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14 julho 2011

A Vida - Rubens Costa Romanelli


A VIDA

É impossível conceituar a vida dentro do esquema de nossas categorias mentais, por isso que ela transborda dos limites logicamente impostos por qualquer definição. Em sua essência, ela é intraduzível na linguagem etiológica e teleológica; ela não conhece nem tempo, nem espaço, nem principio, nem fim.

Só no mundo fenomenal, ou das aparências, se justifica esse critério que consiste no dividi-la em passada e futura. Passado e futuro mais não são que aspectos do perpétuo vir-a-ser que exprime sua impulsão criadora. Passam as formas de que ela se reveste, mas, abscôndita e silenciosa, ela permanece, sob o fluxo da duração, imutável, no eterno.

A vida é onipresente. Nada existe além dela que não seja ela mesma. Assim como somente o ser pode limitar o ser, assim também somente a vida pode limitar a vida. Por sobre o imenso panorama da natureza evidencia-se o potente influxo de sua presença. O universo todo é uma incessante palpitação de vida, que emerge, exuberante de formas, em todas as fases do processo cosmogônico.

Certo, a vida evolve, mas sua evolução não significa tendência para um fim estranho e, portanto, exterior a ela. Nenhum fim pode transcender a vida, porque, em substancia, é ela imanente a tudo. Ela é enteléquia e, como tal, leva em si mesma a finalidade de sua existência.

Evolução significa, em última análise, integração do ser no próprio ser, da vida na própria vida. É progressiva liberação da ilusão e da dor, da limitação e da morte. Ela se realiza em virtude de constante interação entre o ser que plasma a forma e a forma que enriquece o ser. É contínua interiorização, mediante a qual o ser, despojando-se sucessivamente de todas as incrustações, se dilata infinitamente e volve a encontrar-se consigo mesmo, para reintegrar-se, consciente, na unidade em que verdadeiramente se consubstancia da vida.

O amor é o mais elevado atributo da vida ou melhor é a vida mesma. Viver plenamente significa amar dentro desse amor que nos comunica o sentimento de nossa identidade com o infinito e nos faz solidários com todos os seres da Criação.

Autor: Rubens Costa Romanelli

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