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28 fevereiro 2015

Os Espíritos afirmam que nunca houve povos de ateus na Terra - Jorge Hessen



OS ESPÍRITOS AFIRMAM QUE NUNCA HOUVE POVOS DE ATEUS NA TERRA


A ameaça de um Deus todo-poderoso observando qualquer pessoa que sair da linha ajudou a manter a ordem em sociedades antigas. E novamente, insegurança e sofrimento podem ter ajudado a incentivar a consolidação de religiões com códigos morais mais rígidos. Por inúmeros motivos – psicológicos, neurológicos, históricos, culturais e logísticos – especialistas acreditam que a ideia e crença em Deus provavelmente nunca desaparecerão.

A obra “Essência do Cristianismo”, publicada em 1841, por Ludwig Feuerbach, entusiasmou filósofos como Engels, Marx, David Strauss e Nietzsche. Feuerbach considerava que Deus é uma invenção humana e que as atividades religiosas são usadas para a realização de desejos.[1] Karl Marx e Friedrich Engels argumentaram que a crença em Deus e na religião são funções sociais, utilizadas para narcotizar a mente. Marx procurou “alforriar” o homem de Deus, entretanto algemou-o ao materialismo.

Nos dias atuais tem crescido o número de pessoas que se declaram sem religião. No Brasil, até os anos 70, elas eram menos de 1% da população. Nos anos 90, 5,1%; em 2013 mais de 15 milhões de brasileiros (em torno de 13% da população) dizem não ter religião, conforme o IBGE. Segundo dados da Enciclopédia Britânica, em 1994 cerca de 240 milhões de pessoas declaravam-se ateístas e mais de 900 milhões diziam-se não religiosas. Hoje, o grupo dos que se declaram ateus, agnósticos[2] ou sem religião em todo o mundo, só fica atrás daqueles que se dizem cristãos (2,2 bilhões de pessoas) e muçulmanos (1,5 bilhão).

“Segundo uma pesquisa do instituto Gallup International, que entrevistou mais de 50 mil pessoas em 57 países, o número de indivíduos que se dizem religiosos caiu de 77% para 68% entre 2005 e 2011, enquanto aqueles que se identificaram como ateus subiram 3%, elevando a 13% a proporção dessa parcela”.[3] As nações que registram maiores taxas de ateísmo tendem a ser aquelas que oferecem a seus cidadãos uma estabilidade econômica, política e existencial relativamente alta. Paradoxalmente, os Estados Unidos estão entre os países mais ricos do mundo, mas apresentam altas taxas de religiosidade.[4]

Acadêmicos ainda estão tentando destrinchar os fatores complexos que levam um indivíduo ou uma nação ao ateísmo, entretanto existem alguns pontos em comum. Parte do apelo das religiões está na segurança que ela oferece em um mundo de incertezas.[5] Para Phil Zuckerman, professor de sociologia e estudos seculares no Pitzer College, na Califórnia, autor de Living the Secular Life (“Vivendo uma vida secular”, em tradução livre), “há muito mais ateus no mundo hoje do que jamais houve, tanto em números absolutos quanto em porcentagem da humanidade”.[6] Será mesmo? Quem sabe Zuckerman esteja equivocado!

Carl Gustav Jung, num programa da televisão americana, disse que não acreditava em Deus porque sabia que Ele existia!!! Voltaire afirmou que não acreditava nos deuses criados pelos homens, mas sim no Deus Criador do homem. Sócrates nomeava Deus como “A razão perfeita”, e o seu educando Platão O designava por “Ideia do bem”. “Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber”.[7]

Porém, Mikhail Bakunin, da Rússia, sob as inspiração dos ideários do francês Proudhon, afirmava que “a ideia de Deus implica a abdicação da razão e da justiça humanas. É a negação mais decisiva da liberdade humana e, necessariamente, termina na escravização do homem. O anarquista inverteu o aforismo voltairiano – “se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo” – afirmando que se “Deus realmente existisse, seria necessário aboli-lo”. Seguindo essa linha de crença pessoal, Stephen Hawking, um dos mais citados físicos teóricos desde Einstein, confinado a uma cadeira de rodas por conta de uma Doença Neuronal Motora (MND), tem asseverado insistentemente que não há a necessidade de invocar Deus para explicar a existência do Universo. Garante que “não existe nenhum paraíso e ou vida após a morte”.[8] Sob o deslumbramento de sua estranha argúcia acadêmica, jaz continuamente negando a existência de Deus.

No século XIX, Alan Kardec, o extraordinário filho de Lyon, indagou aos Benfeitores do além: “Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?” [9] Os Sábios espirituais responderam: “Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá”. [10] Desde o século XIX o Espiritismo tem confirmado pelos fatos as relações entre o mundo material, o além-túmulo e Deus. Nova luz tem despertado consciências humanas. A Fé e a Razão são as duas asas pelas quais o coração se ergue para confirmar a existência de Deus.

O Criador assentou no coração humano o anseio de conhecer a verdade e de compreendê-Lo, para que admitindo-O e amando-O alcance aproximar-se da verdade plena sobre si próprio. A fé precisa da razão tanto quanto esta necessita da fé, a fim de que o ateísmo seja definitivamente debelado.

Por mais que os descrentes procurem justificar seu ateísmo, este só pode subsistir em palavras desocupadas, ocas, desprovidas de qualquer substância moral, filosófica e científica. Os Espíritos asseguram que “nunca houve povos de ateus. Todos seres compreendem que acima de tudo há um Ente Supremo.”[11] Para Allan Kardec, “sempre houve e haverá cada vez mais espiritualistas do que materialistas e mais devotos do que ateus.”[12] Certa vez o mestre de Lyon consultou a condição espiritual de um ateu desencarnado. Este revelou o seu estado psicológico no além, nos seguintes termos: “Sofro pelo constrangimento em que estou de crer em tudo quanto negava. Meu Espírito está como num braseiro, horrivelmente atormentado”.[13]

Jorge Hessen

Notas e Referências bibliográficas:

[1] Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ate%C3%ADsmo acesso em 09/02/2015
[2] Enquanto os ateus negam a existência de Deus, os agnósticos garantem não ser possível provar a existência divina.
[3] Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141230_vert_fut_religiao_futuro_ml#share-tools acessado em 09/02/2015
[4] idem
[5] idem
[6] idem
[7] Kardec, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Ed Feb, 2001, Cap. II – A Providência, item 3 
[8] Disponível em http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/stephen-hawking%E2%80%9Cvida-apos-a-morte-e-um-conto-de-fadas%E2%80%9D acessado em 04/10/2014
[9] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994, Questão 4
[10] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994, Questão 4
[11] Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, questão 651 , RJ: Ed FEB, 2001
[12] Kardec Allan. A Gênese, Cap. XI item 4 RJ: Ed FEB, 2001.
[13] Kardec Allan. O Céu e o Inferno Segunda Parte, Cap. V , RJ: Ed FEB, 2001

27 fevereiro 2015

Ao Médium Doutrinador - André Luiz



AO MÉDIUM DOUTRINADOR

Meu Amigo.

Considera na mediunidade uma poderosa alavanca de expansão do Espiritismo, reconhecendo, porém que a Doutrina Espírita e o serviço mediúnico são essencialmente distintos entre si. Todos os encarnados são médiuns e antigos devedores uns dos outros.

Nunca destaques um gênero de mediunidade como sendo mais valioso que outro, sabendo, no entanto, que o exercício mediúnico exige especialização para produzir mais e melhores frutos e benefício de todos. A mediunidade existe sempre como fonte de bênçãos, desde que exercida com devotamento e humildade.

No burilamento de faculdades mediúnicas, situa a feição fenomênica no justo lugar para não te distraíres com superfluidades inconseqüentes. O aspecto menos importante da mediunidade reside no próprio fenômeno.

Relaciona-te pois, com o fenômeno quando ele venha a surgir espontaneamente em tarefas ou reuniões que objetivem finalidades mais elevadas, que não o fenômeno em si, usando equilíbrio e critério na aceitação dos fatos. A provocação de surpresas em matéria de mediunidade não raro gera a perturbação.

Jamais perca a esperança ou a paciência no trato natural com os nossos irmãos enfermos, especialmente quando médiuns sob influenciação inferior, para que se positive a assistência espiritual desejável. Quem aguarda em serviço o socorro da Divina Providência, vive na diretriz de quem procura acertar.

Mobiliza compreensão, tato e paciência para equacionar os problemas que estejam subjugando os enfermos desencarnados, elucidando-os com manifesta indulgência quanto à Realidade Maior no que tange ao fenômeno da morte, ao intercâmbio mediúnico, ao corpo espiritual e a outras questões afins. A palavra indisciplinada traumatiza quem ouve. Analisa com prudência as comunicações dos espíritos sofredores, segundo a inspiração do amor e a segurança da lógica, aquilatando-lhes o valor pelas lições que propiciem inequivocamente a nós mesmos. O bom senso é companheiro seguro da caridade.

Compenetra-te dos teus deveres sagrados, sabendo que o medianeiro honesto para consigo mesmo, chega à desencarnação com a mediunidade gloriosa, enquanto que o medianeiro negligente atinge o rio da morte com a tortura de quem desertou da própria responsabilidade. A mediunidade não se afasta de ninguém, é a criatura que se distancia do mandato mediúnico que o Plano Superior lhe confere.

Pelo Espírito André Luiz
Do livro: Opinião Espírita
Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

26 fevereiro 2015

O Trabalhador do Cristo - Umberto Fabbri

 

O TRABALHADOR DE CRISTO


Aquele que trabalha para Jesus muitas vezes não tem ideia da amplitude de sua colaboração, de como sua postura e exemplos podem influenciar e transformar a vida do semelhante.

Quando o Mestre nos orienta a pagar o mal com o bem, a fazer ao próximo o que desejaríamos receber, sem dúvida prega o amor, a boa vontade a tolerância, que são indispensáveis para a harmonia e a boa convivência. Mas, como em todos os grandes ensinamentos, existem desdobramentos que nem sempre conseguimos alcançar.

Fazer o bem, auxiliar os que sofrem ou agem de maneira equivocada é trazer a estes corações a possibilidade de progresso pelo aprendizado de outras formas de viver, de enfrentar os problemas, de reagir frente às contrariedades e desafios.

Como uma pessoa violenta, que só receba a violência poderá conhecer outra forma de comportamento?

Somente convivendo com os que não têm a violência como norma de conduta, poderá aprender a trilhar outros caminhos, por exemplos diferentes. Observando a paciência e a compreensão, aos poucos, imprimirá em seu Espírito nova realidade que antes não conhecia.

Quando pagamos o mal com o bem, da maneira que nos for possível, às vezes basta não retribuí-lo, podemos influenciar de maneira positiva os que não têm noção de que o bem existe.

Praticar o bem é grande compromisso que assumimos quando decidimos servir a Jesus, de maneira a inspirar os que conosco convivem, a buscarem desenvolver outras atitudes, mais saudáveis, que lhes tragam benefícios e outro futuro que não seja o do sofrimento. Ensinando por atos, e não só por palavras,que o amor existe e que somos todos merecedores, dele e da felicidade que encontramos quando o praticamos.

Muitos acreditam não terem condições de auxiliar, por se acharem imperfeitos. Entretanto, como poderemos aprender sem praticar? Teriam os Espíritos superiores, pulado esta etapa de sua evolução? Não foram eles tão ignorantes e simples como fomos ou somos hoje? E como progrediram? Como conquistaram maior capacidade de amar e de sapiência senão pelo próprio esforço e maior dedicação, apesar de suas limitações?

Deus manifesta seu amor também através de nossas mãos, quando tocados pela necessidade de nossos semelhantes nos colocamos a ajudar, e a nos preparar para cada vez fazer mais e melhor.

Somos os trabalhadores da última hora, aqueles que receberam o chamado a pouco, mas assim como na parábola, se nos dedicarmos com afinco receberemos o mesmo pagamento, a mesma moeda; nosso progresso e de nosso semelhante.

Não só dentro da Seara espírita, como em todos os campos de atuação de nossas vidas, podemos ser a personificação do amor de Deus na Terra, realizando o bem que nos seja possível, de boa vontade, com desejo sincero de contribuir para a paz e a edificação do Reino de Deus, primeiro em nós e depois nos corações com quem dividimos a existência. Não foi isto o que nos exemplificou o próprio Cristo?

Umberto Fabbri é autor do livro Resgate de Almas, da Mundo Maior Editora
Fonte: Mundo Maior Editora

25 fevereiro 2015

A Saudade - Momento Espírita



A SAUDADE

Vencido pela profunda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras, me convidaram para o banquete do dia.

Levantei e percebi que não fora um pesadelo... A presença da sua ausência era a mais pura e triste realidade...

Não sei dizer ao certo se é a presença da ausência ou a ausência da presença ou, talvez seja, simplesmente, saudade...

Lá fora tudo respirava perfume e os braços do vento, carregando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo delicada canção...

Saí a correr, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos.

A presença invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto... Embriagado pela saudade, meu ser ansiava pela paz...

Em vão tentei exaurir as forças para livrar-me da dor, mas não lograva libertar-me do punhal da melancolia cravado no coração, e da lembrança da sua ausência... Quando, enfim, a tarde se escondeu no longe das montanhas altaneiras, outra vez tombei em mim mesmo, extenuado e só...

Naquele momento desejei que o Todo Poderoso me dominasse com os fortes recursos da Soberana Misericórdia, livrando-me de mim mesmo...

Parecia que não mais suportaria o espinho da saudade cravado em meu peito, já dorido e exausto...

A ausência da sua presença queimava as fibras mais sutis da minha alma.

E a presença da sua ausência feria-me o coração dilacerado e só...

A noite devorou o dia e, ao escancarar a sua boca negra, mostrou a primeira estrela engastada no manto escuro, vencendo as sombras...

Minutos depois, miríades de astros brilhantes compuseram o diadema da vitória total da luz...

Só então, solitário e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara ao ouvidos do Criador, que me respondeu em vibrações fulgurantes de esperanças à distância...

Só então compreendi que não há escuridão que resista a um simples raio de luz, e decidi acender a chama da esperança em minha alma.

E, só então, pude ouvir o Sublime Cancioneiro do silêncio e Suas melodias repletas de sons e paz, convidando-me a confiar em Seu infinito poder e entregar-me aos braços suaves da esperança...

* * *

Se o manto escuro da saudade pesa sobre os seus ombros, ilumine-se com as pérolas da oração sincera em favor do bem-amado que partiu.

Preencha a ausência da presença com a lembrança dos momentos compartilhados nas horas alegres, e confie no reencontro feliz.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. LII do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal


24 fevereiro 2015

Quando desencarnamos, recebemos auxílio espiritual ? - André Luiz


QUANDO DESENCARNAMOS, RECEBEMOS AUXÍLIO ESPIRITUAL?


O que os Espíritos dizem sobre a ajuda espiritual, na hora do desencarne?


O Livro dos Espíritos trata deste tema no item Separação da Alma e do Corpo. 

Também André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna, nos fala sobre o auxílio dos Espíritos no desencarne


ANDRÉ LUIZ, EM OBREIROS DA VIDA ETERNA SOBRE A APARENTE MELHORA ANTES DO DESENCARNE


"É comum ouvir narrativas de pessoas que apresentam aparente melhora, no dia do desencarne, ou na véspera.

Os espíritos providenciam temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar a mente aflita daqueles que o amam. As correntes de força, exteriorizadas por aqueles que não querem o desencarne do ser amado, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração".



SOBRE O CHORO E A INCONFORMIDADE DIANTE DA MORTE


"O choro e os cuidados dos que velam os moribundos emitem forças de retenção amorosa capazes de prendê-lo em vasto emaranhado de fios cinzentos, dando a impressão de peixe encarcerado em rede caprichosa. A melhora fictícia do doente tem por finalidade tranquilizar os parentes aflitos."



SOBRE O TRABALHO ESPIRITUAL NA AJUDA AO DESENCARNE


"Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."



SOBRE O AUXÍLIO ESPIRITUAL NA PREPARAÇÃO PARA O DESENCARNE


"Os que se aproximam da desencarnação, nas moléstias prolongadas, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecânica.


Os familiares terrestres, por sua vez, cansados de vigílias, tudo fazem para rodear os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é difícil para os Espíritos de Luz afastá-los, para realizar o trabalho de preparação para o desencarne."



SOBRE O TRABALHO ESPIRITUAL NA SEPARAÇÃO DO CORPO


"Há três regiões orgânicas fundamentais, que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma:


O centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas;


O centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no torax;


O centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.


Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."


André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

23 fevereiro 2015

A Realidade da Morte - João Demétrio



A REALIDADE DA MORTE

Com toda certeza a Doutrina Espírita, como reformadora das religiões e de todas as tradições e costumes que não estão com as verdades das Leis e da Natureza do nosso mundo. Entre essas reformas está, até então, a chamada “morte” que na realidade não existe, mas sim, uma transmutação do Espírito do corpo físico para o corpo espiritual. Assim, o Espiritismo veio desmistificar a “morte” e esta verdade vai levar o Homem a ter a total responsabilidade de seus atos, pois não terá a suposta “morte” para encobrir seus atos maléficos.

Portanto, com entendimento da não extinção da vida pela desagregação do corpo orgânico mais denso, saberá que carregará sempre as suas más condutas contra seu próximo e contra a Natureza.

Esta Doutrina Consoladora veio transformar completamente a crença errônea da vida única do ser humano, através dos ensinos dos Espíritos Superiores, assim, encarando a “morte” do corpo físico mais denso com a maior serenidade.

Somente para elucidar compara-se o sono físico com a “morte”. No caso do sono físico, quando o Espírito não se desprende parcialmente de junto ao aparelho físico denso, sofre os reflexos das sensações vivenciadas durante o dia e, em consequência, terá pesadelos durante esse repouso e despertará cansado.
 O mesmo ocorre quando do despertar pós-sepulcro, o Espírito não preparado para a sequência da vida eterna, sofre os reflexos da vivência carnal, perturbando-o no plano espiritual.

No entanto, os que viveram a renúncia, a generosidade e entregaram-se à prática da caridade e aos estudos, conquistaram o desprendimento dos fluidos pesados da vida material, libertando-se com rapidez dos despojos carnais e tomando, com lucidez, as rédeas de seus atos e pensamentos, agora no plano espiritual.

Quando se fala em mundo material e mundo espiritual é somente no sentido de se demonstrar a sequência que existe para o Espírito Eterno, em sua caminhada progressista, entre planos diferentes de vivências, entretanto, não são dois mundos, mas um único mundo, a do planeta Terra.

Na verdade, o que existe são dois campos vibratórios diferentes. O campo vibratório mais grosseiro pertencente a crosta terrestre, que se percorre com o corpo chamado de carne, onde essas energias encontram-se condensadas e que se traduz em ser muito pesado e de grandes dificuldades de locomoção e, o campo vibratório mais rarefeito, mas também material, onde se faz uso do corpo espiritual (Perispírito), que condiz como um corpo mais sutil em suas energias.

O Espiritismo, podemos dizer, é dualista, por abranger o plano físico e o extrafísico, portanto, o Espírita tem condições de viver as duas vidas, ou melhor, viver nos dois planos: o material e o espiritual, simultaneamente, em virtude dos seus aprimoramentos intelectuais e morais.

Segundo estatísticas a Doutrina Espírita é a única no Brasil que possui 98% de praticantes alfabetizados e estes estão em uma média de 35 anos de idade, ou seja, seguidores jovens com mentalidades abertas e não lhes atingindo as influências dos ensinos dogmatizados.

O que a Medicina ainda chama de “morte” orgânica, não deixa de ser uma desagregação atômica, que ocorre por findar um ciclo evolutivo neste plano, limitado pela vitalidade que tal corpo possuía, donde o Espírito, agregado de energias subatômicas, desprende-se e continua sua vida, sem interrupção para ele, com sua personalidade, com sua cultura e com sua individualidade, num plano compatível com as energias conquistada nesta última caminhada terrestre. Não mais se discute que a vida continua, mas sim, que a Vida é Eterna.

João Demétrio é autor da Mundo Maior Editora.Obras publicadas: O Evangelho da Reencarnação; A Ecologia e as Calamidades à Luz da Doutrina Espírita; Demétrius das trevas à Santidade; Um Tratado da Vida- Morte Súbita da Morte.

22 fevereiro 2015

Valores Invertidos - Regina Hennies

 

VALORES INVERTIDOS

A confusão de valores, sentimentos e sensações parece marcar os tempos atuais. Ansiamos por mudanças, sabemos que transformações profundas são necessárias, porém nos perdemos em atitudes desequilibradas e sem qualquer sentido benéfico.

As manifestações populares que aconteceram em 2013 no país trouxeram à tona o Brasil de um povo guerreiro, mas pacífico, carente, porém sabedor de sua força. A linda cena de 17 de junho, quando o gigante “acordou” e mostrou ao mundo que sabia caminhar pela Paz, apontou aos corações brasileiros a sensação de que, enfim, lutaríamos pelos nossos direitos, de mãos dadas, todos juntos.

Mas o sonho da transformação do país durou pouco, pois no mesmo momento em que assistíamos emocionados à força das manifestações em todo território nacional, surgiram também os atos de violência e de falta de amor em forma de vandalismo. Bastaram essas atitudes para tirar o brilho da energia popular daquele momento.

Com o propósito claro de gerar desequilíbrio e quebrar a unidade, seres humanos voltados ao egoísmo e ao desrespeito tornaram rouca e sem brilho a voz do povo brasileiro. E por muitas outras vezes, esses mesmos seres egoístas (pois só pensavam em aparecer através da violência gratuita) atrapalharam o objetivo maior do povo: dar às mãos e caminhar sentindo o coração bater em uníssono, buscando a sociedade justa que todos queremos.

Qual o motivo de tamanha violência? Certamente a falta de amor ao próximo – e a si mesmo. Essa deve ser a tônica das pessoas que, menos esclarecidas, acreditam que a baderna e a agressão a patrimônios públicos (deles mesmos!!) e particulares mudariam alguma coisa. Ou então, o objetivo era apenas assustar e tirar das ruas famílias inteiras, orgulhosas de, finalmente, serem ouvidas pelo mundo!

Triste confusão de libertinagem com liberdade…

Nesse momento, assistimos a mais uma inversão de valores: a onda dos “rolêzinhos”.

Legitima união de jovens com o objetivo de divertimento e encontro social, os “rolês” são comuns especialmente na periferia paulistana. Porém o medo que reina em nossa sociedade está aumentando o preconceito em relação a esses jovens e os aproveitadores de plantão (lá estão eles novamente!) utilizam mais esse “canal” para assustar a todos, com violência e ameaças.

Precisamos ser honestos: se a juventude e a infância fossem mais bem orientadas – e se as divisões materiais da sociedade não fossem determinadoras de poder de força – certamente o respeito falaria mais alto entre os homens, que se veriam como irmãos e não como inimigos.

O que falta à nossa sociedade, afinal?  Amor e Responsabilidade. Somente isso. Se não cuidarmos de amar nossos irmãos e não colaborarmos com o fortalecimento verdadeiro dos laços que nos unem através, por exemplo, da orientação salutar de nossas crianças e jovens, sempre teremos medo do outro, por enxergarmos nele nossas falhas pessoais.

O seguinte trecho de O Livro dos Espíritos Comentado ilustra bem o que significa responsabilidade social: …“Também os ricos de conhecimento e de recursos intelectuais deveriam saber como guiar aos que lhes buscam orientação. Entretanto, parece  que  não vêem que todos os meios de comunicação têm em suas mãos possibilidades de guiar a humanidade, esquecendo, muitas vezes, seus deveres de verdadeiros guias, lembrando-se apenas de sua posição.” (trecho do comentário da questão número 809)

E a Espiritualidade continua a nos instruir, dizendo claramente na questão 542 de O Livro dos Espíritos sobre a nossa parte na responsabilidade do que acontece na sociedade nesse momento: “Deus colocou a criança sob a tutela dos pais para que eles a conduzam no caminho do Bem, e lhes facilitou a tarefa ao conceder à criança uma constituição frágil e delicada, que a torna acessível a todas as impressões.”  

Essa é uma orientação clara de como cuidarmos melhor da educação familiar de nossas crianças, para que elas se tornem jovens e adultos mais conscientes de seu papel no mundo, com o respeito e o amor a si e ao próximo.

O grande ponto é que o próprio ser humano, em muitos momentos, distancia-se do Divino, reluta em aceitar sua própria Essência Divina. Afinal, é mais cômodo não assumir o verdadeiro papel de filho de Deus, pois essa certeza não permite que a liberdade se distancie da responsabilidade. Somos todos Um. Somos todos responsáveis pelo bem estar dos seres vivos do Planeta, como os elos de uma corrente, como uma grande rede unida pelo Amor.


Regina Hennies, jornalista e autora do livro A Ordem do Caos, publicado pela Mundo Maior Editora.


21 fevereiro 2015

Loucura e Obsessão - Agnaldo Cardoso



LOUCURA E OBSESSÃO

Os meus livros SUICÍDIO – A SOMBRIA TRILHA DA ILUSÃO e principalmente LÁGRIMAS DE UM LOUCO, versam sobre a Obsessão, um terrível mal que há tempos imemoriais assola a humanidade. 

E, infelizmente, o problema se agrava por que via de regra, a Obsessão é confundida frequentemente com a Loucura, o que se caracteriza como um erro terrível de consequências mais terríveis ainda. Contudo, não há motivos para confundir. Por quê?

Por que a Obsessão é o domínio que os maus Espíritos exercem sobre certas pessoas no intuito de submetê-las à sua vontade, pelo simples prazer de fazerem mal, ou exercerem uma vingança.

Enquanto que a Loucura é um estado mórbido dos órgãos, que se traduz na maioria dos casos, por uma lesão; é, portanto uma moléstia física em sua causa, ainda que seja mental na maior parte dos seus efeitos.

Na obsessão se distingue a Obsessão Simples, a Fascinação e Subjugação. E na loucura se verificam a Monomania, a Demência e a Idiotismo.

Só que pode acontecer de uma coisa levar a outra. Se a Loucura é a ausência total da realidade, uma pessoa nesse estado é presa fácil das trevas. Nas mãos dos obsessores, ela se torna joguete e refém de suas más ações. O que começou como Loucura, pode tornar-se Obsessão e o contrário também acontece.
Eis aí a razão maior, para se obter resultados satisfatórios, de ter que ser levada em consideração a medicina espiritual. Que fique absolutamente claro que não há menosprezo à medicina terrena. Pelo contrário, ela é fundamental. Contudo, falta-lhe um olhar mais atento ao espírito. Está faltando uma indispensável parceria entre as medicinas convencional e espiritual.

Não tenho qualquer dúvida de que chegará o momento em que um médico ao examinar seu paciente não poderá ignorar o aspecto espiritual e sua importância na busca do equilíbrio interior e de seu bem-estar.

Quando os psiquiatras assimilarem semelhantes fatos, irão, inevitavelmente, iniciar a aplicação de nova terapêutica à base dos sentimentos cristãos, paralelamente aos recursos da medicina tradicional. Quando essa parceria acontecer mais frequentemente, com muito mais frequência os resultados serão melhores em termos de cura.

As dores da alma, portanto, são facilmente identificáveis em ambos os casos. Uma boa sugestão é procurar uma Casa Espírita séria, que siga os ensinamentos de Jesus, pois nela encontrará a explicação, ajuda necessária e o bálsamo para as suas dores.

Não há por que desesperar, pois não estamos indefesos perante tal desafio. No livro LÁGRIMAS DE UM LOUCO, uma simples enfermeira, com o peito carregado de amor, fez um maravilhoso trabalho de desobsessão, em pacientes psiquiátricos, antes tidos como loucos.

Não! Não há desamparo no Universo. Perguntaram a Francisco_Cândido_Xavier:

“Até ondes e até quando um ou mais espíritos obsessores podem causar danos no plano físico a indivíduos desprovidos de certo amparo no plano espiritual?”

Chico Xavier respondeu: “Nossos amigos espirituais observam sempre que não há desamparo no Universo. A misericórdia de Deus nos alcança em todos os setores e em todas as situações, e desde que tenhamos já algum conhecimento para ensaiar os nossos passos nas estradas evolutivas, por nós mesmos, vamos criando em nós recursos de autoproteção.”

Por fim, é natural que surja a pergunta: Como pode se diferenciar a Loucura propriamente dita de uma interferência espiritual obsessora?

É muito tênue a linha divisória que separa a Loucura da Obsessão espiritual. Mas, sem a menor sombra de dúvida, a Obsessão espiritual pode ser a causa de um processo de Loucura. Em inúmeros casos de Loucura, é frequente a existência de um fator obsessivo, ou seja, a interferência de espíritos que têm por objetivo prejudicar o obsidiado.

Como já dissemos, é importante enfatizar que inúmeros pacientes em hospitais ou clínicas psiquiátricas não são loucos no sentido da palavra. São apenas obsidiados.Portanto, há que se diferenciar um distúrbio mediúnico, espiritual, de um distúrbio psiquiátrico propriamente dito.

No entanto, é importante esclarecer que umaObsessão, caso se prolongue por muito tempo, pode ocasionar um dano no cérebro e provocar a loucura psiquiátrica.

Desta forma, se de um lado existem os espíritos obsessores que prejudicam o obsidiado influenciando-o negativamente em seus pensamentos e ações, existem também os espíritos protetores a nos guiar e orientar diante das adversidades da vida.

Portanto, não é um exagero dizer que a todo o momento estamos sendo guiados ou influenciados por bons ou maus espíritos. E precisamos nos lembrar que somos nós que atraímos os bons ou maus espíritos, de acordo com a Lei da Afinidade.

Nós escolhemos as nossas companhias encarnadas e desencarnadas e fazemos isso, com as nossas atitudes. Assim, vamos cultivar bons pensamentos, sentimentos e atitudes, que assim seremos protegidos.Paz e Luz a todos.

Agnaldo Cardoso

Livros publicados do autor pela Mundo Maior: Lágrimas de um Louco; Anjo Negro; Alô! É do Mundo Espiritual?; O Mediador; Matando a Morte; O Caçador de Espírita e Suicídio- A Sombria Trilha da Ilusão



20 fevereiro 2015

Racismo? - Amarilis de Oliveira



RACISMO? 

Temos visto o absurdo ainda presente no século 21 de manifestações de racismo e, muitas vezes nos perguntamos estupefatos, sem querer acreditar que seja possível: como pode? Em que século estão vivendo essas pessoas?

Lastimavelmente, nem todo mundo está evolutivamente no século 21 ainda. Não que isto seja motivo para deixar agirem da forma que quiserem. Temos que coibir de todo modo possível, desde a repreenda até a punição mais severa em casos mais graves.

Fiquei estes dias em um estado assim, incrédula, quando soube da notícia do grupo armado Boko Haram na Nigeria, usando a desculpa da religião para motivos políticos, sequestrando mulheres, mais precisamente garotas, por estarem estudando.  Aí está o preconceito contra mulheres, e este preconceito sendo usado por tiranos, que pretendem impor sua vontade, como se pudessem parar a evolução individual e por consequência a social.

O frequente é o preconceito dia- a dia, com piadinhas desagradáveis, e ainda um outro, o do recalcado, que para se sentir superior, agride, desde com olhares até palavras de ofensas, detalhe: a qualquer um.
Em todas as formas de racismo, e inclua também, toda forma de violência, há um pano de fundo: A IGNORÂNCIA.

Ignorância do porque está aqui e até mesmo de quem é, embora esse conhecimento já tenha sido dado há séculos. Resumindo: essas pessoas estão perdidas do bonde da história.

Vou copiar um trecho do Evangelho para que possamos pensar a respeito:

Gênesis, versículo 26 –“E Deus prosseguiu, dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e tenham eles em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras do céu, e os animais domésticos, e toda a terra e todo o animal movente que se move sobre a terra. 27 – E Deus passou a criar o homem à sua imagem, a imagem de Deus, e criou, macho e fêmea. 28 – Ademais, Deus os abençoou e Deus lhes disse: Sede fecundos e tornai-vos muitos e enchei a terra e sujeitai-a, e tende em sujeição os peixes do mar e as criaturas voadoras do céu e toda criatura vivente que se move na terra”.
 
…à sua imagem…, que imagem? Homem, mulher, preto, branco, pálido, magro, gordo, etc.?

A sua imagem espiritual, que não tem nada a ver com a aparência exterior, material, momentânea, passageira, fugaz, que se perde com o que denominamos: morte.

Amarilis de Oliveira é autora da Mundo Maior Editora e Distribuidora. Títulos publicados: Cela para Muitos Liberdade para Todos; Inimigo de Família; Folhas Miúdas, Vozes que Alertam

19 fevereiro 2015

O Mais Doloroso Adeus do serviço - Mário Frigéri

 

O MAIS DOLOROSO ADEUS


A partida de um ente querido para o plano espiritual é, sem nenhuma dúvida, a maior dor que um ser humano pode sentir neste mundo. Eu já passei várias vezes por esse momento difícil, principalmente quando morreram meus pais e meus sogros.

Sinceramente, com todo o conhecimento espiritual acumulado que adquiri através dos anos, pelo estudo sistematizado da nossa doutrina consoladora, era para eu ter suportado esses golpes com menos abalo. 

Mas não foi bem assim. Embora não o demonstrasse por fora, muitas lágrimas me vazaram pelos condutos internos da alma.

Eu sei que a morte não existe. Mas saber é uma coisa e enfrentá-la em nosso entorno, quando ocorre a ausência de um ser querido, é coisa muito diferente. Muitas vezes me peguei falando sozinho, gesticulando no ar, e até mesmo ouvindo a voz do ente que partiu chamando o meu nome.

Seu cheiro permanece na casa, nos móveis, nas roupas que usava, em toda parte. A gente olha aqueles sapatos descansando num canto e parece que o dono logo virá apanhá-los. Sua imagem continua viva em nosso inconsciente, e quando um carro vira a esquina e um lampejo de seu farol se projeta no interior da casa, é como se a pessoa querida estivesse chegando.

Procurava orar, e a oração é um socorro maravilhoso, um bálsamo que suaviza muito o nosso sofrimento, mas leva tempo para a ferida cicatrizar. O problema é que se a cura é o esquecimento, eu não queria esquecer. Essa é uma ideia que nem passava pelo meu pensamento.

Eu me apegava muito a Deus e à fé, e essa foi a minha tábua de salvação. Aqueles diálogos silenciosos com o Pai Celestial em minhas preces, rogando-Lhe que acolhesse em Seu seio amoroso aquela pessoa amada que partia, foram me restituindo o equilíbrio e eu comecei a retornar serenamente para a realidade que me envolvia.

Uma pessoa nos deixou, mas a vida não morreu. A vida continuava presente em nosso dia a dia, exigindo atenção e nos preparando para a nova realidade. As pessoas que ficaram – os familiares, os parentes, os amigos, os companheiros – também contavam com o nosso reequilíbrio e a nossa participação. Os adultos esperavam nossa volta à vida normal. As crianças aguardavam nosso sorriso de cumplicidade.

Não temos o direito de amargurar a vida dos outros com a nossa angústia. Não temos o direito de tirar a alegria dos outros com a nossa tristeza. O luto da alma é inevitável por alguns dias, mas ele tem que ir se esvanecendo e clareando com o escoar das horas.

Por tudo que já havia lido sobre o assunto eu pensei que saberia enfrentar com destemor a hora borrascosa quando ela chegasse. E, realmente, meu conhecimento da realidade espiritual me ajudou muito na hora do sofrimento. Mas não foi um salvo-conduto que me livrasse dos solavancos da passagem.

Busquei arrimo no Evangelho, na palavra do Cristo e dos mentores espirituais. Fortaleceu-me bastante a mensagem do Apocalipse, onde Jesus fala da chegada do novo Céu e da nova Terra, quando então não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E o divino Mestre enxugará de nossos olhos todas as lágrimas. Isto foi como se mãos de anjos algodoassem meu coração.

Voltando a meus familiares, minha mãe foi a primeira a partir. Foi uma surpresa para todos nós porque ela aparentava estar muito bem de saúde. Mas um colapso a levou de repente e nós ficamos fora do ar, como se o chão se fluidificasse sob nossos pés.

Meu pai, porém, foi um desenlace mais ou menos esperado porque já estava bem avançado em anos e, além disso, se encontrava adoentado no leito, recebendo cuidados médicos. Fiz uma prece pública, no velório de ambos, para confortar a mim mesmo, a meus familiares, aos amigos presentes e, principalmente, às almas dos que partiam, que nessas horas precisam ser envolvidas em eflúvios suavizantes de paz.

No caso de meu pai, enquanto o cortejo acompanhava o féretro ao campo santo para o derradeiro adeus, eu acompanhava seu espírito em pensamento e o imaginava despertando meio sonolento no mundo espiritual e se perguntando: A quem devo me dirigir agora? E eu lhe respondia, num sussurro de prece: a Deus.

Assim, descobri que existem dois tipos de despedida: adeus e a Deus. Muitos participam do primeiro tipo. Poucos participam do segundo. Eu participei de ambos na despedida de meu pai. E fiquei muito feliz.

Mário Frigéri é autor da Mundo Maior. Pulicou os livros: 100 Poemas que Amei e Brasil de Amanhã- O Futuro do Brasil á Luz das Profecias. Fonte: Editora Mundo Maior

18 fevereiro 2015

Alegrias do Carnaval -Francisco Cajazeiras


ALEGRIAS DO CARNAVAL

A Doutrina Espírita, por favorecer o entendimento das condições e finalidades da vida, bem como dos motivos por que sofremos, ao mesmo tempo em que nos amplia as possibilidades de felicidade, redimensionando-nos o pensar no porvir em horizontes dilatados e hiperbólicos, longe de formar adeptos taciturnos e tristonhos, os faz pessoas otimistas com a existência terrena e com a Humanidade, esperançosas de um futuro harmonioso e, por isso mesmo, alegres, como aliás deveriam ser todos os cristãos que bem compreendem a mensagem de Jesus.

Quando se nos depara a crítica ácida, apregoante do inverso a isso, fácil é concluir pelo completo desconhecimento do seu autor sobre o que verdadeiramente é o Espiritismo.

Se, no entanto, a Doutrina faculta-nos esse estado perene de compreensão e boa vontade para com o existir, com mais justa razão franqueia-nos uma análise assaz criteriosa e justa da problemática anímica e psicológica de todos os que habitamos a superfície deste planetinha de expiações e provas. Assim sendo, compreendemos que o homem traz, represadas em seu íntimo, inúmeras fantasias, das mais diversificadas ordens, tendo freqüentemente distorcidos vislumbres da vera felicidade.

Essas ansiedades e fantasias, esses desejos incontidos, costumam ser exteriorizados em momentos de maior permissividade, pois o indivíduo não se permite mostrar intimamente, em função do medo do julgamento popular ou mesmo por conta do cerceamento promovido pela legislação humana em tempos ditos normais.

O carnaval, festa copiada pelos "cristãos"(?) aos pagãos (realizadas por estes em homenagem aos seus deuses), costuma prestar-se a esse "desaguar" dos anseios mais íntimos de grande número de pessoas.

Dessa forma, é usual o abuso de bebidas alcoólicas (até como um agente "encorajador"), a atividade sexual infrene e irresponsável, assim como o uso de diversas substâncias estupefacientes, o que transforma esse período num "vencedor" disparado, em matéria de estatística do terror e do morticínio brutal: acidentes automobilísticos, assassinatos, suicídios, estupros e outros fatos lamentáveis comportam-se em um crescente nessas ocasiões.

E essas estatísticas não costumam considerar outros infortúnios ocultos aos olhos da mídia em geral, como as gravidezes indesejadas desaguando freqüentemente em abortos provocados, a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis (inclusive a AIDS) e as ulcerações morais marcando profundamente certas almas desavisadas e imprevidentes.

O fato é que se torna corriqueira a associação do desregramento sexual ao alcoolismo e outros tipos de toxicomania e destes com as desgraças mais mediatas ou mais tardias.

O carnaval não deve ser rejeitado simplesmente, mas vivenciado com um mínimo de responsabilidade e bom senso. Aquilo que não é bom nos outros momentos da vida não pode tornar-se positivo apenas porque é carnaval. Deve-se indubitavelmente procurar a alegria, as manifestações passíveis de felicidade, mas é importante questionar-se sobre o que realmente é capaz de gerar essa felicidade e se determinadas alegrias não são aparentes e unicamente geradoras de sofrimentos futuros para nós mesmos e/ou para o nosso próximo. Também aqui é válida a clássica Regra Áurea do Cristianismo: "Fazer aos outros somente o que faríamos para nós mesmos". Até porque, quando o sofrimento recai sobre o outro por nossa culpa, ainda que, momentaneamente, nossa consciência se encontre anestesiada, faz-se sobre nós a inexorável reação da Lei Divina. É apenas questão de tempo.

Mais um período momino se aproxima e vale refletir no que ele representa para você: será que ele poderá oferecer-lhe realmente o que é do seu anseio?. Terá ele condições de subtrair-lhe as agruras da alma, as dúvidas existenciais?. Valerá a pena correr um risco maior ante os que não estão preocupados com os resultados de suas ações impensadas ou pensadas, mas irresponsáveis?.

Se sua resposta for sim, tenha um bom carnaval, mas procure não se deixar envolver pela ilusão dos tóxicos nem pela "inocente" bebedeira (que muitos infelizmente não consideram como tóxico). Fique atento na direção e nunca esqueça de orar: ao sair, ao chegar. ou mesmo em momentos difíceis (porque o templo de Deus é a própria natureza!).


Autor:Francisco Cajazeira
Fonte:Portal do Espírito

17 fevereiro 2015

Será o Carnaval uma festa de alegria, de paz e louvor?



SERÁ O CARNAVAL UMA FESTA DE ALEGRIA, DE PAZ E LOUVOR?



Com o risco de sermos taxados de moralistas, num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não podemos deixar de analisar criticamente alguns absurdos do mundo de Momo. Sem determinar regras de falsa santidade e árduos sermões impulsionados pelas cantilenas morais, não deixaremos de comentar sobre os prejuízos espirituais decorrentes das comemorações do Carnaval.

Há muitos séculos o Carnaval era marcado por grandes festas, em que se comia, bebia e participava de frenéticas celebrações e busca incessante dos prazeres. [2] Prolongava-se por sete dias (no mês de dezembro) nas ruas, praças e casas da antiga Roma. Todas as atividades e negócios eram suspensos nesse período; os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que quisessem e as restrições morais eram relaxadas. Um rei (saturnalicius princeps) era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas.

Não fossem os exageros, o carnaval, como festa de relação sociocultural, poderia se tornar um evento compreensível, até porque não admitir isso seria incorrer postura de intolerância. Há pessoas que buscam fazer do carnaval um momento de esperança, oportunizando empregos, abrigando menores, e isso tem o seu valor social. Entretanto, a bem da verdade, o grande saldo da homenagem a Momo se resume em três palavras: violência, ilusão e sensualidade.

Reza a tradição que o folguedo de Momo surgiu permeando o mundo “sagrado” e o orbe profano. Sinceramente! Não conseguimos compreender algo de “abençoado” nas folias momescas. Entretanto, em São Paulo há a escola de samba Dom Bosco, em Itaquera, zona leste da cidade, cujo presidente é um padre salesiano de 73 anos e o vice-presidente é um sacerdote de 37 anos que toca inclusive repinique (tambor com baquetas) na bateria.

Além de celebrar missas, casamentos e coordenar projetos sociais, a dupla de sacerdotes obviamente participa dos ensaios da “Dom Bosco”. Ambos desejam arrastar 1.200 componentes ao Sambódromo do Anhembi, e entre os sambistas constam baianas, passistas (seminuas, portanto, nada beatas), velha-guarda e destaques. O enredo homenageia o fundador da congregação salesiana: “Dom Bosco: 200 Anos de Amor ao Próximo… Um Presente para o Mundo”.

Para os clérigos, idealizadores da escola de samba, a concepção da agremiação foi a saída encontrada para unir um grupo de jovens mais desregrado, que não estudava e era bastante desinteressado nas atividades educativas oferecidas pela obra social da igreja. Entretanto, tal artifício para atrair a juventude não tem sido apreciado por alguns fiéis e superiores da Igreja romana.

Isso nos remete a recordar a escola de samba Unidos do Viradouro que em 2011 levou para a Sapucaí um carro alegórico carregando uma imagem do Chico Xavier. O médium de Uberaba foi representado por uma escultura (psicografando) cercada por 60 componentes, alguns deles “espíritas” (!?), que fizeram uma performance de “trabalho mediúnico” (!?). Santo Deus! Nada mais burlesco.

Será que o Carnaval é apenas um festival de alegria, de paz e louvor? A princípio, o Espiritismo não estimula nem recrimina o Carnaval e respeita todos os sentimentos humanos. Porém, será que a farra carnavalesca, vista como uma manifestação popular, consegue satisfazer os caprichos da carne sem deteriorar o espírito? Será lícito confundir “diversão” passageira com alegria legítima? O carnaval é um desses delírios coletivos, cuja reverência a Momo representa a ocasião em que pessoas projetam o que há de mais irracional e de mais incivilizado em si mesmas.

É verdade! O Espiritismo nada proíbe, nada obriga, nem censura o carnaval; porém igualmente, não defende sua realização. Sabe-se que durante a folia de Momo são perpetrados abusos de todos os tipos e, mormente, desregramentos da carga erótica de adolescentes, jovens, adultos e até idosos (mal resolvidos); há consumo exagerado de álcool e outras drogas, instalação da violência generalizada, excessos esses que atraem espíritos vinculados ao deletério parasitismo magnético, semelhantes aos urubus diante de carcaças deterioradas (carniças).

Os foliões de plantão reafirmam que o carnaval é um extravasador de energias reprimidas. Entretanto, nos três dias não são atenuadas as taxas de agressividade e nem as neuroses. O que se observa é um somatório da selvageria urbana e de desgraça doméstica. Após os festivais de erotismos surgem as gravidezes desatinadas e a consequente propagação de criminosos abortos, acontecem graves acidentes de trânsito, aumento da criminalidade, estupros, suicídios, aumento do consumo de várias substâncias estupefacientes, alcoólicos, assim como o surgimento de novos drogados, disseminação das enfermidades sexualmente transmissíveis (inclusive a AIDS).

Em síntese, se o Carnaval é uma ameaça concreta ao bem-estar social, nós espíritas temos muito a ver com ele, porque uma das tarefas primordiais de cada espírita é a de lutar por dispositivos de preservação dos valores mais dignos da Sociedade, sem que se violente, obviamente, o direito relativo do livre-arbítrio coletivo e individual, jamais nos esquecendo que no carnaval ocorre a obsessão nos seus vários matizes como conseqüência da invigilância e dos desvios morais. Somente poderemos garantir a vitória do Espírito sobre a matéria, se fortalecermos a nossa fé, renovando-nos mentalmente, praticando o bem nos moldes dos códigos propostos por Jesus Cristo, e não esquecendo os divinos conselhos do Mestre: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. [1]

Em suma, cremos que inexista outro caminho que não seja o da abstinência sincera das folias de Momo. O bom senso nos convida a aproveitar o feriadão para entrosamento com os familiares, leitura de livros instrutivos, frequência a reuniões espíritas. Aliás, será coerente fechar as portas dos centros espíritas nos dias de Carnaval, ou mudar o procedimento das reuniões? Existem alguns centros que fecham suas portas nos feriados do carnaval sem motivos racionais. Em verdade, o espírita pode participar de eventos educacionais, culturais ou mesmo descansar em casa, já que o ritmo frenético do dia a dia exige, cada vez mais, preparo e estrutura físico-psicológica para os embates pelo ganha-pão.

Em face do determinismo da Lei de Evolução, um dia tudo isso passará, todas as manifestações ruidosas que marcam nosso estágio de inferioridade desaparecerão da Terra. Em seu lugar, então, predominarão a alegria pura, a jovialidade, a satisfação e o júbilo real, com o homem despertando para a beleza e a arte, sem violência, nem degeneração moral.

Jorge Hessen


Referências:

[1] A Festa do deus Líber em Roma; a Festa dos Asnos que acontecia na igreja de Ruan no dia de Natal e na cidade de Beauvais no dia 14 de janeiro, entre outras inúmeras festas populares em todo o mundo e em todos tempos, têm esta mesma função.
[2] Mt 26:41


16 fevereiro 2015

A Depressão - Joanna de Ângelis



A DEPRESSÃO

Na raiz psicológica do transtorno depressivo ou de comportamento afetivo, encontra-se uma insatisfação do ser em relação a si mesmo, que não foi solucionada. Predomina no Self um conflito resultante da frustração de desejos não realizados, nos quais impulsos agressivos se rebelaram ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta, silenciando os anseios e ignorando a realidade. Os seus anelos e prazeres disso resultantes, porque não atendidos, convertem-se em melancolia que se expressa em forma de desinteresse pela vida e pelos seus valiosos contributos, experienciando gozos masoquistas, a que se permite em fuga espetacular do mundo que considera hostil, por lhe não haver atendido as exigências.

Sem dúvida, outros conflitos se apresentam, e que podem derivar-se de disfunções reais ou imaginárias da libido, na comunhão sexual, produzindo medos e surdas revoltas que amarguram o paciente, especial mente quando considera como essencial na existência o prazer do sexo, no qual se motiva para as conquistas que lhe parecem fundamentais.

Vivendo em uma sociedade eminentemente erótica, estimulada por um contínuo bombardeio de imagens sonoras e visuais de significado agressivo, trabalhadas especificamente para atender as paixões sensuais até a exaustão, não encontra outro motivo ou significado existencial, exceto quando o hedonismo o toma e o leva aos extremos arriscados e antinaturais do gozo exorbitante.

Ao lado desse fator, que deflui dos eventos da vida, o luto ou perda, como bem analisou Sigmund Freud, faz-se responsável por uma alta cifra de ocorrências depressivas, em episódios esparsos ou contínuos, as sim como em surtos que atiram os incautos no fosso do abandono de si mesmo. Esse sentimento de luto ou perda é inevitável, por ferir o Self ante a ocorrência da morte, sempre considerada inusitada ou detestada, ar rebatando a presença física de um ser amado, ou gera dora de consciência de culpa, quando sucede imprevista, sem chance de apaziguamento de inimizades que se arrastaram por largo período, ou ainda, por atos que não foram bem elaborados e deixaram arrependimento, agora convertido em conflito punitivo. Ainda se manifesta como efeito de outras perdas, como a do trabalho profissional, que atira o indivíduo ao abismo da incerteza para atender a família, para atender-se, para viver com segurança no meio social; outras vezes, a perda de algum afeto que preferiu seguir adiante, sem dar prosseguimento à vinculação até então mantida, abrindo espaço para a solidão e a instalação de conflito de inferioridade; sob outro aspecto ainda, a perda de um objeto de valor estimativo ou monetário, produzindo prejuízo de uma ou de outra natureza…

Qualquer tipo de perda produz impacto aflitivo, per turbador, como é natural. Demora-se algum tempo, que não deve exceder a seis ou oito semanas, o que constitui um fenômeno emocional saudável. No entanto, quando se prolonga, agravando-se com o passar do tempo, torna-se patológico, exigindo terapêutica bem elaborada.

Podem-se, no entanto, evitar as conseqüências enfermiças da perda, mediante atitudes corretas e preventivas.

Terapia profilática eficaz, imediata, propiciadora de segurança e de bem-estar, é a ação que torna o indivíduo identificado com os seus sentimentos, que deve exteriorizar com freqüência e naturalidade em relação a todos aqueles que constituem o clã ou fazem parte da sua afetividade.

Repetem-se as oportunidades desperdiçadas, nas quais se pode dizer aos familiares quanto eles são importantes, quanto são amados, explicitar aos amigos o valor que lhes atribui, aos conhecidos o significado que eles têm em relação à sua vida… Normalmente se adiam esses sentimentos dignificadores e de alta magnitude, que não apenas felicitam aqueles que os exteriorizam, mas também aqueloutros, aos quais são dirigi dos, gerando ambiente de simpatia e de cordialidade. Nunca, pois, se devem postergar essas saudáveis e verdadeiras manifestações da afetividade, a fim de serem evitados futuros transtornos de comportamento, quando a culpa pretenda instalar-se em forma de arre pendimento pelo não dito, pelo não feito, mas, sobretudo pelo mal que foi dito, pela atitude infeliz do momento perturbador… Esse tipo de evento de vida-a agressão externada, o bem não retribuído, a afeição não enunciada – pode ser evitado através dos comportamentos liberativos das emoções superiores.

Muitos outros choques externos como acidentes, agressões perversas, traumatismos cranianos contribuem para o surgimento do transtorno da afetividade, por influenciarem os neurônios localizados no tronco cerebral próximo ao campo onde o cérebro se junta à medula espinal. Nessa área, duas regiões específicas enviam sinais a outras da câmara cerebral: a rafe, encarregada da produção da serotonina, e o locus coeruleus, que produz a noradrenalina, sofrendo os efeitos calamitosos dessas ocorrências, assim como de outras, desarmonizam a sua atividade na produção dessas valiosas substâncias que se encarregam de manter a afetividade, propiciando a instalação dos transtornos de pressivos.

Procedem, também, dos eventos de natureza perinatal, quando o Self, em fixação no conjunto celular, experienciou a amargura da mãe que não desejava o filho, do pai violento, dos familiares irresponsáveis, das pelejas domésticas, da insegurança no processo da gestação, produzindo sulcos profundos que se irão manifestar mais tarde como traumas, conflitos, transtornos de comportamento…

A inevitável transferência de dramas e tragédias de uma para outra existência carnal, insculpidos que se encontram nos refolhos do Eu profundo – o Espírito viajor de multifários renascimentos carnais – ressumam como conflito avassalador, a princípio em manifestação de melancolia, de abandono de si mesmo, de desconsideração pelos próprios valores, de perda da auto-estima…

v Pode-se viver de alguma forma sem a afeição de outrem, sem alguns relacionamentos mais excitantes, no entanto, quando degenera o intercâmbio entre o Self e o ego o indivíduo perde o direcionamento das suas aspirações e entrega-se às injunções conflitivas, tom bando, não poucas vezes, no transtorno depressivo.

Esse ressumar de arquétipos profundos, em forma de imagens arquetípicas punitivas, aguarda os fatores que se apresentam nos eventos de vida para manifestar-se, amargurando o ser, que se sente desprotegido e infeliz.

Incursa a sua consciência em culpa de qualquer natureza, elabora clima psíquico para a sintonia com outras fora do corpo somático, que se sentem dilapida das, e sendo incapazes de perdoar ou de refazer o próprio caminho, aspiram ao destorço covarde e insano, atirando-se em litígio feroz no campo de batalha mental, produzindo sórdidos processos de parasitose espiritual, de obsessões perversas.

Quando renasce o Self assinalado pelas heranças pregressas, no momento em que se dá a fecundação, por intermédio do mediador plástico ou perispírito, imprimem-se, nas primeiras células, os fatores necessários à evolução do ser, que oportunamente se manifes tarão, no caso de culpa e mágoa, de desrespeito por si mesmo, de autocídio e outros desmandos, em forma de depressão. A hereditariedade, portanto, jamais descartada, é resultado do processo de evolução que conduz o infrator ao clima e à paisagem onde é convidado a reparar, a conviver consigo mesmo, a recuperar-se…

Pacientes predispostos por hereditariedade à incursão no fosso da depressão carregam graves procedimentos negativos de experiências remotas ou próximas, que se fixaram no Self, experimentando o impositivo de liberação dos traumas que permanecem desafiadores, aguardando solução que a psicoterapia irá proporcionar.

Uma catarse bem orientada eliminará da consciência a culpa e abrirá espaços para a instalação do otimismo, da auto-estima, graças aos quais os valores reais do ser emergem, convidando-o à valorização de si mesmo, na conquista de novos desafios que a saúde emocional lhe irá facultar, emulando-o para a individuação, para a conquista do numinoso.

Em razão do largo processo da evolução, todos os seres conduzem reminiscências que necessitam ser trabalhadas incessantemente, liberando-se daquelas que se apresentam como melancolia, insegurança e receios infundados, desestabilizando-os. Ao mesmo tempo, estimulando-se a novas conquistas, enfrentando as dificuldades que os promovem quando vencidas, descobrem todo o potencial de valores de que são portadores e que necessita ser despertado para as vivências enriquecedoras.

O hábito saudável da boa leitura, da oração, em convivência e sintonia com o Psiquismo Divino, dos atos de beneficência e de amor, do relacionamento fraternal e da conversação edificante constitui psicoterapia profilática que deverá fazer parte da agenda diária de todas as pessoas.

Joanna de Ângelis 
Psicografia de Divaldo Franco
Do site “O Espiritismo“