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31 maio 2022

Sofrimentos na Mediunidade - Joanna de Ângelis

 
SOFRIMENTOS NA MEDIUNIDADE

Identificado com os princípios espirituais, na mediunidade, têns a impressão de que, apuradas as antenas psíquicas, registras angústias, temores e inquietações antes ignoradas.

Achas isso estranho.

Não poucas vezes assimilas o pensamento que invade o teu pensamento e deixas-te desanimar.

Frequentemente receios infundados vitalizam fantasmas que se corporificam no teu mundo mental, assenhoreando-te em fixação dolorosa e deprimente.

Sequazes da aflição sitiam teu coração em linhas de soledade, e temes.

É natural que isto ocorra.

O médico, o enfermeiro, o assistente social, o servente hospitalar instalados nos serviços de socorro aos enfermos respiram o clima de angústia e dor entre expectações e ansiedade.

Assim também, no campo da assistência mediúnica aos sofredores, o fenômeno é o mesmo.

Quem serve participa do suor do serviço

Quem ajuda experimenta o esforço do auxílio que oferece.

Quem ama sintoniza nas faixas do ser amado, haurindo as mesmas vibrações...

Liberta-te do receio pelo trabalho, fase assepsia mental pelo estudo e abnegação, e prossegue...

* * *

Dizem alguns observadores precipitados, e talvez inconscientes, que as tarefas mediúnicas de socorro aos desencarnados cristalizam psicoses nos médiuns.

Afirmam vários estudiosos de gabinete que as operações desobsessivas libertam os doentes desencarnados e encarceram em enfermidades perigosas os intermediários.

Assinalam diversos aprendizes da mensagem espírita que os médiuns operantes no intercâmbio com desencarnados em lamentável estado, conservam desaires e sensíveis desequilíbrios que os fazem exóticos.

Sabemos, no entanto que não tem razão os que assim pensam, quem assim procede.

O médium espiritista tem conhecimento, através da doutrina que professa, dos antídotos e dos medicamentos para manutenção do próprio equilíbrio.

Não há dúvida de que médiuns existem, em todos os departamentos humanos, com desalinho mental de alta mostra e, em razão disso, também nas células espíritistas de socorro eles aparecem na condição, todavia, de enfermos em tratamentos especiais e demorados. Já vieram em tormentos e se demoram sem qualquer esforço de renovação interior.

O espiritismo é antes de tudo lar-escola, hospital-escola, santuário-escola para aprendizagem, saúde e elevação espiritual.

Necessário, portanto, que o sensitivo se habilite para as tarefas que lhe cabem, através de exercícios morais de resultados positivos, estudo metódico e constante, serviços de amor, a fim de libertar-se dos velhos liames com os espíritos infelizes, que permanecem ligados às suas paisagens mentais em vampirismo insidioso; e, naturalmente, embora entre enfermos e necessitados, conduza o tesouro da oportunidade libertadora, na mediunidade socorrista.

* * *

Medium de Deus, Jesus libertou da treva o jovem lunático, atenazado por espíritos imundos, ao descer do Tabor.

Concedeu serenidade ao gadareno, ao rumar a Gerseza, ensejando a renovação ao espírito infeliz que o obsidiava.

Sempre que buscado pelos atormentados espirituais da erraticidade inferior, em momento algum se recusou ao intercâmbio, falando-lhes e socorrendo-os na condição de médico divino.

E, quando a grande multidão, assediada por obsessores cruéis, em desvario, o arrastou ao testemunho para com a vida, sereno e humilde, orou na noite de vésperas, em dolorosa angústia e vigília de suor de sangue, para galgar os degraus da Vida Perene, doutrinando-os e doutrinando-nos com as palavras do exemplo incorruptível de amor que até hoje permanece como nosso roteiro de segurança.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 42


30 maio 2022

Nossa casa permanente - Momento Espírita

 
NOSSA CASA PERMANENTE

Não importa nossa idade, nossa ideologia, nossos meios culturais, nossa raça, nossa cor de pele.

Não importa quanto tempo nos distanciamos nem por onde andamos.

Não importa se, desejando conquistar o mundo, abandonamos fronteiras natais.

Não importa se buscamos muito longe ilustrar o nosso intelecto e angariar melhores fontes de renda.

Não importa se construímos nosso lar, se somos felizes ou infelizes ali.

Existe no mundo uma casa onde, a qualquer momento, podemos entrar sem avisar, mesmo porque, na maioria dos casos, temos a chave.

Quando entramos, olhos amorosos nos recebem, braços se estendem em saudoso abraço.

Um abraço demorado que nos faz sentir outra vez pequeninos e protegidos, totalmente, sem vontade de nos soltar.

Essa casa tem o poder de nos fazer lembrar dos dias que passamos despreocupados e felizes, antes de descobrirmos que deveríamos andar com nossos próprios pés e vencer nossas batalhas.

Traz de volta a nossa infância com todos os seus folguedos e brincadeiras, todas as risadas e distrações.

Traz de volta a presença dos irmãos, amigos, familiares, vizinhos, que há muito não vemos, mas que moram em nossos corações.

Essa casa tão especial é a casa dos nossos pais, ou somente do pai ou da mãe.

É o único lugar em que olhando seus rostos, sentimos a maior bênção do mundo. Para eles, a alegria é nos ver e ter por perto.

É o lugar onde, por mais contemos o que fizemos, temos e conquistamos, ainda é preciso falar um pouco mais.

Porque quem nos recebe quer saber tudo, nos mínimos detalhes.

Crescemos, somos executivos, empresários, funcionários de empresas públicas ou privadas, profissionais de variada ordem, pais de família mas, para eles, continuamos a ser os filhos que necessitam carinho e ternura.

Nesse recanto, parece que as luzes brilham mais, e podemos falar do que quisermos, sabendo que quem nos ouve, compreende.

Mesmo que sejam atitudes erradas, ações equivocadas, eles entendem. E depois de tudo, terão palavras de encorajamento para que busquemos acertar, doravante.

Quando formos à mesa, perceberemos que as flores colhidas no jardim são as mais belas e perfumadas.

Que o jantar, independente do que seja servido, tem o ingrediente especial do amor.

Mesmo que tenhamos chegado com o coração dilacerado, depois de chorarmos todas as lágrimas, conseguiremos esboçar um leve sorriso.

Todos os que desfrutamos da ventura dessa casa, devemos expressar nosso reconhecimento aos que estão lá e nos aguardam, quando queiramos comparecer.

Importante que eles saibam, antes de partir, como essa casa faz a grande diferença em nossas vidas.

* * *

Quem de nós desfrute da ventura de ter seu pai, sua mãe, ou ambos, ainda sobre a Terra; quem de nós tenha essa casa permanente para voltar, na alegria, ou na tristeza, na abundância ou na carência, deve ser grato.

Grato a Deus que nos permite essa bênção.

E nesse preito de gratidão, que lembremos de retornar muitas vezes a essa casa, onde tanto recebemos.

Retornar para abraçar, beijar e dizer: Obrigado, meu pai, minha mãe, por vocês existirem.

Vocês tornam minha vida mais feliz!

Redação do Momento Espírita

29 maio 2022

Devo ficar ou devo ir? - Marcelo Henrique

 
DEVO FICAR OU DEVO IR?

A partida de Jesse Koz e seu cão golden retriever, Shurastey. O mundo espiritual, de pessoas e pets. Um texto de homenagem e aprendizado.

***

Should I stay or should I go now?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
And if I stay it will be double

Devo ficar ou devo ir agora?
Devo ficar ou devo ir agora?
Se eu for, terei problemas
E se eu ficar, terei o dobro
(The Clash, “Should I stay or should I go”).


***

A canção – que tocou muito! – ecoa nos meus ouvidos. E, creio, nos seus, também. Há um “toque shakespeariano” no título e no período que se repete na letra da música: “Ser ou não ser, eis a questão” (Hamlet, Ato III, Cena I). E, utilizando uma metáfora que gosto muito, desde que me tornei, em 1981, espírita, são as diversas “encruzilhadas” da(s) nossa(s) vida(s)…

Então, meus amigos: – Devo ficar ou devo ir agora? Qual será a minha (ou a sua) decisão, diante das situações da presente encarnação?

Não… Se você esperava que eu dissesse isso, eu vou desdizer: não há roteiros, mapas, bulas, esquetes, determinismos ou programações pré-estabelecidas. No cenário existencial, o ator principal (você!) é quem decide quais caminhos trilhar. E, neste ponto, se vai agir ou não, se vai ficar ou ir…

Foi assim com Jesse Koz e seu cão golden retriever, Shurastey (o som da palavra inglesa, logicamente), que viajavam pelo mundo a bordo do Dodongo, um fusca 1.300, 1978, com placas da cidade catarinense de Balneário Camboriú. Aos 29 anos, Jesse nos deixou esta semana (dia 24 de maio), junto com Shurastey e Dodongo, num grave acidente automobilístico, próximo à cidade de Selma, no Estado do Oregon, nos Estados Unidos. A dupla – ou o trio, considerando o simpático veículo em que viajavam – estava próxima do tão desejado destino, o Alaska. Triste!

Foi um pouco antes, mais particularmente em 2017, que este jovem catarina decidiu abandonar seu emprego de vendedor em um shopping center, se desfez do pouco que tinha e iniciou uma jornada de viagens, mundo afora…

Jesse não quis ficar. E foi… Foi até onde seus sonhos permitiram ir. E foi muito feliz, junto com o especial companheiro. Como escreveu seu amigo Fabrício Oliveira, no Instagram, “Espalharam alegria, amor e mostraram a importância da amizade para o mundo”.

Alegria. Amor. Amizade. Três palavras com a letra “A”, dos inícios e dos reinícios. Onde tudo começa… O quanto de alegria, amor e amizade você tem, todos os dias? Não falo de um oásis de perfeição, onde tudo pareceria fluir com naturalidade, leveza e completude. Não! A vida (real) não é assim, sabemos… Ela é uma gangorra, com altos e baixos, ou uma montanha-russa, em que subimos ou descemos, com velocidades variáveis, experimentando os caminhos da vida. Caminhos, estes, que escolhemos, invariavelmente.

Há sabores, doces ou amargos, sabemos, nesta trajetória. Podem ser pequenos espasmos de alegria entre várias situações de dificuldade, eu bem sei. E há quem diga que os instantes alegres são muito rápidos e que os períodos de tristeza sejam maiores. Talvez seja uma “ilusão de ótica”. Ou uma forma – particular, em função do que somos espiritualmente, e da visão precária que a condição de “estar na carne” nos possibilita, diante do universo (e da realidade) espiritual. A sabedoria, que é a exata noção do que realmente existe e se passa conosco, no entanto, só virá lá na frente, após muitas “léguas” percorridas.

Por enquanto, nos cabe trabalhar por sermos mais alegres, amorosos e amigos. O quanto pudermos. Assim como Jesse e Shurastey (que foto linda, meu Deus!). Você que tem (ou já teve) um animalzinho de estimação sabe disso, vive isso, lembra-se das situações… Os sentimentos que nutrimos pelos animais me parece – e isso desde antes de eu me tornar espírita – um estágio para realmente aprendermos o que é o tal amor incondicional (se é que este existe)…

Falemos, então, um pouco mais dos animais. Mesmo que você não seja espírita, quero aproveitar este momento e este ensaio para me dirigir àqueles que mantêm algum relacionamento, durante a vida, com nossos “irmãos menores”, especialmente aqueles que podemos chamar de animais domésticos.

Os animais AINDA não são Espíritos, como nós. Um dia, o serão… A Lei do Progresso, inexorável, exercerá sobre eles – assim como para conosco – a sua eficácia e aplicabilidade. E eles seguirão seu percurso, tornando-se, também, melhores até o instante em que, não sabemos como, seus princípios espirituais tornar-se-ão Espíritos.

Os animais têm alma? Sim! Que preexiste e sobrexiste à morte física. Um princípio que sobrevive ao corpo, mas uma alma inferior à dos homens, havendo “entre a alma dos animais e a do homem, tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus” (item 597, “a”, de “O livro dos Espíritos”. Ainda não é dotada da faculdade que caracteriza a espécie humana, o livre-arbítrio e, quando da morte, ficam numa espécie de estado errante (a que chamamos, nós, espíritas de Erraticidade), aguardando nova oportunidade vivencial (encarnação). Possuem uma espécie de inteligência, ainda que limitada às ações da vida material, uma vez que “nos homens, a inteligência produz a vida moral” (item 604, da mesma obra).

Então, é de se perguntar: o que ocorre com a “alma” dos animais, após a morte? Esta parece ser a questão de maior interesse daqueles que têm (ou tiveram) seus amigos de patas, os animais. Na pergunta 600, da obra em comento, os Instrutores Invisíveis, por meio dos médiuns, assim responderam: “O Espírito do animal é classificado, após a morte, pelos Espíritos incumbidos disso e utilizado quase imediatamente; não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas” (nossos os grifos).

Então, meu amigo, o Shurastey logo, logo estará, novamente, em solo terreno, provavelmente animando o corpo de outro cão, para seguir a sua trajetória ascendente. E será, novamente, tão feliz quanto foi ao lado do Jesse, assim esperamos. E o Jesse? Irá, ao se tornar novamente consciente, após o “baque” do acidente que o vitimou, fará o “balanço” de sua existência finda, para projetar uma nova encarnação para seus aprendizados. E será tão ou mais feliz, o quanto possível, como nós, em suas andanças futuras. Quando? Não o sabemos, já que o retorno obedece às Leis Espirituais e não tem o caráter de instantaneidade (celeridade) como se dá com o “Espírito” dos nossos irmãos menores, os animais.

Daí você pode se perguntar sobre as “visões” espirituais e os “relatos” de inteligências desencarnadas, em obras mediúnicas, sobre a “presença” de animais no “mundo espiritual”. Não é mesmo? Pois é…

Iniciemos pelos nossos sonhos, noturnos, em que “nos parece” ser real a nossa “estada” com aquele cãozinho ou gatinho que esteve conosco durante vários anos. E nós o chamamos pelo nome, e ele nos atende! E aqueles momentos, durante o sono, em que voltamos a brincar com ele e sentimos, tão proximamente, a sua presença, o que é? Não raro um misto de fantasia e recordação. Um desejo imenso de estar novamente – inclusive, aí, tanto com animais quanto com pessoas que já se foram – assim com a lembrança boa daqueles instantes mágicos de alegria e contentamento, quando de nossa convivência física com o bichinho. Mas, não será real, ainda que a “nebulosidade” de nossa visão e a “precariedade” das nossas percepções possa sugerir.

Quanto aos relatos mediúnicos, inclusive os constantes em algumas obras “consagradas” pela “opinião popular”, o Espiritismo nos fornece duas explicações bem plausíveis. A primeira, está relacionada com a visão acerca da realidade pós-morte, que não é percebida de forma real e uníssona por todos os desencarnados, dadas as diferenças evolutivas entre uns e outros. “Nem sempre o que parece, é”, diz o adágio popular. Nossas visões podem estar comprometidas pelos nossos desejos e vontades, assim como, é muito comum que, para os “mortos” o que ocorra é a continuidade das situações e relações da existência física, quando os desencarnados permanecem vinculados, pelo pensamento, aos locais em que viveram (casa, trabalho, residência de amigos e parentes, locais de lazer e preferência, etc.). Vivem, assim, um “mundo paralelo”, como se ainda estivessem participando das circunstâncias comuns da vida física, que encerraram, com a morte.

Um outro ponto interessante e peculiar é o fato de que os Espíritos podem tomar a forma do que desejarem. Podem escolher a “imagem” que desejam para se tornar próximos, conhecidos e afetivamente relevantes para os encarnados (e, até, para os desencarnados, desde que estes não tenham, ainda, recuperado todas as suas faculdades espirituais, em razão daquilo que os Espíritos Superiores definiram como a “perturbação da morte”, ou após a desencarnação). E é por isso, então, que muitos Espíritos, em seus relatos, julgam ter reconhecido seus animais de estimação e tido alguns momentos de “reencontro” com eles, naquilo que chamam, equivocadamente, como “Plano Espiritual”.

Não raro, para nós que estamos nesta condição errante, o “mundo espiritual” continua sendo o mesmo plano existencial – no caso, a Terra e seus “ambientes” – já que aqui se encontram nossos afetos e interesses. E é por isso, também, que as Inteligências Superiores afirmaram que os laços de família (ou afetividade) não se destroem, mas se mantêm e se fortalecem, assim como os interesses da maioria dos desencarnados continuam sendo os “temas da vida material”.

Se você se interessa pelo tema, recomendamos as questões 592 a 610, de “O livro dos Espíritos”, em que, a partir de interessantes e inteligentes questões, as Inteligências Invisíveis nos falaram vários aspectos da alma animal e de sua trajetória, na matéria e fora dela. Recomendo!

Por fim, voltando às relações que construímos, uns com os outros e, de maneira bem particular, com os animais, Jesse e Shurastey estão em “bom lugar”, qual seja o de estada provisória. Shurastey, logo, logo, estará de volta à mãe Gaia, a Terra, para ser, certamente, motivo de alegria e afeto, com seus novos “donos”, provavelmente encenando uma “nova história de amor” para ser contada e recontada. Jesse, adiante, também regressará a este mundo de expiações e provas, com as experiências somadas de suas existências anteriores, para fazer melhor, em uma nova oportunidade.

A nós, resta a saudade. Lembraremos de cenas, de fotos, de termos acompanhado algumas “peripécias” da dupla e seu fusquinha, em lições de Alegria, Amor e Amizade. Espero, enfim, que a sua vida seja repleta, como a minha, de momentos alegres, amorosos e de vivência entre amigos. Isto nos conforta, nos infunde coragem e nos motiva a continuar lutando… 
 
Até breve, Jesse (@jessekoz) e Shurastey (@shurastey_)!

Por Marcelo Henrique
Fonte:
Portal Casa Espírta Nova Era

28 maio 2022

O Oficial Nazista Reencarnado - Fernando Rossit

 
O OFICIAL NAZISTA REENCARNADO

Ele chegou ao Centro Espírita muito doente. O desequilíbrio atingira o ápice e, embora não fosse espírita, os recursos que a Doutrina poderia lhe oferecer era sua “última chance”.

Não conseguia dormir. Sentia a presença de “pessoas” dentro da sua casa e passou a ter crises de pânico. Não conseguia entrar na piscina de sua casa porque “percebia” que estava repleta de sangue. Seu quarto se transformou num quartel-general e ele percebia a presença de “oficiais militares” em movimentação constante. Queria se matar, pois não via saída para seu sofrimento.

Podemos dizer que o caso de Carlos (nome fictício) foi um tratamento espiritual emblemático para nós em 38 anos de sala mediúnica.

Tratava-se de um ex-oficial nazista, que participou diretamente das fileiras de Hitler na segunda guerra mundial. Suas vítimas, hoje transformadas em perseguidores espirituais, eram, na sua maioria, judeus desencarnados. Conseguiram localizá-lo reencarnado aqui no Brasil e a partir daí montaram um verdadeiro cerco para “destruí-lo”.

Criaram, com o poder da mente e graças a fluidez da matéria primitiva (Fluido Cósmico Universal), bem como a plasticidade com que responde ao poder criativo do pensamento, um verdadeiro quartel-general na residência de Carlos.

Para os médiuns videntes, sua casa física não “mais existia”, dado que fora totalmente sobreposta por uma outra construção – fluídica – onde centenas de judeus faziam guarda no seu entorno bem como nas duas torres erguidas para “vigilância”. Para eles, Carlos não poderia escapar. Tinham que destruí-lo fazendo justiça aos desmandos de que participou na guerra estúpida, destruindo suas casas, famílias e país.

O caso para nós, pequenos e imperfeitos servidores, era desafiador. Mas insistimos no Bem, eis que tudo podemos Naquele que nos fortalece, e movidos, também, pela compaixão que nos envolveu seu caso delicado. Tínhamos que fazer algo por aquele jovem de 23 anos.

A orientação doutrinária como o mais eficaz medicamento para amenizar seu sofrimento foi-lhe ministrada: passes, palestras, Evangelho no Lar, preces e vigilância, bem como reforma íntima com mudanças de hábitos e costumes.

As entidades comunicavam-se revoltadas. O desequilíbrio causado pelo ódio e desejo de desforço levaram-nas, em alguns casos, à lincantropia.

Foi um trabalho que durou mais de um ano. Até que, graças a misericórdia do Pai e dedicados trabalhadores da seara do Bem desencarnados, um dia o destino desses irmãos mudou para sempre.

Grupos de judeus desencarnados, alguns deles parentes e amigos daqueles irmãos infortunados, construíram uma grande barraca hospitalar no ambiente espiritual da nossa Casa Espírita, para recebê-los em tratamento naquela noite inesquecível. Era comovedora a visão espiritual desses irmãos em fila, ingressando, um a um, no pronto-socorro montado pelos trabalhadores de Cristo.

Na reunião mediúnica, parentes da metade do século passado se acercaram dos judeus perseguidores e os acalmaram, envolvendo-os amorosamente, com a promessa que de após recolhidos e receberem os primeiros socorros, seriam “repatriados”, podendo retornar aos seus países de onde foram retirados cruelmente durante a segunda guerra mundial. E mais: nossos irmãos judeus poderiam reencarnar nas famílias que “perderam”, reencontrando parentes e afetos queridos. Trabalhadores espirituais, especializados em manipulação fluídica, se encarregaram de desfazer a construção assustadora que fora criada pelos nossos irmãos vítimas da guerra.

A reunião mediúnica durou cerca de uma hora e meia….

Ao final da comovedora experiência que nosso grupo mediúnico teve a alegria de participar, agradecemos ao Senhor da Vida e a Jesus, o fiel Amigo nas provações e sofrimentos por que passamos na Terra.

Carlos, a partir daquela noite memorável, obteve melhora significativa. Aos poucos todos os sintomas desapareceram e retornou ao equilíbrio. Hoje está liberto das injunções obsessivas daquela época.

Casou-se e tem um filho. Enviou-me uma foto onde aparece ele, a esposa e o filho, sorridentes e felizes aproveitando a refrescante água da piscina nesses dias de calor.

Fernando Rossit
Fonte:
Kardec Rio Preto
 

27 maio 2022

O Papel dos Espíritos Missionários na Transição Planetária - Fernanda Oliveira

 
O PAPEL DOS ESPÍRITOS MISSIONÁRIOS NA TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

Todos os Espíritos foram criados por Deus de forma simples e ignorante; somos seres imperfeitos com a capacidade de aprender, errar, pensar, reaprender e evoluir. Somos Espíritos longe da perfeição, com capacidade tanto para o mal como para o bem. A vida em sociedade é aprendizado constante para o progresso. Temos que ter a consciência que somos espíritos eternos e devemos ter um propósito na vida.

O objetivo maior da reencarnação é a capacidade que o ser possui de aprender, discernir e de fazer escolhas válidas para o seu próprio progresso.

O planeta Terra é visitado por inúmeros Espíritos que reencarnados assumem a responsabilidade de ser exemplo e acelerar o progresso mediante invenções, descobertas, inspirações.
Podemos entender esses Espíritos como Espíritos missionários.

Segundo o dicionário missionário é aquele que recebeu ou assumiu a incumbência de realizar determinada tarefa ou promover a sua concretização.

Os Espíritos missionários já são designados antecipadamente antes de reencarnarem, trazendo com a sua missão amor, caridade e paz. Nem sempre esses Espíritos possuem a consciência de sua missão. As missões dos Espíritos nobres e altruístas tem sempre por finalidade a promoção do bem, a melhoria do nosso padrão moral, a fraternidade, empatia e o perdão.

Conforme esclarecimento de O Livro dos Espíritos as missões correspondem as capacidades e a elevação do espírito. Como exemplo de alguns espíritos missionários temos Moises, Francisco de Assis, Joana d’Arc, Buda, Gandhi, Alveiro Vargas, Chico Xavier; como Kardec que além do seu trabalho como pedagogo, escritor de diversos livros, também pesquisou, estudou e codificou a Doutrina Espírita com a ajuda dos Espíritos encarnados e desencarnados. Seres humanos diferentes entre si, em diferentes locais, com diferentes graus de conhecimento, mas todos com muita relevância no auxílio de outras pessoas. Jesus ensinou que a maior representação de Deus na Terra é o próximo.

Nenhum sinal excêntrico surgirá na terra ou no céu; não serão vistos descendo do céu; não usarão capas ou alegorias, serão pessoas comuns; em O Evangelho Segundo o Espiritismo aprendemos que: “os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado”, acrescentando que são humildes e modestos. Reconhecem-se, então, os Espíritos missionários, pelas suas obras, pelo progresso que realizam, pelo trabalho na seara do bem; no poder de influenciar moralmente e elevar espiritualmente.

Toda mudança de ciclo evolutivo da terra acarreta profundas alterações materiais e espirituais que depende do melhoramento de todos. Durante a transição planetária as criaturas que perceberem a necessidade de mudar irão acompanhar e auxiliar a transformação planetária.

O mundo tem evoluído bastante principalmente no aspecto material: novas tecnologias, globalização, evolução da medicina, transformações cientificas, inovações na engenharia e arquitetura; mas é urgente que as mudanças morais acompanhem todo o progresso material.

Em A Gênese, Kardec esclarece sobre a necessidade da evolução moral para que o planeta realmente passe para um próximo estágio de transição planetária a regeneração. Precisamos colaborar com a evolução moral do planeta já que cada um de nós também temos uma missão pessoal, precisamos desenvolver nossa inteligência emocional, fortalecer nosso espírito com estudos e atividades no bem, bom senso, capacidade de respeitar as diferenças e compreender que cada ser tem seu roteiro divino próprio. Estamos aqui para aprender com as novas situações dessa encarnação.

O estudo da Doutrina Espírita e a reforma intima (autoconhecimento) continuam sendo o caminho mais seguro para se manter o equilíbrio e evoluir. Não podemos seguir valores herdados de organizações sociais e religiões, confundindo o espiritismo com crendices e dogmas que não fazem parte da Doutrina Espírita. O Espiritismo ciência de observação e doutrina filosófica atual e universal não tem nacionalidade, não faz culto particular, não é imposto, não tem hierarquia, não tem símbolos ou logotipos, não tem autoridade máxima, não castiga, não pune, segrega, não resolve os problemas por nós. Busca aproximar o ser humano de Deus onde o que importa é aprender e evoluir buscando a melhoria dos padrões morais.

E de tempos em tempos Espíritos missionários com missões coletivas estão presentes na terra para contribuir no nosso aprendizado e melhoria intelectual, moral e espiritual. A existência terrena é uma responsabilidade do ser para aprender agir no bem através do cuidado, da renovação, da empatia, da solidariedade, da transformação do caráter.

Esses Espíritos missionários seguindo a lei do progresso serão pessoas comuns com o propósito de acelerar o desenvolvimento moral, espiritual, social e intelectual.  Fonte: Blog Letra Espírita

Vamos caminhando repensando nossa maneira de viver, lembrando que a regeneração começa dentro de nós. Orando, agindo e vigiando sempre em sintonia com energias positivas e elevadas.

"A transição planetária se inicia quando cada um procura fazer a transição individual moral." - (Murilo Viana)

Fernanda Oliveira
Reprodução de artigo originalmente publicado na Revista Letra Espírita, ed. 33 (Junho de 2021)
Fonte: Blog Letra Espírita
 
REFERÊNCIAS:

KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Editora Boa Nova

KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - Editora EME

Allan KARDEC - A Gênese - Editora IDE

XAVIER, Francisco Cândido / Emmanuel - Missionários da Luz - Editora FEB

CALDINI, Alexandre Neto - A Vida na Visão do Espiritismo - Editora Sextante

26 maio 2022

O sono e os sonhos - Rogério Miguez


O SONO E OS SONHOS

O sono e os sonhos são um tema interessantíssimo para todos nós, pois nos recolhemos diariamente em sono. Sempre encontramos pessoas desejosas em saber: Por qual razão ou objetivo dormimos? Há benefícios a serem obtidos? Quais são as atividades do Espírito durante o período de sono?

O tema não poderia ter sido deixado à margem por Allan Kardec, afinal dormimos aproximadamente um terço de nossas vidas, é muito tempo para não se saber em quais atividades, se houver, estamos envolvidos.

Como o assunto é vasto, nos restringiremos nesta análise a principalmente destacar benefícios para o Espírito passíveis de serem obtidos durante uma noite de sono, apontando também a razão e o objetivo do mesmo, considerando apenas a primeira obra básica – O Livro dos Espíritos – em uma análise não exaustiva:

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

“Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais Espíritos, quer deste mundo, quer do outro. […] Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes deparam concluídas, quando volvem, morrendo na Terra, ao mundo espiritual. […] Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. (1) (Negritamos)

Conforme resposta à pergunta 402, observam-se algumas possíveis atividades nos destaques em negrito e também teríamos os seguintes benefícios:

1. Lembrar-se do passado e eventualmente prever o futuro;
2. Colocar-se em comunicação com outros Espíritos, para viajar, conversar, se instruir;
3. Trabalhar em obras no plano espiritual;
 
Mais à frente, encontramos outras vantagens propiciadas durante o intervalo de sono:

410. Dá-se também que, durante o sono, ou quando nos achamos apenas ligeiramente adormecidos, acodem-nos ideias que nos parecem excelentes e que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las. Donde vêm essas ideias?

“Provêm da liberdade do Espírito que se emancipa e que, emancipado, goza de suas faculdades com maior amplitude. Também são, frequentemente, conselhos que outros Espíritos dão.” (1) (Negritamos)

4. Novas e boas ideias nos surgem, devido à percepção aumentada oriunda da emancipação do Espírito se distanciando provisoriamente da matéria, ou seja, do corpo, que o abafa.
5. Receber conselhos, por exemplo, dos guias espirituais;
 
E na pergunta seguinte:

411. Estando desprendido da matéria e atuando como Espírito, sabe o Espírito encarnado qual será a época de sua morte?

Acontece pressenti-la. Também sucede ter plena consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha a intuição do fato. Por isso é que algumas pessoas preveem com grande exatidão a data em que virão a morrer.”(1) (Negritamos)

Poderíamos questionar qual seria o proveito recebido por um Espírito ao tomar conhecimento de quando vai morrer. Conhecedores de que nosso fim está próximo, podemos acelerar providências em relação a um possível testamento, talvez dividindo os bens possuídos ainda em vida, desta forma, evitaríamos dissabores futuros em família, assim sendo, enumeremos mais este benefício:

6. Conhecer ou ter o pressentimento do dia da desencarnação;

Avançando um pouco mais, encontra-se:

414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?

“Certo e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.” (1) (Negritamos)

Aqui se destaca a possibilidade de rever amigos e parentes, assim:

7. Encontrar parentes e amigos que podem nos auxiliar, com avisos, por exemplo, e mais: Quem não deseja estes encontros?

Ainda há outras novidades:

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembleias?

Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.” (1) (Negritamos)

Quem não aspira reencontrar amigos, antigos e recentes, para em conjunto conversar sobre o desenrolar da vida e sobre o futuro que nos aguarda?

8. Interagir com grupos de amigos encarnados para fortalecimento e renovação pessoal.

Entretanto, há mais:

419. Que é o que dá causa a que uma ideia, a de uma descoberta, por exemplo, surja em muitos pontos ao mesmo tempo?

“Já dissemos que durante o sono os Espíritos se comunicam entre si. Ora bem! Quando se dá o despertar, o Espírito se lembra do que aprendeu e o homem julga ser isso um invento de sua autoria. Assim é que muitos podem simultaneamente descobrir a mesma coisa. […] Todos, sem o suspeitarem, contribuem para propagá-la.” (1) (Negritamos)

9. Promover o progresso da humanidade.

Para não nos alongarmos em demasia, destacaremos esta última informação:

425. O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como explicá-lo?

[…] “Esse estado se apresenta principalmente durante o sono, ocasião em que o Espírito pode abandonar provisoriamente o corpo, por se encontrar este gozando do repouso indispensável à matéria.” […] (1) (Negritamos)

Permitir o descanso necessário ao corpo humano, ferramenta fundamental para promover a evolução de todos nós.

Poderíamos continuar a listar outras vantagens advindas do sono, definidas em outras obras fundamentais, contudo, cremos que as já apontadas nos dão uma boa noção da dimensão e da importância do período de sono e de como são sábias as leis divinas.

Rogério Miguez
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

Referência:
 
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro


25 maio 2022

Renovação e Entendimento - Martins Peralva

 
RENOVAÇÃO E ENTENDIMENTO

LE - Questão 838: Será respeitável toda e qualquer crença, ainda quando notoriamente falsa?
R. - Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzem ao mal.

Importa reconhecer que renovação e entendimento são cultiváveis no solo da alma, como acontece a qualquer vegetal nobre que não prescinde da cuidadosa atenção do agricultor. - Emmanuel

* * *

Em complementação ao que asseveraram os Espíritos no século passado, quando organizavam, com Allan Kardec, a Codificação Espírita, erguendo-lhe a estrutura filosófico-científico-religiosa, lembremos observação de André Luiz, em nossos dias, de que se acham em perigo os irmãos "que pretendem transformar o próximo, de um dia para outro, a golpes verbais".

Realmente, não é fácil a prática, simples e pura, desvestida de qualquer roupagem simbólica, do Espiritismo.

Nem a completa transformação moral do homem de uma hora para outra.

No que toca ao problema da prática espírita, convém recordar que a grande maioria dos que se agregam às fileiras de luz da Doutrina dos Espíritos guarda distorções e vícios acumulados em longa vivência noutras confissões religiosas, mescladas de estranhas fórmulas.

No que diz respeito à transformação moral, de uma noite para o dia, não pode, igualmente, corrigir o homem imperfeições e hábitos sedimentados durante milênios de milênios.

Emmanuel, em harmonia com Allan Kardec e confirmando o pronunciamento de André Luiz, traz-nos, também, sua luminosa e respeitável opinião, advertindo que o ser humano recolhe e retém da verdade uma parcela que corresponde, invariavelmente, ao seu próprio entendimento.

Mente nenhuma renova-se a golpes de força.

Mesmo o sofrimento, moral ou físico, doutrinariamente considerado elemento purificador da alma, trabalha, exaustivamente, na intimidade do ser, operando-lhe, em silêncio, a renovação espiritual.

Eis por que "importa reconhecer que renovação e entendimento são cultiváveis no solo da alma, como acontece a qualquer vegetal nobre que não prescinde da cuidadosa atenção do agricultor".

Aceitando essa tese, sábia e benevolente, tornar-nos-emos mais tolerantes, mais compreensivos, melhor ajudando os que lutam na retaguarda das conquistas edificantes.

Seremos mais caridosos para com aqueles que se não libertaram, ainda, de certas fraquezas, ou não superaram, embora o desejem, determinadas formas de práticas religiosas, uma vez que tal superação depende, essencialmente, do fator tempo, sustentado por uma vontade firme.

Nossos vícios religiosos, nossos hábitos pessoais vêm de longe, da noite fuliginosa dos milênios que se foram, assinalando experiências que se alicerçaram no fanatismo e na crueldade.

Da compreensão superior nasce, obviamente, o sentimento de integral respeito à sinceridade com que tais criaturas abraçam aquilo que lhes parece o caminho certo, aquilo que lhes repleta de esperanças o espírito.

As Entidades codificadoras, no trabalho com Allan Kardec, o incomparável missionário, foram claras a respeito deste assunto, declarando não ser lícito a ninguém escandalizar, com sua crença, um outro "que não pensa como ele", assegurando: "Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento".

É natural que esta ou aquela crença perderá sua respeitabilidade se conducente ao mal, embora se deva descontar, em harmonia com a premissa destas considerações, o atraso mental, a obliteração cultural dos que a ela consagram seu tempo, sua atividade, seu idealismo, suas energias.

Aos espíritas, por conseguinte a todos nós, cabe, especialmente, difundir os princípios doutrinários, os preceitos evangélicos, as normas edificantes, para que, à maneira de abençoada chuva, fertilizem, com a luz do amor e o orvalho do esclarecimento, consciências que dormitam, ou, simplesmente, começam a despertar, atordoadas, para superiores programas de elevação.

Admitem os Espíritos, convém acentuar, possamos reprimir atos que causem perturbações à sociedade. "A crença íntima, no entanto, é inacessível", advertem eles. O gesto de o espírita, ou qualquer outra pessoa simplesmente educada, tolerar, pela compreensão cristã, a crença de quantos viajam pelas estradas terrestres, integrando a numerosa e diversificada, moral e culturalmente, caravana dos Espíritos necessitados, é, além de simpático, profundamente humano.

Pudéssemos computar os benefícios que a difusão espírita, dentro e fora do Brasil, tem proporcionado a milhões de consciências indiferentes ou recalcitrantes, sofridas ou cruéis, verificaríamos, perplexos, o acerto dos Espíritos Superiores no preconizarem a tolerância construtiva, acerto que muitos encarnados já incorporaram à própria vida no plano físico, aceitando-o por norma de ação evangelizadora.

Repletaríamos nossas almas das mais santas alegrias ante a paisagem de almas que se redimiram pela força do amor, que "cobre a multidão de pecados".

Nunca desanimaríamos, por mais reinem a incompreensão e o desajuste, por mais se acendam os estopins da intolerância, no abençoado esforço de tornar claros, pela expansão do bem e pela criteriosa divulgação evangélico-doutrinária, caminhos religiosos ou confusos atalhos trilhados por nossos companheiros de romagem evolutiva.

Aconselham os Espíritos a melhor forma de auxiliarmos os que cristalizaram mentes e consciências no mal: ensiná-los com amor e perseverança, servindo-nos "da brandura e da persuasão e não da força". E preceituam: "A convicção não se impõe".

Temos imenso campo a trabalhar.

Fabulosa lavoura espera a nossa iniciativa.

Há muita coisa a fazer, no que se relaciona com o bem.

O progresso, sob o inelutável impulso da lei, aguarda-nos o concurso.

Os ideais de fraternidade luminosamente exemplificados pelo Mestre dos mestres requisitam definitiva implantação junto à humanidade..

Leiras enormes solicitam-nos adubo e semente.

Amparo à infância e à juventude, afeiçoando-lhes inteligências e corações aos princípios renovadores do Evangelho, revividos pela Doutrina dos Espíritos.

Ajuda aos necessitados do corpo, na administração do remédio, na doação do vestuário e do alimento, a fim de que materializemos, em nome da Terceira Revelação, as normas que assinalaram, nas cercanias de Jerusalém, com Pedro, Jeziel e outros, as santificantes atividades dos "homens do Caminho".

Serviços mediúnicos, em harmonia com a pureza da Codificação, em favor dos desequilibrados dos planos espiritual e material.

Explanações simples e convincentes, nas reuniões normais das nossas Casas de fé espírita, sobre temas doutrinários que se relacionem, sobretudo, com problemas comuns a todos nós, almas encarnadas em busca de redenção.

Culto do Evangelho na intimidade do lar, segundo a interpretação espírita, a fim de que plasme nas mentes infantis, desde cedo, os princípios do amor e da sabedoria, que lhes modelarão o caráter para as dolorosas porfias da existência.

Uma série infinita de tarefas, realizadas com alma e coração, em favor da imensa família humana de que fazemos parte, em trânsito para a luz, no entendimento maior.

Martins Peralva
Livro: O Pensamento de Emmanuel - 31


24 maio 2022

Desafios Conjugais - Luiz Fernando Lopes

 
DESAFIOS CONJUGAIS

A amizade na vida conjugal

A grande pergunta que norteia qualquer reflexão acerca da experiência conjugai é a forma como poderemos produzir um relacionamento estável e feliz. Primeiro, deveremos realizar um trabalho interior. A proposta da Doutrina Espírita prevê que consigamos o autoconhecimento. Se não nos conhecermos, não saberemos quais serão as nossas reações e não teremos uma ideia de como nos comportar em determinadas situações, o que resultará em atitudes intempestivas desencadeadas por questões familiares muito simples, quando entramos em litígio com o parceiro em nome de verdadeiras banalidades, graças ao capricho de querermos impor a nossa opinião.

Como a união conjugal é uma parceria, é indispensável que cada um dos membros contribua com a sua melhor parte. Que cada um realize um movimento na direção do outro sem esperar que seja sempre a parte que cede.

Muitas vezes, no egoísmo masculino, o homem deseja que a mulher permaneça como sua serva, sem dar-se conta de que essa época histórica já passou. O desejo que o outro exerça o papel subalterno pode existir também por parte da companheira, cabendo-lhe tomar os mesmos cuidados que recomendamos para o indivíduo do gênero masculino.

Vivemos um tempo de direitos iguais na relação a dois, tornando-se imprescindível que ambos se reconheçam como responsáveis por desenvolver a maturidade no relacionamento, numa atitude recíproca de respeito e de compreensão.

Com muita frequência desejamos que o outro seja o que não conseguimos.. A nossa afetividade reproduz uma forma de fuga psicológica. O indivíduo ama na pessoa a imagem do que não consegue ser e ela tem que corresponder a essa expectativa. Este fato é tão comum que a maioria dos casais, quando transcorrem alguns meses após o casamento, enfrenta um processo de insatisfação que leva um dos cônjuges a dizer ao outro: “Eu me decepcionei com você!”.

É óbvio que isso teria que acontecer, pois a pessoa construiu uma imagem do companheiro ou companheiro. Aquele rapaz bonito, gentil e bem cuidado não era exatamente o que ela pensou. A parceira criou uma imagem e desejava obrigar o marido a interpretar aquele papel projetado futuro a fora. Quando ele deixou de ser alguém que queria conquistá-la, porque já o conseguiu e não soube mantê-la, é evidente que a mudança produza um choque.

Os rapazes também se queixam dessa frustração. Certa vez, um amigo me informou:

— Divaldo, eu me casei com uma mulher e agora estou com outra dentro de casa! Você precisa vê-la acordando pela manhã, em jejum!...

Eu lhe indaguei-lhe:

— E como você queria que fosse a aparência da sua mulher pela manhã e em jejum? Se ela ainda não teve tempo de pentear os cabelos, maquiar-se e vestir uma roupa adequada, não poderia ser diferente!

— Eu entendo. Mas confesso que é um pouco frustrante!

— Então vou propor-lhe uma sugestão. Você combina com a sua mulher a ordem em que vocês devem despertar. Ela se levanta meia hora antes, se arruma toda. Quando você acordar ela estará linda como uma bonequinha e sorrirá para você...

O toque de humor é para ver como nos deixemos engolfar pela ilusão!

Rita Hayworth, uma famosa atriz do cinema no século XX, tornou-se um símbolo sexual desejado por homens de todo o planeta. Sua fase de maior sucesso no cinema ocorreu entre 1940 e 1960, aproximadamente. Ela fez um filme que a imortalizou e comoveu o mundo: Gilda (126). A personagem era uma mulher sedutora que arrebatou as plateias e fascinou o publicou masculino. A campanha publicitária do filme utilizava a seguinte frase: “Nunca houve uma mulher como Gilda!”.

Sendo uma mulher como todas as outras, porém, ela procurou o amor e teve diversos relacionamentos: cinco casamentos e outros que não foram formalizados. Todos os relacionamentos resultaram em fracasso e amargura. Oportunamente ela declarou a razão do seu drama afetivo: “Os homens casam-se e deitam-se com Gilda, mas acordam com Rita”.

A frase é de um realismo trágico. Todos os seus maridos queriam estar ao lado de Gilda, aquela mulher sensual que bailava encantadoramente em um vestido negro. Mas ela era uma criatura humana, com sentimentos, carências e dificuldades como qualquer outra. Ela viveu uma personagem que não poderia reproduzir no cotidiano.

Para que uma união seja estável e feliz o casal deverá cultivar o sentimento de amizade e companheirismo, uma parceria afetiva profunda pelo ser que se encontra ao seu lado. Se esta medida for adotada na vida conjugai o êxito será inevitável.

A amizade é o primeiro passo do amor. Quem não é capaz de ser amigo não será capaz de ser amante, no sentido estético e profundo desta palavra. Porque a amizade é este jogo de fraternidade e de confiança.

Se eu suspeito que alguém me está traindo de alguma forma, porque eu ficarei em silêncio mantendo a suspeita que está macerando a minha alma? Tratarei de ir ao cerne da questão para aclará-la, pois assim eliminarei o conflito que paralisa as minhas forças.

Se o marido chega a casa e não anda muito bem consigo mesmo, a esposa pensa, inadvertidamente: “Ele está me subestimando’.. Está fazendo pouco caso de mim!”

Em vez de imaginar hipóteses absurdas, a companheira poderia simplesmente entender que ele não está bem e procurar tratá-lo com mais atenção. Se ele não está bem, dê-lhe o direito de ter uma fase ruim e ame-o mais! Somente porque o divórcio está banalizado temos o direito de declinar das nossas responsabilidades diante da primeira dificuldade?

Ninguém se casou para ter um inimigo dentro de casa, mas para ter um amigo. Se por alguma razão o seu companheiro encontra-se numa fase em que não lhe procura como parceira sexual, receba-o em sua intimidade na condição de um amigo, envolvendo-o em ternura, uma qualidade essencial às relações humanas e que se encontra muito esquecida. Diga-lhe: “Meu bem, não há problema! Eu compreendo você!” Não há homem que resista a uma expressão de carinho da mulher amada! Dê aquele toque de sensibilidade que só as mulheres sabem colocar.

Há esposas que são curiosas em suas atitudes. Busca o espelho e adorna o cabelo com um penteado especial. Quando o marido vai acariciá-la, tocá-la na cabeça, dá um salto de desespero e solicita: “Não desmanche o meu penteado!” Mas ela está se penteando para quem? Não será para o marido? Eu entendo que ela queira embelezar-se para manter a sua autoestima, em primeiro lugar, mas de permitir que o seu marido mereça uma parte dessa história... Faculte ao seu marido despenteá-la um pouquinho! Eu não sei por que, mas o homem adora desmanchar o cabelo da esposa! A companheira pode até fazer melhor: quando o marido chegar do trabalho, sendo sábia, deve deixar o cabelo exposto... (risos)...

Por sua vez, o marido tem obrigação de entender a indisposição momentânea da esposa. Ela passa por ciclos hormonais que apresentam fases de intensa alteração física e emocional. É necessário tratá-la como uma pessoa que merece o seu respeito, e não como um objeto que se usa e se descarta como melhor aprazer.

Converse-se mais com o seu parceiro, sobretudo ao deitar, mesmo que ele esteja cansado. Eu tenho uma amiga que me comunicou certa vez:

— Divaldo, quando eu começo a conversar com o meu marido ele dorme!

— Qual o problema? — respondi. — É uma caridade! Ele precisa de alguém para hipnotizá-lo... Continue conversando. Como a mulher não aguenta ficar calada, prossiga conversando mesmo que ele esteja adormecido. Pelo menos, assim, vocês não discutirão...

Acaricie o seu marido no leito. Não estou falando de sensualidade. Refiro-me à amizade. O que mantém um casamento é a amizade. O sexo salina quando deixa de ser novidade. Mas a amizade é o toque especial que confere outro sabor ao sexo. Essa amizade se desdobra, por exemplo, na certeza que o marido tem de que pode contar com a tolerância da esposa dentro do lar. Apesar das agruras da vida profissional serem muito intensas, ele sabe que não pode destilar os seus aborrecimentos com o chefe, senão perderá o emprego. Não pode também fazer uma catarse na rua porque vai enfrentar a rejeição social. Então ele utiliza o espaço do lar como seu refúgio para desabafar. Isto vale para ambos, pois um dos papeis do cônjuge é acolher o parceiro ou parceira nesses momentos de azedume e de amargura.

Algumas vezes a mulher compra uma comida congelada, mas diz ao marido: “Olhe, meu bem! Eu mesma preparei para você!”. Não tenha receio! Homem adora fingir que acredita na mulher...

Ele sabe que aquela iniciativa significa uma forma da esposa demonstrar carinho e cuidado, pois, de qualquer forma, será uma inovação para quebrar a rotina e conseguir agradá-lo.

O companheiro, por sua vez, não se esqueça de levar flores periodicamente para a esposa. Não se engane: mulher não dispensa receber flores quando possível! Essas formas de afirmação da autossuficiência da mulher são ilusões da modernidade. As mulheres, de vez em quando, gostam de sentir-se fragilizadas (no sentido poético da palavra) e deixarem cair o lenço para que o marido possa pegá-lo romanticamente. Por isso, anote em sua agenda para presentear a companheira com flores... ou joias (Risos). Programe-se para comprar um vaso de violetas e diga-lhe que foi uma vontade súbita que o tomou quando pensou no amor que sente por ela. Basta dizer: “Querida, lembrei-me de você hoje e resolvi, de improviso, trazer-lhe estas flores!”. Ela vai acredita, porque, de alguma forma, é verdade! Não se preocupe...

Aliás, há uma grande vantagem em você oferecer-lhe um vaso de flores. É que a alegria de algumas mulheres é fazer um pouco de pirraça a outra. Lisonjeada pelo presente, ela tomará o vaso que você lhe deu e irá mostrá-lo à vizinha: “Veja o que o meu marido me trouxe!”. E a vizinha, por sua vez, imaginará que ela está mentindo para se exibir e comentará com uma terceira amiga: “Eu não acredito que ele comprou aquele vaso para ela. Vai ver que alguém lhe deu no meio da rua. Sem saber o que fazer com aquilo ele acabou trazendo-o para casa. E ela aproveitou para exibir-se diante de mim!”.

Note-se que com um só gesto fará duas mulheres felizes ao mesmo tempo... E por razões exatamente opostas...

A mediunidade mal conduzida, também é, por sua vez, um dos fatores que contribui para a instabilidade do ambiente psíquico gerando frequentes atritos no lar.

Não pode haver nada pior do que ser casado com médium, masculino ou feminino. Quando eu vejo um marido de médium eu exoro: “Deus te abençoe!”. Porque é o mesmo que ser marido de médica obstetra, que deixa o marido abandonado no leito para fazer o parto das outras. E o engraçado é que criança adora nascer de noite! Não sei por quê!

E mesmo curioso notar como a mediunidade pode transformar-se em verdadeiro drama que se estabelece na vida do casal. O marido não é médium, mas é meio confuso e perturbado. E a esposa-médium está em casa, aturdida e confusa. E quando os dois se encontram é um Deus-nos-acuda! Ela propõe-lhe, irritada:

— Não me perturbe! Você sabe que eu sou médium!

E ele responde:

— E você sabe que eu não sou!

E aí começa uma reunião mediúnica mais para obsessão.... Porém, é muito pior quando ele é médium e ela não. Ele chega a casa carregadinho e ela comenta, com extrema intolerância:

— Lá vem você com seus Espíritos! Por que você me trata assim com tanta grosseria? Eu garanto que na rua você estava alegre e simpático com todo mundo! Seus Espíritos somente o atacam quando você chega a nossa casa! Eu já entendi!

E o desequilíbrio tem início novamente...

Tudo isso são as sutilezas da vida a dois. Se soubermos administrar os pequenos detalhes da vida conjugal, poderemos evitar muitos dissabores e aproveitar melhor a experiência do casamento.

Organizado por Luis Fernando Lopes a partir de palestras de Divaldo P. Franco
Livro: Sexo e Consciência - capítulo 11


23 maio 2022

Com Paciência e Paz - Joanna de Ângelis

 
COM PACIÊNCIA E PAZ

Revolta surda vai assenhoreando-se da tua mente ao considerares que ou teus mais salutares alvitres não são aceitos por aqueles a quem te afeiçoas ou procuras ajudar.

Argumentas com segurança, arrimado à lógica e, no entanto, os mais íntimos te parecem distanciados de qualquer programa de elevação, avançando desassisados para os ruinosos caminhos da criminalidade a que se vinculam.

Antes, quando ignoravas o testamento cristão, nas diretivas com que o Espiritismo te enseja, acalentavas o desejo de renovação segura e estável que oferecesse base à paz interior com clima ameno de confiança nas disposições superiores.

Hoje, clareado por convicções felizes, desejas expor e esclarecer, facultando oportunidades igualmente venturosas aos eleitos da tua afeição.

Ages mal, porém, por te deixares consumir pela inquietação ante a rebeldia deles.

O solo sáfaro, impermeável à água e ao adubo, demora-se calcinado e infeliz.

A nascente débil que se não liga ao rio generoso escalda-se e desaparece.

A correnteza que desdenha as fontes das margens do próprio curso, candidata-se ao desaparecimento.

A rebeldia como a presunção já caracterizam a infelicidade de quem as conduz.

Há ocasiões próprias para semear.

A oportunidade certa ensejar-te-á operosa ação para a sementeira da verdade.

Evita o peso da ira no serviço de esclarecimento ou em qualquer circunstância.

A "cólera divina" é configuração meramente humana que não corresponde à verdade.

Quem deseja ajudar no despertamento de espíritos porfia criando ambiente de luz, reconhecendo que o tempo é o grande professor dos desatentos.

* * *

Muitas vezes o Mestre não foi ouvido por aqueles a quem muito amou.

Os que conviveram no círculo do seu afeto por mais de três ano, cercados de carinho e envoltos na esfera do seu inefável devotamento atestaram conhecê-Lo pouco, quase nada entendendo das suas lições. Ele, porém, compreendia que os que O não recebiam já estavam punidos e deles se apiedava...

Desdenhar a luz e fugir-lhe à contribuição valiosa é candidatura à enfermidade e à morte.

Os que desprezam o banho lustral da palavra de vida empalidecem as possibilidades de redenção e liberdade real.

O Evangelho nos diz que "os seus não O receberam...".

No entanto, Ele sempre recebeu a todos, estando à disposição de todos.

Entre os que O buscavam estavam homens e mulheres de renomada posição e dos mais escusos antros das cidades.

Muitos se disputavam recebê-lo em suas casas, tê-Lo às suas mesas, talvez para se beneficiarem da notoriedade d'Ele ou para conhecê-Lo de perto.

Incansável, porém, demorou-se em serviço enquanto era tempo, sem reclamar nem transigir com aqueles que não O queriam, nem O escutavam, nem O recebiam...

* * *

Não há outra conduta a adotar, a serviço dEle, senão aprendendo com Ele a lição da sua conduta.

Os que agora não podem avançar contigo, virão depois. Propicia-lhes o terreno e prossegue à frente, abrindo rota de segurança entre dificuldades.

O valor da mensagem que conduzes com doação da própria vida é tesouro que, em te enriquecendo da luz do discernimento, fará de ti emissário da paciência e da paz, sem campo para que grassem as sombras da revolta ou da ira.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 17

22 maio 2022

Missão do Médium - Maria Silvia Orlovas


MISSÃO DO MÉDIUM


Você que tem mediunidade e trabalha com ela, já deve ter pensado por que foi escolhido, ou por que tem esse dom e, provavelmente, ao longo do seu caminhar também deve ter pensado no porquê de ter sido escolhido. Mesmo aquelas pessoas que já ouviram em algum momento que tem que desenvolver a mediunidade, com certeza, ficaram pensando em como e porquê fazer isso.

Aliás, sei que muita gente "desenvolve" a mediunidade por medo do que pode dar errado, caso não o faça, e não por vontade própria ou de forma espontânea.

Os mentores sempre brincaram dizendo que quase ninguém vem para o caminho espiritual, que as pessoas despencam, esbarram-se ladeira abaixo quando estão sofrendo. E que alguns encontram nesse caminhar um sentido da vida.

Mas, então, qual a missão do médium? Pergunto o que você sente a esse respeito, porque por mais que já tenhamos ouvido alguma coisa que consideramos importante, temos que ouvir a voz interna, respeitar aquilo que sentimos, pois mediunidade começa dentro de nós, no coração, no sentimento e nas sensações. Não é algo externo. Afinal, nós somos os médiuns, os sensitivos, somos aqueles que por um motivo conhecido ou desconhecido temos o dom de uma percepção mais aguçada do mundo à nossa volta, e também do mundo interior.

Ao longo desta vida, porque no meu caso nasci médium, percebo que o primeiro passo dessa missão é o autoconhecimento. Um médium antes de querer exercer seu dom, lapidar seu talento, ajudar as pessoas, precisa se conhecer e vencer seus próprios tormentos, porque os primeiros passos dessa trilha costumam ser feitos quase no escuro.

Já pensei se seria um teste, mas cheguei à conclusão que se trata de um empurrão. Porque quem em sã consciência com tudo dando certo, com relações afetivas e familiares amorosas e tranquilas, com dinheiro, um bom trabalho e felicidade procuraria uma compreensão maior da vida e dos desígnios divinos?

Sinceramente, acho que pouca gente sequer olha para o lado espiritual quando as coisas estão bem. Então, se as coisas estão mal, além de olhar, pedir ajuda, ou de querer, de repente, ser médium e salvar o mundo, vamos precisar ser humildes e nos salvar. Mudar comportamentos, vencer o karma familiar, que normalmente é pesado e cheio de rebarbas complicadas. A vida é assim...

As pessoas não são perfeitas e nós não somos perfeitos.

Acredito numa mediunidade ativa, no sensitivo, no médium que estuda, que aprende, mas não apenas nos livros, nem apenas com os espíritos que recebe, nem nas mensagens que canaliza. Precisamos aprender com a vida, com aquilo que conseguimos fazer de bom e também com aquilo que dá errado.

O médium é como diz a palavra: um mediador, alguém que transita entre o mundo material e o mundo espiritual. Mas vale perguntar: que parte do mundo espiritual esse médium frequenta?

Porque não existe apenas um mundo. Existem vários mundos e o que define por onde você anda ou, no caso, é levado, é a sua conduta. Honestidade no mundo dos homens é fundamental para garantir o acesso aos portais superiores do espírito. Assim, não basta ver espíritos e se comunicar com o além. Precisamos conectar bons espíritos e, para isso, é necessário aprimorar nossa natureza, pois ainda que tenhamos nascido com lindos dons e talentos, se não lapidarmos o caráter, esses presentes se perdem numa nuvem de poeira.

Penso que não apenas a missão do médium, mas a de todos nós, é antes de querer salvar o mundo, cuidar de si mesmo, do seu aprimoramento, de cultivar a sua luz e o entendimento, amor e perdão para enfrentar as lições que o karma nos trouxe.

Por por Maria Silvia Orlovas

21 maio 2022

O Óbvio - Antonio Carlos Navarro


O ÓBVIO

Tivemos em nossa última atividade mediúnica no Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, uma comunicação espiritual interessante.

O Espírito comunicante apresentou-se como sendo uma pessoa comum, tal como a grande maioria dos encarnados, e passou a relatar sua última experiência carnal.O ÓBVIO Não foi uma pessoa má. Também não foi um exemplo filantrópico. Viveu a vida de forma morna, nem quente, nem frio.

Pois foi justamente esse comportamento que lhe pesou na consciência ao retornar ao Mundo Espiritual, produzindo-lhe instabilidade consciencial que lhe tirou a tranquilidade e, consequentemente, o sentimento de felicidade.

Agora, na condição de orientado, passa em revista as experiências da vida que viveu, percebendo que poderia ter aproveitado muito mais a benção da reencarnação.O ÓBVIO Disse que se deixou levar pela vida vegetativa, rotineira, sem se aventurar em caminhos que lhe poderiam dar maior ganho espiritual. Nem estudos no campo da espiritualidade, nem trabalhos voluntários em benefício da dignidade humana.

Nesse ponto lembramo-nos da orientação doutrinária que diz que não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem, porque somos responsáveis não só pelo mal que causamos, mas por aquele que resulta do bem que não fazemos.O ÓBVIO Questionado sobre como reconhecer, enquanto encarnado, as oportunidades de crescimento, ele respondeu que não se percebe o óbvio.O ÓBVIO Discorreu dizendo que a proposta do Evangelho, nas orientações do Senhor Jesus, é a ação constante no bem, incessantemente. Todas as orientações são no sentido de agir, e não de expectação, como a lavar as mãos diante das situações.

Nesse ângulo o óbvio constitui, por exemplo, toda a oportunidade que se tem para exercitar a educação, a paciência, a tolerância, a indulgência, a boa vontade e etc. Assim como também oportunidades de dilatação da inteligência através do conhecimento, da prestação de pequenos favores ou da oração intercedente, dentre muitos outros.

Enfim, disse ainda que, muitas vezes, envolvemo-nos em movimentos fraternos de grande monta, mas que ocorrem poucas vezes em nossas vidas, e nos esquecemos das pequenas situações nas quais nos envolvemos no dia a dia, e que representam pequenos tijolos de uma grande construção.

Finalizou seu depoimento dizendo estar em treinamento para melhor aproveitamento da futura reencarnação, e aconselhou-nos a não perdermos tempo com questiúnculas que nos roubam energia e oportunidades de fazer o bem, para o próximo e para si mesmo, que é o que conta quando se adentra o mundo dos espíritos.

Quanto a nós outros, ficamos a pensar em quantas oportunidades poderíamos ter sido úteis exercitando os valores morais superiores, mas escolhemos a inércia, o desculpismo, a displicência e a negligência, perdendo a oportunidade de crescimento espiritual enquanto estamos encarnados.

Como não sabemos quando vamos voltar à pátria maior, o melhor a fazer é redirecionar nossas ações, buscando a seara que é grande e onde faltam trabalhadores.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro
Fonte:
Kardec Rio Preto

20 maio 2022

Sistema Colaborativo - Orson Peter Carrara

 
SISTEMA COLABORATIVO

A vida se apresenta claramente como um moderno mecanismo de colaboração mútua. Tudo demonstra um esforço gigantesco direcionado para o bem coletivo. Nos ambientes da natureza em seus conhecidos ciclos e mesmo no próprio funcionamento do corpo humano, com breve observação nota-se esse caminhar solidário. É um perfeito sistema colaborativo.

O egoísmo não faz parte desse processo, ele é fruto da imaturidade, introduzido sim pela irreflexão que gera ambição, vaidade, arrogância, elementos presentes expressivamente no comportamento humano, frutos todos do egoísmo. Este um autêntico “câncer” moral, gerador dos sofrimentos que assolam o planeta.

A consciência de colaboração, todavia, inspirada pela grandeza da solidariedade, convida-nos a essa nova postura, peculiar à natureza. Isso, todavia, exige o empenho pessoal, o esforço de continuidade na adoção de novas posturas, justamente nessa direção e foco colaborativo.

Os exemplos nessa direção são muitos. Basta pesquisar. O bem é lei da vida. Todo desvio dessa rota resultará em aflições, lágrimas, dificuldades. Atentemos para agir como facilitadores das circunstâncias, centralizadores do bem, com consciência do bem. Nunca nos esqueçamos: o bem e o amor são leis da vida. Contrariá-los é construir desdobramentos que exigirão reparação. Melhor agir como ensina a natureza. Afinal, somos capazes de raciocinar, e, melhor, somos capazes de amar também. É querer e vencer as tendências egoístas que ainda nos dominam.

Por Orson Peter Carrara

19 maio 2022

Hipnotismo e Magnetismo! - Ana Gaspar


HIPNOTISMO E MAGNETISMO!


Hipnotismo – conjunto dos fenômenos e das aplicações da hipnose.

Método ou prática de indução da hipnose: a fixação do olhar sobre um objeto brilhante, passes magnéticos, diversos artifícios de sugestão, são conhecidos desde muito tempo como capazes de provocar a hipnose, porém, é a Escola de Salpêtrière, sob o impulso de Charcot, que se deve o estudo objetivo dos fenômenos hipnóticos.

Esta escola distinguiu a letargia, a catalepsia e o sonambulismo provocado. Apenas as pessoas impressionáveis ou àquelas que o permitem podem ser hipnotizadas. Lombroso, cientista italiano cita no livro “Espiritismo e Mediunidade” casos curiosos. Alberto de Souza Rocha faz um estado profundo e atual, pois seu livro “Espiritismo e Psiquismo” foi lançado em 1993, sobre essa temática e muitas outras ligadas à Ciência Espírita. Outro item importante abordado é a emancipação da alma provocado pela hipnose e o sono natural, que permite curas e a regressão de memória, a ciência moderna já está mudando seus conceitos sobre o sono, aceitando a teoria espírita da emancipação da alma.

Na literatura espírita vamos encontrar em “Libertação”, de André Luiz, um processo de licantropia através do hipnotismo. Diz o mentor Gubio que através do hipnotismo é mais velho que o mundo, lembra o caso de Nabucodonosor que se encontra na Bíblia, durante sete anos viveu como um animal. O mesmo ocorrendo com um espírito feminino que pressionada por violento remorso sentia-se como se fosse uma loba, pois quando encarnada assassinara o marido e os quatros filhos. Gubio explica a André Luiz que o hipnotismo pode ser usado pelos bons e pelos maus, todos o possuem.

Magnetismo – foi Franz Anton Mesmer, médico alemão quem estudou de forma científica a teoria que certas pessoas podem irradiar um fluido especial proveniente do próprio corpo com influência nos indivíduos e nos animais. Baseava-se em estudos anteriores que seus predecessores cuidavam ser coisas de magia. Em 1765 escreveu um livro no qual abordava a influência dos astros entre si e em corpos vivos – Kardec cita isso em A Gênese, cap. 18, item 8 – Planetarum Influxos.

Em 1779 escreveu sobre Magnetismo Animal, a conclusão da sua tese de que o organismo animal pode emitir um fluido e curar. As teses foram combatidas em Viena e por isso ele mudou-se para Paris onde foi bem recebida. O povo e o próprio rei Luiz XVI aceitaram, mas o Catedrático da Faculdade de Medicina julgou o tratamento perigoso e imoral, Mesmer foi então para a Inglaterra. Em 1823 o jovem Rivail (Allan Kardec) chega a Paris e teve sua atenção voltada ao magnetismo e nos anos que se seguiram aplicou parte do seu tempo ao estudo dessa ciência e foi testemunha de muitas curas provocadas pelo agente magnético.

Allan Kardec estudou todos os livros que falavam sobre magnetismo, inclusive os que eram contra essa ciência. O mestre lionês conheceu as pesquisas do padre português José Custódio Faria, que fora iniciado no magnetismo pelo marques de Puységuir, contrariando a igreja que condenava o magnetismo, pois dizia “que os fluidos eram de origem infernal, o sonambulismo e o magnetismo eram sobrenaturais e diabólicas, anticristão, anticatólicos e antimorais.” Rivail, tomou parte ativa nos trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, a mais importante da França.

Soube fazer amigos nessa corrente de idéias e um deles o Sr. Fortier, foi quem em 1854 lhe falaria pela primeira vez das mesas falantes que deu origem a Codificação Hipnotismo e Magnetismo do Espiritismo. Tendo adquirido sólidos conhecimentos de magnetismo, foi capaz de perceber, logo ao início de suas observações junto às mesas girantes e falantes a íntima ligação entre Espiritismo e Magnetismo, afirmando: “Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas não há senão um passo, sua conexão é tal que é por assim dizer, impossível falar de um, sem falar do outro.”

Ana Gaspar
Fonte:
Espiritismo e Razão