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31 agosto 2012

Quem Merece Viver e Quem Merece Morrer? - Décio Iandoli Júnior


QUEM MERECE VIVER E QUE MERECE MORRER?

Apesar de não gostarmos de admitir isso, o homem é um ser de visão bastante estreita em se tratando de assuntos como a vida, a doença e a morte; apesar disso, quando fazemos algum avanço, nos arvoramos em detentores da verdade, tentamos reduzir o universo em uma casca de noz forçando a natureza a caber em nossos parcos conhecimentos. Este movimento egoísta e pretensioso é típico do ser humano, principalmente daqueles que tem um conhecimento técnico maior e mais amplo que a maioria de nós, mas que tem uma visão monocromática da vida e da natureza humana.

Esta arrogância já foi experimentada diversas vezes, e a história da humanidade nos conta estes tristes episódios que, infelizmente, aconteceram em abundância. Apesar disso, podemos notar que não aprendemos quase nada com isso tudo, já que mantemos hoje um holocausto velado, que não se faz mais nos campos de concentração insalubres e pútridos, mas nas ricas e bem decoradas clínicas onde se propala uma “medicina fetal” cuja arma “terapêutica” mais utilizada é a morte, chamada cinicamente de “subtração”.

Sob o falso argumento de proteger a mãe e seus direitos, muitas mulheres são induzidas à “subtração” de seus fetos diante de diagnósticos de mal formação ou de síndromes genéticas. Diante da impotência da medicina e de seus praticantes em dar uma solução a determinadas doenças ou mal-formações, a saída é eliminá-las, evitando que o “fracasso” e a “incompetência” anunciada se materialize.

De início as mal-formações graves, depois os sindrômicos, em seguida aqueles com genes que trarão doenças graves no futuro ou então, para garantir que “nada de ruim” possa acontecer com aquela família; depois poderemos escolher a altura, a cor dos olhos ou dos cabelos, o grau de inteligência, quem sabe? Na Holanda já estão matando os fetos com espinha bífida (mal-formação da coluna vertebral).

Tudo isso tem um nome, eugenia, o homem escolhendo, segundo seus interesses ou convicções quem merece viver e quem merece morrer. Depois de tanto tempo, tantas experiências dolorosas, continuamos a incidir no mesmo erro, já que o poder sobre a vida de nossos semelhantes exorta nosso egoísmo, e passamos a uma prática de lógica imediatista que gera dor e sofrimento e cuja origem é bastante óbvia: os interesses de uma pessoa ou de um grupo se impondo aos demais.

Argumentos imediatistas, utilitaristas, escondem a crueldade daqueles que não conseguem colocar o valor da vida humana em seu devido lugar, mas não podemos nos deixar enganar por esta falácia que prioriza razões materiais e políticas e ignora as razões espirituais.

Ofereça a um destes médicos, que estão julgando em suas ricas clínicas quem merece viver e quem merece morrer, a possibilidade de diagnosticar uma criança que terá uma doença chamada esclerose lateral amiotrófica, uma doença que provoca uma destruição gradual das células do cérebro e da medula espinhal que controlam os músculos do corpo, levando a uma paralisia que impede o seu portador de se mover, de se comunicar, tornando-o prisioneiro de seu próprio corpo, capaz de pensar mas incapaz de se expressar, até que a doença atinja seus músculos respiratórios levando à morte em no máximo 3 anos. Certamente ele lhe dirá que é melhor “subtrair” este feto, afinal de contas, quem gostaria de ter um filho assim?

Facilmente, este nosso hipotético médico convenceria a família, posso até imaginar os argumentos:

- Vocês podem tentar novamente, não há necessidade de passar por tudo isso, em alguns minutos tudo estará bem e vocês poderão ir para casa e seguir suas vidas.

Entretanto, vamos oferecer a este mesmo médico um outro caso, onde seria possível prever que uma criança se tornaria um grande cientista, provavelmente um dos maiores físicos do mundo, professor em Cambridge na mesma cadeira que pertenceu a Isaac Newton, escritor de livros incríveis que iriam popularizar a física e os conhecimentos de nossa era às pessoas comuns; o que este médico diria aos pais?

- Vocês terão um gênio, seu filho trará grande contribuição à humanidade, meus parabéns, vamos cuidar para que a gestação corra sem problemas e a criança nasça bem.

Pois bem, os dois casos são um só, trata-se da mesma pessoa, Dr. Stephen Hawking, que teve diagnosticada sua doença aos 21 anos de idade, antes de se tornar um doutor, antes de formular suas teorias sobre os buracos negros, antes de escrever seus livros, antes de se casar, de ter filhos, de assombrar a todos vivendo por mais de 42 anos com uma doença que deveria mata-lo aos 24 anos de idade.

A ciência está muito próxima de fazer prognósticos como o do primeiro caso, mas nunca será capaz de fazer prognósticos como o do segundo caso, sendo assim, Dr. Hawking não teria chance alguma de nascer.

A morte nunca é uma saída.


Prof. Dr. Décio Iandoli Jr. – Com doutorado em medicina pela UNIFESP-EPM, é professor titular da cadeira de Fisiologia nos cursos de Fisioterapia, Farmácia e Biologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), responsável pela disciplina de Envelhecimento e Espiritualidade do curso de Gerontologia da UNISANTA, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos (AME-Santos), e autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano” e “A Reencarnação Como Lei Biológica” editados pela FE. Apresenta o programa “Ciência e Espiritualidade” pela TV Mundo Maior. E-mail: decio@movimentoespirita.org

30 agosto 2012

Grande Além - Irmão X


GRANDE ALÉM

Nos mais estranhos lugares do mundo, todas as pessoas trazem o passaporte invisível para o Grande Além. O esquimó e o europeu, o hotentote e o americano encaminham-se, diariamente, para o mesmo fim.

Em algumas antigas regiões asiáticas, a roupa velha dos viajantes, que atravessam as fronteiras da morte, é confiada aos abutres famintos, e, nas cidades supercivilizadas dos tempos modernos, as vestes rotas dos que demandam o invisível são consumidas no forno crematório ou abandonadas à cinza do sepulcro.

Todos seguirão.

Testas coroadas deixam o trono e o cetro aos aventureiros; filósofos e sábios costumam legar tesouros aos estúpidos; legisladores e estadistas entregam suas obras aos caprichos populares; os amantes afastam-se do objeto de sua adoração, atirando-se à grande experiência. Não valem as lágrimas da dor, nem os argumentos da Ciência. Não prevalecem as invocações do sangue ou da condição. Partem os algozes e as vítimas, os bons e os maus. Sócrates, condenado à cicuta, apenas antecede os seus juízes. Dario e Alexandre, fulgurantes de armaduras, põem-se a caminho, seguidos de todos os vassalos. Nero determina o flagelo dos circos, aciona a maquinaria do martírio e da destruição, fazendo igualmente a grande viagem, através de terríveis circunstâncias.

Quem escapará?

Magos de todas as épocas intentam descobrir o vinho miraculoso da eterna mocidade do corpo físico. Desejando fugir aos imperativos: da consciência, tenta o homem esquecer os seus títulos de imortalidade espiritual, com que receberá sempre de acordo com as suas obras, procurando perpetuar o baile de máscaras, onde estima a opressão e disfarça o vício. Entretanto, por mais que sonde os segredos da Mãe Natura, descobrindo rotas aéreas e caminhos subterrâneos, não conseguirá improvisar a invulnerabilidade dos ossos com que se materializa, por tempo determinado, na Terra, atendendo a místicos desígnios da esfera superior. A enfermidade segui-la-á, de perto; se persevera no desequilíbrio, a luta vergastá-lo-á, todos os dias ; a morte espera-o, em cada esquina da precipitação ou da imprudência. As vacilações alegres da infância exigir-lhe-ão os graciosos ridículos do princípio e as dolorosas hesitações da velhice reclamarão dele os detestáveis ridículos do fim.

Há sempre, em cada existência, o período de aproveitamento, onde a criatura pode revelar-se. Alguns homens, raros embora, valem-se da ocasião para o esforço supremo da tarefa a que foram chamados a cumprir. A maioria, como deuses caídos, entrega-se às dissipações da prodigalidade, aproveitando o tempo de ser-viço em banquetes de criminosos prazeres.

Do nascente orvalhado ao poente sombrio, o Sol brilha apenas algumas horas, em cada dia do ano. Do berço risonho à sepultura tenebrosa, a vida de um homem fulgura apenas por limitado tempo, no curso da existência que é um dia da eternidade. Vieira faz alguns sermões e desaparece do cenário. Pasteur sofre pela Ciência e termina a missão que o trouxe.

Todos conhecem a verdade da morte. O índio sabe que abandonará sua tribo, como o cientista reconhece que não escapará do último dia do corpo. Todos demandarão a pátria comum, onde o criminoso encontrará o seu inferno e o santo identificará o céu que construiu com o sacrifício e a esperança. Nesse infinito país, existem vales escuros de condenados e montanhas gloriosas onde respiram os justos. Há liberdade e asfixia, luz e treva, alegria e dor, reencontro e separação, recompensa e castigo, júbilo e tormento, novas esperanças e novas desilusões. Ninguém ignora que haverá continuidade de lutas, modificação de aspectos, extinção da oportunidade; no entanto, em toda parte, pulsam rígidos corações de pedra, que reclamam irresponsabilidade e indiferença. Querem a morfina dos prazeres fáceis, com que abreviam a morte.

De quando em quando, rajadas de extermínio cruzam a atmosfera planetária, multiplicando gemidos de angústia e tentando acordar as almas adormecidas na carne. Bocas de fogo precedem o bico de corvos famulentos. Jardins transformam-se em ossuários. A realidade terrível do ódio faz cair as máscaras diplomáticas, a fim de que os agrupamentos humanos se mostrem tais quais são. Milhares de criaturas acorrem ao Grande Além, reconhecendo, mais uma vez, que o sílex e a baioneta, a catapulta e a granada são filhos da mesma ignorância primitivista, em que se mergulham voluntàriamente as criaturas da Terra, há milênios numerosos.

Continuará o seio da vida alimentando a Humanidade sobre milhões de túmulos, e escancarada permanecerá a porta da morte, esperando todos os seres.

Ninguém fugirá.

Mães e filhos, jovens e velhos, ricos e pobres estarão de partida, a qualquer momento. Todos guardam o passaporte final, com que regressam ao país de que procedem. Hóspedes temporários da carne, voltam ao lar comum, onde colherão, de acordo com a semeadura. No pórtico, entre os dois planos, movimenta-se a alfândega da Justiça, que confere asas divinas à consciência reta para os vôos do cimo resplandecente e verifica as algemas pesadas escolhidas pelos criminosos para o mergulho no precipício das sombras.

Grande Além!... Grande Além!... Onde estão na Terra os homens que te recordam? Entretanto, na fronte de todos eles permanece o sinal de teu invisível poder!

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Lázaro Redivivo
Médium: Francisco Cândido Xavier

29 agosto 2012

A Justiça - Wallace Leal V.Rodrigues


A JUSTIÇA

Quando criança eu tinha a mania de me sentir sempre injustiçado. Por um ou outro motivo, não me tinham feito justiça, sem perceber que, para mim, a "injustiça" era sempre qualquer restrição feita aos meus desejos, fantasias e vontades.

E invariavelmente arrebentava em lágrimas de protesto. Um dia papai me chamou e disse:

- Meu filho, vamos combinar uma coisa. Você sabe que o papai não gosta de ver você triste, não é? Então nós vamos fazer o seguinte: Cada vez que você chorar, escreva num papel a causa. Coloque o papel no vaso azul, ali, sobre a escrivaninha. Deixe passar alguns dias e leia-o. Se achar que o assunto ainda o está aborrecendo, venha a mim, que corrigirei a injustiça que tiverem feito contra você. Combinado?

Estava combinado. Nos primeiros dias eu enchi o vazo azul de anotações.
Passadas no preto e branco, minhas queixas me pareciam perfeitamente justificadas.

Passaram-se os dias e meu pai voltou a falar comigo.

- Você já pode começar a reexaminar os seus papéis. Depois venha falar comigo.

Comecei. Mas, estranhamente, constatei que minhas queixas eram banais e que, na realidade, não havia nada que pudesse motivar aborrecimento.

Abreviei o espaço dos dias e, depois, passei a examinar os papéis horas depois dos acontecimentos.

Verifiquei que não tinha nenhuma injustiça a exigir a reclamação de papai. E parei de chorar várias vezes como estava acostumado a fazer.

Hoje compreendo que tudo foi uma brincadeira de papai. Todavia, com grande habilidade ele me levou a refletir antes de reagir. E desenvolveu em mim a compreensão a respeito do que é justiça e injustiça em face do nosso egocentrismo, exigência de privilégios e pretensões descabidas.

Com isso o meu espírito de tolerância ganhou uma amplitude que me tem beneficiado ao longo de toda a vida ...

A redenção da Humanidade terá começo no caráter da criança ou o sofrimento dos Homens não terá fim.

Do livro: E para o Resto da Vida
De Wallace Leal V. Rodrigues


28 agosto 2012

Educação dos Valores - Joanna de Ângelis


EDUCAÇÃO DOS VALORES

"Infelizmente, o ser humano atual renasce num contexto cultural imediatista, utilitarista, em que os valores reais são postos em plano secundário e é-lhe exigida a conquista daqueles que são de efêmera duração, porque pertencentes ao carreiro material.

A formação cultural e educacional centra-se especialmente na meta em que se destacam os triunfos de fora, as conquistas dos recursos que exaltam o ego, que o alienam, que entorpecem os
melhores sentimentos de beleza e de amor, substituídos pelo poder e pelo ter, através de cujos significados acredita-se em vitória e triunfo social, econômico, político, religioso ou de outras denominações...

Raramente se pensa na construção interior saudável do ser que (re)inicia a jornada carnal, incutindo-lhe as propostas nobres da autorrealização pelo bem, pelo reto cumprimento do dever,
pelas aspirações da beleza, da harmonia e da imortalidade Tidos como de significação modesta, que se os podem reservar para a velhice ou para quando se instalem as doenças, tal filosofia da comodidade suplanta a busca do equilíbrio emocional e moral, porquanto se mantém no patamar dos prazeres sensoriais.

Perante esse comportamento, o egoísmo assinala o percurso da preparação do ser jovem, insculpindo-lhe na mente a necessidade de destacar-se na comunidade a qualquer preço, o que o perturba nesse período de formação da personalidade e da própria identidade, tomando como modelo o que chama a atenção: os comportamentos exóticos, alienantes, as paixões de imediatos efeitos, sem que os sentimentos educados possam fixar-se nos painéis dos hábitos para a construção da conduta do futuro.

Ressumam as culpas que lhe dormem no inconsciente e ressurgem as tendências negativas, que deveriam ser corrigidas, mas que encontram campo para se expressar através da irresponsabilidade moral e comportamental em uma sociedade leniente, que tudo aceita, desde que esteja nos padrões do exibicionismo, da fama, da fortuna, da transitória mocidade do corpo e da estética...

Paralelamente, apresentam-se os vícios sociais como forma de participação dos grupos em que se movimenta, iniciando-se pelo tabaco, a seguir pelo álcool, quando não se apresentam simultaneamente, abrindo espaço para as drogas alucinógenas e de poder destrutivo dos neurônios, do discernimento, da saúde orgânica, emocional e mental.

A cultura jaz permissiva e cruel, na qual a etica e a moral são tidas como amolecimento do caráter, debilidade mental, conflito de inferioridade com disfarces de pureza, em lamentável ironia contra os tesouros espirituais, únicos a proporcionarem saúde real e equilíbrio.

Seria ideal que cada um que desperta para os bens imateriais possa afirmar, sorrindo: 'Quanta coisa eu já não necessito! Agradeço, portanto, a DEUS a dádiva de haver superado essa fase da minha existência.'

Assim, a emoção gratulatória assoma e a satisfação existencial toma sentido no constructo pessoal. Quando surgem os pródromos da gratidão, percebe-se a conquista da normalidade emocional e mental do indivíduo."

Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco
Livro: Psicologia da Gratidão

27 agosto 2012

As Quatro Estações da Vida - Momento Espírita


AS QUATRO ESTAÇÕES DA VIDA

Você já notou a perfeição que existe na natureza? Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação. Como num poema cósmico, Deus rima a vida humana com o ritmo dos mundos.

Ao nascermos, é a primavera que eclode em seus perfumes e cores. Tudo é festa. A pele é viçosa. Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. Tudo traduz esperança e alegria.

Delicada primavera, como as crianças que encantam os nossos olhos com sua graça. Nessa época, tudo parece sorrir. Nenhuma preocupação perturba a alma.

A juventude corresponde ao auge do verão. Estação de calor e beleza, abençoada pelas chuvas ocasionais. O sol aquece as almas, renovam-se as promessas.

Os jovens acreditam que podem todas as coisas, que farão revoluções no mundo, que corrigirão todos os erros.

Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. São impetuosos, vibrantes. Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... como as tempestades de verão.

Mas a vida corre célere. E um dia - que surpresa - a força do verão já se foi.

Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, os cabelos que começam a embranquecer, mas também aponta a mente trabalhada pela maturidade, a conquista de uma visão mais completa sobre a existência. É a chegada do outono.

Nessa estação, a palavra é plenitude. Outono remete a uma época de reflexão e de profunda beleza. Suas paisagens inspiradoras - de folhas douradas e céus de cores incríveis - traduzem bem esse momento de nossa vida.

No outono da existência já não há a ingenuidade infantil ou o ímpeto incontido da juventude, mas há sabedoria acumulada, experiência e muita disposição para viver cada momento, aproveitando cada segundo.

Enfim, um dia chega o inverno. A mais inquietante das estações. Muitos temem o inverno, como temem a velhice. É que esquecem a beleza misteriosa das paisagens cobertas de neve.

Época de recolhimento? Em parte. O inverno é também a época do compartilhamento de experiências.

Quem disse que a velhice é triste? Ela pode ser calorosa e feliz, como uma noite de inverno diante da lareira, na companhia dos seres amados.

Velhice também pode ser chocolate quente, sorrisos gentis, leitura sossegada, generosidade com filhos e netos. Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.

Felizes seremos nós se aproveitarmos a beleza de cada estação. Da primavera levarmos pela vida inteira a espontaneidade e a alegria.

Do verão, a leveza e a força de vontade. Do outono, a reflexão. Do inverno, a experiência que se compartilha com os seres amados.

A mensagem das estações em nossa vida vai além. Quando pensar com tristeza na velhice, afaste de imediato essa ideia.

Lembre-se que após o inverno surge novamente a primavera. E tudo recomeça.

Nós também recomeçaremos. Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. Há outras vidas, com novas estações. E todas iniciam pela primavera da idade.

Após a morte, ressurgiremos em outros planos da vida. E seremos plenos, seremos belos. Basta para isso amar. Amar muito.

Amar as pessoas, as flores, os bichos, os mundos que giram serenos. Amar, enfim, a Criação Divina. Amar tanto que a vida se transforme numa eterna primavera.

Redação do Momento Espírita

26 agosto 2012

Não Estrague Seu Dia - Momento Espírita


NÃO ESTRAGUE SEU DIA

Você já experimentou, alguma vez, aquele amanhecer sombrio, em que tudo lhe parece amargo?

Esses dias aparentemente têm os mesmos aspectos para todos nós, mas são vividos de maneira diferente por cada indivíduo.

Alguns ficam tristes e quase calados. Buscam isolar-se para evitar qualquer contato com alguém que lhes faça perguntas sobre o que está acontecendo, porque está assim, etc.

Outros deixam o mau humor dirigir seus passos e, em poucos minutos, azedam todo o ambiente em que se encontram. Distribuem gestos bruscos, falam com irritação, respondem com azedume, culpam os outros por tudo de errado que acontece.

E a resposta para comportamentos desse tipo logo se faz sentir no organismo, em forma de azia, enxaqueca, dores musculares, entre outros males.

E o pior de tudo é que nem sabemos o porquê de tanta irritação. Não paramos um pouco para meditar sobre a situação em que nos encontramos, nem para mudar o curso dos acontecimentos.
De maneira irrefletida, estragamos o nosso dia movidos por um estado d´alma que nos toma de assalto e no qual nos deixamos mergulhar, sem refletir.

Passados esses momentos amargos, fica uma desagradável sensação de mal-estar, de indisposição, de sentimentos feridos, de relacionamento comprometido.

Assim, se você sentir que está diante de uma manhã sombria, de um momento amargo, vale a pena tomar medidas urgentes para não se deixar cair nas armadilhas.

Se ainda está em casa, faça uma prece antes de sair.

Se estiver no trabalho, busque um local que lhe permita ficar só por um instante, respire fundo e eleve o pensamento a Deus, rogando forças e discernimento para não se deixar levar por circunstâncias desagradáveis.

Lembre-se, sempre, que todos temos momentos difíceis, e que só depende de nós complicá-los ainda mais, ou sair deles com sabedoria e bom senso.

Lembre-se, ainda que, por mais difícil que esteja a situação, ela será tragada pelas horas e substituída por momentos mais leves e mais felizes.

Por essa razão, nunca valerá a pena estragar o seu dia.

* * *

Não estrague o seu dia.

A sua irritação não solucionará problema algum.

As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.

Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar.

O seu mau humor não modifica a vida.

A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.

A sua tristeza não iluminará os caminhos.

O seu desânimo não edificará a ninguém.

As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.

As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.

Não estrague o seu dia.

Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o infinito Bem.

Redação do Momento Espírita

25 agosto 2012

A Vida Não Cessa - André Luiz


A VIDA NÃO CESSA

A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é o jogo escuro das ilusões.

O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma -percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.

Cerrar os olhos carnais constitui operação demasia-damente simples.

Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.

Oh! caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração! É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da Vida Eterna! É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento espiritual!...

Seria extremamente infantil a crença de que o simples "baixar do pano" resolvesse transcendentes questões do Infinito.

Uma existência é um ato
Um corpo — uma veste
Um século — um dia
Um serviço — uma experiência
Um triunfo — uma aquisição
Uma morte — um sopro renovador.

Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos trunfos, quantas mortes necessitamos ainda?

E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas.

Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espirito!

É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira — ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.

Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa. Nosso esforço pobre quer traduzir apenas uma idéia dessa verdade fundamental. Grato, pois, meus amigos!

Manifestamo-nos, junto a vos outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal A existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade.

Aliás, não nos interessaria, agora, senão a experiência profunda, com os seus valores coletivos.

Não atormentaremos alguém com a idéia da eternidade. Que os vasos se fortaleçam, em primeiro
lugar. Forneceremos, somente, algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na senda de realização espiritual, e que compreendem conosco que "o espírito sopra onde quer".

E, agora, amigos, que meus agradecimentos se calem no papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da gratidão. Atração e reconhecimento, amor e júbilo moram na alma. Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso respeito, no santuário do coração.

Que o Senhor nos abençoe.

Espírito de André Luiz
Médium: Chico Xavier

24 agosto 2012

Ter Filhos e Ser Pai - Momento Espírita


TER FILHOS E SER PAI

Você tem filhos?

Se a resposta for positiva, então responda: Você é pai?

Ora, alguns pensarão que ter filhos e ser pai é a mesma coisa, mas uma reflexão mais detida nos mostrará a diferença.

Para ter filhos basta estar apto à reprodução e entregar-se à conjunção carnal para procriar.

Para ser pai é preciso alguns cuidados a mais.

Há pouco tempo, uma revista tratou do assunto retratando algumas dificuldades, principalmente com relação a empresários e executivos que têm filhos e que não são pais.

Geralmente chegam em casa e não se dão conta de que já saíram dos seus escritórios.

Esquecem-se de sintonizar os sentimentos afetivos e continuam dando ordens, como se a esposa fosse a secretária e os filhos seus subalternos. Não mudam nem o tom de voz.

Uma estatística da revista Fortune atesta a dramática dimensão desse problema.

Revela que filhos de empresários e executivos de alto nível apresentam graus de desajustes bem maiores que os dos outros pais, inclusive os de famílias financeiramente menos abastadas.

No livro The parent’s handbook, ou Manual dos pais, em português, um dos livros mais vendidos nos Estados Unidos, dois especialistas tratam do tema com grande competência.

Estabelecem, entre outras coisas, sete regras básicas para ser um bom pai:

1ª - Comporte-se naturalmente. Dê atenção na medida certa. Se você exagerar com freqüência, quando por qualquer motivo reduzir sua atenção, seu filho se sentirá desprezado.
2ª - Diga sempre ao seu filho que você o ama. Principalmente quando ele não espera esse tipo de declaração. Não economize nos gestos. Beijos, carinhos, abraços, emoção, muitas vezes valem mais que uma dezena de atitudes.
3ª - Vale mais encorajar do que repreender; incentivar do que premiar. Dizer com sinceridade: Eu confio na sua capacidade de decisão, eu aposto no seu discernimento.
4ª - Ouça seu filho! (talvez a mais importante das recomendações). Aprenda a ouvir o que ele tem a dizer. Ouça tudo e até o fim.
Não interrompa, não conclua nem o obrigue a concluir no meio do relato. Mais do que a sua opinião, ele quer contar para você...
5ª - Mesmo diante de uma aparente falta grave, procure não criticá-lo duramente. Deixe que ele lhe dê as próprias razões.
Se você não se convencer, tente refletir em conjunto, ajudando-o a perceber o que o levou a errar, tornando-o capaz de identificar o erro.
6ª - Por mais certeza que você tenha do que vai acontecer, nos casos que não haja risco à integridade de seu filho, permita que ele experimente e conclua por si mesmo. O melhor aprendizado ainda é o da própria experiência.
7ª - Trate seu filho com a mesma educação e cordialidade que você reserva para seus amigos. A

Agindo assim, por certo ele acabará se tornando o melhor de todos os seus amigos.

Não se resumem aqui todas as regras para se ser um bom pai, mas aqueles que as observarem já terão dado passos largos no caminho que a todas as outras conduz.

* * *

Todo filho é empréstimo sagrado que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna devolução ao Genitor Celeste.

Redação do Momento Espírita, com base na Revista Factus



Redação do Momento Espírita, com base na Revista Factus

23 agosto 2012

A Era do Espírito - Magali Bischoff


A Era do Espírito

Estamos nos aproximando de mais um período de renovação planetária e chegam de diversas partes do mundo, notícias de que o progresso será moral. Neste período de transição, passaremos por momentos difíceis, até o progresso definitivo. Tudo pode acontecer, para antecipar ou retardar esse processo.Os movimentos de transformação, estão subordinados ao “livre-arbítrio” e por isso, acontecem de forma lenta, mas progressiva. Estamos sujeitos às Leis Naturais, próprias deste Mundo, que regem as grandes revoluções no campo físico, social, científico e filosófico e moral. Segundo a afirmação dos espíritos, com a transformação moral de seus habitantes, subiremos na escala dos mundos, passando de um mundo de expiações e provas, para um mundo regenerado e feliz [1].


A Humanidade já enfrentou diversos períodos, mas com certeza, o atual será lembrado por uma revolução mais profunda: a “espiritual”. Sentimos necessidade de entrar em contato com a “essência espiritual”, realizando mudanças significativas, que ocorrem de “dentro para fora”. É chegada a “Era do Espírito”, como afirmava Herculano Pires [2].

O período moral que facilitará o amadurecimento da individualidade para as massas, alterando aos poucos, o panorama do Mundo, já se faz presente. O homem anseia a mudança e já encontra caminhos para realizá-la. Os convites são apresentados de várias maneiras: no formato de “petiscos” para atrair o indivíduo, como prato de “entrada” oferecendo somente partes do conhecimento, ou como “sobremesa” deixando a sensação de que falta alguma coisa.


A liberdade de escolha é própria do espírito, experimentando aquilo que mais desperta o seu interessante e necessidades imediatas. A Doutrina Espírita oferece o “cardápio completo”, é um poderoso instrumento de emancipação espiritual. É livre, dinâmica, sem intenções exclusivistas ou salvacionistas. Apresenta inúmeras respostas para os questionamentos humanos, deixando bem claro, quanto àquelas que não saciam a fome do espírito. Respeita a liberdade do indivíduo, sua maturidade espiritual e o deixa livre para escolher outros caminhos, se assim desejar.


São muitos os caminhos: “caminhos atalhos”, “caminhos longos”, caminhos que levam para “outros caminhos”e poucos, mostram verdadeiramente para onde devemos ir. A Doutrina Espírita revive o Cristianismo Primitivo, a essência da mensagem de Jesus; que educou através de Exemplos, deixando um roteiro seguro quando afirmava: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.


Em diversas passagens, demonstra com Atitudes, que estava pronto para “o bom combate”. Jamais deixando de ser firme, nos momentos em que os homens ainda ignorantes, distorciam a Sua Mensagem de Amor. Jesus se utilizava da autoridade “moral”, para diferenciar aquilo que pertencia ao Reino de Deus e o que era do reino dos homens. Vemos a passagem que Ele expulsou os vendilhões do Templo, comerciantes das coisas de Deus, que angariavam recursos em benefício próprio. Ensinou aos discípulos que o falar deveria ser sempre: “Sim! Sim! Não! Não! Que a palavra deveria ser firme, tomando uma posição na hora certa, em defesa daquilo que pregavam e acreditavam. Que deveriam separar as coisas de Deus e a dos homens, e dar a César o que era de César, na questão dos impostos. Que os rituais, os sacrifícios não agradavam a Deus e que Sua mensagem, estava acima das convenções humanas e dos interesses mesquinhos. Que devíamos ter a capacidade de nos Amar, e com ela seríamos reconhecidos verdadeiramente, como Cristãos.


Após Ele, os discípulos fizeram de tudo para manter viva, a chama da primeira mensagem. Os homens, ainda ignorantes e presos aos rituais, vítimas dos atavismos, de práticas místicas gregas e judaicas, aliados a interesses políticos e financeiros, descaracterizaram a mensagem primitiva e perpetuaram no poder temporal, que se estende entre os séculos V e XV, conhecidos como a “ Idade Média” ou o “Período do Obscurantismo Medieval”.

Com a chegada do século XVII e XVIII, conhecido como o “Século das Luzes”, marcado pelas idéias Iluministas na Europa, o homem finalmente rompe com o domínio das trevas da “ignorância” com as o período da “luz” e da “razão”. A França é o berço do Espiritismo, confirmando a presença dos espíritos e a continuidade da vida; o conhecimento de Leis que regem o Universo. Uma plêiade de Espíritos, organizados pelo “Espírito Verdade”, descortina um mundo até então misterioso. Foi natural, que os temas relacionados à espiritualidade voltassem “à tona”, preparando o terreno futuro.


Após 152 anos do nascimento do Espiritismo, como nos tempos de Jesus, surgem os falsos profetas, os mensageiros das sombras, como joio em meio ao trigo, semeando a cizânia, a divisão, por questões de vaidade, poder. Como distinguir a doutrina espírita de conceitos e idéias que surgem a todo o momento? Confundimos “partes de um conhecimento” com a mensagem revelada pelos Espíritos, muito bem pesquisado por Hippolyté Leon Denizard Rivail, e codificado mais tarde por ele, através do conhecido pseudônimo “Allan Kardec”.


A chegada da luz incomoda as trevas, confundindo os desavisados e ingênuos, os descrentes e os vaidosos, na tentativa de instalar na Terra, mais uma vez, um período de ignorância e de culto ao “demônio”. Se utilizam de homens frágeis, ignorantes, mas ambiciosos, alvos fáceis de serem dominados.


Como identificar o joio que está em meio ao trigo? Como conhecer a linguagem de um espírito? O Bem faria apologia ao mal? O Espírito que se diz de alta hierarquia espiritual traria idéias de combate ao semelhante? Os espíritos com intenção de libertar homens, não utilizariam de linguagem mística, fantasiosa, criando práticas estranhas, condicionando os crentes a rituais, a dependência uns dos outros, porque o Espiritismo revive a mensagem de Jesus exatamente para libertar consciências.


Chegam mensagens de todas as partes do mundo, através de livros, psicografias, palestras e textos que circulam pela Internet. Todos os dias nossa caixa postal recebe uma enxurrada de e-mails, e não sabemos mais diferenciar o conteúdo e seus autores, porque talvez, não aprofundamos os estudos das obras básicas, e das pesquisas realizadas por Kardec.

Surgem problemas de toda ordem e a busca pela solução se faz necessária. Estamos frágeis diante dos apelos emocionais, por isso acreditamos em todos os espíritos, em todas as mensagens, deixando de lado, os critérios adotados para identificar a veracidade dessas informações.


Em nome da Divulgação Espírita, muitos se aproveitam da situação. Dizem psicografar obras de espíritos renomados ou de espíritos que abandonaram outros médiuns e continuam com o mesmo nome, porém, com diferenças no conteúdo de duas idéias e conceitos. Alguns médiuns forçam os espaços na mídia, pagam para os programas de rádio e de TV, divulgam suas obras através de listas, folhetos e cartazes. Trazem o “novo”para o movimento espírita, dizendo que precisamos “atualizar” Kardec.

As pessoas recebem informações e não passam por nenhum critério de avaliação. Simplesmente aceitam tudo como uma “verdade não revelada anteriormente”. Alguns grupos seguem tais médiuns e suas obras, tornam-se prosélitos e saem pelos quatro cantos divulgando a mensagem. Realizam palestras, seminários, encontros sobre o tema e na maioria, o médium está presente, divulgando os “seus” livros, CDs, DVDs, vendendo cada vez mais “suas” obras e editando livros e mais livros.


No que tange ao método de avaliação, Allan Kardec adota o intuitivo-racionalista pestalozziano, como processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdon, considerando, o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes cultiva o espírito natural da observação, prega o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Desestimula a atitude mecânica para que o aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso complexo da razão, para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador, de molde a avivar a atenção e a percepção. [3]


Ao receber mensagens e textos de todas as partes do mundo, Kardec se utiliza do critério conhecido como CUEE (Controle Universal dos Espíritos). Na Revista Espírita de abril de 1864, revista de estudos periódicos sobre fatos e cartas que recebia de todo o mundo, lançada com 12 volumes, tratando desse assunto utilizando os critérios da razão e do bom senso. Avalia a linguagem dos espíritos e faz um alerta: “... o controle universal, é uma garantia para a futura unidade do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no futuro, será procurado o critério da verdade.”


Qual o critério para avaliar a verdade? A razão e o controle Universal.

Percebemos nas entrelinhas de algumas obras, uma distorção de conceitos doutrinários, repleta de ataques ao movimento Institucional, com uma linguagem empolada, prolixa, utilizando-se de passagens do Evangelho de Jesus e de Kardec, para induzir os leitores de que é necessário reconstruir o movimento espírita. Ora, se ele precisa de uma reconstrução é porque seus fundamentos eram frágeis e o edifício principal demoliu e sabemos que isso não faz parte da realidade. Precisamos nos manter atualizados sim, mas questões científicas, no aprofundamento filosófico, acompanhando as necessidades e o crescimento da atual sociedade, buscando a cada dia ser melhor do que ontem. Mas, acreditar que movimentos paralelos surgem para salvar o movimento espírita é outra história! Apresentam-se como “salvadores”ou “humanizadores”, com mensagens e revelações de cunho espiritualista, e muitos deles estão esquecidos, de que a mensagem de Jesus é a maior obra de Amor capaz de Humanizar o Ser ainda des-humano.

Pregam que o “Institucional ”está cheio de médiuns comprometidos, trabalhadores vaidosos, sob o domínio e a influência das trevas. Descobrem que há implantes, vibriões assustadores, clones de espíritos iluminados, se fazendo enganar nas sessões mediúnicas. Trevosos encarnados entre os dirigentes espíritas; divulgam imagens das trevas nos cartazes, nas capas dos livros e se dizem capazes de “revelar” as táticas do mal, que está cada vez mais presente, envolvendo os grupos e afastando dia a dia os trabalhadores e médiuns, desmoronando os lares dos trabalhadores, e as Casas Espíritas em que atuam. Mesmo os de moral “ilibada” caem diante das armadilhas reveladas.

O Espiritismo trouxe esse tipo de mensagem? Kardec quando escreveu o livro “Céu e o Inferno” acentuou o Inferno? Quando revelou a classe dos espíritos, deixou claro que os trevosos eram mais poderosos que os evoluídos? De que eles venceriam com suas técnicas superiores a nossa? De que deveríamos estudá-las e criar novas técnicas para combatê-las, expulsando os espíritos do mal, porque eles não atendem mais ao diálogo do amor?

Em “O livro dos médiuns”, Kardec deixa muito claro o conteúdo das comunicações dos espíritos e o método de avaliação utilizado para caracterizar a veracidade das informações. Narra os inconvenientes da mediunidade, o animismo, as mistificações, as linguagens fantasiosas e empoladas dos falsos profetas. Dizia ser preferível, rejeitar muitas verdades para não ficar com uma única mentira!


Pedia para ter cuidado com todos que semeiam o fermento do antagonismo entre os grupos, impelindo ao isolamento, a se verem com “prevenção”e que só isto bastaria para desmascará-los. No final do capítulo deixa inúmeras mensagens, com notas de rodapé, analisando as que eram de espíritos mistificadores e como poderíamos identificá-las [4].

Kardec pede muito cuidado com espíritos e mensagens que afastam o médium da Casa espírita. O espírito que estimula a criação de grupos isolados, distantes das análises, das críticas e do bom senso, muitas vezes, deixando o médium longe dos estudos, deve ser avaliado com muito cuidado. Cria a ilusão de que a sua psicografia não deve passar pela análise de outros grupos ou pelo método do Controle Universal dos Espíritos. Um espírito de uma ordem elevada, não incentivaria somente o estudo de suas obras, mas incentivaria acima de tudo, o estudo das obras de Kardec.


Trabalhando isolado e longe de uma análise criteriosa, o médium se afasta e passa a escrever independentemente, criando suas editoras para terem mais liberdade na construção de suas idéias. Acham que estão falando a mesma língua, escrevendo sobre as mesmas coisas. Os grupos formados simpatizantes das idéias, baseados inicialmente na comunicação de um único espírito, muitas vezes com um nome venerável e através de um único médium, acabam acreditando na mensagem sem racionalizar. Passam a endeusar “o espírito comunicante”, criando mais e mais prosélitos e seguidores da pseudo “elevada entidade espiritual”. Outros do grupo fazem o mesmo, trazendo revelações de conteúdo parecido, dizendo que a mensagem se repete. Mas não percebem que isso acontece somente “entre eles”, não sendo este o método de avaliação adotado por Kardec.

A partir daí, chegam as “revelações”, novas técnicas mediúnicas em tempos de transição. Técnicas desobsessivas, com retirada de implantes, afastamento de espíritos utilizando-se de magia, que são técnicas mais “fortes”, capaz de afastar o espírito definitivamente, ou seja, “na marra”. Alegam que os trabalhos realizados nas casas espíritas, através da doutrinação, dos passes e do diálogo fraterno, não são mais capazes de modificar esses espíritos. Que os médiuns de hoje, estão despreparados para as novas técnicas obsessivas utilizadas pelo mundo inferior, mas o que estão fazendo é um retorno as práticas sincréticas, aos horizontes tribal, agrícola, civilizado, profético, descritos magistralmente no livro “O Espírito e o Tempo” de José Herculano Pires[2].

Nessa importante obra, ele também esclarece sobre as pesquisas científicas da mediunidade, e as práticas espíritas[5]. Esse tipo de informação que está sendo divulgada atualmente em algumas obras, dificulta os trabalhos dos médiuns, que são os intermediários dos espíritos, gerando diversas dúvidas. E aqueles que não estudam a doutrina, acabam acreditando que devem aprender tais técnicas, esquecidos que poderiam usar a maior delas: o poder do AMOR, diversas vezes praticado por Jesus nas curas de loucura e obsessão narradas no Evangelho e utilizadas pela Doutrina Espírita, como base fundamental a todos aqueles que dialogam com os espíritos sofredores e perseguidores.

As Casas espíritas, baseadas nos estudos de Allan Kardec, realizam um trabalho muito sério no exercício fraterno da caridade, na assistência as necessidades básicas; na preocupação com a promoção social através de cursos; do estudo do magnetismo, através da aplicação dos passes; da comunicação com o mundo invisível, nos trabalhos de desobsessão e doutrinação ou diálogo fraterno; da aplicação do ensino moral de Jesus nos seus grupos de estudos; do estudo da Reencarnação e das Leis Naturais através de palestras e encontros. Tudo isso deve ser valorizado e divulgado por todos os espíritas que conhecem o Espiritismo e a sua capacidade de influenciar a sociedade.


Em seu outro livro “Revisão do Cristianismo”, José Herculano Pires descreve o interesse do plano inferior em desfigurar o Cristo e a sua mensagem: “... Se manifestam de diversas formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas desprevenidas, da auto-suficiência de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.


É chegada a “Era Apocalíptica”, e com ela, a crença de que Jesus voltará nos final dos tempos. Esse tema promove debates e Jesus já tinha recomendado que nesse período, deveríamos tomar cuidado com as mensagens dos “falsos profetas” que viriam em seu nome.

Hoje recebemos muitas informações, precisamos estar atentos, passando pelo crivo da razão e do bom senso, tudo o que nos chega. Kardec levantou a ponta do véu e as gerações futuras deixarão cair o pano definitivamente. Os princípios espíritas se farão presentes, não como um caminho religioso e salvacionista, mas sim, como verdades eternas reveladas ao espírito imortal.


O Espiritismo faz um convite para que nos libertemos das amarras que nos prendem a ignorância, a religião da forma e não do fundo. Das figuras mitológicas e sombrias, da barganha com o Divino, dos rituais e mitos, da crença na salvação através do poder alheio. Esclarece ainda, que o “Reino de Deus”, está em nossa consciência, e que somos “Deuses”, podendo fazer o que Jesus ou os Espíritos Superiores fazem e muito mais.

Somos viajantes do Universo, convidados a participar da regeneração deste Planeta.
Aproveitemos o que recebemos do Mundo Espiritual e dos exemplos deixados por Jesus.
O Espiritismo em sua essência é libertador de consciências, estudemos as obras de Kardec, bases para alcançar esse conhecimento.


Abraços



[1] Kardec. Allan – Livro dos Espíritos (Cap.VIII – Livro terceiro)
[2] Pires. J.Herculano - O Espírito e o Tempo - (Cap. V- Parte I)
[3] Wantuil. Zeus- Allan Kardec (meticulosa pesquisa biobibliográfica) – (Vol. I, p. 99)
[4] Kardec. Allan- Livro dos Médiuns (Cap. XXXI – 2ª parte)
[5] Pires. J.Herculano - O Espírito e o Tempo - (Cap. I – Parte IV)

22 agosto 2012

Vigilância - Bezerra de Menezes


VIGILÂNCIA

Compete a cada criatura, diante da consciência, garantir uma segurança moral, na execução dos ensinamentos do Divino Mestre, para que os seus passos possam ser firmes, ante a função espiritual dos compromissos assumidos.

Cautela constitui vigilância, assegurando a força necessária para a viagem do despertamento dos dons imortais do coração.

Vigiemos nossos pensamentos em todas as áreas, de modo que eles sirvam de instrumentos às ideias elevadas.

Quando o resguardo não consegue dominar as ideias, cerquemo-las na sua transformação para fala, em todos os entendimentos, de maneira que a palavra educada incentive a esperança, aliviando os que sofrem e aumentando a alegria nos que padecem pelos caminhos da existência.

Se, por ventura, tens o dom da escrita, toma todas as precauções que o dever do cristão te aconselha ; examina o que escreves, lê e relê tuas páginas; espera um pouco e torna a ler, no sentido de que a luz da verdade fique mais presente, de modo a entender a evolução coletiva, infundindo nela, como em cada companheiro, a fé que inova os sentimentos para uma alegria mais pura.

A confiança abençoa a vida nos seus seguimentos de ascensão, e a caridade salva e leva as criaturas a entenderem e viverem o amor.

A amplitude que o progresso levou aos instintos fez nascer a razão.
O exercício do raciocínio é permanente e deve ser dirigido com vigilância em todas as nossas faculdades.

Vigiar e orar não deixa e ser o alimento da alma, bem como filtragem do que absorvemos espiritualmente, e quando isso é feito em nome de Jesus e com Ele no coração, é motivo de glória, para a glória do Espírito.

De “Páginas Esparsas 2”
De João Nunes Maia
Por Bezerra
Página recebida no Centro Espírita Ismênia de Jesus,
Ribeirão Pires, SP,
15/08/84.

21 agosto 2012

Esperança Constante - Emmanuel


ESPERANÇA CONSTANTE

O pessimismo é uma espécie de taxa pesada e desnecessária sobre o zelo que a responsabilidade nos impõe, induzindo-nos à aflição inútil.

Atenção, sim.
Derrotismo, não.

Para que nos livremos de semelhante flagelo, no campo íntimo, é aconselhável desfixar o pensamento, muitas vezes, colado a detalhes ainda sombrios da estrada evolutiva.

Para que sustente desperto o entendimento, quanto à essa verdade, recordemos as bênçãos que excedem largamente às nossas pequenas e transitórias dificuldades.

É inegável que o materialismo passou a dominar muita gente, perante o avanço tecnológico da atualidade terrestre: contudo existem admiráveis multidões de criaturas, em cujos corações a fé se irradia por facho resplendente, iluminando a construção do mundo novo.

As enfermidades ainda apresentam quadros tristes nos agrupamentos humanos; no entanto, é justo considerar que a ciência já liquidou várias moléstias, dantes julgadas irreversíveis, anulando-lhes o perigo com a imunização e com as providências adequadas.

Destacam-se muitos empreiteiros da guerra, tumultuando coletividades; todavia, os obreiros da paz se movimentam em todas as direções.

Muitos lares se desorganizam; mas outros muitos se sustentam consolidados no equilíbrio e na educação, mantendo a segurança entre os homens.

Grande número de mulheres se ausentam da maternidade; entretanto, legiões de irmãs abnegadas se revelam fiéis ao mais elevado trabalho feminino no Planeta, guardando-se na condição de mães admiráveis no devotamento ao grupo doméstico.

Os processos de violência aumentam, quase que em toda parte; ampliam-se, porém, as frentes de amor ao próximo que os extinguem.

Anotando as tribulações que se desdobram no Plano Fiasco, não digas que o mundo está perdido.
Enumera as bênçãos de Deus que enxameiam, em torno de ti.

E se atravessas regiões de trevas, que se te afiguram túneis de sofrimento e desolação, nos quais centenas ou milhares de pessoas perderam a noção da luz, é natural que não consigas transformar-te num sol que flameje no caminho para todos, mas podes claramente acender um fósforo de esperança.


Pelo Espírito Emmanuel
Do livro: Atenção
Médium: Francisco Cândido Xavier

20 agosto 2012

Prece e Obsessão - Emmanuel e André Luiz


PRECE E OBSESSÃO


A Providência Divina, pelas providências humanas, sustenta o amparo indiscriminado a todas as criaturas, mas estatui a reciprocidade em todos os processos de ação pelos quais a bondade da vida se manifesta.

°°°

Comparemos a prece e a obsessão ao anseio de saber e ao tormento da ignorância.

O professor esclarece o discípulo mas não lhe dispensa a aplicação direta ao ensino. E se o aluno é surdo-mudo, mesmo assim, para instruir-se, é obrigado a concentrar muitas das possibilidades da visão e da audição nas sutilezas do tato, se quer assimilar o que aprende.

Recorramos, ainda, à lição viva que surge, entre a doença e o remédio.

Administrar-se-á medicamento ao enfermo, mas não se pode eximi-lo do concurso necessário. E se o paciente não consegue ou não deve acolher os recursos precisos, através da boca, é constrangido a recebê-los por intermédio dos poros, das veias ou de outros canais do corpo.

°°°

Todo socorro essencial ao veículo físico reclama a participação do veículo físico.

Ninguém extingue a própria fome pelo esôfago alheio.

Assim, também, nas necessidades do espírito,

Na desobsessão, a prece indica a atividade libertadora, no entanto, não exonera o interessado da obrigação de renovar-se pelo serviço e pelo estudo, a fim de que se areje a casa íntima, de vez que todos aqueles que se acumpliciaram conosco, na prática do mal, em existências passadas, somente se transformam para o bem, quando nos identificam o esforço, por vezes difícil e doloroso, da nossa reeducação, na prática do bem.

°°°

Resumindo, imaginemos o irmão obsidiado, ainda lúcido, como sendo prisioneiro da própria mente, convertida então em cela escura e comparemos o socorro espiritual à lâmpada generosa.

Obsessão é o bolo pestífero transformado em caprichoso ferrolho na sombra. Oração é luz que acende.

A claridade traça a orientação do que se tem a fazer, mas o detento é chamado a tomar a iniciativa do trabalho para libertar a si mesmo, removendo corajosamente o tenebroso foco de atração.


Espíritos Emmanuel e André Luiz
Psicografia de Chico Xavier.
Livro: Opinião Espírita

19 agosto 2012

Caridade e Raciocínio - Emmanuel e André Luiz


CARIDADE E RACIOCÍNIO


Todos pensamos na caridade, todos falamos em caridade!...

A caridade, indubitavelmente, é o coração que fala, entretanto, nas situações anormais da vida, há que ouvir o raciocínio, a fim de que ela seja o que deve ser.

Nada fere tanto como a visão de um ente querido, sob os tentáculos do câncer.

O coração chora. Mas se a radiografia sugere trabalho operatório, pede o raciocínio para que a cirurgia lhe revolva a carne atormentada, na suprema tentativa de recuperação.

Nada enternece mais do que abraçar um pequenino nas alegrias do lar.

O coração festeja. Mas se a criança brinca com fósforos, aconselha o raciocínio se lhe dê corrigenda.

Nada sensibiliza mais do que encontrar um alienado mental, atirado à rua.

O coração lamenta. Mas se o louco, em crise de fúria, carrega bombas consigo, prescreve o raciocínio seja ele contido à força.

Nada preocupa mais que observar um companheiro, no abuso de entorpecentes.

O coração sofre. Mas se o irmão, vinculado a semelhante hábitos, distribui narcóticos, fazendo vítimas, solicita o raciocínio se lhe providencie a necessária segregação para o tratamento preciso.

°°°

O raciocínio, em nome da caridade, não tem decerto, a presunção de violentar consciência alguma, impondo-lhe freios ou drásticos que lhe objetivem o aperfeiçoamento compulsório.

A Misericórdia Divina é paciência infatigável com os nossos multimilenários desequilíbrios, auxiliando a cada um de nós, através de meios determinados, de modo a que venhamos, saná-los, por nós mesmos, com o remédio amargoso da experiência, no veículo das horas.

Surge a autoridade do raciocínio, quando os nossos males saem de nós, em prejuízo dos outros.

Clareando a definição, comparemos a caridade, nascendo das profundezas da lama, com a fonte que se derrama espontânea, das entranhas da terra. A fonte pode ser volumosa ou escassa, reta ou sinuosa, jorrar da montanha ou descambar na planície, saciar monstros ou dar de beber às aves do céu, tudo dependendo da estrutura, do clima, do solo ou das circunstâncias em que se movimente. Em qualquer ângulo que se mostre, pode o sentimento louvar-lhe a beleza e exaltar-lhe a utilidade que fertiliza glebas, acalenta vidas, garante lares, multiplica flores e retrata as estrelas, mas, se nessa ou naquela fonte, aparecem culturas do esquistossomo, é necessário que o raciocínio intervenha e, para o bem geral, lhe impeça o uso.



Livro: Opinião Espírita
Espíritos Emmanuel e André Luiz
Psicografia de Chico Xavier

18 agosto 2012

Convocação - Bezerra de Menezes


Convocação


(...) Nós fomos chamados por Jesus para tornar o mundo melhor.

Não foi por acaso que na hora última a voz do Divino Pastor chegou até nós.

Não nos encontramos no mundo assinalados apenas pelos delitos e os erros pretéritos, somos os servos do Senhor em processo de aperfeiçoamento para melhor servi-lO.

Nem a jactância dos presunçosos, nem a subestima dos que preferem a acomodação.

Servir, meus filhos, com a instrumentalidade de que disponhamos é o nosso dever.

Observamos que a seara cresce, mas os trabalhadores não se multiplicam geometricamente como seria de desejar, porque estamos aferrados aos hábitos doentios, que no momento da evolução antropológica, serviram-nos de base para a transformação do instinto em emoção edificante.

A maneira mais segura de preservar os valores do Evangelho de Jesus em nós é através da vinculação mental com o nosso Condutor.

Saiamos da acomodação justificada de maneira incorreta para a ação. Abandonemos as reações perturbadoras e aprendamos as ações edificantes.

Sempre dizemos que necessitamos de Jesus, em cuja misericórdia estaríamos como náufragos perdidos na grande travessia da evolução, mas tenhamos em mente que Jesus necessita de nós, porque enquanto falamos a Ele pela oração Ele nos responde pela inspiração.

Ele age pelos nossos sentimentos através das nossas mãos. Sejam as mãos que ajudam, abençoadas em grau mais expressivo do que os lábios que murmuram preces contemplativas. A nossa postura no mundo neste momento é de misericórdia.

Que nos importam os comentários deprimentes a nosso respeito, se valorizamos o mundo, respeitando os seus cânones e paradigmas? Não nos preocupemos com o que o mundo pensa e fala de nós através de outros corações.

No belo ensinamento de Jesus na casa de Lázaro, enquanto Maria O ouve e Marta se afadiga temos uma lição extraordinária – não é necessário ficar numa contemplação de natureza egoística, mas é necessário aprender para poder servir.

A atitude de Marta é ansiosa, era a preocupação com o exterior. A atitude de Maria era iluminativa, a que parte dos tesouros sublimes da coragem e do amor, através da sabedoria, para poder melhor servir.

O serviço é o nosso campo de iluminação.

Nós outros, os companheiros da vida espiritual, acompanhamos as lágrimas que são vertidas pelos sentimentos de todos aqueles que nos suplicam ajuda e, interferimos com a nossa pequenez, junto ao Mestre Incomparável, para que Ele leve ao Pai as nossas necessidades, mas bendigamos a dor sem qualquer laivo masoquista; agradeçamos a dor que nos desperta para a verdade, e que nos dilui as ilusões; que faz naufragar as aventuras de consequências graves antes que aconteçam.

Estamos, portanto, convocados, para a construção da Sociedade Nova, na qual o bem pairará soberano, como já ocorre, acima de todas e quaisquer vicissitudes.

Filhos da alma, tende bom ânimo. Não recalcitreis contra o aguilhão nem vos permitais a deserção lamentável ou a parada perturbadora na escalada difícil da sublimação.

Jesus espera-nos, avancemos!

Suplicando a Ele, o Amigo Incomparável de todos nós, envolvemos os afetuosos corações em dúlcidas vibrações de paz.

Na condição de servidor humílimo e paternal de sempre.

Bezerra


Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, ao final da Conferência realizada no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, em 14 de julho de 2011.


17 agosto 2012

Coerência e Austeridade - Joanna de Ângelis


Coerência e Austeridade

O teu compromisso com a imortalidade é portador de grave e alta responsabilidade. Ele diz respeito ao teu futuro espiritual, em favor do qual deves investir os teus melhores recursos, por considerar-lhe o sentido de elevada magnitude, em razão a sua perenidade.

Renasceste na Terra, com a destinação luminosa, a fim de libertar-te de toda e qualquer sombra, que te vem impossibilitando o avanço na direção da plenitude e tem sido o fator determinante dos teus conflitos e dificuldades evolutivas.

Conhecedor, que és, dos conteúdos sublimes da fé racional que haures na Doutrina Espírita, já não podes permitir o luxo enfermiço da ignorância, nem as justificativas infantis em torno das impossibilidades, que te cabem ultrapassar com naturalidade e entusiasmo.

A luz que norteia os novos caminhos é bênção que vens fazendo jus pelos esforços contínuos de libertação das mazelas que te têm acompanhado ao largo do tempo.

Não mais te detenhas nos comportamentos infelizes, aqueles que proporcionam prazeres mórbidos, mas intoxicam a mente e pervertem os sentimentos, agrilhoando-te às masmorras do atraso moral.

És filho de Deus, que te ama, havendo-te concedido a honra de conhecer-Lhe o Embaixador incomparável, que se ofereceu em sacrifício espontâneo, a fim de que pudesses fruir da vida e dessa vida que proporciona abundância.

Antes, embora sentisses a necessidade de crescer interiormente, de fruir paz, de encantar-te com todos os contributos com que a Natureza te felicita, encontravas-te dependente dos instintos básicos, que nutriam as paixões primárias, impedindo-te a experiência das emoções elevadas.

Com Jesus aprisionado nas torpes celas do dogmatismo e da perversidade, das superstições e fórmulas sacramentais, cuidando dos poderosos e olvidando-se dos pobres de espírito, seguias hipnotizado pela ilusão das compensações concedidas pelo arrependimento antes da morte, aguardando um céu de ociosidade e contemplações eternas, ou receando o terrível inferno onde não vigem a misericórdia, nem a compaixão.

Desorientado, talvez, pela impropriedade de tais conceituações, abraçaste o materialismo imediatista e frustrante, buscando ignorar o sentido nobre da vida, buscando fruir tudo quanto o momento podia oferecer, permanecendo, no entanto, interiormente vazio de significado e desestimulado para a luta de renovação.

Nesse momento significativo, porém, encontraste Jesus descrucificado pelo Espiritismo, o companheiro dos desafortunados e dos vencidos, dos tristes e dos oprimidos, dos que choram sem conforto nem esperança, os viandantes sem roteiro, o qual, de braços abertos, a todos alberga no Seu generoso coração de Mestre irretocável.

Ouvindo-Lhe dos lábios sensíveis a melodia imperecível do Sermão da Montanha, renasceram, na tua alma, as esperanças, renovaram-se os teus propósitos de trabalho, renasceste para a vida e, agora, fascinado pelo Seu exemplo de amor, tentas seguir-Lhe as luminosas pegadas pelos ínvios caminhos da atualidade aflita.

Não vaciles, nem te permitas à paralisação da tua marcha.

Avança resoluto e conquista o tempo, recuperando aquele malbaratado na insensatez e na desorientação.

* * *

O teu compromisso com Jesus é formal e trata-se de um contrato sério para todos os teus dias atuais e futuros.

A Sua doutrina é feita de energia e de vida, não havendo lugar, nos seus postulados, para a indecisão, a amargura, o arrependimento da dedicação, as negociações ilícitas muito do agrado da frivolidade humana.

Aceitaste-Lhe a companhia e a diretriz, havendo-te prometido fidelidade e coerência existencial em relação aos seus ensinamentos.

A coerência te facultará a austeridade na conduta mental, verbal e comportamental, não anuindo os vícios que predominam nos grupos sociais e aos quais eras afeiçoado, mudando de atitude com energia e demonstrando que já não pertences mais aos círculos dos comportamentos vãos e atormentados.

A transformação moral a que te deves impor inicia-se através dos novos hábitos mentais e edificantes, deixando, à margem, aqueles que te intoxicavam e produziam tormentos de vária ordem.

As paisagens psíquicas a que te afeiçoaste estarão sempre enriquecidas de quadros cambiantes de beleza enriquecedora que te falam de amor e de mansidão, de alegria e de trabalho, de esforço regenerativo e de aprendizagem.

Quando alguém sai de uma furna onde se homiziava demoradamente, sofre a cegueira produzida pela feérica e abundante luz. Faz-se necessário absorvê-la cuidadosamente, adaptando-lhe a vista e acomodando-se ao deslumbramento que os olhos enfrentam e se tornará o novo mundo de observação.

É natural, portanto, que, ao sair das densas trevas da ignorância do bem e do abismo em sombras dos torpes comportamentos, a nova paisagem produza um choque inicial, fascinando a pouco e pouco, o observador que a descobre.

Cultivando a saúde emocional, o candidato à ascensão não tergiversa, não sendo gentil para com os outros através da defecção na própria crença, mas, delicadamente, declinando das contribuições perturbadoras e mantendo-se íntegro, em grande fidelidade, a tudo aquilo que hoje faz parte da sua agenda de comportamento iluminativo.

A sua grande preocupação deve cingir-se ao combate às imperfeições que ainda o atraem aos hábitos que reconhece doentios e de que se deseja libertar, não facultando espaços para os devaneios inquietadores a que se encontrava acostumado.

Uma agenda de preocupações novas, mais com o interior do que com o exterior da existência, toma-lhe os campos da mente e enriquece-se, cada vez mais, ao constatar a grandeza da existência que lhe passava despercebida, porque sempre estava entulhada pelo lixo das coisas irrelevantes.

Automaticamente, modifica-lhe a área da saúde e do bem-estar, respirando melhor o oxigênio da esperança e da alegria real, modificando-se significativamente e de tal forma que se surpreende ante os acontecimentos que passam a se suceder no seu caminho.

Sem dúvida, é necessária a coerência entre o bem que se crê e como se comporta, facultando austeridade dinâmica e não agressiva em relação a tudo e a todos.

* * *

Essa coerência sempre a mantiveram os primeiros discípulos de Jesus, alguns dos quais abraçaram o martírio, jubilosos, cantando as glórias do Céu com olvido dos tormentos da Terra.

Poderiam ter abjurado, porque lhes era concedido esse direito, sob a justificativa de que, ficando no corpo, poderiam servir mais, trabalhar mais pela divulgação do pensamento de Jesus. No entanto, sabiam que, nessa conduta, ocultava-se o medo do testemunho de provar a imortalidade e a mansidão do Rabi.

Foi exatamente essa coragem estoica e doce que surpreendia os perseguidores que mais se encolerizavam, temendo-lhe o sublime contágio...

Como hoje não mais existem as perseguições declaradas públicas e legais, tem em mente que as arenas são muito mais amplas e perigosas, porque se iniciam nas fronteiras do sentimento pessoal, alargando-se na direção do mundo inteiro.

Mantém-te vigilante, portanto, coerente e austero na tua vivência com Jesus.

Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 10 de maio de 2011, no G-19, em Zurique-Suiça.

16 agosto 2012

Informações Descabidas - Vianna de Carvalho


Informações Descabidas

Quase todas as propostas idealistas, na medida em que se fazem conhecidas, perdem em profundidade o que lucram em superfície.

De igual maneira vem sucedendo ao movimento espírita, cuja divulgação merece aprofundar os conceitos doutrinários, a fim de oferecer subsídios valiosos aos iniciantes e interessados em conhecer na sua realidade legítima a doutrina libertadora da ignorância espiritual sobre a vida.

Em face da popularização dos nobres conteúdos filosóficos, pessoas inescrupulosas transformam-se de um para outro momento em pretensos esclarecedores do pensamento espírita, introduzindo as próprias ideias, em razão do quase total desconhecimento espiritista.

Não poucas vezes, presunçosos e arrogantes, criam diretrizes burlescas e teorias esdrúxulas que dizem provir do mundo espiritual, completando o que Allan Kardec não teve tempo de realizar.

Nesse capítulo, surgem movimentos denominados um passo adiante do que se encontra estabelecido na Codificação, como resultado de informações perfeitamente compatíveis com as conquistas da ciência contemporânea.

Outros indivíduos, portadores de conflitos psicológicos, projetam os seus transtornos na farta clientela desprevenida e se apresentam como portadores de mediunidade especial, caracterizada por expressiva clarividência, que lhes permite antever o futuro, detectar o presente, formular diagnósticos de enfermidades graves e resolvê-las, identificar obsessões perversas, infortúnios porvindouros... E utilizando-se da iluminação que se atribuem, apresentam fórmulas salvacionistas, propondo comportamentos incompatíveis com o bom senso e a lógica doutrinários.

É lamentável que tal fenômeno tenha lugar num movimento que pretende traduzir a grandeza do pensamento dos Imortais, com simplicidade e lógica, embora a sua grandiosa e complexa estrutura intrínseca.

Sucede que os tormentos da vaidade e do orgulho, que ainda predominam em a natureza humana, como herança do seu processo de evolução antropológica, impedem ou dificultam que o indivíduo amolde o caráter moral às novas propostas de iluminação, tornando-se-lhe mais fácil adaptá-las ao seu vicioso modo de ser.

No começo, um grande entusiasmo invade esses desprevenidos, que se deixam tocar interiormente pela significativa contribuição imortalista, logo após acostumando-se com a informação valiosa e, necessitados como se encontram, de novidades, criam, fascinados pelo próprio raciocínio, correntes de pensamento que lhes projetem o ego, a desserviço da divulgação saudável e correta do Espiritismo.

É sempre valioso recordarmo-nos da frase enunciada por João, o Batista, a respeito de Jesus, quando elucida: - É necessário que Ele cresça e que eu diminua.

Assim, agiu corretamente, porque o seu era o ministério de preparar-Lhe os caminhos, diminuindo as asperezas, que se tornaram ainda muito complicadas para vencê-las, fazendo, porém, a sua melhor parte.

Aos espiritistas, portanto, novatos ou militantes, que tudo façam para que a doutrina cresça e eles diminuam, de modo que realizem o mister que lhes cabe sem a ufania de serem inovadores, médiuns especiais e reveladores, completistas do trabalho do Codificador ou elucidadores das diretrizes fornecidas pelos Espíritos, o que lhes desvela a insensatez e a presunção, demonstrando que, não fossem eles e não se compreenderia a Revelação que, no entanto, é simples e profunda.

Também repontam os defensores do Espiritismo, sempre preocupados com a forma exterior e não com a vivência interna, quais antigos fariseus, estando sempre vigilantes para denunciar, agredir aos demais e aparecer com a bandeira da salvação, como se fossem necessários. Olvidam que a sua jornada terrestre é sempre breve, e que se o Espiritismo os necessitasse para esse fim, bem pobres seriam a sua filosofia e ética-moral, porque dependentes da sua defesa. Quando desencarnassem, como é inevitável, e tem sucedido com todos esses que assim se comportam, o pensamento espírita ficaria órfão, e logo desapareceria.

Ledo engano, a morte que a todos arrebata, não consegue diminuir o impacto e a força da Terceira Revelação que vem dos Céus à Terra, ao inverso do que alguns pensam...

A maneira mais vigorosa e própria para a divulgação do Espiritismo é a exposição dos seus ensinamentos conforme se encontram na Codificação, naturalmente apresentando contribuições convergentes, contemporâneas, sem alardes nem sensacionalismos, porquanto, os mentores da Humanidade prosseguem vigilantes, a fim de que nada venha a faltar, para que, em breve, seja conhecido e vivenciado.

Portanto, é de igual e magna importância, viver-se o dia a dia existencial fixado no programa elaborado pelo Consolador prometido, demonstrando alegria de participar deste momento, com fidelidade ao amor e à caridade, vivenciando uma conduta moral saudável, tornando-se carta viva do Evangelho, a fim de que todos possam ver no seu comportamento o profundo e desafiador contributo que proporciona felicidade e paz.

Desse modo, não há lugar no movimento espírita para pessoas-fenômeno, para gurus de ocasião, para reveladores extravagantes, para mensagens bombásticas, para informações apavorantes, a fim de atrair adeptos temerosos do fim do mundo, do juízo final, dos umbrais, da necessidade de fazer a caridade de modo a evitar sofrimentos e quejandos...

O Espiritismo ilumina a consciência, libertando os sentimentos das prisões emocionais, das dependências de pensamento febril, facultando aos seus adeptos a responsabilidade pelos próprios atos, sempre geradores de consequências compatíveis com a sua constituição.

Doutrina da alegria, não é festeira, nem pode ser transformada em um oásis de fantasias para diversão ou frivolidade.

É uma ciência grave e simples, que se destina a pessoas sérias, laboriosas, que anelam por uma sociedade mais solidária e fraternal.

Todo o investimento de zelo e carinho, responsabilidade e amor na vivência dos seus postulados, de que se encarrega o movimento organizado pelas criaturas humanas, deve ser levado em conta, a fim de que o Espiritismo alcance a finalidade para a qual foi enviado pelo Senhor, qual seja a verdadeira construção do reino de Deus no coração.

Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 5 de março de 2012, em Miami Beach, Flórida, EUA.

15 agosto 2012

Nossos Entes Queridos - Emmanuel


Nossos Entes Queridos

Um ponto importante, nas relações afetivas: a nossa atitude para com os entes amados. Habitualmente, em nossa dedicação, somos tentados a escolher caminhos que supomos devam eles trilhar.

Inclinação esta mais do que justa, porquanto muito instintivamente desejamos para os outros alegrias semelhantes às nossas.

Urge considerar, entretanto, que Deus não dá cópias.

Dos pés à cabeça e de braço a braço, cada criatura é um mundo por si, gravitando para determinadas metas evolutivas, em órbitas diferentes.

À face disso, cada pessoa possui necessidades originais e tem o passo marcado em ritmo diverso.

A vida, como sucede à escola, é igual para todos nos valores do tempo; no entanto, cada aprendiz da experiência humana, qual ocorre no educandário, estagia provisoriamente em determinado caminho de lições.

*

Aquele companheiro terá tomado corpo na Terra a fim de casar-se e construir a família; outro, porém, ter-se-á incorporado no plano físico para a geração de obras espirituais com imperativos de serviço muito diferentes daqueles da procriação propriamente considerada.

*

Essa irmã terá nascido no mundo para a formação de filhos destinados à sustentação da vida planetária; aquela outra, todavia, terá vindo ao campo dos homens a fim de servir a causas generosas em regime de celibato.

*

Cada coração pulsa em faixa específica de interesses afetivos.

Cada pessoa se ajusta a certa função, compreendendo assim, sempre que a nossa ternura se proponha traçar caminhos para os entes amados, saibamos consagrar-lhes, em silêncio, respeitoso carinho, e, se quisermos auxiliá-los, oremos por eles, rogando à Sabedoria Divina os inspire e ilumine, de vez que só Deus sabe no íntimo de nós todos aquilo que mais convém ao burilamento e à felicidade de cada um.

* * *
Da obra: Rumo Certo
Médium: Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
5a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991

14 agosto 2012

Advertência Fraterna - Irmão X


ADVERTÊNCIA FRATERNA

Meu amigo! pede você uma notícia do país onde vivo agora, não à maneira do turista desocupado, mas como aprendiz atencioso dos mistérios da vida.

É quase impossível satisfazer-lhe a curiosidade.

Ante o carinho da solicitação, lembro-me dos amigos que iam à Europa, saboreando expectativas e novidades. Abraçávamo-nos à partida, quando o cais regurgitava de olhares ansiosos, e depois recebíamos pelo correio marítimo os cartões de saudades e afeição. Se passavam pela Itália, tinham o cuidado de selecionar postais preciosos. Enviavam-nos aquarelas do Vaticano ou fotografias encantadoras onde figurassem os pombos de São Marcos. Da França, mandavam-nos belas gravuras alusivas aos monumentos históricos, relacionando museus e castelos, praças e jardins. Da Suíça, remetiam-nos, invariavelmente, as deliciosas e alvas paisagens de neve. Não podíamos gozar-lhes a companhia na contemplação da Torre de Pisa ou do Lago de Como, entretanto, para compreendê-los possuíamos igualmente as nossas torres, museus, pássaros e lagos. Ao regresso, abraçávamo-nos, de novo, ouvindo-lhes as narrações, encantados e felizes. Voltavam sempre tomados de profunda admiração e cheios de projetos grandiosos. Alguns chegavam a intentar mentalmente a transformação imediata da Candelária num templo análogo à Abadia de Westminster, a fim de recordarem a passagem por Londres; outros idealizavam novas ruas para o seu bairro, idênticas às grandes artérias que se comunicam com o Arco do Triunfo, em Paris. Aos poucos, porém, esqueciam-se do primeiro assombro e reajustavam-se ao café humilde, ao bonde acessível e aos edifícios menos suntuosos.

Entre nós, porém, meu amigo, a distância e as condições não se igualam às que separam Lisboa do Rio de Janeiro. É muito diferente a situação. Exprimindo-me com franqueza, não disponho nem mesmo de recursos para dizer-lhe a lonjura em que me encontro. Os astrônomos terão meios de alinhar números, fornecendo informes das medidas macrocósmicas, e os bacteriologistas dispõem de aparelhos com que demonstram as atividades do plano infinitesimal. Mas, o homem desencarnado ainda não pode contar, perante vocês, com a precisa facilidade de expressão.

Movimentamo-nos no sublime Universo, que somos nós mesmos, e as surpresas são tantas e tamanhas que, a rigor, não temos, por enquanto, o vocabulário imprescindível à moldagem verbal das sensações diferentes. Não tenho cartões postais, nem pinturas, com que possa transmitir-lhe as informações desejáveis. Tenho apenas idéias que lhe envio à mente generosa pelo telégrafo mediúnico. E devendo aproveitar os pensamentos e concepções que você possui, para fazer-me compreendido, é quase inútil que eu lhe descreva meu novo campo residencial... Seu sentimento amigo talvez entendesse alguns conceitos novos, relativamente à vida eterna do espírito imortal, mas o seu raciocínio cerrar-me-ia a porta. A razão, de fato, é uma luz na consciência humana, mas, por vezes, converte-se num Cérebro feroz, a exercer terrível controle sobre o coração.

Sei, contudo, que o seu interesse por minhas noticias prende-se, acima de tudo, à sua própria situação. Você reconhece que o seu destino será igual ao meu e que, talvez, não tarde o instante em que deverá tomar aquele mesmo carro, incensado de flores, que transportou meus despojos para o passaporte devido para a misteriosa e bela região que hoje me serve de moradia.

Em razão disso, tomo a liberdade de sugerir-lhe que procure um roteiro para a viagem, antes de buscar qualquer emoção do noticiário.

Sua necessidade fundamental, no momento, não é a de informar-se quanto às revelações daqui, mas a de preparar-se, convenientemente, para vir.

Diminua as suas bagagens de natureza terrestre. É este meu conselho inicial. Quando abandonei a margem de onde você me escreve, tripulei, eu sozinho, o salva-vidas que a Providência me atirou por misericórdia, e cerquei-me de alguns pequenos tesouros que desejava conservar, a qualquer preço. Separara-me sem esforço de certos patrimônios materiais que mantinha como valiosos triunfos, mas, algumas jóias e lembranças ficariam, por fim, para enriquecimento do meu coração. Todavia, fui compelido a abandoná-las, também, a fim de chegar aqui convalescente e esperançoso. Até mesmo os mais leves anéis que eu guardava nos dedos, fui obrigado a atirar às águas pesadas do esquecimento, para sobreviver.

Diz você que os espíritos desencarnados pregam demasiadamente a virtude e que se referem, provavelmente em excesso, à caridade, à fé e ao amor cristão, e por isso deseja noticiário daqui, mais preciso e concreto.

Que adianta, porém, falar de um país que vocês não compreendem, agora, e para o qual todos os homens se destinam de maneira fatal, sem prepará-los para a grande viagem? Não será mais lógico induzi-los a pensar nos cuidados do presente, para que o futuro lhes seja favorável? Desse modo, eu não posso, em respondendo a você, deixar de recordar as mesmas imagens dos meus companheiros que já se encontram igualmente “neste lado”.

Faça o bem quanto seja possível; conserve a retidão da consciência e renda-lhe culto diário. Sobretudo, se deseja um aviso mais exato, desamarre o coração, cortando os liames que o prendem à esfera das paixões inferiores, antes de soar o seu toque de partir.

Não se descuide. Trace o seu roteiro e siga. Não perca seu tempo rogando orientações nesse sentido, porque todos nós possuímos o padrão do Cristo. Atenda ao preparo indispensável, porquanto, dentro de algumas semanas, possivelmente, estarás também conosco, sem coragem de fornecer noticiário a ninguém.

Pelo Espírito Irmão X
Do livro: Lázaro Redivivo
Médium: Francisco Cândido Xavier