Mãe optou pela continuidade da gravidez mesmo sabendo da anencefalia do feto.
“Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias apressando-se-lhe o fim?”
O jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23/11/2006, caderno A, traz uma reportagem sobre uma menina anéncefala nascida em Patrocínio Paulista, com 2,5 quilos, medindo 47 centímetros e que continuava viva 48 horas após o nascimento. Segundo os exames realizados na criança, continua a reportagem, apenas uma região anterior do cérebro existia faltando o encéfalo, o que prognosticava a morte fatal daquela recém-nascida. A mãe que sabia do defeito do feto ainda na vida intra-uterina desde o quarto mês de gravidez, não fez opção pelo direito ao aborto que pode ser pleiteado judicialmente nesses casos. Segundo a mesma reportagem, ela afirmou que ficaria com a filha até o instante em que Deus assim determinasse.
Antes que passemos à transcrição da resposta do Espírito de S. Luiz à pergunta que encabeça este artigo, lembramos que o Código de Ética Médica aprovou recentemente a ortotanásia. A eutanásia creio que não é preciso ser definida por ser de conhecimento do público leigo em geral. A distanásia é quando a medicina emprega todos os meios que possui para manter um enfermo vivo, mesmo sabendo que essa possibilidade não existe mais. Ortotanásia é deixar que a enfermidade siga o seu curso natural. Não se acelera a morte como na eutanásia mas não se emprega nenhum recurso para prolongar a vida que não tem mais nenhuma chance de prosseguir como é feito na distanásia.
Agora vamos à transcrição do texto do Evangelho Segundo o Espiritismo, em comunicação do Espírito S. Luiz: “Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões?
Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento.
O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro”. (grifo nosso)
Sobre o alívio que devemos proporcionar ao paciente terminal ou em casos como nos fetos anencéfalos que podem ser abortados com autorização prévia requerida na justiça, lembramos as colocações de Francisco Cândido Xavier, contidas no livro “Plantão De Respostas”, 1.ª edição da Editora CEU: “A morte voluntária é entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas trata-se de considerável engano. A fuga de uma situação difícil, como a enfermidade, não resolverá as causas profundas que a produziram, já que estas se encontram em nossa consciência. É necessário confiar, antes de tudo, na Providência Divina, já que tais situações consistem em valiosas lições em processos de depuração do espírito . Os momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por momentos felizes”.
Do exposto, podemos concluir sobre esse caso da menina anencéfala que a mãe decidiu ter junto de si até o momento em que Deus assim determinasse, que a opção dessa mãe está absolutamente de acordo com as orientações que os Espíritos Superiores nos trouxeram. Quem somos nós para vislumbrarmos o que algumas horas ou dias de vida física na situação dessa criança abordada pela reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, poderá trazer em benefício do Espírito que estagia nesse corpo em tão difícil prova ou expiação? Nesses casos está ocorrendo a terapia da consciência, causa profunda das enfermidades que afloram no corpo de carne conforme elucidou Chico Xavier.
Enquanto necessitarmos da dor como mecanismo de resgate ou de aprendizagem em qualquer local do Universo, ela aí estará cumprindo a sua função até entendermos de maneira definitiva o “vá e não peques mais para que não te suceda o pior”...
Nota da Redação: A Folha de São Paulo, edição de 19/01/07, informa que Marcela já havia completado 60 dias de vida.
*O autor é Presidente-fundador da Soc. Muriaense de Estudos Espírita, expositor e escritor.
“Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias apressando-se-lhe o fim?”
E.S.E., capítulo V, Espírito S. Luiz (Paris-1860)
O jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23/11/2006, caderno A, traz uma reportagem sobre uma menina anéncefala nascida em Patrocínio Paulista, com 2,5 quilos, medindo 47 centímetros e que continuava viva 48 horas após o nascimento. Segundo os exames realizados na criança, continua a reportagem, apenas uma região anterior do cérebro existia faltando o encéfalo, o que prognosticava a morte fatal daquela recém-nascida. A mãe que sabia do defeito do feto ainda na vida intra-uterina desde o quarto mês de gravidez, não fez opção pelo direito ao aborto que pode ser pleiteado judicialmente nesses casos. Segundo a mesma reportagem, ela afirmou que ficaria com a filha até o instante em que Deus assim determinasse.
Antes que passemos à transcrição da resposta do Espírito de S. Luiz à pergunta que encabeça este artigo, lembramos que o Código de Ética Médica aprovou recentemente a ortotanásia. A eutanásia creio que não é preciso ser definida por ser de conhecimento do público leigo em geral. A distanásia é quando a medicina emprega todos os meios que possui para manter um enfermo vivo, mesmo sabendo que essa possibilidade não existe mais. Ortotanásia é deixar que a enfermidade siga o seu curso natural. Não se acelera a morte como na eutanásia mas não se emprega nenhum recurso para prolongar a vida que não tem mais nenhuma chance de prosseguir como é feito na distanásia.
Agora vamos à transcrição do texto do Evangelho Segundo o Espiritismo, em comunicação do Espírito S. Luiz: “Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões?
Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento.
O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro”. (grifo nosso)
Sobre o alívio que devemos proporcionar ao paciente terminal ou em casos como nos fetos anencéfalos que podem ser abortados com autorização prévia requerida na justiça, lembramos as colocações de Francisco Cândido Xavier, contidas no livro “Plantão De Respostas”, 1.ª edição da Editora CEU: “A morte voluntária é entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas trata-se de considerável engano. A fuga de uma situação difícil, como a enfermidade, não resolverá as causas profundas que a produziram, já que estas se encontram em nossa consciência. É necessário confiar, antes de tudo, na Providência Divina, já que tais situações consistem em valiosas lições em processos de depuração do espírito . Os momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por momentos felizes”.
Do exposto, podemos concluir sobre esse caso da menina anencéfala que a mãe decidiu ter junto de si até o momento em que Deus assim determinasse, que a opção dessa mãe está absolutamente de acordo com as orientações que os Espíritos Superiores nos trouxeram. Quem somos nós para vislumbrarmos o que algumas horas ou dias de vida física na situação dessa criança abordada pela reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, poderá trazer em benefício do Espírito que estagia nesse corpo em tão difícil prova ou expiação? Nesses casos está ocorrendo a terapia da consciência, causa profunda das enfermidades que afloram no corpo de carne conforme elucidou Chico Xavier.
Enquanto necessitarmos da dor como mecanismo de resgate ou de aprendizagem em qualquer local do Universo, ela aí estará cumprindo a sua função até entendermos de maneira definitiva o “vá e não peques mais para que não te suceda o pior”...
Nota da Redação: A Folha de São Paulo, edição de 19/01/07, informa que Marcela já havia completado 60 dias de vida.
*Ricardo Orestes Forni
*O autor é Presidente-fundador da Soc. Muriaense de Estudos Espírita, expositor e escritor.
Revista Internacional de Espiritismo – Janeiro 2007
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