQUENTES

Estou convencido de que o homem não tem sabido tirar real proveito da inteligência com que se distingue dos demais seres que habitam a Terra.

Detentor da razão desde milhares de séculos, e, apesar de sua enorme experiência, em inúmeros setores do pensamento e das atividades, continua sendo vítima de si mesmo. Em virtude de sua cegueira espiritual, decorrência de incorrigível vaidade, tem sido, ao longo das eras, algoz e vítima de si próprio, há um tempo. É fenômeno que se tem repetido entre os intelectuais de todas as áreas do conhecimento.

No seio da Doutrina Espírita não tem sido diferente. Não é difícil detectar ainda o império da arrogância sobre a humildade, verdadeiro estandarte da sabedoria e iniciação espirituais.

E daí, levados pela sede de notoriedade, efeito natural do cultivo da soberbia, deixa de lado o que o Cristianismo Redivivo tem de mais belo: o sentimento de fraternidade entre todos os irmãos. Ao contrário, irmãos do mesmo ideal, procuram se depreciar e acusar, as mais das vezes, como se fossem verazes inimigos.

Sobre esse ponto, Chico Xavier teve, certa vez, o seguinte diálogo com a médium de Memórias de Um Suicida* (Chico e Emmanuel, Carlos A. Baccelli, Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier, páginas 90/91):

"Um dia, encontrando-me com D. Yvonne Pereira no Rio de Janeiro, perguntei-lhe se estava indo ao Mundo Espiritual... Ela respondeu-me que, algumas vezes, conseguia o seu intento ao desdobrar-se do corpo físico.

Questionei-a se os Espíritos, com os quais se encontrava na oportunidade, tinham alguma opinião formada sobre as atitudes pouco fraternais dos espíritas.

Ela disse-me que o Dr. Bezerra de Menezes conversava muito com ela a respeito do assunto e que, embora demonstrasse preocupação, dizia que os espíritas estavam fazendo o que podiam fazer, de vez que a maioria deles era delinquente, Espíritos que haviam caído nas vidas anteriores pelos abusos da inteligência ou pelo excesso de personalismo...”

Mas os homens, e entre eles muitos irmãos espíritas, feridos pela vaidade, filha dileta do orgulho, não se dignam descer do pedestal onde se contemplam e se adoram, para reconhecerem a soberania do sentimento e do coração sobre a mente e o cérebro, frutos da sensibilidade, que demanda dezenas de milênios para eclodir e aperfeiçoar, e que, por isso mesmo, representa o legítimo altar do espírito.

Há, inegavelmente, incontestável aliança entre a Ciência (lato sensu) e a Religião, conforme muito bem está colocado em O Evangelho Segundo O Espiritismo (capítulo I, 8, FEB – Federação Espírita Brasileira):

"A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral...”

De acordo com Ferdinando (Espírito protetor - Bordeux, 1862 / capítulo VII, item 13, in fine, ob. citada):

“... A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa de sua inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu."

Dando continuidade ao comentário iniciado acima, Chico acrescenta:

"É por isso, meu filho, que encontramos nas fileiras espíritas tanta gente que se diz ter sido barão, príncipe, marquesa, rainha, ou algo semelhante, numa existência passada...”

E, ao final, Chico sentencia, com sabor de advertência:

"Afirma Emmanuel que eles foram mesmo e hoje estão por aí resgatando os seus débitos.

As lavadeiras, os lavradores, os serviçais humildes estão todos nos Planos Superiores..."


Do livro: O Apóstolo do Século XX - Chico Xavier
Autor: Weimar Muniz de Oliveira

FEEGO - Federação Espírita do Estado de Goiás


Nota de Fernando Peron (dezembro de 2010):


(*) – Memórias de Um Suicida / Yvonne A. Pereira (obra mediúnica) / FEB – Federação Espírita Brasileira. Obra-prima da literatura espírita, riquíssima de conteúdo sobre o Plano Espiritual e as Leis de Ação e Reação; considerada uma das dez melhores obras espíritas do século XX.

21 outubro 2011

Terapia do Evangelho - Dias da Cruz


TERAPIA DO EVANGELHO

Amigos,

Lícito é que procuremos a cura de nossos males físicos, empregando os recursos terapêuticos que a bondade de Deus coloca ao nosso dispor através dos profissionais da saúde. Não olvidemos que o socorro dos Mentores Espirituais, em se tratando da saúde humana, nem sempre se faz por meio de recursos estranhos à metodologia médica, principalmente porque seus representantes, quando conscientes da responsabilidade que assumiram perante o Médico das Almas, constituem-se em instrumentos da Vontade Divina junto aos necessitados da jornada terrena.

Todavia, é preciso considerar a responsabilidade do doente ante as causas desencadeadoras do mal que o infelicita. Originando-se todas no campo moral, o principal agente terapêutico será unicamente a aplicação em si do remédio salvador, que outro não é senão o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Indubitavelmente, nas atitudes de egoísmo, de orgulho e de vaidade extremados, cultivados por anos e anos nas diversas etapas reencarnatórias, encontraremos as causas dos desajustes vibratórios expressos na estrutura do perispírito, a ofertarem aos desafetos e comparsas do passado as condições de afinização vibratório-magnética que podem, de per si, não só desencadear os processos patológicos como também agravar os já existentes.

Quando a criatura alia aos recursos terapêuticos da medicina humana — quer os de natureza homeopática ou alopática, quer os da chamada medicina alternativa — o esforço constante em buscar o autoconhecimento para melhor reeducar-se nas lições da Boa-Nova, tais recursos terão sua ação potencializada e seus efeitos sobre a saúde serão mais sentidos.

Ao reeducar-se à luz das lições imorredouras do Médico das Almas, ao aceitar as dificuldades da vida como um reflexo dos desmandos do passado, encarando-as como oportunidades preciosas para o progresso rumo à Luz Maior, a criatura se furtará a muitos males evitando agravamentos do seu estado físico.

Por mais eficazes possam ser os recursos da tecnologia da saúde colocados à nossa disposição, é preciso também considerar o mérito de cada um perante a Medicina Divina, bem como o papel regularizador das vibrações perspirituais desajustadas pelas infrações às Leis Divinas, manifestadas na doença física.

Esta, muitas vezes, é o agente rearmonizador do ser com a própria consciência, e, neste caso, os recursos tecnológicos representarão apenas a Bondade Celestial agindo para fornecer à criatura as condições materiais que lhe permitam expiar seus débitos morais até o fim e, desse modo, libertar-se não apenas do mal físico mas, sobretudo, do mal vibratório que gerou o primeiro em nível perspiritual.

Em todas as circunstâncias difíceis de nossa saúde, amigos, recorramos ao Mestre, aplicando o seu Evangelho como recurso terapêutico por excelência.

Supliquemos-lhe forças para tudo suportar com mansidão e paciência.

Peçamos-Lhe a coragem com que lutemos contra nossas más tendências e sigamos seus exemplos.

Muita paz!

Dias da Cruz
Mensagem psicografada pela médium Tânia de Souza Lopes
Extraída do Reformador de Maio/1998

20 outubro 2011

Diante da Lei - Emmanuel


DIANTE DA LEI

Perante os tribunais divinos a conspurcação da mulher que malbarata os dons sublimes da vida, não é a única forma de prevaricação que reclama a bênção do reajuste.

À frente dos juízes celestes, comparecem igualmente:

Os sacerdotes que se venderam ao simonismo.

Os magistrados que perderam a boa consciência nos mercados do suborno.

Os cientistas que negociaram a riqueza inapreciável da inteligência, trocando preciosidades da vida por escuros troféus da morte.

Os generais que perverteram a ordem, permutando-a por facilidades econômicas.

Os políticos que traficam no altar da confiança do povo.

Os administradores que dilapidam os tesouros públicos na exaltação dos seus interesses particulares.

Os artistas que rebaixaram as próprias emoções, vendendo as imagens da beleza ao prazer dos sentidos, animalizando a existência, ao invés de sublimá-la.

Os trabalhadores que corromperam a paz da própria alma, enganando o tempo e a si mesmos ...

Compadeçamo-nos da mulher – nossa mãe e nossa irmã, nossa filha ou nossa companheira – que qual fonte cristalina sofreu a visitação dos monstros da natureza a lhes poluírem as águas vivas!

Há misericórdia no Céu para os vencidos que o Senhor, mais tarde, arrebatará das garras do mal que, transitoriamente, os senhoreia!

Mas, examinemos a nós próprios! Inventariemos as nossas ações de cada dia e vejamos se o nosso coração não adulterou os mandamentos de amor que nos regem!

Estaremos usando a nossa fé para o bem?

De que modo utilizamos o conhecimento superior?

Que bênçãos extraímos do sofrimento e da luta?

Como agimos no círculo das próprias responsabilidades?

De que maneira gastamos os empréstimos e as possibilidades do Senhor? Que fazemos do tempo que Deus nos concedeu?

Depois do balanço diário de nossos pensamentos, palavras e atos, pratiquemos a bondade com todos, entre a fé e o serviço incessantes e não nos faremos réus passíveis de severo julgamento à frente da Lei.


Pelo Espírito Emmanuel Do livro: Construção do Amor Médium: Francisco Cândido Xavier

19 outubro 2011

O Juiz Reto - Neio Lúcio


O JUIZ RETO

Ao tribunal de Eliaquim Bem Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan Bem Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendigo.

- Este homem – clamou o comerciante, furioso – impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as jóias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal, que o preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!...

O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema, recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:
- Grande juiz – disse ele, timidamente -, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas prometo resgatar meu débito logo que puder.

O juiz meditou longamente e sentenciou:
- Para Zorobabel, o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer honestamente, sem assalto à bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador, vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes.

O negociante protestou, revoltado:
- Que ouço?! Sou vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniquidade! Iniquidade!...

O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu em voz alta:
- Jonatan bem Cafar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências. Zorobabel, o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de cinco. Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia inteligência? Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas, indefinidamente, sem movimenta-las no trabalho construtivo ou na prática do bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo Poderoso que nos julgará a todos, no momento oportuno.

E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar, e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo.

Do livro "Alvorada Cristã"
Neio Lúcio (Espírito)
Francisco C. Xavier (psicografia)

18 outubro 2011

Teu Lugar - Emmanuel


TEU LUGAR

Surgem lances obscuros na existência, nos quais aflições dispensáveis nos visitam o espírito, no pressuposto de que nos achamos fora do plano que nos é próprio.

Quiséramos impensadamente exercer a função de outrem e, ao mesmo tempo, solicitar que outrem se encarregue da nossa.

Isso, porém, seria tumultuar a Ordem Divina.

Não ignoramos que os Emissários do Senhor nos conhecem de sobra aptidões e recursos. Assim como ocorre aos engenheiros responsáveis por edificação determinada, que não instalariam o cimento em lugar do vidro, os Organizadores da Vida não nos designariam posição estranha às nossas possibilidades de rendimento maior na construção do Reino de Deus.

Dentro do assunto, não nos será lícito esquecer que a promoção é ocorrência natural e eleva-nos de nível, mas promoção realmente aparece tão-só quando nos melhoramos conquistando degraus acima.

A rigor, porém, urge reconhecer que nos achamos agora precisamente no ponto e no posto em que nos é possível produzir mais e melhor. A certeza disso nos fortalece a noção de responsabilidade, porquanto, cientes de que a Eterna Sabedoria nos permitiu desempenhar os encargos pelos quais respondemos perante os outros, podemos centralizar atenção e força, onde estivermos, para doar o máximo de nós mesmos, na máquina social de que somos peças.

Quando te ocorrer o pensamento de que deverias ocupar outro ângulo no campo da atividade terrestre, asserena o coração e continua fiel aos deveres que as circunstâncias te preceituem, reconhecendo que, em cada dia, estamos na posição em que a Bondade de Deus conta conosco para o bem geral.

Desse modo, para que as tuas horas se enriqueçam de paz eficiência, no setor de ação que te cabe na Obra do Senhor, se trazes a consciência tranquila no desempenho das próprias obrigações, é forçoso de capacites de que és hoje o que és e te vês como te vês, no quadro em que te movimentas e na apresentação com que te singularizas, porque é justamente como és, com quem
estás no lugar no lugar em que te situas e claramente como te encontras, que o Senhor necessita de ti.

De “Alma e Coração”
De Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel

17 outubro 2011

O Caminho da Vida - Allan Kardec


O CAMINHO DA VIDA

A questão da pluralidade das existências há desde longo tempo preocupado os filósofos e mais de um reconheceu na anterioridade da alma a única solução possível para os mais importantes problemas da psicologia. Sem esse princípio, eles se encontraram detidos a cada passo, encurralados num beco sem saída, donde somente puderam escapar com o auxílio da pluralidade das existências.

A maior objeção que podem fazer a essa teoria é a da ausência de lembranças das existências anteriores. Com efeito, uma sucessão de existências inconscientes umas das outras; deixar um corpo para tomar outro sem a memória do passado equivaleria ao nada, visto que seria o nada quanto ao pensamento; seria uma multiplicidade de novos pontos de partida, sem ligação entre si; seria a ruptura incessante de todas as afeições que fazem o encanto da vida presente, a mais doce e consoladora esperança do futuro; seria, afinal, a negação de toda a responsabilidade moral. Semelhante doutrina seria tão inadmissível e tão incompatível com a justiça divina, quanto a de uma única existência com a perspectiva de uma eternidade de penas por algumas faltas temporárias. Compreende-se então que os que formam semelhante idéia da reencarnação a repilam; mas, não é assim que o Espiritismo no-la apresenta.
A existência espiritual da alma, diz ele, é a sua existência normal, com indefinida lembrança retrospectiva. As existências corpóreas são apenas intervalos, curtas estações na existência espiritual, sendo a soma de todas as estações apenas uma parcela mínima da existência normal, absolutamente como se, numa viagem de muitos anos, de tempos a tempos o viajor parasse durante algumas horas. Embora pareça que, durante as existências corporais, há solução de continuidade, por ausência de lembrança, a ligação efetivamente se estabelece no curso da vida espiritual, que não sofre interrupção. A solução de continuidade, realmente, só existe para a vida corpórea exterior e de relação, e a ausência, aí, da lembrança prova a sabedoria da Providência que assim evitou fosse o homem por demais desviado da vida real, onde ele tem deveres a cumprir; mas, quando o corpo se acha em repouso, durante o sono, a alma levanta o vôo parcialmente e restabelece-se então a cadeia interrompida apenas durante a vigília.

A isto ainda se pode opor uma objeção, perguntando que proveito pode o homem tirar de suas existências anteriores, para melhorar-se, dado que ele não se lembra das faltas que haja cometido, O Espiritismo responde, primeiro, que a lembrança de existências desgraçadas, juntando-se às misérias da vida presente, ainda mais penosa tornaria esta última. Desse modo, poupou Deus às suas criaturas um acréscimo de sofrimentos. Se assim não fosse, qual não seria a nossa humilhação, ao pensarmos no que já fôramos! Para o nosso melhoramento, aquela recordação seria inútil. Durante cada existência, sempre damos alguns passos para a frente, adquirimos algumas qualidades e nos despojamos de algumas imperfeições. Cada uma de tais existências é, portanto, um novo ponto de partida, em que somos qual nos houvermos feito, em que nos tomamos pelo que somos, sem nos preocuparmos com o que tenhamos sido. Se, numa existência anterior, fomos antropófagos, que importa isso, desde que já não o somos? Se tivemos um defeito qualquer, de que já não conservamos vestígio, aí está uma conta saldada, de que não mais nos cumpre cogitar. Suponhamos que, ao contrário, se trate de um defeito apenas meio corrigido: o restante ficará para a vida seguinte e a corrigi-lo é do que nesta devemos cuidar.

Tomemos um exemplo: um homem foi assassino e ladrão e foi punido, quer na vida corpórea, quer na vida espiritual; ele se arrepende e corrige do primeiro pendor, porém, não do segundo. Na existência seguinte, será apenas ladrão, talvez um grande ladrão, porém, não mais assassino. Mais um passo para diante e já não será mais que um ladrão obscuro; pouco mais tarde já não roubará, mas poderá ter a veleidade de roubar, que a sua consciência neutralizará. Depois, um derradeiro esforço e, havendo desaparecido todo vestígio da enfermidade moral, será um modelo de probidade. Que lhe importa então o que ele foi? A lembrança de ter acabado no cadafalso não seria uma tortura e uma humilhação constantes?

Aplicai este raciocínio a todos os vícios, a todos os desvios, e podereis ver como a alma se melhora, passando e tornando a passar pelos cadinhos da encarnação. Não terá sido Deus mais justo com o tornar o homem árbitro da sua própria sorte, pelos esforços que empregue por se melhorar, do que se fizesse que sua alma nascesse ao mesmo tempo que seu corpo e o condenasse a tormentos perpétuos por erros passageiros, sem lhe conceder meios de purificar-se de suas imperfeições? Pela pluralidade das existências, nas suas mãos está o seu futuro. Se ele gasta longo tempo a se melhorar, sofre as conseqüências dessa maneira de proceder: é a suprema justiça; a esperança, porém, jamais lhe é interdita.

A seguinte comparação é de molde a tornar compreensíveis as peripécias da vida da alma: suponhamos uma estrada longa, em cuja extensão se encontram, de distância em distância, mas com intervalos desiguais, florestas que se tem de atravessar e, à entrada de cada uma, a estrada, larga e magnífica, se interrompe, para só continuar à saída. O viajor segue por essa estrada e penetra na primeira floresta. Aí, porém, não dá com caminho aberto; depara-se-lhe, ao contrário, um dédalo inextricável em que ele se perde. A claridade do Sol há desaparecido sob a espessa ramagem das árvores. Ele vagueia, sem saber para onde se dirige. Afinal, depois de inauditas fadigas, chega aos confins da floresta, mas extenuado, dilacerado pelos espinhos, machucado pelos pedrouços. Lá, descobre de novo a estrada e prossegue a sua jornada, procurando curar-se das feridas.

Mais adiante, segunda floresta se lhe antolha, onde o esperam as mesmas dificuldades. Mas, ele já possui um pouco de experiência e dela sai menos contundido. Noutra, topa com um lenhador que lhe indica a direção que deve seguir para se não transviar. A cada nova travessia, aumenta a sua habilidade, de maneira que transpõe cada vez mais facilmente os obstáculos. Certo de que à saída encontrará de novo a boa estrada, firma-se nessa certeza; depois, já sabe orientar-se para achá-la com mais facilidade. A estrada finaliza no cume de uma montanha altíssima, donde ele descortina todo o caminho que percorreu desde o ponto de partida. Vê também as diferentes florestas que atravessou e se lembra das vicissitudes por que passou, mas essa lembrança não lhe é penosa, porque chegou ao termo da caminhada. É qual velho soldado que, na calma do lar doméstico, recorda as batalhas a que assistiu. Aquelas florestas que pontilhavam a estrada lhe são como que pontos negros sobre uma fita branca e ele diz a si mesmo: «Quando eu estava naquelas florestas, nas primeiras, sobretudo, como me pareciam longas de atravessar! Figurava-se-me que nunca chegaria ao fim; tudo ao meu derredor me parecia gigantesco e intransponível. E quando penso que, sem aquele bondoso lenhador que me pôs no bom caminho, talvez eu ainda lá estivesse! Agora, que contemplo essas mesmas florestas do ponto onde me acho, como se me apresentam pequeninas! Afigura-se-me que de um passo teria podido transpô-las; ainda mais, a minha vista as penetra e lhes distingo os menores detalhes; percebo até os passos em falso que dei.»

Diz-lhe então um ancião: — «Meu filho, eis-te chegado ao termo da viagem; mas, um repouso indefinido causar-te-á tédio mortal e tu te porias a ter saudades das vicissitudes que experimentaste e que te davam atividade aos membros e ao Espírito. Vês daqui grande número de viajantes na estrada que percorreste e que, como tu, correm o risco de transviar-se; tens experiência, nada mais temas: vai-lhes ao encontro e procura com teus conselhos guiá-los, a fim de que cheguem mais depressa.»

— Irei com alegria, replica o nosso homem; entretanto, pergunto: por que não há uma estrada direta desde o ponto de partida até aqui? Isso forraria aos viajantes o terem de atravessar aquelas abomináveis florestas.

— Meu filho, retruca o ancião, atenta bem e verás que muitos evitam a travessia de algumas delas: são os que, tendo adquirido mais de pronto a experiência necessária, sabem tomar um caminho mais direto e mais curto para chegarem aqui. Essa experiência, porém, é fruto do trabalho que as primeiras travessias lhes impuseram, de sorte que eles aqui aportam em virtude do mérito próprio. Que é o que saberias, se por lá não houvesses passado? A atividade que houveste de desenvolver, os recursos de imaginação que precisaste empregar para abrir caminho aumentaram os teus conhecimentos e desenvolveram a tua inteligência. Sem que tal se desse, serias tão noviço quanto o eras à partida. Ao demais, procurando safarte dos tropeços, contribuíste para o melhoramento das florestas que atravessaste. O que fizeste foi pouca coisa, imperceptível mesmo; pensa, contudo, nos milhares de viajores que fazem outro tanto e que, trabalhando para si mesmos, trabalham, sem o perceberem, para o bem comum. Não é justo que recebam o salário de suas penas no repouso de que gozam aqui? Que direito lhes caberia a esse repouso, se nada houvessem feito?

— Meu pai, responde o viajor, numa das florestas, encontrei um homem que me disse: «Na orla há um imenso abismo a ser transposto de um salto; mas, de mil, apenas um só o consegue; todos os outros lhe caem no fundo, numa fornalha ardente e ficam perdidos sem remissão. Esse abismo eu não o vi.»

— Meu filho, é que ele não existe, pois, do contrário, seria uma cilada abominável, armada a todos os que para cá se dirigem. Bem sei que lhes cabe vencer dificuldades, mas igualmente sei que cedo ou tarde as vencerão. Se eu houvera criado impossibilidades para um só que fosse, sabendo que esse sucumbiria, teria praticado uma crueldade, que avultaria imenso, se atingisse a maioria dos viajores. Esse abismo é uma alegoria, cuja explicação vais receber. Olha para a estrada e observa os intervalos das florestas. Entre os viajantes, alguns vês que caminham com passo lento e semblante jovial; vê aqueles amigos, que se tinham perdido de vista nos labirintos da floresta, como se sentem ditosos, por se haverem de novo encontrado ao deixarem-na. Mas, a par deles, outros há que se arrastam penosamente; estão estropiados e imploram a compaixão dos que passam, pois que sofrem atrozmente das feridas de que, por culpa própria, se cobriram, atravessando os espinheiros. Curar-se-ão, no entanto, e isso lhes constituirá uma lição da qual tirarão proveito na floresta seguinte, donde sairão menos machucados. O abismo simboliza os males que eles experimentam e, dizendo que de mil apenas um o transpõe, aquele homem teve razão, porquanto enorme é o número dos imprudentes; errou, porém, quando disse que aquele que ali cair não mais sairá. Para chegar a mim, o que tombou encontra sempre uma saída. Vai, meu filho, vai mostrar essa saída aos que estão no fundo do abismo; vai amparar os feridos que se arrastam pela estrada e mostrar o caminho aos que se embrenharam pelas florestas.

A estrada é a figura da vida espiritual da alma, e em cujo percurso esta é mais ou menos feliz, as florestas são as existências corpóreas, onde se trabalha para o seu adiantamento, ao mesmo tempo que para a obra geral; o viajor que chega ao objetivo e que retorna para ajudar os que estão atrasados, é a figura dos anjos guardiões, missionários de Deus, que encontram a sua felicidade em seu objetivo, mas também na atividade que desdobram para fazerem o bem e obedecerem ao Supremo Senhor.

Do livro "Obras Póstumas", cap. 31
Allan Kardec, edição IDE

16 outubro 2011

Culpa e Reencarnação - Emmanuel


CULPA E REENCARNAÇÃO

Reunião pública de 24-2-61
1ª Parte, cap. V, item 7

Espíritos culpados!
Somos quase todos...

Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes...
Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação.

Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência...
Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros.

Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem, para sempre de nós, depois da morte...
Mas, tornamos a encontrá-los no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas.

Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência...
No entanto, regressemos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as graves obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios.

Espíritos culpados!
Somos quase todos...

A Perfeita Justiça, porém, nunca se expressa sem a Perfeita Misericórdia e abre-nos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão.

Atendamos às boas obras quanto nos seja possível. Cada migalha de bem que faças é luz contido, clareando os que amas.

E assim é porque, de conformidade com as Leis Divinas, o aperfeiçoamento do mundo depende do mundo, mas o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós.

Do livro "Justiça Divina"
Espírito de Emmanuel
Médium: Francisco C. Xavier

15 outubro 2011

Onde Estão os Anjos? - Momento Espírita


ONDE ESTÃO OS ANJOS?

Aquela era mais uma tarde de trabalho abençoado na escola de evangelização infantil de uma Casa Espírita.
Todas as semanas, um grupo de mães e seus filhos, de idades variadas, adentravam as portas da instituição de amor e caridade.

Naqueles encontros semanais, as famílias buscavam o alimento para a alma, que lhes era ofertado através dos ensinamentos cristãos e das palavras de conforto que partiam do coração de cada trabalhador devotado.

Também lhes era ofertado o alimento para o corpo pois, depois dos estudos e de outras atividades, as mães e seus filhos desfrutavam de um lanche, preparado com muito carinho e dedicação.

Uma vez por mês, em um desses encontros, lhes era oferecido um lanche especial.

As crianças esperavam ansiosamente por esse dia, pois sabiam que receberiam um agrado diferente. A maioria vivia em condições de muita dificuldade financeira, tendo na sua rotina apenas o alimento básico para o sustento.

Foi num desses lanches que aconteceu algo inesperado. As crianças receberam guloseimas. Logo as abriram e degustaram com rapidez.

Porém, uma das crianças, de apenas quatro anos, ao receber as balinhas que foram depositadas na sua pequenina mão, fixou demoradamente o olhar nelas e, em seguida, guardou-as em seu bolso.
A pessoa que as entregou, estranhando a atitude, resolveu perguntar por que ele não iria saborear as guloseimas naquele momento.

O menininho disse que gostava muito dos docinhos mas que iria guardá-los para o irmão que havia ficado em casa. A mãe não tinha como transportá-lo por não ter uma cadeira de rodas.

Esse ato de amor de um coração infantil nos traz uma grande lição.

Evidencia o desprendimento de uma criança que, com espontaneidade, abriu mão de algo que apreciava, para ofertar ao irmão que ali não podia estar.

Ao renunciar à própria vontade em nome de fazer o outro feliz, essa doce criança mostrou-nos possuir um nobre sentimento: a abnegação.

Na sua pequenez, mostrou que o amor está em nós, que não precisa ser ensinado, que basta algo ou alguém para despertá-lo.

Mesmo sem ter disso consciência, essa criança agiu como um anjo, zelando e cuidando de um ente querido e amado, seu próprio irmão.

Que possamos ter olhos sensíveis para ver o quanto podemos aprender com a simplicidade das atitudes infantis.
Que possamos estar atentos às palavras e ações vindas desses corações inocentes.
A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da humildade..

Redação do Momento Espírita, com frase final do item 3, do cap. VIII de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

14 outubro 2011

Religião e Tratamento - Emmanuel


RELIGIÃO E TRATAMENTO

Companheiros vários indagam pelo motivo do recrudescimento das moléstias mentais nos tempos modernos.

Milhares de pessoas se acusam portadoras de traumas e frustrações, recorrendo às ciências psicológicas para tratamento adequado.

Realmente, a formulação de recursos medicamentosos a que se endereçam, com a chancela da autoridade profissional, poderia ser feita sem maior especificação. Entretanto, os pacientes desejam algo mais que o socorro químico.

Precisam destacadamente da palavra esclarecedora e edificante que lhes recomponha as emoções e lhes ilumine o entendimento.

Por isso mesmo, o médico das forças espirituais é procurado hoje, à feição de sacerdote da ciência, habilitado a oficiar na religião da consciência reta a fim de educar a vida e sublimá-la.

Que isso é alto progresso humano não há negar. Isso, porém, demonstra igualmente que a assistência religiosa é inarredável da paz e da felicidade das criaturas.

O aprimoramento da técnica acelerou o engrandecimento da indústria.

A indústria avançada incentivou a produção de valores materiais.

E, no parque imenso das facilidades e garantias ao reconforto físico, a carência de alimento espiritual patrocina desequilíbrios em múltiplas direções.

A anemia da vida interior estabelece pequenos e grandes colapsos do mundo íntimo e, em razão disso, sobram perturbações e necessidades da alma em quase todos os setores da evolução.

À frente do painel de semelhantes conflitos, meditemos na importância do amparo religioso e não permitas se te apague a luz da fé onde estiveres.

Se te encontras a sós, nos princípios religiosos que te nutrem a vida, faze o teu momento de reflexão e de prece, entre os horários de cada dia; atende ao culto periódico da oração e do estudo iluminativo com os familiares e amigos que te possam acompanhar nos impulsos de reverência a Deus; não sonegues a palavra serena e reconfortante da crença que abraças nos diálogos com os irmãos de caminho; e, quanto puderes, prestigia o templo religioso a que te vinculas, cooperando espontaneamente, a fim de que a tua casa de fé, possa atender aos programas de serviço ao próximo em que se compromete, diante do Eterno Bem.

Compreendamos, por fim, que o progresso tecnológico, na ciência, é irreversível, mas em nossa condição de espíritos imortais, encarnados ou não, somos obrigados a reconhecer que o amparo espiritual na religião é irreversível também.

Do livro "Amanhece"
Espírito de Emmanuel
Médium: Francisco C. Xavier

13 outubro 2011

Guardados - Momento Espírita


Guardados

Dia desses, conversando com um amigo, ele nos confidenciou a sua mania de guardar caixinhas. Ao lhe perguntarmos o porquê, ele não soube nos dizer.

Simplesmente afirmou que as guarda. Caixas grandes, pequenas, médias, de todos os tamanhos. Sóbrias, coloridas. Nacionais, internacionais.

Ouvindo-o falar, recordamos de como guardamos coisas sem utilidade.

São vestimentas e utensílios que nos lembram alguma ocasião especial e que nunca serão utilizados.

Quinquilharias que entulham gavetas, como se portas adentro do lar erigíssemos um museu.

Colecionamos jóias caras, que usamos esporadicamente, quando o fazemos, pois que tememos o roubo e o furto. Guardamo-las em cofres hermeticamente fechados.

Nossos valores. Heranças. Mimos exclusivos.

E contudo, todos sabemos que tais valores passam, não são imperecíveis.

Para nós, terão a exata durabilidade de uma vida, pois que em partindo para a Pátria Espiritual, não os poderemos levar conosco.

Assim sendo, seria muito mais produtivo para os nossos Espíritos, que começássemos uma campanha para angariar e guardar legítimos valores. Conquistas pessoais, virtudes.

E os nossos guardados materiais os poderíamos utilizar a benefício dos sofredores, dos carentes.

Tantas vezes lemos e relemos os ditos do Senhor que nos falam dos tesouros perecíveis do Mundo, que a traça corrói e os ladrões roubam.

Valores que poderão ser consumidos, furtados, corroídos.

Mas, mesmo assim, continuamos a manter os nossos guardados inúteis, na mesma medida em que afirmamos não dispor de recursos para atender a miséria que campeia no Mundo.

Armazenemos alegrias para distribuí-las com os desalentados. Colecionemos sorrisos para espalhá-los pelos caminhos, como respingos de bondade.

Guardemos ternura, ofertando-a aos que convivem ao nosso redor, nesses dias de tanta indiferença e frieza.

Guardemos as palavras libertadoras do Evangelho de Jesus na mente e no coração, a fim de que nos libertemos, iluminando-nos.

Fazendo amigos com os recursos que movimentarmos no Mundo, promoveremos alegrias e alevantaremos muitas vidas.

Guardados no amor de Deus, que nos sustenta a existência, guardemo-nos nós mesmos na fé e no trabalho, dando em cada hora o melhor dos nossos empenhos, em nome do amor ao próximo.

Ao final da jornada, verificaremos que os cofres de nossa alma estarão plenificados de bênçãos, pela oportunidade inigualável que tivemos de praticar o bem, enquanto no caminho dos homens.

* * *

Os bens que transitam no mundo não constituem verdadeira posse, mas somente empréstimo temporário.

O bem que se faz sempre é triunfo para o próprio coração.


Redação do Momento Espírita, com base no verbete Bem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal, e no cap. 41 do livro Nossas riquezas maiores, pelo Espírito Camilo, psicografia de J.Raul Teixeira, ed. Fráter.

12 outubro 2011

Tua Mente - Emmanuel


TUA MENTE

Entre os cuidados devidos ao corpo e a alma, recordemos o problema da habitação.
Quanto mais instruída a pessoa, mais asseio na moradia.
Nem sempre a residência é rica do ponto de vista material. Vê-se, aí, contudo, limpeza e ordem, segurança e bom gosto.
É imperioso porém, que o senso de higiene e harmonia não se fixe, unicamente, no domicilio externo. Necessário que semelhante preocupação nos alcance o pouso íntimo.

A mente é a casa do Espírito.

Como acontece a qualquer vivenda, ela possui muitos compartilhamentos com serventia para atividades diversas. E, às vezes, sobrecarregamos as dependências de nosso lar interior com idéias positivamente inadequadas as nossas necessidades reais.

Quando preconceitos enquistados, teorias inúteis, inquietações e tensões, queixas e mágoas se nos instalam por dentro, dilapidamos os tesouros do tempo e as oportunidades de progresso, de vez que impedimos a passagem da corrente transformadora da vida, através de nossas próprias forças.

Sabemos que uma casa, por mais simples, deve ser arejada e batida de sol para garantir a saúde.
Ninguém conserva lixo, de propósito, no ambiente familiar.
Qualquer perturbação no sistema de esgoto ou na circulação de energia elétrica representa motivos para assistência imediata.

Desde épocas remotas, combatemos a escuridão. Da tocha à candeia, da candeia à lâmpada moderna, esmera-se o homem na criação de recursos com que se defender contra o predomínio das trevas.
Pondera quanto a isso e não guardes, ressentimentos e nem cultives discórdias no campo da própria alma.
Trabalha, estuda, faze o bem e esquece o mal, afim de que te arregimentes contra o nevoeiro da ignorância.

Tua mente - tua casa intransferível. Nela te nascem os sonhos e aspirações, emoções e idéias, planos e realizações. Dela partem as tuas manifestações nos caminhos da vida, e de nossas manifestações nos caminhos da vida depende o nosso cativeiro à sombra ou a nossa libertação para a luz.

Do livro "Alma e Coração"
Espirito de Emmanuel
Médium: Francisco C. Xavier

11 outubro 2011

Segurança - Maria Nunes


SEGURANÇA

Deveis depositar a fé, primeiramente em Deus, depois em vós mesmos, para que Jesus reine no vosso lar.

Sob o impulso do progresso a que está subordinado, o homem toma ciência de suas necessidades primeiras, ao identificar-se na individualidade que o caracteriza como ser pensante, embora recém-saído dos arraiais do instinto, e passa a adentrar-se nas faixas da razão.

Totalmente sujeito à generosidade da natureza, aprende a observá-la, nela reconhecendo a razão de seu existir e de sobreviver, embora desconhecendo ainda o porquê de sua existência e a finalidade de sua presença na Terra.

Na expectativa dos acontecimentos que lhe favorecem a sobrevivência e que o supre de tudo do que necessita para a continuidade biológica, o homem passa a viver a ansiedade e a perspectiva der conseguir o resultado de seu esforço no trabalho que já consegue desenvolver, no aprimoramento de seus recursos, que se desenvolvem lentamente.

É, pois, na conscientização de suas fraquezas, que a expectativa da ação da natureza foi lentamente se transformando em fé, levando-o a subordinar-se a forças superiores cuja presença, embora desconhecida, sentia.

Através dos milênios, o homem se movimentou sob o impulso dessa força que sentia dentro de si próprio, embora na maioria das vezes dela se utilizasse de maneira tão atabalhoada, que as consequências vieram dolorosas, exigindo reparo e correção.

É que as conveniências voltadas para os valores inferiores influíram na fragilidade dos vivenciadores da fé na busca das conquistas ilusórias da matéria, sem entenderem as lições primorosas e sábias que a mãe natureza oferece e sempre ofereceu às criaturas. Interpretando a Divindade Criadora à sua própria conveniência, o homem deixou passar períodos valiosos de crescimento moral, demorando-se em práticas infelizes que até hoje se refletem negativamente na sua intimidade, fazendo-o sentir o peso da justiça corretora que o leva a mudar o roteiro viciado, em busca de caminhos mais excelentes, conquistando, assim, por esforço próprio e com a ajuda dos que já passaram pelos campos experimentais da vida, novos patamares onde as aquisições morais ensinam e mostram, ao viajor do universo, a sua finalidade, a razão do seu existir, tendo a fé, agora atuando pelo impulso da razão, como êmulo que lhe permite caminhar em busca dos objetivos que lhe proporcionarão condições de vida no seio de Deus.

Quando na vivência nos lares alicerçados no Evangelho de Jesus, a fé raciocinada estabelece a segurança de que necessitam os espíritos, na trajetória rumo às paragens luminosas do universo, onde mourejam as almas redimidas.

Continuemos exercitando a nossa fé embasada no raciocínio, na regência dos preceitos do Mestre, pois estamos vivendo os dias tormentosos que precedem à implantação definitiva do reino de Jesus na Terra, de cuja corte, os Seus servidores fiéis farão parte, no desfruto do divino banquete
oferecido aos que perseveraram até o fim.

De “UNIDADE DO LAR”
De João Nunes Maia
Pelo Espírito Maria Nunes

10 outubro 2011

Vila Esperança - Maria Dolores


VILA ESPERANÇA

Alegas, muita vez, alma querida:
- O tédio me entorpece e me consome a vida!...

Um erro na poltrona te desgosta,
Apaga-te o sorriso e deixa-te indisposta...

O marido, preso, por natureza,
Era um médico amigo da pobreza.

Houvesse algum enfermo em pequena palhoça...
Ei-lo, junto ao doente em plena roça...

Ele sofre e adoece, certo dia,
E roga à esposa, amparo e companhia.

Ela atende ao insólito pedido,
Enquanto ele se mostra surpreendido.

De um carro velho e forte, sem tardança,
Descem os dois ao chão, ante a Vila Esperança.

Ali, toda morada, é formada de zinco,
Alinhando-se em grupo, cinco a cinco.

Disse o esposo a ela:
- “Hoje, o trabalho aqui é teu recado...
os doentes são teus...Ando muito cansado...”.

Do casebre primeiro saem gemidos dos loucos...
Eis que o esposo explica:
- "É a Dona Flora, exaurindo-se aos poucos...

Não mais resiste a pobre ao câncer que a devora
Mas, para aliviar a angústia que a domina,
Temos na pasta que eu trouxe a injeção de morfina".

Aplicada a injeção, ela vê três crianças
Junto à mulher sofrida, em choro continuado...
Ela fala ao marido, acerca de mudanças,
E acaba perguntando ao esposo intrigado:
-“O que comem aqui estas crianças nuas”
O médico responde: “O pão dado nas ruas”.
Ela aciona o carro e adquire cem pães,
Que distribui na praça, entre os filhos e as mães.

-“Moça, grita uma voz
De uma das casinholas escondidas,
Venha nos ver
Somos pobres doentes desvalidas!...”
A dama entra no quarto
E lavam-lhe as manchas e as feridas...
Anda de casa em casa.
Dá remédio às crianças com bronquite
E socorre aos enfermos,
Vítimas de hepatite...
De sentimento preso
Às dores que detinham no lugar,
Oito horas gastou a lavar e a limpar.

De volta, eis que ela sente
O marido mais forte e mais contente...
Notou que o Cristo Amado estaria mais perto
E admitiu que a vida
Nunca mais lhe seria
Desencanto e deserto...
Adentrou-se no lar, recordando a excursão
Que lhe alterara a mente, o caminho e a visão...

Ajoelhou-se em prece,
Pensando na penúria que encontrara.
Contemplou de uma fímbria da janela
A noite linda e clara...
Imaginou Jesus
Caminhando ao encontro da pobreza
E quase sem querer
Exclamou para os Céus:

- “Obrigada, Jesus, pela Vila Esperança
que me falou do amor que não se cansa...
agora, estou na paz que eu sempre quis.
A qualquer hora posso ser feliz!...
Obrigada, Jesus, por me ensinar
Que a Caridade é Luz e a Luz é trabalhar!..”.



Pelo Espírito Maria Dolores
Do livro: Dádivas de Amor
Médium: Francisco Cândido Xavier

09 outubro 2011

A Viagem do Autoconhecimento - Bezerra de Menezes


A Viagem do Autoconhecimento

Se não fosse a persistência desse grande vulto que é Allan kardec, o que teria sido de todos nós? De mim, que despertei, realmente, com a leitura do livro dos espíritos, do evangelho consolador, para abraçar o mundo espiritual das grandes verdades que a codificação encerra.

Todo aquele que quiser ser espírita, tem de deixar muito da sua ânsia de ser compreendido.

Não pode ser hipersensível, não pode mergulhar nas susceptibilidades. Tem de ser, realmente, fraterno e compreensivo. Porque todos nós estamos na terra numa grande viagem, vocês encarnados principalmente.

Nessa grande viagem, vocês sofrem as condições exteriores de agressões, de lutas, provas, enfermidades.

Mas vocês estão, também, realizando uma grande viagem interior. Vocês estão conhecendo o caráter, a personalidade, os sentimentos que vocês agasalham dentro da alma e do coração e que só vocês conhecem.

Essa viagem interior, que todos os espíritas devem fazer, que se todas as criaturas a fizessem seria muito bom, é aquela de auto reconhecimento.

Sabemos que estamos caminhando, trazendo muita coisa que podemos deixar pelos caminhos da terra, para que as nossas almas sejam aladas e consigam empreender o grande vôo para o cimo da Luz.

Sem essa viagem interior com esses permanentes bloqueios que nós teimamos em fazer, não reconhecendo nossas falhas, nossas dúvidas, nossos conflitos, nossas neuroses, nossos traumas, transferindo sempre para o exterior tudo o que sofremos - nós não conseguiremos obter a nossa libertação.

É preciso, meus filhos, viajarmos dentro de nossa própria alma. Porque na grande viagem reencarnatória, dependendo ou não de vocês, vocês terão lutas e problemas, que, muitas vezes, esse ponto de agressão, de sentimentos inferiores. Mas, dentro do nosso espírito não, somos senhores absolutos do que pensamos, do que queremos, do que realizamos. Por isso, se as nossas chagas interiores, só nos mesmos podemos curá-las.

Que o mestre, que com suas mãos chagadas cura as chagas de nossas mãos, que nem sempre trabalham pelo próximo e que, muitas vezes, se feriram, ferindo semelhantes, que esse mestre possa, com as suas mãos divinas, acalentar a todos nós, na luz do seu infinito, do seu imenso e bondoso amor.

Bezerra de Menezes (espírito)
Psicografia de Shyrlene Campos