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02 abril 2019

A Revolução do Espiritismo - Léon Denis



A REVOLUÇÃO DO ESPIRITISMO


Se nós conhecêssemos toda a regra soberana dos seres e das coisas, a lei e a consequência dos atos, sua repercussão sobre o destino, se nós soubéssemos que se colhe sempre o que se semeou, as reformas sociais seriam mais fáceis e a face do mundo seria rapidamente transformada. Mas a maioria dos homens, absorvidos por tarefas, por preocupações materiais, privados dos lazeres necessários para cultivar sua inteligência e seu coração, percorrem a vida como se passassem por uma neblina. A morte não é para seus olhos mais do que um espantalho, do qual eles afastam, com pavor, o pensamento importuno. Também quando vêm os dias de provas, se o vento sopra com tempestade, eles se acham logo desamparados.

É o que ocorre em nossa época. Para tirar o homem das pesadas influências que o oprimem seriam precisos eventos importantes, crises dolorosas que, mostrando-lhe o caráter precário, instável da vida na Terra, deviam abater o seu orgulho, obrigá-lo a afastar para longe suas atenções e fixar mais alto seus objetivos. Seria lucro para a humanidade, se os tempos de prova, que a nossa civilização atravessa atualmente, esclarecessem suas taras e seus vícios e lhe ensinassem a curá-las.

Não é uma coincidência notável que, ao mesmo tempo em que as crenças religiosas se apagam cada vez mais e o materialismo espalha ante nossos olhos seus efeitos destruidores, uma revelação do Alto se difunde pelo globo por milhares de vozes, oferecendo uma doutrina, um ensino racional e consolador para todos os interessados de boa-fé?

O Espiritismo é o maior e mais solene movimento do pensamento que se produziu desde o aparecimento do Cristianismo. Não somente pelo conjunto de seus fenômenos, ele nos traz a prova da sobrevivência, mas, sob o ponto de vista filosófico, suas consequências são mais grandiosas. Com ele, o horizonte se aclara, o objetivo da vida torna-se preciso, a concepção do Universo e de suas leis aumenta, o pessimismo sombrio se esvaece para dar lugar à confiança, à fé em destinos melhores.

O Espiritismo pode então revolucionar todos os domínios do pensamento e do conhecimento. No lugar de ambientes estreitos onde se achavam confinados, ele abre grandes portas para o desconhecido e para o inexplorado. Pelo estudo do ser em seu “eu” profundo, neste mundo fechado onde se acumulam tantas impressões e lembranças, o Espiritismo cria uma Psicologia nova, muito maior e variada do que a Psicologia clássica.

Até aqui, nós somente conhecemos a parte mais grosseira, a mais superficial de nosso ser. O Espiritismo no-lo mostra como um reservatório de forças escondidas, de faculdades em estado germinativo, que cada um de nós é chamado a valorizar, a desenvolver através dos tempos. Pelos métodos hipnóticos ou magnéticos tornar-se-á possível chegar até às origens do ser, reconstituindo o encadeamento das existências e das lembranças, a série de causas e efeitos que são como a trama de nossa própria história. Aprenderemos que o próprio ser cria a sua personalidade, sua consciência no decorrer de uma evolução que o conduz, vida após vida, em direção de planos melhores. E assim se afirma nossa liberdade que se engrandece com nossa elevação e fixa as causas determinantes de nosso destino, feliz ou infeliz, conforme os méritos. Desde então, não mais esses debates estéreis que nós assistimos há longo tempo, e que provêm da insuficiência de nossos pontos de vista e do campo muito limitado de nossas observações, nesta vida passageira e sobre este mundo mísero, parcela íntima do Todo-Poderoso.

Em uma palavra, o ser nos aparece sob aspectos mais nobres e mais belos, levando consigo todo o segredo de sua grandeza futura e de sua potência radiante. Com a cultura dessa ciência, um dia virá em que todo homem poderá ler claramente, em si mesmo, a regra soberana de sua vida e de seu futuro. E daí decorrerão as grandes consequências sociais. A noção dos deveres e das responsabilidades se tornará mais precisa. No lugar de dúvidas, de incertezas e do pessimismo atuais, a esperança se originará do conhecimento de nossa natureza imperecível e de nossos destinos infinitos.

Pode-se, então, dizer que a obra do Espiritismo é dupla: no plano terrestre ela tende a se reunir e a fundir em um sistema grandioso todas as formas, até o momento discordantes e sempre contraditórias, do pensamento e da Ciência. Num plano mais amplo ele une o visível ao invisível, essas duas formas de vida que, na realidade, se penetram e se completam desde o princípio das coisas. Com este objetivo, ele demonstra que o nosso mundo e o do Além não são separados, mas estão um no outro, formando assim um todo harmônico.


Léon Denis
Livro: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
Edições CELD – Centro Espírita Léon Denis


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