A MORTE NA INFÂNCIA
– Por que a vida se interrompe com tanta frequência na infância?
“A duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que nela está encarnado, o complemento de uma existência interrompida antes do término devido, e sua morte, quase sempre, constitui provação ou expiação para os pais.” (Questão 199, de O Livro dos Espíritos.) ...
A morte de crianças, seres recém iniciados na vida física, desafia há séculos a inteligência humana, que busca razões filosófico/religiosas para os motivos desta ocorrência.
À luz das religiões tradicionais fica difícil, senão impossível, entender Deus que, aparentemente de forma injusta, retira do seio familiar seres ainda não comprometidos perante a lei divina, na visão da unicidade da existência.
No Espiritismo, doutrina que demonstra as múltiplas existências do Espírito - reencarnação –, encontra-se explicações lógicas para tal ensejo, compreendendo a perfeita justiça e misericórdia divina na morte das crianças.
André Luiz ¹ afirma que “Muitas existências são frustradas no berço, não por simples punição externa da Lei Divina, mas porque a própria Lei Divina funciona para todos nós, desde que todos existimos no hausto do Criador”.
A lei de causa e efeito é inexorável a todas as criaturas. Quando a lei divina é violada, se faz necessário a reparação inevitável pelo agente causador, para o seu próprio prosseguimento evolutivo.
“Frequentemente, através do suicídio, integralmente deliberado, ou do próprio desregramento, operam em nossa alma calamitosos desequilíbrios (...)” que “(...) determinam processos degenerativos e desajustes nos centros essenciais do psicosssoma (...)”, afetando no campo da natureza íntima do ser, que necessitam de reajustes através dos processos cármicos reencarnatórios.
Frente ao impacto da desencarnação provocada, a alma entra em “pavoroso colapso” e “indescritíveis flagelações”, que podem conduzir estas mentes perturbadas, já na dimensão espiritual, para processos de loucura profunda.
Torna-se imperioso, após certo período na erraticidade, a reintegração deste Espírito no plano carnal, como enfermos graves, em breves períodos de vida física, para, com a colaboração dos encarnados, se reabilitarem gradativamente dos débitos adquiridos conjuntamente.
Então renascem Espíritos comprometidos em corpos com debilidades físicas ou mentais, para tratamento e recuperação do corpo espiritual em distonia.
Quando ocorre a morte acidental ou violenta de crianças, muitas vezes, são reações de um Espírito comprometido em existência anterior a problemas do suicídio associado ao homicídio, sendo esta dolorosa forma de desencarne a tradução inevitável no ciclo do resgate.
Excetuando os casos de Espíritos missionários ou em estágios de provação, as existências interrompidas no alvorecer da vida física “(...) representam cursos rápidos de socorro ou tratamento no corpo espiritual desequilibrado por nossos próprios excessos e inconsequências (...)”.
Deus, justo e bom, oportuniza a todas as criaturas a possibilidade de recomeço, sendo a escola da vida o educandário que merece o nosso apreço. O corpo físico, como instrumento de manifestação do Espírito, faz jus ao respeito e cuidados necessários para o seu bom aproveitamento, cabendo-nos o aperfeiçoamento em amor e sabedoria, aprimorando a Vida na busca da aproximação com o Criador.
Importante ressaltar que a criança que desencarna recebe todo o amparo dos benfeitores espirituais e recomeça na erraticidade a preparação para uma nova existência no plano físico, na maioria das vezes com uma carga menor de comprometimentos.
¹ Todos os textos e palavras destacadas em itálico foram extraídos do livro Evolução em Dois Mundos, de André Luiz/Francisco Xavier e Waldo Vieira, Federação Espírita Brasileira, 22. ed.- 2004, p.261-265.
Por: Luis Roberto Scholl Fonte
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