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31 dezembro 2020

Princípio Inteligente - Jorge Andréa

 
PRINCÍPIO INTELIGENTE

O que podemos ver nos reinos da Natureza, a partir dos minerais até o reino hominal, são os ordenados aspectos morfológicos, que de tal complexidade, não podemos deixar de atribuir tais manifestações como consequências de leis responsáveis por tais eventos.

No reino mineral são expressivas as forças da atração e coesão das moléculas, a organizarem os diversos e bem ordenados sistemas cristalográficos, traduzindo orientação e equilíbrio na formação desse reino.

No reino vegetal as manifestações se mostram mais avançadas, onde a fotossíntese representa expressiva aquisição. Neste reino, a molécula orgânica afirma-se e já propiciando elementos construtivos da escola evolutiva dos seres.

O reino mineral é o reino que define as unidades inorgânicas, mesmo dentro de suas combinações, divergindo do vegetal, onde a matéria orgânica cresce, expandindo-se e combinando-se em muitos e novos elementos.

Tudo, é como se um princípio organizador, limitado no reino mineral, alcançasse novas possibilidades e atributos na organização vegetal, propiciando múltiplas combinações que se vão expressando na conhecida irritabilidade celular. Ao mesmo tempo, observam-se reações em face às condições do meio, como o heliotropismo, as variações de acidez e alcalinidade e muitas outras elaborações bioquímicas. Neste meio, os processos seletivos da quimiossíntese já apresentam novos avanços a expensas das bactérias, em que muitas delas fazem parte do reino animal.

No reino animal as elaborações são bastante complexas; além dos impulsos que lhe são próprios, consigo carrega as heranças dos reinos menores que o seu. Na fase animal, com as condições do próprio sustento relacionado ao meio onde militam, existem as novas condições equacionadas nos equilibradores orgânicos.

O princípio espiritual, trilhando independente na escala animal, aprimorando-se cada vez mais, inclusive na família dos primatas, alcançaria no homem, sua mais expressiva demonstração a expensas da glândula pineal.

É como se houvesse, há milhões de anos, uma elaboração onde a memória fragmentária dos animais fosse, pouco a pouco, adquirindo novas condições até alcançar, no hominal, a memória contínua (renovações reencanatórias); nesta, o raciocínio seria acompanhado de novos fatores, inclusive os afetivos, a refletirem-se nos potenciais da responsabilidade (nascimento do livre-arbítrio).

Assim, do Ardipithecus ramidus, alcançando evolutivamente os australopithecus ( aferensis, africanus, robustus ), chegasse ao homo-habilis e seus continuadores, o erectus e o sapiens do reino hominal, em condições do mais expressivo estado de conscientização.

A complexa linha da vida planetária, com seus 3,5 bilhões de anos de existência, se considerarmos todo esse tempo representando apenas 1 ano, segundo alguns antropólogos, os répteis apareceram em meados de dezembro e o homem nos últimos 2 segundos.

O homem é recente no planeta (1 milhão e 600 mil anos). O homem autóctone, aquele que foi o resultado do aperfeiçoamento dos primatas, deveria ter passado um bom tempo até alcançar o chamado período paleolítico ou da pedra lascada, cuja máxima aquisição foi o fogo; sua palavra ainda rudimentar, e seu pensamento foi se transformando lentamente, do fragmentário da fase animal ao contínuo do reino hominal, onde múltiplos fatores se encontram coligados.

O período neolítico ou da pedra polida, cujas acentuações vocais, auxiliadas possivelmente pela música, já formavam palavras, embora reduzidas e muito pobres. Essas novas condições de comunicação propiciavam a formação de grupos humanos, cada vez mais acentuados, contribuindo na criação, embora lenta, da agricultura e consequente fixação no solo.

Com os milênios, aparecem as línguas chamadas analíticas, cujas palavras definem posições, ideias, como também os ideogramas, que alcançaram posições interessantes na civilização egípcia, chinesa e no Japão antigo e mais recentemente outras línguas foram aparecendo.

A ciência já possibilitou compreendermos as condições de análise e síntese que o nosso cérebro expressa. Os fenômenos analíticos estariam, nas manipulações psicológicas, a custa do hemisfério cerebral esquerdo, cabendo ao direito as expressões de conjunto e totalidade, tal acontece com a intuição em seus diversos estados criativos.

Também será fácil compreender que os mecanismos ligados, ora na análise, ora na síntese, encontram-se imbricados, ficando difícil demarcá-los, entretanto, quando existe predominância de uma dessas vertentes, a possibilidade de avaliação será de mais fácil compreensão.


Jorge Andréa
Fonte: Correio Espírita

30 dezembro 2020

Que possamos dizer em breve: Feliz 2021 ! - Edir Salete

 
QUE POSSAMOS DIZER EM BREVE: FELIZ 2021!

Nos meus inquietos pensamentos, ainda lembro com nitidez o pipocar dos multicoloridos rojões da virada de ano, as cascatas de luzes descendo dos grandes edifícios, as pessoas vestidas de branco cumprimentando-se efusivamente, desejando paz, saúde e um auspicioso Ano Novo. A multidão movimentava-se ligeira de lá pra cá e de cá pra lá, em busca de atender os seus anseios pessoais, enquanto o ano de 2020 se apressava em chegar…

Em pouco tempo, a Escola da Vida daria início a mais uma importante lição e como num ‘passe de mágica’, os noticiários locais, internacionais e em todas as mídias sociais vinha o alerta de que no Brasil, uma pessoa encontra-se infectada com o vírus, que a OMS -Organização Mundial de Saúde- denominou de COVID-19, ou seja: CO-rona VI-rus D-ísease 19- ano em que o primeiro caso foi identificado em Wuhan na China, sendo uma doença séria, que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave;

O vírus incontrolável, logo se disseminou por vários Países e por fim atingiu todo o Planeta, deixando milhares de infectados, milhares de mortos e também milhares de pessoas recuperadas. Com a pandemia instalada, em poucos dias o “lockdowm” é declarado. Tudo pára! O caos se instala! A calamidade se apresenta! Fecham escolas, templos religiosos, comércio e a industria em geral… as primeiras providências começaram ser tomadas: Lavar bem as mãos com água e sabão/ usar álcool em gel, manter o distanciamento social e usar máscara ao sair de casa, são as principais formas de evitar o contágio. O slogam “Fique em casa” se espalhou ligeiro; Apesar de todos os alertas, muitos incrédulos não observaram as determinações da Ciência, e continuam circulando sem os cuidados adequados… Enquanto os profissionais da área da saúde, lutam incansavelmente, para buscar uma vacina a fim de combater o vírus destruidor.

E o homem se vê, em meio a uma aflição coletiva e precisa lidar com essa dura experiência.

Os dias que seguem são de incertezas, angústias, dores, solidão, medos, perdas, muitas perdas… E a pergunta é: Por que temos que passar por tudo isso?

Jesus já nos disse:

“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (Jo, 16:33)

Portanto, estamos aqui para aprendermos com as aflições, e, com as dores que batem em nossas portas. Não estamos na Terra a passeio, estamos aqui para nos educarmos, provarmos e seguirmos a nossa jornada, rumo à perfeição. A nossa fé vacila em alguns instantes, mas continuemos fortes e com a certeza de que tudo passa, e isso também passará.

Em nosso socorro vem a Doutrina Espírita que através da lucidez de Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na Revista Reformador de 1954 p.143 nos diz:
“A aflição é um desafio que poucos suportam, lição que raros aprendem e tesouro que não se recebe facilmente. Depois de regulares períodos de paz e ordem, a alma é visitada pela aflição que, em nome da Sabedoria Divina, lhe afere os valores e conquistas. Raros, porém, são aqueles que a recebem dignamente.(…)”

Sabemos que nada acontece por acaso e que há um objetivo maior dentro das Leis Divinas. Precisamos aferir os valores e conquistas que dizemos possuir. A prova é a aferição, a maneira de sabermos se podemos prosseguir . Novamente Emmanuel no Livro da Esperança, psicografia de Francisco Cândido Xavier, diz: “(…) O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens. Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça. Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.”

Tenhamos fé, confiança e certeza de que em tudo há um Pai que vela por nós. Procuremos ressignificar a aflição, com coragem e persistência dividindo com caridade um pouco de tudo o que temos recebido, ou, com nosso sorriso, nossas palavras, nosso olhar !

Será que já conseguimos observar o excluído, o invisível, o miserável que permanece nas ruas como um zumbi sem que ninguém o assista ou socorra, como se fosse um de nossos irmãos ?

Enfim, sejamos mais fraternos, mais amorosos, mais proativos, conscientes das necessidades que temos em nos melhorarmos, buscando o burilamento, clareando nossas mentes e buscando um norte e uma certeza de que a nau não está a deriva e que Jesus, Governador Espiritual do Planeta, nos auxilia em mais essa experiência que nos é colocada no Laboratório da Vida…

Que possamos dizer em breve: Feliz 2021 !

Edir Salete
Fonte: Portal Casa Espírita Nova Era
 

29 dezembro 2020

Neuroses - Richard Simonetti


NEUROSES

O psiquiatra atende ao telefone. A paciente, jovem senhora sob tratamento, reclama:

– Doutor, estou muito preocupada.

– O que houve?

– Venho notando que meu cocô está leve, boiando, ao invés de depositar-se no fundo do vaso. É grave?

– É normal. Não se preocupe. Acontece, às vezes.

Momentos depois, nova ligação.

– Desculpe, doutor, pela insistência… O senhor acha mesmo que não tem problema?

– Com certeza! Fique tranquila.

Mais alguns minutos e…

– Doutor, estive pensando… O normal não seria um cocô mais pesado?

– Olhe, menina, vou lhe dizer o que realmente acontece. O problema é da cabeça. O cocô leve vem de seu cérebro.

Podemos enfatizar nesse episódio a impaciência do médico. Não deveria estar presente num profissional de psiquiatria, treinado e muito bem pago para ouvir, ainda que, eventualmente, importunado, pela clientela. Psiquiatra sem paciência deve reciclar-se, revendo os fundamentos de sua especialidade.

Mais interessante, no caso, considerar a paciente. Ela é o exemplo típico das fantasias geradas pela neurose, esse problema que costuma envolver pessoas demasiadamente preocupadas consigo mesmas. A ansiedade é sua principal característica, levando-as a superestimar seus problemas e dificuldades, como quem usa óculos de grau mal ajustados.

O neurótico enxerga de forma “desfocada” as situações e as pessoas. Alguns exemplos:

Riem para ele.

Julga que riem dele.

Não o cumprimentam, por distração.

Imagina desconsideração.

Recebe elogio sincero.

Enxerga bajulação.

Não se comunica.

Reclama que o ignoram.

Com semelhante visão, tem muita facilidade para sentir-se discriminado, isolado, injustiçado, perseguido, humilhado… É dado a teorias conspiratórias, supondo que as pessoas tramam algo contra si. Resvala com facilidade para a hipocondria, preocupando-se até com a consistência de seus dejetos.

Há duas realidades: O que vemos e o que é.

A estabilidade íntima depende de nossa capacidade em aproximar uma da outra. Quando menino, eu era míope, sem saber. Na escola, sentava próximo ao quadro negro; no cinema, nos primeiros lugares, em face de minha limitação.

Como a miopia é progressiva, vamos nos adaptando à redução da acuidade visual, sem perceber a própria deficiência. A paisagem, para mim, já com três graus, era um borrão, aparentemente natural.

Quando, finalmente, consultei o oftalmologista e usei o primeiro par de óculos, foi um deslumbramento. Encantei-me com a luminosidade dos objetos, a visão dos pássaros ao longe, os contornos da paisagem… Enxergava, sem problemas o letreiro nos filmes, os registros na lousa…

Nossas neuroses situam-se como uma miopia da alma, impedindo-nos de enxergar as realidades existenciais, detendo-nos em perturbadoras fantasias, a partir de meros borrões.

A maneira como enxergamos o mundo é decisiva em relação à própria saúde, física e psíquica. A visão desfocada, que caracteriza o comportamento neurótico, é extremamente desajustante.

Por isso Jesus proclama, em O Sermão da Montanha (Mateus, 6:22-23): “São teus olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso. Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que há em ti sejam trevas, que grandes trevas serão”.


 Richard Simonetti
 

28 dezembro 2020

Produze tu - Joanna de Ângelis


 PRODUZE TU

Mãos vazias de feitos e coração cheio de mágoas...

Mãos que ficaram paralisadas por falta de ação no pórtico dos deveres e coração que se converteu em taça de desgosto.

Visão acostumada a paisagens tristes e pensamentos vencidos pelo vozerio das lamúrias.

Província da existência transformada em furna de sombras onde se agasalham adversários sutis, mas vigorosos, prontos a agressões indébitas.

Obscurecido por dúvidas atrozes não te atreves a avançar, detendo os passos na aduana das tentativas que não se concretizam...

(...) E esperavas muito, dizes, da Doutrina Espírita, em cujo seio procuraste agasalho.

Depois dos primeiros contatos, apagaram-se as fulgurações festivas que estimulaste, revigorando os antigos painéis mentais.

Constataste quase alegre, embora inconsciente, que os comensais do banquete espiritista eram homens comuns, espíritos doentes quanto tu próprio: tem problemas, sofrem, erram...

Desejavas revelação enganosa apoiada aos postulados do mínimo esforço. E crias que os espíritos, envergando os tecidos da angelitude cultivavam a negligência aos títulos de merecimento e esforço, e te candidataste a triunfos e íntimos sem a contribuição do sacrifício e o cômputo das provações.

Dizes-te então, amargurado como se a linfa da confiança se tivesse tornado minadouro de fel a escorrer continuamente... Contemplas os obstáculos, estacionas, esfaimado e com asco, qual se enfrentasses acepipes em decomposição sobre mesa dominada por humores pestilentos... E recusas prosseguir, ficando com as mãos vazias, porém...

* * *

Examina antigo sítio feliz, hoje em abandono.

Mananciais cantantes jazem dominados por lama putrida.

Árvores vetustas vencidas por parasitas vorazes.

Solo gentil e fértil coberto por escalrachos e espinheiros.

Flores coloridas sombreadas por arbustos perniciosos.

Umidade agasalhando répteis peçonhentos e ofídios venenosos que se multiplicam celeremente.

Pastos desolados e odor de morte onde margens frescas bordavam lagos tranquilos.

Não esperes pela renovação alheia para que esposes a renovação própria.

Não solicites a descida incessante dos espíritos puros as várzeas sombrias onde te acolhes.

Opera a tua tarefa como servidor que não dispõe de tempo para a inoperância.

Desatrela o carro das facilidades e aciona o dínamo dos nobres propósitos para que produzas com acerto.

Os que se lamentam apenas queixam.

Os que censuram somente verberam.

Os que se demoram no pessimismo vitalizam deserção.

Mas os que estão construindo a vida mais perfeita agem no culto do bem com acerto e devotamento.

* * *

Diante do donativo da viúva pobre, Jesus reverenciou, humilde, a renúncia, exaltando a dádiva maior; considerando as "virgens prudentes" consignou o impositivo da vigilância ante o imperativo da confiança; expondo sobre o feixe de varas, conclamou à união para o resultado da força positiva; e em toda a Boa Nova escreveu o otimismo, cultivando a luta, o trabalho, a obediência, o respeito e a fraternidade a todo instante e incessantemente, no mais perfeito e nobre culto de amor ao Pai. E desejando fixar nas mentes o roteiro seguro para todos os espíritos, respondeu ao sacerdote que o inquiria quanto aquele que seria o seu próximo, conforme se verifica na Parábola do bom samaritano: "Vai tu e faze o mesmo..."

Da mesma forma, produze tu, e não reclames.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 29


27 dezembro 2020

Grupos fechados em sí mesmos - Orson Peter Carrara

 
GRUPOS FECHADOS EM SÍ MESMOS

Realizam trabalhos exemplares, mas fecham-se em si mesmos. Estão desconectados com o Movimento, embora estudam a doutrina, pratiquem-na com dedicação e amor à causa.

Conheço alguns grupos assim, próximos de mim. O que os leva a não participarem do movimento de unificação espírita? É a palavra que assusta? Foram vítimas de atitudes arbitrárias e incoerentes do espírito de união que deve viger na prática ou temem que outros centros, órgãos e pessoas lhes firam a independência e autonomia?

Aceito e vivo tranquilamente a unificação. A instituição a que me vinculo jamais foi desrespeitada em suas práticas e autonomia. Mantém absoluta liberdade de ação e nunca sofreu qualquer interferência de outros grupos ou líderes.

Aliás, com participação bastante ativa no movimento, tem ganhado muito com isso. Com a participação em eventos de unificação, pudemos aprender muito e trazer muita experiência para dentro de nossas atividades, mas sempre por iniciativa nossa (refiro-me ao grupo de trabalhadores). Tivemos também a felicidade de ver experiências bem sucedidas em nossa casa serem aproveitadas por outros grupos.

Só vejo vantagens na Unificação. Aquilo a que se chama “defeitos da unificação” é muito mais obra do personalismo humano que da filosofia da unificação.

Ora unidos, produzimos mais, vivemos em fraternidade, trocamos experiências, aprendemos e ensinamos.

Conscientes do valor de nossa Doutrina, só vantagens encontraremos na união de forças, pelo simples fato de se multiplicarem as perspectivas de trabalho. Trabalho da divulgação, da ação no bem, da aproximação dos espíritas. É a causa do Cristo que nos une e esta deve ser a razão de nosso trabalho espírita. A conversão de Zaqueu ao chamado do Mestre deixou uma lição inesquecível aos discípulos: Embora rico materialmente, Zaqueu foi visto por Jesus pelo conteúdo de seus sentimentos, independente das aparências.

Nosso argumento não se refere a valores materiais, como no caso de Zaqueu, mas a aparência de que o movimento atrapalha as Casas é equivocado. Uma Casa Espírita só ganha estando no movimento, pelo simples fato da troca de experiência. Outro pensa diferente de nós: respeitemo-lo! Ele é livre e merece conquistar seus espaços. Nós também não o somos? Isto tem valor a nível individual e coletivo.


Antes de mais nada, pensemos na causa da Doutrina Espírita!

Orson Peter Carrara
Artigo publicado originariamente no jornal Verdade e Luz, edição de outubro de 1997
Fonte:
Agenda Espírita Brasil


26 dezembro 2020

Maledicência - Oceander VeschI


MALEDICÊNCIA

Este ato de “falar mal” de alguém é bem descrito no Evangelho Segundo O Espiritismo como sendo um dos motivos de nos macularmos, ou seja, nos mancharmos com vibrações más (Cap. 8, item 8).

É o que sai de impuro da boca do homem que o torna distante de Deus, pois o que sai da boca primeiro preencheu a mente, e uma mente doente traz amarguras para o corpo e a alma do indivíduo.

O benfeitor Emmanuel nos recorda no livro “Fonte Viva” de que falar mal dos outros é render homenagem aos instintos inferiores, e renunciar ao título de cooperadores de Deus, por ser crítico de suas obras (Cap. 151 – Maledicência).

Reparem bem nisso: falar (mal) dos outros nos distancia de Deus!

E é bem comum justificarmos nossas insatisfações com as falhas alheias: “Só digo a verdade”, ou “não consigo ver coisa errada e ficar quieto”.

Aparentemente isso nos coloca em posição quase que de defensores da justiça, do que é correto e bom. Ledo engano…

A doutrina espírita é clara em nos orientar sempre a buscarmos soluções, e não apontamentos estéreis. Quando estamos falando mal de alguém, não estamos em busca de soluções, mas sim, de denegrir o outro, e isso nos torna cruéis, por que não damos a chance de que o outro se justifique ou se defenda da acusação que fazemos e, tampouco, estamos verdadeiramente interessados em ajudar-lhe a resolver o imbróglio.

E peço licença pra ir além: pode-se considerar até covardia falar de alguém pelas costas, já que se o outro estivesse pessoalmente, não teríamos a mesma audácia nos comentários.

Quando ingerimos este tóxico chamado maledicência vamos programando pra nós um envenenamento que nos leva à ruína.

Ficamos permeados com estas energias de péssima qualidade, e nos habilitamos (mesmo a contragosto) a experimentarmos dissabores dos mais diversos:

Enfermidades no corpo físico, insatisfações, inquietações, desamor e distanciamento dos que nos observam nesta prática infeliz.

“Quando Pedro fala de João, sei mais de Pedro do que de João”, é uma grande realidade. Os amigos se afastam, pois percebem nossa língua afiada e não desejam serem os próximos “alvos” de nossas flechadas verbais.

Sejamos prudentes e próximos das energias saudáveis que os bons espíritos querem nos inspirar. Lembremo-nos do apontamento feito pelo Mestre Jesus, quando orientou que “quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”.

É sempre mais feliz aquele que pelo menos tenta se livrar deste mal que nos toma grande parte de um bem muito preciso: o tempo.

Utilizemos ele para nosso crescimento, auxiliando nossos irmãos, compreendendo as suas limitações e procurando pelo menos não atrapalhá-los com nossas infelizes observações, que muitas vezes estão equivocadas quando à verdade dos fatos. Não sabemos o que levou o outro a agir daquela maneira que nos induz a recriminá-lo.

O antídoto para a maledicência, para quem ainda está saindo dela: o silêncio, ser o ponto final de toda e qualquer inoportuna avaliação.

E para quem já tem boa capacidade observadora das falhas alheias, e já não mais cai na armadilha da maledicência, o caminho a ser seguido é do auxílio, procurando encontrar soluções que ajudem o outro a não mais cometer tais falhas.

Abençoemos a todos, para o bem deles e da organização em que estamos todos inseridos e para que a nossa paz de espírito se faça presente.

Oceander Veschi
Fonte: Kardec Rio Preto

25 dezembro 2020

Feliz Novo Natal - Juliana Ferezin Heck


FELIZ NOVO NATAL

2020 foi um ano desafiador! Foi, não; ainda é!

Ele exigiu calma, pediu prudência, ensinou que é preciso parar! Mostrou que conviver com as pessoas mais amadas requer paciência.

E quantas vezes acreditamos ser pacientes sem o ser de verdade? Quantas vezes julgamos ser amor o que, na verdade, era apenas costume! Pois que 2020 veio arregalar os nossos olhos e expor nossas dificuldades de tal forma que, ou saímos transformados, ou perdemos a grande oportunidade que Deus nos coloca de sermos seres humanos melhores!

E agora o Natal se aproxima.

Época reflexiva, em que somos convidados a relembrar a história de Jesus e seus ensinamentos, em que nos reunimos em uma noite festiva para trocar abraços e presentes.

Mas 2020 está diferente.

Ele ainda nos pede prudência. Abraços não são permitidos; tampouco reuniões! Como então homenagearmos Jesus? Como oferecermos nossos mimos às pessoas que tanto amamos?

Eis que 2020 veio nos reforçar o grande ensinamento de Jesus nos deixou:

Ame o próximo: cuide do outro como você cuida de si mesmo! Preserve-o, proteja-se e pense em todos os que você estará protegendo!

Valorize a família e honre-a. Perceba a grandiosa oportunidade de crescimento e de exercício do amor que você tem dentro da sua casa!

Deus está em você! Com os templos fechados, só nos resta buscar a fé cultivada em solo fértil: no coração! Fé raciocinada e lúcida, capaz de enxergar justiça no meio de tanta dor e conflitos.

Jesus se alegra com aqueles que, resignados, buscaram, ou ainda buscam, a compreensão deste momento vivenciado pela humanidade, e, em meio a esta busca, acabam encontrando a misericórdia de Deus, que acolhe os aflitos e nunca abandona um filho seu.

Que sejamos luz neste Natal, ao nosso próximo mais próximo. Porque, neste momento, esta é a vontade soberana do Pai: que estejamos juntos e unidos às pessoas responsáveis pela nossa grande transformação! 

Feliz Novo Natal!

Juliana Ferezin Heck
Autora dos livros O perfume de Helena e As cores de Alice, Correio Fraterno.
 

24 dezembro 2020

Então é Natal: Ame como Jesus Amou - Maria Lúcia Garbini Gonçalves


ENTÃO É NATAL: AME COMO JESUS AMOU

Apesar de as famílias não poderem se reunir neste Natal devido a COVID-19; apesar de que muitas vidas foram perdidas; apesar de que não podemos abraçar todos que amamos, não há de se negar que a imorredoura psicosfera de união e bons sentimentos renasceu persistente em nossos corações, como uma phoenix renascida das cinzas. Um sentimento todo especial brotou neste Natal, pois as perdas que temos tido nos amadureceu mais, nos aproximou espiritualmente mais uns dos outros e do Aniversariante. E as árvores de Natal brilham ainda nas janelas.

Jesus continua a renascer em nós a cada Natal. E na medida em que vamos evoluindo, nossos Natais irão se sublimando até que acabaremos vivenciando-o no dia a dia naturalmente, e um dia acabaremos com a conclusão que o apóstolo Paulo chegou: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.”. Foi exatamente por isso que Cristo encarnou, o que não é pouco, aliás, é tudo para nós. Ele mudou o curso da história e está nos salvando a cada instante de nossa vida.

A humanidade está no esforço de agir como Jesus agiu há mais de dois milênios, e ainda temos muito, muito a caminhar.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, ou a Boa Nova nos apresenta 28 capítulos, que são um roteiro para conseguirmos que o Cristo viva em nós. Vejamos nesta síntese das sínteses:

Capítulo 1: Não vim destruir a Lei, aqui Jesus afirma que não encarnou aqui para contradizer o que Deus enviou através de Moisés, mas ao contrário, veio dar cumprimento às Leis de Deus. Leia-se para nós: devemos seguir os dez mandamentos, simples assim.

Capítulo 2: Meu Reino Não é deste Mundo. Aqui nos sugere que a vida futura deve ser a nossa principal preocupação, pois o nosso destino é sermos anjos.

Capítulo 3: Há Muitas Moradas Na Casa de Meu Pai. A nossa parte aqui é lembrar que este mundo material não é o único, que existem outros mundos habitados e que o nosso estado mental nos leva ao céu ou ao inferno, depende de nossas escolhas.

Capítulo 4: Ninguém Pode Ver o Reino De Deus Se Não Nascer de Novo. Nós somos Espíritos vivendo num corpo material denso e reencarnamos muitas vezes para evoluirmos espiritualmente. Esse é o modo como chegaremos ao Reino de Deus e então que honremos a vida que temos, sem perder tempo sagrado.

Capítulo 5: Bem-aventurados os aflitos. Assim como Jesus sofreu na Cruz e não reagiu e resignou-se, nós temos que fazer o mesmo, aceitar a dor, pois ela está nos curando, e somos os únicos responsáveis por ela. Este é o mais longo capítulo, uma receita para a dor, melhor que qualquer remédio feito pelo ser humano.

Capítulo 6: O Cristo Consolador. O Jugo Leve. Se nos esforçarmos para ser mansos e humildes de coração encontraremos repouso para a nossa alma e o sofrimento será menor. O Consolador Prometido, O Espírito da Verdade está codificado por Allan Kardec, à nossa disposição para que tiremos todas as nossas dúvidas, relembrando o que Jesus nos disse.

Capítulo 7: Bem-Aventurados os Pobres de Espírito. Novamente é ressaltada a importância da Humildade. A pessoa que é humilde é alguém muito lógico, pois sabe que nada sabe. Aqui fica a lição da importância de combatermos o nosso orgulho e vaidade.

Capítulo 8: Bem-Aventurados os Puros de Coração. A pureza do Coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Quando somos assim, somos puros como as criancinhas, que não julgam e aceitam os semelhantes.

Capítulo 9: Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos. Esses herdarão a Terra regenerada, a caminho da Luz, tendo o Mestre como o norte.

Capítulo 10: Bem-Aventurados os que São Misericordiosos. Aqui aprendemos o valor do perdão e do não julgar, pois todos nós somos pecadores.

Capítulo 11: Amar o Próximo Como a Si Mesmo. Essa é a Lei do Amor que resume todos os capítulos, se amarmos o próximo de verdade, estaremos fazendo como Jesus fez, deixando Ele viver em nós e as outras virtudes aflorarão naturalmente.

Capítulo 12: Amem os Seus Inimigos. Somos convidados a pagar o mal com o bem, evitando duelos, ódio e vingança.

Capítulo 13: Que sua Mão Esquerda Não Saiba o Que faz a Sua Mão Direita. A caridade, a Beneficência e a Piedade nasce nos corações puros e são silenciosas e eficazes. Sejamos assim.

Capítulo 14: Honrar o Pai e a Mãe. Temos a nossa família espiritual que é fácil de amar, mas temos também a carnal, a qual devemos aprender a respeitar e amar, pois é a melhor possível para o nosso crescimento espiritual, escolhida por Deus.

Capítulo 15: Fora da Caridade Não Há Salvação. Quem é bom faz a caridade e quem não se esforça para isso, não encontrou o caminho do amor. É justo, pois faz para o outro o que deseja para si próprio. Aqui neste capítulo entende-se a abrangência da caridade, que não é somente dar-se esmola a alguém.

Capítulo 16: Não se Pode Servir a Deus e a Mamon. O homem rico é apenas o depositário da fortuna que Deus lhe permite, pois ao desencarnar o que conta são as virtudes que conquistou com ela. O mundo material, do dinheiro, não pode ser mais importante que as pessoas e os sentimentos.

Capítulo 17: Sejam Perfeitos. O homem de bem, semeia o amor. Jesus disse que bom mesmo era o seu Pai. Aconselha-nos a sermos perfeitos como o Pai Celestial, que cuidemos de nosso corpo e de nossa alma.

Capítulo 18: Muitos são os Chamados e Poucos os Escolhidos. Aqui aprendemos que o Reino de Deus é para os que escolhem a porta estreita, que é a da salvação e que demanda grandes esforços de autoconhecimento para nos tornarmos homens de bem.

Capítulo 19: A Fé que Transporta Montanhas. Precisamos cultivar a fé, que, segundo Jesus, se fosse do tamanho do grão de mostarda teríamos o poder de remover uma montanha.

Capítulo 20: Os Trabalhadores da Última Hora. São chegados os tempos de transformação da Humanidade. Os que acordaram para a caridade e humildade conquistarão um lugar na Nova Era do nosso planeta, são os Trabalhadores do Senhor.

Capítulo 21: Haverá Falsos Cristos e Falsos Profetas. Hora em que os escolhidos deverão vigiar para não acreditar em falsos profetas, distinguindo as árvores de Deus que dão bons frutos.

Capítulo 22: Não separem o que Deus uniu. Os matrimônios por amor entre um casal é o desejável por Deus.

Capítulo 23: Estranha Moral: Seguir Jesus é um compromisso com Deus que poderá nos fazer optar por caminhos que às vezes poderão nos levar a separações dolorosas, mas necessárias, assim como o Mestre foi à Cruz porque não renunciaria a Deus.

Capítulo 24: Não Coloquem a Candeia Debaixo do Alqueire. Jesus falava por parábolas para que o povo o entendesse, a regra de amor ao próximo deve ser clara para iluminar a todos.

Capítulo 25: Busquem e Vocês Encontrarão. Devemos nos esforçar para remover as pedras de nosso caminho, mas Deus nos dará a força necessária vinda dos Céus.

Capítulo 26: Dar de Graça o que de Graça se Recebe. A mediunidade é uma missão sagrada que deve ser praticada com muita dignidade, e, sobretudo, de graça.

Capítulo 27: Pedir e Receber. A nossa prece deve ser feita humildemente e de coração.

Capítulo 28: Coletânea de Preces Espíritas. Tenhamos consciência de como oramos.

Estudar esse Evangelho, o que Jesus nos falou, não é tarefa fácil nem terminará nesta nossa encarnação, pois à medida que lermos novamente, novos entendimentos apreenderemos, por isso temos tantas obras aprofundando cada frase que Jesus falou.

Mas é Natal! Que cada alma, mesmo que sozinha, na noite de aniversário de Nosso Senhor Jesus Cristo, lembre que Ele nos ensinou o caminho, a verdade e a vida. Ele foi a mais bela lição de amor que a humanidade teve e não desiste de nós, está no leme deste barco chamado Terra.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Fonte: Agenda Espírita Brasil

23 dezembro 2020

Os benefícios da humildade - Momento Espirita


OS BENEFÍCIOS DA HUMILDADE

A humildade é uma virtude relacionada ao reconhecimento de nossas limitações.

Embora poucos saibamos, não se trata de virtude estudada apenas nos campos da religiosidade e da filosofia.

Estudos existem a seu respeito, no campo científico.

Pesquisas, no âmbito da educação, demonstram que a humildade promove bem-estar físico, psicológico, social e espiritual para aquele que a desenvolve.

Isso porque ela proporciona alívio nas preocupações e no sentimento de vulnerabilidade.

Também gera uma diminuição da ansiedade, da depressão e das fobias sociais.

Afirmam esses estudos que essa virtude está relacionada à sabedoria que temos de que não possuímos todo o conhecimento.

Esse reconhecimento nos possibilita a compreensão das nossas limitações.

Não se trata, no entanto, de uma virtude passiva. Ao contrário, é ativa, pois ao reconhecermos que não sabemos tudo, nos colocamos em uma postura de querer e buscar novos conhecimentos.

Segundo os pesquisadores, no campo educacional, a humildade, quando estimulada nos alunos, permite que eles queiram sempre aprender mais, posto que são sabedores das limitações de seus conhecimentos.

Ao reconhecer suas debilidades, se posicionam desejando a própria melhoria e desenvolvimento.

Igualmente há reflexo na relação com seus professores, desde que se dispõem a uma maior aceitação dos ensinos que lhes são transmitidos.

Identificando nos professores aqueles que podem repassar novos conhecimentos, gera uma relação de maior respeito e reciprocidade. Por sua vez, pesquisas no campo da psicologia demonstram que a prática da humildade facilita o desenvolvimento da compaixão, do perdão, do respeito e da autoestima.

E, por possibilitar o surgimento desses bons sentimentos, ela inibe o desenvolvimento da arrogância, do narcisismo e do orgulho.

* * *

Façamos um breve intervalo e nos questionemos se já desenvolvemos em nós a humildade. Ou se precisamos investir nisso.

Iniciemos revendo nossos comportamentos e atitudes.

Temos consciência de que não somos os que sabemos tudo a respeito de tudo?

Em síntese: Sabemos reconhecer nossas limitações nas diversas áreas do saber, do conhecimento?

Somos daqueles que nos colocamos como os que criticam os demais pelo uso incorreto da fala, da escrita, do que apresentam como suas conquistas pessoais?

Ou somos os que nos apresentamos dispostos a querer saber mais, a aprofundar nossos estudos, a aprender com o outro?

O nosso exercício para o desenvolvimento da humildade deve iniciar, no campo mais propício e, ao mesmo tempo, promissor: nosso lar.

Podemos nos dispor a aprender a cozinhar, arrumar uma mesa, passar a nossa roupa.

Podemos aprender um pouco de jardinagem, desde como plantar de forma adequada a semente, aos cuidados com a rega, com a poda.

Quanto bem-estar podemos promover em nossa família a partir de um comportamento mais humilde.

Depois, podemos ampliar o exercício dessa virtude para nossas relações sociais e de trabalho.

Que tal iniciarmos esses exercícios neste dia?

Redação do Momento Espírita, com base no artigo A humildade e a esperança: fatores de resiliência na práxis humana?, de Joana Freitas e Maria Helena Martins, da Revista Omnia, abril 2015.

22 dezembro 2020

Vida Passada. Não Lembro! - Nilton Moreira

 
VIDA PASSADA. NÃO LEMBRO!

Quando estamos em uma roda de boas conversas, sempre nos perguntam como podemos ter vivido outras vidas se não lembramos nada? Então as leituras nos dizem assim:

“Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.

Para nos melhorarmos outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta, a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial. Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes. Se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará.

As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações. Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado, nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores. Sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar”.

Portanto, o lembrar de vidas passadas só nos traria dificuldades em concluir objetivos. Preocupemo-nos mais com o que acontece a nossa volta, tentando detectar o que a vida em si quer nos dizer.

Que Deus nos abençoe a todos.
 
Nilton Moreira
Coluna Semanal - Estrada Iluminada

21 dezembro 2020

Sutís e Perigosos - Joanna de Ângelis


 

SUTÍS E PERIGOSOS


Na ira se encontra a geratriz de muitos males. Agasalha-la significa abrir as comportas do desequilíbrio para que se instalem enfermidades de difícil erradicação.

Comumente o crime se origina no pensamento que se consome pela indisciplina..

A obsessão se instala através das ideias infelizes, que surgem como bagatelas mentais.

Cólera agora, irreflexão mais tarde, e loucura depois.

São inimigos sutis e perigosos que espreitam em forma de insignificantes perturbações.

O pensamento é fonte poderosa. Policiado pelo evangelho verte luz pacificadora; desguarnecido transforma-se em cachoeira destruidora.

Disse o mestre: "Onde estiver o tesouro aí estará o coração".

O tipo de anseio mental que acalentamos se transforma na clausura que nos aprisiona.

Por esta razão, a mensagem do Excelso Instrutor é toda renúncia e libertação.

Renúncia aos atrativos desconcertantes com libertação dos desejos.

Desapego ao personalismo e independência de ação no bem operante.

Disciplina da mente com discernimento da vontade.

Abnegação no serviço com incorruptível devotamento ao dever.

Num momento de desajustes de toda natureza, qual o que se respira na terra, a preservação da paz é tarefa árdua, considerando-se que as atividades se mercantilizaram, fazendo que até mesmo o cristão decidido sinta o tormento das remunerações e dos soldos, das recompensas e dos pagamentos.

Há, no entanto, na esfera da ação cristã espiritista o nobre soldo do suor e a considerável recompensa do prazer pelo serviço realizado..

Levando-se em conta o impositivo imortalista e a destinação sublime para todos reservada, esqueçamos mágoas e queixas, abandonando as velhas exigências das moedas e, resolutos, os objetivos mais elevados darem encarnação, espalhamos otimismo onde estivermos.

* * *

A árvore frondosa ignora a sua procedência.

A borboleta colorida não sabe que rastejou no solo.

A fonte transparente esquece o lodo que lhe serve de apoio.

Nascidos da Luz, demandamos a Luz Divina.

Fadados a felicidade plena, avançamos pela correnteza da evolução com o pensamento no porto de chegada.

Conservamos a saúde da mente e do corpo, preservando-os das investidas do Mal.

O vidro que coa a luz do sol é responsável pela projeção do raio de luz, tanto quanto o espelho que reflete a imagem. Asseio ou sujidade são problemas do instrumento...

Mantenhamos a serenidade e a nossa paz se espalhará entre todos.

* * *

Não poucas vezes, após o vozerio e o entusiasmo da multidão saciada, o Senhor Jesus se refugiava no silêncio da oração, procurando sintonizar com o Pai e reencontrar-se consigo mesmo para, reabastecido de amor, retornar ao rebanho aturdido, em equilíbrio de atitude e serenidade de espírito.

Faze, também, o mesmo, buscando a solidão da prece, no silêncio da alma, quando estes perigos sutis tem angustiarem ou aturdirem, a fim de poderes retornar ao trabalho renovado e calmo.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 26

20 dezembro 2020

Esquizofrenia: Reflexos de Vidas Passadas - Paulo Velasco


ESQUIZOFRENIA: REFLEXO DE VIDAS PASSADAS

A esquizofrenia é uma doença cerebral crônica que afeta 1% da população mundial e se manifesta entre os 15 e 35 anos.

Os sintomas de esquizofrenia podem incluir delírios, alucinações, problemas de raciocínio e concentração e falta de motivação. No entanto, quando esses sintom as são tratados, a maioria das pessoas com esquizofrenia melhora muito com o tempo e pode chegar próximo à normalidade.

Entretanto, André Luiz, por meio da psicografia de Chico Xavier, relata que a esquizofrenia se origina de perturbações no perispírito. Então, compreendemos que Esquizofrenia pode ser um distúrbio espiritual. Qual o papel do campo extra físico em transtornos de nossa psique? Quais métodos podemos trazer para nosso cotidiano para atingirmos uma vida mais saudável?

Quem sofre com a esquizofrenia tem consequências que aparecem no corpo físico com sintomas variados e imprevisíveis. A mente começa a remoer remorsos e preocupações, que atingem os lobos frontais, obrigando a pessoa a não conseguir meditar consigo mesmo.

Desta forma, o esquizofrênico acaba se retraindo para si mesmo e se isolando do mundo. O resultado é autismo e isolamento. Algumas lembranças de vidas passadas podem manifestar-se na vida deste encarnado, fenômeno conhecido como ressonância do passado.

Várias entidades podem obsediar o encarnado, fazendo com que o mesmo tenha visões, incluindo a influenciação mental e as obsessões mais complexas como possessão e subjugação.

A esquizofrenia se trata ainda de uma doença inquietante da psiquiatria. Porém, André Luiz diz que o espiritismo científico a qualifica como uma enfermidade de origem espiritual e de expiação. A justiça de Deus é infinita na recuperação de nossos espíritos enfermos. A Lei do Progresso nos faz seguir conhecendo as tendências desta psicose, e estas psicoses são autenticas doenças do Espírito em severas respostas cármicas, quase sempre demarcando toda a jornada carnal... Os sintomas, por não terem o devido esgotamento no campo do exaustor físico (personalidade) perduram e refletem-se em outra reencarnação.

Por isso, o doente mental sob a ótica espírita é seguramente um transgressor dos códigos das Leis Divinas.

É uma enfermidade muito complexa, nos estudos da saúde mental. As pesquisas psiquiátricas, psicanalíticas e neurológicas têm projetado grande luz às terapêuticas de melhores resultados nas vítimas dessa terrível alienação. No entanto, há ainda muito campo a desbravar, em razão de as suas origens profundas se encontrarem inseridas no Espírito que delinque.

A consciência individual, representando, de algum modo, a Cósmica, não se poupa, quando se descobre em delito, após a liberação da forma física, engendrando mecanismos de autorreparação ou que lhe são impostos pelos sofrimentos advindos da estância do além-túmulo.

Afetando o equilíbrio da energia espiritual que constitui o ser eterno, a consciência individual imprime, nas engrenagens do perispírito, os remorsos e turbações, os recalques e conflitos que perturbarão os centros do sistema nervoso e cerebral, bem como os seus equipamentos mais delicados, mediante altas cargas de emoção descontrolada, que lhe danificam o complexo orgânico e emocional.

Noutras vezes, desejando fugir à sanha dos inimigos, o Espírito busca o corpo como um refúgio no qual se esconde bloqueando os centros da lucidez e da afetividade, que respondem como: indiferença e insensibilidade, no paciente de tal natureza.

A Doutrina Espírita vem nos alertar para que as famílias que possuem portadores de esquizofrenia, que tratem o paciente com amor, que procurem conhecer todos os sintomas da doença e, principalmente, que cuidem de si próprias, caso contrário não conseguirão lidar com o estresse comum nessas situações.

Paulo Velasco
(Fonte: “No Mundo Maior”, pelo espírito André Luiz, FEB)

19 dezembro 2020

Como se Verifica a Alimentação dos Espíritos Desencarnados? - André Luiz

(Cena do filme Nossa Lar)
 
COMO SE VERIFICA A ALIMENTAÇÃO DOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS?

Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terrestres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espetacular.

Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do Plano Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da Terra, porém fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos sistemas de sustentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da alma, porquanto, pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimio-eletromagnéticas, hauridas no reservatório da Natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si.

Essa alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas entre aqueles que se amam, é muito mais importante que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgânica e mental da personalidade.

Daí porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral.

De qualquer modo, porém, o corpo espiritual com alguma provisão de substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta com os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe são peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos, pela epiderme ou pelos emunctórios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nível, nas operações nutritivas, e pela essencialização dos elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático determinados excessos e inconveniências dos sólidos e líquidos da excreta comum.


Uberaba, 16/4/58.


Pelo Espírito André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Obra: Evolução em Dois Mundos


18 dezembro 2020

O Ùltino Despreendimento - Carlos Imbassahy

 
O ÚLTIMO DESPREENDIMENTO

Da obra de Chevreuil colhemos o seguinte depoimento de notável facultativo; o fato consta de suas memórias: "Minhas faculdades permitiram-me estudar o fenômeno psíquico e fisiológico da morte à cabeceira de um moribundo

Era uma senhora de uns 60 anos, a quem costumava dar conselhos médicos. Quando chegou a hora da morte, eu me achava em perfeita saúde, o que me tornava possível exercitar minha faculdade de vidência.

Pus-me então a estudar o mistério da morte. Vi que o seu organismo já não podia satisfazer às necessidades do princípio espiritual, mas pareceu-me que vários órgãos opunham resistência à partida da alma. O sistema muscular tentava reter as forças motrizes; o vascular debatia-se para reter o princípio vital; o nervoso lutava contra o aniquilamento aos sentidos físicos e o cerebral procurava reter o princípio intelectual. Corpo e alma, como cônjuges, resistiam à separação. Esses conflitos pareciam produzir sensações penosas, de sorte que me alegrei quando percebi que aquelas manifestações físicas indicavam, não a dor e a enfermidade, senão a separação da alma.

"Nos seres voluntariosos, dominadores, materiais, a agonia é às vezes dolorosa. Há agonizantes que se contraem horrivelmente, que se agarram, arranham a parede, arrancam com as unhas pedaços de pele.

“Pouco depois a cabeça cercou-se de brilhante atmosfera e vi, de repente, o cérebro e o cerebelo estenderem as suas partes inferiores e ficarem paralisadas as funções galvânicas. A cabeça Ficou como que iluminada e notei que as extremidades se tornaram frias e escuras, enquanto o cérebro adquiria especial refulgência.

"Em torno da atmosfera fluídica que lhe rodeava a cabeça, formou-se outra cabeça que cada vez mais se acentuava. Tão brilhante era que mal a podia fixar. À medida porém que essa cabeça fluídica se condensava, desaparecia a atmosfera brilhante. Com surpresa, acompanhei as fases do fenômeno: vi formarem-se sucessivamente o pescoço, as espáduas, o conjunto do corpo fluídico. Tornou-se me evidente que as partes intelectuais do ser humano são dotadas de uma afinidade eletiva quê lhes permite reunirem-se no momento da morte. Os defeitos físicos tinham desaparecido quase por completo do corpo fluídico.

"Para as vistas materiais das pessoas presentes, o corpo da moribunda parecia apresentar sintoma de angústia: eram porém fictícios; provinham das forças que se retiravam do corpo, que se concentram no cérebro e depois no novo corpo.

"O Espírito elevou-se em ângulo reto acima da cabeça do corpo abandonado; antes porém da separação vi uma corrente de eletricidade vital formar-se sobre a cabeça da agonizante e por sob o novo corpo fluídico.

"Convenci-me que a morte não é mais do que um renascimento da alma, elevando-se de um estado inferior, e que o nascimento de uma criança neste mundo ou a formação de um espírito no outro, são fatos idênticos. Nada falta, nem mesmo o cordão umbilical, figurado por um laço de eletricidade vital. Este laço subsistiu por algum tempo entre os organismos. Descobri então que parte do fluido vital volta ao corpo físico, logo que se rompe o cordão. Esse elemento fluídico ou elétrico, espalhando-se pelo organismo, lhe impede a rápida dissolução. "Logo que a alma se soltou dos laços tenazes que a prendiam verifiquei que o órgão fluídico tinha a aparência terrena. Foi-me impossível descobrir o que se passava naquela inteligência que revivia; notei-lhe, entretanto, calma e espanto por ver os outros chorarem. Dir-se-ia ter percebido a ignorância em que estavam do que realmente se havia passado". (139)

(139) Léon Chevreuil. On ne meurt pas. Paris. Pág. 290. Erny. Le Psychisme expérimental. Ed. Fiam. Págs. 94-97.


Carlos Imbassahy
Fonte: O que é a Morte - Edicel


17 dezembro 2020

Hauptmann -- Irmão X (Humberto de Campos)


HAUPTMANN

“Na Casa da Morte”, em Trenton, Bruno Richard Hauptmann desfolha, pela última fez, o calendário de suas recordações. É de tarde. O condenado sente esvaecer-se-lhe a derradeira esperança. Já não há mais possibilidade de adiamento da execução depois das decisões do Grande Júri de Mercer, e o caso Wendel representava o único elemento que modificaria o epílogo doloroso da tragédia de Hopewell.
O governador do Estado de Nova Jérsey já havia desempenhado a sua imitação de Pilatos, e o senhor Kimberling nada mais poderia realizar que o cumprimento austero das leis que condenaram o carpinteiro alemão à cadeira elétrica.

Hauptmann sente-se perdido diante do irresistível e chora, protestando a sua inocência. Recapitula a série de circunstâncias que o conduziram à situação de indigitado matador do baby Lindenbergh, e espera ainda que a justiça dos homens reconheça o seu erro, salvando-o, à última hora, das mãos do carrasco. Mas a justiça dos homens está cega; tateando na noite escura de suas vacilações, não viu senão a ele, no amontoado das sombras.

A polícia norte-americana precisava que alguém viesse à barra do Tribunal responder-lhe por um crime nefando, satisfazendo assim as exigências da civilização, salvaguardando o seu renome e a sua integridade.

E o carpinteiro de Bronx, o olhar marcado de lágrimas, recorda os pequenos episódios da sua existência. A sua velha humilde de Kamentz; o ideal da fortuna nas terras americanas, a esposa aflita e desventurada e a imagem do filhinho, brincando nas suas pupilas cheias de pranto, Hauptmann esquece-se então dos seus nervos de aço e da sua serenidade perante as determinações da justiça, e chora convulsivamente, enfrentando os mistérios silenciosos da Morte. Paira no seu cérebro a desilusão de todo o esforço diante da fatalidade e, sentindo o escoamento dos seus derradeiros minutos, foge espiritualmente do torvelinho das coisas humanas para se engolfar nas meditações das coisas de Deus. Suas mãos cansadas tomam a Bíblia do padre Werner e o seu espírito excursiona no labirinto das lembranças. Ao seu cérebro atormentado voltam as orações aprendidas na infância, quando sua mãe lhe punha na boca os salmos de Davi e o santo nome de Deus. Depois disso ele viera para o mundo largo, onde os homens se devoram uns aos outros no círculo nefasto das ambições. Suas preces de menino se perderam como restos de um naufrágio em noite de procela. Ele não conhecera nenhum apóstolo e jamais lhe mostraram, no turbilhão escuro das lutas humanas, uma figura que se assemelhasse àquele Homem Suave dos Evangelhos; entretanto, nunca como naquela hora, ele sentiu tanto o desejo de ouvir-lhe a palavra sedutora do Sermão da Montanha. Aos seus ouvidos ecoavam as derradeiras notas daquele cântico de glorificação aos bem-aventurados do mundo, pronunciado num crepúsculo, há dois mil anos, para aqueles que a vida condenou ao infortúnio e uma voz misteriosa lhe segredava aos ouvidos os segredos da cruz, cheia de belezas ignoradas. Hauptmann toma o capítulo do salmo XXIII e repete com o profeta: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará.”

O relógio da Penitenciária prosseguia, decifrando os enigmas do tempo, e o carrasco já havia chegado para o seu terrível mister. Cinqüenta testemunhas ali se conservavam para presenciar a cena do supremo desrespeito pelas vidas humanas. Médicos, observadores das atividades judiciárias, autoridades e guardas, ali se reuniam para encerrar tragicamente um drama sinistro que emocionou o mundo inteiro.

O condenado, à hora precisa, cabelos raspados a máquina zero e a calça fundida para que a execução não falhasse, entra, calado e sereno, na Câmara da Morte. Havia no seu rosto um suor pastoso como o dos agonizantes. Nenhuma sílaba se lhe escapou da garganta silenciosa.

Contemplou calmamente o olhar curioso e angustiado dos que o rodeavam, representando ironicamente o testemunho das leis humanas. No seu peito não havia o perdão de Cristo para os seus verdugos, mas um vulcão de prantos amargos torturava-lhe o íntimo nos instantes derradeiros; considerando toda inutilidade de ação, diante do Destino e da Dor, deixou-se amarrar à poltrona da morte enquanto os seus olhos tangíveis não viam mais os benefícios alegres da claridade, mergulhando-se nas trevas compactas em que iam entrar.

Elliot imprime o primeiro movimento à roda fatídica, correntes elétricas anestesiam o cérebro do condenado, e, dentro de quatro minutos, pelo preço mesquinho de alguns centavos, os Estados Unidos da América do Norte exercem a sua justiça, não obstante as dúvidas tremendas que pairam sobre a culpabilidade do homem sobre cuja cabeça recaíram os rigores de suas sentenças. Muito se tem escrito sobre o doloroso drama de Hopewell. Os jornais de todo o mundo focalizaram o assunto, e as estações de rádio encheram a atmosfera com as repercussões dessa história emocionante; não é demais, portanto, que “um morto” se interesse por esse processo que apaixonou a opinião pública mundial. Não para exercer a função de revisor dos erros judiciários, mas para extrair a lição da experiência e o benefício do ensinamento.

As leis penais da América do Norte não possuíam elementos comprobatórios da culpa do Bruno Hauptmann como autor do nefando infanticídio. Para conduzi-lo à cadeira da morte não se prevaleceu senão dos argumentos dubitativos, inadmissíveis dentro da cultura jurídica dos tempos modernos. Muitas circunstâncias preponderavam no desenrolar dos acontecimentos, e que não foram tomadas na consideração que lhes era devida. A história de Isidoro Fisch, a ação de Betty Cow e de Violetta Scharp, a leviandade das acusações de Jafzie Condon e a dúvida profunda empolgando todos os corações que acompanharam, em suas etapas dolorosas, o desdobramento desse processo sinistro.

Mas em tudo isso, nessa tragédia que feriu cruelmente a sensibilidade cristã, há uma justiça pairando mais alto que todas as decisões dos tribunais humanos, somente acessível aos que penetraram o escuro mistério da Vida, no ressurgimento das reencarnações.

Hauptmann sacrificado na sua inocência, Harold Hoffmann com desprestígio político perante a opinião pública do seu país e Lindbergh, herói de um século, ídolo do seu país e um dos homens mais afortunados do mundo, fugindo de sua terra a bordo do “American Importer”, onde quase lhe faltava o conforto mais comezinho, como se fora um criminoso vulgar, são personalidades interpeladas na Terra pela Justiça Suprema.

Nos segundos e nos espaços há uma figura de Argos observando todas as coisas.

No seu tribunal do direito absoluto a Têmis divina arquiteta a trama dos destinos de todas as criaturas. E só nessa Justiça pode a alma guardar a sua esperança, porque o direito humano, quase sempre filho da supremacia da força, é às vezes falho de verdade e de sabedoria.

Dia virá em que a justiça humana compreenderá a extensão do seu erro, condenando um inocente. As autoridades jurídicas hão de se preparar para a enunciação de uma nova sentença, mas o processo terá subido integralmente para a alçada da equidade suprema. Debalde os juízes da Terra tentarão restabelecer a realidade dos fatos com os recursos de sua tardia argumentação, porque nesse dia, quando Bruno Richard Hauptmann for convocado para o último depoimento em favor do resgate de sua memória, o carpinteiro de Bronx, que os homens eletrocutaram, não passará de um punhado de cinzas
.

Pelo Espírito Irmão X
 Do livro: Palavras do Infinito
Médium: Francisco Cândido Xavier


16 dezembro 2020

Vida íntima - Divaldo Pereira Franco

(Copyright Cris Rinaldi)

VIDA ÍNTIMA

O enunciado socrático a respeito da autoiluminação, exarado no conceito Conhece-te a ti mesmo, permanece de grande atualidade, em nossa sociedade aturdida.

A criatura moderna, intelectualizada e instrumentalizada para a felicidade mediante as conquistas exteriores e os padrões extravagantes de cada época, vem perdendo a própria identidade e muda de comportamento conforme os ventos das fantasias do prazer, qual embarcação sacudida por ventos vários.

As ambições externas para a conquista do prazer e das glórias momentâneas atira a cultura em diferentes direções, e as metas tradicionalmente consagradas como roteiros de segurança para uma existência ditosa vêm sendo substituídas por comportamentos estranhos, alterados com vícios sociais e morais que a exaurem.

Acompanhamos o surgimento de filosofias de ocasião, debates verbais e escritos, estimulando a revolta e a indiferença pelos valores éticos, dando lugar a uma sociedade de atormentados e infelizes, mesmo quando sentados nas montanhas de ouro do poder e da fama.

Periodicamente, no auge de uma overdose de substâncias químicas ou sem nexo pelo alcoolismo, muitos sucumbem em suicídios extravagantes, falando a respeito do vazio existencial, embora tudo quanto possuem e desfrutam.

Sucede que nas filosofias do prazer imediato e da igualdade absoluta, num devaneio que encontra participantes ultrajados por si mesmos, todo estímulo é para fora, para o exterior da realidade humana e se considera o sofrimento uma desgraça que deve ser combatida sem cessar.

O notável psiquiatra austríaco Viktor Frankl concluiu que existem três fatores que todos os seres humanos enfrentam e têm que resolver a sua problemática, numa questão de objetivo existencial, que são: a culpa, o sofrimento e a morte.

Esses elementos, que se encontram em todas as vidas, devem ser enfrentados interiormente, num esforço de autoconhecimento, de iluminação das sombras do ego, trabalhando-os com naturalidade e vencendo-os, ou aceitando-os com naturalidade, porquanto são inevitáveis.

Jesus, o Terapeuta por excelência, chamava-os de Reino dos Céus, que se encontra no âmago do ser, e demonstrou-nos como vencer esses adversários, enfrentando-os sem disfarce. Para tanto, estabeleceu regras de conduta que contribuem para a harmonia íntima e o preenchimento dos vazios íntimos mediante o amor e a solidariedade.

Dar sentido à vida é significar-se útil sob qualquer aspecto, lúcido em relação àquilo que lhe faz bem e o dignifica, superando lembranças culposas e enfrentando o fenômeno da morte como inevitável por fazer parte do processo da vida.

A oração honesta, a meditação e o serviço em favor do próximo são os efeitos de uma vida íntima saudável e feliz.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 26 de novembro de 2020.

15 dezembro 2020

Ação e Reação - Sérgio Biagi Gregório


AÇÃO E REAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é mostrar que o acaso não existe e que um futuro promissor depende das boas ações praticadas no presente.

2. CONCEITO

Ação – ato ou efeito de agir. Manifestação de uma força, de uma energia, de um agente.

Em termos espirituais, a ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para estabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. (Equipe da FEB, 1995)

Reação - Ato ou efeito de reagir. Resposta a uma ação qualquer. Comportamento de alguém em face de ameaça, agressão, provocação etc.

Em termos espirituais, a reação é a consequência que a ação humana acarreta ao ser defrontada com a Lei Natural.

3. ASPECTOS GERAIS

Deus, que é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, estabeleceu leis, chamadas de naturais ou divinas. Elas englobam todas as ações do homem: para consigo mesmo, para com o próximo e para com o meio ambiente.

Numa fase mais rudimentar, funciona o determinismo divino; com o desenvolvimento do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim de que sinta responsabilidade pelos atos praticados.

Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um modelo colocado por Deus na sua consciência, no sentido de nortear-lhe os seus atos.

A reação nada mais é do que uma resposta da natureza às nossas ações. Reações estas baseadas na lei natural.

O raciocínio poderia ser expresso assim: há uma ação que provoca uma reação; a ação da reação provoca uma nova reação; a ação da reação da reação provoca outra ação. A isso poderíamos denominar de cadeias de ação e reação.

A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma, ou seja, o somatório do mérito e do demérito de todas as ações praticadas pelo indivíduo.

A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a perfeição do Espírito.

4. AÇÃO

4.1. PRINCÍPIO DA AÇÃO

Os movimentos que executamos em nosso dia a dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária. Ocupar-se provém de um preocupar-se. À preocupação com uma ação futura, denominamos princípio da ação.

Um exemplo tornará claro esse pensamento. Barbear-se é uma ação que a maioria dos homens pratica. O barbear-se está ligado a um princípio que o indivíduo forjou para si, ou seja, ele tomou uma decisão de apresentar-se barbeado. Ele deseja estar barbeado e não barbudo, como também poderia escolher ficar com barba. Nesse caso, eliminaria a ação de barbear-se, mas deveria aparar as barbas uma vez por semana.

Assistir a ou proferir uma palestra é uma ação. O princípio subjacente a este encontro está calcado tanto na conduta do expositor quanto na do ouvinte. O primeiro tem o dever de preparar o assunto; o segundo, o preparo mental e espiritual para ouvir.

4.2. OS MEIOS E OS FINS DE UMA AÇÃO


Estamos sempre confundindo os meios com os fins. Poder-se-ia perguntar: qual o fim de uma palestra? Qual o fim de uma religião? Qual o fim de um sindicato? As respostas poderiam ser: o fim de uma palestra espírita é difundir a verdade; o fim da religião é salvar os seus adeptos; o fim de um sindicato é defender os interesses de seus associados. Pode-se, contudo, confundir os meios com os fins: o expositor pode querer fazer prosélitos à custa da verdade; o Pastor, o Padre ou o mesmo o Espírita embora clamem pela salvação do adepto, acabam proibindo a salvação do mesmo em outra Igreja que não seja a sua; O presidente do sindicato pode promover greves, não para defender os interesses dos seus associados, mas para a sua ascensão política.

4.3. AUTONOMIA DE UMA AÇÃO

Temos, por várias razões, dificuldade de agir livremente. 1) A ignorância. Como escolher quando não se conhece? 2) Desenvolvimento determinístico imposta pelo princípio de causalidade. 3) Escassez de recursos naturais. São os terremotos, tempestades, acidentes etc.

O que permanece livre dessas amarras constitui o livre-arbítrio.

Há uma lenda japonesa que retrata a autonomia da ação: Kussunoki Massashige, famoso guerreiro do antigo Japão, celebérrimo pela sua inteligência e pelos seus lances geniais de estratégia, vivia desde sua infância no meio dos guerreiros. Uma vez, no castelo de seu pai, observava os guerreiros que, reunidos ao redor de um enorme sino, apostavam quem deles conseguiria pô-lo em movimento. Contudo, nenhum deles, mesmo o mais hercúleo conseguiu mover milímetro do sino. O menino assistia a tudo isso com muito interesse. De repente, apresenta-se para mover o sino, desde que tomasse o tempo necessário para tal mister. Ele cola o seu corpo ao sino e começa a fazer esforço para balançar o sino. Depois de várias tentativas o sino começou a mover-se; primeiro lentamente; depois com mais força, formando uma simbiose entre o sino e o peso do garoto.

Qual a lição moral deste conto? É que devemos nos amoldar à situação e não o contrário. Observe a chegada de novos companheiros a um Centro Espírita: quantos, numa primeira reunião, não querem mudar tudo. Qual o resultado? Não conseguirão nada, porque não absorveram as atitudes e os comportamentos das pessoas envolvidas com a situação.

5. REAÇÃO

5.1. REAÇÃO NÃO É SÓ SOFRIMENTO

Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e de sofrimento: é como o pecador ardendo no fogo do inferno. No meio espírita, toma-se como sinônimo de carma, que implica em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A reação, por seu turno, nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. A reação é simplesmente uma resposta, nada mais. Suponha que estejamos praticando boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não seria melhor confiar na Vontade de Deus, na execução de sua justiça, que nos quer trazer a felicidade?

5.2. LEI DE DEUS

Qual o móvel que determina uma reação? É a Lei de Deus. Se a prática de uma ação não for concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela não expressar o bem ao próximo, ela não foi praticada em função da vontade de Deus. Qual será a reação com relação à Lei? Dor e sofrimento.

Qual deve ser a nossa atitude para com a dor? Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela não conseguiremos nos amoldar eficazmente à Lei de Deus. Se, por outro lado, interpretássemos a dor e o sofrimento como um ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida, quem sabe não viveríamos melhor.

5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI

A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer que tudo o que se nos acontece deveria nos acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua Lei.

Como é que deveríamos agir com relação ao sofrimento? Verificar onde erramos. Caso tenhamos cometido algum crime, algum deslize, deveríamos nos arrepender. Basta apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer de forma educada. Ainda mais: temos que reparar o mal que fizemos. Deus se vale das pessoas, mas o nosso problema é com relação a radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa consciência nos indicará o erro e teremos que refazer o mal praticado.

6. A PASSAGEM DO TEMPO ENTRE A AÇÃO E A REAÇÃO

6.1. ANTECEDENTES E CONSEQUENTES

A causa passada gera uma dor no presente; a causa presente provoca um sofrimento futuro. Um fato social é um evento quantitativo: aconteceu em tal dia, em tal local e em tal hora. A passagem do tempo transforma o fato quantitativo em fato qualitativo. Como se explica? Observe a água: ela é formada da junção de 2 elementos de hidrogênio com 1 de oxigênio. A água, embora contenha dois elementos de hidrogênio e um de oxigênio, é qualitativamente diferente do hidrogênio e do oxigênio.

6.2. O TEMPO MODIFICA QUALITATIVAMENTE A CAUSA

Transportemos o exemplo da água para o campo moral. Suponha que há 300 anos houve um assassinato entre duas pessoas que se odiavam. Como consequência, criou-se um processo obsessivo entre os dois. O fato real e quantitativo: um assassinato, que produziu um agravo à Lei de Deus e que deverá ser reparado. Os 300 anos transcorridos modificaram tanto aquele que cometeu o crime quanto aquele que o sofreu. E se a vítima já perdoou o seu assassino? E se o assassino vem, ao longo desse tempo, praticando atos caridosos? Será justo aplicar a lei do olho por olho e dente por dente? Aquele que matou deverá ser assassinado? O que acontece? Embora o assassino tenha que reparar o seu erro, pois ninguém fica imune diante da lei, a pena pode ser abrandada, em virtude de seus atos benevolentes.

6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO

Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que frequentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça...”

7. CONCLUSÃO

A prática da caridade tem valor científico, ou seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos à Lei Divina. Assim, se soubermos viver sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente faremos uma passagem tranquila ao outro plano de vida.

Sérgio Biagi Gregório
Fonte:
Espiritismo em Movimento

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Meste Jou, 1967.

BUZI, ARCÂNGELO R. A Identidade Humana: Modos de Realização. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.

XAVIER, F. C., VIEIRA, W. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978.