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20 março 2021

Eu sou assim e não vou mudar - Adriana Machado

 
EU SOU ASSIM E NÃO VOU MUDAR


Escutamos em um momento ou outro de nossa vida essa frase e, em outros tantos momentos, somos nós que a falamos, mas o que isso significa?

Infelizmente, denota a nossa escravidão voluntária ao comodismo. Sim! Se estamos confortáveis com as verdades construídas por nós, não moveremos “uma palha” para mudar o que vivenciamos: nossa rotina, nosso comportamento, nossas posturas... Nada!

Poderíamos perguntar: “Não mudaríamos mesmo que essas verdades estejam nos fazendo mal?” E a resposta nos surpreenderá: “Não, não mudaríamos mesmo assim”. Mas, sabem porque escolheríamos continuar nessa escravidão? Em uma resposta genérica, eu diria que ela (escravidão) nos traz a segurança de não termos de lidar com o desconhecido que poderia nos fazer sofrer muito mais.

Acompanhem o meu raciocínio: por que nos recusamos a fazer mudanças drásticas em nossa rotina diária, em nossas posturas? Porque acreditamos que temos o controle da situação em que vivemos. Imaginem que se fizermos qualquer modificação na receita de nosso bolo preferido, a chance dele “solar” ou ficar ruim é bem razoável. Por isso tememos mudar porque os ingredientes estranhos em nossa receita poderão fazer com que a nossa vida tome um direcionamento que não consigamos controlar o seu curso e isso pode significar um sofrimento “desconhecido” pior do que os já vivenciados.

Quando nos resguardamos na frase: “eu sou assim e não vou mudar”, estamos querendo dizer para o mundo (e para nós mesmos) que estamos no controle de nossa vida e que não damos abertura para possíveis desvirtuamentos de nossas metas porque não queremos ser surpreendidos com algo desagradável. E, por isso, não arriscamos vivenciar as surpresas agradabilíssimas que adviriam dessas possíveis mudanças.

Vejam, portanto, que para nos pouparmos de sofrer diante do desconhecido, sofremos com os fatos já conhecidos, ou seja, lutamos para nos manter naquele antigo caminho para não sofrermos e não percebemos que, há muito, estamos sofrendo por nele caminhar.

Outro ponto é que, dessa forma, também nos impedimos de escolher caminhos mais dinâmicos, mais atualizados, que nos darão condições de enxergar a vida ao nosso redor com os olhos de quem quer acompanhar a crescente mudança e desenvolvimento dos seres e do próprio mundo que nos rodeia.

Diante disso, sofremos, porque não nos colocamos maleáveis aos próprios aprendizados que vamos nos proporcionando a cada experiência.

Imaginem-se endurecidos pelas suas convicções, mas sofrendo diante da realidade que é retratada pelo mundo e por todos ao seu redor, forçando-se a reconsiderar as suas verdades por não mais estarem de acordo com o todo. É a vida atuando a nosso favor! Certo é que nós só afirmamos que não vamos mudar, porque algo nos exige mudanças. Esse algo, na maioria das vezes, é a vida nos forçando a analisar os nossos parâmetros do que é certo e errado. Então, ela se utilizará de pessoas ou circunstâncias que nos farão pensar. A partir daí, seremos nós mesmos que, inconscientemente, perceberemos a necessidade de abandonarmos essas verdades para seguirmos em frente.

Apesar do nosso “querer inconsciente”, espernearemos, gritaremos, choraremos, até sentirmos que a nossa ação defensiva não está sendo mais tão benéfica quanto imaginávamos. Com as experiências que a vida nos trará, perceberemos que o sofrimento para sustentar aquelas verdades já não nos parecerá tão aceitável quanto queríamos acreditar. Daí, daremos vários passos em direção inversa aos das nossas crenças anteriores, tornando-nos mais suscetíveis às mudanças pretendidas e mais corajosos para enfrentarmos os possíveis sofrimentos que tanto tememos e que, por vezes, nem acontecerão.

Por isso, a frase “eu sou assim, não vou mudar”, é temporária e não reflete quem somos, mas sim quem estamos: já fomos assim, já deixamos de sê-lo e já nos tornamos outro com capacidade de nos transformarmos novamente a cada novo aprendizado.

Lutarmos contra as nossas transformações diárias só nos provoca dores e sofrimentos desnecessários. Acreditemos em nossa capacidade de lidar com as circunstâncias novas e aceitemos a atuação da Sabedoria do Grande Criador em nossas vidas que nos sentiremos em paz neste processo.

Fica aí nossa dica.


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