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30 setembro 2012

Oi Jesus, Eu Sou o Zé - Momento Espírita


OI JESUS, EU SOU O ZÉ

Cada dia, ao meio dia, um pobre velho entrava na igreja e, poucos minutos depois, saía. Um dia, o sacristão lhe perguntou o que fazia, pois havia objetos de valor na igreja.

Venho rezar, respondeu o velho.

Mas é estranho, disse o sacristão, que você consiga rezar tão depressa.

Bem, retrucou o velho, eu não sei rezar aquelas orações compridas. Mas todo dia, ao meio dia, eu entro na igreja e falo:
"Oi Jesus, eu sou o Zé. Vim visitar você."

Num minuto, já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que Ele me ouve.

Alguns dias depois, Zé sofreu um acidente e foi internado num hospital. Na enfermaria, passou a exercer grande influência sobre todos.

Os doentes mais tristes tornaram-se alegres e, naquele ambiente onde antes só se ouviam lamentos, agora muitos risos passaram a ser ouvidos.

Um dia, a freira responsável pela enfermaria aproximou-se do Zé e comentou: Os outros doentes dizem que você está sempre tão alegre, Zé...

O pobre enfermo respondeu prontamente: É verdade, irmã. Estou sempre muito alegre! E digo-lhe que é por causa daquela visita que recebo todos os dias. Ela me faz imensamente feliz.

A irmã ficou intrigada. Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do Zé estava sempre vazia. Aquele velho era um solitário, sem ninguém.

Quem o visita? E a que horas? Perguntou-lhe.

Bem, irmã, todos os dias, ao meio dia, Ele vem ficar ao pé da cama por alguns minutos, talvez segundos... 

Quando olho para Ele, Ele sorri e me diz:
"Oi Zé, eu sou Jesus, vim te visitar".

* * *

A história é singela e seu autor é desconhecido.

No entanto, o ensinamento que contém nos faz refletir profundamente.

Fala-nos da fé, da simplicidade, da dedicação e da perseverança.

Quem de nós dispõe, como o Zé, diariamente, de alguns minutos para falar com Jesus?

Muitos ainda confundimos a oração com um amontoado de palavras que vão saindo da boca, destituídas de sentimento e de humildade.

Quantos de nós temos tal perseverança, tanto nas horas de alegria quanto nas de dor, para elevar o pensamento a Jesus, confiando-lhe a nossa intimidade, com a certeza de que Ele nos ouvirá?

A oração é uma ponte que se distende da alma opressa para que o alívio possa chegar.

 É o fio misterioso, que nos coloca em comunhão com as esferas divinas.

É um bálsamo que cura nossas chagas interiores.

É um templo, em cuja doce intimidade encontraremos paz e refúgio.

Enfim, para as sombras da nossa alma, a oração será sempre libertadora alvorada, repleta de renovação e luz.

É importante que cultivemos a fé inabalável nas soberanas leis que regem a vida e das quais o Sublime Galileu nos trouxe notícias.

É preciso orar, ainda que a nossa oração seja singela, mas que seja movida pelo sentimento.

* * *

Orando, chegarás ao Senhor, que te deu, na prece, um meio seguro de comunicação com a infinita bondade de Deus, em cujo seio dessedentarás o Espírito aflito...

Redação do Momento Espírita



29 setembro 2012

Partida e Chegada - Momento Espírita



PARTIDA E CHEGADA

 Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

 O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

 Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

 Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.

 Terá sumido? Evaporado?

 Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

 O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.

 Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

 O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.

 E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro.

 Assim é a morte.

 Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi.

 Terá sumido? Evaporado?

 Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

 O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

 Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

 E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: Já se foi, no mais Além, outro alguém dirá feliz: Já está chegando.

 Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

 A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

 Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

 A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

 Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

 Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.

 * * *

 Victor Hugo, poeta e romancista francês, que viveu no Século XIX, falou da vida e da morte dizendo:

 A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais brilhante.

 Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou.

 Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: Meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou.

 Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte.

 O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente.

 Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais de  Victor Marie Hugo, do livro A reencarnação através dos  séculos, de Nair Lacerda, ed. Pensamento.

28 setembro 2012

O Amor Vence - Irmã Candoca


O AMOR VENCE


Meu querido Ricardo!

Jesus nos abençoe.

A Terra é, como sempre, a nossa vasta escola. E o sofrimento, meu abençoado companheiro, é o velho instrutor. A experiência é o prêmio. A caridade é o anjo de luz, revelar-nos sempre mais amplos e mais sublimados caminhos...

Por vezes, não percebemos semelhante verdade, mormente, quando nos encerramos no oásis fechado da aflição exclusivista. A felicidade, quando inteiramente do mundo, costuma cegar-nos. Correm os dias sem que lhes vejamos a claridade celeste e desdobram-se as noites, sem que nos apercebamos da necessidade de meditar.

Entretanto, Ricardo, vem a morte e desperta-nos. Então, compreendemos a grandeza da dor e da luta, que nos constrangem a renovação permanente.

Que seria de nós, amado amigo, sem a lágrima que nos exercita na direção do bem eterno? Louvemos o pranto que nos purifica e o trabalho que nos aperfeiçoa.

Nos últimos anos, quando outros poderiam julgar-nos separados, vivemos mais juntos para aprender na cartilha divina da verdade.

Se você soubesse quanta alegria palpita em minhalma... Júbilo de senti-lo mais perto de minha ternura e contentamento de saber que as minhas palavras não se perderam sem eco. Nosso amor venceu os obstáculos frios e cinzentos do túmulo.

Nossa esperança superou a saudade, a confiança subjugou a incerteza e continuamos unidos para a imortalidade gloriosa.

Ontem, eu andava sob o carinho de suas mãos. Você guiava-me os passos e ensinava-me o caminho em que eu deveria pisar e, graças ao Senhor, jamais me arrependi de ouvir-lhe as instruções e conselhos... Com seus avisos aproveitei o tempo no trabalho edificante da maternidade, amparando os filhinhos que o céu me confiou e plasmando neles os seus ideais de homem de bem.

Agora, porém, Ricardo, transformei-me na companhia incessante de seu roteiro...

Hoje, ponho as mãos sobre as suas, transmito-lhes o calor do coração e percorremos uma estrada diferente... É a senda de transformação para a vida superior.

Dia a dia, avançamos um pouco mais e sinto em mim o orgulho da companhia que retribue a você em dedicação, quanto recebeu em amor e cuidado.

 Não temamos, Jesus segue a frente de nós.

 Antigamente, buscávamos as flores e os frutos da Terra, agora, porém, procuramos as bênçãos e as luzes do céu. Semeamos de sol a sol. Lutamos, preparamos e plantamos juntos... Atualmente, juntos, organizamos a felicidade da colheita.

 E, aproveitando as lições que a Terra nos oferece, prosseguimos, horizonte afora, em demanda de um novo reino, o reino de nossa união imperecível em Jesus.

 Com o divino auxílio, você ouviu minha voz e continuamos a viagem, montanha além...

 Quando a sombra se faça mais densa sobre a fronte, lembre-se, meu querido Ricardo, que a estrela de nosso amor continua brilhando... E se as pedras do chão parecerem multiplicadas, recorde que as flores de nossa fé permanecem cada vez mais perfumadas e mais vivas.

 Nos momentos em que a solidão insinuar-se mais perceptível aos seus anseios de afeto, não se esqueça de que os meus braços sustentam o seu carinhoso coração junto de mim, conservando a convicção de que Jesus é o nosso companheiro invisível.

 E quando a cruz das provas pesar em seus ombros, de estranha maneira, como se a aflição aumentasse o volume do fardo redentor de lutas que ainda devemos suportar, não olvide a prece...

 A oração nos ajudará a dividir todas as preocupações e todas as dores, equilibrando-nos na grande romagem de regeneração para os mundos felizes.

 A experiência na carne é um curso constante de valiosos ensinamentos.

 Guardemos a certeza de que a Justiça Divina nos rege os mínimos atos.

 Quem dá, recebe.

 Quem sofre com paciência, recolhe mais luz.

 Quem se sacrifica pelo bem dos outros, espiritualiza a própria existência, colocando-se na subida para os cimos da verdadeira felicidade.

 Quem ajuda, ampara a si mesmo.

 Quem perdoa incessantemente, aproxima-se com mais facilidade de Deus, - nosso Pai de infinita bondade – que desculpa amorosamente as nossas faltas, desde o início da vida.

 Quem renuncia, adquire com mais segurança.

 Quem ama pela glória de amar, como Jesus nos amou, cedo conhece a vitória e a ressurreição.

Ricardo, o caminho é o longo e os esclarecimentos são muitos. Felizmente, seu coração me ouve e, por isso minhalma pode escutar igualmente a sua. Adiantemo-nos na senda a percorrer.

Oremos pelos entes amados e esperemos que o Mestre os acolha em seu divino regaço de harmonia e de luz.

Agradeço o seu devotamento e beijo as suas mãos que, entrelaçadas às minhas, se dedicam hoje ao cultivo da caridade.

Plantemos a gratidão, o auxílio, a compreensão, a tolerância construtiva, o caminho, o estímulo ao bem, o bom ânimo, a fé, a esperança, a fraternidade, o entendimento irmão e aguardemos...

A caridade é o sol milagroso que vitaliza a sementeira de nossa boa vontade em toda parte, preparando a seara rica e sublime da ventura no reino da Paz.

Meu abraço afetuoso aos filhos queridos, com pensamento reconhecido à Maria Isabel e envolvendo meu coração com o seu, na mesma vibração de ternura, alegria e reconhecimento, sou a companheira, sempre sua. 


Pelo Espírito Irmã Candoca
Do livro: Páginas do Coração
Médium: Francisco Cândido Xavier

27 setembro 2012

Semeador de Luz - Joanna de Ângelis


SEMEADOR DE LUZ

Esparzem os raios de luz que. espoucam na tua alma, junto ao solo dos corações, enquanto medram soberanas sombras e imprecações.

Malgrado estejam feridas tuas mãos pelo cajado das lutas quotidianas, não seja isto empecilho para o mister da sementeira. Pelo contrário, permite que as gôtas de suor da face cansada e as bagas sanguinolentas, caindo na terra das almas se transformem na umidade generosa que desenvolve o embrião a dormir no casulo do amor latente em todos.

 Embora os pés assinalados pela presença dos espinhos e da urze, avança na direção do Infinito, alargando a vereda que se estreita à frente para que os da retaguarda possam avançar também.

Não fales de cansaço nem arroles decepção. Aquêles que entesouram o amor podem desdobrar em milhares as moedas da coragem, para continuarem ricos de entusiasmo.

 Multiplicam os haveres na razão em que os doam e quanto mais distribuem mais possuem, conseguindo o milagre da felicidade onde se encontram.

Passam muitas vêzes combatidos pela indolência de uns e perseguidos pela rebeldia de outros, mas não se detêm.

Utilizando o tempo com propriedade, por reconhecerem que a hora da semeação passa breve e é necessário aproveitar o momento azado, não se rebelam, nem recalcitram, insistindo e perseverando com otimismo.

Semeador da luz: não temas a treva nem a discórdia, a precipitação ou a preguiça.

Muitos se dizem cansados no campo; outros se afirmam desiludidos; vários desejam renovar emoções caracterizando-se por inusitada saturação; alguns simplesmente desertaram, e onde medravam as primeiras plântulas a erva daninha triunfa e a desolação governa… Prossegue tu, porém, insistentemente, mesmo que te suponhas abandonado, a sós.

 *

Há aquêles que semeiam animosidades e deparam idiossincrasias.

Abundam os que espalham a ira e defrontam resíduos de ódios onde chegam.

Na alfândega da vida muitos apresentam disfarçadas as sementes da maledicência e da infâmia esperando liberação.

O imposto da impertinência, porém, cobra taxas pesadas àqueles que se fazem fiscais em nome da impiedade.

Por isso, na gleba imensa dos homens surgem e ressurgem tantos afligentes e afligidos disputando espaço na ribalta da ilusão fisiológica. Passam disfarçados, enganadores ou enganados, na busca do desencanto. São, também, semeadores do desconcêrto que defrontarão adiante…

 Mesmo os cardos se enflorescem, algumas vêzes, e as pedras refulgem quando lapidadas.

 Semeia, pois, a luz da esperança, ainda e sempre, desde que se te depare oportunidade feliz.


Médium: Divaldo Pereira Franco 
Florações Evangélicas
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 1.

26 setembro 2012

Corrijamos Agora - Emmanuel


CORRIJAMOS AGORA

Em plena vida espiritual, além do caminho estreito da carne, sempre realizamos o inventário de nossas aquisições no mundo.

Em semelhantes ocasiões, invariavelmente nos escandalizamos à frente de nós mesmos e rogamos, então, à Divina Providência, a graça do retorno à matéria mais densa, sem as vantagens terrestres que nos serviram de perda.

É por isso que renascemos no mundo com singulares inibições congeniais.

Aqui é um cego que pediu a medicação da sombra para curar antigos desvarios da visão.

Ali, é um surdo que solicitou o silêncio nos ouvidos, como bênção de reajuste da própria alma.

Mais além, somos defrontados pelo leproso que implorou do Céu a vestimenta de feridas e aflições, como remédio purificador da personalidade transviada do verdadeiro bem.

Mais adiante, encontramos o aleijado de nascença, que suplicou a mutilação natural por serviço valioso de auto corrigenda.

Doenças e amarguras, dificuldades e dores são meios de que nos valemos para a justa reparação de nossa vida, em nós ou fora de nós.

Atendamos ao aviso do Evangelho, no passo em que nos adverte o Senhor: “Caminhai, enquanto tendes luz”.

Enquanto se vos concede no mundo a felicidade de permanência no corpo físico — templo de formação das nossas asas espirituais para a vida eterna — não procureis o escândalo, a distância de vosso círculo individual!

Escandalizemos conosco, quando a nossa conduta estiver contrária aos princípios superiores que abraçamos.

Estranhemos nossos pensamentos, nossas palavras e nossos atos, quando não se afinem com o Mestre da Cruz, cujo modele procuramos, e, assim, amanhã não teremos a lamentar maiores faltas, alcançando a vitória sobre nós mesmos, em paz com a nossa própria consciência, em plena Vida Imperecível que nos espera ante o Mestre e Senhor.

Emmanuel

De “Família”
De Francisco Cândido Xavier
Espíritos diversos

25 setembro 2012

A Piedade - Michel


A PIEDADE

A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos, ela é irmã da caridade que vos conduz a Deus. Deixai o vosso coração se comover diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes.

Vossas lágrimas são como uma consolação que lhes aplicais sobre as feridas e, quando, por uma doce simpatia, conseguis lhes dar a esperança e a resignação, que alegria experimentais! Essa ventura, é bem verdade, tem um certo pesar, visto que nasce ao lado da infelicidade; mas, se não possui a ilusão dos prazeres terrenos, não tem as decepções angustiantes do vazio que eles deixam atrás de si. Há uma suavidade penetrante que alegra a alma. A piedade, uma piedade bem sentida, é amor. O amor é devotamento. O devotamento é o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento, essa renúncia em favor dos infelizes, é a virtude no seu mais alto grau; a que o divino Messias praticou durante sua vida e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva e quando for praticada por todos os povos, garantirá a felicidade à Terra, fazendo, finalmente, reinar a concórdia, a paz e o amor.

A piedade é o sentimento mais apropriado para vos fazer progredir, dominando o vosso egoísmo e vosso orgulho; é o sentimento que prepara vossa alma para a humildade, a beneficência e para o amor ao vosso próximo. Essa piedade vos comove profundamente, diante do sofrimento de vossos irmãos, vos faz estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Não oculteis, portanto, jamais em vossos corações essa emoção celeste, não façais como os egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque a visão da miséria perturbaria por instantes sua feliz existência. Temei ficar indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranqüilidade comprada a preço de uma indiferença condenável é semelhante a tranqüilidade do Mar Morto, que esconde no fundo de suas águas o lodo apodrecido e a corrupção.

Quanto a piedade está longe, entretanto, de causar a perturbação e o aborrecimento que apavoram o egoísta! Sem dúvida, ao tomar contato com a desgraça do próximo e voltando-se para si mesma, a alma experimenta um abalo natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta dolorosamente. Mas a compensação será grande, todas as vezes que conseguirdes devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se emociona com o aperto de mão, e cujo olhar, em lágrimas, ao mesmo tempo de emoção e de reconhecimento, fixar-se docemente em vós, antes de elevar-se ao Céu, em agradecimento por lhe ter enviado um consolador, um apoio. A piedade compadecesse dos males alheios, é a celeste precursora da caridade, a primeira das virtudes, da qual é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.

Michel - Bordeaux, 1862
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec


24 setembro 2012

O que é Obsessão?


O QUE É OBSESSÃO

1 - Conceito de Obsessão


Obsessão é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.

Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. Geralmente é distúrbio espiritual de longo curso, com graves consequencias, em forma de distonias mentais, emocionais e desequilíbrios fisiológicos. Em casos mais graves, a obsessão é enfermidade espiritual de erradicação demorada e difícil, pois que muito mais depende do encarnado perseguido do que do desencarnado perseguido.

2 - Quem é o Obsessor

Obsessor - do latim obsessore - Aquele que causa a obsessão; que importuna. Não é um ser estranho a nós. Pelo contrário. É alguém que privou da nossa convivência, de nossa intimidade, por vezes com estreitos laços afetivos.

O Espírito perseguidor, genericamente denominado obsessor, em verdade é alguém colhido pela própria aflição. Ex-transeunte do veículo somático, experimentou injuções que o tornaram revel, fazendo que guardasse no recesso da alma as aflições acumuladas, de que não se conseguiu liberar sequer após o decesso celular.

Sem dúvidas, vítima de si mesmo, da própria incúria e invigilância, transferiu a responsabilidade do seu insucesso a outra pessoa que, por circunstância qualquer, interferiu decerto negativamente na mecânica dos seus malogros.

Há obsessores que não possuem vínculos cármicos com o encarnado e que no entanto, podem causar-lhes grandes transtornos. São Espíritos moralmente inferiores geralmente agindo de preferência nas próprias paisagens invisíveis, em torno de entidades desencarnadas não devidamente moralizadas, mas também podendo interferir na vida dos encarnados, prejudicando-os e até os levando aos estados alucinatórios, ou mesmo ao estado de obsessão, pelo simples prazer de praticar o mal, divertindo-se.

2.1 - Tipos de Obsessores

a) Obsessores que não intencionam fazer o mal

- Há obsessores que não são totalmente maus, é preciso que se diga. Como ninguém é absolutamente mau. São antes, doentes da alma. Possuem sementes de bondade, recursos positivos que são abafados, adormecidos. Nem todo obsessor tem consciência do mal que está praticando. Existem aqueles que agem por amor, por zelo, pensando ajudar ou querendo apenas ficar junto do ser querido. São pessoas mais desajustadas em termos afetivos. Amam egoisticamente; exigem, igualmente, exclusividade nas relações afetivas.Outras vezes amam alguém de forma deturpada, com excessivo apego. É uma mãe ou um pai fortemente vinculados a um filho, tolhendo sua liberdade, restringindo-o ao campo da sua atuação. Não querem dividi-lo com ninguém. É um esposo ou uma esposa ciumentos, que desconfiam de tudo, que mantêm controle do cônjuge, fazendo-o prisioneiro nas garras de sua insegurança. Essas são as principais características do obsessor não propriamente vinculados ao mal, mas vinculados ao egoísmo, ao ciúme e ao sentimento de posse.

b) Obsessores vinculados ao mal

- Obsessores, sim, os há, transitoriamente, que se entregam à fascinação da maldade, de que se fazem cultores, enceguecidos e alucinados pelos tormentosos desesperos a que se permitiram, detendo-se nos eitos, da demorada loucura - verdugo impiedoso de si mesmo - pois todo mal sempre termina por infelicitar aquele que lhe presta culto de subserviência. Tais Entidades - que oportunamente são colhidas pelas sutis injuções da Lei Divina - governam redutos de sombra e viciação, com sede nas Regiões Tenebrosas da Espiritualidade Inferior, donde se espraiam na direção de muitos antros de sofrimento e perturbação na Terra, atingindo, também, vezes muitas, as mentes ociosas, os Espíritos calcetas, os renitentes, revoltados, por cujo comércio dão início a processos muito graves de obsessão de longo curso. Tais obsessores são adeptos da revolta e do desespero. São pobres desequilibrados que tentam induzir todas as situações à desarmonia em que vivem. Eles se organizam em falanges cujos integrantes apresentam no perispírito aspectos disformes, grotescos, extravagantes, e cujas configurações e ações pareciam fruto de pesados àqueles que não se afinam com as blandícias da Espiritualidade. Provocam-nos, seduzem-nos, aterrorizam-nos, criando mil fantasmagorias que às pobres vítimas parecerão alucinações diabólicas, das mesmas se servindo, ainda como joguetes para a realização de caprichos, maldades e até obscenidades. Comumente, queixam-se aos suicidas de tais falanges, cujo assalto lhes agrava, no pélago de males para onde o suicídio os atirou, o seu insuportável suplico.

3 - Quem é o Obsidiado

Obsidiado - Obsesso: Importunado, atormentado, perseguido. Indivíduo que se crê atormentado, perseguido pelo Demônio. Obsidiado - todos nós, o fomos ou ainda somos.

3.1 - Tipos de Obsidiados

a) Psicopatas amorais

- São Espíritos endividados, que contraíram débitos pesados em existências anteriores, após estágio mais ou menos prolongados na regiões espirituais de sofrimento e de dor, em que volvem à reencarnação, quando se mostrem inclinados à recuperação dos valores morais em si mesmos. Transportados a novo berço, comumente entre aqueles que os induziram à queda, quando não se vêem objeto de amorosa ternura por parte de corações que por eles renunciam à imediata felicidade nas Esferas Superiores, são resguardados no recesso do lar. Contudo, renascem no corpo carnal espiritualmente jungidos às linhas inferiores de que são advindos, assimilando-lhes, facilmente, o influxo aviltante. Reaparecem desse modo, na arena física. Mas, via de regra, quando não se mostram retardados mentais, desde a infância, são perfeitamente classificáveis entre os psicopatas amorais segundo o conceito da insanidade moral, vulgarizado pelos ingleses, demonstrando manifesta perversidade, na qual se revelam constantemente brutalizados e agressivos, petulantes e pérfidos, indiferentes a qualquer noção da dignidade e da honra, continuamente dispostos a mergulhar na criminalidade e no vício.

b) Doentes mentais

- Reconhecemos, com os ensinamentos da Doutrina Espírita, que todos aqueles portadores de esquizofrenias, psicopatologias variadas, dentro de um processo cármico, são Entidades normalmente vinculadas a graves débitos, a dívidas de delitos sociais, e, conforme nos achamos dentro desse quadro de compromisso, essas psicopatologias de multiplicada denominação assumem intensidade maior ou menor.

Nos casos de epilepsia, tudo nos leva a crer que as Entidades credoras em se aproximando do devedor indiretamente, ou por meio do pensamento, promovem como um acordamento da culpa, e ele então no chamado transe epiléptico.

Na retaguarda dos desequilíbrios mentais, sejam da ideação ou da afetividade, da atenção e da memória, tanto quanto por trás de enfermidades psíquicas clássicas, por exemplo, como as esquizofrenias e as parafrenias, as oligofrenias e a paranóia, as psicoses e neuroses de multifária expressão, permanecem perturbações da individualidade transviada do caminho que as Leis Divinas lhe assinalam à evolução moral.

c) Psicopatas astênicos e abúlicos

- Aqueles Espíritos relativamente corrigidos nas escolas de reabilitação da Espiritualidade desenvolvem-se, no ambiente humano, enquadráveis entre os psicopatas astênicos e abúlicos, fanáticos e hipertímicos, ou identificáveis como representantes de várias doenças e delírios psíquicos, inclusive aberrações sexuais diversas. As características predominantes destes obsidiados são as irresponsabilidade e a fraqueza perante a vida. Neles, o senso de honre ou de dever, é praticamente inexistente. Não sabem ou não conseguem tomar uma decisão, revelando terrível fraqueza moral.

4 - O Processo Obsessivo

O processo obsessivo não se instala de imediato: é gradual, de acordo com o grau ou a intensidade da obsessão, que Kardec classifica em simples, fascinação e subjulgação. No inicio, o Espírito perseguidor localiza no seu alvo os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se valo o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. A interferência se dá por processo análogo ao que acontece na radio, quando uma emissora clandestina passa a utilizar determinada frequência prejudicando-lhe a transmissão. O passo seguinte é a ação persistente do obsessor para que se estabeleça a sintonia mental, entre ele e o perseguido. Passa a enviar os seus pensamentos, numa repetição constante, hipnótica à mente da vítima, que, incauta, invigilante, assimila-os e reflete-os, deixando-se dominar pelas idéias intrusas. Além da ação hipnótica, há também o envolvimento fluídico, que torna o perseguido debilitado, favorecendo, assim, a ação do obsessor.

O Espirito perseguidor atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado como que por uma teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.

O Obsessor não dá trégua ao obsidiado. Por ação própria e de outros Espíritos que são igualmente por ele dominados, mantém sua ação persistente junto ao objeto de sua perseguição. Durante o sono, sobretudo, age com mais intensidade. A pessoa deixa-se dominar por um inimigo invisível, durante o sono. Afina-se com o seu caráter deste e recebe as suas ordens ou sugestões, tal como o sonâmbulo às ordens do seu magnetizador. Ao despertar, reproduz, mais tarde, em ações da sua vida prática, as ordenações então recebidas, as quais poderão levá-lo até mesmo ao crime e ao suicídio. Será prudente que a oração e a vigilância sejam observadas com assiduidade, particularmente antes do sono corpóreo, a fim de proteger-se contra esse terrível perigo, pois que isso favorecerá uma como harmonização da sua mente com as forças do Bem, o que evitará o desastre. Em outras ocasiões, os obsessores agem sobre os perseguidos empolgando-lhes a imaginação com formas mentais monstruosas, operando perturbações que podemos classificar como "infecções fluídicas' e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura. E ainda muitos outros, imobilizados nas paixões egoísticas desse ou daquele teor, descansam em pesado monodeísmo, ao pé dos encarnados de cuja presença não se sentem capazes de afastar-se. Alguns, como os ectoparasitas temporários, procedem à semelhança de mosquitos e dos ácaros, absorvendo emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali; mas outros muitos, quais endoparasitas conscientes, após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vítimas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do Espírito, e que podemos nomear como sapatinas, e aglutininas mentais, produtos esses que, sub-repticiamente, lhes modificam a essência dos próprios pensamentos.

Nos processos obsessivos mais intensos, em que o obsidiado já não se governa, tornando-se evidentes os distúrbios psíquicos e físicos, os obsessores mais distanciados do bem utilizam-se dos chamados ovóides para tornar ferrenha a perseguição. Esses Espíritos endurecidos implantem os ovóides na estrutura perispiritual do encarnado, em pontos estratégicos (medula nervosa, centros de forças (Chacras)) para estabelecerem maior controle. Os ovóides são entidades humanas desencarnadas que perderam a forma anatômica do perispírito, característica da espécie humana. O Perispírito de tais criaturas sofreu uma espécie de transubstanciação, tendo adquirido uma morfologia anômala, de esferas escuras, pouco maiores que um crânio humano. Algumas dessas entidades apresentam movimentos próprios, agindo como se fossem grandes amebas. Outras, no entanto mantêm-se em repouso, aparentemente inertes ligada ao hato vital das personalidades em movimento.

Algumas condições espirituais favorecem a ovidização -transformação do perispírito do desencarnado em ovóide -, por exemplo, sentimentos de vingança, ódio, culpa ou pervesão moral.

Estudo retirado da apostila "Estudo e Prática da Mediunidade - Programa I" editada e distribuída pela Federação Espírita do Brasil - FEB Edição Outubro/2009

23 setembro 2012

A Degeneração do Espiritismo - Dalmo Duque dos Santos



A DEGENERAÇÃO DO ESPIRITISMO

Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo, podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa doutrina e o do seu movimento social.

O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos, financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psico-sociais, atacando suas idéias mais contundentes à moral animalizada, alimentando os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores. Repressão de forças espirituais espontâneas e idéias consideradas ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a falsificação de tradições e a adoção do sincretismo do costumes bárbaros, foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo.

O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias, violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais, agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte comprometimento da regeneração do nosso planeta.

Com o Espiritismo não está sendo muito diferente.

Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espírito da Verdade.

Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do “amai-vos e instruí-vos”, entendendo-a egoisticamente, ora como fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo, compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos adaptando a doutrina aos nosso limites, corrompendo os textos da codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que freqüentamos e mais comumente a interferência negativas dos nossos caprichos e vaidades pessoais.

Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e liderança autoritária, de crítica e boicote às idéias que não concordamos.

E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando ingenuamente que a nossas idéias e grupos sejam majoritários num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário, e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui.

E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros celeiros doutrinários.

Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?

O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento?: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro doutrinário. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas.

Dalmo Duque dos Santos
Portal do Espírito

22 setembro 2012

Paz Íntima - Victor Hugo


PAZ ÍNTIMA

“Para que uma conduta pacifista se estabeleça e predomine no homem, faz-se necessária uma vontade forte que promova a revolução interior, em violência contra si mesmo, através da revisão e reestruturação dos conceitos sobre a vida, assumindo uma posição de princípios definidos, sem titubeios nem ambigüidades escapistas.

Tomada essa conduta, a marcha se faz amena, porque o homem passa a considerar todos os sucessos do ponto de vista espiritual, isto é, da transitoriedade da existência corporal e da perenidade do Espírito.

Desse modo, muda a paisagem dos fenômenos humanos que, efeitos de causas profundas, devem ser examinados e corrigidos nas suas gêneses, antes que mediante a irrupção de novos incidentes, em razão das reações tomadas contra os mesmos.

Agir com lucidez ao invés de reagir pela força, é a conduta certa, porque procedente da razão, antes que decorrente do instinto-paixão dissolvente.

Não há outra alternativa para o ser inteligente, senão o uso da razão em todo momento e em qualquer ocorrência nas quais seja colhido.

A sua reação não pode ultrapassar o limite do equilíbrio, sustando o golpe que lhe foi desferido ou o amortecendo no algodão da misericórdia em favor de quem lho aplicou...

Mediante esse processo, ruem as barreiras da intolerância, e do ódio; acabam-se as distâncias impeditivas à fraternidade; apagam-se as mágoas; diluem-se os rancores, porque ninguém logra vencer aquele que a si próprio já se venceu.

Os ultrajes não o afetam; as agressões não o intimidam; a morte não o atemoriza, porque ele é livre, portador de uma liberdade que algema nenhuma escraviza ou aprisiona, nem cárcere algum limita...

É, portanto, imbatível, terminando por fazer-se amado, mártir dos ideais e das aspirações de todos. Pronto!”

Autor: Victor Hugo (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco
Livro Árdua Ascensão

21 setembro 2012

Ociosidade - Joanna de Ângelis


OCIOSIDADE

Sorrateiramente se instala na casa mental, entorpecendo a vontade.

Disfarça-se de cansaço, sugerindo repouso.

Justifica-se como necessidade de refazimento de forças, exigindo, cada vez, maior soma de horas.

Apresenta-se como enfermidade, impondo abandono de tarefas.

Desculpa-se, em nome da exaustão das energias, que deseja recobrar.

Reage contra qualquer proposição de atividade que implique no inconveniente esforço.

A ociosidade é cruel inimigo da criatura humana e fator dissolvente que se insinua nas tarefas do bem, nas comunidades que laboram pelo progresso.

Após vencer aquele de quem se apossa, espalha o seu ar mefítico, contaminando quantos se acercam da sua vítima, que se transforma em elemento pernicioso, refugiando-se em mecanismos de evasão de responsabilidade sob a condição de abandonado pela fraternidade alheia.

* * *

O ocioso faz-se ególatra; termina impiedoso.

Solicita direitos, sem cumprir com os deveres que lhe dizem respeito.

Parasito social, é hábil na dissimulação dos propósitos infelizes que agasalha.

Dispõe de tempo para censurar os que trabalham e observa, nos outros refletidas, as imperfeições que de si transfere.

Sua palavra enreda os incautos, torpedeando os programas que exigem ação.

Quando não se demora anestesiado, mentalmente, pelos vapores tóxicos que emite e absorve, consegue exibir falsa compostura, atribuindo-se superioridade que está longe de possuir, no ambiente onde se encontra.

Escolhe serviços e especifica tarefas, que jamais cumpre integralmente, acusando os outros ou escusando-se por impedimentos que urde com habilidade.

É adorno de aparência agradável, que sugere valor ainda não conseguido.

Bom palestrante, conselheiral, cômodo, refugia-se na gentileza para atrair simpatias, desde que lhe não seja exigido esforço.

Sabe usar os recursos alheios e estimula as tendências negativas, insuflando, com referências encomiásticas, o orgulho, a vaidade, a insensatez.

Na enfermidade de que padece, não se dá conta da inutilidade que o caracteriza.

* * *

Teresa d'Ávila, atormentada por problemas artríticos e outros, na sua saúde delicada, exauria-se, silenciosa, nas tarefas mais cansativas do Monastério, embora portadora de excelentes dons espirituais.

Bernadette Soubirous, a célebre vidente de Lourdes, afadigava-se, enferma, nos trabalhos mais vigorosos, até a total impossibilidade de movimentos.

Allan Kardec, advertido pelo seu médico, Dr. Deméure, então desencarnado, para que poupasse as energias, prosseguiu ativo até o momento da súbita desencarnação.

E Jesus, que jamais se escusou ao trabalho, são lições que não podem nem devem ser ignoradas.

* * *

Se não gostas ou não queres trabalhar, sempre encontrarás justificativas para dissimular a ociosidade.

O progresso de que necessitas, porém, não te desculpará o tempo perdido ou mal empregado.

Volverás à liça, em condição menos afortunada, sendo-te indispensável o esforço para a sobrevivência.

Os membros, que se não movimentam na atividade edificante, atrofiam-se, perdem a finalidade, e apenas se recuperarão sob injunções mui dolorosas.

Oxalá te resguardes da ociosidade.

Melhor a exaustão decorrente do bem, vivenciado a cada instante, do que a agradável aparência, cuidada e rósea, mediante a exploração do esforço alheio e a nutrição da inutilidade ociosa.

De "Otimismo",
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis

20 setembro 2012

Se Não Houver Amanhã - Momento Espírita


SE NÃO HOUVER AMANHÃ

Sabe, eu que costumava deixar muitas coisas para amanhã, resolvi lhe dizer, hoje, o quanto você é importante para mim, porque quando acordei pela manhã, uma pergunta ressoava na acústica de minha alma:
E se não houver amanhã?

Então, hoje eu quero me deter um pouco mais ao seu lado, ouvir suas ideias com mais atenção, observar seus gestos mais singelos, decorar o tom da sua voz, seu jeito de andar, de correr, de abraçar.

Porque... se não houver amanhã... eu quero saber qual é sua comida preferida, a música que você mais gosta, a sua cor predileta...

Hoje eu vou observar seu olhar, descobrir seus desejos, seus anseios, seus sonhos mais secretos e tentar realizá-los.

Porque, se não houver amanhã... eu quero ter gravada em minha retina o seu sorriso, seu jeito de ser, suas manias...

Hoje eu quero fazer uma prece ao seu lado, descobrir com você essa magia que traz tanta serenidade, quero subir aos céus com você, pelos fios invisíveis da oração.

Hoje eu vou me sentar com você na relva macia, ouvir a melodia dos pássaros e sentir a brisa acariciando meu rosto, colado ao seu, em silêncio... e sem pressa.

Hoje eu vou lhe pedir por favor, agradecer, me desculpar, pedir perdão, se for necessário.

Sabe, eu sempre deixei todas essas coisas para amanhã, mas o amanhã é apenas uma promessa... O hoje é presente.

Assim, se não houver amanhã, eu quero descobrir hoje qual é a flor que você mais gosta e lhe ofertar um belo ramalhete.

Quero conhecer seus receios, aconchegá-lo em meus braços e lhe transmitir confiança...

Hoje, quando você for se afastar de mim, vou segurar suas mãos e pedir para que fique um pouco mais ao meu lado.

Sabe, eu sempre costumo deixar as palavras gentis para dizer amanhã, carinhos para fazer amanhã, muita atenção para prestar amanhã, mas o amanhã talvez não nos encontre juntos.

Eu sei que muitas pessoas sofrem quando um ser amado embarca no trem da vida e parte sem que tenham chance de dizer o que sentem, e sei também que isso é motivo de muito remorso e sofrimento.

Por isso eu não quero deixar nada para amanhã, pois se o amanhã chegar e não nos encontrar juntos, você saberá tudo o que sinto por você e saberei também o que você sente por mim.

Nada ficará pendente...

Quero registrar na minha alma cada gesto seu.

Quero gravar em meu ser, para sempre, o seu sorriso, pois se a vida nos levar por caminhos diferentes eu terei você comigo, mesmo estando temporariamente separados.

Sabe, eu não sei se o amanhã chegará para nós, mas sei que hoje, hoje eu posso dizer a você o quanto você é importante para mim.

Seja você meu filho, minha filha, meu esposo ou esposa, um amigo talvez, você vai saber hoje, o quanto é importante para mim... porque, se não houver amanhã...

* * *

Amanhã o sol será o mesmo mensageiro da luz mas as circunstâncias, pessoas e coisas, poderão estar diferentes.

Hoje significa o seu momento de agir, semear, investir suas possibilidades afetivas em favor daqueles que convivem com você.

Hoje é o melhor período de tempo na direção do tempo sem fim...


Redação do Momento Espírita

19 setembro 2012

Morte e Vida AlémTúmulo - Léon Denis


MORTE E VIDA ALÉM TÚMULO

Todas as religiões e todas as filosofias têm tentado explicar a morte; bem poucas lhe têm conservado o verdadeiro caráter.
O Cristianismo divinizou-a; seus santos encararam-na nobremente, seus poetas cantaram-na por uma libertação. Entretanto, os santos do Catolicismo só viram nela as exonerações da servidão da carne, o resgate do pecado, e, por isso mesmo, os ritos funerários da liturgia católica espalham uma espécie de terror sobre essa peroração, aliás, tão natural, da existência terrestre.

A morte é simplesmente um segundo nascimento; deixamos o mundo pela mesma razão por que nele entramos, segundo a ordem da mesma lei.

Algum tempo antes da morte, um trabalho silencioso se executa. A desmaterialização já está começada. Poderiam verificá-la por certos sinais, quantos rodeiam o moribundo, se não estivessem distraídos pelos fatos externos. A moléstia goza aqui de papel considerável. Ela acaba em alguns meses, em algumas semanas, em alguns dias, apenas, o que o lento trabalho da idade havia preparado: é a obra de “dissolução” de que fala o Apóstolo Paulo. Essa palavra dissolução é muito significativa: indica nitidamente que o organismo se desagrega e que o perispírito se “desliga” do resto da carne em que estava envolvido.

Ninguém morre só, pela mesma forma que ninguém nasce só. Os invisíveis que o conheceram, que o amaram, que o assistiram aqui, em nosso orbe, vêm ajudar o moribundo a desembaraçar-se das últimas cadeias do cativeiro terrestre.

A desmaterialização está completa; o perispírito se desprende do invólucro carnal, que vive ainda algumas horas, talvez, de uma vida puramente vegetativa. Assim, os estados sucessivos da personalidade humana desenrolam-se em ordem inversa àquela que preside ao nascimento.

As Almas, por instinto infalível, vão para a esfera proporcionada a seu grau de evolução, à sua faculdade de iluminação, à sua aptidão atual de perfectibilidade.
As afinidades fluídicas conduzem-na, qual doce mas imperiosa brisa que impele um batel, para outras Almas similares, com as quais vai unir-se em uma espécie de amizade, de parentesco magnético; e assim, a vida, uma vida verdadeiramente social, mas de grau superior, reconstitui-se, tal qual outrora na Terra, porque a Alma humana não poderia renunciar à sua natureza. A estrutura íntima, sua faculdade de irradiação, lhe impõe a sociedade que merece.

As altas missões da Alma jamais cessam. Os Espíritos sublimes, que têm instituído e melhorado seus semelhantes na Terra, continuam em mundo superior, em quadro mais vasto, seu apostolado de luz e sua redenção de amor.
Conforme dissemos no início destas páginas, é assim que a História eternamente recomeça e se torna cada vez mais universal. A lei circulatória que preside ao eterno progresso dos Estados e dos mundos desenrola-se sem cessar em esferas e mundos cada vez mais engrandecidos; tudo recomeça no Alto, em virtude da mesma lei que faz tudo evolver no plano inferior. Todo o segredo do Universo aí está.

Léon Denis
Obra: O Grande Enigma

18 setembro 2012

A Reencarnação - Léon Denis


A REENCARNAÇÃO

Uma vez colocados esses princípios, consagremos esta meditação a estudar as idades da vida humana: a mocidade, a idade madura, a velhice, à luz dessa grande lei, sendo a morte sua coroação e apoteose. Desses estudos surgirá o grande princípio espiritualista da reencarnação, o único que explica o mistério do ser e do seu destino. É preciso renascer – é esta a lei comum do destino humano, que também evolve em um círculo do qual Deus é o centro. “Ninguém – dizia Jesus a Nicodemos – verá o reino de Deus – isto é, não compreenderá a lei de seu destino – se não renascer da água e do espírito.” A reencarnação está claramente expressa nessas palavras, e Jesus repreende a Nicodemos “ser mestre em Israel e desconhecer essas coisas”. Quantos, entre nossos mestres contemporâneos, são passíveis da mesma censura! Há muitos que se contentam com a noção superficial da vida, e nunca se sentem tentados a olhar para o fundo! É tão fácil negar as coisas para fugir ao dever e ao trabalho de estudar e compreender!

O positivista jamais encara o problema da origem, nem o dos fins; contenta-se com o momento presente e o explora da melhor maneira. Muitos homens, mesmo inteligentes, agem igual àquele. Por seu lado, o católico limita-se a crer no que manda a igreja, que faz da vida um mistério do começo ao fim, pondo-lhe alguns milagres no meio; e quando estas duas palavras são pronunciadas: milagre, mistério! Todos se inclinam, todos se calam, todos crêem. Por outra parte, os universitários só acreditaram, durante muito tempo, nos dados da experimentação. Para eles, tudo que não figurasse em seus programas era destituído de valor. Nunca os ídolos de Bacon tiveram tantos adoradores. A ciência oficial, também, há meio século vem apenas contribuindo com diminuto progresso para o pensamento moderno. Entretanto, o médico dos nossos dias, tão ligado, até então, aos sistemas materialistas da Escola, começa a sacudir o jugo; e é das fileiras da Medicina atual que saem os doutores mais autorizados e mais competentes do Espiritismo.

A próxima geração será mais feliz e ainda melhor dotada. Cresce uma mocidade, que não surge de nenhum pedagogismo e só se instrui na grande escola da Natureza e da consciência íntima. Esta será verdadeiramente a mocidade livre, isto é, independente de qualquer educação fictícia, de qualquer método empírico e convencional. Ela ouve as verdadeiras vozes; a voz interior, a voz subliminal do ser, a voz que explica o homem ao homem e resolve o teorema do destino com a clareza que lhe é possível. É para essa sociedade de amanhã que escrevo estas páginas; dedico-as aos iniciados e aos avisados, àqueles que, segundo a palavra do Mestre, têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Voltemos, pois, à lei circulatória da vida e do destino, isto é, à doutrina da reencarnação.

Léon Denis
Obra: O Grande Enigma

17 setembro 2012

Carma e Consciência - Joanna de Ângelis


CARMA E CONSCIÊNCIA


O carma é o efeito das ações praticadas nas diferentes etapas da existência atual como da pregressa.

Fruto da árvore plantada e cultivada, tem o sabor da espécie que tipifica o vegetal.

Quando os atos são positivos, os seus resultados caracterizam-se pela excelência da qualidade, favorecendo o ser com momentos felizes, afetividade, lucidez, progresso e novos ensejos de crescimento moral, espiritual, intelectual e humano, promovendo a sociedade, na qual se encontra.

Quando atua com insensatez, vulgaridade, perversão, rebeldia, odiosidade, recolhe padecimentos ultrizes, que propiciam provas e expiações reparadoras de complexos mecanismos de aflições, que respondem como necessidade iluminativa.

O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.

A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura, podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve mudar as atitudes, aprimorando-as e desdobrando-as em prol do bem geral, no que resulta em bem próprio.

Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.

O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar.

Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos saudáveis.

Constrói e elabora novos carmas, liberando-te dos penosos que te pesam na economia moral.

A consciência não é inteligência no sentido mental, mas, a capacidade de estabelecer parâmetros para entender o bem e o mal, optando pelo primeiro e seguindo a diretriz do equilíbrio, das possibilidades latentes, desenvolvendo os recursos atuais em favor do seu vir-a-ser.

Essas possibilidade que se encontram adormecidas, são a presença de Deus em todos, aguardando o momento de desabrochar e crescer.

A consciência, nos seus variados níveis, consubstancia a programação das ocorrências futuras, através das quais conquista os patamares da evolução.

Enquanto adormecida, a consciência funciona por automatismos que se ampliam do instinto à conquista da razão. Quando a lucidez faculta o discernimento, mais se favorecem os valores divinos que se manifestam, aumentando a capacidade de amar e servir.

O carma, que se deriva da conduta consciente, tem a qualidade do nível de percepção que a tipifica.

Amplia, desse modo, os tesouros da tua consciência, e o teu carma se aureolará de luz e paz, que te ensejarão plenitude.

Enquanto na ignorância, Maria de Magdala, com a consciência adormecida, vivia em promiscuidade moral. Ao defrontar Jesus, despertou, alterando o comportamento de tal forma, que elaborou o abençoado carma de ser a primeira pessoa a vê-lo ressuscitado.

Judas Iscariotes, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos vapores da ambição descabida, e, despertando depois, ao enforcar-se, estabeleceu o lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros tenebrosos e recuperar-se.

O carma e a consciência seguem juntos, o primeiro como decorrência do outro.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão de número 132, interrogou:

- Qual o objetivo da encarnação dos espíritos?

E os Mensageiros responderam:

- Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.


Joanna de Ângelis (Espírito)
Médium: Divaldo P.Franco

16 setembro 2012

Alicerces da Obsessão - Orson Peter Carrara


ALICERCES DA OBSESSÃO


Imagine alguém que queira impor sua maneira de ser ou viver a determinada pessoa de seu relacionamento. Usando pressão psicológica, emocional ou constrangendo outro alguém a agir e pensar pela “sua cabeça”, passa a determinar comportamentos, a tentar dominar a vontade, infelicitando o relacionamento.

Pois bem, isto é obsessão, que significa uma importunação constante, idéia fixa sugerida e aceita, pressão constrangedora de uma sobre outra pessoa. Ocorre entre os seres humanos, normalmente em conflitos de quem deve e quem quer receber. E isto não é exclusivo a dívidas monetárias e pode ocorrer também por implicância pessoal ou egoísmo, ciúme, orgulho, vingança e muitas vezes sem que a vítima deva mesmo algo ao seu algoz.

Sendo fruto dos relacionamentos marcados pela imaturidade ou por reflexos das causas citadas na última frase do parágrafo anterior, a obsessão também ocorre vinda dos espíritos (seres que já deixaram o planeta pelo chamado fenômeno da morte biológica), que continuam a viver com suas conquistas morais e intelectuais, mas também com suas angústias e sentimentos menos dignos, a serem futuramente extirpados. Como também ocorre entre eles, mas este é assunto para outro dia.

Seja por vingança, sintonia moral não elevada ou mero capricho advindo do egoísmo e da inveja, a obsessão instala-se na mente humana por invigilância desta. É a única visita ou companhia indesejável que só mantemos conosco por nossa única e exclusiva permissão. Abrimos-lhes as portas mentais pelo desânimo, o medo, a vingança, o ciúme ou a inveja (notem que são os mesmos sentimentos alimentados pela vítima), mantemos sua companhia pela permanência na mesma postura e despedimo-la quando resolvemos por mudar o comportamento para a retidão moral.

Toda a estrutura da obsessão está baseada na sintonia mental. Pensando e agindo no bem estaremos protegidos e imunes à sua influência. Para isso basta pensar que somos criaturas livres e responsáveis e não devemos nos permitir constrangimentos por quem quer que seja, sejam seres humanos ou espíritos. E isto pede condutas que não gerem arrependimentos, remorsos ou dívidas morais. Portanto, é mera questão de retidão moral.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec desenvolve capítulo específico sobre o assunto. Breve estudo ao referido livro trará muitas informações ao leitor interessado.

Autor: Orson Peter Carrara

15 setembro 2012

Falibilidade - Emmanuel


FALIBILIDADEJustificar

Reunião Pública de 23-10-61
1ª. Parte, cap. IX, item 12 - O CÉU E O INFERNO - Allan Kardec


Ante as devastações do mal, apoia o trabalho que objetive o retorno ao bem.

Até que o espírito se integre no Infinito Amor e na Sabedoria Suprema, em círculos de manifestação que, por agora, nos escapam ao raciocínio, a falibilidade é compreensível, no campo de cada um, tanto quanto o erro é natural no aprendiz em experiência na escola.

A educação não forma autômatos.

A Ordem Universal não cria fantoches.

*

Onde haja desastre, auxilia a restauração.

Mobiliza as forças de que dispões, sanando os desequilíbrios, ao invés de consumir ação e verbo, atitude e tempo, grafando a veneno o labéu da censura.

Anotaste lances calamitosos nos delitos que o tribunal terrestre não é capaz de prever ou desagravar.

Viste homens e mulheres, cercados de apreço público, aniquilarem existências preciosas, derramando o sangue de corações queridos em forma de lágrimas; surpreendeste cidadãos abastados e aparentemente felizes, que humilharam os próprios pais, reduzindo-os à extrema pobreza, ao preço de documentos espúrios; assinalaste pessoas açucaradas e sorridentes que induziram outras ao suicídio e à criminalidade, sem que ninguém as detivesse; identificaste os que abusaram do poder e do ouro, erguendo tronos sociais para si próprios, à custa do pranto que fizeram correr, muitas vezes com o aplauso dos melhores amigos, e conheceste carrascos de olhos doces e palavras corretas que escamotearam a felicidade dos semelhantes, abrindo as portas do hospício ou da penitenciaria para muitos daqueles que lhes confiaram os tesouros da convivência, sem que o mundo os incomodasse.

Apesar disso, não necessitas enlamear-lhes o nome ou incendiar-lhes a senda. Todos eles voltarão ao quadro escuro das faltas cometidas, através de continuadas reencarnações, em dificuldades amargas, nos redutos da prova, a fim de lavarem a consciência.

*

Se a maldade enodoa essa ou aquela situação, faze o melhor que possas para que a bondade venha a surgir.

Segue entre os homens, abençoando e ajudando, ensinando e servindo...

Todas as vítimas das trevas serão trazidas à luz e todos os caídos serão levantados, ainda que, para isso, a espoja do sofrimento tenha de ser manejada pelos braços da vida, em milênios de luta. Isso porque as Leis Divinas são de justiça e misericórdia e a Providência Inefável jamais decreta o abandono do pecador.

De "Justiça Divina"
De Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Emmanuel

14 setembro 2012

Deus Disse Não - Momento Espírita


DEUS DISSE NÃO

Nas horas difíceis, quando lembramos de rogar a Deus por Seu socorro, nem sempre sabemos interpretar a Sua resposta.

No entanto, a resposta sempre chega de conformidade com as nossas necessidades e merecimentos.

Um homem que costumava fazer pedidos específicos a Deus, um dia conseguiu entender a Sua resposta e escreveu o seguinte:

Eu pedi a Deus para tirar a minha dor. Deus disse não. "Não cabe a Mim tirá-la, mas cabe a você desistir dela."

Eu pedi a Deus para fazer com que meu filho deficiente físico fosse perfeito. Deus disse não. "Seu Espírito é perfeito e seu corpo é apenas provisório."

Eu pedi a Deus para me dar paciência. Deus disse não. "A paciência nasce nas tribulações. Não é doada, é conquistada."

Eu pedi a Deus para me dar felicidade. Deus disse não. "Eu lhe dou bênçãos. A felicidade depende de você."

Eu pedi a Deus para me proteger da dor. Deus disse não. "O sofrimento o separa dos apelos do Mundo e o traz para mais perto de Mim."

Eu pedi a Deus para me fazer crescer em Espírito. Deus disse não. "Você tem que crescer sozinho, mas Eu o podarei para que você possa dar frutos."

Eu pedi a Deus todas as coisas para que eu pudesse gostar da vida. Deus disse não. "Eu lhe dou vida para que você possa gostar de todas as coisas."

E, por fim, quando pedi a Deus para me ajudar a amar os outros, tanto quanto Ele me ama, Deus disse:

"Finalmente você captou a idéia!"

* * *

Se, porventura, você está se sentindo triste por não ter recebido do Pai Criador a resposta que desejava, volte a sorrir.

O sol beija o botão da flor e ela sorri.

A chuva beija a terra e ela, reverdecida, sorri.

O fogo funde os metais e esses, depurando-se, expressam formas para sorrir.

Vai a dor, volta a esperança.

Foge a tristeza, volta a alegria.

* * *

Certa vez um discípulo rogou, emocionado, ao seu mestre:

Senhor, quando identificarei a plenitude da paz e da felicidade, vivendo neste Mundo atribulado de enfermidades e violências?

O mestre, compassivo, respondeu:

Quando puder ver com a suavidade do meu olhar as mais graves ocorrências, sem julgamento precipitado;

Quando lograr ouvir com a paciência da minha compreensão generosa;

Quando puder falar auxiliando, sem acusação nem desculpismo;

Quando agir com misericórdia, mesmo sob as mais árduas penas e prosseguir sem cansaço no caminho do bem entre espinhos pontiagudos, confiando nos objetivos superiores, você se identificará comigo e gozará de felicidade e paz.

O aprendiz ouviu, meditou, e, levantando-se, partiu pela estrada do serviço ao próximo, disposto a conjugar o verbo amar, sem cansaço, sem ansiedade e sem receio.

* * *

Se, porventura, você está triste por não ter recebido a resposta que desejava do Pai Criador, volte a amar e a sorrir.

Só assim vai a dor e volta a esperança.

Foge a tristeza e volta a alegria.


Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida e mensagem do Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

13 setembro 2012

Conselhos Simples - Marco Prisco


CONSELHOS SIMPLES

A revolução que se apresta é antes moral, do que material."
(Allan Kardec, E.S.E., Cap.1 - Item 10.)


Utilize as horas com moderação, realizando cada tarefa por sua vez, sem interrupção.

Trabalho continuado - rendimento vultuoso.

Modifique, sem mais tardança, o conceito negativo a respeito de quem você conheceu num momento infeliz.

A opinião má que se renova contribui para a sementeira da fraternidade.

Antes que os labores diurnos o surpreendam, realize no leito a comunhão com o Senhor, através da meditação.

O homem mantém a comunicação com o Pai Celeste pelos invisíveis fios do pensamento.

Resguarde-se da enfermidade, cultivando a higiene mental.

Mente asseada - corpo equilibrado.

Recolha, em cada dificuldade, a mensagem oculta de advertência para a vida.

Obstáculo vencido - aprendizagem inesquecível.

Acomode-se ao temperamento alheio, vencendo as imposições do instinto, quando a serviço do auxílio.

Quem relaciona dificuldades não dispõe de tempo para ajudar.

Receba o intrujão com delicadeza, expondo-lhe a verdade sem arrogância deliberada.

Todo usurpador se transforma em algoz de si mesmo.

Precavenha-se da agressão do ódio, pelo exercício do amor.

A constância no bem imuniza o homem contra o contágio das misérias morais.

Aceite o sofrimento como fenômeno natural da experiência evolutiva.

A enfibratura moral consolida-se no fragor das batalhas diárias.

Repare a terra submissa e boa, sulcada pelo arado para a dádiva do pão.

Aprenda com ela a lição da humildade e deixe que o Agricultor Compassivo transforme sua vida num seminário de amor para o bem de todos.



Autor: Marco Prisco
Psicografia de Divaldo Franco

Livro: Glossário Espírita-Cristão

12 setembro 2012

O Anjos na Visão Espírita - Rita Foelker


OS ANJOS NA VISÃO ESPÍRITA

Os anjos são um dos temas do momento. Livros sobre anjos ganharam espaço entre os mais vendidos pelas livrarias.

É positivo que as pessoas se voltem para esses amigos espirituais.

De fato, os bons Espíritos sempre estiveram por perto, sempre tentaram inspirar aos homens pensamentos elevados, e os homens, nem sempre, lhes deram a devida atenção...

O Espiritismo ensina que os homens convivem com os Espíritos, que podem se comunicar com eles e, portanto, acha natural que o mundo invisível intervenha no mundo visível.

Mas a Doutrina Espírita não admite a existência de anjos como são geralmente considerados, como seres criados já perfeitos e sábios, enquanto outros devem sofrer as provas das encarnações, esforçando-se e lutando para atingir a perfeição e a felicidade.

Esta concepção não condiz com a perfeita Justiça de Deus. Deus, soberanamente justo, não concederia o privilégio de uma vida sem tribulações a alguns, enquanto exige sacrifícios e renúncias de outros.

Segundo o Espiritismo, “anjo” é um termo que pode ser aplicado aos Espíritos que, tendo sido criados simples e ignorantes, atingiram um estágio evolutivo muito elevado e se colocam, assim, em condições de auxiliar seus irmãos mais atrasados de caminhada.

Os bons Espíritos podem se comunicar conosco através das intuições e das inspirações, pelo pensamento, em todos os momentos da vida.
Eventualmente, podemos conversar com eles em reuniões mediúnicas.

Entretanto se, nas horas difíceis, fecharmos nossos olhos, e, simplesmente, aquietarmos nossos pensamentos, pedindo com confiança, poderemos ouvir o que eles têm a nos dizer. Não existe nenhuma técnica especial para isto. Qualquer pessoa, com intenções puras, pode recorrer ao auxílio destes companheiros espirituais.

De “Um Pouco por Dia”
De Rita Foelker

11 setembro 2012

Diretrizes de Alegria - Joanna de Ângelis


DIRETRIZES DE ALEGRIA


Não desconsideres o valor e o poder da oração.

O corpo necessita de alimento adequado para manter-se. Assim também o Espírito, que é a fonte de vitalização da matéria.

A prece constitui um combustível de alta qualidade para a sua harmonia.

Adquire o hábito de orar, incorpora-o aos outros mecanismos naturais da tua existência e constatarás os benefícios disso decorrentes.

Não te negues o pão da vida, que é a prece sincera e afervorada.


***

Exercita a gentileza e a gratidão para com todas as pessoas, especificamente os idosos.

A velhice é fase inexorável que alcançarás, caso a morte não te arrebate o corpo antes.

Nesse período difícil, as forças diminuem, os órgãos se debilitam, as lembranças se apagam e a dependência física, emocional e afetiva se faz imperiosa.

Pode parecer cansativa a presença do idoso; ele, porém, é rico da experiência que te pode brindar, mas carente dos recursos que lhe podes oferecer.


***

Qualquer vício escraviza e mata.

Não te vincules aos chamados "aperitivos sociais", que dão margem a lamentáveis processos de alcoolismo, nem adotes a posição de fumante, por parecer-te uma postura distinta e de elegância, mas que conduz às algemas do tabagismo assassino.

Jogo, sexo, gula, anedotário servil, para citar somente alguns, iniciam-se em pequenas doses, para culminar em cárcere moral quando não em penitenciária comum.

Uma vida sadia torna-se ditosa e prolongada, a benefício daquele que assim a preserva.


***

Torna-te pacificador.

Onde te encontres, estimula a paz e vive em paz.

Os tumultos que aturdem os homens e as lutas que se travam em toda parte poderiam ser evi- tados, ou pelo menos contornados, se os homens mantivessem o espírito de boa vontade, uns pa- ra com os outros.

Uma ofensa silenciada, uma agressão desculpada, um golpe desviado, evitam conflitos que ar- dem em chamas de ódio.

Confia na força da não-violência e a paz enflorescerá o teu e o coração de quantos se acerquem de ti.

***

Preserva a jovialidade na tua conduta.

Um cenho carregado reflete aflição, desgosto, contrariedade.

Podes ser de atitudes retas e comportamento sério, sem que te afixes a máscara contraída do mau humor.

Jovialmente e com alegria esparze bom ânimo, irradiando o bem-estar de que esteja rico o teu coração.

O tesouro de um comportamento jovial tem o preço da felicidade que oferece a todas as pessoas.


***

A presença do ciúme no teu comportamento é sinal de desequilíbrio.

O ciúme jamais será o sal temperando o amor.

Desconfiança e insegurança significam a manifestação do ciúme.

Quando ele se introduz na afetividade, há o surgimento de pesadelos e perturbações prejudiciais.

Supera as insinuações ciumentas na tua conduta, amando com tranquilidade e confiando em paz.

Se a pessoa amada não te corresponder à expectativa, segue adiante, porque o prejuízo é dela.


Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco
Livro: Vida Feliz