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30 abril 2022

Por dentro do jogo da vida - Adriana Machado

 
POR DENTRO DO JOGO DA VIDA

Engraçado como a vida funciona! A gente se prepara para tantas coisas, mas as coisas nem sempre acontecem como a gente quer e, mesmo preparados para o que não queremos viver, quando chega o momento crucial de vivenciá-las, nos sentimos desamparados diante da quebra de nossas esperanças.

Tive a oportunidade de assistir um campeonato de jogos escolares e percebi que, mesmo sendo “do jogo” perder, não houve quem aceitasse, imediatamente, a derrota. Choro, desolação, culpas e arrependimentos... foi o que eu vi entre aqueles que não ganharam as suas partidas. Suas esperanças se foram e o momento do enfrentamento de si mesmos se fez presente, o que não aconteceu com os vencedores!

Felizmente, como em qualquer jogo, também vi união. Vi times inteiros se unindo para um consolo coletivo e individual. Vi jogadores desolados indo abraçar outros e dizendo aquilo que, certamente, também gostariam de ouvir. Vi solidariedade entre os times e o início de belas amizades entre aqueles que somente eram adversários em campo.

Como o esporte ensina! E ensina muito a todo mundo que quiser aprender!

Precisamos aplicar na vida aquilo que o esporte tem como premissa, mas nós, que crescemos, nos esquecemos... a confraternização sem interesse, a solidariedade entre vencedores e vencidos, porque a batalha é só lá dentro das quadras. Fora dali, somos apenas seres humanos em uma escola da vida.

Todos os dias, acordamos sem nos dar conta que a cada dia estamos entrando em mais um jogo, um jogo de aprendizado e de crescimento. Um jogo que faz parte de nosso dia a dia e que nos faz aprimorar a nossa capacidade de nos solidarizarmos com as dificuldades alheias, porque também as temos; um jogo que nos faz aprimorar a nossa capacidade para superarmos as derrotas, porque elas são somente instrumentos que nos dão maturidade para atingirmos patamares mais altos de compreensão sobre nós mesmos. Um jogo que sempre está a nos dizer que não existem derrotados, mas sim que devemos nos esforçar para participar das “jogadas” de superação a cada partida.

Ora, nenhum time consegue vencer todos os jogos todo o tempo. Antes dele ser quem é, precisou “perder” de alguém para se aprimorar e com isso “ganhar” as experiências que o fez ser um time vencedor. Ele precisou de adversários com experiências diferentes para que fosse exigido dele um aprimoramento de suas próprias qualidades. Assim é a vida agindo sobre nós! Ela nos coloca frente a adversários competentes para nos ajudar no nosso amadurecimento. E, quando estivermos prontos, ela nos colocará frente a outros para podermos ser os adversários competentes que os auxiliarão a agir pela sua própria superação.

Para tanto, entendamos o nosso papel na vida do outro, porque as nossas escolhas e posturas servirão de exemplo para levá-lo a futuras vitórias ou a amargas derrotas. Não podemos nos iludir: para as primeiras, o louro da vitória também nos abraçará, somando-se aos nossos tesouros espirituais conquistados. Para as segundas, no entanto, o fel será o gosto que sentiremos se a nossa intenção não foi fraterna, porque o juiz desta partida (nossa consciência) não nos perdoará facilmente.

Enquanto não abandonarmos as viseiras que nos restringem a visão sobre o que é viver, jamais seremos verdadeiramente gratos a Deus pelas boas ou não tão boas experiências que nos elevam a condição de vencedores e filhos Dele na sua mais pura essência.

Determinação, superação, honestidade, fraternidade, solidariedade... qualidades inerentes àqueles que sabem bem jogar o jogo da vida!

Sejamos eles, então!


29 abril 2022

A cura real - Rogério Coelho


A CURA REAL

O ser humano é o resultado de tudo aquilo que elabora, cultiva e realiza

“(…) e o último estado desse homem é pior do que o primeiro”. - Jesus. (Luc., 11:26.)


Disse Jesus que os sãos não necessitam de médicos, vindo Ele próprio para os doentes da alma que somos todos nós que ainda não temos méritos para reencarnar em Orbes mais evoluídos, dado nossa ancestral rebeldia e nossa refrativa tendência aos divinos desígnios que caracterizam ainda as parcas disposições em corrigir-nos.

Segundo as tradições das escrituras, há mais alegria no Céu com o arrependimento de um pecador do que de noventa e nove justos que permanecem ilibados.

A nobre mentora Joanna de Angelis, pela abendiçoada mediunidade de Divaldo Pereira Franco, afirma ser (1): “(…) indispensável fazer-se a diferença técnica entre os processos de recuperação orgânica e cura: o primeiro diz respeito ao refazimento dos equipamentos celulares que, desajustados, recompõem-se e voltam a funcionar com equilíbrio, nem sempre significando que houve o retorno da saúde; enquanto que o segundo, a cura, se verifica nas engrenagens mais delicadas da constituição celular.

Os mecanismos propiciadores da degenerescência orgânica e da instalação de enfermidades encontram-se no cerne do ser, na sua estrutura energética, de que se encarrega o perispírito na sua condição de organizador biológico, portanto, das necessidades indispensáveis à evolução do ser. O ser humano é, em decorrência, o resultado de tudo aquilo que elabora, cultiva e realiza…

A cura real é uma operação profunda de transformação interior, que ocorre somente quando os fatores propiciadores da injunção danosa se modificam para melhor, dando lugar ao equilíbrio das suas variadas funções no campo da energia. Imprescindível se faz, nesse caso, que a mente processe todos os conteúdos emocionais e morais de maneira adequada, a fim de que a recuperação da saúde através da terapia utilizada venha a produzir a cura real, evitando as recidivas que decorrem exatamente da falta de composição vibratória dos delicados elementos pelos quais o Espírito interage no corpo.

A recuperação temporária pode ocorrer em razão dos esforços empregados pelo terapeuta, da bem direcionada aplicação dos medicamentos e a momentânea mudança de atitude mental do paciente. Todavia, se não houver uma profunda alteração de comportamento interior – desejo sincero de sarar, cultivo íntimo de bem-estar, propósitos edificantes, renovação dos hábitos mentais – certamente a enfermidade reaparecerá ou se apresentará sob nova diagnose, dando curso ao seu mister de despertá-lo para a sua realidade profunda como ser imortal.

Na grande maioria das pessoas enfermas, está presente o efeito de determinada conduta vivida anteriormente, na qual houve desistência dos referenciais da Vida, mesmo que de forma inconsciente, como resultado de ocorrências que poderiam haver sido encaradas de maneira menos pessimista, menos autodestrutiva…

É inevitável a sucessão de desaires, de frustrações, de desencantos existenciais, porque a própria experiência humana é rica de manifestações dessa ordem. A atitude, porém, do indivíduo diante delas, é que define o seu futuro, mesmo quando venha a mudar de conduta emocional. Não raro, os danos já estão causados às tecelagens delicadas da aparelhagem geradora das células, na área da energia que elabora as células.

Pode-se observar que, antes do surgimento ou instalação de diversas doenças, o paciente se permitiu desconsertos íntimos, anelou pelo abandono da luta material, sentiu-se esgotado pela sucessão de tormentos e dores morais, permitindo-se o desânimo desgastante.

A consciência da realidade espiritual do ser auxilia-o a esforçar-se para continuar a viver no corpo, quanto lhe esteja destinado, sabendo, não obstante, que desencarnará, como é natural, todavia, utilizando-se de todos os valiosos recursos da própria existência, a fim de torná-la mais digna e apetecida.

Esse comportamento contribui de maneira expressiva para o seu restabelecimento, para a sua recuperação imediata e a sua cura mais tarde, ainda que venha a liberar-se da máquina física no momento próprio”.

Vemos, assim que o processo de cura real radica-se na própria intimidade do ser que deve lutar para lográ-la de maneira definitiva.

Não se pode andar descuidado: a vigilância e a oração recomendadas por Jesus constituem excelente medicação preventiva e defensiva.

Jesus mostra-nos a diferença entre recuperação e cura real ao ensinar (2):

“(…) Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. Quando o Espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro”

O caminho da cura real já vem sendo mostrado para todos nós muito antes do advento do Cristo, vez que o Velho Testamento já consignava: (II Crônica, 7:14.) “(…) E se o meu povo, chamar pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”.

Evidentemente a frase em questão refere-se à terra sáfara dos corações refratários e empedernidos de todos nós, Espíritos calcetas e endividados que ainda nutrimos a nossa personalidade com os inconvenientes prejuízos da rebeldia.

Observemos como Joanna de Angelis (1) traça o roteiro da cura real, com os ingredientes que poderíamos chamar de:

Contributos terapêuticos

“(…) A complexidade do ser humano tem raízes bem fincadas no seu emocional. Por isso, experimentando o amor, autoestima-se e luta desde que possua maturidade psicológica proporcionadora do discernimento lúcido. Quando isso não ocorre, autopune-se, envenenando-se de alguma forma, sem mesmo dar-se conta, ou permanece dominado pelo propósito de desistência da vida física.

Seja qual for, porém, a enfermidade a desgastar o indivíduo, os estímulos verbais que lhe cheguem, as vibrações de simpatia que o visitem, as emoções joviais que experimente tornam-se excelente contributo psicoterapêutico, indispensável mesmo à sua recuperação.

Rogério Coelho
Fonte: Agenda Espírita Brasil

Referências:

(1) FRANCO, Divaldo Pereira . Dias gloriosos. 4.ed. Salvador: LEAL, 2010, capítulo 7; e

(2) Lucas, 11:23 a 26.


28 abril 2022

Sexo e Reencarnação - Divaldo Pereira Franco

 

SEXO E REENCARNAÇÃO


No início da década de 1960, eu iniciei minhas experiências de desdobramento consciente, nas quais Joanna de Angelis me conduzia em verdadeiras viagens pela dimensão espiritual. Naquela época, a mentora espiritual me ensinava a sair do corpo. Eu era jovem e impulsivo, o que fazia com que ela tivesse dificuldades, pois eu não conseguia neutralizar os pensamentos, fazer uma espécie de vazio na tela mental para permitir o desprendimento parcial da matéria.

Joanna de Ângelis convidou-me certa vez para testemunhar uma reencarnação. Um casal amigo e jovem, embora já possuísse dois filhos, frequentava nossa Casa espírita. E a genitora da cara confreira era um dos braços direitos da nossa instituição, pois eu trabalhava o dia todo e não podia estar à frente dos nossos serviços em tempo integral.

Em uma madrugada, Joanna desdobrou-me do corpo físico e levou-me à casa dos meus amigos. Naquele tempo era muito comum na disposição arquitetônica dos lares um tipo de sala de visitas, que precedia os outros cômodos da casa. Quando chegamos naquela sala, ao lado do quarto do casal estavam presentes vários Espíritos nobres. E ao lado de um deles havia uma linda jovem, loura e de olhos azuis, que aparentava entre vinte e vinte e cinco anos de idade. Havia um grande esplendor na sua face!

Joanna, olhando docemente, esclareceu-me:

— Nós iremos reencarná-la. Ela será a continuadora do trabalho da mãezinha que, por sua vez, será a continuadora do trabalho da avó. Trata-se de um Espírito com elevados títulos morais, que se dedicará a uma bela missão. Será uma missão anônima, mas muito nobre e muito perigosa porque lhe exigirá um esforço imenso para não falir, para não se deixar levar pelos convites da ilusão.. Necessitamos de genitores que possuam material genético adequado, com os genes e cromossomos próprios para essa reencarnação. Por isso, escolhemos este casal.

Eu exultei! Era uma notícia fascinante saber que os meus amigos foram escolhidos para uma tarefa tão nobre.

Ao observar melhor o ambiente eu notei que um Espírito estava à porta do quarto do casal. Quando me aproximei, ele esclareceu-me:

— Estamos aguardando que eles entrem em relax, pois neste exato momento estão no clímax da relação sexual. E no instante da relação íntima os bons Espíritos não entram no recinto, para deixarem em plena santificação as pessoas que estão vivenciando o amor santificado. É uma entrega para a qual não deve haver testemunhas encarnadas ou desencarnadas.

Notemos a beleza desse conceito! Os guias aguardando aquela união sexual enriquecedora para darem prosseguimento a um grande projeto. Seriam três gerações dedicadas ao trabalho espírita.

A proteção espiritual estava ali para impedir que Espíritos vulgares penetrassem no ambiente e pudessem gerar transtornos à intimidade do par. Agora imaginemos a relação sexual praticada em um bordel. Os obsessores testemunham tudo. Zombam, levam ao ridículo e participam do ato sexual, porque o que prevalece é a intenção dos que estão naquele ambiente. Enquanto aguardávamos eu fiquei conversando com a entidade que iria renascer.

Aproximadamente vinte minutos depois, Joanna falou-me:

— Agora que eles estão repousando, entraremos.

Ao entrarmos no recinto eu vi uma cena belíssima de ternura! Ambos permaneciam carinhosamente abraçados. O marido estava com o braço sobre o travesseiro e a esposa repousava em seu ombro, aconchegada. E ambos encostavam suavemente a cabeça um no outro. Era uma linda expressão de gratidão que ambos se dirigiam reciprocamente.

Em seguida, os mentores espirituais acoplaram na área genital da minha amiga um tipo de aparelho de imagem utilizado para observar o organismo humano. Eu podia ver o interior do corpo dela, particularmente a tuba uterina. Aliás, na época, eu não sabia o que era essa estrutura do sistema reprodutor feminino, mas Joanna me explicou.

Vi a massa de espermatozoides movimentando a cauda e deslocando-se na tuba uterina, ao mesmo tempo em que percebi o óvulo numa postura especial. Era muito curioso notar que o óvulo brilhava. Logo depois Joanna trouxe um especialista em embriogenia para fazer os procedimentos necessários. A nobre entidade conduziu o Espírito reencarnante para perto do organismo materno e aplicou-lhe passes, fazendo com que a jovem alterasse a sua aparência perispiritual. Ela assumiu características infantis, até os cinco anos de idade, aproximadamente. Observei que, da cabecinha da criança-Espírito começou a sair uma luz semelhante ao laser, que bailava no ar. O feixe luminoso penetrou aquela massa de gametas e se conectou a um espermatozoide, que adquiriu luminosidade especial e avançou, tomando a frente dos demais. Dessa forma, o centro coronário do Espírito foi magneticamente acoplado a um espermatozoide com a mesma densidade vibratória do reencarnante, a fim de gerar um corpo compatível com as suas necessidades evolutivas.

Ficamos ali por alguns minutos até a hora em que o espermatozoide entrou na coroa do óvulo e o fecundou. O óvulo era agora um ovo ou zigoto. E eu vi o Espírito sorrir, imantado à célula que daria origem ao seu novo corpo. Joanna esclareceu-me:

— Agora o zigoto vai subir na direção do útero, dando início ao fenômeno da multiplicação celular. Em breve, na câmara sagrada do útero, esta etapa da reencarnação será completada, ficando os detalhes finais para o futuro. Como o processo reencarnatório começa no momento da fecundação, a partir de agora qualquer interferência impeditiva caracterizará um aborto. E aonde for a gestante o ser espiritual estará ligado a ela. Como se trata de um Espírito lúcido, ele não ficará obrigatoriamente ao lado da genitora. Ela poderá ir a qualquer lugar que o vínculo perispiritual elastece-se sem romper-se (10).

No dia seguinte eu contei o ocorrido à minha amiga, sem mencionar os detalhes:

— Você está grávida! Você vai ser mãe de uma menina linda!

— Mas, meu Deus! Eu ainda nem descansei da última gestação!

— Deveria ter descansado antes. Porque agora é tarde... — acrescentei, em tom de descontração.

Passou-se um largo período... Em determinada noite Joanna informou-me:

— Vá tomar café com os nossos amigos, fulano e beltrana, porque o parto será hoje.

Naquele tempo havia uma parteira profissional que acompanhava a gestante. Somente quando o parto se complicava é que a parturiente era levada ao atendimento médico especializado. Algumas pessoas mais ricas preferiam ter seus filhos na maternidade, o que não era o caso dos meus amigos.

Eles sempre me recebiam em seu lar, pois frequentemente eu era convidado para um lanche naquela residência. Por isso, eu fui visitá-los depois das atividades espíritas daquela noite. O meu amigo e eu estávamos fazendo uma breve refeição na sala de jantar, enquanto a gestante repousava em seu quarto.

De repente, eu detectei a presença do Espírito reencarnante, imantado ao seu corpo físico pelo centro coronário. Eu pude vê-lo sendo sugado na direção do organismo materno de uma forma bem peculiar. A criancinha olhou para mim, acenou como quem se despede e me disse:

— Divaldo, eu já vou!

Então, eu falei ao marido:

— Corra que a criança está nascendo!

— Mas Divaldo...

— Corra!

Ele saiu apressado pelo corredor da casa e quando chegou ao quarto, a esposa estava com contrações intensas e inesperadas. Até aquele instante ela experimentava apenas contrações muito suaves. Mas com esta contração súbita o próprio pai precisou segurar a criança, que acabou nascendo. E eu pensei comigo mesmo: “Oh, apressadinha!”. Em seguida, eu saí às pressas para chamar a parteira, que morava em uma casa próxima e pôde terminar o trabalho de parto.

Devemos lembrar-nos de que o ser que vai reencarnar não se conecta definitivamente ao corpo de forma imediata. O organismo físico é como uma esponja que vai absorvendo lentamente o Espírito até os sete ou oito anos de idade, quando o Espírito perde a consciência da realidade espiritual e se apropria completamente do corpo (11).

Quando olhei o rostinho da menina constatei que ela possuía exatamente os traços fisionômicos que eu havia visto em minha projeção fora do corpo.

Hoje ela está com idade madura e já é avó. Casou-se aos vinte anos e uma de suas filhas casou-se aos dezoito, dando-lhe um neto.

Como Joanna me havia dito que a sua seria uma tarefa de rara beleza, eu fiquei na expectativa para testemunhar o desdobramento das suas atividades.

Esse Espírito tornou-se uma trabalhadora dedicadíssima do bem, uma espírita verdadeiramente cristã. Não é célebre. Ninguém a conhece. E portadora de uma mediunidade rutilante e anônima, tornando-se instrumento para o fenômeno da psicofonia acompanhada de xenoglossia. Sua psicografia inconsciente é luminosa e seus dons de cura espiritual têm auxiliado muitas pessoas em sofrimento.

Há muitas décadas, visitamos o hospital de hansenianos de Águas Claras, em Salvador. Quando a jovem médium completou quinze anos de idade ela começou a nos acompanhar. E, às vezes, quando a doença faz com que se abram feridas purulentas no corpo de um paciente, dolorosas e difíceis de tratar, ela distende as mãos, eleva-se em oração e se transfigura para atender ao semelhante. Eu vejo que de suas mãos se desprendem chispas luminosas que se derramam sobre a região lesionada. E os pacientes dizem: “Ah! Que alívio! Parece um ar refrigerado”.

Esse alívio que os pacientes descrevem é mesmo peculiar. Um dia, uma senhora que é um pouco aturdida mentalmente estava recebendo um passe da médium dedicada. No auge da transmissão de energias revigorantes a paciente comentou: “Quem está colocando pomada de mentol nas minhas feridas?”. A trabalhadora do bem se especializou no tratamento de hansenianos, pacientes com câncer e pacientes soropositivos para o HIV, que desenvolvem feridas provocadas pelas infecções oportunistas.

Portanto, eu tive a alta felicidade de acompanhar ao vivo, sem testemunhar o momento do clímax, uma união sexual sublime! O casal teve nove filhos e envelheceu vivendo a mais profunda ternura. Ele já desencarnou e ela continua viúva, a serviço do bem. E isso graças ao amor!

* * *

Entretanto, os Espíritos em degraus muito primários da evolução e aqueles que transitam por um estado evolutivo mediano reencarnam por um processo mais genérico e menos dotado de particularidades, no qual a interferência consciente do reencarnante na sua programação reencarnatória é muito pequena ou mesmo nula, ficando sob a responsabilidade dos seus Espíritos tutelares ou sob o efeito das leis do automatismo. Essas leis fazem com que sejamos atraídos automaticamente para uma forma física que dispõe de heranças genéticas compatíveis com a nossa frequência vibratória.. O psiquismo espiritual entra em sintonia com esses genes porque eles trazem as características biológicas adequadas à tarefa evolutiva que iremos desempenhar na encarnação que está sendo projetada. O automatismo no processo reencarnatório acontece, por exemplo, com Espíritos obsessores (12).

Entre os anos de 1962 e 1965, eu estava psicografando o livro Dimensões da Verdade, de autoria do Espírito Joanna de Angelis. A obra contém um capítulo muito intrigante, no qual Joanna esclarece que certas entidades de baixo calibre moral são programadas para renascerem em determinados meios sociais no intuito de criarem embaraços à marcha da evolução social. Nessas ocasiões, técnicos em reencarnação que se encontram comprometidos com objetivos perversos (Espíritos muito intelectualizados, porém de nível moral inferior) enviam à Terra os seus comparsas para provocarem interferências no progresso da humanidade, tentando impor obstáculos a inúmeros movimentos de elevação espiritual. Por meio de suas ideias torpes e de seu comportamento beligerante, esses comparsas retornam à dimensão física e intoxicam ambientes destinados a edificar a fraternidade e o bem.

Imaginemos uma doutrina que surge no cenário do mundo e que se transforma em uma contribuição enriquecedora para a coletividade. Espíritos atormentados e atormentadores reencarnam no seio dos trabalhadores dessa doutrina para torpedeá-la, criando controvérsias e dificuldades, uma vez que se dedicam a difundir falsos conceitos e a gerar dissensões entre os seus partidários.

É fácil concluir que a Doutrina Espírita não está imune a essas investidas do mundo espiritual inferior. Pessoas há, nas fileiras do movimento espírita, que se detêm em determinados ângulos do conhecimento e da prática espírita e assumem a condição de donos da verdade. Um indivíduo que elege tal postura costuma afirmar que sabe tudo sobre o Espiritismo e que nenhum outro estudioso ou praticante possui o respeito e o mérito que ele mesmo se atribui, passando a admitir que o seu papel é vigiar os outros para constatar se todos estão defendendo a verdade, conforme o seu ponto de vista.

Essas pessoas podem ser excelentes intelectuais, mas nunca se dispuseram a descer do trono da sua vacuidade para serem simples e humanas, distendendo a mão aos companheiros de jornada evolutiva e participando de atividades doutrinárias como mais um integrante, que pretende apenas colaborar sem sobrepor-se a ninguém.

Na época em que Joanna escreveu o livro e registrou o fato de que entidades perversas poderiam assumir a condição de técnicos em reencarnação, eu confesso que fiquei com dificuldade para assimilar a informação, pois se trata de um fenômeno inusitado. Resolvi deixar que o tempo me auxiliasse a digerir o assunto com tranquilidade.

Muitos anos depois eu conheci um senhor no Movimento Espírita e me surpreendi com a forma singular como ele interpretava os conceitos lógicos do Espiritismo. Ele distorcia os princípios espíritas e apresentava ideias exóticas para demonstrar seu presumido saber, além de estar psicologicamente armado contra tudo e contra todos. Minha surpresa foi tanta que eu resolvi dialogar brevemente com ele para tentar entendê-lo:

— O senhor é mesmo espírita? — perguntei-lhe —. Já teve a oportunidade de ler, por exemplo, O Evangelho Segundo o Espiritismo?

— Não me venha com essa tolice de Evangelho! — respondeu o confuso senhor —. Allan Kardec escreveu esse livro para agradar a Igreja!

— Mas o senhor leu O Livro dos Espíritos?

— Ah, sim! Esse é um livro fundamental.

— O senhor está esquecendo o fato de que Jesus está nessa obra. Além de afirmar que Ele é o nosso guia e modelo, O Livro dos Espíritos, em sua terceira parte, aborda as Leis Morais. E foi exatamente dessa parte que surgiu posteriormente O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Ele me olhou com ar de escárnio e desconforto emocional. Foi um olhar tão frio e cruel que me desmontou o ânimo e me causou uma desagradável sensação. Nesse instante, Joanna de Angelis aproximou-se informou-me:

- Este senhor é um daqueles indivíduos que foram programados para criar obstáculos ao bem. Ele foi trazido à reencarnação pelos menores da perversidade no mundo espiritual, junto aos quais assumiu o compromisso de provocar embaraços no movimento de divulgação do espiritismo.

Tempos depois, em uma reunião mediúnica da nossa instituição, Joanna trouxe um desses técnicos em reencarnação para comunicar-se conosco. O companheiro designado para dialogar com ele ficou em uma situação complexa e difícil de administrar, já que o comunicante se acreditava dotado de um conhecimento científico superior e praticamente não deixava o seu interlocutor expressar-se. Afinal, ele se julgava m técnico de grande saber... Na verdade, o Espírito exibia uma argumentação muito volumosa, mas de conteúdo vazio e rudimentar, como é característico em Espíritos pseudo-sábios. Quando ele se afastou do médium, Joanna comentou comigo:

— Ele tem a pretensão de ser um programador de reencarnações, quando na verdade, na condição de técnico, é apenas um executor, não conseguindo aquilatar o Planejamento Divino que se sobrepõe aos seus atos. A atividade nefasta que ele julga realizar com autonomia é simplesmente um efeito da vontade do Criador. Mesmo que uma reencarnação tenha sido efetuada por um técnico perverso, os seres que renascem sob o efeito da sua intervenção terão uma nova oportunidade de aprendizado, enquanto as criaturas humanas que estarão no caminho necessitam experimentar os obstáculos produzidos pelo mentor do mal e por seus colaboradores. A infinita Misericórdia permite a ação do Espírito em face das necessidades evolutivas da humanidade.

Ao término da explicação de Joanna eu compreendi o porquê da postura pretensamente superior daquela entidade. Não seja de admirar que esses seres perversos que habitam regiões inferiores julguem-se possuidores de uma grande força psíquica e de uma habilidade incomum para agirem conforme desejam. São Espíritos que, ao longo dos séculos, a mitologia dos povos denominou demônios, advindos de regiões do Além-túmulo que a mesma mitologia designou como inferno ou equivalente. De fato, eles possuem relativa força e habilidade na busca de seus objetivos insanos. Mas somente contam com esse instrumental porque isso lhes é concedido temporariamente para que se tornem agentes do Poder Soberano. Durante algum tempo eles serão os braços da Lei maior, até quando interessar a Deus esse processo, porque em breve os técnicos do mal serão também levados à reencarnação, que normalmente ocorre por um fenômeno compulsório (13).

Não há privilégios para a reencarnação. Não obstante, como dissemos antes, aqueles Espíritos nobres, verdadeiros missionários do bem, recebem da Divindade uma maior liberdade para escolherem vários aspectos da sua futura existência física. Uma das prerrogativas desses Espíritos é a permissão para programarem o mapa genético que atenderá às suas necessidades de realização na Terra, bem como a escolha da família que os receberá (14).

Quando falamos sobre o amor sublime, queremos lembrar que o afeto que possui uma dose mais acentuada de busca sexual também é perfeitamente compreensível. É possível amar-se sexualmente a outrem. Talvez não existam outros lances transcendentais, mas existirão o companheirismo e o carinho, porque o indivíduo pode ainda estar numa fase primária, em que o amor caminha ao lado das sensações. É muito nobre, desde que respeite o seu parceiro, pois o que foge da linha do equilíbrio é a ausência de consideração no relacionamento.

Os Espíritos amigos nos ensinam que o retorno de uma individualidade à vida corporal pode acontecer por diversos métodos. O mecanismo de imantação do Espírito à matéria será o mesmo. Desde que haja condições que propiciem a reencarnação ela poderá iniciar-se na tuba uterina ou fora dela, como é o caso da fecundação in vitro. O método para que o reencarnante se materialize na dimensão física é indiferente, desde que ele consiga produzir o acoplamento do seu períspirito ao zigoto, à célula primordial que vai desdobrar a realidade do futuro corpo. A explicação é válida, inclusive para a hipótese de uma clonagem...

Os instrutores espirituais acreditam que no futuro, provavelmente, um futuro não muito próximo, o avanço da Ciência tornará perfeitamente normal o processo de clonagem humana. E importante esclarecer que se trata da clonagem do corpo físico, porque as características psicológicas inerentes ao ser que manipulará o corpo jamais serão clonadas. A personalidade, a inteligência, as emoções, o livre-arbítrio serão sempre de responsabilidade do Espírito reencarnante, o que nos autoriza a concluir que o processo de clonagem estará restrito às características biológicasgerais que definem o ser humano (15).

Vale ressaltar que, para os Espíritos, futuro próximo pode significar cem, duzentos ou trezentos anos...

Os mentores espirituais ainda afirmam que a Ciência desenvolverá uma espécie de útero artificial que poupará à mulher os testemunhos dolorosos da gestação, já que esses equipamentos permitirão o desenvolvimento embrionário e fetal extracorpóreo.

A fertilização assistida é uma das maiores bênçãos, nessa área, que a Ciência obteve para proporcionar a felicidade à criatura humana!

Imaginemos uma pessoa que, por motivos cármicos, vem à Terra impossibilitada de ter filhos, mas que daria a vida pela honra de ser mãe. Se ela dispuser de um meio artificial que lhe proporcione esta bênção, quantas outras dádivas ela não poderá distribuir por causa da alegria que recebe? Enquanto que na frustração, quanta ira, quantos conflitos psicológicos e quantas mágoas teria se não pudesse fruir a felicidade de um filho nos braços?

A Psicologia recomenda que os pais devem manifestar um intenso carinho durante a gestação da criança, envolvendo o feto em uma atmosfera de receptividade e de amor. Numa visão espiritual concluímos que o reencarnante assimila as vibrações psíquicas emitidas pelos seus genitores, o que justifica ainda mais a participação deles para que o seu filho experimente uma reencarnação saudável. Por isso, com o surgimento desses úteros artificiais, mais facilidade ainda terão esses pais para proporcionarem ao filho um ambiente de amorosa expectativa, sobretudo a mãe, pois ela estará liberada da dificuldade de carregar a criança no útero e terá o seu filho praticamente diante de seus olhos, que envolverá com imensa ternura.

* * *

Livro: Sexo e Consciência - capítulo 2
Organizado por Luis Fernando Lopesa partir de palestras de Divaldo P. Franco

Notas:

(10) Pará ampliar a compreensão sobre o fenômeno da gravidez será útil analisar o tema da gestação frustrada e dos “partos” no mundo espiritual. Ver os livros: Painéis da Obsessão, de Divaldo Franco/Manoel P. de Miranda, Ed. LEAL, cap. 15 (Trama do Ódio) E cap. 16 (Causas Ocultas do Infortúnio); Transição Planetária, de Manoel P. Miranda/Divaldo Pratico, Ed. LEAL, cap. 12 (A Vida Responde Conforme Programada). Nota do organizador.

(11) Ver o livro Temas da Vida e da Morte, Manoel P. de Miranda/Divaldo Franco, Ed. IT.R, cap. “Reminiscências e Conflitos Psicológicos”. Nota do organizador.

(12) Consultar os livros: Temas da Vida e da Morte, cap. “Pensamento e Períspirito”; Trilhas da Libertação, de Manoel P. Miranda/Divaldo Franco, Ed. LEAL, cap. “O Caso Rau-linda” e cap. “Ocorrência Grave”; Entre a Terra e o Céu, de Francisco Cândido Xavier/André Luiz, ed. FF.R, cap. 28 (Retorno) e cap. 33 (Aprendizado). Nota do organizador.

(13) Ver também Trilhas da Libertação, cap. 11 (Reflexões Necessárias). Nota do organizador.

(14) Consultar os livros: Missionários da Luz, de Francisco Cândido Xavier/André Luiz, d. FEB, cap. 12 (Preparação de Experiências); Entre os Dois Mundos, de Manoel P. de Miranda/Divaldo Franco, Ed. LEAL, cap. 19 (Compromissos de Libertação). Nota do organizador.

(15) Sobre o acoplamento do Espírito à matéria, a fecundação in vitro e a clonagem humana, ver os livros: Atualidade do Pensamento Espírita, de Vianna de Carvalho/Divaldo Franco, Ed. LEAL, cap. 2 (Ciências Médicas e Biológicas à Luz do Espiritismo), itens “Engenharia Genética e Genética” e “Embtiologia”; Dias Gloriosos, cap. 9 (Engenharia Genética) e cap. 19 (Clonagem Humana); Transição Planetária, cap. 16 (Programações Reencarnacionistas) e cap. 18 (Reflexões e Diálogos Profundos). Nota do organizador.


27 abril 2022

Dependência - Nilton Moreira

 
DEPENDÊNCIA

Uma das mais difíceis dependências de ser abandonada é o ato de fumar. O tabaco requer uma força de vontade maior em razão de estar enraizado na sociedade. Ligado ao sucesso e charme, pois usa-se piteiras e cigarros aromatizados e com visuais diferenciados.

Apesar da censura no que diz respeito a publicidade, é algo que pode ser utilizado sem proibição. Apenas está restrito em alguns locais, mas vemos em vários programas televisivos e películas, personagens ostentando os mais diversos tipos de fumo.

Por tais particularidades torna-se a mais difícil dependência de largarmos, enquanto que drogas mais fortes só podem ser consumidas na clandestinidade.

Mas todo tipo de vício é de difícil despedida, pois sabe-se que o organismo sente a necessidade, e o cérebro traduz como desejo ao espírito que é o Ser Pensante, a incumbência final.

A persuasão de onde adquirir a droga, os meios para comprá-la, isto é, como conseguir o dinheiro e posteriormente onde consumi-la, é da competência do espírito. O corpo apenas passa o alerta da necessidade, semelhante a fome, sede e outros desejos.

Dizer que uma pessoa dependente é um irresponsável pois para quando quer, não é verdade. É muito difícil a luta e requer além de força de vontade, uma desintoxicação preliminar, para depois então entrar num período de convencimento.

O dependente de qualquer tipo de vício nunca fica curado. É sempre um doente em recuperação, por isso deve ficar atento para não recair, e se acontecer, voltar novamente do ponto inicial.

O comprometimento maior é o do traficante. Este sim deve receber perseguição das autoridades e ser execrado da sociedade, pois põe em risco a vida de outrem. Geralmente o traficante não é usuário. Portanto age ciente do mal que está praticando.

A necessidade do usuário cada vez vai aumentado mais, visto que junto a ele chegam espíritos que na época que estavam encarnados eram também usuários, e em razão de não poderem mais segurar materialmente a droga, sorvem as emanações fluídicas do encarnado. Por isso a dificuldade maior de libertar-se do vício seja ele qual for.

É necessário normalmente internação para desintoxicação, e depois frequentar um grupo de apoio, mantendo sempre força de vontade através da prece ao Altíssimo, cujo socorro virá.

Força a todos.

Nilton Moreira
Artigo da Semana - Estrada Iluminada
 Fonte: Espirit Book

26 abril 2022

Onde andará meu Anjo da Guarda? - Antonio Carlos Navarro

 
ONDE ANDARÁ MEU ANJO DA GUARDA?

A existência de espíritos protetores junto aos encarnados também faz parte da crença popular, e se faz presente em todas as culturas religiosas do mundo.

Em meio às questões relacionadas ao tema, Allan Kardec tece o seguinte comentário:

“A doutrina dos anjos de guarda, velando sobre seus protegidos apesar da distância que separa os mundos, não tem nada que deva surpreender; é, ao contrário, grande e sublime. Não vemos na Terra um pai velar pelo seu filho, embora esteja afastado dele, ajudá-lo com seus conselhos por correspondência? O que haveria, então, de espantoso em que os Espíritos pudessem guiar aqueles que tomam sob sua proteção, de um mundo a outro, uma vez que para eles a distância que separa os mundos é menor do que aquela que, na Terra, separa os continentes? Eles não dispõem, por outro lado, do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo magnífico da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o veículo da transmissão do som?”

Para tornar o assunto plenamente entendível, pergunta o Codificador:

Há Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para protegê-lo? – Sim, o irmão espiritual; é o que chamais de bom Espírito ou bom gênio. (1)

Qual é a missão do Espírito protetor? – A de um pai para com seus filhos: conduzir seu protegido ao bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo em suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida. (2)

Das questões propostas à Espiritualidade Superior, sobressai, pela profundidade, a que é respondida por São Luís e Santo Agostinho:

O Espírito protetor abandona algumas vezes seu protegido quando este é rebelde aos seus conselhos? – Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis e a vontade de aceitar a influência dos Espíritos inferiores é mais forte no seu protegido. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir; é, porém, o homem quem fecha os ouvidos. O protetor volta logo que seja chamado.

É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos de guarda. Pensar que se tem sempre perto de si seres superiores, sempre prontos para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros e devotados que as mais íntimas ligações que se possa ter na Terra, não é uma idéia bem consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus, que por amor os colocou perto de vós, cumprindo uma bela, embora difícil, missão. Sim, em qualquer lugar onde estiverdes estarão convosco: nas prisões, nos hospitais, nos lugares de devassidão, na solidão, nada vos separa desses amigos que não podeis ver, mas de quem vossa alma sente os mais doces estímulos e ouve os sábios conselhos.

Deveríeis conhecer melhor essa verdade! Quantas vezes vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes vos salvaria dos maus Espíritos! Mas no dia decisivo, esse anjo do bem terá que vos dizer: “Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo? E tu aí te precipitaste. Não te fiz ouvir na tua consciência a voz da verdade? E não seguiste os conselhos da mentira?” Ah! Interrogai os vossos anjos de guarda; estabelecei entre eles e vós essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes esconder nada, porque eles são os olhos de Deus e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro. Procurai avançar nessa vida e vossas provas serão mais curtas; vossas existências, mais felizes. Vamos, homens de coragem! Atirai para longe de vós de uma vez por todas os preconceitos e idéias retrógradas. Entrai no novo caminho que se abre diante de vós. Marchai! Marchai! Tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.

Aos que pensam que é impossível para os Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão árdua e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas estando a milhões e milhões de quilômetros. Para nós o espaço não é nada e, embora vivendo em outro mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação com o vosso. Nós podemos usar de faculdades que não podeis compreender, mas ficais certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e não vos abandonou sozinhos na Terra sem amigos e sem apoio. Cada anjo de guarda tem seu protegido por quem vela, como um pai vela pelo seu filho. Fica feliz quando o vê no bom caminho; fica triste quando seus conselhos são desprezados.

Não temais nos cansar com vossas questões. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco: sereis mais fortes e felizes. São essas comunicações de cada homem com seu Espírito familiar que fazem de todos os homens médiuns, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e que se espalharão como um oceano sem limites para repelir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí os vossos irmãos; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumprireis assim: é a do Cristo, a que Deus vos conferiu. Por que Deus vos deu a inteligência e a ciência, senão para as repartir com vossos irmãos, para fazê-los adiantarem-se no caminho da alegria e da felicidade eterna? (3)

Com essas explicações temos um farto material para nos posicionarmos em relação aos espíritos protetores.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro
Fonte:
Kardec Rio Preto

Referências:

1. O Livro dos Espíritos – Questão 489.

2. ____Questão 491.

3. ____Questão 495.

25 abril 2022

Nossos Filhos e o Carnaval - Flávio de Oliveira

 
NOSSOS FILHOS E O CARNAVAL

Ao contrário da famosa frase de Caetano Veloso – “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” – a frase “Atrás do trio elétrico também vai quem já morreu” não tem uma autoria conhecida, mas com certeza já está bastante difundida no movimento espírita quando queremos falar da questão do carnaval e suas consequências.

Ela nos lembra que no meio da folia onde, via de regra, as pessoas vão para extravasar, há sempre a companhia de espíritos inferiores que, por já estarem desencarnados, buscam se aproximar dos encarnados para satisfazerem suas necessidades de reviver as sensações e prazeres que não mais conseguem usufruir.

Nesses momentos, nos lembra Richard Simonetti em um dos seus famosos “Pinga Fogo” que “Os foliões renunciam, momentaneamente, às conquistas da civilização e retornam à taba” e, dessa forma, se envolvem em situações que, em muitos casos, vão lhes trazer consequências indesejadas tanto físicas quando morais.

Muitas pessoas insistem que o que vale é a sintonia e que se estivermos com nobres propósitos e pensamentos elevados não haveria problema algum em participar dos festejos carnavalescos. Também aqui recorro ao mesmo texto de Richard Simonetti onde ele diz: “Poderia também entrar no salão com o evangelho na mão. Entretanto, com semelhante disposição dificilmente encontraria prazer no carnaval”.

Mas aí vem a grande questão: haveria problema em levarmos nossos filhos nas matinês e deixá-los participar da folia? Afinal lá não haveria, em teoria, bebidas, drogas nem comportamento lascivo…

Para responder a esta pergunta, devemos primeiro nos lembrar que a infância é o principal período para a educação do espírito e é responsabilidade dos pais acompanhar seu desenvolvimento, estimulando as boas tendências e corrigindo os impulsos mal direcionados que ele já traz de outras existências. Dessa forma vamos lhes oferecendo estímulos superiores e ideais nobres, os auxiliando a se tornarem pessoas melhores.

Nesse período os pais são os responsáveis pela referência dos valores morais para seus filhos e ensinam, principalmente através do exemplo, aquilo o que é certo e errado.

Então, se já temos a noção de que os festejos carnavalescos não trazem nada de bom para nosso desenvolvimento moral, qual o motivo de oferecermos esse tipo de “lazer” aos nossos filhos? Como vamos orientá-los quando estiverem maiores sobre o que realmente é o carnaval se desde pequenos os incentivamos a participar?

Relembremos então Emmanuel no livro “O Consolador”, questão 109 quando ele nos diz: O período infantil é o mais sério e o mais precioso à assimilação dos princípios educativos. Passada a época infantil, os processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com a integração do espírito em seu mundo orgânico material e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então só o processo violento das provas rudes no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas.”

Sejamos sábios ao educar

Buscando agir desde cedo

Sendo próximos e amigos

Mas corrigindo sem medo

Flávio de Oliveira
Fonte:
Agenda Espírita Brasil
 
Nota do autor:
 
Coluna – Evangelização Infantil, Texto – Fevereiro/22.


24 abril 2022

Médiuns transviados - Arlene Paes Dias

 
MÉDIUNS TRANSVIADOS

“Mediunidade é talento divino para edificar o consolo e a instrução entre os homens.” (1)

Médium é o intermediário entre os dois mundos: o material e o espiritual. No item 159 de “O Livro dos Espíritos”, Kardec afirma que todos os que sentem a presença dos Espíritos, mesmo que em graus de diferentes intensidades, são médiuns. Vale salientar que, mesmo sendo portadores da faculdade mediúnica, nem todos serão médiuns, porque nem todos conseguem transmitir as mensagens do mundo espiritual. No mesmo item, Kardec afirma que são poucas as pessoas que não possuem essa faculdade, o que nos leva a concluir que médium não é apenas aquele que é espírita. Pode haver médiuns entre os membros de qualquer religião, como também entre os ateus e materialistas. O que diferencia o médium espírita dos demais é que, sendo espírita, ele estuda, aceita e pratica os salutares princípios doutrinários do Espiritismo para que, com o tempo, consiga a sua renovação como Espírito imortal que é.

No seu livro “Estudando a Mediunidade”, no capítulo 40, o autor Martins Peralva afirma que o “Espiritismo é um corpo de Doutrina, de elevado teor espiritual, consubstanciando normas e diretivas superiores que visam, primordialmente, à elevação do ser humano”.

O homem é um Espírito que tem um corpo e, por essa razão, precisa entender que seu corpo perece, mas que o Espírito que o habita viverá eternamente, aceitando a necessidade de ser perseverante na transformação da sua essência para evoluir.

Na caminhada do espírita, estudar é uma parte muito importante, especialmente quando o assunto é mediunidade. Conhecer o tema traz muita segurança ao médium que pode perceber os obstáculos que enfrentará, e, assim, ultrapassá-los com segurança. A literatura espírita contém livros de autores sérios nos quais poderão ser encontradas orientações úteis para que os médiuns desenvolvam e cultivem suas faculdades com sucesso, contribuindo para seu progresso individual e daqueles que consigo convivam. É importante destacar que a primeira leitura de todo médium em desenvolvimento deveria ser “O Livro dos Médiuns”, acompanhada do entendimento evangélico.

A Doutrina Espírita considera a mediunidade como um meio usado por Deus para auxiliar a evolução da Humanidade. No Centro Espírita, os médiuns buscam orientação para seu desenvolvimento. Por isso, a importância de dirigentes que estudem, conheçam, pratiquem e ensinem tudo o que Jesus nos deixou como exemplo. Dirigentes despreparados podem atrapalhar o desenvolvimento dos médiuns e a assistência espiritual àqueles que procuram auxílio. Mesmo na casa espírita há espíritas que não cultivam a mediunidade, assim como há médiuns que não estudam o Espiritismo e o Evangelho de Jesus.

Vale ressaltar que os médiuns não são pessoas especiais, privilegiadas, que foram agraciadas com esse dom. “Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso.” (2)

São Espíritos que tombaram porque abusaram do poder, da autoridade, da fortuna, da inteligência e a reencarnação torna-se a oportunidade que o Espírito tem para resgatar seus comportamentos inadequados. Nova oportunidade. Para que possa aproveitá-la bem, o seu empenho é imprescindível.

Praticar a mediunidade, exercendo-a em nome de Jesus, tendo por base os ensinamentos da Doutrina Espírita, será sempre um instrumento de educação para o médium, que poderá consolar os aflitos, curar os enfermos e esclarecer os que ignoram Jesus. Por isso, para realizar com responsabilidade essa tarefa, deverá, continuamente, estudar, entender e praticar o Evangelho de Jesus; ser humilde e encarar a mediunidade como oportunidade de recomeçar, corrigindo imperfeições de vidas passadas ou da atual encarnação.

Feitas todas estas considerações, podemos afirmar que a mediunidade pode ser exercida de duas formas: a mediunidade com Jesus, aquela que se exerce em função de objetivos supremos; e a mediunidade sem Jesus, a que é exercida em função de interesses inferiores, preocupada com assuntos geralmente ligados à vida material.

O Espiritismo, como doutrina codificada, estabelece normas para a prática dessa faculdade bendita: deve ser exercida de forma simples, sem ritual de qualquer espécie, com a finalidade de visar exclusivamente ao bem e ser praticada para atingir a elevação espiritual. Não reconhece também, como prática espírita, todas aquelas que consultam e exploram os Espíritos, tratando sempre de assuntos materiais.

A mediunidade transviada é, portanto, aquela que “se exerce em função de interesses inferiores, à revelia das salutares normas que o Espiritismo estabelece para o intercâmbio com os Espíritos”. (3)

A mediunidade sem Jesus tem algumas características fáceis de serem percebidas para que ninguém se deixe enganar, a menos que queira: consulta e explora Espíritos ainda ignorantes sobre assuntos materiais, ou seja, casamentos, negócios, empregos; consulta e pede ajuda sobre assuntos espirituais inferiores, como ação maléfica sobre a saúde ou a vida do próximo. E quem pratica esse tipo de atividade não ficará impune. Sofrerá consequências dolorosas com a aplicação da lei do resgate em ação, para corrigir todo o mal provocado por comportamento inadequado, como, por exemplo, obsessão provocada pela estreita afinidade entre os membros desse grupo; encontrar-se nas zonas inferiores com essas entidades, após o desencarne, ou reencontrar com essas entidades fazendo parte de sua família, como pais ou filhos.

No livro “Nos domínios da Mediunidade”, eis o que o Instrutor Aulus diz sobre a mediunidade transviada: “Na hipótese de não se reajustarem ao bem, tão logo desencarnem, o dirigente desse grupo e os instrumentos que lhe copiam as atitudes serão eles surpreendidos pelas entidades que escravizaram, a lhes reclamarem orientação e socorro, e, muito provavelmente, mais tarde, no grande porvir, quando responsáveis e vítimas estiverem reunidos no instituto da consanguinidade terrestre, na condição de pais e filhos, acertando contas e recompondo atitudes, alcançarão pleno equilíbrio nos débitos em que se emaranharam”. Concluiu Aulus: “cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde”. (4)

Grupos esclarecidos e fraternos poderão ajudar a mudar esse quadro. Conversação amiga, palestras evangélicas, recomendando a leitura de livros e artigos educativos, convidando-os amigavelmente a trabalharem com Jesus.

A falta de estudo e de comprometimento com a própria transformação, ou seja, o envolvimento de cada um com sua reforma íntima, poderão levar a esse quadro. Chegará o dia em que, quando todos nós estivermos evoluídos, porque nos empenhamos para tal, não haverá mais espaço para tais grupos, pois não serão mais procurados. Estimulando o trabalho e o estudo caridosamente, sem críticas aos que ainda não o praticam, tratando com carinho e respeito todos os Espíritos ainda não esclarecidos, teremos sucesso nessa mudança.

“Terás a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante concessão por empréstimo. E nos dias em que esse mistério de luz te pese demasiado, volta-te para o Cristo - Divino Instrumento de Deus na Terra - e perceberás, feliz, que o coração crucificado por devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em triunfo a consciência tranquila do vencedor.” (5)

Arlene Paes Dias
Fonte:
Espiritismo na Rede

Bibliografia:

1 - XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, ditado pelo Espírito Emmanuel -16ª Edição - Editora FEB - Rio de Janeiro/ RJ - 2005, lição 77.

2 - XAVIER, F. C. Palavras de Emmanuel, ditado pelo Espírito Emmanuel – 11ª edição - Editora FEB – Brasília/DF - 2013, lição 30.

3 - PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade, 27ª edição - Editora FEB - Rio de Janeiro/RJ - 2011, lição 40.

4 - XAVIER, F. C. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo Espírito André Luiz - 23ª edição – Editora FEB - Rio de Janeiro/RJ- 1995, capítulo 27.

5 - XAVIER, F. C. Encontro Marcado, ditado pelo Espírito Emmanuel, 14ª edição, Editora FEB, Brasília/DF-2013, lição 28.


23 abril 2022

Qual é a sua razão de viver? - Adriana Machado

 
QUAL É A SUA RAZÃO DE VIVER?

Começamos a nossa conversa com essa pergunta e, não se iludam pensando que ela é simples, porque muitos terão dificuldades em respondê-la.

Podemos ter respostas prontas do tipo: a minha razão de viver é a minha família, meus filhos, meus pais, minha realização pessoal... somente porque sabemos que seriam as respostas mais “certas” para darmos. Mas, elas estampam a nossa realidade?

Como agimos todos os dias? Como demonstramos a relevância destas pessoas no nosso dia a dia? Será que é somente quando elas partem que analisaremos o nosso comportamento em relação a elas?

Para as primeiras questões, deixo as respostas para a sua análise pessoal, mas para essa última pergunta a resposta é: na maioria das vezes, sim, infelizmente. É somente quando alguém que muito amamos se vai que paramos para sentir a sua falta, a sua relevância em nossa vida e sofremos por não termos dado um pouco mais do nosso tempo para ela em nosso cotidiano.

Em que pensamos quando acordamos? É na família, no trabalho ou na ascensão social que queremos alcançar? Tudo junto?

Falamos de nossas famílias, amigos, companheiros de jornada, que nos acompanham, nos amam e nos encorajam a seguir com a vida, principalmente quando ela não está fácil. Falamos de trabalho e ascensão social... mas, será que não falta alguém ou alguma coisa nesta relação?

Existe alguém para quem muito lutamos, mas pouco analisamos a sua relevância; que, normalmente, é esquecido, é desvalorizado, e jamais é poupado de nossos desequilíbrios. Ele é quem mais serve de alvo de nosso julgamento e críticas, de nossa intolerância e descrédito frente às suas dificuldades. Esta pessoa que tanto necessita de nossa atenção e consolo, de nossa tolerância e caridade, de nossa valorização e tempo para ampará-la, amá-la e compreendê-la, deveria ser aquela que jamais daríamos às costas porque sem ela nada poderíamos ser, fazer ou aprender.

Essa pessoa é VOCÊ.

Vai parecer clichê, mas quantos de nós se valoriza? Quantos procuram conhecer a si mesmos? Quantos param para, verdadeiramente, descobrir o que os incomoda, o que precisa ser mudado, o que necessita para um crescer com menos dor? Quantos de nós se dão paz?

Hoje, graças a Deus, muitos são os que estão se voltando para compreender o seu papel nesta grande Escola da Vida. Estão se buscando, porque algo está faltando e este algo é a ligação mais profunda do seu Eu, da sua Chama Divinal, com o seu Ser consciente.

Outros, porém, ainda não acordaram para isso. Enquanto estes continuarem depositando a sua razão de viver em algo ou alguém que não seja o seu Eu mais profundo, tudo ficará sem sentido, não se sentirão aptos para a sua caminhada evolutiva, não acreditarão em sua capacidade de enfrentar os desafios da vida, sofrendo profundamente diante das adversidades porque não se fizeram aliados de si mesmos. Sozinhos sucumbirão ante as dificuldades que lhes fazem ascender.

Lembrei do pontinho preto no imenso lençol branco. No que vocês fixariam a sua atenção? Se a sua resposta é para o pontinho preto que o está incomodando, você acabou de descortinar uma sábia manobra da vida para o seu crescimento íntimo: tudo o que o incomoda o leva a prestar mais atenção nele, o faz querer consertá-lo ou modificá-lo para que fique bem alinhado aos ditames do que você acha ser o certo. Então, concluímos que não são ruins os pontos pretos em nossos lençóis, porém, como escolhemos enfrentá-los ou como exacerbamos os nossos incômodos é que fará a diferente!

Por ainda não compreendermos o quanto ele (ponto preto) pode nos fazer progredir, fixamo-nos neste, reclamando do lençol ter sido maculado, e esquecemos que a sua função de cobrir não está perdida e que o ponto preto pode ser lavado.

Reclamamos tanto daquilo que nos incomoda que deixamos de valorizar o que temos de positivo e deixamos de agir com todo o nosso potencial para enfrentarmos as adversidades. Como reflexo desta nossa postura, não nos valorizamos, não nos perdoamos, não aceitamos as nossas limitações, criando um vazio existencial.

Por exemplo, eu não consigo fazer algo que outras pessoas fazem bem. Em razão disso, me condeno pela minha incapacidade. Estaciono no meio do caminho ante o meu cruel julgamento. Mas, se voltamos para nós os olhos da tolerância e amor, perceberíamos que isso nós ainda não conseguimos fazer, mas outras tantas coisas já fazemos com muita competência. E o exemplo do peixe que não sabe subir em árvores, mas, poucos são os que nadam melhor do que ele. Isso é nos conhecermos.

Vocês podem estar pensando que eu os quero egoístas e pensando somente em si. Claro que não é isso! O que estou dizendo é que, para nos doarmos por inteiro, para estarmos bem com quem amamos e com o mundo, temos que agir da mesma forma conosco.

Para tanto, precisamos saber quem somos nas boas ou más tendências. Isso não é egoísmo, isso é autoamor. Quando nos amamos com consciência, conseguimos amar muito mais profundamente o outro que está ao nosso lado.

Infelizmente, ao não nos amarmos com sabedoria, nos fixamos muito mais nas nossas más tendências e nos convencemos de que não somos capazes de valorizar quem somos e, por consequência, quem está ao nosso redor.

Conhecer a si mesmo vai além do saber do que somos capazes, é também olharmos para nós sem uma visão deturpada de nós mesmos. Precisamos nos esforçar para nos parabenizar pela caminhada árdua que trilhamos até onde estamos.

A nossa razão de viver deve ser pautada, primordialmente, na vontade de nos “bem compreender”, porque fazendo isso nos “bem capacitamos” na compreensão do próximo e, nesta vibração enobrecedora, tudo se tornará um “bom reflexo” do Ser divino que há em nós.


22 abril 2022

Refutação da intervenção do demônio - Rogério Coelho

 
REFUTAÇÃO DA INTERVENÇÃO DO DEMÔNIO

Ao acoroçoarem dogmas fantasiosos as religiões gestaram a incredulidade hodierna

Pelo fruto se conhece a árvore”. – Jesus. (Mat. 12:33)

No passado não muito distante, com claros reflexos até aos nossos dias, foi inventada a figura mitológica do bicho-papão, como “recurso” psicológico para sossegar as crianças insubordinadas. Assim também, inúmeras instituições religiosas criaram o diabo para manter apascentado, pelo terror, em seus respectivos apriscos, os rebanhos de fiéis. Mas o problema se impõe quando a criança cresce e percebe que o bicho-papão foi só uma invenção habilidosa; e a partir daí não dá mais o doce para quem lhe oferece proteção contra o papão. Da mesma forma, quem vivia submetido ao medo do demo, descobrindo que ele não passa de ficção, caem, com todo o peso, nos tentáculos impiedosos da incredulidade. Assim, por mais paradoxal que possa parecer, não é o materialismo que oferece mais voluntários para as fileiras da incredulidade, mas sim, as religiões que acoroçoam dogmas fantasiosos que não resistem à análise da lógica e do bom senso.

Jesus profligou esse expediente terrorista, de forma que no momento em que se admite a personificação do demônio, desautoriza-se o Meigo Pastor de nossas Almas.

Felizmente, luzes se acendem aqui e acolá, em todos os tempos, mesmo nos arraiais dogmáticos. É o que nos conta, por exemplo, Allan Kardec (1), do seguinte modo: “(…) Monsenhor Freyssinous, bispo de Hermópolis, em seu livro “Conferências sobre a religião”, p. 341, escreveu em 1825: “Se Jesus Cristo tivesse operado Seus milagres pela virtude do demônio, o demônio teria, pois, trabalhado para destruir seu império, e teria empregado sua força contra si mesmo. Certamente, um demônio que procurasse destruir o reino do vício para estabelecer o da virtude, seria um estranho demônio. Eis porque Jesus, para repelir a absurda acusação dos judeus, lhes disse: “se eu opero prodígios em nome do demônio o demônio está, pois, dividido consigo mesmo; ele procura, pois, se destruir”. (resposta que não sofre réplica).

Todos os eclesiásticos, como se vê, estão longe de professar, sobre a doutrina demoníaca, opiniões tão absolutas quantos certos membros do clero; o Mons. de Hermópolis é, nestas matérias, uma autoridade da qual não se saberia recusar o valor. Seus argumentos são precisamente os mesmos que os Espíritas opõem àqueles que atribuem ao demônio os bons conselhos que recebem dos Espíritos. Que fazem, com efeito, os Espíritos, se não é destruir o reino do vício para estabelecer o da virtude? De conduzir a Deus aqueles que O desconhecem e O negam? Se tal fosse obra do demônio, ele agiria como um ladrão profissional que restituísse o que roubou, e convida­ria os outros ladrões a se tornarem pessoas honestas. Então, seria preciso felicitá-los pela sua transformação. Sustentar a cooperação voluntária do Espírito do mal para produzir o bem, é não só um contrassenso, mas é negar a mais alta autoridade cristã: a do Cristo.

Que os fariseus do tempo de Jesus tenham acreditado nisto de boa-fé, poder-se-ia concebê-lo, porque então não se estava mais esclarecido sobre a natureza de Satã do que sobre as de Deus, e que entrou na teogonia dos judeus deles fazer duas forças iguais. Mas hoje tal doutrina, que é tão inadmissível quanto à que atribuía a Satã certas invenções industriais, como a imprensa, por exemplo; aqueles mes­mos que a defendem são talvez os últimos a nela crerem; ela já cai no ridículo e não assusta ninguém, e em pouco tempo não se ousará mais invocá-la.

A Doutrina Espírita não admite potência rival à de Deus, e ainda menos poderia admitir que um ser decaído, precipitado por Deus num abismo, pudesse ter recobrado bastante poder para contrabalançar os Seus desígnios, o que roubaria a Deus a Sua onipotência. Segundo essa doutrina, Satã é a personificação alegórica do mal, como entre os pagãos Saturno era a personificação do tempo, Marte a da guerra, Vênus a da beleza…

Os Espíritos que se manifestam são as almas dos homens, e entre eles há, como entre os homens, os bons e os perversos, avançados e atrasados. Os bons dizem boas coisas, dão bons conselhos; os perversos dizem as más, inspiram maus pensamentos, e fazem o mal como faziam sobre a Terra; vendo a maldade, a patifaria, a ingratidão, a perversidade de certos homens, reconhece-se que não valem mais do que os maus Espíritos; mas, encarnados ou desencarnados, esses maus Espíritos chegarão um dia a se melhorar, quando forem tocados pelo arrependimento.

Comparai uma e a outra doutrina, e vede a que é mais racional, a mais respeitosa para com a Divindade”.

Rogério Coelho
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

Referência:

(1) KARDEC, Allan. Revue Spirite. Fevereiro de 1867. Araras: IDE, 1993, p. 46-47.


21 abril 2022

Palingenesia - Martins Peralva

 
PALINGENESIA

LE - Questão 167: Qual o fim objetivado com a reencarnação?
R. - Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a Justiça?

Não encomendes, pois, embaraços e aversões à loja do futuro, porque, a favor de nossa própria renovação, concede-nos o Senhor, cada manhã, o sol renascente de cada dia. - Emmanuel


* * *

O apreciador de assuntos transcendentes encontrará, em o Novo Testamento, diversas passagens em que Jesus se refere à reencarnação em termos tão claros que ninguém, em sã consciência, lhes pode atribuir ambígua interpretação.

Dentre elas, é extraordinário, a nosso ver, o formoso diálogo do Celeste Benfeitor com Nicodemos, que culmina na asserção "necessário vos é nascer de novo".

Deparou a reencarnação, em seu caminho, o que se nos afigura natural, tremendos obstáculos.

E não temos dúvidas de,que os encontrará sempre, até que se afirme, plenamente, no consenso universal, impondo-se, como já acontece esporadicamente, pelas constatações irretorquíveis.

Perquirições científicas, criteriosas, umas, apaixonadas, outras.

Obstáculos religiosos e objeções filosóficas.

Preconceitos sócio-raciais.

Barreiras humanas que ruirão, no entanto, à medida que os fatos, comprovados pela Ciência e por todos observados, desmoralizarem a negação, ridiculizarem a opo-sição por sistema, liquidarem as distorções de exegese.

Negar a lógica da reencarnação, tentando esconder-lhe as fulgurações misericordiosas, será, no porvir, tão insensato quanto negar a presença do homem na ribalta do mundo.

Ninguém pode esconder esta verdade: as idéias reencarnacionistas, por mais consentâneas com a razão, ganham terreno no pensamento humano, mercê da am-pliação dos valores culturais.

As indagações da Filosofia, as pesquisas da Ciência e as conjeturas da Religião vão conduzindo o espírito do homem para inequívocas, insofismáveis conclusões ligadas ao problema do Amor e da Justiça de Deus.

O Pai não teria nosso carinho e nossa gratidão se, para O entendermos, não nos tivessem fornecido a chave das vidas sucessivas.

Conceitos clássicos, a respeito da Vida, do Homem e do seu destino dentro da Eternidade não podem escapar a reformulações baseadas na filosofia espírita, levando as criaturas mais aferradas às religiões tradicionalistas, ou os céticos inveterados, a meditarem, mais profundamente, sobre problemas do cotidiano que, sem a hermenêutica reencarnacionista, jamais seriam explicados.

As diversidades na paisagem humana.

As diferenciações culturais. O gênio e o idiota.

Os desequilíbrios psicofísicos.

Os seres anatomicamente bem conformados.

Os fenômenos de teratologia, perene desafio à medicina.

Os contrastes raciais. Sociais. Econômicos.

Todas essas aparentes anomalias nos conduziriam a um Deus cruel, impiedoso, frio, pior do que os homens menos justos, não existisse a reencarnação, que a tudo aclara, que a tudo toma simples.

Na mais longínqua antigüidade, encontramos o pensamento reencarnacionista iluminando civilizações.

Na Índia, com os Vedas, há milhares de anos. Bramanismo e Budismo dão-lhe curso glorioso.

O Egito, na opinião de muitos orientalistas, absorveu do povo hindu a civilização e a fé, incorporando ao seu patrimônio cultural a pluralidade das existências.

Na Grécia, a par dos poemas órficos, Platão, o amado discípulo de Sócrates, conclama: "Almas divinas! Entrai em corpos mortais; ide começar uma nova carreira. Eis aqui todos os destinos da vida. Escolhei livremente; a escolha é irrevogável. Se for má, não acuseis por isso a Deus". Nele encontramos, ainda, o "aprender é recordar", evidente alusão às vidas preexistentes.

Na Gália, com os druidas.

No Cristianismo e, mais tarde, nas mais notáveis figuras do Catolicismo: Agostinho, Gregório de Nice, Clemente de Alexandria, Orígenes e outros.

Em todos, a Lei sábia, equânime, infalível, plenificada de Amor e Justiça Incorruptível, nas oportunidades de redenção e aperfeiçoamento.

Vem, pois, a reencarnação, de muito longe, no tempo e no espaço.

De muito longe, qual viajor incansável, consciente, a excursionar de maneira estupenda, imbatível, desafiando os temporais do preconceito e diluindo as sombras da intolerância.

O Espiritismo, desenvolvendo, em nossos dias, as idéias contidas em "O Evangelho segundo o Espiritismo" e em "O Livro dos Espíritos", através do labor mediúnico de Francisco Cândido Xavier, faz com que o princípio reencarnacionista brilhe no coração da Humanidade, empolgue consciências, ocupe lugar de excepcional relevo nas galerias culturais e no pensamento de eminentes homens do nosso século.

A admissão de outros planetas habitados, por exemplo, cria mais um ponto de conexão entre a Ciência clássica e o ensino palingenésico, sabido como é que a evolução, para se completar, envolve conhecimentos e virtudes que num só mundo, como a Terra, ou numa só encarnação, não podem ser obtidos. É pouco tempo, mesmo que centenárias fossem todas as existências, para uma bagagem, de saber e moral, que assegure ao Espírito a condição de perfeito.

Almas que transitaram por aqui e por mundos equivalentes, realizam, atualmente, em planos estelares, fecundas experiências, aprimorando manifestações de Amor, no rumo da universalização para a qual estamos marchando, ao ritmo penoso de provas acerbas.

O consenso da maioria, em nossa época, representa atualização da tese reencarnacionista.

Indivíduos ferrenhos inclinam-se a aceitá-la por único recurso capaz de logicamente explicar o mundo e a vida, os seres e a evolução que lhes compete efetivar, ao preço de consecutivas experiências e laboriosas acumulações de ordem moral e cultural.

Para que se harmonizem Amor de Deus e fenômenos humanos, em suas múltiplas manifestações, necessária se torna a aceitação do postulado básico, pedra angular da filosofia espírita: "Necessário vos é nascer de novo", preceito evangélico que a Doutrina dos Espíritos realça, em páginas indeléveis.

Os salutares efeitos da reencarnação se fazem sentir no passo-a-passo, no dia-a-dia da existência.

Nos lares que se organizam e se sustentam nas mo-tivações reencarnacionistas, apesar da distonia de seus componentes, misericordiosamente reunidos no cadinho da vivência em comum, entre as quatro paredes de uma casa, para que se reestruture o passado.

Nos grupos de trabalho que se esforçam na com-preensão mútua, ao preço da contenção de impulsos, a fim de que obras respeitáveis não sofram solução de continuidade.

Fenômenos os mais surpreendentes, no campo social, reformulando estruturas antigas, aclaram-se, tão logo lhes apliquemos o prisma reencarnacionista.

Com a explicação das vidas que se interligam, neste e noutros mundos, em perfeito encadeamento, tudo se faz claro, tudo se torna simples.

Teimam alguns homens em não aceitar a reencarnação. Mas, em cada ser humano que pense com isenção, sem má-fé, nem preconceito, o imperativo é formal: re-encarnação, reencarnação...

Assim o cremos.

Por ela, o triunfo espiritual de todos nós.

Leiamos Allan Kardec, em "O Evangelho segundo o Espiritismo": "Com a reencarnação e o progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a encontrar-se na Terra e no Espaço e juntos gravitam para Deus. Se alguns fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a sua felicidade, mas não há para eles perda de toda esperança. Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam, um dia sairão do lodaçal em que se enterraram. Com a reencarnação, finalmente, há perpétua solidariedade entre os encarnados e desencar-nados, e daí o estreitamento dos laços de afeição".

Escreve o mestre lionês, em "O Livro dos Espíritos": "Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporciohando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova".

Emmanuel concita-nos no sentido de que, entendendo a vida e os problemas a ela afetos, busquemos o farol do amor e do entendimento, do bom ânimo e da paz, da solidariedade e do amparo aos que partilham, conosco, os caminhos evolutivos: "Não encomendes, pois, embaraços e aversões à loja do futuro, porque, a favor de nossa própria renovação, concede-nos o Senhor, cada manhã, o sol renascente de cada dia".

O sentido de eternidade do Evangelho reside na própria afirmativa do Divino Mestre: "Passarão o céu e a terra, porém jamais passarão as minhas palavras".

"O Evangelho segundo o Espiritismo", como repositório das lições morais do Cristo e pelo exame que faz, em alguns capítulos, do problema reencarnacionista, desafia o tempo e sintetiza leis que se não derrogam.

Ê a própria Lei de Amor que, na Terra e em todos os mundos, rege o destino das humanidades, conduzindo o Espírito imortal às culminâncias da luz.

"O Livro dos Espíritos", condensando a filosofia do Espiritismo, oferece a chave explicativa dos aparentemente inexplicáveis fenômenos humanos.

Emmanuel, popularizando o ensino evangélico-doutrinário, supre a humanidade, em nossos dias e para o futuro, do alimento espiritual de que tanto carecemos.

O mais evidente testemunho do prestígio e atualidade desses livros é a sua preferência, pelo público brasileiro, dentre as demais obras da Codificação.

Se houvesse superação de seus ensinos; ou se fossem livros que não atendessem às profundas necessidades humanas, estariam, decerto, nas prateleiras das livrarias, desestimulando os editores e entristecendo-nos a todos.

Edições esgotam-se, vertiginosamente, tão logo entregues ao mercado, constituindo, inclusive, lisonjeiro registro quando surge a reclamação de que ambos estão em falta nas livrarias! E assim, exemplar a exemplar, ou aos montes, vão sendo postos à cabeceira de famílias e mais famílias, espíritas ou não, cultas ou apenas alfabetizadas, que lhes absorvem, sequiosas, todas as noites, como prelúdio do sono, o sublime conteúdo.

Benditas as inteligências e os corações desencarnados que os transmitiram, para as sombras da Terra, ausentando-se, temporariamente, em missão sacrificial, dos Celestes Páramos.

Nosso tributo de gratidão a Allan Kardec, valoroso missionário que os corporificou para o mundo sedento de luz.

Nosso reconhecimento, na mesma dimensão, às almas generosas e lúcidas que, pelos condutos da mediunidade sublimada, dão-lhes, em nossos dias, incontestável atualidade, possibilitando caírem sobre as pepitas luminosas das obras codificadoras lições refertas de orientação e consolo.

Nossas almas, em comovedora genuflexão, agradecem a Deus e a Jesus.

Abençoado o formoso diálogo de Jesus com Nicodemos e glória a "O Livro dos Espíritos", no dedicar opulentos capítulos à palingenesia.

Martins Peralva
Livro: O Pensamento de Emmanuel - 7