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26 agosto 2018

Eclosão da mediunidade: quando os conflitos surgem



ESCLOSÃO DA MEDIUNIADE: QUANDOS CONFLITOS SURGEM

São inúmeras as contradições e perturbações relacionadas à ausência de educação mediúnica


Quem realmente é integrado ao Espiritismo, estuda-o e é bom observador, descobre nuances que as demais pessoas não conseguem atentar, com relação a conflitos e contradições que comumente se apresentam nos portadores de mediunidade, divorciados do estudo e da indispensável educação.

Por serem portadores de aguçada sensibilidade, essas pessoas sentem tanto no campo mental quanto no físico a harmonia ou desarmonia como resultados de suas próprias condições ou das companhias espirituais com as quais têm afinidade. Não raro, elas são vítimas de certas contradições: apresentam-se felizes e otimistas em um momento e inexplicavelmente transformam-se, sentindo-se infelizes e pessimistas; se são oriundas de outras religiões sofrem constantemente alternâncias com relação à fé; arrependem-se e desejam retornar à religião de origem, quando visitados pelas dificuldades naturais que caracterizam a mediunidade de provas.

São inúmeras, na verdade, as contradições e perturbações relacionadas à ausência de educação mediúnica; mas, o medo exagerado da morte é uma das causas mais comuns de perturbação, pois Espíritos levianos, porém conhecedores de técnicas de manipulação de fluidos, atuam nos centros de força, principalmente o coronário, o cardíaco e o cerebral, provocando desarmonias em seu funcionamento que refletem nos órgãos correspondentes.

Os sintomas que resultam dessa maldosa intervenção são: alteração da frequência cardíaca, pressão no tórax, dores precordiais, perturbação mental, turvação da visão, vertigens, desmaios ou até mesmo convulsões. Nestas condições a vítima imagina ser portadora de problemas cardíacos ou neurológicos, o que aumenta mais o medo e a insegurança, dos quais os verdugos se aproveitam para intensificar o domínio e a perturbação.

Com frequência, os ardilosos adversários do plano espiritual utilizam-se de alguém, também portador de mediunidade, e através de sugestões telepáticas o tornam instrumento apropriado para que, de variadas formas possíveis, aumente o sofrimento da vítima.

Para ilustrar, relataremos um caso que cremos ser muito pertinente ao que estamos a estudar:

Um jovem estudante universitário, por volta dos 23 anos de idade, passou a sentir certas perturbações que lhe tiravam o sossego. Inexplicavelmente, sua frequência cardíaca se alterava, um frio repentino tomava seu corpo, à noite sentia vontade de dormir, mas ao deitar-se na tentativa de atender a necessidade do corpo, a mente entrava em desalinho, pois era tomado por um medo incomum; o coração disparava, a respiração entrecortava-se e ele ficava apavorado. Passaram-se alguns meses, inúmeros médicos foram consultados, medicamentos variados foram prescritos, mas tais providências foram inócuas.

Uma tarde, para recuperar-se dos efeitos da noite anterior, que não conseguira dormir, deitou-se quando de repente foi acometido da costumeira crise: o coração em descompasso, a mente em desalinho – era a morte, assim imaginou. Levantou-se sobressaltado, respirou profundamente várias vezes e só após alguns minutos os sintomas foram amenizados. Ainda possuído pelo medo, concluiu que certamente sofria de problemas cardíacos e que brevemente morreria.

Desejando mudar de ambiente e desligar-se da perturbadora ocorrência, resolveu ir à agência de passagens para se informar a respeito do horário de ônibus para a capital onde residia e estudava. Ao chegar à agência, dirigiu-se ao atendente, que era seu amigo; este lhe perguntou se desejava comprar a passagem e ele respondeu que só viajaria no dia seguinte; e o amigo com muita firmeza lhe falou: viaje hoje, pois, pode ser que você morra amanhã! Ouvindo esta frase o jovem quase desencarnou; ficou extático, o coração disparou e só a muito custo se restabeleceu.

Por mais de um ano, ainda esse jovem sofreu as repetidas crises, as quais ele imaginava ser sintoma de grave doença; e assim entregava-se aos mais sombrios prognósticos. Alguns meses depois, teve a oportunidade de conhecer algumas obras espíritas e começou a frequentar um centro espírita, onde recebeu a assistência e a orientação necessárias; foi encaminhado posteriormente às reuniões de estudo e educação da mediunidade. Gradativamente os problemas desapareceram. Hoje, decorridas várias décadas, como médium e trabalhador espírita, ele se lembra de todo o drama vivido como uma experiência muito importante.

Fatos como este são muito frequentes e têm provocado conclusões precipitadas a respeito da mediunidade; tanto para afirmar que mediunidade é sinônimo de perturbação, como para induzir à apressada busca de um desenvolvimento sem as bases da educação do médium.

A receita mais eficaz para que sejam evitados tais constrangimentos é a frequência do médium a um centro espírita, para receber tratamento e orientação adequados. No momento oportuno, encaminhado ao estudo e educação da mediunidade, ele encontrará o equilíbrio e compreenderá que não existe desenvolvimento da mediunidade sem a autoeducação do médium.

F. Altamir da Cunha
Fonte: O Clarim


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