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21 outubro 2017

Qual é o peso do nosso fardo? - Adriana Machado

  

QUAL É O PESO DO NOSSO FARDO?


Algumas experiências passarão sem nos apercebermos delas e outras, serão lembradas por um instante. Outras ainda, por toda uma vida carnal, mas algumas, irão muito além. Isso porque elas nos marcarão e se o fizeram, foi porque, positiva ou negativamente, nos chamaram a atenção para algo importante que há em nós.

Sendo assim, que relevância elas terão para nós? E quais delas serão consideradas verdadeiros fardos que preferiríamos não as tê-las vivenciado?

Primeiramente, precisamos entender o que é um fardo!

Desde quando eu comecei a estudar a doutrina espírita sempre pensei em fardo (= algo volumoso e pesado) como tudo aquilo que vivenciei (ou vivencio) que foi (ou é) ruim e que me trouxe (ou traz) desconforto de alguma forma, ou seja, sempre escutei a palavra “fardo” junto à ideia de alguma adversidade na vida do ser em crescimento!

Mas, quanto mais eu estudo e escuto a espiritualidade, quanto mais eu me aprofundo nos conceitos cristãos desta doutrina, mais eu percebo que fardo é nada mais nada menos do que a somatória de inúmeras experiências que me fizeram dar mais um passo para a minha evolução, independentemente de ter sido positiva ou não.

Assim, não podemos simplificar o fardo como se fosse somente as experiências que consideramos negativas, porque as positivas também nos fizeram amadurecer a nossa visão das circunstâncias vivenciadas. Se não entenderam, eu explico: como posso pensar que o fardo é somente uma experiência negativa (e assim menosprezá-lo) se tudo o que eu vivo me acrescenta algo que me dá condições de superar-me?

Todo fardo tem o significado de conjunto: fardo de cerveja, fardo de roupas, fardo de palha... Todos eles são formados por seus inúmeros elementos independentes, que, sendo iguais ou diferentes, juntos formarão o “fardo”. Também assim é a vida. Os fardos que enxergamos em nossas experiências são, cada um deles, um conjunto de todos os elementos que vivencio para superar determinada circunstância, com o qual vou amadurecer. E não conseguirei atingir o meu intento sem a somatória de todas elas: das boas ou não tão boas lições da vida.

Se assim é, porque acredito que os meus fardos são pesados? Porque, ainda, pela minha imaturidade, não enxergo o benefício dessas mesmas experiências e me agarro a ideia do peso reunido das circunstâncias que me atormentam o coração, não deixando as boas experiências trazerem leveza ao pacote inteiro.

Ainda, deixo de enxergar elemento por elemento, o que poderia aliviar o tal peso: “se o fardo de cerveja está muito pesado para transportá-lo, aquele que o carrega, pode encarregar-se de retirar do engradado as garrafas vazias para que o peso do fardo fique no limite de suas forças.” Nesta exemplificação, tento mostrar que, na maioria das vezes, somos nós que desejamos carregar um peso desnecessário ou tudo de uma só vez, mesmo quando já podemos escolher dar um fim imediato e útil a algumas experiências que a formam.

Quando nos incomodamos com determinadas situações, isso já é um sinal que poderíamos ter mudado ou deixado alguns desses elementos pelo caminho, mas por nossa livre escolha não nos desagarramos deles. Assim, vejamos: poderemos ser levados a vivenciar um relacionamento abusivo (por sabermos, inconscientemente, que ele será útil ao nosso crescimento), mas jamais estaremos presos a ele. Se estamos, é porque acreditamo-nos dele merecedores e não nos desapegaremos dele até que compreendamos essa verdade.

Em uma síntese, a cada dia, nos deparamos com inúmeras experiências que nos levarão a nos sentir felizes ou tristes, ansiosos ou esperançosos, indignados ou satisfeitos... Tais experiências serão por nós absorvidas como momentos de vivências, em cuja circunstância tivemos uma reação frente aos resultados conquistados. Poderemos abandonar várias posturas e empreender mudanças substanciais no nosso viver, mas para isso, haverá desgaste. Para cada resultado, daremos a nossa nota que estará intimamente ligada à nossa interpretação sobre aquilo que foi para nós bom ou não tão bom. Daí, vem a nossa noção do peso de nossos fardos!

Que possamos entender que nada nos é trazido para retroagirmos em nosso caminhar, e que o objetivo da vida não é nos deixar alquebrados pelo caminho por carregarmos pesos excessivos, mas sim que aprendamos que tudo nos é (ou nos foi) útil e enquanto acreditarmos que os nossos fardos são formados somente das experiências “negativas”, as positivas jamais amenizarão o seu peso. Qual é o peso do nosso fardo? Aquele que desejarmos lhe dar.



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