A Era do Espírito
Estamos nos aproximando de mais um período de renovação planetária e chegam de diversas partes do mundo, notícias de que o progresso será moral. Neste período de transição, passaremos por momentos difíceis, até o progresso definitivo. Tudo pode acontecer, para antecipar ou retardar esse processo.Os movimentos de transformação, estão subordinados ao “livre-arbítrio” e por isso, acontecem de forma lenta, mas progressiva. Estamos sujeitos às Leis Naturais, próprias deste Mundo, que regem as grandes revoluções no campo físico, social, científico e filosófico e moral. Segundo a afirmação dos espíritos, com a transformação moral de seus habitantes, subiremos na escala dos mundos, passando de um mundo de expiações e provas, para um mundo regenerado e feliz [1].
A Humanidade já enfrentou diversos períodos, mas com certeza, o atual será lembrado por uma revolução mais profunda: a “espiritual”. Sentimos necessidade de entrar em contato com a “essência espiritual”, realizando mudanças significativas, que ocorrem de “dentro para fora”. É chegada a “Era do Espírito”, como afirmava Herculano Pires [2].
O período moral que facilitará o amadurecimento da individualidade para as massas, alterando aos poucos, o panorama do Mundo, já se faz presente. O homem anseia a mudança e já encontra caminhos para realizá-la. Os convites são apresentados de várias maneiras: no formato de “petiscos” para atrair o indivíduo, como prato de “entrada” oferecendo somente partes do conhecimento, ou como “sobremesa” deixando a sensação de que falta alguma coisa.
A liberdade de escolha é própria do espírito, experimentando aquilo que mais desperta o seu interessante e necessidades imediatas. A Doutrina Espírita oferece o “cardápio completo”, é um poderoso instrumento de emancipação espiritual. É livre, dinâmica, sem intenções exclusivistas ou salvacionistas. Apresenta inúmeras respostas para os questionamentos humanos, deixando bem claro, quanto àquelas que não saciam a fome do espírito. Respeita a liberdade do indivíduo, sua maturidade espiritual e o deixa livre para escolher outros caminhos, se assim desejar.
São muitos os caminhos: “caminhos atalhos”, “caminhos longos”, caminhos que levam para “outros caminhos”e poucos, mostram verdadeiramente para onde devemos ir. A Doutrina Espírita revive o Cristianismo Primitivo, a essência da mensagem de Jesus; que educou através de Exemplos, deixando um roteiro seguro quando afirmava: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Em diversas passagens, demonstra com Atitudes, que estava pronto para “o bom combate”. Jamais deixando de ser firme, nos momentos em que os homens ainda ignorantes, distorciam a Sua Mensagem de Amor. Jesus se utilizava da autoridade “moral”, para diferenciar aquilo que pertencia ao Reino de Deus e o que era do reino dos homens. Vemos a passagem que Ele expulsou os vendilhões do Templo, comerciantes das coisas de Deus, que angariavam recursos em benefício próprio. Ensinou aos discípulos que o falar deveria ser sempre: “Sim! Sim! Não! Não! Que a palavra deveria ser firme, tomando uma posição na hora certa, em defesa daquilo que pregavam e acreditavam. Que deveriam separar as coisas de Deus e a dos homens, e dar a César o que era de César, na questão dos impostos. Que os rituais, os sacrifícios não agradavam a Deus e que Sua mensagem, estava acima das convenções humanas e dos interesses mesquinhos. Que devíamos ter a capacidade de nos Amar, e com ela seríamos reconhecidos verdadeiramente, como Cristãos.
Após Ele, os discípulos fizeram de tudo para manter viva, a chama da primeira mensagem. Os homens, ainda ignorantes e presos aos rituais, vítimas dos atavismos, de práticas místicas gregas e judaicas, aliados a interesses políticos e financeiros, descaracterizaram a mensagem primitiva e perpetuaram no poder temporal, que se estende entre os séculos V e XV, conhecidos como a “ Idade Média” ou o “Período do Obscurantismo Medieval”.
Com a chegada do século XVII e XVIII, conhecido como o “Século das Luzes”, marcado pelas idéias Iluministas na Europa, o homem finalmente rompe com o domínio das trevas da “ignorância” com as o período da “luz” e da “razão”. A França é o berço do Espiritismo, confirmando a presença dos espíritos e a continuidade da vida; o conhecimento de Leis que regem o Universo. Uma plêiade de Espíritos, organizados pelo “Espírito Verdade”, descortina um mundo até então misterioso. Foi natural, que os temas relacionados à espiritualidade voltassem “à tona”, preparando o terreno futuro.
Após 152 anos do nascimento do Espiritismo, como nos tempos de Jesus, surgem os falsos profetas, os mensageiros das sombras, como joio em meio ao trigo, semeando a cizânia, a divisão, por questões de vaidade, poder. Como distinguir a doutrina espírita de conceitos e idéias que surgem a todo o momento? Confundimos “partes de um conhecimento” com a mensagem revelada pelos Espíritos, muito bem pesquisado por Hippolyté Leon Denizard Rivail, e codificado mais tarde por ele, através do conhecido pseudônimo “Allan Kardec”.
A chegada da luz incomoda as trevas, confundindo os desavisados e ingênuos, os descrentes e os vaidosos, na tentativa de instalar na Terra, mais uma vez, um período de ignorância e de culto ao “demônio”. Se utilizam de homens frágeis, ignorantes, mas ambiciosos, alvos fáceis de serem dominados.
Como identificar o joio que está em meio ao trigo? Como conhecer a linguagem de um espírito? O Bem faria apologia ao mal? O Espírito que se diz de alta hierarquia espiritual traria idéias de combate ao semelhante? Os espíritos com intenção de libertar homens, não utilizariam de linguagem mística, fantasiosa, criando práticas estranhas, condicionando os crentes a rituais, a dependência uns dos outros, porque o Espiritismo revive a mensagem de Jesus exatamente para libertar consciências.
Chegam mensagens de todas as partes do mundo, através de livros, psicografias, palestras e textos que circulam pela Internet. Todos os dias nossa caixa postal recebe uma enxurrada de e-mails, e não sabemos mais diferenciar o conteúdo e seus autores, porque talvez, não aprofundamos os estudos das obras básicas, e das pesquisas realizadas por Kardec.
Surgem problemas de toda ordem e a busca pela solução se faz necessária. Estamos frágeis diante dos apelos emocionais, por isso acreditamos em todos os espíritos, em todas as mensagens, deixando de lado, os critérios adotados para identificar a veracidade dessas informações.
Em nome da Divulgação Espírita, muitos se aproveitam da situação. Dizem psicografar obras de espíritos renomados ou de espíritos que abandonaram outros médiuns e continuam com o mesmo nome, porém, com diferenças no conteúdo de duas idéias e conceitos. Alguns médiuns forçam os espaços na mídia, pagam para os programas de rádio e de TV, divulgam suas obras através de listas, folhetos e cartazes. Trazem o “novo”para o movimento espírita, dizendo que precisamos “atualizar” Kardec.
As pessoas recebem informações e não passam por nenhum critério de avaliação. Simplesmente aceitam tudo como uma “verdade não revelada anteriormente”. Alguns grupos seguem tais médiuns e suas obras, tornam-se prosélitos e saem pelos quatro cantos divulgando a mensagem. Realizam palestras, seminários, encontros sobre o tema e na maioria, o médium está presente, divulgando os “seus” livros, CDs, DVDs, vendendo cada vez mais “suas” obras e editando livros e mais livros.
No que tange ao método de avaliação, Allan Kardec adota o intuitivo-racionalista pestalozziano, como processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdon, considerando, o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes cultiva o espírito natural da observação, prega o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Desestimula a atitude mecânica para que o aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso complexo da razão, para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador, de molde a avivar a atenção e a percepção. [3]
Ao receber mensagens e textos de todas as partes do mundo, Kardec se utiliza do critério conhecido como CUEE (Controle Universal dos Espíritos). Na Revista Espírita de abril de 1864, revista de estudos periódicos sobre fatos e cartas que recebia de todo o mundo, lançada com 12 volumes, tratando desse assunto utilizando os critérios da razão e do bom senso. Avalia a linguagem dos espíritos e faz um alerta: “... o controle universal, é uma garantia para a futura unidade do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no futuro, será procurado o critério da verdade.”
Qual o critério para avaliar a verdade? A razão e o controle Universal.
Percebemos nas entrelinhas de algumas obras, uma distorção de conceitos doutrinários, repleta de ataques ao movimento Institucional, com uma linguagem empolada, prolixa, utilizando-se de passagens do Evangelho de Jesus e de Kardec, para induzir os leitores de que é necessário reconstruir o movimento espírita. Ora, se ele precisa de uma reconstrução é porque seus fundamentos eram frágeis e o edifício principal demoliu e sabemos que isso não faz parte da realidade. Precisamos nos manter atualizados sim, mas questões científicas, no aprofundamento filosófico, acompanhando as necessidades e o crescimento da atual sociedade, buscando a cada dia ser melhor do que ontem. Mas, acreditar que movimentos paralelos surgem para salvar o movimento espírita é outra história! Apresentam-se como “salvadores”ou “humanizadores”, com mensagens e revelações de cunho espiritualista, e muitos deles estão esquecidos, de que a mensagem de Jesus é a maior obra de Amor capaz de Humanizar o Ser ainda des-humano.
Pregam que o “Institucional ”está cheio de médiuns comprometidos, trabalhadores vaidosos, sob o domínio e a influência das trevas. Descobrem que há implantes, vibriões assustadores, clones de espíritos iluminados, se fazendo enganar nas sessões mediúnicas. Trevosos encarnados entre os dirigentes espíritas; divulgam imagens das trevas nos cartazes, nas capas dos livros e se dizem capazes de “revelar” as táticas do mal, que está cada vez mais presente, envolvendo os grupos e afastando dia a dia os trabalhadores e médiuns, desmoronando os lares dos trabalhadores, e as Casas Espíritas em que atuam. Mesmo os de moral “ilibada” caem diante das armadilhas reveladas.
O Espiritismo trouxe esse tipo de mensagem? Kardec quando escreveu o livro “Céu e o Inferno” acentuou o Inferno? Quando revelou a classe dos espíritos, deixou claro que os trevosos eram mais poderosos que os evoluídos? De que eles venceriam com suas técnicas superiores a nossa? De que deveríamos estudá-las e criar novas técnicas para combatê-las, expulsando os espíritos do mal, porque eles não atendem mais ao diálogo do amor?
Em “O livro dos médiuns”, Kardec deixa muito claro o conteúdo das comunicações dos espíritos e o método de avaliação utilizado para caracterizar a veracidade das informações. Narra os inconvenientes da mediunidade, o animismo, as mistificações, as linguagens fantasiosas e empoladas dos falsos profetas. Dizia ser preferível, rejeitar muitas verdades para não ficar com uma única mentira!
Pedia para ter cuidado com todos que semeiam o fermento do antagonismo entre os grupos, impelindo ao isolamento, a se verem com “prevenção”e que só isto bastaria para desmascará-los. No final do capítulo deixa inúmeras mensagens, com notas de rodapé, analisando as que eram de espíritos mistificadores e como poderíamos identificá-las [4].
Kardec pede muito cuidado com espíritos e mensagens que afastam o médium da Casa espírita. O espírito que estimula a criação de grupos isolados, distantes das análises, das críticas e do bom senso, muitas vezes, deixando o médium longe dos estudos, deve ser avaliado com muito cuidado. Cria a ilusão de que a sua psicografia não deve passar pela análise de outros grupos ou pelo método do Controle Universal dos Espíritos. Um espírito de uma ordem elevada, não incentivaria somente o estudo de suas obras, mas incentivaria acima de tudo, o estudo das obras de Kardec.
Trabalhando isolado e longe de uma análise criteriosa, o médium se afasta e passa a escrever independentemente, criando suas editoras para terem mais liberdade na construção de suas idéias. Acham que estão falando a mesma língua, escrevendo sobre as mesmas coisas. Os grupos formados simpatizantes das idéias, baseados inicialmente na comunicação de um único espírito, muitas vezes com um nome venerável e através de um único médium, acabam acreditando na mensagem sem racionalizar. Passam a endeusar “o espírito comunicante”, criando mais e mais prosélitos e seguidores da pseudo “elevada entidade espiritual”. Outros do grupo fazem o mesmo, trazendo revelações de conteúdo parecido, dizendo que a mensagem se repete. Mas não percebem que isso acontece somente “entre eles”, não sendo este o método de avaliação adotado por Kardec.
A partir daí, chegam as “revelações”, novas técnicas mediúnicas em tempos de transição. Técnicas desobsessivas, com retirada de implantes, afastamento de espíritos utilizando-se de magia, que são técnicas mais “fortes”, capaz de afastar o espírito definitivamente, ou seja, “na marra”. Alegam que os trabalhos realizados nas casas espíritas, através da doutrinação, dos passes e do diálogo fraterno, não são mais capazes de modificar esses espíritos. Que os médiuns de hoje, estão despreparados para as novas técnicas obsessivas utilizadas pelo mundo inferior, mas o que estão fazendo é um retorno as práticas sincréticas, aos horizontes tribal, agrícola, civilizado, profético, descritos magistralmente no livro “O Espírito e o Tempo” de José Herculano Pires[2].
Nessa importante obra, ele também esclarece sobre as pesquisas científicas da mediunidade, e as práticas espíritas[5]. Esse tipo de informação que está sendo divulgada atualmente em algumas obras, dificulta os trabalhos dos médiuns, que são os intermediários dos espíritos, gerando diversas dúvidas. E aqueles que não estudam a doutrina, acabam acreditando que devem aprender tais técnicas, esquecidos que poderiam usar a maior delas: o poder do AMOR, diversas vezes praticado por Jesus nas curas de loucura e obsessão narradas no Evangelho e utilizadas pela Doutrina Espírita, como base fundamental a todos aqueles que dialogam com os espíritos sofredores e perseguidores.
As Casas espíritas, baseadas nos estudos de Allan Kardec, realizam um trabalho muito sério no exercício fraterno da caridade, na assistência as necessidades básicas; na preocupação com a promoção social através de cursos; do estudo do magnetismo, através da aplicação dos passes; da comunicação com o mundo invisível, nos trabalhos de desobsessão e doutrinação ou diálogo fraterno; da aplicação do ensino moral de Jesus nos seus grupos de estudos; do estudo da Reencarnação e das Leis Naturais através de palestras e encontros. Tudo isso deve ser valorizado e divulgado por todos os espíritas que conhecem o Espiritismo e a sua capacidade de influenciar a sociedade.
Em seu outro livro “Revisão do Cristianismo”, José Herculano Pires descreve o interesse do plano inferior em desfigurar o Cristo e a sua mensagem: “... Se manifestam de diversas formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas desprevenidas, da auto-suficiência de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.
É chegada a “Era Apocalíptica”, e com ela, a crença de que Jesus voltará nos final dos tempos. Esse tema promove debates e Jesus já tinha recomendado que nesse período, deveríamos tomar cuidado com as mensagens dos “falsos profetas” que viriam em seu nome.
Hoje recebemos muitas informações, precisamos estar atentos, passando pelo crivo da razão e do bom senso, tudo o que nos chega. Kardec levantou a ponta do véu e as gerações futuras deixarão cair o pano definitivamente. Os princípios espíritas se farão presentes, não como um caminho religioso e salvacionista, mas sim, como verdades eternas reveladas ao espírito imortal.
O Espiritismo faz um convite para que nos libertemos das amarras que nos prendem a ignorância, a religião da forma e não do fundo. Das figuras mitológicas e sombrias, da barganha com o Divino, dos rituais e mitos, da crença na salvação através do poder alheio. Esclarece ainda, que o “Reino de Deus”, está em nossa consciência, e que somos “Deuses”, podendo fazer o que Jesus ou os Espíritos Superiores fazem e muito mais.
Somos viajantes do Universo, convidados a participar da regeneração deste Planeta.
Aproveitemos o que recebemos do Mundo Espiritual e dos exemplos deixados por Jesus.
O Espiritismo em sua essência é libertador de consciências, estudemos as obras de Kardec, bases para alcançar esse conhecimento.
A Humanidade já enfrentou diversos períodos, mas com certeza, o atual será lembrado por uma revolução mais profunda: a “espiritual”. Sentimos necessidade de entrar em contato com a “essência espiritual”, realizando mudanças significativas, que ocorrem de “dentro para fora”. É chegada a “Era do Espírito”, como afirmava Herculano Pires [2].
O período moral que facilitará o amadurecimento da individualidade para as massas, alterando aos poucos, o panorama do Mundo, já se faz presente. O homem anseia a mudança e já encontra caminhos para realizá-la. Os convites são apresentados de várias maneiras: no formato de “petiscos” para atrair o indivíduo, como prato de “entrada” oferecendo somente partes do conhecimento, ou como “sobremesa” deixando a sensação de que falta alguma coisa.
A liberdade de escolha é própria do espírito, experimentando aquilo que mais desperta o seu interessante e necessidades imediatas. A Doutrina Espírita oferece o “cardápio completo”, é um poderoso instrumento de emancipação espiritual. É livre, dinâmica, sem intenções exclusivistas ou salvacionistas. Apresenta inúmeras respostas para os questionamentos humanos, deixando bem claro, quanto àquelas que não saciam a fome do espírito. Respeita a liberdade do indivíduo, sua maturidade espiritual e o deixa livre para escolher outros caminhos, se assim desejar.
São muitos os caminhos: “caminhos atalhos”, “caminhos longos”, caminhos que levam para “outros caminhos”e poucos, mostram verdadeiramente para onde devemos ir. A Doutrina Espírita revive o Cristianismo Primitivo, a essência da mensagem de Jesus; que educou através de Exemplos, deixando um roteiro seguro quando afirmava: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Em diversas passagens, demonstra com Atitudes, que estava pronto para “o bom combate”. Jamais deixando de ser firme, nos momentos em que os homens ainda ignorantes, distorciam a Sua Mensagem de Amor. Jesus se utilizava da autoridade “moral”, para diferenciar aquilo que pertencia ao Reino de Deus e o que era do reino dos homens. Vemos a passagem que Ele expulsou os vendilhões do Templo, comerciantes das coisas de Deus, que angariavam recursos em benefício próprio. Ensinou aos discípulos que o falar deveria ser sempre: “Sim! Sim! Não! Não! Que a palavra deveria ser firme, tomando uma posição na hora certa, em defesa daquilo que pregavam e acreditavam. Que deveriam separar as coisas de Deus e a dos homens, e dar a César o que era de César, na questão dos impostos. Que os rituais, os sacrifícios não agradavam a Deus e que Sua mensagem, estava acima das convenções humanas e dos interesses mesquinhos. Que devíamos ter a capacidade de nos Amar, e com ela seríamos reconhecidos verdadeiramente, como Cristãos.
Após Ele, os discípulos fizeram de tudo para manter viva, a chama da primeira mensagem. Os homens, ainda ignorantes e presos aos rituais, vítimas dos atavismos, de práticas místicas gregas e judaicas, aliados a interesses políticos e financeiros, descaracterizaram a mensagem primitiva e perpetuaram no poder temporal, que se estende entre os séculos V e XV, conhecidos como a “ Idade Média” ou o “Período do Obscurantismo Medieval”.
Com a chegada do século XVII e XVIII, conhecido como o “Século das Luzes”, marcado pelas idéias Iluministas na Europa, o homem finalmente rompe com o domínio das trevas da “ignorância” com as o período da “luz” e da “razão”. A França é o berço do Espiritismo, confirmando a presença dos espíritos e a continuidade da vida; o conhecimento de Leis que regem o Universo. Uma plêiade de Espíritos, organizados pelo “Espírito Verdade”, descortina um mundo até então misterioso. Foi natural, que os temas relacionados à espiritualidade voltassem “à tona”, preparando o terreno futuro.
Após 152 anos do nascimento do Espiritismo, como nos tempos de Jesus, surgem os falsos profetas, os mensageiros das sombras, como joio em meio ao trigo, semeando a cizânia, a divisão, por questões de vaidade, poder. Como distinguir a doutrina espírita de conceitos e idéias que surgem a todo o momento? Confundimos “partes de um conhecimento” com a mensagem revelada pelos Espíritos, muito bem pesquisado por Hippolyté Leon Denizard Rivail, e codificado mais tarde por ele, através do conhecido pseudônimo “Allan Kardec”.
A chegada da luz incomoda as trevas, confundindo os desavisados e ingênuos, os descrentes e os vaidosos, na tentativa de instalar na Terra, mais uma vez, um período de ignorância e de culto ao “demônio”. Se utilizam de homens frágeis, ignorantes, mas ambiciosos, alvos fáceis de serem dominados.
Como identificar o joio que está em meio ao trigo? Como conhecer a linguagem de um espírito? O Bem faria apologia ao mal? O Espírito que se diz de alta hierarquia espiritual traria idéias de combate ao semelhante? Os espíritos com intenção de libertar homens, não utilizariam de linguagem mística, fantasiosa, criando práticas estranhas, condicionando os crentes a rituais, a dependência uns dos outros, porque o Espiritismo revive a mensagem de Jesus exatamente para libertar consciências.
Chegam mensagens de todas as partes do mundo, através de livros, psicografias, palestras e textos que circulam pela Internet. Todos os dias nossa caixa postal recebe uma enxurrada de e-mails, e não sabemos mais diferenciar o conteúdo e seus autores, porque talvez, não aprofundamos os estudos das obras básicas, e das pesquisas realizadas por Kardec.
Surgem problemas de toda ordem e a busca pela solução se faz necessária. Estamos frágeis diante dos apelos emocionais, por isso acreditamos em todos os espíritos, em todas as mensagens, deixando de lado, os critérios adotados para identificar a veracidade dessas informações.
Em nome da Divulgação Espírita, muitos se aproveitam da situação. Dizem psicografar obras de espíritos renomados ou de espíritos que abandonaram outros médiuns e continuam com o mesmo nome, porém, com diferenças no conteúdo de duas idéias e conceitos. Alguns médiuns forçam os espaços na mídia, pagam para os programas de rádio e de TV, divulgam suas obras através de listas, folhetos e cartazes. Trazem o “novo”para o movimento espírita, dizendo que precisamos “atualizar” Kardec.
As pessoas recebem informações e não passam por nenhum critério de avaliação. Simplesmente aceitam tudo como uma “verdade não revelada anteriormente”. Alguns grupos seguem tais médiuns e suas obras, tornam-se prosélitos e saem pelos quatro cantos divulgando a mensagem. Realizam palestras, seminários, encontros sobre o tema e na maioria, o médium está presente, divulgando os “seus” livros, CDs, DVDs, vendendo cada vez mais “suas” obras e editando livros e mais livros.
No que tange ao método de avaliação, Allan Kardec adota o intuitivo-racionalista pestalozziano, como processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdon, considerando, o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes cultiva o espírito natural da observação, prega o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Desestimula a atitude mecânica para que o aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso complexo da razão, para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador, de molde a avivar a atenção e a percepção. [3]
Ao receber mensagens e textos de todas as partes do mundo, Kardec se utiliza do critério conhecido como CUEE (Controle Universal dos Espíritos). Na Revista Espírita de abril de 1864, revista de estudos periódicos sobre fatos e cartas que recebia de todo o mundo, lançada com 12 volumes, tratando desse assunto utilizando os critérios da razão e do bom senso. Avalia a linguagem dos espíritos e faz um alerta: “... o controle universal, é uma garantia para a futura unidade do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no futuro, será procurado o critério da verdade.”
Qual o critério para avaliar a verdade? A razão e o controle Universal.
Percebemos nas entrelinhas de algumas obras, uma distorção de conceitos doutrinários, repleta de ataques ao movimento Institucional, com uma linguagem empolada, prolixa, utilizando-se de passagens do Evangelho de Jesus e de Kardec, para induzir os leitores de que é necessário reconstruir o movimento espírita. Ora, se ele precisa de uma reconstrução é porque seus fundamentos eram frágeis e o edifício principal demoliu e sabemos que isso não faz parte da realidade. Precisamos nos manter atualizados sim, mas questões científicas, no aprofundamento filosófico, acompanhando as necessidades e o crescimento da atual sociedade, buscando a cada dia ser melhor do que ontem. Mas, acreditar que movimentos paralelos surgem para salvar o movimento espírita é outra história! Apresentam-se como “salvadores”ou “humanizadores”, com mensagens e revelações de cunho espiritualista, e muitos deles estão esquecidos, de que a mensagem de Jesus é a maior obra de Amor capaz de Humanizar o Ser ainda des-humano.
Pregam que o “Institucional ”está cheio de médiuns comprometidos, trabalhadores vaidosos, sob o domínio e a influência das trevas. Descobrem que há implantes, vibriões assustadores, clones de espíritos iluminados, se fazendo enganar nas sessões mediúnicas. Trevosos encarnados entre os dirigentes espíritas; divulgam imagens das trevas nos cartazes, nas capas dos livros e se dizem capazes de “revelar” as táticas do mal, que está cada vez mais presente, envolvendo os grupos e afastando dia a dia os trabalhadores e médiuns, desmoronando os lares dos trabalhadores, e as Casas Espíritas em que atuam. Mesmo os de moral “ilibada” caem diante das armadilhas reveladas.
O Espiritismo trouxe esse tipo de mensagem? Kardec quando escreveu o livro “Céu e o Inferno” acentuou o Inferno? Quando revelou a classe dos espíritos, deixou claro que os trevosos eram mais poderosos que os evoluídos? De que eles venceriam com suas técnicas superiores a nossa? De que deveríamos estudá-las e criar novas técnicas para combatê-las, expulsando os espíritos do mal, porque eles não atendem mais ao diálogo do amor?
Em “O livro dos médiuns”, Kardec deixa muito claro o conteúdo das comunicações dos espíritos e o método de avaliação utilizado para caracterizar a veracidade das informações. Narra os inconvenientes da mediunidade, o animismo, as mistificações, as linguagens fantasiosas e empoladas dos falsos profetas. Dizia ser preferível, rejeitar muitas verdades para não ficar com uma única mentira!
Pedia para ter cuidado com todos que semeiam o fermento do antagonismo entre os grupos, impelindo ao isolamento, a se verem com “prevenção”e que só isto bastaria para desmascará-los. No final do capítulo deixa inúmeras mensagens, com notas de rodapé, analisando as que eram de espíritos mistificadores e como poderíamos identificá-las [4].
Kardec pede muito cuidado com espíritos e mensagens que afastam o médium da Casa espírita. O espírito que estimula a criação de grupos isolados, distantes das análises, das críticas e do bom senso, muitas vezes, deixando o médium longe dos estudos, deve ser avaliado com muito cuidado. Cria a ilusão de que a sua psicografia não deve passar pela análise de outros grupos ou pelo método do Controle Universal dos Espíritos. Um espírito de uma ordem elevada, não incentivaria somente o estudo de suas obras, mas incentivaria acima de tudo, o estudo das obras de Kardec.
Trabalhando isolado e longe de uma análise criteriosa, o médium se afasta e passa a escrever independentemente, criando suas editoras para terem mais liberdade na construção de suas idéias. Acham que estão falando a mesma língua, escrevendo sobre as mesmas coisas. Os grupos formados simpatizantes das idéias, baseados inicialmente na comunicação de um único espírito, muitas vezes com um nome venerável e através de um único médium, acabam acreditando na mensagem sem racionalizar. Passam a endeusar “o espírito comunicante”, criando mais e mais prosélitos e seguidores da pseudo “elevada entidade espiritual”. Outros do grupo fazem o mesmo, trazendo revelações de conteúdo parecido, dizendo que a mensagem se repete. Mas não percebem que isso acontece somente “entre eles”, não sendo este o método de avaliação adotado por Kardec.
A partir daí, chegam as “revelações”, novas técnicas mediúnicas em tempos de transição. Técnicas desobsessivas, com retirada de implantes, afastamento de espíritos utilizando-se de magia, que são técnicas mais “fortes”, capaz de afastar o espírito definitivamente, ou seja, “na marra”. Alegam que os trabalhos realizados nas casas espíritas, através da doutrinação, dos passes e do diálogo fraterno, não são mais capazes de modificar esses espíritos. Que os médiuns de hoje, estão despreparados para as novas técnicas obsessivas utilizadas pelo mundo inferior, mas o que estão fazendo é um retorno as práticas sincréticas, aos horizontes tribal, agrícola, civilizado, profético, descritos magistralmente no livro “O Espírito e o Tempo” de José Herculano Pires[2].
Nessa importante obra, ele também esclarece sobre as pesquisas científicas da mediunidade, e as práticas espíritas[5]. Esse tipo de informação que está sendo divulgada atualmente em algumas obras, dificulta os trabalhos dos médiuns, que são os intermediários dos espíritos, gerando diversas dúvidas. E aqueles que não estudam a doutrina, acabam acreditando que devem aprender tais técnicas, esquecidos que poderiam usar a maior delas: o poder do AMOR, diversas vezes praticado por Jesus nas curas de loucura e obsessão narradas no Evangelho e utilizadas pela Doutrina Espírita, como base fundamental a todos aqueles que dialogam com os espíritos sofredores e perseguidores.
As Casas espíritas, baseadas nos estudos de Allan Kardec, realizam um trabalho muito sério no exercício fraterno da caridade, na assistência as necessidades básicas; na preocupação com a promoção social através de cursos; do estudo do magnetismo, através da aplicação dos passes; da comunicação com o mundo invisível, nos trabalhos de desobsessão e doutrinação ou diálogo fraterno; da aplicação do ensino moral de Jesus nos seus grupos de estudos; do estudo da Reencarnação e das Leis Naturais através de palestras e encontros. Tudo isso deve ser valorizado e divulgado por todos os espíritas que conhecem o Espiritismo e a sua capacidade de influenciar a sociedade.
Em seu outro livro “Revisão do Cristianismo”, José Herculano Pires descreve o interesse do plano inferior em desfigurar o Cristo e a sua mensagem: “... Se manifestam de diversas formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas desprevenidas, da auto-suficiência de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.
É chegada a “Era Apocalíptica”, e com ela, a crença de que Jesus voltará nos final dos tempos. Esse tema promove debates e Jesus já tinha recomendado que nesse período, deveríamos tomar cuidado com as mensagens dos “falsos profetas” que viriam em seu nome.
Hoje recebemos muitas informações, precisamos estar atentos, passando pelo crivo da razão e do bom senso, tudo o que nos chega. Kardec levantou a ponta do véu e as gerações futuras deixarão cair o pano definitivamente. Os princípios espíritas se farão presentes, não como um caminho religioso e salvacionista, mas sim, como verdades eternas reveladas ao espírito imortal.
O Espiritismo faz um convite para que nos libertemos das amarras que nos prendem a ignorância, a religião da forma e não do fundo. Das figuras mitológicas e sombrias, da barganha com o Divino, dos rituais e mitos, da crença na salvação através do poder alheio. Esclarece ainda, que o “Reino de Deus”, está em nossa consciência, e que somos “Deuses”, podendo fazer o que Jesus ou os Espíritos Superiores fazem e muito mais.
Somos viajantes do Universo, convidados a participar da regeneração deste Planeta.
Aproveitemos o que recebemos do Mundo Espiritual e dos exemplos deixados por Jesus.
O Espiritismo em sua essência é libertador de consciências, estudemos as obras de Kardec, bases para alcançar esse conhecimento.
Abraços
[1] Kardec. Allan – Livro dos Espíritos (Cap.VIII – Livro terceiro)
[2] Pires. J.Herculano - O Espírito e o Tempo - (Cap. V- Parte I)
[3] Wantuil. Zeus- Allan Kardec (meticulosa pesquisa biobibliográfica) – (Vol. I, p. 99)
[4] Kardec. Allan- Livro dos Médiuns (Cap. XXXI – 2ª parte)
[5] Pires. J.Herculano - O Espírito e o Tempo - (Cap. I – Parte IV)
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