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30 junho 2020

Curas Espirituais - Cláudio C.Conti



CURAS ESPIRITUAIS


Cura espiritual é um tema fascinante e envolto em mistérios e misticismos dos mais variados matizes e, por isso, não é um tema fácil de ser abordado por se tratar da esperança e de crenças mais profundas do ser. Em decorrência da ânsia pela cura por parte do enfermo e da falta de conhecimento sobre esta questão, muitos equívocos são perpetrados ao longo do tempo.

Diante deste cenário, muitas vezes, o indivíduo se empolga e se deixa levar por falácias embutidas em muitos discursos e que são disseminadas com as mais variadas intenções, analisando a informação segundo o próprio interesse, sem considerar a totalidade da questão. Via de regra, se busca o caminho mais fácil e, com isso, a pessoa, seja fragilizada pela condição de enfermidade em que se encontra ou devido a atração pelo misticismo, se sujeita à práticas que podem ser inócuas ou, até mesmo, perniciosas para a sua saúde física e mental.

As curas espirituais são factíveis e Kardec, em suas pesquisas, identificou a possibilidade de se alcançar a cura através da mediunidade. Apesar de um pouco longo, é interessante, aqui, reproduzir uma parte significativa do texto: “Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico”[1].

Contudo, Kardec vai mais além em sua busca de entendimento e elabora várias perguntas para os espíritos responsáveis pelo esclarecimento da humanidade; dentre elas, importa ressaltar [1]: Pergunta: 8ª Podem obter-se curas unicamente por meio da prece? Resposta: "Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida.”

Desta forma, fica claro que a cura por si mesma reside no próprio enfermo, e não em qualquer outra origem, sejam médiuns, práticas ou locais. Preconizar o contrário é demonstrar limitação no conhecimento ou má fé. Em ambos os casos, é necessário o aprimoramento pessoal.

Com a disseminação de que as curas são realizadas por outrem, enfermos incautos e seus familiares são presas fáceis para os charlatães. Diante de falsos médiuns ou médiuns ignorantes que são desmascarados, surge a pergunta: Como curas são realizadas através deste ou daquele médium? A resposta, contudo, é muito simples, pois, conforme já dito, a cura reside no próprio enfermo e não em qualquer prática exterior.

Interessante que isto não é claro nem mesmo no meio espírita, no qual circula muita informação tendenciosa, mudando o foco da atenção, que deve ser a transformação pessoal. Neste ambiente distorcido, surgem os “médiuns e centros fortes” com práticas das mais diversas, reproduzindo os locais onde ocorreram os ditos “milagres”, tal qual imagens que choram sangue ou aparições.

O melhor médium curador que já esteve entre os encarnados na Terra e que, sobre o qual, não existe qualquer suspeita, foi Jesus. A análise de seu “modus operandi” deve servir para esclarecer sobre a questão das curas espirituais e é na Codificação Espírita que encontramos material de estudo, pois, Kardec analisou os “milagres de Jesus” [2]

 1) Perda de sangue
Jesus caminhava em meio a uma multidão e varias pessoas o tocavam. Nesta ocasião, uma mulher que padecia de hemorragia e que já havia procurado vários médicos, toca nas vestes de Jesus que, por sua vez, percebeu algo em especial, diferente de todos os outros, pois, neste toque, sentiu um fluxo de fluido saindo dele em direção à uma pessoa específica.

O interessante deste relato é que Jesus ficou curioso em conhecer quem era responsável pela atração do fluido que expeliu naturalmente mediante o estímulo que recebera. Olhando ao seu redor, perguntou aos discípulos quem o havia tocado; a mulher, cheia de receio, se apresentou, pois sentiu o efeito imediato daquele fluido em sua organização física-perispiritual. Jesus a olhou e disse: “sua fé te curou”.

Pelo relato, conclui-se que Jesus não pode ter “impregnado” o fluido com qualidades definidas, pelo simples fato de ele não saber quem o havia tocado e as mazelas que a pessoa possuía.

2) O cego de Betsaida

Neste relato, diferentemente do anterior, verifica-se uma ação intencional de Jesus em imprimir qualidades específicas ao fluido.

No procedimento adotado para este caso, Jesus colocou saliva nos olhos de um cego e, depois, impôs as mãos sobre ele. Contudo, como o homem não havia recobrado a visão completamente, Jesus posicionou as mãos nos seus olhos e, então, o cego passou a enxergar.

O procedimento de cura adotado é mais complexo do que o anterior, pois foi necessário uma ação local (saliva nos olhos), outra mais abrangente no ser (imposição das mãos) e, após uma primeira avaliação do resultado obtido, outra ação local (imposição das mãos na região dos olhos).

Jesus utilizou da ação fluídica intencionalmente, com qualidades específicas e de formas variadas.

3) O paralítico da piscina

No encontro com um paralítico, após uma primeira avaliação, Jesus, muito simplesmente, pronunciou um comando verbal: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para sua casa”. Diante destas palavras, o paralítico se levantou e andou.

Apesar de parecer milagre, Kardec apresenta uma explicação para o caso, no qual a chave para esta questão está no que Jesus disse ao paralítico antes do comando para que andasse: “Meu filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados”.

Kardec explica que o paralítico em questão se encontrava nesta condição em decorrência de faltas cometidas em outras encarnações. Jesus, então, acessa a condição espiritual do paciente e constata que ele já havia cumprido o que lhe cabia, estando, desta forma, por assim dizer, quite com a Providência, sendo liberado do processo educativo no qual se encontrava.

Baseado nestes três casos em que houve sucesso na cura de doentes sofrendo de enfermidades e motivos diferentes, percebe-se, claramente, que os procedimentos não foram os mesmos. A cura utilizando fluidos é mais complexa do que a simples administração de um “medicamento” de forma ritualística e, principalmente, a postura do paciente é fundamental para viabilizar a cura.

Diante das curas realizadas por Jesus, em que sempre afirmava que a fé do paciente é que o havia curado, pode-se perguntar: O quanto é ação do médium (passista ou curador) e o quanto é ação do paciente?

Cabe, portanto, ao médium o aprimoramento constante do entendimento da mediunidade e dos processos envolvidos na manutenção da saúde. Deve, também, ter em mente que os fluidos sofrem a ação do pensamento, desta forma, no intuito de configurar o fluido, que emanará de si mesmo, com propriedades curativas, deverá manter este pensamento recorrente, isto é, deverá cuidar da própria saúde, desenvolvendo hábitos salutares em todos os campos da sua vida e em todos os dias da semana, e não apenas nos dias da atividade mediúnica.

Nas passagens de Jesus envolvendo cura, ele reitera aos pacientes que foi a fé que eles traziam em seu imo que os havia curado, na qual atribuía a maior importância. Assim, uma postura de fé do paciente é fundamental para alcançar a cura. Todavia, com a fé fortalecida diante das dificuldades que encontra e no contato com a Doutrina Espírita no sentido de desenvolver um sistema adequado de crenças e valores, mesmo que não alcance a cura do corpo, alcançará a cura da alma.

A necessidade de se estabelecer o aprimoramento pessoal é fundamental para alcançar a cura da alma - saúde mental. Esta cura é garantida desde que haja o esforço do paciente; a cura do corpo, apesar de desejada, passa a ser secundária ou consequência.

Sendo o espírito encarnado o mantenedor da estrutura corporal, mesmo que haja um processo de cura de fora para dentro, isto é, mesmo que um espírito como Jesus “force” o restabelecimento da saúde, após determinado tempo, que poderá ser curto ou longo, dependendo das mazelas do espírito, a enfermidade se restabelecerá. Portanto, sem a adequação psíquica não há saúde duradoura. Kardec chegou a esta conclusão na sua análise da passagem de Jesus em que há o relato de seu encontro com dez homens que sofriam de lepra.

Os dez leprosos rogaram a piedade de Jesus e foram orientados a se mostrarem para os sacerdotes da época. Durante o caminho, eles se viram curados, contudo, apenas um deles retornou para agradecer e render graças. Ao ser informado que os outros nove não retornaram, Jesus disse àquele que estava diante dele: “Tua fé te salvou” [2].

Kardec analisa este relato da seguinte forma: “Acrescentando: ‘Tua fé te salvou’, fez ver que Deus considera o que há no âmago do coração e não a forma exterior da adoração. Entretanto, também os outros tinham sido curados. Fora mister que tal se verificasse, para que ele pudesse dar a lição que tinha em vista e tornar-lhes evidente a ingratidão. Quem sabe, porém, o que daí lhes haja resultado; quem sabe se eles terão se beneficiado da graça que lhes foi concedida? Dizendo ao samaritano: ‘Tua fé te salvou’, dá Jesus a entender que o mesmo não aconteceu aos outros” [2].

O trabalho de estabelecimento da cura de qualquer enfermidade, seja psíquica ou física, demanda a transformação pessoal para que realmente possa ocorrer, caso contrário, tal cura poderá ser apenas aparente, retornando após determinado tempo. O mais indicado, portanto, é a profilaxia, onde se trabalha pela transformação antes que haja o estabelecimento de enfermidades educativas, nesta condição, o sofrimento é minimizado e a tarefa muito mais fácil.

É importante lembrar que todos, sem excessão, são capazes de movimentar a espiritualidade superior quando se trabalha pelo próprio aprimoramento.


Cláudio C.Conti

Referências:

1. Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, Cap. XIV, item 7.

2. A Gênese: os Milagres e Predições segundo o Espiritismo, cap. XV.

29 junho 2020

Para os mexeriqueiros de plantão - Jorge Hessen



PARA OS MEXERIQUEIROS DE PLANTÃO


Tiago anota em sua epístola “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei? e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.”[1] Ora, o fuxico espera a boa-fé para turvar-­lhe as águas e inutilizar­-lhe esforços justos. O mal não merece o laurel dos avisos sérios. Atribuir­-lhe muita importância nas atividades verbais é alagar-lhe a esfera de atuação.

Emmanuel adverte que “falar mal” será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras. A maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos disparates. Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes desventuras íntimas. [2]

Quando se fala mal de algo ou de alguém para um cúmplice e este concorda com o que é dito, ambos por autoengano sentem-se “melhores” e “avigorados”, pois ambos legitimam aquele sentimento ruim, e faz com que “percebam” mais força, e ganhem uma imensa “autoconfiança” para o mal. O filósofo Platão admoestou: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência” [3].

Amaldiçoada e destrutiva é a palavra na boca de quem alista falhas do próximo; tóxico perigoso é a demonstração condenatória a escoar nos beiços de quem fuxica; barro podre, exalando enxofre, é a oscilação desafinada das cordas vocais de quem recrimina; braseiro tenebroso, escondendo a verdade, é a intriga destrutiva. “Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham os escândalos, mas, ai daquele homem porque venham os escândalos.”. [4]

Quem se afirme espírita não pode esquecer que os críticos do comportamento alheio acabam, quase sempre, praticando as mesmas ações recriminadas. Deploramos o clima de invigilância admitida pelas aventuras do entusiasmo desapiedado dos caluniadores, com suas mentes doentias, sempre às voltas com a emissão ardente da fofoca generalizada. Confrades que ficam “felizes” ante as dificuldades e eventuais deslizes do próximo. Assestam a volúpia do fuxico, com acusações infames sobre fatos que ignoram, sempre em direção às aflições e lutas íntimas de pessoas que tentam se erguer de algum desacerto na caminhada.

Aos mexeriqueiros malévolos e viciados críticos dos erros de conduta do próximo recomendamos a seguinte reflexão: na viagem de mil quilômetros, como dizia Chico Xavier, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que nos liga ao ponto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.

Finalmente, não esqueçamos que a palavra constrói ou destrói facilmente e, em segundos, estabelece, por vezes, resultados gravíssimos para séculos.

Jorge Hessen


Referências bibliográficas:

[1] Tiago, 4: 11)

[2] Xavier , Francisco Cândido. Fonte Viva , ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed FEB 1990

[3] Platão , disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/platao/ a cessado em 6/5/2013

[4] Mateus 18:7

28 junho 2020

O prazer de propagar o escândalo - Ademir Xavier




O PRAZER DE PROPAGAR O ESCÂNDALO


"Não nos dirigimos nem aos curiosos nem aos apreciadores de escândalo, mas àqueles que querem seriamente instruir-se". — Allan Kardec, O céu e o inferno.

Quem gasta certo tempo de sua vida no noticiário do momento facilmente se comove com os dramas, desgraças e análises pessimistas destilados todos os dias por inúmeros meios de informação. Em parte, esses resumos diários, excessivamente ruidosos e carregados de infortúnios alheios, revelam um excesso de sensacionalismo, potencializado pelo alcance e rapidez das mídias sociais, dos meios de comunicação digital em um mundo cada vez mais conectado. Nunca foi tão fácil e rápido noticiar. Um verdadeiro exército de jornalistas improvisados bombardeiam todos os dias as pessoas com informações, na sua maioria sem qualquer utilidade prática, mas que servem para definir a pauta do ânimo de cada dia.

Grupos com interesses altamente específicos, indivíduos desqualificados e propagandistas sem escrúpulos têm seus 'multiplicadores' em uma guerra silenciosa, cujo objetivo é captar o máximo interesse do público e atingir grupos e inimigos diversos. O analfabetismo filosófico e a incapacidade de perceber mesmo as mais grosseiras fraudes argumentativas acabam ressoando entre multidões imensas, sedentas de informação, mas cativas de suas própria falta de formação e equilíbrio.

Em comum, os informantes seguem o mais puro materialismo, a ausência completa de discernimento sobre a vida futura. A noção de justiça que transmitem é quase sempre a do aqui e agora, a dos ânimos embrutecidos na revolta pelo não cumprimento aparente de uma justiça idealizada, que muda conforme os interesses. De fato, é deveras sem sentido entre os que nada creem exigir justiça: se nada existe para além dessa vida, por que se preocupar? A justiça clamada por eles é uma convenção transitória em um universo brutal em que os desejos, aspirações e mais nobres intenções humanas desfazem-se lentamente como espuma para cada criatura que morre...

Diante desse quadro em que o nada é propaganda velada de todos os dias, faz bastante sentido ver se espalharem os crimes, as mais torpes transgressões, as mais incríveis iniquidades e o aumento do suicídio entre os que não conseguem suportar. É como se estivesse em curso uma gigantesca 'catástrofe anunciada', em que cada um pensa poder sobreviver, faz o que pode para garantir os seus direitos, e passa por cima de qualquer um no 'salve-se quem puder' de cada dia.

Afogados nesse apocalipse de desgraças, nunca foi tão necessário o discernimento — separar o joio da verdade do trigo da ilusão — e o equilíbrio moral, não se deixar abater pela revolta, que cria o estado de desânimo e pode trazer para nossas vidas problemas que são dos outros. Ainda mais porque, muitos dos que clamam por justiça, porque querem ser vistos, pregam o ódio como método. Ora, é bastante óbvio que nada de bom pode resultar de meios que pregam o ódio de forma sistemática, ou que acreditam poder gerar o bem fazendo o mal.

A antítese da combinação mórbida do ódio com o nada é o amor e a certeza da vida futura. Contra essas duas crenças, por que se impõe a dúvida? Porque a certeza da eficácia dessas duas verdades é também um bem que o indivíduo deve conquistar todos os dias, se a ele faltam os recursos internos. Esses recursos são semeados ao longo de sucessivas vidas, razão porque eles se encontram tão desigualmente distribuídos entre as pessoas. Não se trata, portanto, de uma injustiça desde o nascimento. Aqui vemos um sujeito que em nada acredita, que nutre rancor contra seu semelhante ou que segue amargurado, sem ânimo para o vida. Mas eis que, ao seu lado, alguém o suporta bravamente, escorando-se na fé ou em pequenos atos de gratidão, muitas vezes desapercebidos, mas que pouco a pouco surtem efeito. E tal quadro multiplica-se aos milhões em todas as partes do globo.

Essa é também a principal razão porque a humanidade, não obstante todas as conquistas tecnológicas, continua em sua maioria crente em Deus através das inúmeras religiões, que têm suas próprias formas de conceber a vida futura. O que seria do mundo se não fosse a fé que conforta e permite viver? Independentemente de como concebem Deus e o futuro no além-túmulo, em certo sentido profundo, todas as religiões estão certas ao mesmo tempo. Investem a seu modo na certeza da vida maior, adaptadas conforme a formação e o grau de discernimento de cada pessoa. Não se deve imputar às religiões (ou seja, às doutrinas que professam) a culpa pelos males praticados em seu nome: de fato, tratam-se de aberrações que surgem quando a incúria e a iniquidade reinterpretam do seu jeito as lições da vida superior. As distorções observadas se explicam porque alguns religiosos apenas se apegam intelectualmente a uma verdade maior e continuam a viver do mesmo jeito. Ainda assim, quem poderia garantir que não seriam muito piores se não fosse a parca luz que pregam?

Em resumo, temos como certo que é "necessário o escândalo", pois ele faz parte do processo de aprendizado a que cada pessoa está sujeita neste mundo de testes morais incessantes. Mas, entre ser afetado pela onda do mal e viver com serenidade, podemos escolher semear a certeza de que o amor e a vida futura são patrimônios inalienáveis da alma dos quais somos todos herdeiros no futuro. O quão distante esse futuro se encontra, depende inteiramente de nós.

Fique esperto!

É preciso atenção para não perdermos tempo, deixando nos levar em vibrações negativas, emanadas pelas notícias que nos são bombardeadas o tempo todo.

Você pode filtrar a circulação de mensagens negativas pelas redes sociais: • Configure seu aplicativo de mensagens para que vídeos e fotos não sejam baixados de forma automática. Assim você evita de ver imagens indesejadas, além de não ocupar espaço no seu celular.

Não compartilhe e nem curta imagens de violência. As redes sociais trabalham por número de compartilhamentos e curtidas.
Quanto mais você curte e compartilha, mais irá visualizá-las em seu perfil.
• Não siga nas redes sociais portais que foquem a violência. Busque aqueles que valorizam a informação sem foco no sensacionalismo.
• Deixe claro em sua rede que você não curte e não deseja receber esse tipo de material.
• Ao receber informação ou notícia sobre acidentes, catástrofes, crimes hediondos, conecte-se à equipe espiritual e peça socorro aos necessitados e conforto a todos os envolvidos. (Colab. Alessandra Simões)

O que dizem os Espíritos

• A culpa de quem sonda as chagas da sociedade e as expõe em público depende do sentimento que o mova. Se o escritor apenas visa produzir escândalo, não faz mais do que proporcionar a si mesmo um gozo pessoal, apresentando quadros que constituem antes mau do que bom exemplo. O Espírito aprecia isso, mas pode vir a ser punido por essa espécie de prazer que encontra em revelar o mal.
• Se ele escrever boas coisas, aproveitai-as. Se proceder mal, é uma questão de consciência que lhe diz respeito, exclusivamente. Ademais, se o escritor tem empenho em provar a sua sinceridade, apoie o que disser nos exemplos que dê. — O livro dos espíritos, Allan Kardec. Perg. 946 e 946a.

Ademir Xavier

27 junho 2020

Evolução e Aprimoramento - Emmanuel



EVOLUÇÃO E APRIMORAMENTO


“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.” – Jesus - João 3:3..

“A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo.” — (Ev. Cap. IV, 4)

Decididamente, em nome da Eterna Sabedoria, o homem é o senhor da evolução na Terra.

Todos os elementos se lhe sujeitam à discrição. Todos os reinos do planeta rendem-lhe vassalagem.

Montanhas ciclópicas sofrem-lhe a carga de explosivos, transfigurando-se em matéria-prima destinada à edificação de cidades prestigiosas.

Minérios por ele arrancados às entranhas do globo, suportam-lhe os fornos incandescentes, a fim de lhe garantirem utilidade e conforto.

Rios e fontes obedecem-lhe as determinações, transferindo-se de leito, com vistas à fertilização da gleba sedenta.

Florestas atendem-lhe a derrubada, favorecendo o progresso.

Animais, ainda mesmo aqueles de mais pujança e volume, obedecem-lhe as ordens, quedando-se integralmente domesticados.

A eletricidade e o magnetismo plasma-lhe os desejos.

E o próprio átomo, síntese de força cósmica, descerra-lhe os segredos, aceitando-lhe as rédeas.

Mas não é só no domínio dos recursos materiais que o homem governa, soberano.

Ele pesquisa as reações populares e comanda a política; investiga os fenômenos da natureza e levanta a ciência; estuda as manifestações do pensamento e cria a instrução; especializa o trabalho e faz a indústria; relaciona as imposições do comércio e controla a economia.

Claramente, nós, os Espíritos em aperfeiçoamento, no aperfeiçoamento terrestre, conseguimos alterar ou manobrar as energias e os seres inferiores do orbe a que transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é possível catalogar os impérios da luz infinita, estuantes no Universo.

À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio Divino, nas lides educativas que nos são necessárias, o aprimoramento moral corre por nossa conta.

O professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.

Os Espíritos superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é disposição da Lei que cada consciência responda pelo próprio destino. Meditemos nisso, valorizando as oportunidades em nossas mãos.

Por muito alta que seja a quota de trabalho corretivo que tragas dos compromissos assumidos em outras reencarnações, possuis determinadas sobras de tempo, — do tempo que é patrimônio igual para todos — e, com o tempo de que dispões, basta usares sabiamente a vontade, que tanta vez manejamos para agravar nossas dores, a fim de te consagrares ao serviço do bem e ao estudo iluminativo, quando quiseres, como quiseres, onde quiseres e quanto quiseres, melhorando-te sempre.

Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Livro da Esperança - 6

26 junho 2020

Sinais indicam transição planetária - Djalma Santos




SINAIS INDICA TRANSIÇÃO PLANETÁRIA


“É interessante observar que, sem o interesse do homem terrestre, na melhoria do seu rendimento espiritual, olhando para o futuro com amor e dedicação, dificilmente poderá se beneficiar da luz espiritual, que diuturnamente atinge”.

O amor é a essência divina que envolve as criaturas, em todas as faixas do Universo de Deus. É profundo como o mar aberto, infinito como o céu estrelado, abraçando ricos e pobres, fracos e fortes, comandantes e comandados, reis, príncipes, e plebeus, numa interação energética divina, abrangendo a todos, sem exclusões, reaquecendo a natureza inteira, como se fosse um infinito sol, vivificando almas que caminham para Deus; penetrando as trevas do nosso egoísmo, alcançando por fim o coração humano. Todos os seres foram criados para amar, porque as partículas morais do amor, repousam na fecundidade de Deus, e o amor florescerá sempre, até que um dia, possa reunir a humanidade terrestre, numa comunhão de fraternidade universal.

À medida que a mente humana se expande ou se contrai, durante sua marcha ascensional para Deus, ela se estrutura e dimensiona sua capacidade de pensar e decidir, de acordo com seu livre arbítrio, seu espaço e seu tempo em correspondência aos ritmos vitais, que são de sua estrutura íntima, mas só aos poucos o espírito irá se libertando, dos automatismos herdados de vidas anteriores, a partir do tempo em que passa a desenvolver valores, consciências e capacidade e autodomínio, acomodando-se muitas vezes, inconscientemente ou conscientemente, ás faixas do tempo e do espaço de que necessita, até atingir os estágios do conhecimento e da sabedoria eterna.

Por meio da articulação das sinergias funcionais, e dos tecidos de forças que o envolvem, o espírito imortal constrói o seu “cosmo” individual, em que se movimenta, e pelo qual ´o único responsável, podendo se sublimar ou se degenerar, dependendo, é claro, das opções que fizer para o lado bom ou mal, provocando muitas vezes “implosões psíquicas”, de alto teor negativo, através de sua “aura humana”; ou ainda, se transfigurando no corpo físico e no espiritual, aqui ou no além. Com a descoberta da “electronografia”, já se pode analisar os diversos campos elétricos do corpo humano; e ainda o esforço de cientistas soviéticos, que conseguiram fotografar pela primeira vez, as radiações humanas pelo método “Kirlian”.

Esses avanços incontestáveis da capacidade humana, nos dão uma ideia clara e cabal, de que já estamos muito perto da Transição Planetária, e que só depende o homem, esse herdeiro de si próprio, realizar mais algumas mudanças, principalmente no campo do comportamento, que certamente é o mais carente no momento em que atravessamos. O compartilhamento entre as nações já se faz presente, e as guerras estão diminuindo, existindo apenas alguns bolsões de violência e maldade, mas que estão sendo reprovados pela maior parcela da humanidade terrestre.

O espírito imortal está fadado a evolução, ao crescimento, a superação e transcendência, assim como a conquista do amor, e mesmo quando o espírito guarda no íntimo de sua alma, barreiras que dificultam a implantação do bem, a divina claridade de Deus, jamais deixa de abençoa-lo, porque ainda que alguns raios vivificantes de desviem, nada impede que um maior tanto de luz, continue incidindo sobre a criatura humana, até que, com a evolução da mente e do pensamento contínuo, o ser humano consiga aplicar em si mesmo uma blindagem de luz, dificilmente ultrapassada pelos miasmas das trevas.

É interessante observar que, sem o interesse do homem terrestre, na melhoria do eu rendimento espiritual, olhando para o futuro com amor e dedicação, dificilmente poderá se beneficiar da luz espiritual que o atinge, como também não poderá se furtar ao assédio das trevas, que estão dentro de nós mesmos, e por isso Jesus afirmou:” O Reino de Deus está dentro de vocês”; mas poderia ter dito também: o reino do mal também está dentro de vocês, ou seja, carregamos conosco o bem ou o mal, que devemos extirpar, praticando ações enobrecidas no campo do bem.

“Nada muda se você não mudar”, diz uma assertiva tão antiga quanto o homem, e corresponde a pura verdade, porque as mudanças começam dentro de nós, e é muito comum desejarmos a mudança do outros, das instituições, mas não queremos nos mudar, porque já nos aclimatamos ao que somos, mesmo que isso não seja o que realmente desejo; porém a preguiça, o comodismo, o medo e dificuldade de raciocínio nos leva a ficarmos emperrados, como se fôssemos um de uma nota só.

Nessa Transição Planetária que estamos realizando, mudanças tem um papel preponderante; fazem parte do plano que Deus preparou para nós, e é exatamente nesse período de grandes transformações no Planeta, na sociedade, nas artes, na ciência, na religiosidade, na política, e principalmente nos corações humanos.


Djalma Santos

25 junho 2020

O Que A Religião Desuniu, O Amor Agrega - Wellington Balbo




O QUE A RELIGIÃO DESUNIU, O AMOR AGREGA


Fazia palestra num centro espírita em Bauru quando avisto uma carequinha na multidão… Pensei: Meu padrinho? Será? Mas o que ele estaria fazendo num centro espírita? A resposta era óbvia. Ele viu no jornal e foi me assistir… Após a palestra, procurou-me, deu um longo abraço e disse: “Fiquemos com o que nos une, você espírita, eu, seu padrinho católico, não posso deixar que a religião nos afaste… E despediu-se, coração sereno, certo de que derrubou um muro enorme chamado preconceito…

Em O livro dos Espíritos (questão 982, que coloquei aqui com minhas palavras) Kardec indaga os mentores espirituais se é preciso crer no Espiritismo para ter sorte na vida futura. Os Espíritos respondem que não. O caminho é o bem. Definiram com precisão. A trilha é o bem, nada, além disso. Os Espíritos não se preocuparam em levantar bandeiras, mas em propagar ideias. E quais ideias? As ideias do amor, da compreensão, de Jesus. Interessante deixar claro: As religiões não podem nos afastar das pessoas e levantar muros em divisões do tipo: católico, evangélico, espírita, budista, muçulmano. O papel da religião é o de unir, jamais criar barreiras.

Toda essa prosa me fez lembrar um rapazinho que me mandou um e-mail, mais ou menos assim: “Moço, amo uma menina, mas conheci Kardec, conheci o Espiritismo e as ideias são tudo de bom. É bem certo que os pais dela não irão aceitar nossa união se eu me confessar um kardecista”.

Fiquei muito triste com aquilo e pensando no drama que vivia o jovem. O que ele devia fazer? Abraçar Kardec ou abraçar o seu amor. Complicado, não?

Só quem passa por isso para constatar a dificuldade em escolher entre um amor juvenil e o ideal. Não queria estar na pele dele. Querem saber o que aconteceu? Eu conto. O rapazinho optou por ficar com a namorada e não deixou Kardec. Ele estuda a Doutrina Espírita quietinho, no canto dele, sem falar nada pra ninguém. De vez em quando me escreve, conta seus dilemas, fala e compartilha suas descobertas sobre o plano espiritual. Claro que não o censuro. Quem sou eu? Apenas penso no drama dele que é vítima do preconceito. Uma pena.

Ainda bem que o Espiritismo por meio dos Espíritos nos ensina o contrário: O caminho é o bem. Democrático, para todos, transforma um mundo num lar e as pessoas em irmãs.

Bom ler O Livro dos Espíritos, bom ler Kardec. Por isso esses são mestres, eles simplificaram o que costumamos complicar. Tudo é muito simples: basta respeitar as crenças e fazer o bem. O resto? O resto, deixemos a critério do amor, até porque o que a religião desuniu o amor agrega, sem dúvidas…


Wellington Balbo
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

24 junho 2020

Espírito de Sistema - Orson Peter Carrara



ESPÍRITO DE SISTEMA


A palavra sistema é bastante utilizada atualmente, representando um conjunto de programas que executam tarefas definidas em sua programação de trabalho, especialmente considerando a realidade virtual, hoje totalmente expandida nos diversos segmentos sociais.

Por outro lado, também pode representar um padrão de condução de uma empresa, ou um sistema de vida, pessoal ou familiar, com critérios escolhidos livremente, como bem sabemos da condição humana e seus variados comportamentos, suas múltiplas escolhas. Em síntese, podemos dizer que é uma maneira de se conduzir, transformando-se em hábitos ou costumes, que acabam estabelecendo padrões de comportamento, saudáveis ou não.

No conhecido livro “Parábolas e Ensinos de Jesus”, o ilustre Cairbar Schutel, no capítulo “O Espírito de Sistema e as novas verdades” faz lúcidas referências às sucessivas e penosas lutas das grandes personalidades humanas que transformaram o mundo, trazendo progressos variados, mas que tiveram – todos eles enfrentaram resistência em seu tempo – que lutar contra o “espírito de sistema”, ou esta mentalidade de resistência às novas descobertas ou às mudanças de modelos ultrapassados. Isso é histórico. É aquela mentalidade de desvalorizar esforços alheios, é aquela posição de desprezo para com as pessoas que se destacam e pensam diferente do modelo antes estabelecido.

Por suas ideias e projetos muitos foram mortos, sacrificados, torturados, outros sacrificaram-se, imolaram-se no isolamento e na renúncia silenciosa, para legar – todos eles – os esforços de suas pesquisas, seus estudos, que ao longo do tempo, beneficiaram toda a humanidade. Não foram compreendidos quando apresentaram suas ideias, quando as divulgaram, sofrendo desprezos, humilhações, perseguições, morte, enfrentando os poderosos de os matizes que outro interesse não tinha senão manter o padrão estabelecido de que se beneficiam.

E isso não mudou. A realidade atual mostra isso. O egoísmo ainda nos domina e ainda permanecemos fechados e irredutíveis aos pontos de vistas, aos sistemas a que nos escravizamos, nos condicionamos, deixando-nos conduzir por automatismos deploráveis, sem dar chance de abertura aos novos tempos, `às novas ideias, aos transformadores da sofrida realidade social.

Mas novos clarões já se projetam, pois, a Lei de Progresso é inevitável.

Afirma Schutel no primeiro parágrafo de sua reflexão: “O mundo não tem progredido senão à custa de lutas e sofrimentos. Todas, as novas descobertas, todas as grandes verdades, todos os grandes homens não têm conseguido exercer a sua missão no nosso planeta senão com grandes sacrifícios e depois de uma luta terrível contra o espírito de ignorância, que ensombra todas as camadas sociais!”. E depois de valiosas considerações (sugerimos ao leitor buscar o texto na íntegra), ele coloca com propriedade:

“Cada jato de luz que vibra na mansão das trevas agita os ignorantes sistemáticos, assim como os lampejos do Sol alvoroça os morcegos e as corujas que só se comprazem com a noite.”

Não vou ficar nas transcrições, quero estimular o leitor a buscar o texto integral. Ele conclui referindo-se à luta das ideias espíritas frente à truculência das ideias materialistas, gradativamente sendo vencidas pela clareza de uma realidade patente que hoje já compreendemos.

Há uma frase, todavia, que chama muito a atenção nessas lutas. E que motivou a presente abordagem. Considera o benfeitor: “(…) a árvore dos bosques não cai ao primeiro golpe do machado; é preciso muitas “machadadas” (…)”.

A comparação é belíssima nessas lutas que nunca cessam. É preciso mesmo perseverar, prosseguir e dar as constantes “machadadas” (a comparação em hipótese alguma é com a violência, mas com o trabalho continuado) da perseverança que vai vencer o preconceito, o orgulho, e especialmente o espírito de sistema, que teima em escravizar, prender, coibir iniciativas ou impedir o progresso e a felicidade, justamente pela mentalidade de egoísmo que ainda nos domina e que nos faz esquecer a solidariedade….

Mas como somos potencialmente bons, esse quadro vai passar e conquistaremos com trabalho a dignidade que deve nos caracterizar como filhos de Deus.


Orson Peter Carrara

23 junho 2020

Espírita deve se envolver na Política? - Fátima Moura




ESPÍRITA DEVE SER ENVOLVER NA POLÍTICA?


O Brasil vivenciou nas últimas eleições a maior manifestação histórica em defesa da democracia brasileira.

Nas redes sociais, campanhas a fim de enaltecer ou elevar candidatos desse ou daquele partido, tomaram vulto e inflamaram pessoas de todas as idades, credos, raças e nacionalidades, como nunca antes se havia visto, em todas as redes de comunicação, em uma velocidade incontrolável e desleal, onde, de maneira quase totalitária, prevaleceram os próprios interesses dos envolvidos.

Líderes religiosos e dirigentes governamentais do mundo inteiro se manifestaram sobre a situação política do Brasil e grupos foram criados, a fim de oferecer apoio a pessoas que se agregaram e se protegeram umas das outras, como se a nossa nação, que está fadada a desempenhar o seu papel de “coração do mundo, pátria do Evangelho”, estivesse dividida em dois lados totalmente distintos e inimigos.

Queiramos ou não, quem decide as coisas em um país são os políticos e apesar de muitos de nós, espíritas, dizermos que não suportamos política e que não temos nada a ver com isto, mesmo que não seja esse o nosso desejo, estamos envolvidos nessa grande roda de interesses, que direciona nossas escolhas para aquilo que acreditamos ser melhor para as nossas vidas.

Não estou querendo dizer com isso, que devemos fazer campanha partidária dentro das Instituições Espíritas, ou ressaltar e impor indicações sobre o nosso candidato preferido aos irmãos de ideal. A nossa posição, enquanto divulgadores e estudiosos das verdades espiritas, deve andar junto com a verdade e respeitar a opinião alheia, é o primeiro passo para uma convivência passiva e fraterna tal como nos ensinam os espíritos amigos.

Fatos que vivenciei através da redes sociais e no contato com pessoas, de vários credos religiosos e até espíritas, me mostraram o desrespeito à regras morais, éticas, e de convivência grupal. Segundo os mais afoitos, até “Emmanuel, Chico e outros espíritos respeitáveis”, indicaram candidatos através de suas mensagens, o que, de acordo com a vontade do expositor, eram exaltados ou denegridos perante a massa, fato totalmente contrário ao exercício da mediunidade exercida com discernimento e seriedade.

De minha parte, vejo esse momento de maneira extremamente preocupante. Ao serem autorizadas para que assim o fizessem, pessoas colocaram para fora suas ideias sobre assuntos que nem deveriam estar em pauta na vivência espírita, de maneira desordenada e deselegante, sem se preocupar se isso estaria ferindo aos seus irmãos de caminhada, assim como as verdades aprendidas desde que Kardec compilou a Doutrina Espírita.

Encontramos no acervo da FEB, Federação Espírita Brasileira, interessante livro que serve de reflexão para o momento que estamos vivendo. Trata-se da obra Espiritismo e política, de Aylton Paiva. Nela, o autor procura demonstrar que, “sob o aspecto filosófico, o Espiritismo tem muito a ver com a Política, já que esta deve ser a arte de administrar a sociedade de forma justa”. Segundo ele, a proposição espírita da lei do progresso é um intenso e profundo desafio para que trabalhemos pela evolução intelectual e moral da humanidade. Com tal objetivo, o espírita deve estimular a sociedade humana a fim de que haja hábitos espiritualizados, desenvolvimento da inteligência e elaboração de leis justas, em benefício de todos.”

Segundo o autor, não se trata de estimular o leitor a participar da política partidária, nem também de afirmar que o espírita deve ou não deve participar, como membro atuante, de uma organização política. Trata-se, simplesmente, de reconhecer o direito de que, como membro de uma sociedade, o espírita escolha, livremente, a sua contribuição para que as relações humanas sejam, progressivamente, melhoradas no sentido da paz, da justiça e do amor fraternal.

Convém lembrar que espíritas respeitáveis atuaram na política. Dentre eles, o médico Adolfo Bezerra de Menezes – Conhecido como o “Médico dos pobres” e como o “Kardec brasileiro”, e que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira em 1889 e de 1895 a 1900. Ocupando os cargos de: Vereador, Presidente da Câmara Municipal da Corte e Deputado Geral, sempre agiu em favor da justiça e da honestidade, tendo afirmado Freitas Nobre: “Para nós, a política é a ciência de criar o bem de todos, e nesse princípio nos firmaremos”.

Dentro dessa visão, também concordamos que o Movimento Espírita pode contribuir, e muito, para a solução dos problemas políticos e sociais que surgem durante o nosso processo evolutivo de nossa vida no planeta terra.



Autora: Fátima Moura

22 junho 2020

Sobrevivência e Libertação - Joanna de Ângelis




SOBREVIVÊNCIA E LIBERTAÇÃO


Os cristãos primitivos, convencidos da sobrevivência do Espírito aos despojos materiais, enfrentavam a morte cantando hinos de alegria.

No corpo, consideravam-se encarcerados, anelando pela liberdade.

Na limitação orgânica, sentiam-se em área estreita e sombria, desejando a luminosidade do amanhecer eterno.

Sob a constrição da matéria, experimentavam cativeiro perturbador e, por isso mesmo, esforçavam-se para alcançar a libertação.

Para esses cometimentos, desenvolviam os sentimentos nobres, refundiam a esperança no futuro, guardavam as reflexões em torno do amor eterno, nunca se detendo a considerar o trânsito carnal como realidade plenificadora.

Viviam as experiências terrenas com lucidez, preservando a certeza de que, por mais se alongassem, paralisariam na interrupção do corpo através da morte, a fim de as prosseguirem noutra dimensão imperecível, compensadora.

Em face dessa convicção, jamais se atemorizavam diante da própria morte, como da dos seres amados.

Fixando a mente e os ideais na sobrevivência, viviam no mundo como alunos numa escola, como hóspedes e não como residentes fixos, aguardando que o fluxo da vida mudasse de direção...

Martirizados ou perseguidos, recebiam a penalidade como forma de sublimação e de mais fácil ascensão à glória imortal.

O infortúnio do exílio, a separação dos bens e da família, embora os fizessem sofrer, não os desesperavam, por confiarem no reencontro futuro e na conquista de mais valiosos tesouros de paz e autorrealizaçáo.

O Cristianismo é doutrina de imortalidade que exalta a sobrevivência do ser, estruturado na Ressurreição de Jesus, o momento glorioso do Seu ministério ímpar.


* * *

A Idade Média, porém, com as suas superstições e fanatismos, envolveu a morte em terríveis sombras, vestindo-a de pavor e de exóticas formulações.

Exéquias demoradas, tecidos negros e roxos, ritos soturnos, cantochões deprimentes, carpideiras profissionais, cerimônias macabras, davam a impressão de horror e desalento em referência à morte.

Descambando para comportamentos monetários e realizações negociáveis, o espetáculo mortuário fez-se aparvalhante pela forma, desvirtuando o conteúdo da realidade imortalista...

O conhecimento da sobrevivência brinda a certeza em torno da continuação da vida depois do decesso carnal, e a morte passa a ser recebida com serenidade, com alegria.

À medida que os fatos confirmam a indestrutibilidade da vida, morrer deixa de ser tragédia, transformando-se em mecanismo que facilita o renascimento em outra esfera, no mundo espiritual.

A sobrevivência é o coroamento da existência física, que se transforma através do fenômeno biológico da morte.

* * *

Viva cada ser com elevação e desprendimento, treinando a libertação e, adaptando-se mentalmente, aguarde a hora feliz do retorno à pátria de onde veio para breve aprendizagem terrestre.

Deve recear a morte quem se encarcera nas paixões inferiores, aquele que se escraviza nos apetites insaciáveis, o ser que se agarra às manifestações do corpo transitório.


* * *

Passadas as angústias da saudade, diminuídas as amarguras da aparente solidão, o reencontro com os seres queridos, sobrevivendo à forma orgânica, constituirá o verdadeiro prêmio à confiança em Deus e à entrega ao Bem.

Guarda-te nessa confiança do reencontro com os teus familiares queridos e trabalha por ele, qual agricultor que vê a semente morrer hoje, a fim de acompanhar a planta exuberante, as flores desabrochando e os frutos saborosos que colherá mais tarde.

A sobrevivência é luz brilhante no fim do túnel, atraindo-te, fascinante.

Segue na sua direção com tranquilidade e nunca temas a morte.

* * *

A ilusão é responsável por inúmeros sofrimentos.

Valorizando, excessivamente, os bens transitórios e apegando-se em demasia aos interesses materiais — paixões sensuais, valores amoedados, propriedades, juventude, saúde orgânica, entre outros —, o indivíduo teme vê-los desaparecer, transformar-se ou gerar conflitos, no entanto deixando-os todos, um dia, mediante o fenômeno biológico da morte.

Acreditando que esses empréstimos da vida — os valores físicos — são perenes, o que lhe constitui uma ilusão, quando defrontado ou dominado pela realidade, desarmoniza-se, padece dores, desespera-se.

A sobrevivência da vida à morte é a única e legítima expressão da existência humana.

Preparar-se para essa luminosa experiência inevitável, treinando o desapego e a solidariedade fraternal, é uma forma eficaz de diluir a ilusão, evitando perdas e sofrimentos futuros.

Somente, porém, sobrevive livre aquele que aprendeu no corpo a desatar-se das amarras das paixões enganadoras, nas quais em algum momento tentaram aprisioná-lo.



Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo P. Franco
Livro: Desperte e seja Feliz - 29

21 junho 2020

A missão profética do coronavírus - Mário Frigéri




A MISSÃO PROFÉTICA DO CORONAVÍRUS


“Nada temais, pequenino rebanho: aprouve ao Senhor Deus vos dar o seu Reino.” – Jesus [Lucas, 12:32]

Este artigo contém um breve relato histórico da evolução de nosso planeta e de sua Humanidade, desde sua criação aos dias presentes, tendo por objetivo explicar a razão de estar ocorrendo em todos os seus quadrantes o atual surto de coronavírus. A explanação não tem o rigor de um trabalho científico e, em suas referências, cita fontes gerais e não específicas, pois se funda na fé e no conhecimento doutrinário e espiritual, que estão muito acima das comprovações requeridas pelo intelecto humano, sempre falível em seus fundamentos, não obstante sua pretensa precisão matemática. Contamos, pois, com a compreensão do leitor, que deverá entender esta abordagem como uma das muitas possíveis para esse intrincado problema.

Jesus é cocriador da Terra com Deus

1. Jesus criou este planeta por agregação atômica há aproximadamente quatro bilhões e setecentos milhões de anos, revestiu-o de vida vegetal e animal, e colocou nele o homem, ou seja, esta Humanidade que aqui se encontra até hoje. Pela lei da reencarnação, a Humanidade que aqui está, desde o primeiro homem que habitou o mundo, é a mesma que aqui permanecerá até o dia em que o planeta desaparecer no Universo, por dissolução atômica. Isto deverá ocorrer talvez daqui a oito bilhões de anos, como explano em meu livro O homem – da caverna à vida eterna, com forte embasamento científico, filosófico e religioso.

O homem tem um Espírito imortal

2. O homem – que é mortal e, em cada encarnação, nasce num corpo gerado pela união de um espermatozoide com um óvulo – tem um Espírito imortal, que nasceu das mãos de Deus, no Infinito, em um tempo que foge à nossa limitada compreensão intelectual. À medida que os corpos foram se multiplicando na Terra, os Espíritos, na mesma proporção, foram também trazidos gradativamente por Jesus de outros orbes do Universo, de onde precisaram ser excluídos por sua obstinação no mal.

A Terra é hospital e penitenciária

3. A Terra é, portanto, um hospital e uma penitenciária ao mesmo tempo – hospital, porque todos os seus habitantes estão espiritualmente doentes; e penitenciária, porque todos estão impedidos de ascender a mundos mais felizes até a quitação de seus débitos cármicos perante a Lei Divina. Como Deus respeita o livre-arbítrio humano, não há prazo determinado para a regeneração e cura da Humanidade, e esse prazo pode durar ainda alguns milhares de anos. A despeito disso e contrariando a própria palavra do Cristo, alguns formadores de opinião vêm, ao longo do tempo, estabelecendo datas de forma temerária para essa realização.

Deus envia Mensageiros de Luz 

4. Desde que há algumas dezenas de milênios começou a desabrochar na mente do homem as primeiras manifestações do raciocínio e da razão, Deus também começou a enviar-lhe Mensageiros de Amor e Luz que, de forma gradativa, lhe foram revelando a religião, a filosofia e a ciência que regem os Planos Superiores da Vida. A missão desses Emissários era acender luzes no espírito humano que lhe despertassem a alma para a fé, encurtassem o tempo de suas provas e expiações, e o conduzissem à sua quitação e plenificação espiritual.

Jesus viveu entre nós

5. Essa estratégia da Misericórdia Divina culminou, há dois mil anos, com a vinda do Cristo ao nosso meio, para nos trazer o Evangelho Redentor, no qual se encontram semeadas e exemplificadas por nosso Divino Mestre todas as virtudes capazes de fazer do homem um anjo de luz. Essas virtudes, como diamantes a faiscar perante nossos olhos, se contrapunham a todas as chagas morais que nos levaram, como Espíritos, a ser exilados na Terra: a humildade para eliminar a nossa soberba; a caridade para eliminar o nosso egoísmo; e a solidariedade para eliminar a guerra psíquica e física enraizada dentro de nós.

Nós escarnecemos de Jesus

6. E o que aconteceu? A Humanidade caiu de joelhos, em lágrimas, diante da presença do Cristo, agradecida por essa concessão da Bondade de Deus em prol de sua redenção? A Humanidade passou imediatamente a viver esses princípios sagrados, agarrando-se a eles como o náufrago se agarra a uma única tábua de salvação? Não. Não. Não. Mil vezes, não! Ela cuspiu no Evangelho, escarneceu do Mensageiro Sublime que o trouxe e, com instinto carniceiro, o levou à ignomínia da cruz. E não satisfeita com isso, para deixar patente sua repulsa à interferência de Deus nos negócios humanos, assumiu um débito cármico terrível perante a Vida, rogando que o sangue d’Aquele Justo caísse sobre si e seus descendentes para sempre. E esse sangue, de que estão retintas nossas mãos, está caindo sobre o mundo até hoje.

Hoje nós temos o Evangelho

7. E não se diga que isto aconteceu por culpa de romanos e judeus, e que nós nada temos com esse infausto acontecimento. Seria o mais grosseiro sofisma. Na esteira da História, nós somos aqueles romanos e judeus. Pela lei da reencarnação, nós é que estávamos lá esbravejando contra o Cristo. E hoje, dois mil anos depois, ainda permanecemos em situação pior que a deles, porque eles, até aquela data, não tinham as lições do Evangelho para nortear as suas ações. Mas nós, faz dois mil anos que temos o Evangelho diante de nossos olhos, sempre lembrado e recitado, mas não praticado nem vivido, pois isto demandaria uma reforma espiritual dificultosa que o ser humano não quer enfrentar nem assumir. Não temos, portanto, desculpas.

A ganância tem enceguecido o homem

8. Hoje, o mundo permanece absurdamente surdo à voz do Alto, envolvido pela trama da treva e voltado somente para o poder, o sexo, a droga, o enriquecimento material, a diversão que anestesia a mente, as fantasias que embriagam o coração, e todas as formas de prazeres transitórios que a matéria lhe proporciona. As religiões que, em princípio, deveriam ser o farol da Humanidade neste momento infeliz, também estão enceguecidas pela ganância, porque, com as louváveis exceções de praxe, vivem em sua maioria para extorquir seus adeptos financeiramente e subjugá-los espiritualmente.

Deus manda seus Ministros à Terra

9. Não é de admirar, portanto, que Deus ponha em ação seus Ministros Redentores, que existem para dar direção segura à Humanidade sempre que esta necessitar de correção em seus rumos. A meta é a redenção do homem, não a sua destruição; a renovação do planeta, não o seu fim. Para isso o arsenal de Deus está cheio de recursos a que nenhum poder humano pode se opor. Dentre esses recursos, podem ser citados os Quatro Cavaleiros do Apocalipse que, segundo os intérpretes mais acreditados, são a Luz, a Treva, a Doença e a Morte; os rebates de guerra das Sete Trombetas que, de tempos em tempos, a cada clarinada, revolvem as camadas da sociedade para arejá-las; e as Sete Taças com as Sete Últimas Pragas, uma delas despejada no ar e disseminada pela redondeza da Terra, talvez para atingir o homem na sua fonte de vida: a respiração.

O coronavírus tem missão reeducativa

10. É nossa firme convicção, com fundamento nas profecias bíblicas, que o coronavírus, em sua versão de Covid-19, não surgiu na Terra sem a determinação de Deus e não deixará a Terra sem a sua autorização. Ele tem uma importante missão reeducativa a cumprir e somente cessará essa atividade quando houver realizado integralmente a sua tarefa. Se, como revelou Jesus, não há um fio de cabelo de nossa cabeça que caia sem que Deus saiba, como é que vai cair um homem, milhares ou milhões de homens sem que Deus o permita? O vírus é sem dúvida terrível, mas não mais terrível que o carma virulento da Humanidade. Tudo isso encerra uma grande lição, muito bem lembrada pelo Apóstolo Paulo e ainda não assimilada pela mente infantil do ser humano: “Tudo aquilo que o homem semear, isto mesmo terá de colher”.

A Humanidade será separada em joio e trigo

11. Mas não nos iludamos quanto à resiliência da natureza humana. Quando Deus permitir à Ciência debelar o vírus de hoje – que deverá ocorrer em breve –, a Humanidade retornará à normalidade de seu curso. E então esquecerá a peste que a atormenta nos dias atuais e retornará também às ações irresponsáveis de antes, exatamente como o cão retorna ao vômito. Mas um dia que não vem longe, o gênero humano, por amadurecimento, estará separado em trigo e joio, segundo a parábola do Senhor. Nesse abençoado dia, Deus fará o banimento da Terra para planetas inferiores daquela parcela do mundo que permanecer impermeável às suas Diretrizes Divinas. Isto foi o que aconteceu no passado, de outros planetas para cá, e é o que acontecerá de novo, daqui para planetas mais primitivos, porque a História se repete nas regiões inferiores do Universo. É o que diz Jesus, em suas parábolas do Evangelho (que muitos leram e poucos entenderam), e é o que diz também em suas profecias do Apocalipse (que poucos leram e nada entenderam). Só restará um pequeno rebanho que, em face de um Novo Céu e uma Nova Terra, dará início a uma nova e gloriosa fase na História da Humanidade.

Fé e caridade são a salvaguarda do homem

12. A fé em Deus, no Cristo e no Espírito Santo ou Paráclito, e a prática permanente da caridade nos seus aspectos físico, moral e espiritual são a salvaguarda dos verdadeiros operários do Bem neste mundo, o único antídoto para o pânico que está tomando conta da Humanidade neste momento. Deus não tem religião. Os Mandamentos Divinos encontram-se revelados no seio das principais religiões, em muitas correntes filosóficas e em partes mais saudáveis da Ciência. E como Deus é justo e dá a cada um segundo suas obras, a vivência desses princípios em qualquer tempo ou lugar, por crentes e ateus, é que dará segurança a cada um, situando-o dentro de um casulo magnético protetor que o isolará de qualquer ataque a que não faça jus. Tudo o que há de bom já está em trânsito entre Deus e nós.

Jesus é o farol que resplandece nas trevas

13. Que as palavras do Cristo, portanto, sejam o nosso farol no momento grave que estamos vivendo. Primeiro, Jesus falando ao Pai Celestial e revelando que nem todos no mundo cerrarão fileiras ao seu lado na hora da Transição Planetária: 

1. Pai, Eu não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste do mundo, porque são teus. 
2. E Eu não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal [João, 17:9 e 15].
E agora, Jesus falando a cada um de nós e revelando que Fé, Amor e Boas Obras são o diferencial para a nossa segurança e salvação: 

1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto, Ele limpa, para que dê mais fruto ainda. 
2. Como o Pai me amou, também Eu vos amei; permanecei no meu amor [João, 15:1, 2 e 9]. 
3. […] No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo: Eu venci o mundo. 
4. Não se turbe, portanto, o vosso coração nem se arreceie, porque Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo [João, 16:33; 14:27; Mateus, 28:20].

Com Jesus somos invencíveis

14. Jesus declarou que o Reino de Deus está dentro de nós. Elevemos então a Ele esta súplica, nesta hora gravíssima para a Humanidade: “Senhor Jesus, permite que o Reino de Deus que existe dentro de mim esteja conectado ao Reino de Deus que existe dentro de ti, a fim de sermos um, como tu desejas no teu Evangelho”. E completemos nossa sintonia espiritual com o Cristo por meio desta chave luminosa de Casimiro Cunha: “O mundo faz vencedores, mas Jesus faz invencíveis”.


Chico Xavier contou, certa vez, que um aprendiz, chegando perto de um pastor de ovelhas, perguntou:

– Se uma ovelha cair na fossa, o que você fará?
– Eu a retiro da fossa e levo comigo – respondeu o pastor.
– Mas e se a ovelha se machucar, se estiver ferida? – tornou o aprendiz.
– Eu a curo, e mesmo se estiver sangrando, eu a carrego – retrucou o pastor.

O aprendiz pensou demoradamente e indagou, por fim:
– Mas e se a ovelha fugir para muito longe, léguas e léguas?

O pastor, zeloso e experimentado, fitando o rebanho que pastava no vale, respondeu:
– Eu não devo ir atrás dela, porque não posso deixar todo o rebanho por causa de uma ovelha rebelde. Então eu mando o cão buscá-la…

Coroando os preciosos apontamentos da tarde, Chico arremata com as seguintes palavras:
– A mesma coisa acontece com o Cristo diante de nós, quando nos afastamos léguas e léguas do caminho certo. Ele não vai atrás, mas vai o cão, que é o sofrimento…

E esse cão, completamos nós, para quem tem olhos de ver, pode muito bem ser o cãoronavírus…


Mário Frigéri
Fonte:  Revita Reformador - F.E.B.


20 junho 2020

O que há por detrás da irritação e da impaciência? - Paulo Velasco



O QUE HÁ POR DETRÁS DA IRRITAÇÃO E DA IMPACIÊNCIA?


A maior parte das pessoas impacienta-se e irrita-se com facilidade, seja com uma manifestação corriqueira ou acidental. Determinadas pessoas ainda desconhecem a dessemelhança entre a irritabilidade e a irritação. A irritabilidade consiste somente de uma condição do estado de espírito predisposto, ao passo que a irritação é o próprio impulso que precipita a irritabilidade. As características essenciais da irritação são manifestações de impaciência em total desestabilização, criadas até mesmo, por insignificantes questões. Em alguns casos, o indivíduo submetido ao experimento de situações circunstanciais de aborrecimentos pode não se importar e conservar-se imune diante de tais dificuldades. Todavia, não é capaz de travar o impulso da impaciência diante de um simplório episódio pouco expressivo. O mesmo indivíduo pode manifestar total tranquilidade perante a desencarnação de um familiar muitíssimo amado, mas, contraditoriamente, pode perder a paciência se alguém esbarrar em seu corpo sem intenção. Essa oscilação de temperamento evidencia que a irritação é um consumo desnecessário de energia gerada por eventos sem relevância.

A irritação pode originar-se pela intervenção de pequenos pormenores. Isto não quer dizer que os mesmos pormenores sejam o agente direto da irritação, mas somente a ponte para desenvolvê-la. O motivo da irritação, em questão, habita dentro da própria pessoa. É o resultado da colisão de dois trajetos nervosos, que geram este conflito. Quando este choque passa a existir, tornam-se visíveis os sintomas da irritação.

Ainda que a irritação consista em estimular uma descarga de crise nervosa, ela é dotada de uma incumbência: Corresponder pela descarga nervosa a intervenção de sua procedência, como contrapeso ao dano que uma intervenção qualquer acarretou ao nosso amor-próprio, ou mexeu com nossos brios. Ela busca menosprezar o elemento originário dessa irritação.

Sabemos que Perder a cabeça é uma coisa que se tornou rotineira nos dias de hoje: Pressões no trabalho, problemas da casa, situações financeiras, tudo isso contribui para momentos de irritação e nervosismo. Mas há algumas maneiras de controlar a situação. Muitas técnicas ajudam pessoas que têm problemas de irritação acima da média. Você é uma delas e ainda não achou a melhor maneira de controlar momentos de irritação? Eis aqui algumas técnicas que ajudarão a acalmar a sua mente e contribuirão para uma vida melhor no dia a dia: Harmonia espiritual, terapias complementares, meditações e exercícios físicos.

O problema normalmente se dá quando a pessoa perde o controle do estado emocional e começa a reagir intensamente sobre algo que não tem essa devida proporção. Por consequência de outros sentimentos que surgem muitas vezes ao mesmo tempo, como ansiedade, agitação, pressa e descontrole emocional, ocorrem alterações fisiológicas, como: tremor, falta de ar, dor muscular, coração acelerado, pelos arrepiados etc. O que desencadeia a irritação pode ser algo interno ou externo. Existem diversas causas que podem provocar irritabilidade e descontrole emocional; muitas vezes a causa está no mau funcionamento do cérebro, e do estado emocional que a pessoa se encontra por consequência das escolhas e pensamentos que ela tem sobre a vida. Quando pensamos e agimos de forma irritada recebemos vários feedbacks, respostas e estímulos de outras pessoas por consequência de nossos atos e isso pode se tornar uma bola de neve negativa.

Os acontecimentos em si não são justificativas para um ato grosseiro ou mesmo irritadiço. Na verdade, não são os outros que nos irritam, mas nós que nos irritamos e nos incomodados com as pessoas e situações à nossa volta. O controle está em nossas mãos, cada um pode fazer diferente com novas ferramentas emocionais e atitudes. Lembre-se “As pessoas sempre fazem o melhor que podem, segundo seus recursos disponíveis em cada momento.” Assim como você faz seu melhor no momento, as outras pessoas também fazem. E a partir da aceitação disso, você pode buscar melhorias, um estado de melhor resultado e qualidade naquilo que você quer. Todos fazem o que podem, com as informações que dispõem no momento. Depois que o tempo passou é mais fácil ver e refletir sobre o que passou, mas não se pode aplicar essa percepção injustamente, pois agimos segundo o presente. Por isso, todo e qualquer julgamento pode ocorrer distorções, generalizações ou equívocos, as atitudes podem dar margem para interpretação impensada e errada.

A impaciência, por sua vez, não está instalada nos seu DNA, nem na sua constituição como ser humano. Trata-se de um padrão de conduta aprendido. Desse ponto de vista, também é possível reeducar as emoções para que correspondam a uma forma de agir mais construtiva. Existem diferentes formas de conseguir isso, mas uma das mais eficazes é simplesmente praticar a paciência.

O espiritismo acrescenta que a paciência é a virtude de suportar calmamente as dificuldades físicas e morais, para vencê-las. Foi exatamente o que Jesus exemplificou durante toda a Sua vida aqui na Terra; afinal, Ele é o modelo e guia oferecido por Deus à humanidade. Nessa condição, o Mestre nos ensinou que “é na paciência que ganhareis as vossas almas” (Lucas, 21: 19). Isto quer dizer que a criatura impaciente, que perde a calma e é incapaz de manter o controle emocional, acaba perdendo sua alma nos labirintos da perturbação.

E caso você precise vencer a impaciência, ore assim como Bezerra de Menezes nos orientou no livro “Preces Espíritas – do autor Pompílio Possera de Eufrásio – Ed. Eco: “Pai de Amor e Bondade. Dá-me forças para suportar com paciência as provas por que passo; ilumina minha alma para compreender o próximo que tudo faz para me irritar; ajuda-me sempre, Senhor, a ficar calado na hora de qualquer conflito; ampara-me, a fim de não tomar qualquer decisão precipitada na vida e vir a me arrepender depois; e que eu tenha, Senhor, muita paciência para perseverar na edificação do bem, mantendo a calma em todos os momentos da vida. Assim Seja!”



Paulo Velasco

19 junho 2020

O centro espírita após a pandemia - Ivan René Franzolim



O CENTRO ESPÍRITA APÓS A PANDEMIA


Este é um exercício livre de pensar, sem o amparo indiscutível de dados e pesquisas que muitos contribuiriam.

É uma simples opinião que tenta enxergar o Movimento Espírita Brasileiro com a maioria das casas espíritas (70%), localizadas fora das capitais e as mudanças que poderão surgir ou se intensificar, pela ação de seus dirigentes, trabalhadores e frequentadores, levando em consideração as diversas mensagens e ações de espíritas e espíritos referentes a esse período de pandemia que proliferam nas redes sociais. Compartilho algumas para a análise de todos.

Religiosismo.

Essa é a marca do espiritismo brasileiro. As pessoas se sentem mais confortáveis de vivenciar seus postulados mais pelo coração do que pela razão. Isso deve aumentar.

Mentores.

Segundo Pesquisa para Espíritas 2018, 80,7% dos Centros Espíritas possuem um mentor conhecido e 74% recebem mensagens dele. Isso deve aumentar para o bem e para a ingerência e criação de dependência.

Seguidores de Espíritos.

Muitos espíritas gostam de acompanhar as comunicações de determinados espíritos, independentemente de serem autênticas ou de apresentarem conteúdo de qualidade em harmonia com o Espiritismo, como Ismael, Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes, Joseph Gleber, Luiz Sérgio e muitos outros. Isso deve aumentar.

Caridade.

Essa é uma característica do nosso Movimento Espírita que deve ser intensificada, o que poderia ser algo positivo, mas provavelmente ocorrerá em detrimento do tempo e esforço para o estudo da Doutrina.

Leitura de livros espíritas.

O brasileiro espírita lê mais do que a média do país de 2 livros por ano. Isso deve aumentar, mas a procura será de romances, que já é o gênero mais lido, e de livros mediúnicos, conforme Mercado Editorial Espírita 2017. Ambos tipos de livros possuem obras muito relevantes, mas são minoria e a tendência é de que médiuns e espíritos que publicaram mensagens sem preocupação doutrinária, sejam estimulados a escreverem mais, devido à demanda receptiva.

Estudo do Espiritismo.

Segundo a Pesquisa para Espíritas 2017, 83,1% dos espíritas declaram terem feito algum curso sobre a Doutrina Espírita e apenas 0,8% das casas espíritas não disponibilizam cursos. A avaliação dos cursos é positiva, 43% consideram acima e muito acima do esperado. Os participantes também entendem que tiveram bom aproveitamento dos cursos (90,6%). Apesar desses índices, a análise das manifestações dos espíritas demonstra que o conhecimento é superficial e falho em muitos aspectos. Mais ainda, carregam o desinteresse em aprofundar o estudo e em acompanhar as recentes descobertas de documentos históricos que influem nesse conhecimento.

Sentido de Moral Espírita.

Hoje, como demonstrando pelo livro Autonomia – A História Jamais Contada do Espiritismo, de Paulo Henrique de Figueiredo, o senso moral comum é consequência da formação espírita do brasileiro, que no final do século 18 e início do século 19, foi influenciado com interpretações equivocadas de espíritas formadores de opinião, influenciados pelo religiosismo das ideias de Jean Baptista Roustaing e de mensagens de espíritos usando nomes famosos que se manifestaram por médiuns imprevidentes. Isso deve continuar partindo da constatação que nas comunicações espíritas sobre a pandemia, prepondera a ação sempre externa de Deus, Jesus e agentes que cuidariam do destino dos humanos, particularmente dos bons, que a exemplo da história bíblica, mereceriam um tratamento especial do Criador, como se estes não tivessem responsabilidade pela situação atual.

Práticas doutrinárias virtuais.

Muitas casas espíritas disponibilizaram práticas e serviços para compensar o isolamento social. Algumas poucas são muito bem-vindas, como os cursos à distância, mas vieram outras de validade duvidosa, como: pedido de vibração, passe e cirurgia à distância, oração coletiva online, cartas de parentes de desencarnados, desobsessão, evangelização infantil, etc.

Conclusão.

É uma análise fria e pessimista com os indícios que consegui captar atravessando os meus filtros mentais imperfeitos. Ações e iniciativas de muitos espíritas e instituições certamente influenciarão de modo positivo e podem aprumar o rumo. Tenho fortes esperanças. E você? O que acha?



Ivan René Franzolim