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30 setembro 2009

Pela Alegria de Orar - Miramez

PELA ALEGRIA DE ORAR

Deus de Bondade! Ajudai-nos a perseverar em orações em ação de graças, pelo prazer de orar; não a oração fanática que nos leva à ignorância, não a oração sem o devido objetivo, não a oração que sai somente dos lábios. Ensinai-nos a fazer preces, sentindo no coração o prazer desse exercício divino, de entrarmos em comunhão com o Vosso amor para conosco.

Deus infinitamente justo e bom! Fazei com que possamos aprender a orar não só nas horas difíceis, como se fosse um pronto-socorro para as nossas necessidades de todas as horas, mas que oremos em ação de graças, pela paz que desfrutamos, pela saúde que temos, pelo bem que já conseguimos conquistar perante a Vida. No mundo físico, nós só procuramos nossos pais, amigos e irmãos, quando temos de pedir-lhes alguma coisa? Certamente que não. Pois muito mais justo, em se tratando de Deus, é procurá-lo por Amor, não somente quando precisamos de resolver os nossos difíceis problemas, mas por gratidão pelo muito que Ele tem feito por nós, na escala evolutiva dos seres e das coisas.

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Paulo nos ensina que devemos perseverar nas orações, fazer da prece um dever, sem ultrapassar o bom senso. E foi o Cristo que nos ensinou a orar como convém a um cristão: não com longas frases em praças públicas, como espetáculo coletivo, mas entrando no aposento e, fechada a porta, orar ao Pai, que tudo vê, em secreto. Confiar no que pedir, falando sempre: Senhor, graças à Vossa vontade e não à nossa, porque não sabemos o que pedimos e Vós sabeis o que nos é mais agradável. Na oração, devemos nos colocar na posição de humildade, de paciência e de amor, pois o respeito e a pureza de sentimentos devem vibrar na hora da oração a Deus.

Além do Senhor nos entender, pelos fios luminosos dos pensamentos, nós gravamos as respostas, mesmo sem percebermos, na consciência profunda, o que nos servirá de conforto nas horas angustiosas; ficarão, dentro de nós, como suprimento para as nossas carências.

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Ho! Deus, quanta ciência existe na prece! Permiti que possamos entender alguma coisa acerca da oração, para sentirmos atração por ela, alimentando a nossa fé, que abrirá caminhos para a nossa cura. Se ainda não alcançamos o prazer de orar, ajudai-nos a orar, ao menos como dever de cada dia, para que no amanhã possamos orar por amor. Que as nossas preces possam atingir não somente a nós e aos nossos familiares, mas toda a humanidade, para que a luz se faça na terra e a paz nos corações.

De "Vamos Orar",
de João Nunes Maia,
pelo Espírito Miramez

29 setembro 2009

Página do Irmão Mais Velho - Emmanuel

PÁGINA DO IRMÃO MAIS VELHO

Auxilia ao teu filho, enquanto é tempo.

A existência na Terra é a Vinha de Jesus, em que nascemos e renascemos.

*

Quantos olvidam seus filhinhos, a pretexto de auxílio ao próximo, e acabam por fardos pesados a toda gente!

Quantos se dizem portadores da caridade para o mundo e relegam o lar ao desespero e ao abandono?!...

*

Não convertas o companheirismo inexperiente em ornamento inútil, na galeria da vaidade, nem lhe armes um cárcere no egoísmo, arrebatando-o à realidade, dentro da qual deve marchar em companhia de todos.

*

Dá-lhe, sempre que possível, a bênção dos recursos acadêmicos; contudo, antes disso, abre-lhe os tesouros da alma, para que não se iluda com as fantasias da inteligência quando procura agir sem Deus.

*

Ensina-lhe a lição do trabalho, preparando-o simultaneamente na arte de ser útil, a fim de que não se transforme em alimária inconsciente.

*

Os pais são os ourives da beleza interior.

*

O buril do exemplo e a lâmpada sublime da bondade são os divinos instrumentos de tua obra.

*

Não imponhas à formação juvenil os ídolos do dinheiro e da força.

*

A bolsa farta de moedas, na alma vazia de educação, é roteiro seguro para a morte dos valores espirituais. O poder, sem amor, gera fantoches que a verdade destrói no momento preciso.

*

Garante a infância e a juventude para a vida honrada e pacífica.

*

Que seria do celeiro se o lavrador não preservasse a semente?

Quem despreza o grelo frágil é indigno do fruto.

*

Faze de teu filho o melhor amigo se desejas um continuador para os teus ideais.

*

Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de agradecimento endereçado ao teu Espírito, por parte daqueles que deves amar? Que recolherás na seara da vida, se não plantares o carinho e o respeito, a harmonia e a solidariedade, nem mesmo no pequenino canteiro doméstico?

*

Não reproves a esmo. A tua segurança de hoje lança raízes na tolerância de teu pai e na doçura das mãos enrugadas e ternas de tua mãe.

*

Esquece a cartilha escura da violência. Que seria de ti sem a paciência de algum velho amigo ou de algum mestre esquecido que te ensinaram a caminhar?

*

O destino é um campo restituindo invariavelmente o que recebe.

*

Ama teu filho e faze dele o teu confidente e companheiro. E, quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, auxilia-o, cada dia, para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada no hora do teu repouso e para que te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar.

De "Trilha de Luz",
de Francisco Cândido Xavier,
pelo Espírito Emmanuel

28 setembro 2009

Do Além - Luis Gama

Do Além

Indubitavelmente, a morte do corpo é uma caixa de surpresas, que nem sempre são as mais agradáveis à nossa formação.

O homem vaidoso presume-se o centro de todas as atenções em seu quadro social, nas horas rápidas da carne, e chega a se julgar herói, com direito ao respeito de todos por força de algum serviço que lhe haja afixado o nome nas galerias da evidência; mas o ciclone da realidade sopra, impetuoso, e dá por terra com esse ídolo de pés de barro, que fragorosamente se abate do altar a que se elevou.

Desce a alma à espessa corrente do Estige humano, sorvendo o licor do esquecimento, enquanto as células físicas lhe reclamam cuidado; e, retomando lugar nas antigas fileiras de quantos se debatem no rio da ilusão, procura, com sede, o néctar da fantasia, que lhe confere simplesmente o sonho louco de transitório domínio.

Sempre a velha história do amblíope no país dos cegos. Enxergando imperfeitamente aquilo que os demais estão impossibilitados de ver, exorna a cabeça com a láurea de uma soberania ridícula, pois que, em verdade, mais cedo que supõe, é compelido a renovar os órgãos visuais para a contemplação mais justa da vida.

Antigamente, combatíamos o cativeiro e brandíamos o tacape da nossa indignação contra a megalomania escravagista. Usávamos a lâmina da palavra e fomentávamos o espírito revolucionário contra a displicência dos senhores rurais que mantinham na América o feudalismo da crueldade, pretendendo encontrar neles, com o nosso requinte de sarcasmo, os monstros infernais do chicote e da senzala, que a aristocracia do dinheiro e do poder metamorfoseava em sorridentes barões. E, ainda hoje, admitimos que não incorríamos em erro, zurzindo-lhes o costado com o látego da frase corretiva, semelhante ao cáustico que é o médico, por zelo profissional, aplica numa chaga viva; entretanto, se o nosso concurso valeu, indiscutivelmente, para libertar milhares de companheiros asfixiados no tronco da humilhação ou enclausurados no quilombo da angústia, livrando-os da perseguição sistemática de capatazes impiedosos, em despertando além da morte reconhecemo-nos na situação de misérrimos escravos de nossas próprias paixões. Nós, que havíamos advogado a causa da abolição, que subíramos à tribuna para estigmatizar a maldade dos poderosos, que choráramos, expondo em público a miséria dos mais infelizes, acordávamos, por nossa vez, sob pesados grilhões.

Onde o maior grau de inconsciência? No homem que, por ignorância, procura aproveitar os braços de seus irmãos para favorecer o próprio interesse, ou naquele que, embora integrado no pleno conhecimento das suas responsabilidades, se rende à tirania dos impulsos inferiores que lhe aniquilam a vida?

Se eu pudesse voltar ao mundo, sem hesitação retomaria meus velhos sonhos de liberdade, mas não deixaria de observar os princípios enobrecedores na luta prática.

Quem não faz quanto ensina nos arraiais do bem, pode ser um sonhador, benéfico para os outros, mas infinitamente perigoso para si mesmo.

Aqui, encontrei muitos ricos que se aproveitaram de minha palavra para a reconciliação com a própria consciência, e que estenderam fraternas mãos para meu reerguimento.

Eu era o clínico enfermo, que os doentes melhorados ou restaurados vinham auxiliar.

O homem, cuja língua dominava multidões e que esvurmara as úlceras sociais do seu tempo, vivera distanciado de si mesmo, sem coragem de aplicar aos próprios sentimentos o cautério que prescrevera à alheia conduta.

A morte, porém, é processo revelador de caracteres e corações, e hoje compreendo que, se noutro tempo era necessário delir a nódoa da escravidão nas órbitas exteriores da vida, reconheço também que o cativeiro das paixões, no mundo interno, é o domínio das trevas sobre nós, exigindo-nos enorme capacidade dos princípios que nos sustentam o ser em função do Supremo Bem.

Agora, observo, com mais clareza, a missão do Divino Libertador.

Jesus, naturalmente, não encabeçou qualquer, movimento de extinção da escravocracia de seu tempo, não porque abonasse a indébita apropriação do trabalho de muitos por alguns, mas pela extrema compaixão, que muito mais a merecem dominadores do que servos.

Aos seus olhos compassivos, aquele que repousava molemente sobre as almofadas do poder se lhe afigurava mais digno de piedade que o infortunado cativo, desfeito em copioso suor. Os mais felizes não se encontravam nos serviços pesados do ministrar-se a alimentação, a higiene ou o ensino, mas na glória vazia dos titulares e dos libertos, impando de autoridade e de ouro, sem recursos, no entanto, para o desenvolvimento espiritual, encastelados na fortaleza da ilusão e da ignorância que a situação lhes impunha ou que os privilégios lhes outorgavam.

Escravidão! Escravidão! Quantos contrastes surpreendentes encerras! Não raro, o homem que se vale dos semelhantes para fins inconfessáveis, simplesmente estaciona, desditoso, na estrada, para favorecer o engrandecimento íntimo dos que o servem, quando não se impõe sobre os demais, arrojando-se, então ao despenhadeiro da miserabilidade.

O progresso pede ação, luta e sacrifício.

Muitas vezes, quando supomos subir entre os homens, estamos descendo perante as leis que nos regem; ao passo que muita gente, considerada verme rastejante nos últimos degraus da torre social do mundo, está realmente em sublime processo de elevação e aperfeiçoamento.

Do mestre imperecível profetizou Isaías:

-“Nascera como arbusto verde em terreno estéril!... Viverá na secura do chão árido, sem graça nem beleza... Asfixiado de ignomínias, caminhará sob o desprezo dos homens. Assediado pelo sarcasmo do povo, não merecerá consideração!... É que Ele suportará o fardo imenso de nossas culpas, avocando a si os nossos padecimentos. Muitos enxergarão nEle um homem desditoso, dobrado ao peso da cólera de Deus, mas os nossos próprios delitos é que serão úlceras dolorosas a atormenta-lo... Todavia, em suas chagas encontraremos a nossa redenção. Somos o rebanho disperso no mundo e, para congregar-nos no caminho reto, sofrerá Ele o peso de nossas iniqüidades... Amargurado e ferido, não desferirá o mais leve queixume, deixando-se conduzir qual cordeiro ao sacrifício. A sua morte passará como sendo a de um malfeitor, mas, desde o momento em que oferecer a sua vida por amor a todos, verá surgir numerosa descendência e os interesses divinos encontrarão milagrosa prosperidade em suas mãos!...”

O maior apostolado que o mundo conheceu foi realizado no cativeiro do serviço e da renúncia, com amor e com alegria.

Sirva-nos, deste modo, a Divina Lição.

Por: Luis Gama
Do livro: Falando à Terra,
Médium: Francisco Candido Xavier – Espíritos Diversos

27 setembro 2009

Caridade e Evolução - André Luiz

CARIDADE E EVOLUÇÃO

Caridade também progride.

A princípio é pão que sacia a fome, agasalho que protege. A criatura fixa o semelhante padecente e desperta, súbito, o instinto de solidariedade.

Percebe, por intuição, que amanhã é possível esteja sob o mesmo fogo de prova e aparece a generosidade louvável conquanto meio egoística, de vez que ajuda a outrem pensando em si.

Essa beneficência que habitualmente opera com a sobra das sobras assemelha-se a instituto individual de resseguros contra a necessidade, porquanto aquele que auxiliar, após garantir-se como pode, atenua os riscos da existência diligenciando capitalizar gratidão e serviço em outra pessoa.

A caridade, à medida que se dilata e alteia na compreensão de alguém, alcança processos evolutivos inimagináveis, por transferir-se do campo externo onde campeia, franco, o jogo dos interesses humanos, para os domínios da compreensão pessoal.

Atingindo o território íntimo, não é mais conveniência, convertendo-se em luz. Luz de amor e visão integrando a alma com os objetivos supremos da vida.

Aí, a caridade não é tão-somente o gesto de dar o bem, materializado em prendas que favorecem o corpo transitório, mas, acima de tudo, é a decisão de dar-se para o bem de todos, expresso em sacrifícios espontâneos, menores e maiores, a fim de que estabeleçam os bens imperecíveis.

Chegada a esse ponto, a caridade é a força com que apagamos a labareda do ressentimento ou da revolta à frente da traição ou do insulto.

É a serenidade com que sorvemos o cálice envenenado que a crueldade ou a calúnia nos levam até a boca.

É a bênção muda do coração que espera o entendimento novo dos seus próprios carrascos, bendizendo-lhes os golpes.

É a resolução de servir sem a mínima exigência àqueles mesmos que se acham incapacitados para compreenderem, de pronto, os benefícios que recebem, espancando, muitas vezes, as mãos que os ajudam.

Caridade! Caridade! Se a possuis, dando de ti próprio com tudo aquilo que podes dar, sem a menor ideia de reconhecimento ou de êxito, estarás penetrando, desde a Terra, no futuro da vida, porque, mesmo que não saibas viverás praticando a caridade de Deus.

De "Sol nas Almas",
de Waldo Vieira,
pelo Espírito de André Luiz

26 setembro 2009

Nenhuma Mudança se Faz Sem Lutas - Gisele d'Amico

Nenhuma Mudança se Faz Sem Lutas

O ser humano, em sua caminhada evolutiva, se esforçou pelo progresso material e, atualmente, a humanidade desfruta de um grande avanço na área de medicina, engenharia, informática e eletrônica. Os extremos do planeta se comunicam com facilidade, a medicina conta com extraordinários avanços para auxiliar o diagnóstico etc... Sem dúvida o progresso é muito grande!

O homem, sendo seduzido pelos prazeres materiais, movido pela vontade de dominar o que está à sua volta, passou séculos dentro de laboratórios estudando, pesquisando, descobrindo. Agora ele domina, conhece, tem, sabe, mas ainda não PODE. Acha que progrediu muito e por isso seu orgulho não aceita que ainda há muito a fazer, que isto é apenas um começo.

A evolução material, sem dúvida, é uma grande conquista, mas ela, apesar de eficiente, está quieta e indiferente. As máquinas não sentem, não nos fazem companhia, não nos dizem ao coração. Precisamos de algo mais forte, que dê um impacto em nossas vidas, pois nos sentimos frustrados tendo o conforto e não sendo felizes.

O progresso da humanidade cumpre uma seqüência lógica. Como na escola, começamos a desenvolver nosso raciocínio com matérias de total objetividade até sermos capazes de mentalizar as coisas mais subjetivas. Nosso desenvolvimento não poderia ser diferente. Natural que tenhamos chegado ao clímax material antes de alcançarmos o domínio das coisas do Espírito, mas urge que partamos daqui para frente. Não podemos cruzar os braços diante das nossas conquistas porque elas não são tudo o que necessitamos para sermos felizes, isto já está claro!

Perante a falência do mundo material, busquemos o invisível. Vamos começar, mesmo que engatinhando, a caminhada maior, aquela para a qual Jesus nos chamou. Esta é mais difícil e talvez mais longa, porém, é o que nos resta: conhecimento e educação de Espírito, na aceitação das Leis de Deus. Mas como começar esta busca? Que caminho devemos tomar?

Sempre que estamos numa estrada e queremos mudar de rota, é preciso primeiro parar, pensar na que vamos seguir e varrer dos nossos objetivos o caminho que estávamos seguindo. Para mudar o rumo das nossas vidas, também é preciso esvaziar nossas mentes da ânsia e correria do cotidiano, para concentrar nossas forças na nova meta a ser atingida. Sigamos os exemplos que Deus nos enviou. Paulo de Tarso, quando viu Jesus na estrada de Damasco, desviou radicalmente seu objetivo de vida. Silenciou por 3 anos no deserto, concentrando energias em seu novo ideal para depois estar em condições de exercer o grande papel junto ao Evangelho.

Jesus de Nazaré se isolou por 40 dias para meditar e se fortalecer antes do testemunho final, buscando através do silêncio, maior contato com as forças divinas. Precisamos da quietude interior para aplacarmos nossas angústias psicológicas, nossos anseios materiais, questionar nosso comportamento com o novo posicionamento perante o Pai, buscando a aceitação sincera da realidade do nosso eu interior.

Nenhuma mudança se faz sem lutas e o mérito da conquista está em vencê-las, superando seu trauma. O ser humano que se reconhece cristão deve ir à guerra contra as próprias imperfeições e as que invadem os mais diversos círculos sociais e religiosos. Jesus silenciou por 30 anos mas, chegada a hora do cumprimento de sua missão, soube lutar com firmeza, não compactuando com a hipocrisia. Portanto, é preciso procurarmos coragem dentro de nós mesmos para irmos contra a hipocrisia e o verniz social que encontra guarita tão facilmente até nos meios onde as pessoas se dizem trabalhadores de Jesus. Ele não agiu assim e por certo não estará satisfeito com estas atitudes.

Precisamos entender que a grandeza está em nos mostrarmos limpos e transparentes, sem cultivar as aparências, pois elas são como a casa construída sobre a areia. Comecemos hoje o trabalho do auto-reconhecimento e aceitação de nossas próprias misérias. Assim estaremos trabalhando com fatos reais e construindo nossa casa sobre rocha. O homem que já conseguiu mergulhar dentro da intimidade de sua alma não se envaidece com cargos, posições, elogios, homenagens porque sabe que coisas assim são meras banalidades e maior que tudo isto é a alegria do encontro com Deus através da corajosa viagem nas profundezas do seu eu.

"Deus resiste aos soberbos e dá sua graça aos humildes".
O silêncio é o começo, a luta é o meio e a felicidade o fim.

AUTORA: Gisele d'Amico
Fonte: Grupo Espírita Bezerra de Menezes

25 setembro 2009

Momento de Avaliação - Joanna de Ângelis

MOMENTO DE AVALIAÇÃO

No encerramento de cada exercício é inevitável a estruturação de um balanço, em relação aos investimentos estabelecidos.

Receita e despesa, confrontados, resultam no saldo que caracteriza o acerto ou a incapacidade do administrador.

Ocorrências imprevisíveis, sucessos, malogros, alta e queda de valores amoedados respondem pelo resultado da empresa ao fecharem-se as contas.

***

No que diz respeito à economia moral, é imprescindível fazer-se uma avaliação das conquistas realizadas durante a ocorrência de cada período, para bem aquilatar-se de como se vai e de como programar-se a etapa nova.

Os minutos sucedem-se, gerando as horas.

Os dias passam, estabelecendo meses.

Os anos se acumulam e as estruturas do tempo se alteram.

Quem conhece Jesus é convidado a investir, nos divinos cofres do amor, as moedas que a sabedoria lhe faculta em forma de maior iluminação, pela renúncia, caridade, perdão e esperança.

De tempos em tempos, impostergavelmente, torna-se necessário um cotejo do que foi feito em relação ao programado, para medir-se o comportamento durante o trânsito dos compromissos.

Façamos hoje, no encerramento da experiência, uma avaliação-balanço.

Constatada a presença de equívocos, disponhamo-nos a corrigi-los.

Identificados os êxitos, preparemo-nos para multiplicá-los.

Logrados os sucessos, apliquemo-los em favor do bem geral.

Detectados os malogros e sofrimentos, abençoemos a dor e a dificuldade que nos devem constituir impulso e estímulo para o prosseguimento.

Tenhamos, no entanto, a coragem de uma avaliação honesta, sem desculpas, sem excesso de intransigência.

***

Espíritos em processo lapidador, ainda nos não libertamos da ganga que impede se reflita no íntimo o brilho do amor de Jesus.

Não obstante, triturados pela bigorna e o buril dos testemunhos, deixemos se manifeste a divina presença em forma consoladora e equilibrante.

Uma avaliação sensata far-nos-á descobrir onde e por que nos equivocamos, como e para que nos podermos reabilitar, avançando com segurança no rumo do objetivo final.

***

Hora de balanço é hora séria.

Proponhamo-nos à pausa da reflexão com a coragem de nos despirmos perante a consciência, como se a desencarnação nos houvesse surpreendido e nos não fosse possível omitir, escamotear ou fugir à responsabilidade que adquirimos perante a vida, face à dádiva da reencarnação.

Experiência que passa, enseja lição que permanece.

E, de aprendizado em aprendizado, o relógio da eternidade nos propiciará o crescimento no rumo de Deus e na aquisição da virtude da paz.

De: "Alegria de Viver",
de Divaldo Pereira Franco,
pelo Espírito Joanna de Ângelis

24 setembro 2009

Mensagem as Mães - Cenyra Pinto

MENSAGEM ÀS MÃES

Dirijo-me, hoje, às mães cujos filhos, ainda pequenos ou adolescentes, requerem cuidados especiais na sua formação moral.

Nenhuma distinção faço quanto à posição social ou intelectual; dirijo-me a todas que têm a difícil e espinhosa missão de ser mãe.

Missão árdua e nobre, se bem vivida.

Duro é reconhecer que muitas mulheres não compreenderam ainda a importância com que a natureza as distinguiu e o mundo as consagra.

Há mães que se convenceram de que têm bonecos em seus braços, com os quais devem brincar, dar carinhos e atenções descabidas. Tardiamente percebem que criaram adversários ou seres débeis, incapazes para enfrentar a vida.

A mulher mãe deve esforçar-se para ver nos filhos seres humanos com missão no mundo, cada um com incumbências diferentes, e encaminhá-los dignamente para que vejam facilitado o trabalho que vieram realizar. Facilitar, no caso, não é superprotegê-los e resguardá-los de tudo como se devessem viver em redoma. Ao contrário, é procurar descobrir-lhes as tendências e ajudá-los a se definirem sem influências ou imposições que anulem o que eles são.

Cada um traz um impulso realizador, um tipo de experiência a desenvolver e se as mães os conservarem adormecidos no colo, como bebês, por certo se transformarão em monstros, crescidos por fora e pigmeus por dentro.

A mãe, no desempenho de sua tarefa, deverá conhecer desprendimento e renúncia, não a renúncia sentimental, sofrer para não ver os filhos sofrerem, tirar de si para beneficiá-los. Isto, como todos os extremos, é improdutivo.

A mãe, transformada em vítima, é um ser incompleto e não será amada como deveria ser.

A renúncia a que me refiro é justamente ao contrário.

Toda mãe comum é capaz de viver a renúncia infrutífera. Mas é na silente renúncia, até às lágrimas e o despedaçar da alma para dar exemplo de coragem e desprendimento aos filhos, que reside a grandeza da missão materna.

As mães construtivas precisam legar-lhes o amor feito de nobreza, destemor e compreensão, guiando-os e orientando seus valores sem manifestações de sentimentalismo e fraqueza de caráter.

A criança absorve tudo que vê e ouve. É uma antena bem posta, capaz de captar e conservar consigo a onda mais longínqua, para, no futuro, refletir o que lhe ficou impresso.

Preparem-se as jovens mães que ainda têm a seus cuidados filhos pequenos ou adolescentes para que no futuro não chorem sua própria falência e a de seus filhos.

Que se valham do momento para começar sua reforma interior, combatendo os defeitos de educação que receberam. Que refaçam os padrões da sua vida emocional, elevando seu nível de condutoras de almas e representantes da mãe puríssima - Maria - a divina mãe.

Por elas passa toda a humanidade e são elas que têm a incumbência, não só de trazer no seio o ser que vai desabrochar, mas de abrir-lhe os olhos da alma e mostrar-lhe o mundo, no que ele tem de belo e grandioso.

Que não se abatam diante das dificuldades que a vida oferecer, não esquecendo de que seu exemplo é a base onde se firmarão os edifícios que são seus filhos. Se o alicerce é fraco, o edifício ruirá.

Mães! Eis um brado de alerta. Já não é possível vossa complacência. A evolução prossegue sua rota e vós sois suas coadjutoras. Os homens públicos, os reis e os papas são gerados, embalados e orientados por vós.

Vossa galardão será grande se colaborardes ativa e conscientemente na evolução daqueles que no passado, no presente e no futuro atravessarem a porta que dá acesso à vida, através de vós.

Que o Senhor dos mundos vos ilumine, para que possais proceder como verdadeiras mães que vêem nos seus filhos os filhos do mundo, feitos para sua grandeza e felicidade.

Paz e amor.

Da obra: "Vem!...",
de Cenyra Pinto

23 setembro 2009

Mediunidade Útil - Augusto

MEDIUNIDADE ÚTIL

"O desenvolvimento da mediunidade se processa na razão do desenvolvimento moral do médium?

- Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, e portanto independe da moral. Mas já não acontece o mesmo com o seu uso, que pode ser bom ou mau, segundo as qualidades do médium." - O Livro dos Médiuns, cap. 20 - 226 - § 1

Comparemos a mediunidade à eletricidade.

Ambas são, em si, forças neutras. Os resultados obtidos com a sua aplicação

dependerão exclusivamente de dosagem e direcionamento.

Da mesma forma, não é a simples presença da faculdade mediúnica que

eleva ou compromete o indivíduo, mas sim o uso que se faz dela, mediante o livre-arbítrio.

Toda força psíquica necessita de educação para converter-se em recurso útil. E a educação se consolida de dentro para fora, compreendendo fases distintas, quais sejam o registro, a conscientização, a assimilação e a adoção de hábitos que passam a reger o comportamento.

No caso da prática mediúnica, esses princípios devem estar alicerçados na ética e na disciplina. Por isso, educar a mediunidade significa, antes de tudo, reeducar a si mesmo, de dentro para fora.

Alheios a isso, inúmeros companheiros maravilham-se com a presença da faculdade em si mesmos, mas ignoram as tendências que carregam no próprio campo moral, esquecendo-se que tais tendências podem significar a diferença entre o triunfo e o fracasso.

Por essa razão, a Doutrina Espírita recomenda que o desenvolvimento mediúnico faça parte de um programa maior, envolvendo a reforma interior da criatura em todos os aspectos.

Para isso, é necessário um mergulho interno que ultrapasse a superficialidade do fenômeno e vá além das barreiras do ego.

Conhecer-se melhor para melhor atuar no intercâmbio com o Além.

Conscientizar-se das próprias forças psíquicas a fim de canalizá-las adequadamente, de maneira que representem elemento útil na obra de construção moral do planeta.

Renovar hábitos para ensejar o clima propício às comunicações úteis.

Assimilar as leis morais que regem o cosmos, fazendo-as vibrar no próprio universo interior.

Exteriorizar o bem por meio de pensamentos e atos, para que o bem, representando nossa vinculação com a Consciência Cósmica, nos sustente a marcha e nos credencie ao trabalho junto dos edificadores da Nova Era.

Sem isso, a mediunidade não passará de força fora de controle, cujas consequências serão sempre imprevisíveis.

De "Mediunidade - Autoconhecimento",
de Clayton Levy,
pelo Espírito Augusto

22 setembro 2009

Escravo por Opção - Joanna de Ângelis

ESCRAVO POR OPÇÃO

Escravo, por definição, é todo aquele que depende, submisso, sem escolha, com a liberdade tolhida, "que está sujeito a um senhor"...

Normalmente a escravidão representa atraso cultural e ético, no qual o despotismo da força comanda, em detrimento dos valores da dignidade humana e dos direitos da criatura.

Em consequência, todo aquele que se encontra escravizado anela pela ruptura dos elos da grilheta infeliz.

*

A escravidão gera o ódio, o desforço, fomenta a injúria e a traição.

Noutras formas de escravagismo em que a dependência denigre o caráter, o homem que tomba, entrega-se, marchando para a loucura e a autodestruição.

Aí estão os agentes escravocratas, na forma das drogas alucinógenas responsáveis pela dependência emocional e orgânica, nas substâncias que dominam a vontade e reduzem o homem a ínfima condição.

Ao lado delas, o álcool, o fumo, o sexo em desalinho, o jogo, a usura, constituem agentes de escravidão cruel que vence milhões de vidas e as ceifam impiedosamente.

*

Há os escravos do luxo, do poder, das ambições desmedidas que se comprazem na sórdida submissão.

Também são numerosos os escravos da afetividade doentia, que se aprisionam a pessoas ou que as encarceram nas grades das suas paixões violentas.

*

A escravidão grassa sob simulacros, cresce nos campos de trabalhos forçados, sob ações políticas arbitrárias, com disfarces de prazer, escamoteada pelo brilho mentiroso da ilusão...

*

As leis vêm tentando libertar os escravos do mundo e procurando engrandecer o homem.

Organismos Internacionais se afadigam na luta pela liberdade dos povos.

Homens abnegados e missionários do bem multiplicam-se para erradicar da Terra a dependência degeneradora produzida por todas as drogas e agentes da loucura...

Respira-se a expectativa de uma Era de liberdade pelo amor, quando as várias formas de escravidão forem banidas da Terra.

*

Há uma escravidão-liberdade, resultado de livre opção da criatura. Trata-se da escravidão a Cristo por amor.

Quem O conhece e O ama, entrega-se-Lhe com dedicada fidelidade, buscando respirar-Lhe o clima psíquico no serviço de crescimento para Deus.

Aquele que se Lhe submete, não deseja liberdade, porque escravidão com Ele é vida em abundância.

Quanto mais as forças diminuem, mais a ligação se torna poderosa.

O anseio de libertação dá-se de forma peculiar: gastar a vida, a fim de ganhar a ida.

*

Se já consegues incorporar Jesus aos teus pensamentos e hábitos, atendendo-Lhe as diretrizes e amando sem esforço, eis-te escravo dEle por livre opção, perdendo o mundo, porém ganhando a paz, já que o salário do pecado é a loucura, enquanto o soldo do serviço é a paz.

De "Viver e amar",
de Divaldo Pereira Franco,
pelo Espírito Joanna de Ângelis

21 setembro 2009

Em Função do Amor - Joanna de Ângelis

EM FUNÇÃO DO AMOR

Convidado ao banquete do amor, esquece as mágoas e as ofensas, rompe o rol das queixas e dulcifica-te, deixando-te arrastar pelas sugestivas mensagens da ternura.

Abre-te a renovação íntima e, por momentos, reflexiona em torno da realidade que te aflige, reconsiderando as posições mental e moral.

Refaze a situação em que te encontras no lar, e recompõe a família, ofertando a fórmula do pão nutriente do amor.

Na oficina de trabalho, medita em torno da dificuldade dos companheiros e desculpa-os, quando te firam, amando-os mais.

Na vida social perceberás os felizes na aparência, que te desprezam sem dar-se conta, todavia possuindo o élan do amor, entenderás que eles estão doentes e tão aflitos, que se não apercebem da gravidade do mal que os mina em silêncio.

Na comunidade religiosa a que te filias, gostarias de haurir forças; muitas vezes, porém, descobres, ali, que aqueles companheiros vivem carentes e aflitos, apresentando dramas e amarguras que te causam desencanto. Se estiveres, no entanto, afeito à mensagem do amor, supri-los-ás de alento e te reconfortarás. Eles estão cansados e sofrem da mesma solidão que tu, não sendo diferentes de ti.

Em todo lugar, há lugar para o amor.

Melhor que sejas tu aquele que ama, irrigando os corações com esse licor poderoso da vida.
Ninguém anda e cresce, sem o estímulo do amor.

Dirás que também necessitas de receber, criatura sofrida que és.

Tens razão, sem embargo, se meditares mais, tu, que conheces Jesus, poderás esquecer de ti mesmo e oferecer, com entusiasmo, o que gostaria de receber.

Observa por um instante:

A roseira apoiada no estrume transforma o adubo desprezível em perfume que esparze no ar;
a semente aprisionada no solo que a esmaga retribui o próprio sofrimento com o verde com que embeleza o chão, transformando-se em árvore frondosa a doar bênçãos;

a pedra arrancada a explosivo e trabalhada a martelo, sem queixumes desvela a estátua que lhe dormia inerme na intimidade; o charco abandonado, ao receber a drenagem que o fere, veste-se de vida e se torna abençoado jardim.

Ouve a lição sem palavras da laranjeira apedrejada, reproduzindo galhos e abrindo-se em flores que balsamizam o ar...

Disputa a honra de amar, aceitando agora o convite que se te faz para que te transformes em vexilário do bem, amando.

Jesus, por amor, tudo sofreu, a tudo renunciou, experimentando rudes injunções climatéricas, políticas, sociais e humanas para conferir-nos a honra da liberdade real e plena, que somente através dEle podemos encontrar.

Como Deus é Amor, não te esqueças, filho do amor, que gerado pelo bem, a tua é a fatalidade do próprio amor.

Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco
Livro: Otimismo

20 setembro 2009

A Outra Face - Joanna de Ângelis

A Outra Face

Considerando-se o estágio moral em que transitam incontáveis criaturas humanas pelos caminhos do planeta terrestre, ainda vivenciando os instintos agressivos, é compreensível que os relacionamentos nem sempre se realizem de maneira pacífica.

Predominando a natureza animal em detrimento da espiritual, o orgulho se arma de mecanismos de defesa, resultantes da prepotência e da argúcia, para reagir ante os acontecimentos ameaçadores ou que sejam interpretados como tais...

A ação decorrente do raciocínio e da lógica cede lugar aos impulsos agressivos, e estabelecem-se os conflitos quando deveriam vicejar entendimentos e compreensão.

Em razão da fase mais primitiva que racional, qualquer ocorrência desagradável assume proporções inadequadas, que não se justificam, porque os recursos morais da bondade sucumbem ante a cólera que se instala e leva à alucinação.

De certa maneira, remanescendo os comportamentos arbitrários de existências pregressas que não foram domados, facilmente a ira rompe o envoltório delicado da gentileza e acontecem os lamentáveis atritos, que devem e podem ser evitados.

A educação equivocada, que estimula o forte à governança, ao destaque, contribui para que a mansidão e a humildade sejam deixados à margem, catalogadas como fraqueza do caráter e debilidade moral.

O território no qual cada indivíduo se movimenta, após apropriar-se, é defendido com violência, como se a posse tivesse duração infinita, o que constitui lamentável equívoco.

Essa debilidade do sentimento se manifesta na conduta convencional do ser humano que opta por ser temido,quando a finalidade da sua existência é tornar-se amado.

Multiplicam-se, indefinidamente, as pugnas, que passam de uma para outra existência até que as Soberanas Leis imponham a submissão e o reequilíbrio através de expiações afligentes.

A lei é de progresso e, por consequência, a todos cabe o esforço de libertação das heranças enfermiças, dos hábitos primitivos, experienciando conquistas íntimas que se irão acumulando na estrutura emocional que se apresentará em forma de paz e de concórdia.

O conhecimento espírita, porque iluminativo, é o mais eficiente para a edificação moral, defluente da conscientização de que o avanço é inevitável e a repetição das atitudes infelizes constitui estagnação e fracasso...

As dificuldades, portanto, as diferenças de opinião, os insultos e agravamentos devem ser considerados como experimentos, como testes ao aprimoramento espiritual, ao aprendizado das novas condutas exaradas no Evangelho de Jesus.

Quando isso não ocorre, fica-se sujeito à influência maléfica dos Espíritos inferiores que se comprazem em gerar situações embaraçosas, responsáveis por essas condutas lamentáveis.

Indispensável vigiar-se as nascentes do coração, a fim de dominar-se a ira, esta fagulha elétrica responsável por incêndios emocionais de resultados danosos.

Considere-se, ademais, a ocorrência de uma parada cardíaca, de um acidente vascular cerebral de consequências irreversíveis, não programados, mas que sucedem somente por falta de controle emocional, provocados pela raiva...

* * *

Aprende a dominar os impulsos da ira, porque a existência terrestre não é uma viagem deliciosa ao país róseo da alegria sem fim...

Esforça-te por compreender o outro lado, a forma como os outros encaram as mesmas ocorrências...

Luta por vencer a arrogância, porque todos os Espíritos que anelam pela paz, pela vitória das paixões têm, como primeiro desafio, a superação dos sentimentos inferiores, aqueles que devem ser substituídos pelos de natureza dignificante.

Se alguém te aflige, é porque se encontra necessitado de ajuda e não de combate, é a sua forma de chamar a atenção para a sua solidão e angústia.

Fogo com fogo aumenta o incêndio devorador.

Treina colocar no braseiro a água da paz e se apagarão as labaredas ameaçadoras.

Não foi por outra razão,. que Jesus propôs: Não resistais ao homem mau, mas a qualquer que vos bater na face direita, oferecei-lhe também a outra, conforme anotou Mateus, no capítulo 5, versículo 39 do seu Evangelho.

Esbordoado, no Pretório, Ele exemplificou o ensinamento verbal, não reagindo às agressões, quando os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na sobre sua cabeça... mantendo-se em silêncio...

Oferecer a outra face é mais do que expor o lado contrário, a fim de sofrer nova investida da perversidade.

Trata-se da face moral, nobre, que se encontra oculta, aquela rica de sentimentos elevados que distingue uma de outra criatura.

Ninguém é o que apresenta exteriormente, tanto existem conteúdos cruéis ocultos pela educação, pela dissimulação e hipocrisia, como sentimentos relevantes e bons.

Ao seres alcançado por qualquer ocorrência desagradável que te golpeie a emoção, ferindo-te a delicadeza das reservas íntimas, ao invés de reagires, desvela a outra face, a do amor, da compaixão, da misericórdia, agindo com serenidade.

A outra face é o anjo adormecido nas paisagens luminescentes do teu mundo interior.

Ali possuis tesouros de amizade e de ternura que desconheces.

Com essa, a brutal, a reagente, a defensiva, já estás identificado, devendo encontrar-te cansado de vivenciá-la.

Imerge, desse modo, no rio de águas silenciosas do teu mundo íntimo e refresca-te com o seu contributo. Logo depois, deixa que os tesouros do amor do Pai que se encontram adormecidos, fluam suavemente e se incorporem aos conteúdos habituais, substituindo-os ao longo do tempo e predominando por fim.

À medida que tal aconteça, renascerás dos escombros como a Fênix da mitologia, que se renovava e renascia das cinzas que a consumiam.

O bem é a meta que todos devemos alcançar.

Não te permitas, portanto, perturbar, pelas emoções doentias e viciosas que te consomem, destruindo as tuas mais caras realizações espirituais,.

És responsável pelos teus atos, qual semeador que avança, seara adentro, atirando os grãos que irão germinar com o tempo,

Certamente muitos se perderão, outros, no entanto, produzirão multiplicadamente, ensejando colheita superior ao volume ensementado.

Necessário cuidar do tipo das sementes que serão distribuídas pelas tuas mãos.

Semeia bondade e colherás alegria de viver, nunca revidando mal por mal.

* * *

Uma faísca, um raio que atinja um depósito de combustível e logo se apresentará a destruição.

Controla-os, na corrente das tuas reflexões, gerando a disciplina da contenção da sua carga poderosa de energia, canalizando-a para os labores enobrecidos que te exornam a luta, as conquistas já logradas que te honorificam.

A outra face encontra-se coberta por camadas de experiências desastrosas.

Retira esse lixo mental e permite que se apresente irisada de sol espiritual a outra face, para que o amor real seja a marca do teu comportamento em qualquer circunstância ou ocorrência difícil.

Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 15 de abril de 2009, em Salvador, Bahia.

19 setembro 2009

Trajetória Desafiadora - Bezerra de Menezes

Trajetória Desafiadora

Filhos da Alma:

Que Jesus nos abençoe.

Repetimos a trajetória do Cristianismo primitivo.O solo que espera ensementação ainda necessita de adubo e de arroteamento.

Não estranhemos as dificuldades e os desafios.

Jesus, que representa a estrela de primeira grandeza da Terra, não transitou por estradas asfaltadas, nem sorveu o precioso licor da amizade e do respeito. Sofreu perseguições sem nome, vivendo testemunhos indescritíveis.

Por isso, Ele nos disse: No mundo somente tereis aflições. [João, 16:33]

Que sejamos afligidos, mas que não nos tornemos afligentes, impondo-nos a carga dos testemunhos, que conduzamos com elevação ao calvário libertador.

Vendo-vos, filhos da alma, reencetando a jornada que ficou interrompida no passado, em face do desequilíbrio e das lamentáveis posturas humanas, alegramo-nos, porque palmilhais a estrada da redenção com entusiasmo, com amor.

Vivei o Evangelho, conforme a interpretação da Doutrina Espírita, e exultai.

Vossas dores são nossas dores, vossas ansiedades e sofrimentos íntimos são nossos, meus filhos.

Jesus compartilha, antecipando as inefáveis alegrias do amanhã ditoso, após vencido o portal do túmulo.

Avançai, seareiros da luz!

Nada vos impeça a glorificação do ideal que vibra e que se expande através de vós.

Jesus nos espera, avancemos.

* * *

Amigo Jesus:

Tu que és o companheiro daqueles que não têm companheiros, que és o médico dos excluídos da sociedade terrena, enfermos da alma e do corpo, que és o guia do planeta terrestre, que foi atirado no éter cósmico sob Teu comando, recebe a nossa gratidão por estes dias de júbilos e de reflexões.

Aceita a pobreza em que nos encontramos, aguardando a fortuna que ofereces aos que Te servem.

Agradecidos, Senhor, rogamos que nos abençoe e aos irmãos e amigos de retorno às suas tarefas, para que sejam fiéis até o momento da libertação.

Muita paz, meus amigos.

Com o carinho dos Espíritos-espíritas aqui presentes, o amigo paternal e humílimo de sempre.

Bezerra Mensagem psicofônica recebida por Divaldo Pereira Franco, no encerramento do Curso promovido pelo Conselho Espírita Internacional (CEI), em Liège, Bélgica, no dia 7 de junho de 2009, em seguida à 13ª Reunião Ordinária do CEI

18 setembro 2009

Em louvor ao Irmão Sol - Joanna de Ângelis

Em louvor ao Irmão Sol

Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o terror, mantendo a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos para esmagar os camponeses e os citadinos pobres.

Havia superstição e medo em toda parte, caminhando a humanidade sob o estigma do pecado e do vício que eram punidos com impiedade.

Ti chegaste e apresentaste a Verdade, que nunca mais deixou de iluminar a sociedade.

Existiam a perversidade sem disfarce e a discriminação de todo tipo, havendo-se tornado o homem o lobo do homem, assim ficando desprezível.

Na sua simplicidade santa cantaste o hino de louvor a todas as criaturas, chamando-as docemente de irmãs.

Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio pestilento das guerras intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que apodreciam a céu aberto...

Tua voz, suave e meiga, entoou, então, o canto da paz, e te fizeste o símbolo da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a Terra.

As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas do destino insano, dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo.

A fé religiosa com a sua pompa extravagante amparava-se nos fortes e os ajudava a perseguir e malsinar os fracos, mas tu tiveste a coragem de despir-te das sedas e brocados do teu pai, desnudando-te, para nascer novamente dedicando-te,a partir daquele momento, aos leprosos de Rivotoro...

No início do teu ministério, quando se aproximaram os primeiros servidores do Amor, riscaste no chão uma cruz e enviaste-os aos quatro pontos cardeais do mundo, para que todos conhecessem o Sol de Primeira Grandeza. Enquanto Ele os houvera enviado dois a dois, tiveste a coragem de os encaminhar a sós, porque sabias que Ele seria o companheiro inseparável daqueles abençoados heróis do amor em todos os seus momentos.

Num período em que a fé religiosa inspirava pavor, aqueles que se consideravam representantes de Deus no mundo, distanciando-se cada vez mais das ovelhas que deveriam pastorear, tomaste a vestimenta de ovelha branda e reuniste aquelas desgarradas, formando um novo rebanho...

Nos teus dias, e mesmo um pouco depois, ninguém te resistia a presença, a voz, a vibração de inefável amor...

Nem mesmo o lobo feroz de Gúbio ou as andorinhas gárrulas, que te perturbavam a canção de amor, quando cantavas aos ouvidos atentos dos sofredores no altar da Natureza, fazendo-as calar-se.

No forte verão, quando tinhas a vista queimada pelo ferro em brasa e estavas ao ar livre, percebeste pelo zumbido das abelhas, que lhes faltavam pólen e flores para fabricar mel. Não trepidaste em solicitar à tua irmã Clara que providenciasse do monastério o alimento para aquelas irmãzinhas laboriosas...

Quem se atreveu a comportar-se dessa forma, depois dEle, a quem tanto amaste, a ponto de imitá-lO em todos os teus momentos, a partir do instante em que Ele te chamou para a reedificação da Sua Igreja moral que estava em escombros?

Oh! Irmão Cantor dos desesperados e esquecidos!

O mundo moderno, rico de glórias ligeiras e pobre de sentimentos, orgulhoso das suas conquistas rápidas, mas que não nota a imensa aflição em que estorcegam as multidões famintas e excluídas da sua sociedade, vivendo uma insuperável noite de horror e de incertezas, necessita de ti com muita urgência.
Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o teu canto virá diminuir a angústia que se transformou em patética afligente na Terra sofredora.

Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da tecnologia, mas a solidão, a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles filhos do materialismo insensível produzem o vazio existencial, os transtornos psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura pelas drogas, pelo alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga pelo suicídio injustificável.

Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus.

Novamente convoca os teus irmãos Leão, Rufino, Chapéu, assim como aqueloutros que contigo construíram o mundo que te escuta há oitocentos anos, mas não tem coragem hoje de seguir-te os passos.

Quantos te abandonaram após a tua volta ao Grande Lar?!

Ainda escutamos o silêncio da deserção deles na turbulência das atrações de onde haviam saído e para aonde retornaram com avidez...

Eles estão novamente, na Terra, aturdidos, saudosos, aguardando a tua voz que conhecem e não conseguem esquecer.

A tua Assis querida agora está ampliada além das muralhas em que se resguardava, e a sociedade em agonia deseja pertencer-lhe à cidadania.

Há música no ar, silêncio nos corações e lágrimas nos olhos de quase todas as criaturas destes dias de inquietações e de incertezas.

Em decorrência, há uma grande expectação denunciando a espera...

Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do desamor bata em retirada e uma primavera de bênçãos tome conta de tudo.

O céu azul que te agasalhou e os campos verdes com lavanda perfumada que os teus pés feridos pisavam, continuam aguardando-te.

Há multidões que te vêm louvar, bulhentas e festivas, mas indiferentes ao teu chamado, sem valor para te seguir.

Canta, então, novamente, a tua oração simples, com que nos brindaste naqueles dias inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se manifestem a paz e a esperança, e ante a ameaça da morte iminente, o ser ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é morrendo que se vive para sempre.

Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda ansiosa!

Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo P. Franco, na tarde do dia 3 de junho de 2009, junto à tumba de S. Francisco, ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália

17 setembro 2009

Animismo e Mistificação - Raul Teixeira

Animismo e Mistificação

Nos ensinamentos da Boa Nova, Cristo propõe: Brilhe a vossa luz, enquanto é dia.

Este é um ensino bonito, dentre tantos ensinos bonitos que o Mestre nos trouxe. Este é fundamental, porque este Brilhe a vossa luz é uma instigação, é uma insuflação à nossa vontade de crescer, de desenvolver nossas potências, transformar nossas potências em atividades.

Brilhe a vossa luz é muito bonito. Porque Cristo está dizendo que todos nós somos luz, todos carregamos essa chama interna, que muitas vezes bruxuleia, que muitas vezes perde o brilho gradativamente.

É como se as brumas do mundo fossem abafando o nosso brilho, o nosso luminar interior.

É por causa disto que a proposta de Cristo se enche de valor para nós. Brilhe a vossa luz.

Esse trabalho de desenvolver nossas potências, nossa própria realidade é um trabalho de desenvolver a nossa capacidade anímica, nosso animismo, nossa alma.

A desenvoltura da alma, o progresso do ser é uma das objetivações de nossa vida na Terra.

Estamos aqui, encarnados, para desenvolver nossas potências.

A Terra é uma grande escola onde trabalhamos em prol de nós mesmos, em prol do nosso crescimento. Aqui é um laboratório em que, no dia a dia das refregas, vamos conseguindo pôr para fora esse brilho que está internado em nós.

Curiosamente, quando nos referimos a animismo, existem outras considerações relativas a essa referência.

Porque, quando Aristóteles falou em animismo, ele pensava em outra coisa, ele pensava de outra maneira.

Animismo para Aristóteles, por exemplo, era esse fato de alguém tomar um pé de coelho, o animal já morto, transformá-lo num pendentif, ou num chaveiro, ou numa peça qualquer, para dar sorte.

Aristóteles imaginava que, todas as vezes que tomamos uma coisa morta e lhe damos características de coisa viva, dar sorte, por exemplo, é um ato de animismo. Conferimos alma a uma coisa que não a tem.

Quando pegamos uma pedra e achamos que essa pedra vai nos dar felicidade, vai trazer-nos felicidade interior, luz, harmonia, etc, estamos, segundo Aristóteles, criando um quadro de animismo, dando um valor dinâmico a algo que é inerte.

Mas, no campo do Espírito, no campo das coisas da alma, o animismo é essa exteriorização do próprio indivíduo, de cada um de nós.

Quando se trata, por exemplo, de um fenômeno de ordem mediúnica, em que alguém diz estar dando passividade a um ser espiritual, ou estar manifestando um ser espiritual, a grande preocupação dos estudiosos dessa questão é verificar se de fato é o falecido que fala através do sensitivo, através do sujeito, através do médium, ou se é a própria mente do sujeito, do sensitivo, do médium que se exterioriza.

É verdade que carregamos no nosso íntimo muitos valores enraizados, armazenados no nosso inconsciente. Valores desta vida, valores de vidas passadas, que estão no nosso inconsciente.

São riquezas ou pobrezas, mas são conquistas que estão no nosso íntimo, na nossa caixa preta e, em dadas circunstâncias, esse material vem à tona.

Imaginemos que, num dado momento, sintamos um perfume e esse perfume nos remeta à infância, nos lembremos que nossa avó usava esse perfume. Em função disso, nos recordamos de alguma festa que fomos e a vovó usava esse perfume. Aí nos lembramos que nessa festa em que fomos, tínhamos determinado amigo, comíamos determinada coisa...

Vejamos como o perfume nos fez recordar, ir andando para trás. A isso se daria o nome de animismo. Quando a nossa memória trouxesse inconscientemente lá de dentro as coisas que estão armazenadas em nós.

Animismo, então, significa essa projeção da alma do próprio sensitivo, a manifestação da nossa própria realidade, internalizada, coberta que, em dados momentos, vem a lume, em dado momento vem a flux e aflora como se fosse uma outra entidade falando por nós.

* * *

É compreensível que todos nós sejamos indivíduos que temos muito material na nossa intimidade e nem sempre nos demos conta de quantas vezes esse material vem à tona, se manifesta, e podemos supor que seja uma entidade espiritual que esteja se manifestando através de nós.

Essa parede entre o que é mediúnico e o que é anímico é uma parede muito tênue, muito fina porque, afinal de contas, não temos muita habilidade de perceber em que momento deixamos de ser nós mesmos e estamos filtrando um pensamento alheio.

Nós não temos muita precisão com relação a isto. É necessário que haja muita especialidade, muito trato, muita habilidade para que nos apercebamos disto.

Mas, sempre que se fala em animismo, levamos em conta que o indivíduo anímico, não sabe que é anímico.

Ninguém sabe que está pondo para fora esse material do seu passado, esse material da sua caixa preta, dos seus arquivos psíquicos.

Quando o indivíduo passa a saber e usa isto de caso pensado, aí então o fenômeno deixa de ser anímico, tipicamente falando, e entramos no território da mistificação.

A mistificação sempre caracteriza um engano, um engodo, pelo qual quero fazer alguém passar.

Sempre que mentimos estamos mistificando e , no caso das manifestações espirituais, pode ser que o próprio Espírito que se manifesta, o próprio Espírito que se comunica, diga ser uma pessoa que ele não é. O sensitivo está drenando corretamente, o sensitivo está deixando passar aquela manifestação corretamente, mas o manifestante é que mente.

Ele diz ser Rui Barbosa, ele diz ser Jesus Cristo ou qualquer outro vulto da História e não é. Nesse caso temos o animismo do Espírito comunicante dizendo ser quem ele não é.

Mas, encontramos outros casos em que o sensitivo, o médium finge estar dando passividade a um Espírito, finge estar recebendo um Espírito para enganar os outros, para obter lucros ou para qualquer outro objetivo escuso. Nesse caso, a mistificação não é mais do Espírito, é do médium.

Muita gente procura médiuns na sociedade, procura terreiros, centros espíritas, cartomantes, quiromantes, médiuns quase sempre, sensitivos quase sempre. Contudo, as pessoas não têm a habilidade, não têm o traquejo, não têm o conhecimento para identificar essas coisas. Então, quase sempre entram nesse mundo da credulidade, acreditam simplesmente.

É muito grande o número de pessoas inescrupulosas que tiram proveito da ignorância popular, que tiram proveito do desconhecimento geral.

Por causa disto, é sempre importantíssimo que se tenha cautela com os fenômenos da mistificação.

Como é que eu vou saber se há mistificação ou se não há mistificação?

Verifiquemos onde é que a informação nos vai levar.

A informação nos vai levar a alguma dependência de alguma coisa ou de alguém? Não acreditemos.

A informação nos vai cobrar dinheiro, recursos para que resolvamos casos espirituais, problemas de amor, problemas familiares? Não acreditemos.

As revelações que nos chegam são estapafúrdias, são irracionais? Não acreditemos.

Não tenhamos nenhum medo em desacreditar de coisas que nos pareçam absurdas porque nós não devemos crer naquilo que é absurdo.

Não há nenhum crime em rejeitarmos informações nefastas, o grande problema é quando aceitamos as informações mentirosas.

Nas páginas de O livro dos médiuns, de Allan Kardec, há uma orientação muito interessante, quando o Espírito Erasto recomenda-nos que Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.

E isso é lógico. A verdade sempre aparece, se a rejeito hoje, ela aparece amanhã, ela aparece depois de amanhã, se eu a negar amanhã.

Porque a verdade é a Lei da vida, ela sempre aparecerá.

Mas, a mentira deseja imediatamente impor-se porque se demorar ela será descoberta.

Por isso todo mentiroso quer levar o maior número de pessoas o mais rapidamente possível. Se ele demorar, se a mentira demorar, as pessoas acabam por descobrir.

Não misturemos, pois, animismo que é essa voz do nosso íntimo inconscientemente vazada, com a mistificação, que é o enganar aos outros de caso pensado.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 144, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2009.

16 setembro 2009

A Desencarnação - Raul Teixeira

A Desencarnação

Existem coisas das quais não conseguimos fugir. Coisas que fazem parte de Leis inexpugnáveis.

Dentre essas Leis inexpugnáveis, que todos conhecemos na Terra, existe a Lei da desencarnação, a morte.

Naturalmente que o ser espiritual que nós somos, a criatura espiritual que nós representamos, essa não morre jamais. Esse indivíduo é perene.

Uma vez que fomos criados por Deus, nunca desapareceremos do plano da Divindade.

Mudaremos de mundos, de corpos, mas seremos, continuaremos a ser.

Mas, todas as coisas decorrentes da matéria passam por transformações na sua estrutura. A essas transformações chamamos morte.

Se olharmos uma montanha de barro vermelho, que retiramos com facilidade, pouca gente imaginará que essa montanha de barro vermelho era uma montanha de ferro, de minério de ferro que, ao longo do tempo, se transformou e, no lugar do ferro que tínhamos que levar ao fogo para que ele se dissolvesse, agora temos o barro, que usamos para construção, para plantação, para achanar caminhos, que damos um número enorme de usos.

Quando vemos a areia do mar, tão fina ou grossa, pouca gente imaginará que isso decorre das grandes montanhas de sílica, de silicatos que, ao longo do tempo, submetidas às leis da natureza material, se converteram em areia.

Muito pouca gente imaginará que o petróleo, que hoje move o mundo inteiro, provocando vida e provocando mortes, não passa de um amontoado de corpos orgânicos, vegetais, animais que, situados na intimidade do subsolo durante milhares e milhares de anos, sofreu transformações e se converteu em petróleo.

Poucos imaginarão que seja o carbono, o carbono comum, esse que nós utilizamos como grafite para escrever, o mesmo que se faz diamante depois, submetido a pressões agigantadas no coração tépido do planeta.

Vemos que tudo que é matéria se transforma.

Tudo morre, transforma-se, para reaparecer em novas expressões. O carbono, que vira grafite, que vira diamante.

Ora, é muito bonito pensar na morte com este olhar.

E, se nós pensarmos no corpo humano, quando sairmos dele, nosso corpo morre. Fulano morreu. Beltrano morreu... Não é bem verdade.

Fulano, Beltrano deixaram seus corpos. Por isso seria mais simples dizer: Desencarnou. Saiu da carne Porque não foi Fulano que morreu.

Minha avó morreu, meu filho morreu... Terrível.

Minha avó desencarnou. Ela continua viva, fora do corpo que morreu.

Meu filho desencarnou, meu pai, minha mãe, meu amigo desencarnaram. Saíram dos corpos mas não saíram da vida.

Então, quando olhamos esse corpo orgânico abandonado pelo Espírito que prossegue vivendo, esse corpo se desfaz, agora se apresentam as células que o compunham, que se desfazem, agora as moléculas que compunham essas células...A transformação. Porque essas moléculas serão assimiladas por outros seres vivos.

Plantas que nasçam ali onde o corpo foi sepultado terão em si a expressão daquelas moléculas, daqueles átomos.Outros animais vêm comer aquela erva e levam consigo aquelas moléculas que eram do vegetal, que eram do corpo humano. Tudo se transforma.

Em última análise, não há morte, existem apenas transformações.

Se quisermos continuar a prestar culto à morte, poderemos fazê-lo, mas Jesus Cristo já veio e detonou a morte, porque foi Ele mesmo que voltou para dizer que continuava vivo, apesar do corpo esfacelado.

* * *

Não há nenhuma razão para prestarmos culto à morte.

A morte é um desses fenômenos naturais, com os quais nos acostumamos. Com ela também nos acostumamos.

Desde todos os tempos, as criaturas têm medo da morte porque se foi passando de um indivíduo a outro essa ideia de que morrer é acabar.

O sujeito morre, fina-se, finda-se, nunca mais o veremos, nunca mais nos verá.

Mas, quando nos damos conta de que não é bem assim que as coisas acontecem, tudo se transforma.

Passamos a ver a morte como uma transformação, como vimos em todos os demais setores da natureza material.

É por causa disto que a morte representa o desgaste dos órgãos. Pelas vias naturais o indivíduo vai morrendo, por causa do desgaste dos órgãos.

Mas, esse desgaste começa a dar-se quando nascemos.

Quando o bebê sai do ventre da mãe e respira pela primeira vez com seus próprios pulmões, já começa a queimar suas células, com os esforços que a natureza lhe impõe.

Assim, a nossa morte começa com o nosso nascimento.

É como se começássemos a contar uma corrida. Na hora que o carro dispara, ligamos o cronômetro.Quando a criança emite seu primeiro vagido, liga-se o cronômetro da vida orgânica.

E aí vivemos durante um período de algumas horas, de alguns meses ou anos, ou dezenas de anos.

A morte não representa o fim das coisas. Vimos que o ser espiritual sai do corpo, mas não sai da vida.

É claro que na nossa cultura judaico-cristã, aprendemos a sofrer com a morte.

Há outras culturas que festejam a morte porque sabem que é a libertação, é a grande saída.

Como temos essa herança religiosa judaico-cristã, tudo para nós é regado a muito sofrimento, a muito tormento.

Para completar, as religiões tradicionais trataram de envolver o fenômeno da morte no que há de pior, em panos negros, em panos roxos, com muitos círios, com muita lágrima.

Temos essa sensação de que o nosso ser querido morreu definitivamente.

Mas, qual nada. Paulo de Tarso enuncia: Se Jesus Cristo ressuscitou, todos nós ressuscitaremos.

E essa ressurreição de Cristo não é em nível físico, é em nível espiritual porque, afinal de contas, em nível físico é impossível ressuscitarmos. O nosso corpo sofre os efeitos do quimismo, da deterioração da matéria. O nosso corpo se desfaz, vira água cheia de moléculas, de átomos que vão sofrendo as transformações a que nos reportamos. Logo, esse corpo não retornará mais.

Aqueles que imaginam a ressurreição da carne não pararam para pensar na complicação que seria para a Divindade realocar átomos e moléculas para formar um corpo original.

Teria que desfazer dezenas de outros corpos, que já se banquetearam, que se serviram dos elementos desse corpo anterior.

É muito mais fácil admitir que não é por aí que as coisas acontecem.

Nossos mortos estão de pé, eles continuam vivos nessa outra dimensão.

Para onde vamos depois que morremos? Para o céu, para o inferno, para o purgatório, para o limbo?

Não, nada disso. Voltamos ao lar primitivo, ao mundo espiritual ou mundo dos Espíritos.

É de lá que viemos para a Terra, é para lá que retornaremos ao sair da Terra.

E esse mundo normal primitivo é a realidade que nos circunda. Todos estamos circundados, imersos nesse mundo normal primitivo, o mundo dos Espíritos.

E o inferno?

Esse não é uma questão do mundo dos Espíritos, é da alma humana.

Nós construímos em nós mesmos o nosso inferno, com as nossas atitudes incorretas, com nossos crimes, nossos vícios, nossa preguiça.

E o céu?

Da mesma forma, construímos o próprio céu que desejamos para nós, pela obediência às Leis de Deus, pelo serviço ao bem do próximo.

O purgatório?

É aqui mesmo na Terra. Purgatório é um lugar onde se purga, onde se limpam, se lixam, se limam as anfractuosidades que carregamos, as irregularidades que carregamos. Esse purgatório é o planeta Terra.

Deus espera que criemos esse Reino dos Céus em nossa intimidade porque tal vida, tal será a morte.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 131, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 7 de junho de 2009.

15 setembro 2009

Valorize seu dia: Violência Cotidiana - Raul Teixeira

Valorize seu dia: Violência Cotidiana

É curioso notar como nos estarrecem as notícias que as mídias projetam em torno da violência.Em toda parte as notícias dos crimes, das guerras nos causam verdadeiro estupor.

É muito comum que as pessoas registrem tudo isto com uma certa dose de angústia, como se o mundo estivesse de mal a pior.

E, quando pensamos nessas questões da violência, que a televisão mostra, que as emissoras de rádio, que os jornais escritos apresentam; quando pensamos nessa violência que está nos filmes, nas telenovelas, que está em toda parte na sociedade, sentimos um aperto muito grande no coração.

Afinal de contas, que mundo é este? Em que mundo nós estamos vivendo?

Esta é uma pergunta crucial, porque quando nos perguntamos, que mundo é este, em que mundo estamos vivendo, não podemos esquecer que nós fazemos parte deste mundo. Não é um mundo lá fora, como se fôssemos dele independentes.

Este mundo no qual estamos identificando tantas catástrofes de violência, tantas tragédias comportamentais, é o mundo que estamos fazendo.

Por causa disso vale a pena nos perguntarmos: O que é que está acontecendo neste capítulo da violência no nosso cotidiano?

Não existe um único dia sequer que não tenhamos notícias de assassinatos, de homicídios, de estupros, de sequestros, de atentados em toda parte. Na sociedade mais próxima, onde estamos e na sociedade do mundo em geral. Parece que o ser humano adentrou caminhos nunca dantes trilhados.

Mas, isso não é bem verdade porque bastará que olhemos a História para percebermos que essa realidade da violência, nesses tempos que vivemos no mundo, é mais conhecida, mas não é uma coisa nova É mais divulgada, mas não é uma coisa recente.

Cabe-nos verificar de onde é que vem essa onda de violência tão terrível na nossa vida cotidiana.

É por causa disso que nos cabe ver como podemos fazer, agir, viver para dar conta desse quadro tão angustiante que aí está em nosso mundo.

Violência, violações, violar - todos esses verbos e substantivos expressam uma patologia da criatura humana. Expressam um tormento pelo qual passa o indivíduo.

Compete-nos identificar onde começa a violência e teremos surpresas muito curiosas ao percebermos, ao registrarmos que todo e qualquer processo de violência que explode na macrosociedade, que avança no mundo em geral, tem começo no indivíduo.

Sim, é no indivíduo que todo esse processo começa. Somos essencialmente portadores desse vírus da violência.

Quando pensamos nessa verdade, sentimos uma certa frieza na espinha, um calafrio que nos passa na espinha porque jamais imaginaríamos que toda essa onda de tormentos sociais, de sequestros, violências, mortes, estupros tivesse começo na nossa atitude pessoal.

Parece que estamos fazendo as coisas às escondidas, temos a sensação de que ninguém nos vê ou, muitas vezes, fazemos abertamente para que sejamos vistos. É a questão da adrenalina. Fazer alguma coisa errada no meio de tanta gente, produz uma adrenalina mas, ao mesmo tempo, indica um desequilíbrio.

É desse modo que a violência vai ganhando expressividade, que a violência vai se disseminando na sociedade em que vivemos. Ao pensarmos nessa disseminação da violência nos cabe cumprir aquilo que viemos à Terra fazer: dar boa conta da nossa administração existencial, dar boa conta de nossa vida, viver de tal modo que não sejamos nós os fatores pré-disponentes da violência. Que não carreguemos em nós essa força que promove a violência mas que consigamos, gradativamente, trabalhar num sentido oposto e verificar que a violência tem nascedouro em nós e, por isso, terá que encontrar seu término também em nós.

* * *

Se nos damos conta de que é no indivíduo que tem nascedouro a violência, fica muito mais explícita a sua origem e, naturalmente, a sua solução.

Em verdade, todos precisamos nos dar conta dos quadros de violência dos quais fazemos parte.

A violência das palavras ásperas, das palavras grosseiras, a violência da pornografia. Falamos o que queremos como se todas as pessoas tivessem a obrigação de nos ouvir o verbo como a gente o queira expressar. E a vida não é bem assim. Se impomos a alguém ouvir-nos nas coisas ruins que queremos dizer, estamos impondo às pessoas violentamente, as nossas ideias.

Se fazemos na nossa casa uma festa e porque estamos na nossa casa ignoramos que os outros vizinhos também estão nas suas casas, fazemos barulho até a hora que bem entendamos porque os outros terão que nos aceitar assim, é violência. Porque se temos direito a fazer barulho em nossa casa, os nossos vizinhos têm direito a ter silêncio em suas casas.

Começamos a nos aperceber das atitudes violentas junto à família: o esposo machista, violento, grosseiro com a esposa; a esposa patologicamente feminista e que acha que a sua palavra tem que ser a última, não ouve a mais ninguém; as agressões contra os filhos; a pancadaria; as brigas entre irmãos dentro de casa são aspectos os mais variados da violência no cotidiano.

Curioso é que não percebemos que isso é violência.

Parece-nos uma coisa muito normal, muito corriqueira nos agredirmos e depois, tudo parece voltar ao normal. Mas as coisas não voltam ao normal que estavam, nunca mais chegamos ao nível zero. Estamos sempre ajuntando lixo nas nossas relações.

E por causa disso mesmo a violência tem começo dentro de nós, estoura nas nossas relações, dentro de casa, no nosso trabalho, com as pessoas com as quais convivemos. Graças a isso é que, a cada dia, a violência urbana aumenta mais.

Parece que o problema da violência urbana é do Governo. Mas o governo da minha casa sou eu, o governo da minha rua sou eu, o governo do meu bairro somos nós.

Então, como fazer para mudar esse quadro que nos incomoda tanto?

Temos que apelar para esse processo de autoeducação. Precisamos aprender a voltar às origens da boa relação.

Saber o que falar perto de quem, respeitar senhoras, crianças, respeitar outras pessoas porque todas as vezes que nós dizemos o que queremos, diz o ditado popular, ouvimos as coisas que não queremos e não gostamos.

Quando dizemos uma palavra de má qualidade, uma palavra de baixo calão, uma palavra indevida, instigamos a reação das pessoas, das que aceitam o que dissemos e daquelas que se rebelam contra o que dissemos.

É da microviolência, digamos assim, a violência do indivíduo, a violência de cada um que nasce a macroviolência.

É da nossa violência individual que advém a grande violência social, não tenhamos nenhuma dúvida.

Quando vemos, numa guerra, soldados se engalfinhando, a guerra não começou com os soldados, começou com cada um dos indivíduos que somaram energias envenenadas.

E essa energia envenenada, essas forças negativas vão impondo à sociedade o desbordar, o desaguar das nossas negatividades reunidas.

Muito mais do que podemos imaginar somos os agentes da violência no nosso cotidiano.

Muito mais do que podemos supor damos ensejo à violência urbana, comentando-a, divulgando-a, devorando essas notícias nos jornais, nas revistas que vendem a rodo o sangue pisado das vítimas sociais.

Quando começamos a fazer essas reflexões, quando partimos para esses entendimentos, agora parece que conseguimos encontrar a saída, a renovação pessoal, o esforço por nos apaziguar, o esforço por nos tranquilizar e fazer com que a cada dia, ao nosso redor, haja harmonia, haja paz.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 152, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em julho de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 31 de maio de 2009.

14 setembro 2009

Cooperação com o Bem - Raul Teixeira

Cooperação com o Bem

Conta-se que dois irmãos viviam nas regiões do Himalaia. Um deles, depois de algum tempo, resolveu que queria servir a Deus, queria cooperar com Deus, mas não no meio do povo, no meio da massa, no meio da gentalha. Ele queria cooperar com Deus, no Alto do Himalaia, treinando a mente, fazendo exercícios psíquicos. E para lá demandou.

O outro irmão decidiu também cooperar com Deus.

Eu quero servir a Deus. Mas, eu quero servir a Deus aqui, no meio do povo, junto à minha gente. E ficou no vilarejo atendendo às multidões.

O irmão, que subiu a montanha, passou muito tempo lá. Desenvolveu de tal forma a sua capacidade mental, o seu poder de concentração, sua integração com as coisas do Cosmo que, quando pensava algo negativo, era capaz de dissolver a neve.

Lá embaixo, o outro irmão trabalhava as necessidades alheias, tratava feridas, as chagas abertas, as dores do mundo.

O irmão que tinha subido a montanha para meditar, sentiu saudade do outro que ficara lá embaixo e decidiu visitá-lo.

O grande desafio para ele era: Como é que eu vou, depois de tanto trabalho aqui em cima, misturar-me àquela gente lá embaixo? Como é que eu vou?

Mas, a saudade era grande, e ele pensou:

Bem, vou fazer uma bola de neve bem compacta e levo comigo porque eu posso verificar como é que vai ficar meu pensamento. Poderei sentir se meu pensamento desviar do bem.

Fez a bola de neve e desceu a montanha, silencioso. Quando chegou, depois de muitas horas, lá embaixo, no vilarejo, depois de tanto tempo, saiu a perguntar:

Onde estaria Fulano? O seu irmão. Onde estaria aquele homem?

Alguém apontou um casebre. Algumas folhas de palmeira cobriam o casebre e debaixo, no meio de jovens, de crianças, de velhos, um homem de barbas longas, a cabeça já alvejada pelo tempo, cuidava da perna de uma jovem morena, muito linda, que esticava-a sobre as pernas dele. Ele tratava de uma ferida aberta, com toda tranquilidade, com toda paz do mundo.

O irmão visitante começou a olhar a jovem que era tratada pelo irmão barbudo.

Foi olhando aquela jovem bela, fixou-se na sua perna esticada e a bola de neve começou a derreter em sua mão.

A moral da história é que é muito fácil ser virtuoso e cooperar com o bem, longe do mal e dos desafios.

O nosso grande repto, o nosso grande desafio na Terra é cooperar com Deus na luta que temos. É cooperar com Deus no meio das adversidades, no meio de toda essa loucura em que estamos, no meio da criminalidade, da corrupção, das mentiras, das falcatruas, das inimizades.

É exatamente para esse meio que Deus nos mandou. E, se o Criador nos mandou pra cá, para viver essa experiência, é porque Ele sabe que aqui, nesse caldo de cultura, é que teríamos melhores e maiores chances de crescer, cooperando com o bem na Terra.

Não adianta sermos virtuosos, no meio de virtuosos.

O mundo é de provas, o mundo é de expiações, exatamente porque temos que aprender a tirar leite da pedra, a transformar limões em limonada.

É por essa razão que a nossa cooperação com o bem não pode se restringir a viver entre pessoas boas, no sentido de ajudá-las. Não são os bons que precisam de nossa ajuda, como disse o Cristo: Os sãos não precisam de médico, quem precisa de médico é quem é enfermo.

Ainda que tenhamos por amigos do coração as pessoas do bem, as pessoas harmonizadas, as pessoas que nos ajudam a crescer, não esqueçamos que temos um compromisso de estender as mãos àqueles que estão na retaguarda, àqueles que estão atormentados, os que não conseguem entender e ver a vida como nós já conseguimos compreender e ver a vida.

É preciso ser cooperador do bem, mas onde ele não existe, porque senão, choveremos no molhado.

Seremos como aquele homem que conseguia dissolver a neve com seu pensamento, mas que não tinha dissolvido da alma o olho mau, o olho ruim, o olho lascivo e pecador.

* * *

É desse modo que começamos a pensar de que maneira poderemos colaborar com o bem, de que forma poderemos cooperar com o bem no mundo em que estamos.

Parece que a nossa ação não vai servir para nada. O discurso comum é que tudo está perdido, nada tem mais jeito.

Mas, como? Como é que Deus continua mandando crianças para a Terra?

Como é que Deus continua nos dando sol, chuva, primaveras e verões, se não tivesse mais solução para nada?

Por que continua a nos dar sementes para serem semeadas?

É porque as coisas não estão perdidas. Há muita gente perdida na Terra, mas nós poderemos lhes ajudar a encontrar o caminho. Nós poderemos ser-lhes bússola ou apresentar-lhes uma.

Daí nós poderemos colaborar com o bem, cooperar com o bem, enaltecendo os valores das pessoas valorosas.

Como é difícil falarmos coisas boas de quem é bom. Parece que ao falarmos do bem das pessoas boas, nós ficaremos diminuídos, quando não é verdade.

Quando falamos o bem de alguém, a virtude das pessoas que a gente conhece, um vizinho, um colega da escola, um amigo, um professor, um familiar, ou alguém que a gente não conhece, mas que viu na televisão, que leu no jornal, quanta gente boa sobre as quais nós podemos falar coisas boas, ajudando o bem a ganhar espaço no mundo.

Quantas vezes podemos dizer a palavra que esclareça, que ilumine, que oriente na hora certa. Ajudar a alguém na hora certa, com uma palavra.

Poderemos cooperar com o bem, silenciando diante da ofensa, da agressão de alguém, por que se nós respondermos naquele impulso da hora, da cólera, da mágoa, com toda certeza nós magoaremos também os outros.

O grande problema - nos lembrou o Homem de Nazaré - não é o que nos entra de fora para dentro, não é o que nos entra pela boca da alma, é o que sai dela. Porque aquilo que nos chega proveio de alguém e esse alguém será responsável. Mas, o que sai de nós e é negativo, a responsabilidade é nossa.

Então poderemos cooperar com o bem, fazendo o bem, falando o bem, ensinando o bem, indicando as coisas boas. Temos tantas formas de fazer isto.

O mal não merece comentário em tempo algum. Mas, se houver necessidade de comentarmos o mal de alguém que seja para extrairmos o bem dessa lição.

É nesse pensamento que se apóiam os moralistas, aqueles que ensinam a Humanidade a viver melhor, acompanhando as formas pelas quais a Humanidade vive pior.

Então, cooperar com o bem não é apenas adquirir virtudes em branco, pureza em branco. Aquela pureza teórica de quem se esconde do mundo, de quem se tranca a sete chaves.

A cooperação com o bem, toda a cooperação com o bem exige que saiamos ao campo de lutas, ao campo de batalha. É no mundo onde deveremos nos desenvolver.

Não esqueçamos da oração sacerdotal de Jesus. Ela foi chamada assim nas traduções – a oração sacerdotal de Jesus, quando Ele pede a Deus em relação aos Seus discípulos:

Senhor, Eu não Te peço que os tires do mundo. Eu Te peço para que os livres do mal.

É no mundo que deveremos estar. A nossa grande preocupação é viver no mundo sem nos tornarmos uma pessoa mundana, negativa, infeliz e inferior. Jamais nivelar por baixo em termos morais.

Nivelar-mo-nos sempre a partir daquilo que é nobre, que é digno, que é bom, cooperando com o bem.

Por isto, vale a pena entender as lições de Paulo de Tarso quando nos propõe falar aquilo que convenha à sã Doutrina; falar aquilo que represente o bem, que seja conveniente ao bem – a Boa Doutrina, a boa orientação do Homem de Nazaré.

Podemos cooperar com o bem de múltiplas formas, começando de nós, tratando de nós, gostando de nós próprios, melhorando a nossa autoestima, iluminando o nosso coração para que, de um coração iluminado, possam partir energias positivas na direção dos outros, na direção do mundo.

Foi Cristo que disse que: A boca fala daquilo que está cheio o coração.

Se o nosso ser, se a nossa intimidade estiver cheia de luz, não haverá outro recurso senão falarmos claridades, cooperando com o bem.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 140, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 24 de maio de 2009.