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17 julho 2017

Perigo à vista - Passos Lírio



PERIGO À VISTA


Pensar que já fizemos muito ou pelo menos o necessário.

Julgar-nos superiores ou inferiores a quem quer que seja.

Lembrar situações e circunstâncias em que falimos.

Recordar o mal que alguém nos fez ou nos quis fazer.

Mentalizar maus juízos que os outros possam fazer a nosso respeito.

Admitir que temos defeitos e viciações incorrigíveis.

Imaginar a existência de perseguidores espirituais a nos assediar implacavelmente, cuja indesejável companhia não podemos evitar.

Acreditar que progredimos em proporções tais, que já podemos afrouxar um pouco em nossos esforços de realizações construtivas.

Fixar passagens e cenas em que companheiros nossos tropeçaram e caíram.

Supor que somos por demais decaídos ou degenerados, para tentar a nossa recuperação e nela insistirmos.

Ajuizar que há fatores e forças imponderáveis que conspiram nas sombras contra a nossa felicidade, trabalhando sempre pela frustração dos nossos sonhos e aspirações, sem que tenhamos meios e modos de fugir-lhes à ação perniciosa.

Achar que a nossa condição humana, longe de nos propiciar a ascensão, favorece-nos a queda.

Crer que devemos proceder bem, mas que nem sempre podemos fazê-lo.

Tal como no campo atmosférico, antes de desabar um temporal, há sinais que o prenunciam, possibilitando-nos providências e resguardo, também nos domínios da alma há claros indícios de perigosas situações, de que nos é dado acautelar, buscando em nosso santuário interior recursos de preservação que nos facultam superar a crise em esboço, sempre de tremendas conseqüências em nossa existência, se não conjurada a tempo.

Passos Lírio 
Reformardor” – outubro de 1997

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