Haverá um segmento que, ao ler o título deste artigo, terá cólicas e franzirá a testa em desaprovação. E dirão: – Como pode uma doutrina consoladora se posicionar contra o riso?
E, de outro lado, testemunhas de fatos ou tendo experimentado, na própria pele, a intransigência para com o riso em “ambientes” espíritas, irão balançar a cabeça afirmativamente.
E você, como se posiciona?
E, de outro lado, testemunhas de fatos ou tendo experimentado, na própria pele, a intransigência para com o riso em “ambientes” espíritas, irão balançar a cabeça afirmativamente.
E você, como se posiciona?
Inicialmente devemos estabelecer uma diferença de sorrir e rir. No primeiro caso, os sorrisos são comuns em qualquer agrupamento humano, sobretudo em face dos reencontros possíveis, semanalmente na instituição que se frequente, seja ela educacional, cultural, assistencial, filosófica ou religiosa.
O sorriso é até uma espécie de cumprimento, que pode ou não desencadear a aproximação física, o toque, o abraço, o aperto de mão e algumas expressões verbais, meio que chavão, como o “tudo bem?”.
O sorriso é até uma espécie de cumprimento, que pode ou não desencadear a aproximação física, o toque, o abraço, o aperto de mão e algumas expressões verbais, meio que chavão, como o “tudo bem?”.
Já o riso…
Este parece ser talhado para o ostracismo e o combate. Alguns mais ortodoxos, inclusive, irão dizer: – Num ambiente de prece, atendimento e consolo, certas extravagâncias não têm espaço! Enquanto outro, lá do fundo, se não fala, pensa: – Mas que pessoa(s) escandalosa(s)! Não sabe(m) nem se conter e rir “baixo”!?
Obviamente, em geral, o riso contagia. Parece espargir alegria aos circunstantes. E promove a leveza (insustentável) do ser, como disse Kundera. E é insustentável porque logo virão os dissabores existenciais, as provas, as expiações, as dificuldades…
Obviamente, em geral, o riso contagia. Parece espargir alegria aos circunstantes. E promove a leveza (insustentável) do ser, como disse Kundera. E é insustentável porque logo virão os dissabores existenciais, as provas, as expiações, as dificuldades…
Que seja, então, o riso, eterno enquanto dure, parafraseando um de nossos poetas maiores, Vinícius…
As heranças culturais religiosas parecem figurar como dolorosos entraves para a liberdade (ou a leveza do cronista), ancorados na falsa premissa de que “os sacrifícios agradam a Deus”. Se o Criador, pela própria definição religiosa, maravilhou-se com a sua obra e estabeleceu como “destino” do homem a sua própria felicidade, como fincar os pés em uma embarcação que só enfrenta tormentas? Não me parece lógico… E, no fundo, não é mesmo.
Relembremos a obra magistral de Umberto Eco, na forma de livro que virou filme e encantou milhões de pessoas mundo afora, com um maduro Sean Connery (1930-2020) magistralmente interpretando um monge. Ele chega a um mosteiro para um conclave que discute se a Igreja deveria ou não doar parte de suas riquezas, mas que se converte em investigador de alguns crimes que lá ocorrem. O personagem tem como nome William de Baskerville.
Relembremos a obra magistral de Umberto Eco, na forma de livro que virou filme e encantou milhões de pessoas mundo afora, com um maduro Sean Connery (1930-2020) magistralmente interpretando um monge. Ele chega a um mosteiro para um conclave que discute se a Igreja deveria ou não doar parte de suas riquezas, mas que se converte em investigador de alguns crimes que lá ocorrem. O personagem tem como nome William de Baskerville.
Numa das cenas mais apaixonantes do filme, um dos abades, cego, é interrogado por Baskerville, buscando subsídios para decifrar os crimes. O clérigo, então, questiona o investigador: – O que você realmente deseja?
William, de pronto, responde: – Eu quero o livro grego, aquele que, segundo você, nunca foi escrito. Um livro que trata apenas de comédia, que você odeia, tanto quanto o riso.
E prossegue: – É provavelmente a única cópia preservada de um livro de poesia de Aristóteles. Mas… Existem muitos livros que tratam de comédia. Por que este livro é precisamente tão perigoso?
William, de pronto, responde: – Eu quero o livro grego, aquele que, segundo você, nunca foi escrito. Um livro que trata apenas de comédia, que você odeia, tanto quanto o riso.
E prossegue: – É provavelmente a única cópia preservada de um livro de poesia de Aristóteles. Mas… Existem muitos livros que tratam de comédia. Por que este livro é precisamente tão perigoso?
O abade retruca: – Porque é de Aristóteles e vai fazer rir!
Baskerville devolve com outra questão: – O que é perturbador no fato de os homens poderem rir?
Eis que o abade sentencia, encerrando o interrogatório: – O riso mata o medo! E, sem medo, não pode haver fé! Pois quem não teme o diabo não precisa mais de Deus!
O medo soterra o riso, amaldiçoado desde sempre, pelas prescrições da religião. O medo sepulta a espontaneidade, visto que há convenções religiosas que precisam ser respeitadas. O medo invalida a criatividade, posto que os padrões estabelecidos são mais confortáveis aos que dirigem, diminuindo o esforço de lidar com o novo. O medo impõe caras tristes, semblantes fechados, posturas genuflexas, cabeças baixas, como que a suportar o peso do mundo sobre seus ombros.
Este é o nosso diabo moderno espírita, que engessa as pessoas e afasta tanta gente das instituições espíritas: a conformação a padrões estabelecidos, a subserviência a cânones impostos por certas personalidades, e a ideia “doutrinária” de que, por ser, este, um plano de expiações e provas, as criaturas devem concentrar todos os esforços em melhorarem-se. Em sendo esta tarefa dura, difícil, tenaz – dizem eles – não há espaço para gracejos e gargalhadas.
O medo soterra o riso, amaldiçoado desde sempre, pelas prescrições da religião. O medo sepulta a espontaneidade, visto que há convenções religiosas que precisam ser respeitadas. O medo invalida a criatividade, posto que os padrões estabelecidos são mais confortáveis aos que dirigem, diminuindo o esforço de lidar com o novo. O medo impõe caras tristes, semblantes fechados, posturas genuflexas, cabeças baixas, como que a suportar o peso do mundo sobre seus ombros.
Este é o nosso diabo moderno espírita, que engessa as pessoas e afasta tanta gente das instituições espíritas: a conformação a padrões estabelecidos, a subserviência a cânones impostos por certas personalidades, e a ideia “doutrinária” de que, por ser, este, um plano de expiações e provas, as criaturas devem concentrar todos os esforços em melhorarem-se. Em sendo esta tarefa dura, difícil, tenaz – dizem eles – não há espaço para gracejos e gargalhadas.
Que pena!
Fico imaginando aqueles onze homens e uma mulher, simples, do povo, de formações e profissões diferentes, condicionadas à sisudez da posição de crentes tementes a Deus. Cenário impossível… Mesmo diante das adversidades daquele povo, havia festejos e a presença na “Casa do Pai”, como tradicionalmente simboliza o templo, era motivo de regozijo e alegria. Como conceber um Pesach (Páscoa) sem cantos e danças, sem risos e gargalhadas, sem emotividade e satisfação?
Ou, então, como imaginar Rivail e Amélie sem receber convidados em seu modesto apartamento, sem frequentar os animados salões de Paris, sem se reunir festivamente com seus colegas de profissão, academia, trabalho, vizinhança? Que pobreza teria sido uma vida assim! Que inútil, igualmente!
Yeshua e Kardec foram, inegavelmente, homens à frente do seu tempo e almas muito mais maduras que a imensa maioria de seus patrícios. Por isso, sabiam o inestimável valor do riso, como o próprio festejo da existência, em mais uma jornada de aprendizado.
Fico por aqui com meus sorrisos, diante da expectativa em relação a você, que irá ler este meu artigo. E, quem sabe, logo, logo, pelos caminhos da vida, possamos nos encontrar e gargalhar, lembrando da necessidade de romper com certos paradigmas que nos foram impostos, quase sempre, por quem adotou a ideia do “pecado” – materializado na tese de eventual desrespeito ao “templo” espírita e aos Espíritos Superiores que ali comparecem para ministrar lições e atender aos enfermos – porque ainda não conseguiram se libertar dos atavismos culturais-religiosos de suas sucessivas existências.
Rio eu, ri você, rimos todos nós! Porque a mensagem espiritualizada é aquela que nos dá prazer e que transforma nosso semblante para o formato risonho, que cativa e reverbera…
Ou, então, como imaginar Rivail e Amélie sem receber convidados em seu modesto apartamento, sem frequentar os animados salões de Paris, sem se reunir festivamente com seus colegas de profissão, academia, trabalho, vizinhança? Que pobreza teria sido uma vida assim! Que inútil, igualmente!
Yeshua e Kardec foram, inegavelmente, homens à frente do seu tempo e almas muito mais maduras que a imensa maioria de seus patrícios. Por isso, sabiam o inestimável valor do riso, como o próprio festejo da existência, em mais uma jornada de aprendizado.
Fico por aqui com meus sorrisos, diante da expectativa em relação a você, que irá ler este meu artigo. E, quem sabe, logo, logo, pelos caminhos da vida, possamos nos encontrar e gargalhar, lembrando da necessidade de romper com certos paradigmas que nos foram impostos, quase sempre, por quem adotou a ideia do “pecado” – materializado na tese de eventual desrespeito ao “templo” espírita e aos Espíritos Superiores que ali comparecem para ministrar lições e atender aos enfermos – porque ainda não conseguiram se libertar dos atavismos culturais-religiosos de suas sucessivas existências.
Rio eu, ri você, rimos todos nós! Porque a mensagem espiritualizada é aquela que nos dá prazer e que transforma nosso semblante para o formato risonho, que cativa e reverbera…
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