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17 agosto 2018

Quem ocupa o primeiro lugar na sua vida? - Adriana Machado



QUEM OCUPA O PRIMEIRO LUGAR NA VIDA?


Muitos têm problema em responder essa pergunta porque ela nos coloca filosoficamente à prova. Somos, por toda a nossa vida, educados a buscar colocar o outro como o principal alvo de nossa atenção: filhos, marido ou esposa, pais, amigos... porque se assim não agirmos, estaremos sendo egoístas, não estaremos sendo verdadeiros cristãos.

Porém, o tempo passa e nós amadurecemos e percebemos que aquilo que pensávamos estar correto, pode não ser bem a verdade a ser mantida.

Jesus não nos disse que deveríamos colocar o outro em primeiro lugar, Ele nos disse: “Amai ao próximo como a si mesmo”. Isso significa que não devemos deixar de amar o outro, mas que não o faríamos mais do que a nós mesmos.

Isso não é egoísmo, isso é amor-próprio. Isso é entendermos que não conseguiremos dar ao outro o que não possuímos, porque vai contra a lei divina: só podemos dispor daquilo que temos ou somos.

No patamar evolutivo que estamos, quando vemos pessoas se “anulando” completamente em prol de alguém, e aplaudimos, valorizando sobremaneira a sua atitude, estamos incentivando-a a fazer algo que não é benéfico nem para ela nem para aquele que é o seu alvo de amor.

Normalmente, em contrapartida por tudo o que faz, este alguém deposita todas as suas expectativas no outro, querendo que ele lhe seja grato eternamente. “Abdica de si” esperando que o ser amado faça por ele, o que ele não fez por si mesmo. Daí é que acontecem os desapontamentos, as expectativas maiores do que o outro consegue lidar e o círculo vicioso se instala.

Assim, aquela mãe que faz tudo pelo seu filho, esquecendo-se de suas próprias necessidades, desejará, no seu íntimo, que ele supra aquilo que ela não está podendo fazer para si mesma. O filho não conseguirá atendê-la e as cobranças se iniciam, muitas vezes, sem ela mesma perceber, porque cobra sem saber o que ela deseja dele e ele, tampouco, saberá o que ela precisa.

Vocês podem se perguntar: mas Jesus, que é o exemplo a ser seguido, não fez isso? Não se sacrificou por todos nós, sem pensar em si mesmo? Minha resposta é simples: Ele, em nenhum momento, deixou de amar a Si mesmo e jamais abriu mão de Seu ser por nós. No “sacrifício” que fez, não abriu mão de quem Ele era, porque Ele sabe amar.

Jesus nos proporcionou uma lição de amor e devotamento às verdades que trazia em Seu peito e, nessas verdades, nós estávamos incluídos. Jesus viveu para cumprir a missão que se propôs e não abriu não dela, amando-nos sem cobranças. Como um pai que coloca a sua vida em risco por um filho em perigo, sem exigências e preocupações, Jesus fez o mesmo por nós. Isso é amor e devotamento. Não é deixar de se amar pelo outro, é amar o outro como nos amamos.

Confundimos tais sentimentos e invadimos a vida do outro, porque ainda não compreendemos que a dor é útil, nos fortalece e nos amadurece para o nosso trilhar evolutivo. Por não gostarmos de sofrer, queremos abraçar as dores de nossos amores para poupá-los do sofrimento, mas, esquecemos de que somos quem somos pela somatória de todas as experiências vivenciadas. Jesus era quem era pelo mesmo motivo.

Estamos crescendo e percebendo que precisamos nos amar conscientemente. E se este amar significa vez por outra auxiliarmos quem amamos em sua trajetória, tudo bem. Mas, não os deixar viver por temermos que eles se forjem nas labaredas da dor que edifica a sua alma, estaremos errando duplamente, conosco e com eles.




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