Total de visualizações de página

02 julho 2018

Medo dos espíritos? Pavor de obsessores? - Vitor R.Costa



MEDO DE ESPÍRITOS?
PAVOR DE OBSESSORES?

O ESPIRITISMO PRESCREVE A VIGILÂNCIA, A ORAÇÃO E O RETO PROCEDER


"Ninguém mais terá medo dos Espíritos, quando todos estiverem familiarizados com eles e quando os a quem eles se manifestam já não acreditem que estão às voltas com uma legião de demônios." (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns! item 88)

As relações humanas se propagam além das fronteiras da existência e continuam pulsando nas dimensões invisíveis a contagiar-nos com as energias salutares dos Espíritos superiores ou com as vibrações deletérias dos desencarnados que se consideram nossos desafetos e se comprazem no exercício da maldade. Indiscutivelmente há bons e maus Espíritos. Dos bons recebemos a proteção, as inspirações edificantes e o envolvimento fluídico salutar, desde que saibamos corresponder com a elevação de nosso padrão vibratório mental. Do relacionamento com os maus, o que se pode esperar a não ser a submissão do sujeito às imposições absurdas e influenciações perturbadoras, que se não revertidas a tempo, poderão se prolongar até mesmo após o decesso. Pois bem. A nossa intenção é comentar alguns detalhes sobre uma espécie de fobia que se instala no sujeito, em face do receio de ser perseguido por Espíritos maléficos.

Em meio a coletividade, há indivíduos altamente sugestionáveis, haja vista a facilidade com que se impressionam, manifestam medo e desenvolvem, até mesmo, uma espécie de terror em relação aos maus Espíritos, especialmente os obsessores. Sabemos que a bibliografia espírita é rica em informações a respeito de obsessão. Desde Allan Kardec, a questão tem sido ventilada em profundidade e enriquecida de detalhes educativos por autores desencarnados de ascendência moral nobilíssima, a exemplo de André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda. Por intermédio deles aprendemos sobre a dinâmica interativa entre os dois lados da vida e melhor nos situamos a respeito dos fenômenos obsessivos.

Informações provenientes do Mundo Maior priorizam a importância do pensamento equilibrado na construção da saúde integral. Ao contrário, a imaginação exacerbada e o pavor descontrolado são considerados causas frequentes de obsessões espirituais graves, pois servem de ponte para os Espíritos inferiores interessados na feitura do mal.

A vigilância é a inestimável proteção posta ao nosso alcance e válida em qualquer plano da vida. Vejamos exemplos. No contexto social, a vigilância nos permite a defesa contra os bandidos que nos espreitam. Não é fato que nos valemos das normas de segurança para evitarmos as investidas dos malfeitores? Todavia, embora guardemos relativa cautela, não significa que o medo de assaltos nos impeça de transitar na via pública, de exercitar a nossa profissão, de frequentar o restaurante, o centro espírita ou o cinema, pois acima dos riscos pairam a vontade incontida de viver, a necessidade de trabalhar, de ser útil e de contribuir para o progresso da espécie. O mesmo raciocínio é válido em relação ao mundo espiritual.

Estamos cercados de maus Espíritos? É claro que sim. Podemos ser vítimas da ação predatória deles? Em alguns casos, a resposta é positiva, lembrando, no entanto, que a vigilância e a oração sentida agem como elementos fortalecedores das nossas defesas psíquicas. O pensamento centrado nos objetivos superiores é significativo indicador de uma existência saudável pois quem vibra em clima de otimismo, confiança e resguarda a tranquilidade de consciência não precisa temer os agressores invisíveis. Todavia, admitindo-se por autêntica a informação de que esses agressores se comprazem em atormentar os mais vulneráveis, também é correta a tese que propõe a elevação do padrão vibratório mental, como condição capaz de nos imunizar contra as investidas das sombras.

Ora, reconhecemos que o medo, em qualquer circunstância, é sinônimo de porta escancarada ao assédio das sombras. Mas, além da fragilidade emocional de muitos, defrontamo-nos também com certa quantidade de publicações sensacionalistas a enfocar exageradamente o poder das trevas, a disseminar propositadamente o terror entre as criaturas, enaltecendo os pendores maquiavélicos das legiões sombrias. Tais publicações destacam a força destrutiva dos Espíritos maléficos, a crueldade dos magos trevosos, a invasão da crosta pelas hordas abissais e outras sandices, da mesma forma que a mídia terrena privilegia o escândalo, os crimes hediondos e a parte podre da sociedade planetária, o que efetivamente contribui para assustar e gerar um clima de insegurança generalizado na sociedade.

Há que se valorizar, no entanto, a existência de inúmeros autores espíritas que primam pela divulgação do bem e dos aspectos positivos da realidade espiritual. Abordam as questões magnas do comportamento humano, sempre pelo viés evangélico e não se cansam de nos estimular à prática da bondade. Quando analisam as relações desarmônicas entre os dois planos da vida, destacam a existência das metrópoles astrais, o trabalho digno de reconstrução moral dos Espíritos em luta pela própria evolução e as diversas fainas educativas e fraternas, nas quais se destacam a labuta diuturna dos samaritanos, em prol dos que sofrem no Astral Inferior e no front terreno.

Aprendemos, assim, que, muito acima daqueles que integram as legiões temporariamente desviadas do bem, situam-se os legionários da fraternidade universal, os colaboradores do Cristo, os benfeitores invisíveis da Humanidade, devotados ao serviço de auxiliar, defender, evangelizar e incentivar o esforço de reforma íntima da pessoa humana. Usualmente, esses benfeitores se utilizam de um linguajar simples, tocante e manifestam o interesse em exaltar a esperança a ser depositada nos tempos luminosos que já começam a se descortinar nos horizontes da vida.

Por conseguinte, à medida em que a criatura se familiariza com as forças do bem, busca a inspiração dos tarefeiros do Cristo e cumpre com honestidade os deveres e atribuições cotidianas, mais se aproxima vibratoriamente das dimensões felizes, onde imperam a ventura, o conhecimento e a sabedoria. É tudo uma questão de escolha. Deter-se no medo a ponto de enredar-se com os Espíritos inferiores ou demonstrar plena confiança em Deus, afinando a sintonia com as legiões do bem, sem dúvida, é a melhor defesa contra as investidas costumeiras dos Espíritos que se obstinam na maldade.

Vitor R. Costa
Jornal Espírita - julho/09

Nenhum comentário: