COMO DEVEMOS ENCARAR E VENCER A DEPRESSÃO?
Como disse bem antes nas primeiras linhas, não devemos encarar a depressão apenas como uma doença clínica. Como o autor Francisco Cajazeiras intitula seu próprio livro “Depressão, doença da alma”, realmente não consigo ver diferente. É realmente uma doença da alma, mas se pudermos ser reflexivos, podemos tirar algum proveito dessa doença e vermos uma oportunidade. Calma!
Explicarei o que quero dizer, quando falo em oportunidade.
Primeiro, peço que siga uma analogia: ter febre é uma coisa incômoda, certo? Mas a febre por outro lado pode ser encarada como uma coisa positiva. Ela indica que algo em nosso corpo está errado, que talvez exista alguma infecção viral ou bacteriana. A febre é uma espécie de “alarme” sintomatológico de algo muito mais prejudicial. Para combatermos efetivamente com a febre, temos que agir sobre a raiz do problema, devemos agir sobre a infecção. Quando usamos alguma estratégia para combatermos somente o estado febril, não estamos agindo sobre a patologia primária, portanto, a febre pode até passar, mas no dia seguinte, mais cedo ou mais tarde, ela retorna.
Então, se nós espíritas, ou você que não é espírita, mas que concorda com minhas palavras; se você concorda que a depressão é uma doença da alma, então deveríamos buscar a fonte da problemática em nossa alma, no nosso íntimo. Podemos entender a depressão como um grito de socorro da alma, que o corpo somatiza através de sensações desagradabilíssimas. E, assim como a febre, agir somente contra a sintomatologia externa (tristeza, desânimo e pensamentos desordenados), não será o suficiente. Existe algo a mais a ser feito, é preciso restaurar as feridas da alma.
A depressão pode ser, sim, considerada uma doença, mas quem sabe, para o espírito encarnado, ela seja, assim como a febre, um sinal de alerta. Há algo em nossas vidas que precisa de reparos, precisamos mudar algo.
A avareza, a inveja, o narcisismo exacerbado, os vícios, a vaidade, o orgulho, a arrogância, a ira, intolerância e tantos outros mais. Qual desses elementos ou outros que não cheguei a citar você carrega na sua personalidade? Você teria humildade o suficiente para identifica-los em si mesmo? Veja bem, não precisaria você sair por aí falando de si mesmo de forma negativa diante de terceiros, apenas reflita em pensamentos e identifique algo que não esteja correto em sua vida e reflita sobre isso.
De fato, não é tão difícil fazer isso. Difícil mesmo é parar de alimentar um comportamento errôneo que se praticou durante anos e anos. O sujeito avarento ficaria de luto diante da perda de algumas somas de dinheiro; o orgulhoso “enlouquece” por perder aquilo que o fazia parecer tão gigante aos olhares de terceiros; a pessoa que alimenta a inveja se vê impotente por não conseguir os bens ou as posições que pertencem a outrem.
Aniquilar essas fraquezas da sua vida é o que se chama de “Reforma Íntima”. E tomo a liberdade de colocar o termo entre aspas e em iniciais maiúsculas devido à importância tamanha dela no processo de cura do indivíduo. Essa espécie de reforma não serviria somente para a cura de uma depressão, mas para o resgate de uma vida inteira de infortúnios. A Reforma Íntima é o pilar central da cura de qualquer indivíduo, para qualquer doença em que a alma seja a principal acometida.
De forma geral, mas não menos importante, a Reforma Íntima é o principal remédio que não compete ao psiquiatra, médico, médium da casa espírita, padre, pastor ou monge precisarem te receitar. É um remédio que depende somente do próprio indivíduo querer começar a tomar. A Reforma Íntima é um compromisso. E mais. Não é dose única ou se assemelha a um tratamento de alguns meses. É para a vida inteira.
Não digo, de forma alguma, que os médicos e psicólogos são dispensáveis, muito pelo contrário, fazem parte essencialmente do processo. Com a saúde não se brinca e um tratamento médico é complemento do espiritual e vice-versa.
Do ponto de vista espiritual, já ouvi de muitas bocas falarem que a depressão não tem cura. Inclusive li relatos de pessoas na internet, que falaram que foram para igrejas, inúmeros centros espíritas, pais de santo, pastores e padres e não tiveram seu problema resolvido. Mas vale atentar que, essas pessoas só falaram isso, não deram detalhes sobre como estavam levando a vida, se tinham vícios, pois preferem ignorar a trave entre os próprios olhos. E digo mais, muitas pessoas preferem os imediatismos, algo como uma reza milagrosa que lhe retire o obstáculo no mesmo segundo. As pessoas adentram uma igreja ou qualquer outro templo, mal absorvem a filosofia dali e já saem falando mal desta ou daquela doutrina.
Se pararmos para refletir, podemos fazer a seguinte indagação: será que essas pessoas, que adentraram em um Centro Espírita chegaram a ter o mínimo de paciência para entender os ensinamentos do Cristo? Procuraram ter uma noção da grandeza do Evangelho? Longe de mim querer julgar, mas eu suponho que não. Por fim, a Reforma Íntima é um elemento essencial para começarmos a mudar tudo aquilo que estava velho, ruim e estagnado em nossa vida. É como a eletricidade que não consegue chegar à lâmpada, pois a fiação está deteriorada. É impossível mudar a vida para melhor sendo a mesma pessoa. Dessa forma, encaremos os transtornos depressivos como um alerta de que o nosso trem está saindo dos trilhos e que temos o dever de recoloca-lo neles.
Hugo Gimenez
Site: Estudo Espírita
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