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30 abril 2009

O Brasil e Sua Missão Histórica - Bezerra de Menezes

O BRASIL E SUA MISSÃO HISTÓRICA DE
"CORAÇÃO DO MUNDO E PÁTRIA DO EVANGELHO"

Meus filhos:

Prossegue o Brasil na sua missão histórica de “Pátria do Evangelho” colocada no “Coração do Mundo”.

Nem a tempestade de pessimismo que avassala, nem a vaga de dúvida que açoita os corações da nacionalidade brasileira impedirão que se consume o vaticínio da Espiritualidade quanto ao seu destino espiritual. Apesar dos graves problemas que nos comprometem em relação ao porvir – não obstante o cepticismo que desgoverna as mentes em relação aos dias do amanhã – o Brasil será pulsante coração espiritual da Humanidade, encravado na palavra libertadora de Jesus, que fulge no Evangelho restaurado pelos Benfeitores da Humanidade.

Não se confunda missão histórica do País com a competição lamentável, em relação às megalópoles do mundo, que triunfam sobre as lágrimas das nações vencidas e escravizadas pela política financeira e econômica internacional.

Não se pretenda colocar o Brasil no comando intelectual do Orbe terrestre, através de celebrações privilegiadas que se encarreguem de deflagrar as guerras de aniquilamento da vida física.

Não se tenham em mente a construção de um povo, que se celebrize pelos triunfos do mundo exterior, caracterizando-se como primeiro no concerto das nações.

Consideremos a advertência de Jesus, quando se reporta que “os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros”.

Sem dúvida, o cinturão da miséria sócio-econômica que envolve as grandes cidades brasileiras alarma a consciência nacional. A disputa pela venda de armas, que vem colocando o País na cabeceira da fila dos exportadores da morte, inquieta-nos. Inegável a nossa preocupação ante a onda crescente de violência e de agressividade urbana...

Sem dúvida, os fatores do desrespeito à consciência nacional e a maneira incorreta com que atuam alguns homens nas posições relevantes e representativas do País fazem que o vejamos, momentaneamente, em uma situação de derrocada irreversível.

Tenha-se, porém, em mente que vivemos uma hora de enfermidades graves em toda a Terra, na qual, o vírus da descrença gera as doenças do sofrimento individual e coletivo, chamando o homem a novas reflexões.

A História se repete!...

As grandes nações do passado, que escravizaram o mundo mediterrâneo, não se eximiram à derrocada das suas edificações, ao fracasso dos seus propósitos e programas; assírios e babilônios ficaram reduzidos a pó; egípcios e persas guardam, nos monumentos açoitados pelos ventos ardentes do deserto, as marcas da falência pomposa, das glórias de um dia; a Hélade, de circunferência em torno das suas ilhas, legou, à posteridade, o momento de ilusório poder, porém, milênios de fracassos bélicos e desgraças políticas.

As maravilhas da Humanidade reduziram-se a escombros: o Colosso de Rodes foi derrubado por um terremoto; o Túmulo de Mausolo arrebentou-se, passados os dias de Artemísia; o Santuário de Zeus, em Olímpia, e a estátua colossal foram reduzidos a poeira; os jardins suspensos de Semíramis arrebentaram-se e ficaram cobertos da sedimentação dos evos e das camadas de areia sucessivas da história. Assim, aconteceu com outros tantos monumentos que assinalaram uma época, porém foram fogos-fátuos de um dia ou névoa que a ardência da sucessão dos séculos se encarregou de demitizar e de transformar. Mas, o Herói Silencioso da Cruz, de braços abertos, transformou o instrumento de flagício em asas para a libertação de todas as criaturas, e a luz fulgurou no topo da cruz converteu-se em perene madrugada para a Humanidade de todos os tempos.

O Brasil recebeu das Suas mãos, através de Ismael, a missão de implantar no seu solo virgem de carmas coletivos, com pequenas exceções, a cruz da libertação das consciências de onde o amor alçará o vôo para abraçar as nações cansadas de guerras, os povos trucidados pela violência desencadeada contra os seus irmãos, os corações vencidos nas pelejas e lutas da dominação argentaria, as mentes cansadas de perquirir e de negar, apontando o rumo novo do amor para re restaurem no coração a esperança e a coragem para a luta de redenção.

Permaneçam confiantes, os espíritas do Brasil, na missão espiritual da “Pátria do Cruzeiro”, silenciando a vaga do pessimismo que grassa e não colocando o combustível da descrença, nem das informações malsãs, nas labaredas crepitantes deste fim de século prenunciador de uma madrugada de bênçãos que teremos ensejo de perlustrar.

Jesus, meus filhos, confia em nós e espera que cumpramos com o nosso dever de divulgá-lO, custe-nos o contributo do sofrimento silencioso e das noites indormidas em relação à dificuldade para preservar a pureza dos nossos ideais, ante as licenças morais perturbadoras que nos chegam, sutis e agressivas, conspirando contra nossos propósitos superiores.

Divulgá-lO, vivo e atuante, no espírito da Codificação Espírita, é compromisso impostergável, que cada um de nós deve realizar com perfeita consciência de dever, sem nos deixarmos perturbar pelos hábeis sofistas da negação e pelas arengas pseudo-intelectuais dos aranzéis apresentados pela ociosidade dourada e pela inutilidade aplaudida.

Em Jesus temos “o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir-nos de modelo e guia”; o meio para alcançar o Pai, Amorável e Bom; o exemplo de quem, renunciando-se a si mesmo, preferiu o madeiro de humilhação à convivência agradável com a insensatez; de quem, vindo para viver o amor, fê-lo de tal forma que toda a ingratidão de quase vinte séculos não lhe pôde modificar a pulcridade dos sentimentos e a excelsitude da mensagem. Ser espírita é ser cristão, viver religiosamente o Cristo de Deus em toda a intensidade do compromisso, caindo e levantando, desconjuntando os joelhos e retificando os passos, remendando as carnes dilaceradas e prosseguindo fiel em favor de si mesmo e da Era do Espírito Imortal.

Chamados para essa luta que começa no país da consciência e se exterioriza na indimensionalidade geográfica, além das fronteiras do lar, do grupo social, da Pátria, em direção do mundo, lutais para serdes escolhidos. Perseverai para receberdes a eleição de servidores fiéis que perderam tudo, menos a honra de servir; que padeceram, imolados na cruz invisível da renúncia, que vos erguerá aos páramos da plenitude.

Jesus, meus filhos – que prossegue crucificado pela ingratidão de muitos homens – é livre em nossos corações, caminha pelos nossos pés, afaga com nossas mãos, fala em nossas palavras gentis e só vê beleza pelos nossos olhos fulgurantes como estrelas luminíferas no silêncio da noite.

Levai esta bandeira luminosa: “Deus, Cristo e Caridade” insculpida em vossos sentimentos e trabalhai pela Era Melhor, que já se avizinha, divulgando o Espiritismo Libertador onde quer que vos encontreis, sem o fanatismo dissolvente, mas, sem a covardia conivente, que teme desvelar a verdade para não ficar mal colocada no grupo social da ilusão.

Agora, quando se abrem as portas para apresentar a mensagem do Cristo e de Kardec ao mundo, e logo mais, preparai-vos para que ela seja vista em vossa conduta, para que seja sentida em vossas realizações e para que seja experimentada nas Casas que momentaneamente administrais, mas que são dirigidas pelo Senhor de nossas vidas, através de vós, de todos nós.

O Brasil prossegue, meus filhos, com a sua missão histórica de “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, mesmo que a descrença habitual, o cinismo rotulado de ironia, o sorriso em gargalhada estrídula e zombeteira tentem diminuir, em nome de ideologias materialistas travestidas de espiritualismo e destrutivas em nome da solidariedade.

Que nos abençoe Jesus, o Amigo de ontem – que já era antes de nós -, o Benfeitor de hoje – que permanece conosco -, e o Guia para amanhã – que nos convida a tomar do Seu fardo e receber o Seu jugo, únicos a nos darem a plenitude e a paz.

Muita paz, meus filhos!

São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,

Bezerra de Menezes
Revista Reformador - Nº 2053

29 abril 2009

A Razão de Ser o Espiritismo - Victor Hugo

A RAZÃO DE SER DO ESPIRITISMO

Quando o obscurantismo da fé dominava as mentes, levando-as ao fanatismo desestruturador da dignidade e do comportamento; quando a cultura, enlouquecida pelas suas conquistas no campo da ciência de laboratório, proclamava a desnecessidade de qualquer preocupação com Deus e com a alma, face à fragilidade com que se apresentavam no proscênio do mundo; quando a filosofia divagava pelas múltiplas escolas do pensamento, cada qual mais arrebatadora e irresponsável, inculcando-se como portadora da verdade que liberta o ser humano de todos os atavismos e limitações; quando a arte rompia as ligações com o clássico, o romântico e a beleza convencional, para expressar-se em formulações modernistas, impressionistas, abstracionistas, traduzindo, ora a angústia da sua geração remanescente dos atavismos e limitações do passado, ora a ansiedade por diferentes paradigmas de afirmação da realidade; quando se tornavam necessários diversos comportamentos sociais e políticos para amenizar a desg raça moral e econômica que avassalava a Humanidade; quando a religião perdia o controle sobre as consciências e tentava rearticular-se para prosseguir com os métodos medievais ultramontanos e insuportáveis; quando as luzes e as sombras se alternavam na civilização, surgiu o Espiritismo com a sua razão de ser para promover o homem e a mulher, a vida e a imortalidade, o amor e o bem a níveis dantes jamais alcançados.

Realizando uma revolução silenciosa como poucas jamais ocorridas na História, tornou-se poderosa alavanca para o soerguimento do ser humano, retirando-o do caos do materialismo a que se arrojara ou fora atirado sem a menor consideração, para que adquirisse a dignidade ética e cultural, fundamentada na identificação dos valores morais, indispensável para a identificação dos objetivos essenciais e insuperáveis da paz interna e da consciência de si mesmo durante o Trânsito corporal.

Logo depois, no Collège de France, proclamando ser Jesus um homem incomparável, no seu memorável discurso, o acadêmico e imortal Ernesto Renan confirmava, a seu turno, embora sem qualquer contato com a Doutrina nascente, a humanidade do Rabi galileu, rompendo a tradição dogmática do Homem Deus ou do ancestral Deus feito homem.

Sob a ação do escopro inexorável das informações de além-túmulo, o decantado repouso ou punição eterna, o arbitrário julgamento mais punitivo que justiceiro, cediam lugar à consciência da vida exuberante que prossegue morte afora impondo a cada qual a responsabilidade pela conduta mantida durante a trajetória encerrada.

As narrações da sobrevivência tocadas pela legitimidade dos fatos fundamentadas na lógica da indestrutibilidade do ser espiritual, davam colorido diferente às paisagens da Eternidade, diluindo as fantasias e mitos que as adornaram por diversos milênios.

Permitiu que o ser humano se redescobrisse como Espírito imortal que é, preexistente ao berço e sobrevivente ao túmulo, facultando-lhe compreender a finalidade existencial, que é imergir no oceano do inconsciente, onde dormem os atos pretéritos e as construções que projetam diretrizes para o momento e o futuro, a fim de diluir as volumosas barreiras de sombra e de crueldade a que se entregou e que lhe obnubila a compreensão da sua realidade, emergindo em triunfo, para que lobrigue a imarcescível luz da verdade que o há de conduzir pelos infinitos roteiros do porvir.

Intoxicado pelos vapores da organização fisiológica, mergulhado em sombras que lhe impedem o discernimento, vagando pelos dédalos intérminos da busca da realidade, somente ao preço da fé raciocinada e lógica, portadora dos instrumentos que se derivam dos fatos constatados, o homem e a mulher podem avançar com destemor pelas trilhas dos sofrimentos inevitáveis, que são inerentes à sua condição de humanidade, vislumbrando níveis mais nobres que devem ser conquistados.

O Espiritismo traçou novos programas para a compreensão da vida e a mais eficaz maneira de enfrentá-la, desafiando o materialismo no seu reduto e os materialistas no seu cepticismo, oferecendo-lhes mais seguras propostas de comportamento para a felicidade ante as vicissitudes do processo existencial.

Não se compadecendo da presunção dos vazios de sentimento e soberbos de conhecimentos em ebulição de idéias, demonstrou a sua força arrastando desesperados que foram confortados, violentos que se acalmaram, alucinados que recuperaram a razão, delinqüentes que volveram ao culto do dever, perversos que se transformaram, ateus que fizeram as pazes com Deus, ingratos que se reabilitaram perante os seus benfeitores, miseráveis morais que se enriqueceram de esperança e de alegria de viver, construindo juntos o mundo de bem-estar por todos anelado.

O Espiritismo trouxe a perfeita mensagem da justiça divina, por enquanto mal traduzida pela consciência humana, contribuindo para a transformação da sociedade, mas sem a revolução sangrenta das paixões em predomínio, que sempre impõe uma classe poderosa sobre as outras que são debilitadas à medida que vão sendo extorquidos os seus parcos recursos até a exaustão das suas forças, quando novas revoluções do mesmo gênero explodem, produzindo desgraça e ódios que nunca terminam . . .

Trabalhando a transformação moral do indivíduo, propõe-lhe o comportamento solidário e fraternal, a aplicação da justiça corretiva e reeducativa quando delinqüi, conscientizando-o de que as suas ações serão também os seus juízes e que não fugirá de si mesmo onde quer que vá.

Todo esse contributo moral foi retirado do Evangelho de Jesus, especialmente do Seu Sermão da montanha, no qual reformulou os valores humanos até então aceitos, demonstrando que forte não é o vencedor de fora, mas aquele que se vence a si mesmo, e poderoso, no seu sentido profundo, não é aquele que mata corpos, mas não é capaz de evitar a própria morte.

Revolucionando o pensamento ético e abrindo espaço para novo comportamento filosófico, a Sua palavra vibrante e a Sua vivência inigualável, colocaram as pedras básicas para o Espiritismo no futuro alicerçar, conforme ocorreu, os seus postulados morais através da ética do amor sob qualquer ponto de vista considerado.

Nos acampamentos de lutas que se estabeleciam no Século XIX, quando a ciência e a razão enfrentavam a fé cega e a prepotência das Academias e dos seus membros fascinados como Narciso por si mesmo, o Espiritismo surgiu como débil claridade na noite das ambições perturbadoras e lentamente se afirmou como amanhecer de um novo dia para a Humanidade já cansada de aberrações de conduta como fugas da realidade e sonhos de poder transitório, transformados em pesadelos de guerras infames, cujas seqüelas ainda se demoram trucidando vidas e dilacerando sentimentos.

A razão de ser do Espiritismo encontra-se na sua estrutura doutrinária, diversificada nos seus aspectos de investigação científica ao lado das demais correntes da ciência, do comportamento filosófico com a sua escola otimista e realista para o enfrentamento do ser consigo mesmo e da vivência ético-moral-religiosa que se estrutura em Deus, na imortalidade, na justiça divina, na oração, na ação do bem e sobretudo do amor, única psicoterapia preventiva-curativa à disposição da Humanidade atual e do futuro.

Victor Hugo (espírito)
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco,
no dia 7 de junho de 2001, em Paris, França

28 abril 2009

O Ponto de Referência - Orson Peter Carrara

O PONTO DE REFERÊNCIA

Por que muitos espíritas se fecham no próprio Centro em que atuam e não participam de eventos espíritas de outras casas ou cidades? Medo, insegurança, acomodação, indiferença?

Não sabemos! E nem nos cabe saber ou julgar, pois um dos pontos marcantes da Doutrina é a liberdade que se faculta ao espírita.

Porém, há algo a pensar. Os eventos, sejam encontros ou congressos, simples palestras ou até mesmo reuniões, são verdadeiros referencias de comparação e análise do que fazemos e do que fazem nossos companheiros de outras casas e cidades.

Não comparação no sentido de menosprezo pelo que fazem os outros, mas comparação no sentido de encontrar-se referências para crescimento próprio e do Movimento. Sim, pois o intercâmbio, a troca de idéias, as experiências diferentes fortalecem a todos os envolvidos.

Sendo uma Doutrina de liberdade, o Espiritismo é interpretado conforme o amadurecimento e estágio evolutivo de quem o estuda. E como vivemos num planeta onde se misturam diversos estágios de conhecimento, amadurecimento e experiências, todos tem algo a oferecer. O que sobra em nós, falta em outro. Do mesmo modo, o que falta em nós, podemos aprender com os outros.

Só por este motivo temos que valorizar o intercâmbio entre grupos, pois sempre há o que aprender e experiências a trazer e levar. Mas existem outros motivos também importantes:

a) O que dizer sobre a fraternidade que Jesus busca espalhar sobre o planeta? E nos negaremos a também sermos instrumentos desse trabalho?

b) Nossa experiência, nossos dons e habilidades ficarão trancados onde atuamos, sem beneficiar outros que podem ser beneficiados com aquilo que fazemos de bom? Não seria egoísmo, que tanto falamos combater?

c) A Doutrina nos faz tanto bem. Vamos querê-la só para o nosso grupo. O objetivo não é espalhar a semente espírita por toda parte, beneficiando a humanidade? Pois isto começa da união entre os próprios espíritas que, unidos, abrirão novos caminhos...

d) Quantas habilidades são desconhecidas pela falta de intercâmbio, de união?

e) Procuremos não esquecer que os espíritos se manifestam por toda parte, sem preferências de qualquer espécie, objetivando despertar as mentes para a realidade que já é do nosso conhecimento. E nós vamos querer segurar, trancar, controlar, como pretensos donos de uma exclusividade irreal?

Por isso, sempre pensamos na utilidade dos eventos espíritas, de oportunidades que reunam os espíritas. Eles estimulam a fraternidade, abrem caminhos. E melhor, se tornam verdadeiros pontos de referência para muitos que ali encontram o desabrochar de sua habilidade e potencialidade.

Autor: Orson Peter Carrara

27 abril 2009

Trovoadas e Chuvas - Kahena

TROVOADAS E CHUVAS

Os fenômenos da Natureza são dignos de serem analisados em todas as suas expressões e, para conhecê-los, os canais a serem seguidos são aqueles que o Evangelho indica, usando os processos do amor.

A alma está ligada a Deus, seu Criador e, para tanto, existem leis regulando a própria vida. Quando obedecidas, a harmonia se faz sem competição com outras forças: se fomos feitos para o amor, o dever maior é amar; se a caridade é o clima da vida maior, o nosso caminho é ela; se o perdão nos ajusta a paz, por que não perdoar?

Nessas linhas de vida, encontraremos uma visão mais ampla, de maneira que poderemos observar com mais verdade a própria natureza que nos cerca. Jesus foi um mestre nesses ensinamentos, deixando para a humanidade conceitos luminosos, para o bem-estar de todas as criaturas.

Falemos de uma dessas bênçãos de Deus, por intermédio das chuvas e trovoadas. A água é, pois, o elemento divino que nos dá mais vida e nos faz alcançar mais esperança. Ela se encontra em tudo na face da Terra: nos minerais, nos vegetais - com abundância - , nos animais, nos homens, na atmosfera que todos respiram e até a luz dá noticia desse milagroso liquido.

A água deve ser usada com carinho; mesmo no banho diário, em se fazendo uma oportunidade para a saúde, deve você trabalhar com os pensamentos, visualizando fluidos envolvidos na água, que caem em seu corpo sem esquecer a alegria e a confiança em Deus e nos Seus agentes, que operam em todas as circunstâncias.

As trovoadas, que por vezes anunciam as chuvas, descarregam a atmosfera pesada dos miasmas magnéticos dos animais de todos os tipos, que se acomodam no ar e viajam em suas asas, atingindo todas as coisas.

Os relâmpagos educam certas castas de espíritos, que dormem na natureza, em busca de oportunidades para se ligarem às criaturas, pelos processos de sintonia. Eles temem tanto o barulho quanto a energia elétrica que emana dos trovões. E, em muitos casos, os benfeitores da natureza usam esses momentos para recolhê-los a lugares determinados pela justiça de Deus, onde muitos deles acordam para as tarefas morais recomendadas pelo Evangelho de Nosso Senhor.

Nada existe de errado na natureza; ela, como já dissemos alhures, é um livro de Deus que deveremos estudar todos os dias, esforçando-nos para compreendê-lo na sua estrutura divina e humana. Quantos de nós, no plano espiritual, ficamos centenas de anos em observação deste campo imenso de vida, como instrutores que vêm do mais alto para nos ajudar a compreender as belezas imortais das repartições na natureza e suas leis! Para nós, é uma grande alegria aprender a usar essas possibilidades em favor dos que sofrem, na orientação dos que desejam aprender, para beneficiá-los, onde quer que seja. As águas que se acomodam no seio da Terra têm uma grande missão de colher dela o magnetismo solar e, sendo usada pelos homens, extraída dos poços ou colhida nos rios, oferece-lhes esse medicamento natural, pela alegria dos agentes de Deus. Elas sobem em forma de chuvas, limpando a atmosfera depois das trovoadas, como se fosse a vassoura fina, limpando todas as impurezas, para que os viventes respirem mais felizes. Já observou você quanto é bom respirar a atmosfera, depois de uma descarga elétrica das trovoadas, seguida de pesada chuva?

A chuva nem sempre é lembrada, nas suas benfeitorias, porque não é vendida e poucos são os que dela falam, mostrando coisas que faz, por vezes imprestáveis, outras trazendo grandes benefícios para toda a Terra.

Passemos a agradecer a Deus pelas chuvas e trovoadas, e confiemos, pois esses processos são canais por onde Deus opera maravilhas. O Senhor não se esquece de Seus filhos, procurando ajudá-los por todos os meios, e usa ainda Seus filhos maiores, para conforto e paz dos menores.

A água é divina; ela percorre todos os lugares, viaja por todos os espaços, e não deixa de percorrer as entranhas da terra, com a missão de estabilizar, enriquecendo a própria vida das coisas, dos animais e homens. Não escolhe a quem ajudar; o seu amor está na freqüência da universalidade e a sua caridade é movida por esse amor de Deus.

De "Canção da natureza",
de João Nunes Maia,
pelo Espírito Kahena

26 abril 2009

Exílio por Livre Opção - Joanna de Ângelis

EXÍLIO POR LIVRE OPÇÃO

Saíste da pátria em que nasceste, tomado por sentimentos contraditórios, buscando afirmação pessoal e conquista de valores que te projetassem como criatura em outro país.

Não saberias dizer porque escolheste um em detrimento de outro. É provável que visitaste alguns tentando sintonizar com o seu povo, sua cultura, seus hábitos, definindo-te em permanecer nesse que ora te encontras.

Talvez hajas anelado por fazê-lo desde a infância, em razão de ignota afetividade que nutrias ou impulsionado por alguma reminiscência em particular que o mesmo te inspirava.
Certamente, também, porque te sentias deslocado na terra-mãe, sofrendo amarguras, frustrações ou saudades indefinidas de algo que não saberias explicar.

É possível que tenhas sofrido desde o berço animosidades gratuitas e maus tratos no lar, ou que te deixaste iludir por informações falsas de que no Exterior as facilidades para o progresso eram imensas, atraindo-te para que te decidisses romper com as raízes afetivas em verdadeira aventura, confiando no futuro e na própria garra...

Pode ter acontecido que hajas vindo estudar, ampliando as possibilidades de conquistares mais cultura, adquirires um título universitário que te abrisse portas de trabalho mais compensador.
Seja porém, qual for a razão eleita, estás no lugar certo, sem que antes te houvesses dado conta que esses fatores, que se conjugaram ou que agiram isoladamente, conduziram-te ao sítio no qual os teus vínculos evolutivos são mais fortes e com o qual tens compromisso a resgatar.

Esse exílio a que te entregaste por livre opção, tem suas motivações no passado espiritual, quando te comportaste de maneira incorreta, gerando débito que agora ressarces graças a misericórdia de Deus.

Ninguém foge da sua realidade espiritual. Evade-se de um para outro lugar, a fim de atender aos apelos do inconsciente sob os impulsos do eu superior que administra a existência física.

Assim sendo, desperta para a consciência do dever que assumiste antes de reencarnar e transforma a tua experiência atual em vitória sobre o teu pretérito, armazenando bens que te facultem a felicidade que anelas.

Em muitas ocasiões sentiste o coração despedaçado por angústias e saudades em razão dos sofrimentos experimentados, e desejaste retornar, não o conseguindo porque te sentes agrilhoado ao novo solo, compreendendo que nele deves permanecer.

A dor, em realidade, quando se está comprometido com a Consciência Cósmica, alcança aquele que se endividou onde quer que se encontre, nunca podendo fugir do reajuste moral.

Nessa formosa conjuntura, estás assinalado com uma tarefa da qual ainda não te deste conta, ou melhor, não compreendeste a magnitude.

Travaste contato com a doutrina de Jesus que o Espiritismo restaura, porque o sofrimento se te instalou no coração, e nela encontraste alívio, esperança nova. Essa dádiva dilatou-te os horizontes do entendimento, oferecendo-te sentido psicológico à existência atual. Agora estás seguro da imortalidade do Espírito, da justiça da reencarnação, da grandiosidade da vida.

Porque malbarataste oportunidades anteriores onde hoje te encontras, retornas, a fim de edificar o reino da esperança, convidando tuas antigas vítimas ou comparsas a um reestudo do ser, das propostas existenciais, dos objetivos humanos.

À semelhança dos cristãos primitivos em funções humildes terás ensejo de aconselhar, apresentar a grandeza do Evangelho despido dos atavios que o desvirtuaram, da excelência da fé racional e da justiça dos renascimentos corporais.

Não apenas falarás a esse respeito, sobretudo demonstrarás por intermédio de tua conduta sadia, de teu caráter reto e pelo respeito que concederes aos demais seres, não fazendo a outrem aquilo que não gostarias que te fizessem...

Lentamente o teu esforço alcançará a acústica das almas, mesmo a daquelas que, aparentemente se apresentam mais surdas, os corações mais endurecidos, sensibilizando-os com os teus exemplos de alegria e dignidade bem como a tua saúde moral ante as vicissitudes.

Não te preocupes quanto aos resultados. A tua é a tarefa de semear e semear, de modo que a sarça e o escalracho do materialismo e do cinismo cedam lugar à plantação de amor e de ternura que um dia se coroará de flores e de sementes de luz.

Nos dias heróicos do Cristianismo, os exemplos de Pedro e Paulo mediante a palavra e o holocausto, foram seguidos pelos anônimos que adubaram o solo sáfaro das arenas cobertas de sangue e de destroços humanos, demonstrando a grandeza da mensagem libertadora.

Quem poderia imaginar que aquele pugilo de criaturas, algumas quase insignificantes, social e economicamente, abalariam o Império Romano, mudando-lhe a estrutura comportamental!?

Lamentavelmente, os continuadores da lavoura cristã inverteram o sentido da mensagem, transformando-a em instrumento infamante do poder temporal e de projeção pessoal, culminando nas infelizes guerras de religião, nas implacáveis perseguições em nome da fé e da doutrina...

Porque houvesse previsto a defecção dos futuros seguidores da Sua palavra, compreendendo a fragilidade do ser humano ainda não consciente das altas responsabilidades que lhe dizem respeito na vida, Ele prometeu o Consolador, que viria restabelecer a autenticidade dos ensinos e ampliar o conhecimento sobre os mesmos, quando a ciência houvesse desenvolvido o pensamento, oferecendo instrumentos tecnológicos para comprovar-lhe o conteúdo.

Assim considerando, estás convidado a restaurar-Lhe as lições, ampliando-as e utilizando-as de forma a reconstruir a sociedade, cujos fundamentos serão colocados no amor, no respeito pelo próximo, pela Natureza, pela Vida.

Utiliza-te, portanto, com sabedoria da ocasião ditosa que desfrutas e esparze a claridade da Doutrina Espírita por onde passes, dignificando-a com os teus exemplos e vivendo-a em plenitude através de cujo comportamento te sentirás feliz.

Por: Joanna de Ângelis
Medium: Divaldo Pereira Franco

25 abril 2009

Em Nossas Tarefas Espirituais - Bezerra de Menezes

EM NOSSAS TAREFAS ESPIRITUAIS

I

No caminho de suas realizações e tarefas, o bom trabalhador contará sempre com o auxílio do Mais Alto através de recursos espirituais.

Mas, da mesma forma, os Benfeitores Maiores contarão sempre com a segurança de sua fé, ante as trilhas que lhes cabe percorrer e superar.

Pois que as nossas atividades mediúnicas e o trabalho metódico no grupo espírita a que nos vinculamos obterão o maior rendimento no Bem sempre que confiarmos ao amparo de Jesus a nossa sementeira de paz e amor.
II

Confiemos em Jesus, fazendo, sempre, o melhor em nosso alcance e os mensageiros espirituais do Mais Alto prosseguirão colaborando na sustentação de nossas forças, para a desincumbência de nossos compromissos.

III

Filhos, sem dúvida, nosso coração poderá usar a palavra dos Amigos Espirituais, pela inspiração com o Evangelho, sempre que nos dispomos ao trabalho com Jesus.

A idéia Cristã é patrimônio que nos pertence a todos. Jesus conosco!

IV

Em nossas tarefas dignas e edificantes seremos sempre sustentados com o amparo de Jesus, através de abnegados amigos do Alto.

V

Dever bem cumprido é degrau de ascensão à vitória. Não nos faltará o socorro Divino no fiel desempenho de nossas obrigações.

Roguemos ao Senhor nos multiplique as energias.

VI

Permaneçamos firmes em nossas tarefas e confiemos em Jesus hoje e sempre. Só assim a nossa saúde orgânica e espiritual receberá o melhor contingente de forças, através do campo vibratório do círculo espiritual a que nos integramos.

VII

Guardemos sempre a serenidade e a fé viva em nossos caminhos e confiemos no amparo de Jesus.

Por: Bezerra de Menezes
Do livro: Apelos Cristãos,
Médium: Francisco Cândido Xavier

24 abril 2009

Fantasmas de Nossa Vida - Raul Teixeira

Fantasmas de Nossa Vida

É muito curiosa a imaginação popular. Não existe uma única criatura que não tenha ouvido falar de histórias fantásticas, fantasmagóricas.

As histórias dos velhos castelos ingleses, os velhos castelos noruegueses, onde os fantasmas passavam arrastando correntes, descendo escadarias fazendo tumulto, alguns uivando, outros atravessando os quintais das casas em noites de lua cheia, revestidos por um alvo lençol que refletia a claridade argêntea do luar.

Quem nunca ouviu falar de mulas sem cabeça, de sacis, nas realidades das florestas brasileiras, no Norte e Nordeste do Brasil? Quem nunca ouviu falar desses seres que causavam espanto a todas as pessoas, os fantasmas?

Todos crescemos vivendo essa aura do fantástico, que o fantasma criava com as suas atitudes fantasmagóricas.

Era tão comum ouvirmos falar de criaturas que se postavam diante dos cemitérios para espreitar os passantes, e abordá-los. Em seguida, dizer que quando eram vivas, jamais tinham vivido aquela experiência, para assustar o passante.

Quem nunca ouviu falar das noivas de branco, que vinham atalhar rapazes na beira das estradas e depois do encantamento, desaparecerem num piscar de olhos?

Os fantasmas habitam e sempre habitaram o imaginário da população, de todos os povos. Há seres, os mais grotescos, há seres os mais simpáticos, fazendo parte desse imaginário psíquico da Humanidade. Seres que assustam, indivíduos que pregam peças, que fazem aparecer e desaparecer coisas.

Naturalmente, tudo isso leva as comunidades ou os indivíduos a essa esfera de medos. As criaturas têm medo, medo de fantasmas. E, esse medo se amplia, esse medo se desdobra, na medida em que nós estejamos sozinhos em casa.

Quando estamos sozinhos e toca o carrilhão da igreja à meia noite, o relógio de pêndulo da casa grande toca a zero hora, parece-nos a hora do fantasma.

Quem nunca teve esse tipo de arrepio, essa sensação estranha de que tem alguém que os espreita, dentro de casa?

A pessoa com medo começa a ouvir passos em sua moradia. A pessoa com medo sente o latejar, o pulsar do coração nos ouvidos, fica com a boca seca. A pessoa com medo passa a escutar que tem alguém mexendo na cozinha, nos seus talheres, na louça. As janelas batem, tem a nítida impressão de que alguém mexe na maçaneta da porta. O medo.

O medo é capaz de causar os fenômenos mais estranhos na psicologia do indivíduo. São os fantasmas. O mundo em que vivemos está encharcado das histórias fantásticas, está marcado literalmente, pelos fantasmas.

Desde o século XIX, porém, um grupo enorme de pensadores da Psicologia, da Psicanálise, desde Sigmund Freud, no século XX, vem trazendo a história de como se organiza o nosso psiquismo humano, afirmando que, de fato, nós somos indivíduos que vivemos de tal maneira determinados tipos de fantasias, que criamos para nossa vida, certos tipos de fantasmas.

Alguns, chamam a esses fantasmas, de nossos demônios. Às vezes, esses nossos demônios estão à solta, e nos pregam todo tipo de peças.

Em outras ocasiões, conseguimos dominar esses demônios. Mas os dominamos durante um certo tempo, para que depois eles se insurjam outra vez, transformando nossas vidas em tonéis de infelicidade, de desgraças, de aflições.

Afinal de contas, os nossos fantasmas estão sempre a postos, e parece que eles têm uma predileção especial em nos atucanar nos períodos de nossa fragilidade.

Ou será que nos tornamos frágeis e adentramos períodos de fragilidades, por causa da presença dos nossos fantasmas?

É um assunto que merece ser pensado por nós.

* * *

São nossos fantasmas criaturas muito curiosas. São criaturas sim, porque somos nós que os criamos.

Falamos a pouco do fantasma do medo. Quantos tormentos o medo é capaz de nos impor?

A pessoa com medo não se dispõe a sair, a se relacionar, a ousar fazer um concurso, um teste, uma prova, a praticar um esporte, a viajar sozinha, mesmo acompanhada. O medo entrava as nossas potencialidades, bloqueia as nossas capacidades.

Mas, ao lado do fantasma medo, às vezes nós criamos o fantasma mágoa. Como é ruim o fantasma da mágoa. Porque estando magoados com alguém, passamos a cortar do nosso caminho, do nosso relacionamento, um bocado de criaturas, que são relacionadas com aquela contra a qual nós alimentamos mágoa.

Estamos magoados porque alguém não nos tratou como gostaríamos, não falou conosco como gostaríamos, não mobilizou providências para nós como necessitaríamos.

Estamos magoados, porque a pessoa não nos olhou da forma mais simpática, ou porque fez uma pilhéria de mau gosto conosco, ou porque não teve essa ou aquela consideração conosco: a autovitimação. Passamos a ser vítima das pessoas, e a vida se nos transforma num verdadeiro inferno.

Mas, ao lado do fantasma do medo, do fantasma da mágoa, temos o fantasma da inveja.

Quando a criatura tem inveja de outra, quando surge o despeito na vida da gente com relação a alguma outra criatura, não conseguimos mais ter sossego. Porque tudo quanto a outra criatura consegue nos resseca a boca, nos vem um gosto de fel na boca.

A inveja tem o poder de nos aniquilar gradativamente. Mas não confundamos a inveja, com a instigação que alguém possa produzir em nós o incentivo.

Se vemos uma criatura comprar um carro, mudar de casa, fazer uma viagem, e ficamos invejosos, desejamos tudo de mal para essa pessoa, imaginamos as coisas mais ruins. Como é que ela comprou essa casa, como é que adquiriu esse carro? Como é que, como é que...

Mas, quando as pessoas são objetos de nossa admiração, dizemos: Que bom que Fulano passou no vestibular. Ah! Eu também vou fazer o vestibular! Que bom que Fulano comprou o carro, vou trabalhar para comprar o meu.

Já não é a inveja. Eu estou feliz com o que a outra conquistou, eu estou feliz com o que aquela criatura conseguiu, só que eu também quero conseguir, baseado no êxito dela. Ela está servindo então, como apoio para minha realização.

É bom distinguir o que é a inveja e o despeito, do que é a motivação que outras pessoas nos dão.

Dessa maneira, surgem outros fantasmas. Depois do medo, da mágoa, da inveja, a raiva.

Quando o fantasma da raiva começa a nos rondar, parece que não há nada mais no mundo a não ser o objeto da nossa raiva.

E a criatura contra quem alimentamos a raiva passa a ser uma figura permanente em nossa mente. E como é paradoxal. Aquela criatura contra qual nós temos raiva, ela é que vive na nossa intimidade, e não aquelas outras, as quais amamos.

Podemos perceber. Sempre que amamos uma pessoa, esquecemos sua data de aniversário. Esquecemos de lhe mandar uma flor, um bilhete, um telegrama, escrever-lhe uma carta. Nunca temos tempo, porque sabemos que aquela pessoa nos vai entender.

No entanto, quando temos raiva de alguém, ficamos mastigando essa massa indestrutível que nos causa mal-estar.

O dia em que eu encontrar com Fulana, ela vai ver. No dia em que eu me deparar, ai dela que fale comigo, se se dirigir a mim..., eu fico maquinando os argumentos que desejarei ter para com ela, no dia em que a encontrar.

Não é à toa que os nobres anjos da Humanidade nos ensinam que o amor nos liberta enquanto o ódio nos aprisiona.

Quando amamos as pessoas até esquecemos das coisas mais comezinhas da nossa relação com elas, mas quando odiamos alguém, nunca esquecemos.

Fantasmas, os mais terríveis fantasmas, não são aqueles da mitologia popular, que arrastam correntes, que uivam nos quintais e que usam os lençóis alvos sob a luz do luar.

Os fantasmas mais perigosos contra os quais temos que lutar, com a prece e com o trabalho, são os nossos fantasmas morais que nos afastam da paz, que nos roubam a harmonia, que aniquilam nossa vida.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 96, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em agosto de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 16.11.2008.

23 abril 2009

O Valor da Oração para a Vida - Raul Teixeira

O Valor da Oração para a Vida

Existe uma saída importante para o rio da vida nos levar ao mar, ao estuário da paz.

Todas as vezes que queremos sair do nosso burgo e tomar a grande estrada, percorremos caminhos. Quando queremos sair do riacho, chegar ao rio e encontrar o oceano, existem meios.

No nosso caso de vida interior, de vida espiritual, sempre que queiramos sair um pouco de nós mesmos e ir ao encontro da Divindade, desse estuário de paz, de amor, de ventura, nós o faremos através da oração.

É tão importante, é tão significativo, é tão indispensável orar, como é importante e significativa a alimentação de cada dia, o comer diário. Afinal de contas, o que significa oração? O que quer dizer orar?

Orar é um verbo diretamente saído do latim. Orare. E orare, significa falar. Todas as vezes que falamos, oramos.

Não é à toa que os pregadores, os conferencistas são chamados de oradores. E porque eles oram, não estão fazendo preces obrigatoriamente, estão falando.

E, por que é que nós chamamos a prece de oração?

Porque nesse caso, nós estaremos falando com o nosso Criador. Orar significará para nós, falar com Deus.

E é tão importante falar com Deus. Mas, Deus não está em toda parte? Não está em nossa intimidade e na intimidade das coisas? Por que há necessidade de nos posicionarmos, para falar com Deus?

Em verdade, Deus está em toda parte; Ele é onipresente. Deus sabe de todas as coisas. Ele é onisciente. Nada obstante, somos nós que temos necessidade de começar a buscar o contato com Deus.

Nós é que temos necessidade de nos aprimorar para esse grande encontro no estuário da vida. Somos nós que, quando oramos, aprendemos, pouquinho a pouquinho, a nos acercar do nosso Criador, a nos apresentar a Ele, a identificar a nossa necessidade, identificar a nossa carência, a nossa mazela.

Por causa disto, nós aprendemos a orar. É tão importante orar. Jesus Cristo quando esteve entre nós no mundo, nos deu lições importantíssimas a respeito da oração. Disse-nos Ele em dado momento:

Quando orardes, não façais como os hipócritas, que oram nos cantos das praças, no meio das ruas, para que sejam vistos pela multidão. Esses, já obtiveram com isso seu galardão.

Então, Jesus Cristo nos está chamando a atenção para que não tenhamos no ato de orar, o exibicionismo dos hipócritas. Eles querem gritar nas praças, nos cantos das ruas, mas não é porque desejam falar com Deus, eles querem receber os elogios, pelo modo como oraram, como falaram, como discursaram.

Quando Jesus Cristo propõe que não façamos como os hipócritas, é porque a oração tem sentido quando as coisas se passam em nossa intimidade.

A oração que verte pelos nossos lábios, precisa vir das nossas entranhas. Por mais simples que seja, por mais sensível que seja, vem do nosso íntimo.

Então Jesus nos disse assim:

Quando orardes, entrai para o vosso aposento e orai em secreto, uma vez que o Pai que vê tudo que se passa em secreto, vos atenderá.

Minha gente, como é importante saber isso com Jesus. Como é importante ter essa consciência cristã de que as coisas verdadeiras são aquelas que se passam em nossa intimidade.

Quando Cristo nos pede para procurar o nosso aposento íntimo, não é o aposento físico, não é a nossa sala, o nosso quarto de dormir obrigatoriamente, é o nosso mundo íntimo.

Quando lemos o Evangelho de Lucas, no capítulo VI, Jesus nos diz que as coisas boas que o homem fala provém do bom tesouro do seu coração, como as coisas ruins advêm do mau tesouro do seu coração. Esse coração intimidade.

Então, quando nos propõe orar em secreto, orar no íntimo, entrar para o nosso aposento, Ele está nos dizendo da importância das ações íntimas, das ações da nossa interioridade.

* * *

A oração nos traz uma outra reflexão. Como é que nós deveremos orar? Se é um gesto da nossa intimidade, será que as posições exteriores nos ajudam a orar? Possivelmente não.

Não vale a pena pensar que, para que oremos, tenhamos que estar de pé, assentados, de joelhos, deitados. As posições exteriores não interferem na grandeza da nossa conversa com Deus.

Se tivéssemos por obrigação que orar de joelhos, como poderia orar de joelhos alguém que estivesse acamado, operado, com uma enfermidade deformante e que não pudesse se ajoelhar?

Tudo que não pode ser aplicado em todas as circunstâncias, não pode ser uma verdade Divina. A verdade Divina se aplica em qualquer circunstância.

Por causa disso, vale a pena nós pensarmos que, para a oração, não precisamos de gestos exteriores. Poderemos até fazê-los, mas isso não vai pesar no conteúdo da nossa oração.

Para falarmos com Deus, não haverá nenhuma necessidade de roupas especiais. Eu tenho que estar de rosa, de verde, de branco, de azul, de preto. Nada disso importa. Os panos que usamos por fora, não resolvem a questão da sintonia de dentro.

Para que nós oremos, nós precisamos apagar a luz, acender a luz, colocar fundo musical, tirar o fundo musical? Nada disso interfere.

Embora, nada disso atrapalhe. Se o indivíduo se sente melhor orando com o fundo musical, que ele o ponha. Se se sente melhor orando com luz acesa ou com luz apagada, nenhum problema.

O que tem que ser importante, para quem ora, é a sua postura interior, é a sua atitude interior.

Diz-se que arar é orar. Arar é o símbolo do trabalho no campo. Então, a questão é que trabalhar é orar.

Imaginemos como ora um médico cuidando do seu paciente, à cabeceira do seu enfermo, lidando com ele na tentativa de salvar-lhe a vida, de devolver-lhe a saúde. A integração com os poderes Superiores da vida é uma oração.

Imaginemos a oração daquele homem lavrador, que põe a semente na terra para que germine. Germinada, possa atender à mesa e dar o pão às pessoas. Com que unção aquele homem coloca as suas sementes na terra. É a oração.

Oração também é aquele esforço da professora. Da professora primária, aquela que toma a criança nos seus primeiros anos, para abrir-lhe a mente e retirá-la da escuridão, dar-lhe claridade ao raciocínio, apresentando-lhe o mundo, a vida, as coisas.

Para que alguém se submeta a esse esforço de tirar água da pedra, tem que ser alguém que ore. O trabalho de uma professora é um ato de oração, é um gesto oracional.

Nós encontraremos no trabalho das mães, ao educar seus filhos, dos pais, a orientar sua prole, o gesto oracional.

Como nós sabemos que toda ocupação útil é trabalho, todas essas coisas maravilhosas, que se realizam em nome do bem, em benefício das criaturas, da Humanidade, será um trabalho.

Alguém que leia um bom livro, alguém que faça um alimento, que prepare um prato, alguém que passe um café, que varra uma casa, que cure um doente, que defenda um necessitado, que advogue a causa dos simples, alguém que planta, que colhe, que vende. Todos esses trabalhos, feitos honestamente, representam oração.

Nosso relacionamento com Deus, a nossa possibilidade de sair desse recanto de nossa existência, e ganharmos o mar aberto do amor Divino, pode ser conseguido através de coisas simples: uma pausa, um silêncio íntimo, e a nossa emissão para Deus.

Como os nossos pensamentos são de origem eletromagnética, naturalmente que o nosso pensamento será elevado ao mais alto que tenhamos conseguido impulsioná-lo.

E é por causa disso que verificamos a importância e a beleza de orar. Abrir com essa chave os arquivos Divinos, abrir com essa chave os arcanos de Deus e com ela, comungar com Deus, saídos do nosso subúrbio de necessidades, para a grande metrópole do amor de Deus.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 135, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em janeiro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 23.11.2008.

22 abril 2009

Maus Tratos - Momento Espírita

Maus Tratos

Com relativa frequência se tem notícias de maus tratos infligidos por adultos a crianças.

Não nos referimos àqueles de tal monta que requerem atendimento médico especializado, quais sejam, queimaduras graves, espancamentos e prisões domiciliares, que decorrem de pessoas doentes.

Referimo-nos ao que se vê, transitando pelas ruas, a passeio, em clubes, cinemas, parques de diversão, shoppings.

São mães que conduzem a criança pela mão, sem se aperceberem que o pequeno tem menor estatura que elas, que o bracinho dele fica suspenso, em incômoda posição, que lhe deve causar desconforto e com certeza, dor.

Esquecem-se, igualmente, de que as pernas do pequerrucho não são tão longas quanto as suas, adultas, e não buscam diminuir o passo.

Ao contrário, o filho é que deve andar quase a correr, para acompanhar as largas passadas da mãe.

Quando a criança tropeça é suspensa pelo braço, de forma brusca, como se o membro infantil não apresentasse fragilidade, desmerecendo cuidados.

Alguns adultos tomam os filhos, dizendo que os levarão a passear, mas na verdade o que tais adultos têm em mente é apenas levarem as crianças e fazerem o que eles querem.

Param quando se sentem cansados ou encontrem um amigo para conversar, sem jamais indagarem das crianças o que elas desejam.

Por isso, quando os pequeninos se detêm, admirados, ante uma vitrina cheia de brinquedos ou de gravuras coloridas, ou um animal que passa, são de imediato arrancados de sua observação, aos puxões.

De outras vezes, em plena rua, perante os transeuntes, levam palmadas violentas na cabeça, nos braços, na boca, acrescidas de adjetivos depreciativos, por estarem a olhar, descuidadas para algo ou alguém e baterem o rosto no poste, tropeçarem ou caírem.

Quando assim procedemos, estamos nos esquecendo de que, vez ou outra, fazemos exatamente a mesma coisa.

Além do que, demonstramos o pouco ou nenhum conhecimento em matéria de psicologia, não recordando que a criança agredida se sente menosprezada, humilhada, fato que a marcará de maneira indelével.

Toda agressão moral ou física que sofre lhe marca a ferro e fogo a personalidade.

Não será de nos admirarmos se, com tais tratamentos, os rebentos de hoje retribuírem no amanhã de idêntica forma a quem se lhes aproxime, desde que, sendo um caráter em processo de educação, absorvem o que veem, sentem e padecem.

Repensemos nossos posicionamentos, pois que para se ensinar a conjugação dos verbos amar, acarinhar, aconchegar, é imperioso exemplificar.

Todas as palavras que não encontram sólido apoio nos atos são vazias, sem valor para a formação de outrem.

Jesus, o Divino Modelo, fez-Se criança e Se entregou aos cuidados de José e Maria, graças a cujos desvelos pôde chegar à adolescência, à juventude e, como Homem Integral, nos deixar Sua mensagem imorredoura de amor.

À semelhança Dele, os Espíritos que nascem como nossos filhos, buscam o melhor de nós para darem, no futuro, o melhor de si mesmos.

* * *

Os filhos são bênçãos que nos chegam. Alguns deles são como pedras brutas para a lapidação. Se fizermos a nossa parte, poderemos seguir tranquilos na direção do futuro e de Deus, o Excelso Pai de todos nós.

Redação do Momento Espírita, com pensamento final extraído do verbete Filhos, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

21 abril 2009

Abortamento Espontâneo - Momento Espírita

Abortamento Espontâneo

Por que, para certas mulheres que desejam muito ser mães, ocorrem abortamentos espontâneos?

O que acontece, nesses casos, ao Espírito que se preparava para reencarnar naquele corpo que estava em formação?

Uma senhora narrou, ao jornal italiano L´aurora uma experiência muito interessante.

Ela estava grávida e feliz. Estava no quarto mês de gestação. Os exames preliminares lhe haviam anunciado o sexo da criança: seria um menino, e ela se apressara a começar chamá-lo de André.

Então, uma noite, ela sonhou que estava deitada em um leito de hospital, sem apresentar o ventre desenvolvido, próprio da gravidez.

Estranhou, pois não conseguia entender o que acontecera. Levantou-se e foi até a janela do quarto. Um jardim se descortinava abaixo e nele um garotinho lhe sorria e a saudava com sua mãozinha.

Ela o olhou e lhe disse:

Até breve, meu tesouro. O nosso é somente um até breve, não um adeus.

Despertando, poucas horas depois, Giovanna precisou ser encaminhada ao Hospital da localidade, sob ameaça de um abortamento.

A médica, auxiliada por sua equipe, se esforçou ao máximo, sem conseguir evitar o abortamento espontâneo.

Uma grande tristeza invadiu aquele coração materno, ansioso pelo nascimento de mais um filho.

Desalentada e triste, chorou até se esgotarem as lágrimas. E o sonho da noite anterior então teve sentido para si: seu filhinho viera se despedir. E ela se despedira dele.

Fora o anúncio da tristeza que estava a caminho e que invadiria aquele coração feminino.

Talvez, mais tarde, em um outro momento, ele pudesse retornar, em nova tentativa gestacional. Mesmo porque, conforme o sonho, fora uma despedida temporária.

* * *

Por que ocorrem abortos espontâneos? O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, interessou-se pela delicada questão.

As respostas lúcidas dos Espíritos de luz se encontram em O livro dos Espíritos.

Em síntese, esclarecem os mensageiros celestes que, as mais das vezes, esses eventos espontâneos têm por causa as imperfeições da matéria.

Ou seja, as condições inadequadas do feto ou da gestante. De outras, o Espírito reencarnante, temeroso das lutas que terá que enfrentar na vida de logo mais, desiste da reencarnação, volta atrás em sua decisão.

Retirando-se o Espírito que presidia ao fenômeno reencarnatório, a criança não vinga, a gestação não chega a termo.

A gestação frustrada é dolorosa experiência para os pais e para o Espírito em processo reencarnatório.

Como não existe sofrimento sem causa anterior, chega a esses corações, como medida salutar para ajuste de débitos anteriores.

Para o Espírito que realizava a tentativa, sempre preciosa lição.

Retornará ao palco da vida terrena, após algum tempo, em novas circunstâncias.

* * *

Para quem aguarda o nascimento de um filho, se constitui em doloroso transe a frustração do processo da gestação.

De um modo geral, volta o mesmo Espírito, superadas as dificuldades, para a reencarnação.

Se forem inviáveis as condições para ser agasalhado no ventre que elege para sua mãe, engendra outras formas de chegar ao lar paterno.

É nessas circunstâncias que a adoção faz chegar a pais não biológicos o filho inestimável do coração.

Redação do Momento Espírita

20 abril 2009

Rogativa do Culpado - Momento Espírita

ROGATIVA DO CULPADO

Caro amigo:

Desejo pedir-te perdão pelo mal que te fiz.

Infelizmente, naquela ocasião, eu me encontrava infeliz, inimizado comigo mesmo, sem a capacidade de discernir entre o bem e o mal - o que deveria e o que não me era lícito fazer.

Reconheço hoje que te magoei com a minha insolência e desequilíbrio, proporcionando-te sofrimentos desnecessários.

Aprendi a lição da dignidade, após atravessar os caminhos sombrios do remorso, procurando expiar a culpa, tentando reabilitar-me através das boas ações, a fim de encorajar-me a pedir-te perdão.

Reconheço que é mais infeliz aquele que acusa indevidamente, aquele que comete o erro de ofender o outro do que a sua vítima.

Quando o ofendido supera a situação deplorável, ascende no rumo da iluminação, enquanto o seu adversário mergulha no abismo do desequilíbrio, assinalado pela culpa de que não se consegue libertar.

Apiada-te, portanto, de mim, conforme hoje dou-me conta da própria inferioridade.

Sei que não te será fácil compreender tudo quanto sinto e gostaria de dizer-te...

Segue, portanto, a tua portentosa jornada, olhando para trás e distendendo a mão para mim, em socorro, que me encontro na retaguarda.

Desejo, porém, que saibas quanto estou feliz por poder haver chegado a esta conclusão, a este momento, conseguindo dizer-te, embora em poucas palavras, o que me vai na alma, reabilitando-me, pelo menos um pouco, do mal que te fiz.

* * *

Pedir perdão é vencer uma grande batalha dentro de nós.

Pedir perdão é vencer o orgulho que sempre, através das eras, foi vencedor em nossa intimidade imperfeita e desequilibrada.

Pedir perdão, de coração, o perdão verdadeiro, é grande passo na conquista do acerto final e completo com as Leis Divinas.

Há humildade em tal pedido, e também sabedoria.

Baixar a fronte. Reconhecer-se imperfeito, porém perfectível, mutável.

Se pedíssemos perdão mais vezes, certamente seríamos mais felizes.

O pedido de perdão verdadeiro faz-nos mais fortes, porque junto dele vem o reconhecimento do erro, e a autoproposta de não mais errar.

No pedido de perdão vem o desejo do bem ao outro - desejo exatamente oposto àquele que gerou toda situação desastrosa entre as suas almas.

Por carregar tal aspiração, representa grande vitória do bem contra o mal.

* * *

Ao reconhecer nossos erros, não esqueçamos de pedir perdão.

Procuremos o outro e, de alguma forma, demonstremos que estamos cientes do erro, e que agora lhe desejamos bem, e não mal.

Não esperemos contrapartida. A vitória de quem sabe pedir perdão está dentro de si mesmo, e não depende de aceitação da outra parte.

Reconhecer o erro; pedir perdão; não errar mais; ressarcir a Lei - eis o caminho da felicidade.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 41, do livro O amor como solução, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, ed. Leal.

19 abril 2009

Reconhecimento Profundo - Anália Franco

Reconhecimento Profundo

Sempre quando observo o céu coroado de estrelas, recordo-me das suaves canções que você cantava enquanto eu adormecia no seu colo, mãezinha querida, exaltando os astros.

Toda vez que me detenho a observar as flores na quadra primaveril, retornam à minha mente as suas ternas palavras de exaltação a Deus e à vida.

Quando me defronto com qualquer forma de sofrimento e sinto o ânimo diminuir, volvem-me à lembrança as sérias advertências com que você me ensinava a enfrentar as dificuldades, elucidando-me que todas elas têm por objetivo desenvolver os valores morais adormecidos no indivíduo.

No relicário da minha memória estão impressos todos os momentos em que ambas, sonhando e sorrindo, nos abraçávamos, buscando amparar-nos reciprocamente, e você, na condição de anjo miraculoso ensinava-me a resolver todos os problemas, demonstrando que as dificuldades são mais filhas da acomodação do que da realidade.

Repasso pela tela das evocações as lições preciosas com que você enriqueceu a minha existência e comovo-me com a sua sabedoria, feita de amor e de experiências.

Você soube renunciar a mil prazeres para estar com a sua filhinha dependente e necessitada, enquanto outras mulheres buscavam a futilidade e o passatempo.

No seu vocabulário não haviam essas palavras e você sabia preencher todas as horas com trabalho, alegria de viver e cumprimento dos deveres que lhe diziam respeito.

No seu exemplo eu me fortaleci para os inevitáveis desafios existenciais, e cresci confiante em Deus e nas possibilidades de ação que nos estão ao alcance, todas elas, inclusive as que se expressam como sofrimento, portadoras de finalidades iluminativas.

Compreendi que a vida tem um sentido psicológico profundo, que diz respeito à autorrealização e ao desenvolvimento do amor que se deve expandir em direção do próximo e de todos os seres sencientes.

Hoje, quando também sou mãe, tenho a dimensão da sua grandeza e dos seus esforços para superar os limites naturais da existência, tornando-se a gigante da dedicação e do bem.

A maternidade, sem dúvida, é suprema dádiva de Deus para a construção do mundo realmente feliz.

No lar, recordo-me, está a sociedade em miniatura, como você dizia, na qual treinamos fraternidade e tolerância, de modo que os enfrentamentos podem sempre ser coroados de bondade e de compaixão, evitando a destruição e o crime.

Quando a sociedade atinge a mais alta expressão de tecnologia de ponta e de ciência aplicada ao bem e ao progresso, infelizmente a maternidade vê-se relegada a um plano secundário, em face do egoísmo da mulher que deseja realizar-se fora do lar, competir no mercado de trabalho com os homens, lutar em favor dos seus direitos, o que, aliás, é justo, deixando, porém, em abandono o sagrado compromisso da procriação.

...E quando ocorre tornar-se mãe, delega a pessoas remuneradas, que nem sempre amam, os deveres que lhe são impostos pelas leis da vida, tornando-se fornecedora ao invés de ser segurança e felicidade.

Como resultado, temos hoje os filhos órfãos de pais vivos, adotados pelos traficantes de drogas e pela violência de todo jaez, constituindo uma juventude atormentada e infeliz que se atira às paixões consumptoras, em espetáculos deprimentes ou selvagens, demonstrando a dor que experimentam pela falta do carinho que somente o lar e a maternidade podem oferecer.

A onda de loucura e de irresponsabilidade aumenta o desequilíbrio da sociedade que aborta e tenta legalizar o crime, em nome dos mentirosos direitos que a mulher possui sobre o seu corpo, sem dar-se conta que o novo corpo que nela se encontra não é de sua propriedade e necessita de viver...

Enquanto a maternidade estiver ultrajada ou relegada ao esquecimento a sociedade se encontrará sem orientação nem esperança de felicidade, porque o lar é o divino instituto da educação sob a segura diretriz do amor de mãe, insubstituível em toda a sua dimensão.

Desse modo, mãezinha querida, homenageio-a todos os dias, cantando hinos de amor à sua memória e procurando, embora palidamente, agir como você na educação dos meus filhos, os rebentos de carne com que os Céus dignificam a Terra, no momento da grande transição que se opera...

Deus a guarde nesse zimbório de estrelas diamantinas, em que você intercederá pelas mães da atualidade, a fim de que adquiram consciência dos seus deveres impostergáveis.

Por: Anália Franco
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 1º de abril de 2009, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

18 abril 2009

Cura e Autocura Espiritual - Victor Rebelo

Cura e Autocura Espiritual

A única coisa que realmente importa é você perceber, compreender que existe um estado de consciência “divino”, além de todo sofrimento

A maioria das pessoas, quando dá seus primeiros passos na longa jornada do autoconhecimento e, consequentemente, da autocura, costuma dissociar o aprendizado espiritual do dia-a-dia. Claro que nossos primeiros passos aconteceram lá atrás, quando a consciência ou o princípio inteligente começou a se manifestar na matéria/energia, mas me refiro ao primeiros passos dados nesta nossa atual reencarnação.

Muitos passam o dia inteiro estressados, ansiosos ou cansados, com a mente dispersa, sem foco no “aqui e agora”. Chegam de noite no centro espírita, umbandista, ou seja lá o que for, na esperança de receberem o amparo divino, manifestado na boa vontade daqueles que lá estão para servir, seja encarnado ou desencarnado.

Mesmo neste momento tão especial, poucos são os que se mantêm presentes, de corpo e alma. Uns cochilam, outros assistem à palestra sem o menor interesse, outros, ainda, aguardam ansiosamente pelo passe energético ou a água magnetizada... e todos vão para seus lares na esperança de dias melhores! Mas eu pergunto: quando será um dia melhor? Amanhã? No futuro?

A grande diferença, entre um espírito “maduro” e outro não, é que, as pessoas mais conscientes, mais lúcidas, sabem que nosso aprendizado espiritual ocorre todos os dias, em todos os momentos. Toda hora é propícia para entendermos como somos, como reagimos diante das circunstâncias da vida.

Além disso, não podemos achar que somente na hora da palestra ou no momento do passe é que devemos abrir o coração, serenar a mente ou “pensar em Jesus”. Quem nunca ouviu dizer que “o Reino de Deus está dentro de nós”? Pois é, está mesmo, à nossa disposição – hoje – não amanhã, quando formos seres iluminados, anjos... Na verdade, isso tudo é secundário! Ser evoluído ou não, não faz a menor diferença, nem mesmo para Deus! A única coisa que realmente importa é você perceber, compreender que existe um estado de consciência “divino”, além de todo sofrimento, todo dissabor, toda frustração e ilusão, e basta acessarmos este estado de lucidez para sentirmos aquela tão sonhada paz interior. Jesus disse “Buscai o Reino de Deus e tudo mais virá por acréscimo”. Então... tá esperando o quê?

No começo não é fácil. Temos a crença enraizada de que só podemos estar bem quando tudo está “perfeito”. Aí é que está a raiz do problema.

Muitos dizem que os grandes pensadores espiritualistas eram contra as coisas mundanas, mas isso não é verdade. Buda, por exemplo, não condenava o desejo, pois quando não aceitamos nossos desejos, automaticamente criamos um conflito interno e perdemos a percepção dos planos mais elevados da realidade. O problema não está no desejo, mas no apego que temos aos nossos desejos. O apego, a necessidade em realizar um desejo é que causa sofrimento e não o desejo em si. Além disso, Buda sempre nos aconselhou a buscarmos o “caminho do meio”, ou seja, o do equilíbrio.

Orai e vigiai! Quando estamos focados no presente (seja meditando, orando ou fazendo qualquer atividade, como lavar a louça) nos tornamos mais conscientes dos nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, assim como ficamos mais sensíveis à dor alheia. Nos tornamos mais capazes de amar sem nos envolvermos no desequilíbrio do outro. Aprendemos a respeitar a individualidade de cada um, pois passamos a respeitar o nosso próprio jeito de ser. Então, a harmonia envolve nosso corpo, nossa mente, nossa alma... num grande processo de cura, individual e coletiva. Saúde e Paz!

Editorial publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 67
Por: Victor Rebelo
www.rcespiritismo.com.br

17 abril 2009

O Que o Espiritismo Oferece - Amilcar Del Chiaro Filho

O QUE O ESPIRITISMO OFERECE

Os homens, por diferentes que sejam, física, mental, intelectual e moralmente perseguem a felicidade com maior ou menor empenho, mas todos querem ser felizes. Alguns procuram essa felicidade nos bens de consumo, nas riquezas, nas propriedades que possa adquirir e manter.

Outros julgam que a felicidade está nos prazeres da mesa farta, das bebidas inebriantes, no sexo, ou no pano verde. Conhecemos pessoas que tem perseguido a sorte nos jogos lotéricos há décadas, assim como alguns que se dedicam ao trabalho mais de 12 horas por dia, para alcançar aquilo que desejam na vida.

Há, também, os que, talvez pelas decepções na procura da felicidade, entregam-se às drogas e destroem suas vidas, acreditando que no momento que desejarem se libertarão delas, mas não percebem que já estão no fundo do poço. Adultério, golpes na praça, sexo grupal, tráfico de drogas ou de influência, tudo isto tem como pano de fundo a procura desesperada da felicidade. Os sem-terra e os sem-tetos anseiam por alcançar o objetivo dos seus sonhos. O torcedor fanático quer ver o seu clube vencer de qualquer maneira, mesmo que os meios sejam desonestos. Aliás, muitos justificam os seus métodos em todos os setores das atividades humanas com: "Os fins justificam os meios".

Por muitos e muitos séculos que formaram mais de um milênio, o Cristianismo, incapaz de oferecer algo imediato aos pobres e desesperados, prometia-lhes a salvação para após a morte. Sofrer aqui para gozar no paraíso. Essa doutrina colocou na cabeça dos despossuídos que era altamente vantajoso ser humilhado, sacrificado, injustiçado aqui, para que a glória fosse maior na vida eterna.

De repente surge uma religião, que muitos chamam de seita, que promete a felicidade aqui e acolá. Mas como tudo tem um preço, o crente desta religião tem que pagar muito caro para alcançar a prosperidade, a paz familiar, o sucesso enfim. Textos Bíblicos são manipulados e o marketing comercial vai fundo nos problemas humanos, mostrando na TV, rádio e jornal os felizes compradores da felicidade para este mundo, levando de quebra a salvação para a outra vida.

Enfim, cada um oferece o que pode. O Espiritismo oferece muito trabalho para a transformação moral, a única que poderá nos proporcionar as vitórias almejadas através das vidas sucessivas. Felicidade é conquista, e não dádiva de alguma entidade superior que distribui suas benesses de conformidade com o seu humor.

Acusados de heréticos, os espíritas respondem com trabalho, realizações sociais, entendimento da vida. Não vendem as benesses de Deus, e não as compram. Procuram exercitar o amar ao próximo como a si mesmo, e dá ao tempo o trabalho de esclarecer a todos, sem perseguir prosélitos.

Autor: Amilcar Del Chiaro Filho
Fonte: Jornal "A voz do Espírito" - Ed. 77 - Janeiro-Fevereiro/1996

16 abril 2009

Páginas da Vida - Richard Simonetti

Páginas da Vida

Reportando-se ao dia a dia, comenta Chico: Deus nos concede a cada dia uma página nova no livro do tempo. Aquilo que colocaremos nela corre por nossa conta.

Interessante a imagem do livro existencial.

Realmente, a jornada humana é como um livro que estamos escrevendo, usando o lápis da iniciativa.

Em linhas gerais, há um enredo de que cogitamos, ao reencarnar, envolvendo família, profissão, raça, cor, nacionalidade, sempre no propósito de nosso crescimento espiritual.

Infelizmente, com raras exceções, inspirados nas ilusões da Terra, tendemos a dar asas à imaginação, afastando-nos do enredo proposto, o que sempre resulta numa obra conturbada e nada edificante.

***

A propósito do assunto, vale lembrar um tema instigante: o confronto entre determinismo e livre-arbítrio.

Há quem proclame que o fio do destino é tecido por Deus.

Tudo aconteceria segundo os Desígnios Celestes, com o instrumental da fatalidade.

Complicado admitir isso.

Se escorrego e quebro a perna…
Se me envolvo numa trombada no trânsito…
Se um enfarte fulminante leva-me para o Além…
Se o casamento não dá certo...
Se um Espírito me obsidia…
Esses e outros males obedecem à inexorável determinação divina?

Diz um amigo:
– Deus tem costas largas. Se alguém nos faz um favor, logo Lhe transferimos o débito, ao dizer: Deus lhe pague!… E não temos nenhum constrangimento em debitar-Lhe todas as atribulações da existência!

Realmente, é cômodo pensar assim, sem assumirmos nossas responsabilidades, sem reconhecer o essencial: os males que nos afligem são fruto, geralmente, de nosso desatino, não do destino.

A perna quebrada não resultou de uma distração?
O acidente de trânsito não teria acontecido por imprudência?
O infarto não seria o somatório de excessos demais e exercícios de menos?
A dificuldade no casamento não seria mera consequência da displicência em relação aos deveres conjugais?
As influências espirituais que nos oprimem não teriam se infiltrado em nosso psiquismo pelas brechas de um comportamento desajustado?

Não somos marionetes, nem meros personagens de um romance cujo autor as submete aos seus devaneios, sem que possam interferir no enredo.

Somos seres pensantes, criados à imagem e semelhança de Deus, conforme o texto bíblico, dotados de suas potencialidades criadoras, responsáveis, portanto, por nossas ações e senhores de nosso destino.
***

O destino, amigo leitor, pode ser considerado em dois aspectos: o absoluto e o relativo.

O absoluto está subordinado à Vontade Divina.

Há uma meta que devemos atingir, no desdobramento das experiências reencarnatórias: a perfeição.

Lá chegaremos fatalmente, quer queiramos ou não, porque essa é a vontade do Todo-Poderoso, que não falha jamais em seus objetivos.

O relativo subordina-se ao livre-arbítrio.

A maneira como vamos atingir aquela meta suprema depende de nós, de nossa maneira de agir, das escolhas feitas, dos caminhos escolhidos, dos livros que estamos escrevendo a cada experiência reencarnatória.

Podemos levar alguns milhares ou milhões de anos nessa jornada.

Depende de nossas escolhas.

Sempre que entrarmos no desvio, atrasando a jornada, virá a Mestra Dor, impondo uma correção de rota.

Assim, seguimos pelos caminhos que queremos, sejam estradas asfaltadas ou brejos espinhentos, caminhos retos ou atalhos enganosos, para chegar exatamente onde Deus quer.

***

Talvez lhe pareça, leitor amigo, inaceitável que Deus interfira em sua vida, impondo-lhe que siga no rumo da perfeição, a contrariar suas próprias disposições.

Não obstante, oportuno lembrar que Deus é, acima de tudo, nosso Pai de infinito amor e misericórdia, como revelou Jesus. Um pai que trabalha incessantemente pelo nosso bem e a nossa felicidade.

Um filho poderá reclamar, em sua imaturidade, das disciplinas impostas pelo genitor, mas reconhecerá, mais tarde, que lhe foram sumamente benéficas.

Assim acontece conosco.

Hoje ficamos amuados, quando Deus nos corrige.

Amanhã, agradeceremos ao Senhor ter limitado nossa liberdade, corrigindo nossos desvios.

E, algo curioso, amigo leitor: quanto mais perto estivermos da perfeição, mais amplo será nosso livre-arbítrio.

Quanto mais evoluirmos, maior será a liberdade de fazer o que a nossa vontade determina, porquanto sempre faremos o que determina a vontade de Deus.

Texto de Richard Simonetti
Edição Abril 2009
Folha Espírita

15 abril 2009

Desperta, tu que dormes! - Waldenir Aparecido Cuin

 
DESPERTA, TU QUE DORMES!

“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará.” (Paulo – Efésios 5:14).

“Os tempos estão chegados”, afirmam as religiões e os religiosos. Chegados para quê? Obviamente, para o devido despertamento a que se refere o grande Apóstolo, o arauto do Cristianismo, que laborou de forma decidida e perseverante na propagação das sábias e inquestionáveis lições de Jesus, para que todas as criaturas da Terra delas tivessem amplo conhecimento.

Não temos nenhuma dúvida de que a humanidade tem largas informações sobre a Boa Nova. Teoricamente, os homens sabem muito sobre o Cristo e seus valiosos ensinamentos, o despertamento deverá se dar com a vivência prática deles.

Os problemas e os desafios do mundo, já conhecemos com detalhes. As consequências nefastas deles vêm fazendo jorrar rios de lágrimas e permitindo o nascimento de intensas labaredas de dor no seio das coletividades. Os caminhos seguidos até agora não lograram proporcionar, a nenhum de nós, o oásis de paz e a ilha de felicidade que almejamos. Por certo, a direção das nossas condutas não está correta.

Será preciso, com urgência, despertar.

Os tempos chegaram para que saiamos da redoma do comodismo onde continuamos a acreditar que as coisas se resolverão por si só. Não. Tudo se transformará para melhor quando cada criatura acreditar piamente na sua transformação moral, como decorrência natural do esforço, da determinação e da coragem em trabalhar acirradamente no combate às más tendências, aquelas oriundas do egoísmo e do orgulho, substituindo-as por virtudes e qualidades nobres.

Como encontrar a paz e a serenidade vivendo num mundo com tantas disparidades sociais, financeiras, econômicas, psicológicas? Com poucos homens possuindo muito e muitas criaturas contando com tão pouco?

Sem o combate firme e decidido ao egoísmo e ao orgulho, essas terríveis chagas da humanidade, qualquer tentativa de equilíbrio no contexto das comunidades será sempre batalha inglória.

Despertemos, então. Não basta que cuidemos de nós, da nossa família, daqueles que são mais próximos. Imperioso que tenhamos a convicção de que será preciso pensar na humanidade como um todo. O lamento de um irmão que chora em um hemisfério reflete sobre o outro que vive a milhares de quilômetros de distância.

Pelas leis divinas, nossa felicidade e paz, as encontraremos quando plantarmos felicidade e paz nos corações alheios. É da lei universal que é dando que se recebe. A mão que oferece flores retém o perfume, mas aquela que atira lixos e detritos guarda a sujeira e o mau cheiro. A escolha sempre será nossa.

Despertar para a consciência moral, espiritual e solidária é urgente e imprescindível.

Não basta que tenhamos só para nós. Se nossos irmãos também não possuírem estaremos constantemente ameaçados. Isso, obviamente, em todos os sentidos, não só o material.

Os problemas estão catalogados, esperando por soluções; as tarefas aguardam que sejam executadas, então, é tempo de trabalho e, para tanto, o mundo tem necessidade de homens arrojados e conscientes, que realmente desejam formar uma frente de ações solidárias, fraternas e justas, de maneira a criar possibilidades para que todos possam, aos poucos, contar com as mesmas oportunidades de progresso.

Muito já foi falado, discutido, planejado. Agora é tempo de despertar para as realizações. No momento atual, não temos mais necessidades de quem aponte problemas, mas, sim, daqueles que estão dispostos a trabalhar muito com a proposta de resolvê-los.

Despertemos, então, e as forças espirituais nos impulsionarão para o devido progresso... aquele decorrente do entrelaçamento de irmão com irmão.

Texto de W.A. Cuin
Edição Abril 2009
Folha Espírita

14 abril 2009

Serve e Confia - Joanna de Ângelis

SERVE E CONFIA

Alma que sofre, olha a terra encharcada e ferida, coberta de árvores quebradas e banhada pelas águas dos rios transbordantes!

Aqui e ali a destruição e o lamaçal assinalam a passagem terrível da tormenta desenfreada.

Contempla o jardim despedaçado pelo granizo e o vento, deixando flores mortas no chão e raízes acima do solo.

Fita as águas lodosas dos rios cheios conduzindo destroços e morte...

A devastação passou abraçada à ruína e a vida periclita em derredor.

No entanto, no dia seguinte, brilha o sol generoso. Osculando tudo, indistintamente, leva a toda a parte a bênção da esperança e do refazimento.

Confiante, o homem resolve cooperar com a mensagem de mais alto. Abre valas, desvia os cursos d'água, revolve a terra, retifica a vegetação destroçada e semeia na gleba úmida.

O tempo se encarrega de devolver a esse homem resoluto a beleza da paisagem, a bênção do grão e o doce aroma das flores espalhado no ar... E o sol compassivo segue adiante.

Vai mais além, alma em sofrimento, e fita a terra ressequida, o chão ferido pelas setas douradas do sol, os rios em pó, nem água nem lama, a vegetação crestada e a vida a morrer...

A seca impiedosa tudo destruiu.

Todavia, subitamente, carreadas por ventos bons, nuvens andantes entornam suas ânforas cheias, cobrindo de umidade e vida a terra torturada.

O homem, animado pelo auxílio inesperado, corre ao chão e o afaga com os instrumentos de amanho, sendo felicitado, depois, com o verde dos campos e o ouro das espigas, contemplando as fontes cantantes à sombra do arvoredo... E o sol compassivo segue adiante.

Enxuga, então, tuas lágrimas de agora.

Se a tormenta hoje te inunda o coração, desfazendo o jardim dos teus sonhos ou alagando com as lágrimas da inquietação o teu pomar de fantasias, aguarda o Sol generoso, doador de bênçãos, serve e confia, semeando a esperança no próprio coração.

Se a ingratidão queimou o frescor da tua alegria e a injustiça secou o teu rio de confiança na vida, serve ainda mais e mais confia nas abençoadas nuvens portadoras da abundância da felicidade. Quando chegarem, renovarão teus celeiros com os sadios grãos da serenidade e da paz.

Cala todas as dores para que a cortina líquida do pranto não obnubile a visão a azul dos céus que te mandarão o socorro em mensagens de luminoso alento.

Hoje significa o teu momento de semear, sejam quais forem as condições.

Deixa ao futuro aquilo que o presente ainda não pode resolver e, sem desfalecimento, serve e confia, observando que "o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e via dia a dia reprimindo os abusos", inspirado, esse homem em crescimento, que te observa a conduta espírita e cristã, nos teus salutares exemplos de fé e serviço.

De "Espírito e vida",
de Divaldo P. Franco,
pelo Espírito Joanna de Ângelis