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30 novembro 2010

Sugestões de Paz - Emmanuel

SUGESTÕES DE PAZ

Aceita, na Terra, a existência que a Divina Sabedoria te confiou, mantendo-te na atitude do cultivador que se consagra sinceramente ao trato de solo que lhe cabe lavrar.

Quando e quanto se te faça possível, auxilia aos companheiros de experiência, sem absorver-lhes as responsabilidades.

Se alguns daqueles que te compartilham a paisagem se mostrarem desinteressados, quanto as obrigações que lhes competem ou se desorganizarem as tarefas que lhes dizem respeito, ajuda-os no reajuste desejável, sem tisnar-lhes o livre arbítrio, mas não te lamentes se não conseguires fazer isso, de vez que todos responderemos pelos nossos próprios encargos.

Ama aos familiares e aos entes queridos sem vinculá-los a qualquer exigência e sejamos agradecidos aos que nos estendam compreensão e bondade.

Não aspires a retificar apressadamente os outros, quando os consideres errados, segundo os teus pontos de vista, porque também nós, quando em erro, nem sempre admitimos corrigendas imediatas.

Quando ofensas te espancarem o coração, esquece todo mal, recordando quantas vezes teremos ferido impensadamente aos outros e não conserves mágoas que te envenenariam a vida.

Não imponhas o teu ideal de felicidade àqueles que estimas, de vez que a felicidade das criaturas varia sempre conforme o degrau evolutivo em que se encontrem.

Diante de opiniões alheias, respeita no próximo o direito de emiti-las conquanto nem sempre te sintas no dever de adotá-las, reconhecendo que os pensamentos de nossos vizinhos podem ser diferentes dos nossos.

Em matéria de fé, procura acatar o modo pelo qual esse ou aquele irmão se coloca à busca de Deus, porque, se para cada cidade terrestre dispomos de trilhas numerosas, imagina quantas vias de acesso existirão para o acesso aos Lugares Divinos.

Administra com equilíbrio e abnegação os bens materiais e espirituais que a Eterna Bondade te situou nas mãos, entretanto, não olvides que a tua permanência na Terra guarda por objetivo essencial, acima de tudo, ensinar-te a ser um Espírito Sublimado para a Verdadeira Vida, além da morte, e que, um dia, partirás do mundo, carregando contigo unicamente os valores que houverdes entesourado dentro de ti.

Quanto puderes, como puderes e onde puderes, guardando a consciência tranqüila, trabalha servindo sempre. Assim agindo, ainda que não percebas, desde agora, estarás, imperturbavelmente, nos domínios da paz.

Pelo Espírito Emmanuel
Do Livro: Buscas e Acharás
Médium: Francisco Cândido Xavier - Editora Ideal

29 novembro 2010

Evangelho e Simpatia - Emmanuel

EVANGELHO E SIMPATIA

Do apostolado de Jesus, destaca-se a simpatia por alicerce da felicidade humana.

A violência não consta da sua técnica de conquistar.

Ainda hoje, vemos vasta fileira de lidadores do sacerdócio usando, em nome dEle, a imposição e a crueldade; todavia, o Mestre, invariavelmente, pautou os seus ensinamentos nas mais amplas normas de respeito aos seus contemporâneos.

Jamais faltou com o entendimento justo para com as pessoas e as situações.

Divino Semeador, sabia que não basta plantar os bons princípios e sim oferecer, antes de tudo, à semente favoráveis condições, necessários à germinação e ao crescimento.

Certo, em se tratando do interesse coletivo, Jesus não menoscaba a energia benéfica.
Exprobra o comercialismo desenfreado que humilha o Templo, quanto profliga os erros de sua época.

Entretanto, diante das criaturas dominadas pelo mal, enche-se de profunda compaixão e tolerância construtivas.

Aos enfermos não indaga quanto à causa das aflições que os vergastam, para irritá-los com reclamações.

Auxilia-os e cura-os.

Os apontamentos que dirige aos pecadores e transviados são recomendações doces e sutis.

Ao doente curado do Tanque de Betesda, explica despretensioso:
_ Vai e não reincidas no erro para que te não aconteça coisa pior.

À pobre mulher, apedrejada na praça pública, adverte, bondoso:
_ Vai e não peques mais.

Não indica o inferno às vitimas da sombra. Reergue-as, compassivo, e acende-lhes nova luz.

Compreende os problemas e as lutas de cada um.

Atrai as crianças a si, compadecidamente, infundindo nova confiança aos corações maternos.

Sabe que Pedro é frágil, mas não desespera e confia nele.

Contempla o torvo drama do espírito de Judas, no entanto, não o expulsa.

Reconhece que a maioria dos beneficiários não se revelam à altura das concessões que solicitam, contudo, não lhes nega assistência.
Preso, recompõe e orelha de Malco, o soldado.

À frente de Pilatos e da Ántipas, não pede providências suscetíveis de lançar a discórdia, ainda mesmo a título de preservação da justiça.

Longe de impacientar-se com a presença dos malfeitores que também sofreram a crucificação, inclina-se amistosamente para eles e busca entendê-los e encoraja-los.
Á turba que o rodeia com palavrões e cutiladas envia pensamentos de paz e votos de perdão.

E, ainda além da morte, não foge aos companheiros que desertaram. Materializa-se, diante deles, induzindo-os ao serviço da regeneração humana, com o incentivo de sua presença e de seu amor, até ao fim da luta.

Em todas as passagens do Evangelho, perante o coração humano, sentimos no Senhor o campeão da simpatia, ensinando como sanar o mal e construir o bem. E desde a Manjedoura, sob a sua divina inspiração, um novo caminho redentor se abre aos homens, no rumo da paz e da felicidade, com bases no auxílio mútuo e no espírito de serviço, na bondade e na confraternização.

Do livro "Roteiro"
Pelo Espírito Emmanuel
Médiuns: Francisco Cândido Xavier

28 novembro 2010

Rumo Certo - Emmanuel

RUMO CERTO

Leitor amigo:

Cremos não emprestar qualquer pretensão de ordem pessoal no título
deste livro.

Rumo certo, sim, não porque as idéias nele contidas sejam nossas.

Integramos também com as falhas que nos caracterizaram individualmente a legião dos espíritos que evoluem nos climas culturais da Terra, tão falíveis ainda quanto quaisquer outros.

E, qual ocorre a milhões de viajores do Planeta, encarnados e desencarnados, observamos não apenas os caminhos da existência física, mas igualmente, e em muito maiores proporções, os caminhos da vida espiritual.

Estradas de todos os feitios se nos desdobram à visão.

Avenidas do ideal, flamejantes de luz.

Sendas de laboriosas realizações.

Alamedas de sonhos e alegrias.

Carreiros de serviço construtivo, talhados nas rochas do esforço máximo.

Veredas de provações edificantes.

Trilhos de socorro ou de regeneração, através de pântanos e de lágrimas.

Atalhos de sofrimento.

Corredores de privações educativas.

Túneis de perigosas experiências.

E em todas essas vias reconhecemos o impositivo do conhecimento e do autoconhecimento, para que o erro ou o desequilíbrio não nos compliquem a romagem ou atrasem a marcha.

Eis porque, livremente associados à obra benemérita da Doutrina Espírita que, na atualidade, restaura para nós outros os ensinamentos do Cristo, solicitamos vênia para entregar-lhe, nestas páginas simples, a bússola das lições evangélicas que nos têm servido à própria recuperação íntima, na viagem para a Vida Superior.

São estas notas, por isso mesmo, reflexos da lâmpada acesa que o Senhor misericordiosamente nos permitiu empunhar por dever, a fim de que conhecêssemos as próprias deficiências, de maneira a tratá-las e extingui-las. Carregando semelhante luz por fora até que possamos instalá-la por dentro de nós mesmos, ofertamo-la aos companheiros encarnados no Mundo, na forma de anotações para rumo certo, a benefício de nós todos, os que já nos reconhecemos necessitados da paz interior, com a vitória sobre nós mesmos, com vistas à nossa definitiva integração em Jesus, de modo a viver e saber viver com Jesus e por Jesus.

Prefácio do livro RUMO CERTO,
de Francisco Cândido Xavier,

pelo Espírito Emmanuel.

27 novembro 2010

Ambição - Augusto Cezar

A M B I Ç Ã O

Era noite.
O mentor Silvério Pires recomendou-me esperá-lo por instantes.
Em seguida, veio a mim explicando:
Augusto, temos serviço urgente. Venha comigo. Trata-se de um pedido de mãe devotada, em apoio de um filho enfermo.

Obedeci, de imediato, mesmo porque o orientador é um desses professores diletos a que nos vinculamos por afetuoso reconhecimento.

Alguns minutos voaram e atingimos um palacete de primorosa estrutura, cercado por jardins que brilhavam ao luar, dentro da noite.
Entramos.

O mentor parecia familiarizado com os mínimos recantos do solar, enriquecido de tapetes e telas raras.

Em aposento próximo, mobiliado segundo os hábitos portugueses do século XVIII, um homem, aparentando cinqüenta janeiros, escrevia e escrevia...

Porque estacássemos, de repente, perguntei surpreso ao meu condutor:
- Onde está o doente?

O amigo fez um gesto de proteção, sobre a cabeça do homem que me era desconhecido e acentuou:
- Este é o irmão Celestino que nos requisita assistência.

Fitei o desconhecido, da cabeça aos pés e não lhe notei qualquer anormalidade.

Entretanto, o mentor solicitou-me:
- Tome papel e lápis e copie a carta em andamento.Trata-se de um estudo que nos cabe fazer.
Sem vacilar, passei a escrever o texto que o desconhecido produzia à nossa frente.
Era uma carta que ele provavelmente endereçava a algum irmão distante, e assim dizia:

"Meu caro Aprígio:
Segure os cinqüenta mil sacos de arroz no armazém número dois e aguardemos mais preço. Os dez mil litros de óleo para cozinha, mantenha você em estoque e os dois mil sacos de café em grão guarde no armazém quatro. Não venda bulhufas. Mais algumas semanas e estaremos numa boa. Tudo isso terá preços altos, nos próximos dias.
E olhe: Não dê migalha alguma a ninguém. Religiosos têm vindo aqui a me pedir socorro. Dizem que os tutelados deles estão em carência. Até freiras já vieram aqui com petitórios. Não atenda a ninguém se você for procurado. Esse negócio de religião e caridade já era. Um certo amigo chegou a me dizer que a minha fazenda pela qual suei tanto, pertence a Deus e a mim, que eu não passo de sócio. Eu queria que esse maluco visse os meus terrenos quando Deus estava aqui trabalhando sozinho. Era mato e cobras em toda parte. Fique tranqüilo e nada de coração mole. Espero estar aí na próxima semana.
Até quinta-feira.
Um abraço do seu irmão
Celestino"

Celestino, pois esse era o nome de nosso anfitrião, colocou a caneta em lugar adequado e, logo após, levou a mão ao peito. Gemia. Afigurava-se-me que ele sentia muita dor.
Em dado momento, pressionou o botão de uma campainha e estirou-se em larga poltrona.
Um servidor apareceu.
Celestino pediu um coronário-dilatador e a presença do seu médico particular.

O cardiologista surgiu com presteza e determinou a remoção do doente para um hospital.
Pires sentenciou:
- Devemos acompanhá-lo. Esta é a última noite de nosso amigo na vida física.

Internado, Celestino estava submetido a minuciosos exames.
Silvério se dispôs à retirada e disse-me simplesmente;
- Veja você. Tanta ambição e dentro de poucas horas o nosso amigo estará desencarnado, sob a suspeita de enfarte. Amanhã viremos buscá-lo.
Nada mais acrescentou e eu fiquei a meditar sobre a lição recebida.

Do livro "Fotos da Vida
Pelo Espírito: Augusto Cezar
Médium:Francisco Cândido Xavier

26 novembro 2010

Justiça Misericordiosa - Irmão Saulo

JUSTIÇA MISERICORDIOSA

Se não aceitarmos a reencarnação poderemos admitir logicamente a justiça de Deus? Ou preferimos rejeitar o próprio Deus, ignorar-lhe ou negar-lhe a existência? A tese da reencarnação é um desafio para os povos do Ocidente, onde prevalece, através de longa tradição religiosa, a idéia da unicidade da existência. Hoje, porém, cientistas empenhados na solução dos problemas psicológicos, que atormentam cada vez maior número de pessoas, dedicam-se a investigações nesse campo.

Seria possível obtermos a prova científica da reencarnação, dentro das rígidas exigências metodológicas da Ciência? Ian Stevenson, diretor do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos que não é espírita nem reencarnacionista já examinou mais de 500 casos de possíveis reencarnações, chegando a algumas conclusões curiosas. Em seu livro “20 Casos Sugestivos de Reencarnação” aparecem dois casos de reencarnação observados no Brasil.

Na própria Rússia os cientistas se interessam pelo assunto. O Prof. Wladimir Raikov, da Universidade de Moscou, é um dos expoentes da pesquisa sobre “memória extra-cerebral”. O Prof. Barnejee, que esteve entre nós, é o mais conhecido dos pesquisadores indianos. Essa abertura científica, de âmbito mundial, no campo da reencarnação, revela que o problema já deixou de ser apenas religioso. E a própria existência das pesquisas no plano universitário responde às dúvidas quanto ao problema metodológico. Na verdade, o avanço atual das Ciências em direção à Metafísica, ou pelo menos à Parafísica, modificou e modificará cada vez mais a rigidez dos dogmas metodológicos, tornando possível o esclarecimento de problemas até há pouco considerados fora de cogitação científica.

A crise da família, que é apenas uma parte da crise geral do mundo contemporâneo, encontra explicação satisfatória à luz do princípio da reencarnação. Desentendimentos entre casais, rebeldia dos filhos, descontrole de outros elementos familiais podem ter sua origem nas vidas anteriores. Por sinal, foi esse o motivo que levou Ian Stevenson, segundo suas próprias declarações, a iniciar as investigações sobre a reencarnação. Não encontrando explicação possível,nem qualquer teoria aceitável para explicar anomalias estranhas no lar de vários de seus clientes, o conhecido neuropsiquiatra norte-americano resolveu corajosamente aceitar a teoria da reencarnação como hipótese de trabalho. A insistência das mensagens psicográficas no tocante à reencarnação e suas conseqüências não é, portanto, absurda. A mensagem de Emmanuel, ora considerada, encontra apoio no interesse atual dos cientistas pela reencarnação.

Por Irmão Saulo
Do Livro: Chico Xavier Pede Licença
Médium: Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires

25 novembro 2010

O Santo Desiludido - Neio Lúcio

O SANTO DESILUDIDO

Inclinara-se a palestra, no lar humilde de Cafarnaum, para os assuntos alusivos à devoção, quando o Mestre narrou com significativo tom de voz: — Um venerado devoto retirou-se, em definitivo, para uma gruta isolada, em plena floresta, a pretexto de servir a Deus.

Ali vivia, entre orações e pensamentos que julgava irrepreensíveis, e o povo, crendo tratar-se de um santo messias, passou a reverenciá-lo com intraduzível respeito.

Se alguém pretendia efetuar qualquer negócio do mundo, dava-se pressa em buscar-lhe o parecer.

Fascinado pela alheia consideração, o crente, estagnado na adoração sem trabalho, supunha dever situar toda gente em seu modo de ser, com a respeitável desculpa de conquistar o paraíso.

Se um homem ativo e de boa-fé lhe trazia à apreciação algum plano de serviço comercial, ponderava, escandalizado: — É um erro.
Apague a sede de lucro que lhe ferve nas veias.
Isto é ambição criminosa.
Venha orar e esquecer a cobiça.

Se esse ou aquele jovem lhe rogava opinião sobre o casamento, clamava, aflito: — É disparate.
A carne está submetendo o seu espírito.
Isto é luxúria.
Venha orar e consumir o pecado.

Quando um ou outro companheiro lhe implorava conselho acerca de algum elevado encargo, na administração pública, exclamava, compungido: — É um desastre.
Afaste-se da paixão pelo poder.
Isto é vaidade e orgulho.
Venha orar e vencer os maus pensamentos.

Surgindo pessoa de bons propósitos, reclamando-lhe a opinião quanto a alguma festa de fraternidade em projeto, objetava, irritadiço: — É uma calamidade.
O júbilo do povo é desregramento.
Fuja à desordem.
Venha orar subtraindo-se à tentação.

E assim, cada consulente, em vista da imensa autoridade que o santo desfrutava, se entristecia de maneira irremediável e passava a partilhar-lhe os ócios na soledade, em absoluta paralisia da alma.

O tempo, todavia, que todo transforma, trouxe ao preguiçoso adorador a morte do corpo físico.

Todos os seguidores dele o julgaram arrebatado ao Céu e ele mesmo acreditou que, do sepulcro, seguiria direto ao paraíso.

Com inexcedível assombro, porém, foi conduzido por forças das trevas a terrível purgatório de assassinos.

Em pranto desesperado indagou, à vista de semelhante e inesperada aflição, dos motivos que lhe haviam sitiado o espírito em tão pavoroso e infernal torvelinho, sendo esclarecido que, se não fora homicida vulgar na Terra, era ali identificado como matador da coragem e da esperança em centenas de irmãos em humanidade.

Silenciou Jesus, mas João, muito admirado, considerou: — Mestre, jamais poderia supor que a devoção excessiva conduzisse alguém a infortúnio tão grande! O Cristo, porém, respondeu, imperturbável: — Plantemos a crença e a confiança entre os homens, entendendo, entretanto, que cada criatura tem o caminho que lhe é próprio.

A fé sem obras é uma lâmpada apagada.

Nunca nos esqueçamos de que o ato de desanimar os outros, nas santas aventuras do bem, é um dos maiores pecados diante do Poderoso e Compassivo Senhor.

Pelo Espírito Neio Lúcio
Do Livro: Jesus no Lar
Médium: Francisco Cândido Xavier

24 novembro 2010

História de uma Gotinha - Huberto Rohden

HISTÓRIA DE UMA GOTINHA

Mar imenso...Quietude perene...Movimento eterno...

Permite que eu suba do teu seio e aos ares me erga - levíssima!...

Raio solar, vem cá!, ajuda-me a subir. Empresta-me esse fiozinho dourado...

Oh maravilha! Vou subindo, subindo - feito esbranquiçado vapor...

Alto, sempre mais alto - por cima das grimpas da selva, por cima dos cumes dos montes...

Ah! Quão grande é o mundo! Quão azul é o espaço!...

Que é isso? Um sopro de ar que me empolga...

Um vento me arrebata...

Lá vou eu, minúscula gotinha, sobre as asas das brisas, associar-me a muitas irmãs...

Formamos um Estado, uma República de gotas - uma nuvem...

Perdemos de vista o mar e a praia e os rochedos - e tudo...

Corremos por cima de selvas imensas, de montes altíssimos. Semanas a fio - de dia e de noite...

Até que, por fim, à falta de auras, paramos por cima de vastas planícies...

De súbito nos rompe do seio centelha vivíssima - e surdo trovão desperta ecos soturnos no recôncavo da serra...

Tamanho foi o abalo do feroz estampido que tombei das alturas - e milhares de irmãs comigo tombaram...

Alagamos florestas, pomares, jardins - saciando a sede de seres em conta.

E fomos correndo, correndo, sem nunca parar - sem saber para onde...

Sempre de cima para baixo - nunca de baixo para cima - porque perdemos as asas...

As asas invisíveis que o sol nos tecera...

De todos os lados nos vêm contingentes, pequenos e grandes, sócios de viagem...

Eis que de súbito se abre ante nós planície imensa - o mar!

Lancei-me em seus braços - afundei em seu seio...

Contei-lhe as mil aventuras que na longa jornada tivera...

E preparei-me para nova viagem...

Oh! Vida ditosa! Andar pelo mundo espargindo benefícios - Regressar à origem colhendo energias - e novos benefícios difundir!...

Tal é teu destino, minh'alma, no mundo dos homens - gotinha minúscula...

Tépidos bafejos de raios divinos te erguem do seio das vagas...Em asas etéreas...

Auras benignas te tangem pelo mundo das almas...

Vínculos de amor te unem a outras gotinhas.

Um raio, um trovão, um grande abalo - e desces, gotinha cristalina, sobre as almas humanas...

E retornas ao seio do mar - buscar novas forças para novo trabalho...

Asas etéreas - para nova viagem...

Gotinha de Deus...

De "De Alma para Alma"
De Huberto Rohden

23 novembro 2010

Mortos Voluntários - André Luiz

MORTOS VOLUNTÁRIOS

Condicionou-se a mente humana, de maneira geral, a crer que a madureza orgânica é antecâmara da inutilidade e eis muita gente a se demitir, indebitamente, do dever que a vida lhe delegou.

Inúmeros companheiros, porque hajam alcançado aposentadoria profissional ou pelo motivo de abraçarem garotos que lhes descendem do sangue, dizem-se no paralelo final da carreira física.
Esquecem-se de que o fruto amadurecido é a garantia de toda a renovação da espécie, e rojam-se prostrados, à soleira da inércia, proclamando-se desalentados.

Falam do crepúsculo, como se não contassem com a manhã seguinte.

Começam qualquer comentário em torno dos temas palpitantes do presente, pela frase clássica: ”no meu tempo não era assim”.
Enquanto isso, a vida, ao redor, é desafio incessante ao progresso e à transformação, chamando-os ao rejuvenescimento.

Filhos lhes reclamam orientação sadia, netos lhes solicitam calor da alma, amigos lhes pedem o concurso da experiência e os irmãos da Humanidade contam com eles para novas jornadas evolutivas.
Bastará pensar, porém, que as crianças e os jovens não acertam o passo sem os mentores adestrados na experiência, peritos em discernimento e trabalho, para que não menosprezem a função que lhes cabe.
Nada de esquecer que o Espírito reencarna, atravessando as faces difíceis da infância e da juventude para alcançar a maioridade fisiológica e começar a viver, do ponto de vista da responsabilidade individual.
Quanto empeço vencido e quanta ilusão atravessada para consolidar uma reencarnação, longe das praias estreitas do berço e da meninice, a fim de que o Espírito, viajor da eternidade, alcance o alto mar da experiência terrestre!
Entretanto, grande número de felizardos que chegam ao período áureo da reflexão, com todas as possibilidades de serviço criador, estacam em suposta incapacidade, batendo à porta do desencanto como quem se compraz na volúpia da compaixão por si mesmos.
Trabalhemos por exterminar a praga do desânimo nos corações que atingiram a quadra preciosa da prudência e da compreensão.

Vida é chama eterna. Todo o dia é tempo de inventar, clarear e prosseguir.

Os companheiros experientes no esforço terrestre constituem a vanguarda dos que renascem no Planeta e não a chamada “velha guarda” que a rabugice de muitos imaginou para deprimir a melhor época da criatura reencarnada na Terra.

Desencarnação é libertação da alma, morte é outra coisa. Morte constitui cessação da vida, apodrecimento, bolor.

Os que desanimam de lutar e trabalhar, renovar e evoluir são os que verdadeiramente morrem, conquanto vivos, convertendo-se em múmias de negação e preguiça, e, ainda que a desencarnação passe, transfiguradora, por eles, prosseguem inativos na condição de mortos voluntários que recusam a viver.
Acompanhemos a marcha do Sol, que diariamente cria, transforma, experimenta, embeleza.

Renovemo-nos!...

Do livro "Estude e Viva"
Pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel
Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

22 novembro 2010

Censuras - Orson Peter Carrara

CENSURAS

Ler, pensar e refletir sobre os textos de Emmanuel é sempre oportunidade renovada de aprender continuamente. A capacidade de síntese desse notável benfeitor que se utilizou das mãos abençoadas de Chico Xavier para nos orientar através de seus textos é admirável. Suas linhas compactas, seus parágrafos e textos lúcidos ensinam muito. Daí a importância de nos debruçarmos sobre seus livros para saciar a sede de conhecimento e aprender muito. Seus romances clássicos ou seus livros de mensagens que comentam o Evangelho ou os livros da Codificação são preciosos.

No livro Rumo Certo, editado pela FEB, no capítulo 49, encontramos a importante reflexão Não censures, de onde nos permitimos refletir sobre os ensinos ali contidos. Ao convidar à não censura, Emmanuel já traz valioso ensino no início de sua abordagem: Onde o mal apareça, retifiquemos amando, empreendendo semelhante trabalho a partir de nós mesmos.

Note o leitor que diante de mal de qualquer origem, ela pede que nos retifiquemos amando, ao invés de apenas censurar, a partir de nós mesmos e na sequência relaciona exemplos do artista e do cirurgião que, utilizando atenção, carinho, paciência, retifica os quadros a que se dedicam ou se lhes apresentam, alcançando resultados em suas áreas específicas.

É que em tudo, como indica a sequência do texto que sugiro ao leitor conhecer na íntegra, ele destaca a importância da paciência para se alcançar resultados. Isso porque o progresso, a luz, a felicidade nascem da construção lenta do tempo. Citando Deus com sua esperança e paciência infinitas, coloca o exemplo magnífico da semente que se transforma para gerar os frutos de sua essência, através do tempo...

Parece-nos que o objetivo maior da linda mensagem é destacar que, diante das adversidades a que estamos expostos, nunca devemos nos desesperar ou desanimar. É preciso mesmo muita paciência para transformar as ocorrências em bênçãos de aprendizado e orientação.

É que Deus está em toda parte, opera por caminhos que desconhecemos e transforma tudo em aprendizado para que amadureçamos nas experiências. Isto é amor Divino.

A experiência do próprio autor espiritual faz com que conclua a reflexão com a sabedoria que lhe é própria em linda frase: sempre que nos vejamos defrontados por dificuldades e incompreensões, saibamos servir com paciência e aprenderemos que, à frente dos problemas da vida, sejam eles quais forem, não existem razões para que venhamos a esmorecer ou desesperar.

Sim, porque Deus sempre permanece agindo através da sabedoria de suas leis e se usarmos a paciência nas dificuldades, superaremos os problemas e desafios e com uma grande vantagem: aprendemos algo mais, saímos amadurecidos. Afinal, tudo passa.

Caso você não tenha o livro em casa, poderá ler a mensagem na íntegra, pesquisando na internet: RUMO CERTO – Francisco Cândido Xavier – pelo Espírito Emmanuel. Você encontrará o livro todo e aí basta pesquisar no índice a lição 49.

Orson Peter Carrara

21 novembro 2010

O Significado da Paz - Momento Espírita

O Significado da Paz

Em determinada passagem do evangelho, Jesus afirma:

"Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou como o mundo a dá".

Evidencia-se que a paz do Cristo é muito diferente da paz do mundo.

Para entender o significado da paz do Cristo, torna-se necessário refletir sobre o que habitualmente se concebe por paz.

Os dicionários fornecem inúmeros significados para esse vocábulo.

Por exemplo, identificam-no com ausência de guerra, descanso e silêncio.

Ocorre que o descanso e o silêncio, por si sós, não significam necessariamente algo bom.

Em uma penitenciária, no meio da noite, pode haver descanso e silêncio absolutos.

Mas é difícil sustentar que as criaturas que lá se encontram sejam pacificadas.

Em um charco as águas são paradas e há silêncio nele e em torno dele.

Contudo, não se pode ignorar a podridão que ali jaz oculta.

Também é possível que algumas pessoas sejam conservadas inertes e em silêncio, por medo.

Determinada casa pode ser silenciosa e ordeira pelo pavor que o chefe da família inspira.

Entretanto, a submissão criada pela violência nada tem de desejável.

No âmbito internacional, ao término de uma guerra, freqüentemente são impostas duras condições aos países derrotados.

Ocorre que uma paz que esmaga os vencidos contém em si o gérmen de futuras violências.

Também não raro percebemos coisas erradas acontecendo, em prejuízo dos outros.

Mas podemos preferir silenciar, a título de preservar nossa paz.

Assim, a paz, na concepção mundana, muitas vezes envolve opressão, preguiça e conivência.

Não causa espanto que a paz do Cristo seja diferente da paz do mundo.

Pode-se afirmar que a paz do Cristo constitui decorrência lógica da vivência de Seus ensinamentos.

Afinal, o mestre afirmou que não basta dizer Senhor! Senhor! Para entrar no reino dos céus.

É necessário efetivamente realizar a vontade do pai celestial.

Essa vontade encontra-se explícita nas palavras e nos exemplos de Jesus.

O céu a que se refere o Cristo não é um local determinado no espaço.

Trata-se de um estado de consciência em harmonia com as leis divinas.

A paz do Cristo não se identifica com a inércia. É um sublime estado de consciência, feito de serenidade e harmonia. É um profundo silêncio interior, que não depende das ocorrências do mundo.

Essa paz somente pode ser desfrutada por quem ama o progresso e trabalha efetivamente no bem. Ela é muito trabalhosa e operante. Reflete o estado de quem pode observar com tranqüilidade os próprios atos. Só se sente assim quem cumpre seu dever. Não é um presente, mas uma conquista. O seu gozo pressupõe esforço em burilar o próprio caráter, em crescer em entendimento e compreensão.

Apenas se pacifica quem procura desenvolver seus talentos pelo estudo e o trabalho constantes, e utiliza seus talentos na criação de um mundo melhor.

A paz do Cristo está à disposição de todos. Mas só a desfruta quem pratica a lei de justiça, amor e caridade, estabelecida por Deus para a harmonia da criação.

Pense nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita

20 novembro 2010

O Joio e o Trigo - Irmão José

O JOIO E O TRIGO

"Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se." (Mateus, cap. 13 - v. 25)

Carecemos de estar atentos.

Em nosso atual estágio evolutivo, o joio estará sempre misturado ao trigo de nossas melhores intenções.

À feição da erva daninha que invade a plantação, comprometendo a colheita, o joio costuma aparecer em qualquer gleba da vida, alastrando-se sorrateiro...

Às vezes, é o companheiro invigilante que coloca em risco o andamento de determinada tarefa.

Às vezes, somos nós mesmos que, traídos pelas próprias imperfeições, escandalizamos os amigos que se escoravam em nossa conduta.

Jesus é claro ao dizer que ambos, o joio e o trigo, cresceriam lado a lado...

Observemos, no entanto, que o trigo é pão que mata a fome, ao passo que o joio é arbusto para a fogueira.

Fácil, assim, será distingui-los, de vez que se diferenciam por si mesmos.

O homem-trigo é aquele que é útil aos seus semelhantes; o homem-joio é o que prejudica o próximo...

O homem-trigo é o que produz bons frutos.

O homem-joio é estéril nas boas obras.

Quase sempre, os dois coexistem dentro da alma humana; ora predomina o homem-trigo, ora predomina o homem-joio...

O trigo de nossas virtudes está sempre ameaçado pelo joio de nossos vícios.

Assim como nós carecemos saber apartar a boa da má semente, aprendamos a separar nos outros as qualidades dos defeitos.

Não desprezemos ninguém pelo joio de seus erros; antes, destaquemos o trigo de seus acertos, a fim de que no próximo tanto quanto em nós a lavoura do bem supere o plantio do mal.

Para os homens, Madalena não passava de joio ameaçador; para Jesus, ela era o trigo da esperança na ressurreição...

Após ser joio para os cristãos, Paulo não se transformou em trigo para o Evangelho!

Não olvidemos que o trigo da Boa-Nova que o Divino Semeador espalhou no mundo cresceu em meio ao joio da descrença, do fanatismo, da violência...

Em qualquer plantação das instituições humanas encontraremos o joio e o trigo contrabalançando-se, como se a Vida nos dissesse que na Terra, por um bom tempo ainda, os homens haverão de oscilar, indecisos, entre a sombra e a luz.

Estamos longe de uma seara de trigo homogênea em qualquer setor de nossas atividades, materiais e espirituais. Judas não floresceu como joio no trigal do colégio apostólico?!

Desenvolvamos o discernimento, para que não venhamos lançar o trigo ao fogo, confundindo-o com o joio, porque, para quem souber discernir, não fará diferença que o joio coexista com o trigo; antes servirá de elemento aferidor de valores entre o que é certo e o que é errado.

De "Evangelho e Doutrina"
De Carlos A. Baccelli
Pelo Espírito Irmão José

19 novembro 2010

A Gênese da Alma - Caibar Schutel

A GÊNESE DA ALMA

REVENDO O PASSADO - Todas as almas têm a mesma origem
- Não é sem um sadio orgulho que admiro as florestas por onde passei, as lutas que enfrentei, as lágrimas que derramei! Não é sem pesar que conto o tempo que perdi na inércia, abrasado pelo fogo das paixões más; não é sem gratidão que me elevo ao Senhor, pedindo-lhe prêmios para aqueles que foram os guias da minha alma, os mestres da minha vida, o lenitivo nas minhas aflições! Cada corpo por que passei, como as contas de um colar presas pelo mesmo fio, entoa o cântico eterno com que louvo o meu Criador, pelo amparo com que me cercou, pela vida que me concedeu!

"Todas as almas têm a mesma origem, e são destinadas ao mesmo fim; a todos o Supremo Senhor proporciona os mesmos meios de progresso, a mesma luz, o mesmo Amor".

O cão é sempre cão, como o asno é sempre asno, mas o Espírito que anima aqueles corpos vêm de longe e destina-se às esferas elevadas onde reina a felicidade; tudo tem um alvo, e acreditar que Deus criou seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade e justiça! Estudai a inteligência e a reflexão do cão, o seu amor-próprio, a sua linguagem, o amor pelo seu dono, os seus atos de verdadeiro heroísmo, e negai, se fordes capazes, que aquele corpo inferior encerra um Espírito, uma alma que pensa, que sente, que quer e que não quer, que ama! Percorrei toda a escala zoológica, penetrai com espírito investigador todos os animais que formam os seres inferiores da Criação e vereis ao lado do instinto que os movimenta, a inteligência desabrochando como prêmio dos seus sofrimentos! A Revelação Espírita soluciona o problema da alma do animal, ao mesmo tempo que esclarece a Gênese da Alma. Para estes estudos que vamos fazer, muito nos valeu a interessante obra Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, obra que recomendamos à atenção dos leitores e que está de pleno acordo com o O Livro dos Espíritos e A Gênese, de Allan Kardec, extraordinários missionários que enriqueceram a Ciência com livros de real valor, não só para resolver a questão de que tratamos, como também para dar a conhecer a causa dos fenômenos em geral, da memória, do inconsciente psíquico, do futuro das almas. Felizes os que aproveitaram o seu tempo, aproximando os lábios sequiosos da taça da Revelação e beberem a água da sabedoria, para se esclarecerem e poderem ver o passado; apoderarem-se do presente e vislumbrarem o futuro que lhes acena com as magnificências da Vida Imortal!

O BERÇO DA ALMA - Donde viria o homem?
Em que tempos nasceu, em que plagas, chorou pela primeira vez?
Onde cresceu? Onde estudou? Onde aprendeu o que sabe?
Vejo homens de fronte erguida para o alto, vejo outros curvados em busca dos tesouros da Terra; vejo bons, vejo maus; uns inteligentes, outros estúpidos; uns santos, outros diabos; vejo sãos, vejo enfermos; bonitos e feios; pergunto-lhes donde vieram, quem são e para onde vão, mas nenhum deles me responde!

Mas eu sei que vieram de muito longe, porque trazem no seu físico os traços indeléveis da animalidade e sua alma reflete os instintos dos seres inferiores da criação!

Por mais que o homem se mascare, por mais polido que se mostre, por mais superior que se diga, nunca enganará a visão penetrante do Espírito, que sonda as profundezas da Terra e esquadrinha os refolhos do coração!
Se estudarmos com atenção a alma humana, e lhe remontarmos a origem, veremos o homem desaparecer da Humanidade, e só poderemos encontrar novamente as suas pegadas, deixando o reino hominal e entrando no reino animal, infância espiritual de todos os sábios e ignorantes, de todos os ricos e pobres, de todos os bons e maus, de todos os grandes e pequenos que vagueiam neste mundo de Deus!
Todos nós pagamos o nosso tributo ao reino inferior para chegarmos ao reino humano.
Ninguém adquire, sem trabalho e sem esforços, certa soma de bem estar, por menor que seja, nem certo grau de superioridade.
A lei inexorável do destino, que nos leva para estados cada vez melhores, obriga-nos à luta, e a luta não se faz sem dores e sem trabalhos, que nos garantem o mérito das nossas ações.
"Será humilhação para os grandes gênios, o terem sido fetos informes nas entranhas maternas?" - pergunta um elevado Espírito numa mensagem que transmitiu para colaboração de O Livro dos Espíritos.
E nós com ele respondemos: "Não, se alguma coisa deve humilhar o homem é a sua inferioridade perante Deus, a sua incapacidade para sondar a profundeza dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo".
A alma não podia deixar de ter o seu começo, o seu nascimento, no reino animal, nos seres da criação, onde passou por todas as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde evoluiu, chorando ali, trabalhando acolá, brincando além, para após essas alternativas de tristezas, de gemidos, de lutas e de alegrias, despontar na Humanidade, onde mediante o seu progresso, mais esclarecida e dotada de outros atributos prepara o glorioso surto de gênio para a posse da Vida na Imortalidade!

Do livro "Gênese da Alma", caps. VII e VIII, por Cairbar Schutel, Espíritos Diversos

Texto para estudo em grupo. Se houver interesse, buscar nos livros citados por Cairbar - "Evolução Anímica", de Gabriel Delanne, "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese", de Allan Kardec, - os capítulos que abordam o assunto em questão. Não existindo grupo, o estudo pode ser feito a sós.

18 novembro 2010

Separação - Momento Espírita

Separação

Jesus, ao se aproximar o momento de Seu martírio, teve longas conversas, nas quais instruiu Seus discípulos a respeito dos tempos vindouros.

Em dado momento, afirmou:

Todavia, digo-vos a verdade: a vós convém que eu vá.

Semelhante declaração do Mestre é rica de significados.

Ninguém como Ele soube amar tanto e tão bem.

Contudo, foi o primeiro a reconhecer a conveniência de Sua partida, em favor dos companheiros.

Que teria acontecido, se Jesus teimasse em permanecer?

Provavelmente, as multidões terrestres teriam acentuado as tendências egoístas, consolidando-as.

Como o Divino Amigo havia buscado Lázaro no sepulcro, ninguém mais se resignaria à separação pela morte.

Por se haverem limpado alguns leprosos, ninguém aceitaria, de futuro, a cooperação proveitosa das moléstias físicas.

O resultado lógico seria a perturbação geral no mecanismo evolutivo.

O Mestre precisou ausentar-Se para que o esforço de cada um se fizesse visível no Plano Divino da obra mundial.

De outro modo, seria perpetuar a indolência de uns e o egoísmo de outros.

Os Apóstolos permaneceriam como alunos, confortavelmente situados ao lado de seu Mestre.

Não se lançariam nos rudes testemunhos que os burilaram e amadureceram.

A todo momento, poderiam contar com o esclarecimento direto do Cristo.

Consequentemente, não decidiriam por si mesmos quanto aos seus destinos.

Poderiam até se comportar bem, mas não teriam maiores méritos.

Sob diferentes aspectos, a grande hora da família evangélica repete-se nos agrupamentos humanos.

Inúmeras vezes surgem a viuvez, a orfandade, o sofrimento da distância, a perplexidade e a dor, por elevada conveniência do bem comum.

É da natureza humana rejeitar o sofrimento.

Sempre se deseja o caminho mais fácil e a proximidade dos amores mais caros.

Ocorre que a vida terrena ainda por um tempo será destinada à vivência de provas e expiações.

Espíritos necessitados de experienciar eventos dolorosos e de testemunhar sua firmeza no bem é que nela renascem.

Essa é a finalidade do globo terrestre.

Ele serve de palco a lutas redentoras e a abençoados esforços para um viver digno.

Nesse contexto, há luto, separações e lágrimas.

Mas não são castigos, tragédias ou desgraças.

Representam antes um programa anteriormente traçado para a dignificação de quem os deve vivenciar.

No momento exato, é preciso cumprir a programação sem dramas em excesso.

Em momentos de grande dor, convém recordar a passagem evangélica em que Jesus anunciou sua partida.

As separações no mundo são mesmo tristes.

Contudo, se a morte do corpo é renovação para quem parte, também representa vida nova para os que ficam.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 125 do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

17 novembro 2010

Pecado Sem Perdão - Vinícius

PECADO SEM PERDÃO

"Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas o pecado contra o Espírito Santo não lhes será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro."

Das palavras acima transcritas, outrora dirigidas por Jesus aos fariseus, concluímos que existem duas categorias de pecados: uma que faz jus a perdão, outra que não o faz.

Vejamos como distingui-las.

Que é pecado? - Pecado é toda infração à Lei de Deus. Essa Lei é perfeita, é integral; abrange a verdade em sua plenitude, a suprema razão, a infinita justiça.

O homem, ser relativo, não é passível de culpa pelas infrações da Lei senão daquela parte que conhece. Sua responsabilidade é medida pela extensão exata do saber adquirido. "A quem muito tem sido dado, muito será pedido."

Todo pecado, cometido na ignorância da Lei, será, portanto, perdoado ao homem.

Toda a falta, porém, praticada com conhecimento de causa, constitui pecado sem perdão.

Estará, então, o pecador irremediavelmente perdido consoante o dogma das penas eternas? De modo algum - Pecado que não tem perdão é pecado que deve ser reparado, e dívida contraída cujo pagamento será exigido. Está visto que, uma vez pago o derradeiro ceitil, o devedor ficará isento de ônus.

Porque classifica Jesus tal pecado como praticado contra o Espírito Santo?

Porque importa em atos reprovados pela consciência. Não nos referimos à consciência na acepção psicológica, porém, no seu sentido moral, esse testemunho íntimo ou julgamento sobre nossas próprias ações e pensamentos por mais secretos que sejam. Através dessa faculdade de nossa alma é que se refletem os raios da soberana justiça. A Lei manifesta-se ali palpitante e viva, dilatando os horizontes de nossa liberdade espiritual, e, ao mesmo tempo, aumentando nossa responsabilidade.

"Aos Espíritos do Senhor, que são as virtudes do Céu", compete agir sobre as consciências, despertando-as para o conhecimento da verdadeira vida. Toda vez, pois, que o homem recalcitra contra a influência dos mensageiros celestes, peca contra o Espírito Santo, visto como peca contra a luz de sua própria consciência. Semelhante culpa não tem perdão; exige reparação, quer neste mundo, quer no vindouro.

Criamos, por conseguinte, em nós mesmos, nosso céu ou nosso Hades.
Gravamos em nosso astral, em caracteres indeléveis, toda a história de nossa vida através das múltiplas existências transcorridas, aqui ou além. Nossa responsabilidade é rigorosa e escrupulosamente aquilatada pela Lei, segundo o nosso grau de adiantamento intelectual e moral. A Lei é uma força viva que se identifica conosco e vai acompanhando o surto de evolução que ela mesma imprime em nosso espírito. É insofismável em seus juízos, é inalienável em suas conseqüências.

De “Nas pegadas do Mestre”
De Vinicius (Pedro de Camargo)

16 novembro 2010

A Riqueza - Hilário Silva

A RIQUEZA

Amélia Kauper, anciã, estava em sua tapera, nos arredores de Chesapeake Bay, no interior de Maryland, quando Craig Poter, um de seus muitos sobrinhos, foi observar-lhe a situação.
- Seu tio James - dizia ela ao parente, referindo-se ao marido desencarnado - desde que se fez médium, num templo espírita, deu aos necessitados tudo quanto pôde. Não deixou dividas, mas, depois do funeral, vim a saber que a nossa própria casa se achava hipotecada e fui constrangida, por isso, a entregar todos os nossos recursos aos credores...
- A senhora está arruinada, tia? - perguntou o moço.
- Estou com a roupa do corpo... - esclareceu a velhinha.
E designando antigo móvel:
- Mas, graças a Deus, tenho o meu tesouro no cofre.
O rapaz, que conhecera os tios nos bons tempos, quando possuíam preciosas reservas no Texas, pensou um minuto e deliberou, de súbito, que a tia o acompanhasse.
No dia imediato, a viúva Kauper, depois de entregar enorme mala ao sobrinho, entrou no jipe, carregando pequeno baú, carinhosamente.
Então, começou para ela uma vida nova.

Craig, que possuía sitio próspero na Virgínia, chamou Edward, seu irmão mais velho, cujas terras confinavam com as dele, trocaram idéias confidencialmente e concluíram que a estreita caixa de lata de que a tia jamais se distanciava deveria conter jóias riquíssimas... E combinaram entre si guardar a anciã, cuidadosamente.
Vieram familiares de longe, disputando a convivência da Sra. Kauper, mas Craig e Edward alegavam que “tia Amélia” estava fatigada, que médicos não lhe permitiam maior esforço...
Habitualmente à noite, um ou o outro espiava a velhinha, pelo buraco da fechadura, e viam-na segurando a vela acesa, a debruçar-se sobre o baú aberto, decerto fitando, através dos óculos, aquilo a que ela chamava “minha riqueza” ou “meu tesouro”. Assim viveu, ainda por mais nove anos, requestada por toda a família e tratada com respeitosa atenção por ambos o sobrinho que a mantinham, interessados...

Quando a morte quebrou semelhante situação conduzindo a viúva Kauper na direção de vida melhor, Craig e Edward trancaram-se no quarto que ela deixara, apossando-se do cobiçado baú; no entanto, ao abri-lo apenas encontraram dentro dele um antigo exemplar do Evangelho e, sobre o ensebado volume, o seguinte bilhete que lhes era dirigido pela tia desencarnada:
- Meus filhos, Deus os recompense pela caridade para comigo, mas tomem cuidado com a vida na Terra...
E com a sua longa experiência do mundo, a velhinha terminava com o versículo número dez capitulo seis da Primeira Epístola do apóstolo para Timóteo:
“... Porque a paixão pelo dinheiro é a raiz de todos os males e, nessa cobiça, alguns desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo com muitas dores.”

Do livro "Entre Irmãos de Outras Terras"
Pelo Espírito Hilário Silva,
Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

15 novembro 2010

Por que matar seu filho? - Momento Espírita

Por que matar seu filho?

Os três funcionários daquela seção já não eram apenas colegas de trabalho, eram bons amigos.

A senhora que ocupava o cargo de chefia era uma espécie de mãe para os dois rapazes que dividiam com ela as atividades diárias.

O horário de expediente não era próprio para intensificar a amizade, e o tempo do cafezinho era curto para travar uma conversa mais demorada. Por essa razão o moço Ronaldo, já casado, convidou o amigo para visitar sua casa.

Raul, o jovem solteiro, passou a frequentar o lar do colega e os laços do afeto se estreitaram também com sua jovem esposa.

Passado algum tempo, o casal comemorava o nascimento da primeira filha. A alegria tomou conta daquele lar com a chegada da pequena Ana Cláudia.

O tempo passou e, um dia, Ronaldo chegou ao trabalho meio cabisbaixo, o que não passou despercebido ao amigo, sempre atencioso e sensível.

O que está acontecendo, meu amigo? Perguntou Raul.

Ronaldo disse-lhe que algo o estava preocupando muito, mas agora não era o momento para falar no assunto.

Naquele dia ele convidou Raul para tomar o cafezinho, alguns minutos antes. Precisava desabafar.

Mal se sentaram à mesa e Ronaldo disse ao amigo: Você sabe que minha filha acaba de fazer dez meses e minha esposa está grávida outra vez?

Não deu tempo para o amigo se manifestar e completou, aborrecido: Mas eu não vou aceitar esse filho. Já marcamos o aborto para amanhã cedo. Vamos tirar a criança.

Raul sentiu como se o chão lhe faltasse sob os pés. Como cristão, não conseguia entender como um pai e uma mãe têm coragem de cometer um crime desses.

Ronaldo continuou suas justificativas dizendo: Não dá para aceitar um filho logo em seguida do outro. Nossa menina está com apenas 10 meses...

Raul agora entendera melhor as razões do amigo e perguntou com sincera vontade de obter uma resposta séria: Mas, e por que você deseja matar seu filho?

A pergunta caiu como uma bomba no coração de Ronaldo. Ele ainda não havia pensado na gravidade da situação.

Pensara em abortamento, mas não no que ele representa: um homicídio.

Raul ainda lhe fez mais uma pergunta: E se sua filha vier a morrer, como ficarão as coisas?

Ronaldo ficou desconcertado, abaixou a cabeça, terminou de tomar seu café e voltaram, ambos, para o trabalho.

Raul tinha atividades no seu templo religioso e como a reencarnação é parte das suas convicções, rogou com fervor a Deus para que salvasse aquela criança.

No dia imediato, os dois chegaram à seção, no período da tarde, pois trabalhavam só meio expediente, mas Raul não teve coragem de perguntar nada ao amigo. Temia pela resposta.

Mas Ronaldo tomou a iniciativa, dizendo: Minha esposa e eu não conseguimos dormir esta noite...

O coração do amigo bateu acelerado... mas não falou nada.

Logo, Ronaldo concluiu: Resolvemos deixar que venha mais um....

Raul explodiu em lágrimas de profunda alegria e alguns meses depois estava na festa de um ano de Ana Paula, a segunda filha do casal, contemplando, feliz, o paizão exibindo as duas meninas, uma em cada braço.

O tempo passou. Um dia, após retornar de breve viagem, Raul não encontrou o amigo na repartição, e quis saber o que havia acontecido.

A chefe lhe falou: Então você ainda não sabe?

Não, me diga o que houve, por favor. E a notícia lhe abalou novamente a estrutura ao ouvir a resposta:

A filha mais velha do Ronaldo morreu.

Raul dirigiu-se imediatamente para o lar dos amigos para encontrar o casal em profunda tristeza.

Ronaldo, que chorava discretamente com a segunda filha adormecida em seu colo, disse com profunda dor ao amigo:

Quero lhe agradecer por ter salvado minha vida. Sim, porque se você não tivesse evitado que eu matasse Ana Paula, a essa hora eu já teria matado a mim, movido pelo remorso e pelo desespero.

Os amigos se abraçaram e choraram juntos por algum tempo. Mas Raul não esqueceu de agradecer a Deus por ter atendido as suas preces, poupando a vida daquela criança, que agora dormia, serena, no colo do pai, que um dia havia pensado em matá-la, no ventre da mãe.

Redação do Momento Espírita, com base em história contada por Raul Teixeira em palestra na Comunhão Espírita Cristã de Curitiba-PR, em 11.04.2002

14 novembro 2010

Vida Estreita - Emmanuel

VIDA ESTREITA

"Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-le-á, mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, esse se salvará". - Jesus ( Marcos: 8 - 35 )

Para que possamos entender a grandeza do oculta do ensinamento do Cristo é imprescindível considerações especiais no círculo de nossa própria individualidade.

Já pensaste relativamente à propriedade legítima da vida? Pertencer-te-ão, de fato, os patrimônios materiais, as paisagens exteriores, o teu próprio corpo?

Sabes que não.

O homem esclarecido está certo da transitoriedade do quadro em que se movimenta nos caminhos do mundo, reconhecendo a si mesmo como usufrutuário na Casa de Deus.

Nem mesmo o invólucro carnal lhe pertence em sentido absoluto.

Jesus, portanto, não aludia à Vida Universal, criação do Pai Eterno, mas à vida estreita de expressões caprichosas que o homem egoísta inventou a si próprio, na Terra.

Tanto assim, que o Mestre se refere à Sua Vida e não à nossa vida.

Enquanto a criatura deseje salvar caprichos criminosos, perderá a oportunidade de elevar-se aos domínios da Sublimação Espiritual.

Quase sempre edificamos criações menos dignas no processo evolutivo e erigimos barreiras entre nós e a Inspiração Superior.

A Mensagem Divina flui incessantemente para os nossos corações, mas numerosos companheiros estão procurando defender certas construções indesejáveis nos caminhos da viciação, do dinheiro, da sexualidade.

Todavia, enquanto perdure semelhante atitude mental, é impossível que o Homem se identifique com a Plenitude da Vida Eterna.

Estará comprando objetos materiais e vendendo-os nos mercados inferiores, amarrando o coração para desamarrá-lo depois, em grandes padecimentos na esfera das afeições desviadas.

Aguilhoado às ilusões venenosas onde se compraz em viver temporariamente, é um seixo arestoso nas estradas terrestres, mas quando delibera afeiçoar-se à Consciência Universalista de Jesus, o Homem é a Estrela que conquistou as Vastidões do Céu.

Pelo Espírito Emmanuel
Do livro: Harmonização

Médium: Francisco Cândido Xavier

13 novembro 2010

A Escola - Demétrio Nunes Ribeiro

A ESCOLA

Texto para estudo ou análise mais demorada, em grupo ou a sós.
Espiritismo: Leia. Estude. Pratique!

Muita caridade se pratica realmente na Terra, como lançamento de alicerces à nossa felicidade futura.
Há quem levante valiosos monumentos de pedra para acolher os famintos da estrada, saciando-lhes a fome e vestindo-lhes o corpo.
Quantas vezes temos vertido lágrimas ao pé do enfermo abandonado à própria sorte? Em quantas ocasiões a indignação nos assoma à boca, diante do sofrimento de uma criancinha desprezada?
Em razão disto, comumente, a prece de gratidão emerge a para de nossa alegria, quando contemplamos as casas de amor fraterno, erguidas pela beneficência nas grandes e nas pequenas cidades, oferecendo uma pausa ou um ponto final à dura miséria.
Perante o moribundo sem família, que haja encontrado um teto, ou diante do menino infeliz, que se regozija com o seio materno que lhe faltava, faz-se em nossa alma o grande e intraduzível silêncio do júbilo, que se não exterioriza em palavras.

O infortúnio do próximo é sempre a nossa infelicidade provável.
A dor é, como o incêndio, suscetível de transferir-se da habitação do vizinho para a nossa casa.

Atentos em semelhante realidade, somos constrangidos a reconhecer que qualquer espécie de benemerência exalta o gênero humano e santifica-o, por fazer-nos mais confiantes na virtude e mais seguros de nossa vitória final no bem.
O Criador como que se revela sempre mais sábio, mais vivo e mais abundante de graças nos mínimos acontecimentos em que a bondade da criatura se manifesta.
Seja amparando o velho mirrado, seja insuflando coragem ao triste, ou abrigando o órfão, ou pensando as feridas de um corpo em chaga, o coração que ajuda é invariavelmente um foco de luz cujo brilho se irradia em ascensão para os mais altos céus.

Mas uma caridade existe, mais extensa e menos visível, mais corajosa e menos exercida, que nos pede concurso decisivo para a melhoria substancial da paisagem humana.
É a caridade daquele que ensina.

A Terra de todos os séculos sofre a flagelação de dois grandes males. Um deles é a miséria. O outro, e o maior, é a ignorância.

É a ignorância a magia negra de todos os infortúnios. Ao seu grosso tição de trevas, o rico esconde o ouro destinado à prosperidade, e o pobre se envenena com o desespero, eliminando as possibilidades resultantes do trabalho.
Pela ignorância, os homens se julgam senhores absolutos do latifúndio terrestre, que lhes não pertence, arruinando-se em guerras de extermínio; o bom se faz ameaçado pela crueldade esmagadora, o mau se torna pior; a evolução de alguns estaciona com o manifesto atraso de muitos, e a vida, que é sempre magnífico patrimônio de recursos para a sublimação, se vê assediada pela discórdia e pela ira, pela ociosidade e pela indigência.
Na rede da ignorância, o homem complica todos os problemas do seu destino, por ela contribui para as aflições alheias e com ela se arroja aos abismos da dor e se entrega às surpresas do tempo.

Por este motivo, se o orfanato ou o asilo são casas abençoadas do agasalho e do pão, a escola será, em todos os seus graus, um templo da luz divina.

O pão mantém a carne perecedoura.
A luz santifica o espírito eterno.

Não bastará disciplinar as maneiras do homem adulto, como quem submete animais inteligentes.
A domesticação reclama apenas um braço firme, uma vergasta e uma voz autoritária, que não hesitem na aplicação da força corretiva.
Bom é corrigir. Melhor, porém, é educar.
A retificação rude, não raro, produz o temor destrutivo. O aperfeiçoamento suave e persuasivo gera sempre o amor edificante.
A ignorância necessita de muito esforço e sacrifício para deixar suas presas.

Quem se consagre ao mister de auxiliar deve dispor-se a sofrer.

O exemplo é a força mais contagiosa do mundo. Por esta razão, quem conserve hábitos dignos, quem se devote ao dever bem cumprido, quem fale ou escreva para o bem, combate a ignorância na posição de soldado legítimo do progresso.
Semelhantes benefícios, no entanto, precisam da sagrada iniciação com o ato de alfabetizar.
Ensinar a ler e elevar o padrão mental de quem lê constituem obras veneráveis de caridade.
Descerremos a espessa cortina de sombras que retém o espírito – ninfa divina – no casulo da inércia.
Os que trabalham em favor das garantias públicas, se quiserem alcançar, efetivamente, as realizações a que se propõem, não podem esquecer, em tempo algum, a instrução e a educação.
É por elas e com elas que as nações sobrevivem no turbilhão dos acontecimentos que agitam os séculos. À claridade que despendem, extinguem-se os pruridos de hegemonia que desencadeiam os conflitos civis e internacionais, fenece a agressão, desaparece o ódio, apaga-se o incêndio da revolta.

Depois da morte, reconhecemos que todas as atividades do homem, por mais nobres, terão sido vãs, ou, mesma cinza niveladora se o objetivo de aperfeiçoamento espiritual não foi procurado.
Pela conquista do ouro, quase sempre acordamos velhos monstros do egoísmo que jazem adormecidos dentro da alma.
Pela ascensão ao poder político, não raro, a massa enlouquece no delírio da vaidade.
Pelo abuso nos prazeres físicos, frequentemente o homem se equipara ao bruto.
Sem a escola, somente liberamos os instintos inferiores da personalidade ou da multidão, quando pretendemos libertar-lhes a consciência.

Educando e educando-se, o espírito penetra a essência da vida, compreende a lei do uso e elege o equilíbrio por norma de suas menores manifestações.

Grande é a tarefa do pão, que gera o reconhecimento e a simpatia; entretanto, muito maior é o ministério do abecedário, que opera o divino milagre da luz, estabelecendo a comunhão magnética entre a inteligência do aprendiz de hoje e a mente do instrutor que viveu há milênios.
Cultura e, sobretudo, esclarecimento, são armas pacíficas contra a discórdia.
Abramos escolas e o canhão se recolherá ao museu.
Se cada criatura que sabe ler alfabetizasse uma só das outras que desconhecem a sublime função do livro, a regeneração do mundo concretizar-se-ia em breve tempo.
Jesus desempenhou o mais alto apostolado da Terra sem uma cátedra de academia, mas não se projetou nos séculos sem as letras sagradas do Evangelho.
É preciso ler para saber pensar e compreender.
Por esta razão expressiva, o Cristo, que consolou almas aflitas e curou corpos doentes, que patrocinou a causa dos sofredores e construiu caminhos para a salvação das almas nos continentes infinitos da vida, não se afirmou como sendo restaurador ou médico, advogado ou engenheiro, mas aceitou o título de Mestre e nele se firmou, por universal consagração.

Fortaleçamos a escola, pois.

Do livro "Falando à Terra"
pelo Espírito Demétrio Nunes Ribeiro
Médium: Francisco Cândido Xavier

12 novembro 2010

Saúde - Joaquim Murtinho

S A Ú D E

Se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo se consagraria à vida simples, com o trabalho ativo e a fraternidade legitima por normas de verdadeira felicidade.

A escravização aos sintomas e aos remédios não passa, na maioria das ocasiões, de fruto dos desequilíbrios a que nos impusemos.

Quanto maior o desvio, mais dispendioso o esforço de recuperação. Assim, também, cresce o número das enfermidades à proporção que se nos multiplicam os desacertos, e, exacerbadas as doenças, tornam-se cada vez mais difíceis e complicados os processos de tratamento, levando milhões de criaturas a se algemarem a preocupações e atividades que adiam, indefinidamente, a verdadeira obra de educação que o mundo necessita.

O homem é inquilino da carne, com obrigações naturais de preservação e defesa do patrimônio que temporariamente usufrui.

Não se compreende que uma pessoa instruída amontoe lixo e lama, ou crie insetos patogênicos no próprio âmbito doméstico...

Existe, no entanto, muita gente de boa leitura e de hábitos respeitáveis que permite a entrada em si, de minuto a minuto, de tóxicos variados, como a cólera e a irritação, dando pasto a pensamentos aviltantes cujos efeitos por muito tempo se fazem sentir na vida diária.*

Sirvamo-nos deste símbolo, para estender-nos em mais simples considerações. Se sabemos imprescindível a higiene interna da casa, por que não movermos o espanador da atividade benéfica, desmanchando as teias escuras das idéias tristes? Por que não fazer ato salutar do uso da água pura, em vasta escala, beneficiando os mais íntimos escaninhos do edifício celular e atendendo igualmente ao banho diário, no escrúpulo do asseio? Se nos desvelamos em conservar o domicílio suficientemente arejado, por que não respirar, a longos haustos, o oxigênio tão puro quanto possível, de modo a facilitar a vida dos pulmões?

Quem construa uma habitação, cogita, não somente bases sólidas, que a suportem, senão da orientação, de tal jeito que a luz do sol a envolva e penetre profundamente; jamais voltaria esse alguém a situar o ambiente doméstico numa caverna de troglodita.

Analogamente, deve o homem assentar fundamentos morais seguros, que lhe garantam a verdadeira felicidade, colocando-se, no quadro social onde vive, de frente voltada para os ideais luminosos e santificantes, de modo que a divina inspiração lhe inunde as profundezas da alma.

Frequentemente a moradia das pessoas cuidadosas e educadas se exorna, em seu derredor, de plantas e de flores que encantam o transeunte, convidando-o à contemplação repousante e aos bons pensamentos.
Por que não multiplicar em torno de nós os gestos de gentileza e de solidariedade, que simbolizam as flores do coração?

Ninguém é tentado a descansar ou a edificar-se em recintos empedrados ou espinhosos.

Assim também, a palavra agradável que proferimos ou recebemos, as manifestações de simpatia, as atitudes fraternais e a compreensão sempre disposta a auxiliar, constituem recursos medicamentosos dos mais eficientes, porque a saúde, na essência, é harmonia de vibrações.

Quando nossa alma se encontra realmente tranqüila, o veículo que lhe obedece está em paz.

A mente aflita despede raios de energia desordenada que se precipitam sobre os órgãos à guisa de dardos ferinos, de consequências deploráveis para as funções orgânicas.

O homem comumente apenas registra efeitos, sem consignar as causas profundas.

E que dizer das paixões insopitadas, das enormes crises de ódio e de ciúme, dos martírios ocultos do remorso, que rasgam feridas e semeiam padecimentos inomináveis na delicada constituição da alma?
Que dizer relativamente à hórrida multidão dos pensamentos agressivos duma razão desorientada, os quais tanto malefício trazem, não só ao indivíduo, mas, igualmente, aos que se achem com ele sintonizados?

O nosso lar de curas na vida espiritual vive repleto de enfermos desencarnados. Desencarnados embora, revelam psicoses de trato difícil.
A gravitação é lei universal, e o pensamento ainda é matéria em fase diferentes daquelas que nos são habituais. Quando o centro de interesses da alma permanece na Terra, embalde se lhe indicará o caminha das alturas.
Caracteriza-se a mente também, por peso específico, e é na própria massa do Planeta que o homem enrodilhado em pensamentos inferiores se demorará, depois da morte, no serviço de purificação.
Os instrutores religiosos, mais do que doutrinadores, são médicos do espírito que raramente ouvimos com a devida atenção, enquanto na carne.
Os ensinamentos da fé constituem receituário permanente para a cura positiva das antigas enfermidades que acompanham a alma, século após século.
Todos os sentimentos que nos ponham em desarmonia com o ambiente, onde fomos chamados a viver, geram emoções que desorganizam, não só as colônias celulares do corpo físico, mas também o tecido sutil da alma, agravando a anarquia do psiquismo.
Qualquer criatura, conscientemente ou não, mobiliza as faculdades magnéticas que lhe são peculiares nas atividades do meio em que vive. Atrai e repele. Do modo pelo qual se utiliza de semelhantes forças depende, em grande parte, a conservação dos fatores naturais de saúde.

O espírito rebelde ou impulsivo que foge às necessidades de adaptação, assemelha-se a um molinete elétrico, armado de pontas, cuja energia carrega e, simultaneamente, repele as moléculas do ar ambiente; assim, esse espírito cria em torno de si um campo magnético sem dúvida adverso, o qual, a seu turno, há de repeli-lo, precipitando-o numa “roda-viva” por ele mesmo forjada.

Transformando-se em núcleo de correntes irregulares, a mente perturbada emite linhas de força, que interferirão como tóxicos invisíveis sobre o sistema endocrínico, comprometendo-se a normalidade das funções.

Mas não são somente a hipófise, a tireóide ou as cápsulas supra-renais as únicas vítimas da viciação. Múltiplas doenças surgem para a infelicidade do espírito desavisado que as invoca. Moléstias como o aborto; a encefalite letárgica, a esplenite, a apoplexia cerebral, a loucura, a nevralgia, a tuberculose, a coréia, a epilepsia, a paralisia, as afecções do coração, as úlceras gástricas e as duodenais, a cirrose, a icterícia, a histeria e todas as formas de câncer podem nascer dos desequilíbrios do pensamento.

Em muitos casos, são inúteis quaisquer recursos medicamentosos, porquanto só a modificação do movimento vibratório da mente, à base de ondas simpáticas, poderá oferecer ao doente as necessárias condições de harmonia.
Geralmente, a desencarnação prematura é o resultado do longo duelo vivido pela alma invigilante; esses conflitos prosseguem na profundeza da consciência, dificultando a ligação entre a alma e os poderes restauradores que governam a vida.
A extrema vibratilidade da alma produz estados de hipersensibilidade, os quais, em muitas circunstâncias, se fazem seguir de verdadeiros desastres organopsíquicos.

O pensamento, qualquer que seja a sua natureza, é uma energia, tendo, conseguintemente, seus efeitos.

Se o homem cultivasse a cautela, selecionando inclinações e reconhecendo o caráter positivo das leis morais, outras condições, menos dolorosas e mais elevadas, lhe presidiriam à evolução.
É imprescindível, porém, que a experiência nos instrua individualmente. Cada qual em seu roteiro, em sua prova, em sua lição.
Com o tempo aprenderemos que se pode considerar o corpo como o “prolongamento do espírito”, e aceitaremos no Evangelho do Cristo o melhor tratado de imunologia contra todas as espécies de enfermidade.

Até alcançarmos, no entanto, esse período áureo da existência na Terra, continuemos estudando, trabalhando e esperando...

Do livro "Falando à Terra"
pelo Espírito Joaquim Murtinho
Médium: Francisco Cândido Xavier/Espíritos Diversos

11 novembro 2010

Temperamento - Emmanuel

"TEMPERAMENTO"
TEMA: AUTOCONTROLE

Somos cuidadosos, salvaguardando o clima doméstico. Dispositivos de alarme, faxinas, inseticidas, engenhos de proteção e limpeza.

No entanto, raros de nós se acautelam contra o inimigo que se nos instala no próprio ser, sob os nomes de canseira, nervosismo, angústia ou preocupação.

Asseguramos a tranqüilidade dos que nos cercam, multiplicando recursos de segurança e higiene, no plano exterior, e, simultaneamente, acumulamos nuvens de pensamentos obsessivos que terminam suscitando pesadelos dentro de casa...

Muitas vezes, desapontados conosco mesmos, à face dos estragos estabelecidos por nossa invigilância, recorremos a tranquilizantes diversos, tentando situar a impulsividade que nos é própria no quadro das moléstias nervosas, no pressuposto de inocentar-nos.

Sem dúvidas não podemos subestimar o poder da mente sobre o campo físico em que se apóia. Se acalentarmos a irritação sistemática, é natural que os choques do espírito atrabiliário alcancem corpo sensível, descerrando brechas à enfermidade.

Nesse caso, é preciso rogar por socorro ao remédio. Ainda assim, é imperioso nos decidamos ao difícil entendimento do autodomínio.

No que concerne a temperamento, é possível receber as melhores instruções e receitas de calma; entretanto, em última análise, a providência decisiva pertence a nós mesmos.

Ninguém consegue penetrar nos redutos de nossa alma, a fim de guarnece-la com barricadas e trancas.

Queiramos ou não, somos senhores de nosso reino mental.

Por muito nos achemos hoje encarcerados, do ponto de vista de superfície, nas conseqüências do passado, pelas ações infelizes em nossa estrada de ontem, somos livres, na esfera íntima, para controlar e educar o nosso modo de ser. Não nos esqueçamos de que fomos colocados, no campo da vida, com o objetivo supremo de nosso rendimento máximo para o bem comum.

Saibamos enfrentar os nossos problemas como sejam e como venham, opondo-lhes as faculdades de trabalho e de estudo que somos portadores. Nem explosão pelas tempestades magnéticas da cólera e nem fuga pela tangente do desculpismo.

Conter-nos.

Governar-nos.

Aqui e além, estamos chamados a conviver com os outros, mas viveremos em nós estruturando os próprios destinos, na pauta de nossa vontade, porque a vida, em nome de Deus, criou em cada um de nós um mundo por si.

Do livro "Encontro Marcado"
pelo Espírito Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier

10 novembro 2010

Os Espíritos no Cotidiano - Waldenir Aparecido Cuin

OS ESPÍRITOS NO COTIDIANO

“ — Os Espíritos exercem influência sobre os acontecimentos da vida? — Seguramente, pois que te aconselham. “ (pergunta 525, de O Livro dos Espíritos — Allan Kardec).

Acredita o homem na Terra que a ação dos Espíritos deve dar-se de forma ostensiva, extraordinária, mediante a produção de fenômenos alarmantes. Isso, obviamente, pode acontecer, mas com raridade.

Via de regra, a ação dos Espíritos acontece de forma oculta, sobre os nossos pensamentos. Através dos laços de afinidade, sintonizam conosco e podem, quando desejam, inspirar uma ideia, sugerir um comportamento, ditar uma atitude. No entanto, não podemos olvidar que a decisão de aceitar o que sugerem sempre será nossa, pois que temos o livre arbítrio.

Somos, em realidade, responsáveis absolutos por tudo o que fazemos. O que os Espíritos conseguem só é possível com a nossa concordância, assim, em momento algum poderemos assumir uma postura e depois atribuí-la somente a uma possível ação espiritual. Os desencarnados, certamente estarão influenciando, mas temos plenas condições de repeli-los ou aceitá-los mediante a nossa vontade.

Dessa forma, teremos ao nosso lado as amizades espirituais que desejamos. Na Terra também é assim, pois não gostamos de determinada pessoa procuramos evitá-la. Com a nossa determinação, coragem e decisão aceitamos ou não a presença de um Espírito.

A maneira como seguimos os caminhos da vida tem muita importância e exerce profunda influência na presença, ao nosso lado, de Espíritos bons ou não. Paulo de Tarso, afirmou que “estamos cercados por uma multidão de testemunhas”. Então, será sempre muito oportuno saber como viver, como agir, para que não permaneçam junto de nós aqueles seres espirituais que não oferecem nada de agradável.

Quando utilizamos bebidas alcoólicas, por exemplo, ou alguma substância tóxica, estarão junto de nós Espíritos que, na Terra, se prestaram a tais viciações e que ainda não tiveram forças para se libertarem delas.

Quando cultivamos o pensamento recheado de desejos de fazer o bem e ocupamos nossas mãos com tarefas de socorro àqueles que sofrem, obviamente, estaremos convidando a permanecerem conosco os Espíritos da mesma natureza, e, nesse clima de equilíbrio e nobreza colheremos deles as vibrações de paz que somente os corações que amam podem dardejar.

Compreendendo então, convictamente, essa inquestionável realidade, deixemos de pensar que os nossos irmãos desencarnados somente se apresentam através de fenômenos espetaculosos. Nada disso, cotidianamente estão conosco, ombreando os passos que damos na estrada da vida.

Quando a contar com os bons ou com os imperfeitos, compete única e exclusivamente decidirmos pelo rumo que damos aos nossos pensamentos, pois os espíritos não criam o mal em nós, mas aproveitam o mal que carregamos para insuflarem ações infelizes, com graves consequências para o nosso avanço espiritual.

Quando Jesus disse que era preciso amar até aos inimigos e que devíamos fazer aos outros o que queremos para nós mesmos, estava informando que a sublimidade de pensamentos atrai as intenções sublimes das “testemunhas” que nos cercam.

Pensemos nisso.

De “Em busca da Paz”
de Waldenir Aparecido Cuin

09 novembro 2010

Oficinas de Assistência - Augusto Cezar

OFICINAS DE ASSISTÊNCIA

E porque nós outros – um grupo de rapazes – nos acercamos do Mentor, indagando que opinião era a dele sobre as oficinas de assistência aos necessitados, nas realizações cristãs, ele nos respondeu cortesmente:
- O assunto é do maior interesse. A propósito, desejo contar-lhes a experiência de um companheiro. Um amigo, que foi batista na Terra, chegou à Vida Espiritual com grande prestígio pelos serviços prestados à Causa do Senhor. Conduzido por devotados benfeitores à grande cidade da Vida Maior, passou a visitar os setores de trabalho que o empolgavam. Tomando a companhia de um professor, entrou a movimentar-se.

Na sequência de suas excursões, viu-se diante de vasto sanatório, em cujo interior e em todas as dependências se notava tremenda algazarra. Impropérios, acusações mútuas, insultos e rixas. A balbúrdia era enorme.
Impressionados, ele e o acompanhante, perguntaram a um dos diretores da instituição se ali estava algum setor da zona infernal, ao que o interpelado replicou humildemente:
- Sim, a nossa casa pode ser considerada uma região de inferno, onde alguns de nós, irmãos acordados para a vida, devemos treinar abnegação e tolerância.
Nosso amigo inquiriu:
- Poderá nos informar se aqui vivem alguns batistas?
- Muitos, foi a resposta.
E o diálogo prosseguiu:
- E presbiterianos?
- Grande quantidade.
- E católicos?
- Número imenso.
- E luteranos de outras interpretações?
- Igualmente muitos.
- E espíritas?
- Legião incalculável.

Nosso companheiro considerou:
- É uma lástima! E como se comportam na comunidade?
- Infelizmente – esclareceu o diretor – os religiosos que se acham aqui são espíritos cristalizados nos enganos que abraçaram. Foram, todos eles, homens e mulheres, habitualmente discutidores e intimamente revoltados. Agarrados aos próprios pontos de vista, são rebeldes, indiferentes, vaidosos e intolerantes. Viveram no mundo físico em teorias e anátemas, mergulhados em preguiça mental, a ponto de muitos deles não aceitarem a realidade da vida espiritual em que se encontram...
- E quando estarão libertos de tanta cegueira?
O diretor explicou:
- Quando demonstrarem a renovação espiritual precisa, a fim de merecerem o privilégio de aprender a servir.

Indiscutivelmente, os visitantes saíram dali desolados e depois de alguns quilômetros surpreenderam grande colônia espiritual, de cujo interior se irradiavam luz e harmonia.
Pararam observando...
Em seguida solicitaram a um dos guardiões da porta, a presença de alguém que lhes pudesse prestar os informes que julgavam precisos.
Veio um diretor e repetiram a indagação sobre a natureza e finalidade daquele instituto.
O amigo respondeu:
- Aqui somos todos uma só família; todos os que residem aqui são aqueles que acreditaram em Jesus e seguiam-lhe os passos, trabalhando e servindo, por amor aos semelhantes. Não há denominações religiosas que nos diferenciam, até porque temos conosco muitos ateus que se consagraram espontaneamente ao bem do próximo, ignorando que estavam acompanhando o Divino Mestre. A prestação de serviço aos outros, sem idéias de recompensa, nos proporcionou a felicidade de estarmos todos juntos em Cristo.

Foi então que compreendi melhor o valor das oficinas de assistência aos necessitados. Aí, nesses recantos abençoados, é possível estudar as Lições do Senhor e segui-lo verdadeiramente no rumo das alegrias imperecíveis.
Somente os que aprendem a trabalhar e a servir, com esquecimento de si mesmos, acham-se no rumo exato da felicidade real, de vez que nada valem as preciosas argumentações vazias de boas obras, porque, sem as realizações do amor ao próximo, não teremos senão a alternativa de tudo recomeçar, aprendendo, por fim, a fazer o melhor de nós e de nossa vida, para que possamos justificar o privilégio de conhecer...

Do livro "Fotos da Vida"
pelo Espírito Augusto Cezar
Médium:Francisco Cândido Xavier