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20 março 2019

Algumas Considerações sobre a chacina na escola de Suzano - Fernando Rossit



CONSIDERAÇÕES SOBRE A CHACINA NA ESCOLA DE SUZANO


Uma sociedade doente produz pessoas doentes.

É preciso, em situações tão complexas como a chacina em Suzano, evitarmos explicações simplistas.

A família é a célula da sociedade, estamos exaustos de ouvir isso. Ora, célula doente, corpo (sociedade) doente.

Ainda não vi, até esse momento, a mídia buscar as opiniões de profissionais qualificados como psicólogos, pedagogos, sociólogos, psiquiatras para ajudarem a compreender esse tipo de tragédia.

Fácil entender por que: a sociedade é a responsável por tudo aquilo que cria. E isso é muito indigesto para as pessoas.

Preferível e muito mais cômodo excluir toda dissonância comportamental atribuindo à loucura e demência dos autores, como se extirpa um tumor do nosso corpo.

Ora, mas não fazemos todos nós parte da mesma família (sociedade)?

Na questão 813 de O Livro dos Espíritos, os mestres espirituais nos esclarecem que a sociedade tem que velar pela educação moral de seus membros.

Essa reflexão é, quase sempre, sumariamente rejeitada pelo simples fato de colocar cada um de nós como co-responsáveis pelos acontecimentos.

E isso não queremos admitir.

Preferível, então, eliminar o tumor maligno do corpo social a ter que aceitar que ele foi criado pela nossa própria incúria.

O garoto de 17 anos não tinha pai nem mãe. Não sabemos ainda se foi rejeitado ou não por eles. O fato é que foi criado e morava com a avó. Nada se falou sobre isso. Preferível o linchamento a assumir culpas e responsabilidades.

O ódio cega e impede a visão da realidade.

E na esteira desse ódio, vemos publicações de apoio a políticos que o incentivam por meio de propostas populistas como armamento da população e pena de morte.

O jornalista Josias de Souza alerta, em publicação no seu blog (13/03/19), “que uma das crises em que o Brasil está metido é uma crise de civilidade. A chacina na escola de Suzano (SP) é sintoma dessa crise. Isso era coisa de filme enlatado, era coisa de maluco norte-americano. E vai se incorporando à nossa realidade como mais uma anormalidade rotineira. Aos pouquinhos, a violência invade as últimas reservas ambientais urbanas: escolas, creches, igrejas…

A banalização da violência é coisa muito velha no Brasil. Mas os mortos não tinham rosto. Escondiam-se atrás de estatísticas que a rotina confinava nos rodapés das páginas de jornal. Só de raro em raro a imagem da penúltima chacina na periferia das grandes cidades pegava o país desprevenido no Jornal Nacional, entre uma novela e outra. De cadáver em cadáver, construímos uma ruína típica de guerra.

Nos últimos 11 anos, 553 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Na Síria, que convive com um conflito armado há mais de sete anos, morreram 500 mil no mesmo período. “

No Capítulo X do livro “Devassando o Invisível”, da extraordinária médium Ivonne Pereira, encontramos seríssimas advertências a respeito de nossa responsabilidade com a criminalidade, quando desdobrada se vê num local onde se situavam inúmeros homens que foram bandidos na Terra. O mentor explica para Ivonne que esses Espíritos, mesmo desencarnados, continuam a praticar crimes:

“A estes e a seus congêneres deve a sociedade do Rio de Janeiro grande percentagem dos acidentes que ocorrem diariamente nas vias públicas e domicílios: atropelamentos, quedas, quebraduras de braços e pernas, queimaduras, suicídios, homicídios, brigas….E’ a atmosfera em que vivem e se agitam, porque já eram afins com ela antes de passarem para a vida invisível. E’ o que constantemente inspiram, sugerem e incitam, encontrando no homem um colaborador passivo, que facilmente se deixa dominar por suas terríveis seduções.”

Ivonne Pereira pergunta então ao Mentor por que é permitido ocorrer tais monstruosidades. A resposta do Mentor é firme e muito precisa em argumentos:

– “Minha querida irmã! – explicou, veemente -, será oportuno considerar que, da mesma forma, monstruosidade será a sociedade deixar um órfão, ou um filho de pais miseráveis ou delinquentes, criar-se ao abandono pelas ruas… E a sociedade o faz, agora, e o fez com estes mesmos que estás vendo aqui (desencarnados). Monstruosidade será também omitir providência humanitária para que o jovem abandonado, ou o pobre, se instrua, eduque e habilite de modo a furtar-se à humilhação da ignorância, prendando-se na escola do dever e da honestidade…

No entanto, estes que aqui vemos (desencarnados) foram banidos pela sociedade, que lhes não facilitou escola, nem educação, nem exemplos bons, senão a dureza de coração com que os tratou… Não se instruíram porque não tiveram meios de remunerar professores, e as escolas públicas nem sempre são acessíveis aos deserdados, como estes foram.

Não puderam educar-se porque o lar é que modela os caracteres… Tal como os vemos, são ainda frutos da sociedade.

Tornaram-se criminosos inveterados na Terra e no Além, porque foram vítimas do crime delinquente do egoísmo da sociedade…”(g,n) Se pudéssemos resumir assunto tão complexo, assim faríamos: falta amor, a única saída para a violência e a dor.


Fernando Rossit


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