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31 janeiro 2007

Além da Morte - Otília Gonçalves


ALÉM DA MORTE

Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas.

Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne.

São os mesmos homens que eram antes da morte.

A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. Não lhes outorga títulos, nem conquistas. Não lhes retira méritos, nem realizações. Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu.

Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto.

Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia.

A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade.

Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar.

Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades.

Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações.

Os escravos do prazer prosseguem inquietos.

Os servos do ódio demoram-se em aflição.

Os companheiros da ilusão permanecem enganados. Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas.

Os amigos da ignorância continuam perturbados.

Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores. Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino.

Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina.

Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver.

A morte a todos aguarda.

Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável.

Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade.

A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal.

Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte.

Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos.

Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão.

Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em
outro plano e em condições diversas.

Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos
movimentavam antes do transe da morte.

A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela.

Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã.

Pense nisso.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Além da morte, de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Otília Gonçalves, intróito, capítulos 1 e 16.

30 janeiro 2007

Ser e Parecer - Joanna de Ângelis


SER E PARECER

A essência, o ser em si mesmo, constitui a individualidade, que avança mediante o processo reencarnatório, adquirindo experiências e desenvolvendo as aptidões que lhes jazem inatas, heranças que são da sua origem divina.

A expressão temporária, adquirida em cada existência corporal, com as suas imposições e necessidades, torna-se a personalidade de que se reveste o Espírito, a fim de atingir a destinação que o aguarda.

A primeira tem o sabor da eternidade, enquanto a outra é transitória.

No âmago do ser encontra-se a vida pulsante, imorredoura, embora, na superfície, a aparência, o revestimento, quase sempre difere da estrutura que envolve.

A individualidade resulta da soma das conquistas, através do êxito como do insucesso, logrados ao largo das lutas que lhe são impostas.

A personalidade varia conforme a ocasião e as circunstâncias, os interesses e as ambições.

Esta passa, enquanto aquela permanece.

Máscara, forma de aparecer, a personalidade se adquire sem transformação substancial, profunda, ocultando, na maioria das vezes, o que se é, o que se pensa, o que se aspira.

Legítima, a individualidade se aprimora, qual diamante que fulge ao atrito abençoado do cinzel.

A personalidade extravasa, formaliza, apresenta.

A individualidade aprimora, realiza, afirma.

À medida que o ser evolui, mergulha no mundo íntimo, introspectivamente, desenvolvendo os valores que dormem em embrião e se agigantam.

O exterior desgasta-se e desaparece.

O interior esplende e agiganta-se.

A semente que morre semente, não viveu, não realizou a missão que lhe estava reselvada: multiplicar e produzir vida.

A gema, sem lapidação, jamais fulgura.

Faze a tua indagação à vida, em torno da tua destinação.

Quem és hoje e o que pretendes alcançar?

Cansado da aparência, realiza-te intimamente e desata as aptidões superiores que aguardam oportunidade e cresce para as finalidades elevadas da Vida.

Tenta ser, por fora, conforme evoluis por dentro, sendo a pessoa gentil, mas nobre, fulgurante e abnegada, afável, todavia leal.

Tua aparência, seja também tua realidade, esforçando-te, cada vez mais, para conseguir a harmonia entre a individualidade e a personalidade, refletindo os ideais de beleza e amor que te vitalizam.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Coragem.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1988.

29 janeiro 2007

Janelas da Alma - Joanna de Ângelis

JANELAS NA ALMA

O sentimento e a emoção normalmente se transformam em lentes que coam os acontecimentos, dando-lhes cor e conotação próprias.

De acordo com a estrutura e o momento psicológico, os fatos passam a ter a significação que nem sempre corresponde à realidade.

Quem se utiliza de óculos escuros, mesmo diante da claridade solar, passa a ver o dia com menor intensidade de luz.

Variando a cor das lentes, com tonalidade correspondente desfilarão diante dos olhos as cenas.

Na área do relacionamento humano, também, as ocorrências assumem contornos de acordo com o estado de alma das pessoas envolvidas.

É urgente, portanto, a necessidade de conduzir os sentimentos, de modo a equilibrar os fatos em relação com eles.

Uma atitude sensata é um abrir de janelas na alma, a fim de bem observar os sucessos da vilegiatura humana.

De acordo coma a dimensão e o tipo de abertura, será possível observar a vida e vivê-la de forma agradável, mesmo nos momentos mais difíceis.

Há quem abra janelas na alma para deixar que se externemn as impressões negativas, facultando a usança de lentes escuras, que a tudo sombreiam com o toque pessimista de censura e de reclamação.

Coloca, nas tuas janelas, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura, a fim de acompanhares o mundo e o seu séquito de ocorrências.

O amor te facultará ampliar o círculo de afetividade, abençoando os teus amigos com a cortesia, os estímulos encorajadores e a tranqüilidade.

A bondade irrigará de esperança os corações ressequidos pelos sofrimentos e as emoções despedaçadas pela aflição que se te acerquem.

O perdão constituirá a tua força revigoradora colocada a benefício do delinqüente, do mau, do alucinado, que te busquem.

A ternura espraiará o perfume reconfortante da tua afabilidade, levantando os caídos e segurando os trôpegos, de modo a impedir-lhes a queda, quando próximos de ti.

As janelas da alma são espaços felizes para que se espraie a luz, e se realize a comunhão com o bem.

Colocando os santos óleos da afabilidade nas engrenagens da tua alma, descerrarás as janelas fechadas dos teus sentimentos, e a tua abençoada emoção se alongará, afagando todos aqueles que se aproximem de ti, proporcionando-lhes a amizade pura que se converterá em amor, rico de bondade e de perdão, a proclamarem chegada a hora de ternura entre os homens da Terra.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1990.

28 janeiro 2007

Homicídio - Cornélio Pires

Homicídio

O homicídio é um crime aos olhos de Deus?

Sim, um grande crime, porque aquele que tira a vida do seu semelhante, corta uma vida de expiação ou de missão, e aí está todo o seu mal.

O homicídio remanesce do barbarismo, que acreditava na extinção do inimigo para acabar-lhe com a resistência.

Como a vida é pujante em tudo e todos, tentar interrompê-la é ignorância da sua realidade, que não passa impunemente.

A serenidade do cadáver humano é enganosa e utópica. Morrer é somente mudar de estado.

Quando entramos pela delinqüência, quando caminhamos pela criminalidade, adquirimos distúrbios muito sérios para a nossa vida espiritual.

Toda vez que ofendemos a alguém, estamos dilapidando a nós mesmos, porque estamos conturbando o mundo harmonioso em que se processa a nossa vida.

Não te turbes, mentalmente, quando provocado desta ou daquela forma. Não te deixes, portanto, arrastar, nunca, à turbação mental ou à perturbação emocional.

A irritação tenta dominá-lo: acalme-se na prece.

Antes de considerar a ofensa do próximo, solicita ao Senhor te ilumine o coração para que saibas exercer a caridade genuína do entendimento e do perdão sem reservas, a fim de que depois não se te expresse a rogativa por labéu de remorso e maldição.

Livro: "Coisas deste mundo" de Cornélio Pires
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

27 janeiro 2007

Não Tenho Tempo - Anônimo

NÃO TENHO TEMPO

Sabe meu filho, até hoje não tive tempo para brincar com voce.

Arranjei tempo pra tudo, menos pra ver voce crescer.

Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com voce.

Percebo que voce me rodeia, mas sabe, sou muito importante, eu não tenho tempo...

Sou importante para números, convites sociais, uma série de compromissos inadiáveis...

E largar tudo isso pra sentar no chão com voce...

Não, não tenho tempo!

Um dia voce veio com o caderno de escola para o meu lado, não liguei, continuei lendo o jornal.

Afinal, os problemas internacionais são mais sérios que os de minha casa.

Nunca vi o seu boletim nem sei quem é a sua professora, não sei nem qual foi a sua primeira palavra, também, voce entende... não tenho tempo.

De que adianta saber as mínimas coisas de voce se eu tenho outras grandes coisas a saber?

Puxa, como voce cresceu!

Voce já passou da minha cintura. Está alto!

Eu não havia reparado isso, alias, não reparo quase nada, minha vida é corrida, e quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora, e se uso aqui, perco-me calado diante da TV.

Porque a TV é importante e me informa muito...

Sabe meu filho,

A ultima vez que tive tempo para voce, foi numa cama, numa noite de amor com sua mãe quando o fizemos!

Sei que voce se queixa,

Que voce sente falta de uma palavra.

De uma pergunta minha,

De um corre-corre,

De um chute na sua bola,

Mas eu não tenho tempo...

Sei que voce sente a falta do abraço e do riso,

Do andar-a-pé até a padaria pra comprar guaraná,

Do andar-a-pé ate o jornaleiro pra comprar Pato Donald,

Mas sabe, ha quanto tempo não ando a pé na rua?

Não tenho tempo... mas voce entende sou um homem muito importante,

Tenho que dar atenção a muita gente,

Dependo delas... Filho, voce não entende de comércio!...

Na realidade, sou um homem sem tempo!

Sei que voce fica chateado,

Porque as poucas vezes que falamos é monologo, só eu falo, e noventa e nove por cento é bronca.

Quero silêncio, quero sossego!

E voce tem a péssima mania de vir correndo sobre a gente.

Voce tem a mania de querer pular nos braços dos outros...

Filho, não tenho tempo para abraçá-lo.

Não tenho tempo pra ficar com papo furado com criança.

Filho:

O que voce entende de computador, comunicação, pós-modernismo, racionalismo?

Voce sabe quem é Marcuse? Mac Luan?

Como é que vou parar pra conversar com voce?

Sabe filho, não tenho tempo, mas o pior de tudo, o pior de tudo é que...

Se voce morresse agora, já, neste instante, eu ficaria com um peso na consciência porque até hoje, não arrumei tempo pra brincar com voce.

E se existir outra vida, por certo, DEUS NÃO TERÁ TEMPO, de me deixar, pelo menos vê-lo...

Anônimo

25 janeiro 2007

Essa Outras Crianças - Emmanuel

ESSAS OUTRAS CRIANÇAS

Quando abraças seu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.

Dispões de alimento abundantes para que teu filho se mantenha em linha de robustez.

Essas outras crianças, porém caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atira, com displicência, findo o repasto.

Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.

Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.

Defendes teu filho contra a intempérie, sob o teto acolhedor, sustentando-o à feição de Jóia no escrínio.

Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas na via pública quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto.

Abres ao olhar deslumbrado de teu filho, os tesouros da escola.

E essa outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.

Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos sempre que entremostre leve dor de cabeça.

Entretanto, essas outras crianças minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.

Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.

No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sintonizados no lodo abismal das trevas

Afagas assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as quanto possa!

Quem serve o amor de Cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.

Proclamas a cada passo que esperas confiante o esplendor do futuro mas, essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor

Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

24 janeiro 2007

Esmola e Caridade - Rodolfo Calligaris

ESMOLA E CARIDADE

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.

Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.

Exemplos? Eis alguns:

Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.

Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.

Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.

Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.

Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a reputação alheia.

Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.

Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o aconselhassemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar a efeito.

Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.

Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a prepotência do forte e a usura do rico.

Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.

Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.

Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a serem atendidos em primeiro lugar.

Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.

Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.

Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.

Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.

Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.

Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.

E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.

Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.

Porquê?

É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.

Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.

Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!

Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.

Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a caridade é o cumprimento da Lei."

Calligaris, Rodolfo. Da obra: As Leis morais.
8a edição. Rio de Janeiro, RJ:FEB, 1998.

23 janeiro 2007

Recursos Mediúnicos - Joanna de Ângelis

RECURSOS MEDIÚNICOS

A mediunidade é recurso paranormal inerente a todos os homens. Conquista do Espírito através do tempo, melhor se expressa naqueles que mais facilmente se liberam das constrições do instinto, normalmente predominante em a natureza humana.

Instrumento para o intercâmbio entre as mentes desencarnadas e as criaturas ainda retidas no envoltório físico, varia em sensibilidade de captação e capacidade de filtragem, qual ocorre com as demais faculdades do ser.

Mais aguçada em uns indivíduos do que em outros, surge, espontaneamente, requerendo educação e estudo para atingir a finalidade a que se destina, como o embrião que espera cuidados e atenção para adquirir segurança, a fim de alcançar a meta que o aguarda.

As resistências e valores morais do médium constituem-lhe a garantia indispensável para o ministério a que se propõe.

A queda de água em desalinho produz desastres, enquanto que a canalizada gera força e energia.

A eletricidade, para alcançar o destino que a aguarda, impõe a presença de cabos condutores à altura da sua potência.

A segurança do edifício depende da estrutura na qual se apóia.

A perfeição do equipamento repousa na harmonia e na superior qualidade das suas peças.

A mediunidade, da mesma forma, necessita de vários e indispensáveis requisitos para produzir com segurança e equilíbrio.

Há médiuns e médiuns, que enxameiam por toda parte.

Conscientemente ou não, sintonizam, por automatismo ou desejo, com as mentes que lhes são afins.

Porque a população do mundo espiritual seja muito maior do que a do plano físico, os homens sempre se encontram acompanhados por Entidades desencarnadas, consoante os compromissos de outras reencarnações ou as tarefas a que ora se vinculam.

De acordo com a direção mental, as tendências, os hábitos e os interesses humanos, são estabelecidos os vínculos de ligação psíquica e dependência física com os Espíritos.

Como resultado, encontramos os médiuns da insensatez e do crime, como os medianeiros da esperança e da ordem;

os médiuns da perversidade e da alucinacão, como os portadores da bondade e do equilíbrio;

os médiuns dos vícios, escravizados aos tormentos que os ensandecem, assim como os veiculadores da virtude e da previdência;

os médiuns da ignorância e da sombra, mas, igualmente, os mensageiros da luz e do conhecimento;

os médiuns da ira, da calúnia, do ódio, no entanto, outros que o são do amor, da verdade, da paz...

Diferem uns dos outros pelo comportamento a que se entregam, tornando-se, portanto, veículos daqueles com os quais estabelecem ligação.

Identificando, ou não, a presença de recursos mediúnicos em ti mesmo, recorre à oração nos momentos de difícil decisão ou de testemunho, de trabalho ou de repouso.

Observa-te, tentando conheceres-te em profundidade.

Procura fixar as tuas características pessoais superiores, eliminando aquelas que se te irrompem intempestivamente, como resultado da própria impulsividade ou de inspiração negativa.

Recorda-te da invigilância mediúnica de Pedro, que se deixou vencer pelo medo a ponto de negar o Amigo, e da obsessão em Judas, que o levou a trair o Divino Benfeitor, mantendo-te atento e digno, a fim de que as "forças do mal" não te propilam a situações lamentáveis, de que te arrependerás.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Coragem.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1988.

21 janeiro 2007

Paternidade é Tarefa Sublime - Octávio Caúmo Serrano

Paternidade é Tarefa Sublime

"Coloca a criança no caminho em que deverá andar e mesmo quando for velho não se desviará dele" Salomão - provérbios 22-6

No dia 12 de outubro, no Brasil, comemora-se o DIA DA CRIANÇA.

Nesta data, todos nós oferecemos presentes aos nossos filhos e, muitas vezes, até nos sacrificamos para dar-lhes o que não podemos e gastamos o que não temos. Está correto esse procedimento? Afinal, quem serão os nossos filhos?

Damos a resposta do Espiritismo: - São os nossos irmãos, filhos de Deus, como nós. Diante dessa certeza, conclui-se que, sob a ótica espiritual, somos todos filhos adotados. Cada alma é confiada aos pais terrenos que oferecem a ela um corpo físico, onde irá morar por um tempo, em busca de novas experiências. São eles que se encarregam, provisoriamente, da sua orientação e a auxiliam para que possa crescer como um ser imortal.

Os amigos encarnados que nos aceitam em seus lares, e que um dia provavelmente serão recebidos nos nossos, são filhos e pais, pais e filhos, num vai-e-vem de longa duração. Somos os filhos carnais de alguém, segundo as normas do planeta, mas somos os filhos espirituais de Deus, criados à sua imagem e semelhança espiritual. Os pais de carne, portanto, agem como tutores que cuidam dos filhos do Pai verdadeiro, colaborando com Ele para a felicidade de todos.

Não se pode admitir a mínima negligência nessa tarefa que aceitamos, espontaneamente. Não devemos dar facilidades exageradas ou carregar fardos que são da competência do nosso filho. Se agirmos dessa maneira, o impediremos de ter seu próprio desenvolvimento.

Não podemos ser donos do que não nos pertence. Convém considerar que, na maioria das vezes, tomamos atitudes para não ter preocupações. Decidindo à nossa maneira porque imaginamos que será melhor para todos. Mesmo que isto seja uma verdade, impedimos que o filho ganhe experiência. Quando a mãe faz as suas lições escolares, é ela que merece a nota alta e é ela que vai passar de ano.

O filho, mesmo que promovido à série seguinte, não tem mérito nem conhecimento para enfrentar a nova etapa. Quando a mãe dá tudo na boca dos filhos, eles não saberão produzir o seu próprio alimento. E um dia poderão ter de fazê-lo.

É preciso ter em mente que a morte não marca data. Se orientarmos bem o "nosso filho", desde os primeiros anos, como uma individualidade para viver no mundo, e não somente na nossa família, poderemos deixá-lo a qualquer momento sem o risco de que ele se desajuste e seja incompetente para cuidar-se. E os jornais mostram, todos os dias, crianças que ficaram órfãs por acidentes, assassinatos e imprevistos de toda ordem.

Se educarmos a criança corretamente, mesmo sem considerar a morte dos pais, teremos a alegria de ver nosso filho adulto, responsável, honesto e independente. Estará capacitado para abrir seu próprio caminho na vida e perceberemos nele, ainda que simplesmente pela conduta, o agradecimento de uma pessoa que se sente ajustada no mundo. As possíveis mágoas que ele teve diante do nosso rigor para orientá-lo serão esquecidas e compensadas pelos frutos colhidos.

Pelos ensinamentos do Espiritismo, aprendemos que não há criança ingênua, inocente, e, por isso, temos de aproveitar a reencarnação desde o início para ajustar esse espírito nessa sua volta. Muitos "não" deverão ser ditos, embora, para agradá-lo, digamos "sim" quase sempre. Muitas vezes é necessário que ele chore agora para não verter lágrimas mais tarde, quando o mundo lhe cobrar responsabilidades de maneira mais exigente. Na educação de um filho a razão deve vir antes do coração. O amor irracional causa muitos danos em quem amamos.

Em O Livro dos Espíritos, nas questões 379 a 385 (que traz um longo e bem elaborado comentário sobre a infância), os pais encontrarão orientações interessantes que os ajudarão na educação dos filhos.

Vale a pena ler e meditar sobre as lições dos Espíritos, para esse assunto.

Dentre as tarefas do cristão, a paternidade é das mais importantes e, quando cumprida com amor e razão, energia e bondade, enaltece os espíritos que participaram da difícil experiência. Já disse o poeta: "Filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-lo."
Como saboreá-los se não vivermos a oportunidade da convivência.
O filho será, para os pais, motivo de alegria ou tristeza, orgulho ou vergonha, dependendo da forma como for conduzido. Mas se por motivos que independam do seu esforço, ele se recusar a ouvi-los, resta-lhes a consciência tranqüila e a certeza de ter feito o melhor que podiam e sabiam. Estejam certos, porém, que mesmo que ele se desvie, a semente está plantada e viva dentro dele e Deus, ainda que ele se perca, terá respeito pelos genitores e irá compensá-los pelo sacrifício de suas ações. Façam a parte que lhes compete e não esqueçam que a boa colheita sempre depende da fertilidade do terreno. Seu filho só herda de você os bens e a genética porque ele é urna individualidade espiritual e pode ser mais velho e mais evoluído do que você. Ele pode ter mais a ensinar-lhe do que a aprender, porque a idade cronológica da Terra nada tem a ver com a idade do espírito.

Seu filho é o seu irmão que Deus lhe confiou para que você o ampare, até que um dia ele volte ao seu verdadeiro Pai. Nesta hora, restarão as alegrias que juntos viveram e a saudade, que poderá ser agradável se as consciências estiverem em paz. Mais tarde, conforme as leis da vida e considerando-se a utilidade para ambos, poderá haver um reencontro para que essas almas voltem a aproximar-se na longa e eterna caminhada .

Revista Internacional de Espiritismo - Outubro de 2003

20 janeiro 2007

Deficientes Físico e Mental - Marco Tulio Michalick

Deficientes Físico e Mental

Quando nos deparamos com um deficiente físico ou mental, ficamos a indagar o porquê de determinadas pessoas encarnarem em corpos enfermos. Na Antigüidade, a humanidade pensava que os indivíduos vinham com essas enfermidades por que os deuses não gostavam deles, assim, seria um castigo imposto por algo indevido que haviam praticado.

Toda enfermidade é um resgate por excessos do pretérito. É uma forma de reorganizarmos nossas energias. No livro Deficiente Mental: Por que fui um? há o seguinte comentário sobre esse assunto: "Temos muitas oportunidades de voltar à Terra em corpos diferentes e que são adequados para o nosso aprendizado necessário. Quando há muito abuso, há o desequilíbrio, e para ter novamente o equilíbrio tem de haver a recuperação. Quando se danifica o corpo perfeito, podemos, por aprendizado, tê-lo com anormalidades para aprender a dar valor a essa grande oportunidade que é viver por períodos num corpo de carne. O acaso não existe, Deus não nos castiga, somos o que fizemos por merecer, e as dificuldades que temos encarnados são lições preciosas".

A deficiência não quer dizer que se trata de um espírito inferior, pelo contrário, muitas vezes é mais inteligente do que uma pessoa que ocupa um corpo sadio. Os espíritos superiores, em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, explicam que "é uma expiação imposta ao abuso que fizeram de certas faculdades; é um tempo de prisão".

O físico inglês Stephen Hawking é considerado um gênio. Ele tem deficiência física. Entre os seus estudos, há a busca de uma fórmula para explicar a origem do Universo, como também extinguir a necessidade de um Deus para criá-lo e governá-lo. Se esse gênio viesse em um corpo sem limitações, suas idéias poderiam ser nocivas à humanidade, criando interpretações diversas sobre a existência de Deus. Conforme explica Kardec: "A superioridade moral não está sempre em razão da superioridade intelectual, e os maiores gênios podem ter muito a expiar; daí resulta, freqüentemente, para eles uma existência inferior a que tiveram e uma causa de sofrimentos. Os entraves que o Espírito experimenta em suas manifestações lhe são como as correntes que comprimem os movimentos de um homem vigoroso".

Não Podemos generalizar

O Brasil é um país acolhedor. Temos a liberdade de expressão, opinião, religião, política etc. Isso não quer dizer que não sofremos preconceitos. Eles existem, mas comparados a outros países, são mais amenos.

Glenn Hoddle, técnico da Seleção inglesa de futebol, deu uma entrevista ao jornal The Times, explanando sobre reencarnações e carmas: "Veja os deficientes físicos... Por que eles são assim? Devem ter feito algo". Sua declaração causou constrangimento, e o homem que havia classificado a Inglaterra para uma Copa do Mundo depois de 12 anos, foi demitido. Ele declarou "cometi um grande erro ao me deixar levar por minhas convicções religiosas".

Devemos ter a consciência que estamos em um processo de evolução. O importante é sabermos que nada acontece por acaso. Uma vez um pastor comentou comigo que "Deus foi generoso conosco ao nos dar um corpo sadio". Isso não tem lógica. Por que faria isso com uns e com outros não, já que somos todos filhos Dele. No Evangelho Segundo o Espiritismo consta que "as contrariedades da vida têm, pois, uma causa e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa".

Superando Obstáculos

Atualmente, existe um bom nível de aprimoramento em instituições especializadas no tratamento de deficientes físicos e mentais. Campanhas na televisão e outros órgãos não governamentais arrecadam dinheiro para esse desígnio, no sentido de fornecer a essas pessoas um tratamento digno e melhor convivência junto à sociedade.

A família tem um papel primoroso nessa relação com o ente enfermiço. Primeiro, por se tratar de uma expiação em conjunto, os pais têm este resgate a fazer junto ao filho. Segundo, porque se não houver esse carinho, amor e paciência, o deficiente terá muitas dificuldades na sua reabilitação, aprendizado e convivência. Afinal, o amor é imprescindível em qualquer situação da existência, independente de qual seja o nosso problema. Todos nós precisamos de carinho e, principalmente, dar esse carinho.

O centro espírita também tem sua eficácia nesse tratamento, por meio da aplicação de passes, que é uma transfusão de energias fisiopsíquicas. Há palestras com conteúdo moral e a desobsessão, pois em alguns casos, a obsessão está aliada à expiação, ou seja, além da deficiência, há inimigos agindo simultaneamente, devido aos gravames do passado.

A revolta e as palavras duras proferidas contra Deus não são providenciais, pelo contrário, serão prejudiciais, pois irão criar uma atmosfera psíquica de baixa sintonia que facilitará o contato obsessivo.

Por isso, devemos nos manter sempre em oração, agradecendo a Deus pela vida e pela reencarnação, que nos proporciona momentos especiais para o nosso aprendizado, aprimoramento e evolução.

Ao passar por essa expiação o espírito estará mais tranqüilo e refeito dos entraves do pretérito. Não podemos nos preocupar com o que provocou a enfermidade, mas em plantar bons frutos para colher no futuro. A caridade e as boas obras serão o nosso plantio. E lembre-se de que é preciso "ter sempre muita fé e perseverança, pois sem elas você jamais conseguirá vencer os obstáculos da vida".

Publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição nº. 22, ano 2004.

19 janeiro 2007

Enredamentos Perigosos - Joanna de Ângelis

ENREDAMENTOS PERIGOSOS

Toda obra do Bem, no delineamento de propósitos, é nobre e transcendente, esmaecendo porém, quando se corporifica mediante a ação humana.

Sensibilizado pelos ideais de engrandecimento espiritual, o indivíduo emociona-se e procura entregar-se completamente, sonhando em tornar-se o instrumento da inspiração superior e, à vezes, consegue-o.

No entanto, porque é Espírito em rudes provas, embora os sentimentos que o animam, imprime as dificuldades pessoais, colocando sombra e empeços no labor a que se entrega.

Assim sendo, é compreensível que defrontemos no trigal dourado o escalracho infeliz, e na claridade do dia triunfante a nuvem carregada de sombras a impedir-lhe a irradiação da luz.

A Terra ainda não é o habitat, mas o educandário de homens e mulheres em lutas interiores, tentando arrancar a ganga externa para que brilhe a gema pura que lhe jaz no interior aguardando o momento de desvelar-se.

Valiosos e digno de encômios esse esforço hercúleo pela auto-superação, quando se constata o expressivo número daqueles que se escravizam aos comprometimentos torpes quão criminosos, que lhes exigirão oportuna reparação penosa.

O Senhor da Vinha não aguarda que venham cooperar com Ele os trabalhadores destituídos de mazelas ou imperfeições, pois que esses são raros, por isso aceita todos quantos despertam para a sua mensagem e se dispões a servi-lO.

Jesus conhecia a fraqueza moral de Pedro, todavia, convidou-o para o banquete da Boa Nova.

Francisco Bernardone vivia uma existência frívola e atormentada; apesar disto, doou-se, e, superando-se, tornou-se Sol medieval a clarear o futuro da humanidade.

Maria de Magdala, mesmo depois de O seguir, não ficou livre da suspeita nem da crítica severa do grupo no qual se movimenta.

Jesus aceitou-os a todos e transformou-os com o tempo em pilares da sua doutrina.

Descobrir o lírio no pantanal e a estrela além da tormenta constitui desafio para quem se candidata ao crescimento interior.

Nesse mister, surgem enredamentos perigosos, que complicam a marcha e dificultam a ascensão dos obreiros.

Dentre outros, a censura mórbida, constante, e a intriga perversa, intoxicam as melhores intenções e asfixiam muitos ideais em desenvolvimento.

São responsáveis pela crueldade da destruição de obras abençoadas e de esforços relevantes que são vencidos.

O cupim perseverante vence a madeira que sucumbe ao seu trabalho insensível.

Assim é a ação da maledicência impiedosa e insistente.

Para romper-se essa rede constritora, é necessário que o amor se compadeça do vigia dos atos alheios sempre pronto e a zurzir o látego, como se fosse inatacável.

Não te deixes contaminar pelo pessimismo nem pela censura contumaz que te tragam ao coração.

Tem paciência e dá-te conta que o acusador gratuito não ama, não coopera, apenas cria embaraços.

Ajuda em silêncio e confia em Deus, fazendo a tua parte da melhor forma ao teu alcance.

É mais valioso que teu próximo esteja tentando agir bem e auxiliar, apesar dos erros que comete, do que se estivesse no outro lado, entre os desequilibrados que aguardam a tua ajuda.

Viver em harmonia em um meio social - seja qual for, já que em todos eles existem dificuldades a vencer - constitui desafio para a evolução.

Ampara, portanto, o teu irmão que pensa em ser útil e ainda não o consegue, ao invés de hostilizá-lo, combatê-lo, semeares espinhos por onde ele segue ao levá-lo a julgamento público arbitrário pelos contumazes desocupados que se contentam em demolir.

Divaldo P.Franco. Da obra: Fonte de Luz.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

18 janeiro 2007

Desfavoravelmente - Marco Prisco

DESFAVORAVELMENTE

"Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia ele próprio suas qualidades a todos os ouvidos complacentes." (Alan Kardec - E.S.E. Cap. XVII -Item 8).

Não julgue desfavoravelmente, mesmo que sua observação o ajude na conclusão precipitada.

Você não pode pretender ter examinado o assunto sob todos os ângulos. Muita coisa, que você vê, não é exatamente como você vê...

Não comente desfavoravelmente, mesmo que tenha sobejas razões para fazê-lo.

Você não sabe como se portaria, se estivesse na posição do antagonista. O que você sabe não se deu realmente como você sabe...

Não pense desfavoravelmente, mesmo que encontre apoio na atitude de todos.

Você não conhece o assunto com a consideração devida. O que você conhece não expressa a realidade como você pensa...

Não informe desfavoravelmente, mesmo que você esteja senhor do assunto.

Você não dispõe de possibilidades para prever as mudanças que se operam num minuto. O de que você está informado não é conhecimento bastante para que você informe como foi informado...

Não opine desfavoravelmente, quando você puder ajudar, só porque muitos são contra.

Você não pode discordar, somente para agradar a maioria. O de que você tem notícia não se passou como lhe disseram...

Ouça a opinião de duas pessoas de gostos musicais diferentes, saindo de um concerto de música clássica...

No dia do julgamento de Jesus-Cristo, a multidão julgava, comentava, pensava, informava e opinava desfavoravelmente a Ele...

Crucificado, deu ganho de causa aos assassinos e perseguidores.

No entanto, o material com que O julgaram e as testemunhas que O acusaram não representavam a verdade, porque, enquanto todos estavam ligados aos interesses inconfessáveis do mundo, desejavam alijá-lo da Terra.

Ele, que era o Senhor do mundo, ficou, porém, em silêncio, fiel ao Supremo Pai, porfiando até o fim.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão.
Ditado pelo Espírito Marco Prisco.
4a edição. Salvador, BA: LEAL, 1993.

17 janeiro 2007

Cristificação pelo Amor - Joanna de Ângelis

CRISTIFICAÇÃO PELO AMOR

É certo que gostarias de ser amado, recebendo a afetividade de outrem em demonstrações de carinho conforme as necessidades que acreditas te afligirem.

Talvez fosse melhor que te chegassem ao sentimento as expressões retributivas do amor que esparzes, diminuindo-te as carências íntimas, acalmando-te as ansiedades, alegrando-te.

O problema, porém, é geral.

Não há indivíduo algum que se encontre referto na Terra, nessa área.

Quem recebe amor de determinadas pessoas, aspira pelo afeto de outras, que não aquelas que se lhe acercam.

Tens o pensamento dirigido para alguém que, possivelmente, não te corresponde, assim como outrem te anela, sem que sintas algo de especial por ele.

Se as pessoas se correspondessem na mesma faixa de ternura; se os corações se manifestassem na mesma onda de sentimento; se os afetos se exteriorizassem na mesma vibração de trocas, a Terra já seria o paraíso desejado.

Há, no entanto, infinidade de graus, nos quais se manifestam as emoções.

Ninguém, todavia, que viaje a sós.

Possivelmente, não te associas com a pessoa de quem gostas, ou não recebes a companhia do ser amado. Todavia, se espraiares o olhar de bondade compreensiva, identificarás companhias outras agradáveis, que se encontravam solitárias, porque anelavam por ti e não logravam aproximar-se.

São os aparentemente inexplicáveis paradoxos da existência corporal, cujas causas se encontram na conduta passada, quando de outras reencarnações.

Ama, desse modo, sem te impores, sem exigires retribuição.

Experimenta querer bem, pelo prazer pessoal de fazê-lo, e descobrirás um filão de ouro atraente que te propiciará uma grande fortuna, em forma de paz e de satisfação pessoal.

O melhor do amor é amar, e não somente ser amado.

A preparação de uma viagem, não raro, é sempre mais agradável do que esta em si mesma, ou a sua chegada, que, às vezes, causa frustração e desencanto.

As chamadas "pessoas maravilhosas", por quem te apaixonas, assim o são, porque as desconheces.

Todos os homens têm problemas, limitações, defeitos, necessidades.

O insucesso das uniões conjugais, na maioria dos casos, resulta da precipitação na escolha, da imaturidade na busca, do apego às ilusões e da afetividade por ídolos de pés de barro que se despedaçam facilmente.

Enobrece-te com o amor, irradiando-o em forma de simpatia, de gentileza, de serviço pelo próximo, de abnegação.

Não há quem resista à força do amor sem interesse imediato, sem aprisionamento.

Ama, portanto, libertando.

Cristifica-te através do amor. Talvez, para consegui-lo, seja-te necessário crucificares-te nas traves da renúncia e da sublimação. Todavia, somente por meio da crucificação é que alguém se pode cristificar. E o amor, sem dúvida, ainda é o mais suave, perfeito e eficaz instrumento para consegui-lo.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Coragem.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1988.

16 janeiro 2007

Bom Ânimo - Joanna de Ângelis

BOM ÂNIMO

Hoje experimentas maior soma de aflições. Observaste a grande mole dos sofredores: mães desnutridas apertando contra o seio sem vitalidade filhos, misérrimos, desfalecidos, quase mortos; mutilados que exibiam as deformidades à indiferença dos passantes na via pública; aleijões que se ultrajavam a si mesmos ante o desprezo a que se entregavam nos "pontos" de mendicância em que se demoram; ébrios contumazes promovendo desordens lamentáveis; enfermos de vária classificação desfilando as misérias visíveis num festival de dor; jovens perturbados pela revolução dos novos conceitos e vigentes padrões éticos; órfãos...

Pareceu-te mais tristonha a paisagem humana, e consideras mentalmente os dramas íntimos que vergastam o homem, na atual conjuntura social, moral e evolutiva do Planeta.

Examinas as próprias dificuldades, e um crepúsculo de sobras lentamente envolve o sol das tuas alegrias e esperanças.

Não te desalentes, porém.

O corpo é oportunidade iluminava mesmo para aqueles que te parecem esquecidos e que supões descendo os degraus da infelicidade na direção do próprio aniquilamento.

Nascer e morrer são acidentes biológicos sob o comando de sábias leis que transcendem à compreensão comum.

Há, no entanto, acompanhando todos os caminhantes a forma carnal, amorosos Benfeitores interessados na libertação deles. Não os vendo, os teus olhos se enganam na apreciação; não os ouvindo, a tua acústica somente registra lamentos; não os sentindo, as parcas percepções de que dispões não anotam suas mãos quais asas de caridade a envolvê-los e sustentá-los.

Perdido em meandros o rio silencioso e perseverante se destina ao mar. Agita e submissa nas mãos do oleiro a argila alcança o vaso precioso. Sofrido o Espírito nas malhas da lei redentora atinge a paz.

Ante a sombra espessa da noite não esqueças o Sol fulgurante mais além. E aspirando o sutil aroma de preciosa flor não olvides a lama que lhe sustenta as raízes...

Viver no corpo é também resgatar.

O Espírito eterno, evoluindo nas etapas sucessivas da vestimenta carnal, se despe e se reveste dos tecidos orgânicos para aprender e sublimar.

Numa jornada prepara o sentimento, noutra aprimora a emoção, noutra mais aperfeiçoa a inteligência...

Nascer ou renascer simplesmente não basta. O labor, interrompido, pois, prosseguirá agora ou depois. Não cultives, portanto, o pessimismo, nem te abatam as dores.

Cada um se encontra no lugar certo, à hora própria e nas circunstâncias que lhe são melhores para a evolução. Não há ocorrência ocasional ou improvisada na Legislação Divina.

Quando retornou curado para agradecer a Jesus da morféia de que fora libertado, o samaritano que formava o grupo dos dez leprosos, conforme a narração evangélica, fez-nos precioso legado: o do reconhecimento.

Quando o centurião afirmou ao Senhor que uma simples ordem Sua faria curado o seu servo, ofertou-nos sublime herança: a fé sem limites.

Quando a hemorroíssa, vencendo todos os obstáculos, tocou o Rabi, deixou-nos precioso ensino: a coragem da confiança.

Identificado ao espírito do Cristo, não te deixes consumir pelo desespero ou pela melancolia, sob revolta injustificada ou indiferença cruel. Persevera, antes, no exame da verdade e insiste no ideal de libertação interior, ajudando e prosseguindo, além, porque se hoje a angústia e o sofrimento te maceram, em resgate que não pode transferir, amanhã rutilará no corpo ou depois dele o sol sublime da felicidade em maravilhoso amanhecer de perene paz.

"Tem ânimo filhos: perdoados são os teus pecados." - Mateus: 9-2. "Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade". - E.S.E. Cap. XIV Item 9.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Florações Evangélicas.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

15 janeiro 2007

Vida Social - Joanna de Ângelis

VIDA SOCIAL

A familia universal reúne todos os seres em um só grupo, que se inicia no clã doméstico. Nele se desenvolve a vida social, facultando o crescimento intelectual e moral, que leva à conquista da sabedoria.

Ninguém se deve afastar do convívio com o seu próximo. Ele é a oportunidade para se testar a tolerância e o amor; a gentileza e a fraternidade.

O homem nasceu para conviver com a Natureza e todos os seres que nela vivem.

Impregnado pelo psiquismo divino, tende a participar de todos os movimentos sociais, optando pela edificação de um grupo saudável e harmônico, no qual desenvolve os valiosos recursos que lhe jazem latentes.

Envolto por seres espirituais de que nem sempre te dás conta, eleva-te na tarefa da fraternidade, ascendendo às Esferas Superiores.

Para que alcances as cumeadas do progresso, dependes do teu irmão na marcha evolutiva.

Ajuda-o, se ele está em situação penosa. Pede-lhe auxilio, se te encontras em carência.

Nunca te esqueças que todos somos irmãos, e Deus é o Pai Único.

Assim, respeita e participa da vida social edificante, nunca te isolando...

Entre as conquistas preciosas do processo de evolução do ser, que abandona o primarismo e alcança os patamares da razão, destacam-se a vida social, o relacionamento com as demais criaturas, que o capacitam ao desenvolvimento das aptidões que lhe estão adormecidas.

Enquanto o indivíduo se insula ou evita o convívio com as demais pessoas, permanece sob o açodar das paixões primevas, nas quais predomina o egoísmo, responsável por inúmeros distúrbios do comportamento psicológico.

No relacionamento social, mesmo nas faixas da agressividade, o imperativo de crescimento espiritual faz-se inevitável, por propiciar o esforço de libertação pessoal junto à necessidade de desenvolver a tolerância, a compreensão e a bondade, colocadas à prova no intercâmbio das idéias e na convivência interpessoal.

A solidão propicia a visão desfocada da realidade, ao tempo que embrutece, alienando o homem, que perde o contato com os valores sociais nos quais se expressam as leis do progresso moral.

A convivência social trabalha os sentimentos humanos, estimulando as aptidões para a arte, a cultura. ação tecnológica, a ciência e a religião.

À medida que o ser se autodescobre, mais percebe a necessidade dos relacionamentos sociais, seja para buscar e intercambiar experiências, seja para contribuir em favor do desenvolvimento do grupo no qual se encontra.

Mesmo entre os animais, o instinto gregário funciona levando-os ao grupo. Graças a essa união, os mais fortes defendem, protegem os mais fracos, perpetuando as espécies.

A união no conjunto social se converte em campo especial de educação, em razão da força que o mesmo exerce sobre o indivíduo, passando a criar-lhe hábitos, comportamentos e atitudes.

Quando mais elevado, o ser se utiliza do meio social para nele imprimir as conquistas que o caracterizam, impulsionando os seus membros ao progresso e à plenificação.

Nessa fase, pode afastar-se da sociedade tradicional, para amparar e atender necessidades, aflições e desequilíbrios naqueles nos quais a dor se aloja, sendo rejeitados ou isolados por medidas providenciais que objetivam defender os sadios. Entre esses incluem-se os doentes das enfermidades degenerativas, físicas e mentais, os presidiários, os que se demoram nos patamares do primitiVismo cultural e moral.

Verdadeiros missionários do amor e da caridade, transferem-se da sociedade acomodada, da civilização, para serem educadores, companheiros da sua solidão, médicos, enfermeiros e benfeitores que se constituem instrumentos do bem, contribuindo para a felicidade de quantos tombaram na desdita ou se encontram nas experiências iniciais do progresso humano. Ali organizam a sua vida social, tornando-se plenos, edificadores da verdadeira fraternidade, que é o primeiro passo para a vivência em uma sociedade justa, portanto, feliz.

Jesus, na Sua condição de Espírito Excelso, jamais se insulou evitando a vida social.

Conforme a circunstância e a ocasião, manteve o relacionamento social com aqueles que se Lhe acercaram ou a quem buscava, desvelando a grandiosa missão do ser inteligente na Terra, emulando ao estado de pureza, de elevação e demonstrando a brevidade do corpo físico, a transitoriedade do mundo orgânico diante da vida espiritual, perene, de onde se vem e paa a qual se retorna.

A vida social, portanto, está ínsita no processo de evolução das criaturas, encarnadas ou não, já que ninguém consegue a realizaçáo espiritual seguindo a sós.

Divaldo P. Franco. Da obra: Desperte e Seja Feliz.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
LEAL, 1996.

14 janeiro 2007

Nostalgia e Depressão - Joanna de Ângelis

NOSTALGIA E DEPRESSÃO

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.

O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.

Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia.

A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.

Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional.

A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.

Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos.

A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional.

Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve.

Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica.

No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida.

À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo.

Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.

A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente.

O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de exteriorização.

Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora.

Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão.

É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo superando o estado depressivo.

Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.

Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo.

Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm.

Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos...

Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio.

Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido.

Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição.

Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.

O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, facultando campo para a renovação mental e a ação construtora.

Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força.

Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, como também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis.

A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais complexidades e dificuldades de recuperação.

Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional.

O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Amor Imbatível Amor.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

13 janeiro 2007

Felicidade Possível - Joanna de Ângelis

FELICIDADE POSSÍVEL

Acreditavas que a felicidade seria semelhante a uma ilha fantástica de prazer constante e paz permanente. Um lugar onde não houvesse preocupação, nem se apresentasse a dor; no qual os sorrisos brilhassem nos lábios, e a beleza engrinaldasse de festa as criaturas.

Uma felicidade feita de fantasias parecia ser a tua busca.

Planejastes a vida, objetivando encontrar esse reino encantado, onde, por fim, descansasses da fadiga, da aflição e fruísses a harmonia.

Passam-se anos, e somas frustações, anotando desencantos e amarguras, sem anelada conquista.

Lentamente, entregas-te ao desânimo, e sentes que estás discriminado no mundo, quando vês as propagandas apresentadas pela mídia, nas quais desfilam os jovens, belos e jubilosos, desperdiçando saúde, robustez, corpos venusinos e apolíneos, usando cigarros e bebidas famosas, brincando em iates de luxo, ou exibindo-se em desportos da moda, invejáveis, triunfantes...

Crês que eles são felizes...

Não sabes quanto custa, em sacrifício e dor, alcançar o topo da fama e permanecer lá.

Sob quase todos aqueles sorrisos, que são estudados, estão a face da amargura e as marcas do ressaibo, do arrependimento.

Alguns envenenaram a alma dos charcos por onde andaram, antes de serem conhecidos e disputados.

Muitos se entregaram a drogas pertubadoras, que lhes consomem a juventude, qual ocorreu com as multidões de outros, que os anteciparam e desapareceram.

Esquecidos e enfermos, aqueles que foram pessoas-objeto, amargam hoje a miséria a que se acolheram ou foram atirados.

Felicidade, porém, é conquista íntima.

Todos os que se encontram na Terra, nascidos em berços de ouro ou de palha, homenageados ou desprezados, belos ou feios, são feitos do mesmo barro frágil de carne, e experimentam, de uma ou de outra forma, vicissitudes, decepções, doenças e desconforto.

Ninguém, no mundo terreno, vive em regime especial. O que parece, não excede a imagem, a ilusão.

Se desejas ser feliz, vive, cada momento, de forma integral, reunindo as cotas de alegria, de esperança, de sonho, de bênção, num painel plenificador.

As ocorrências de dor são experiências para as de saúde e de paz.

A felicidade não são coisas: é um estado interno, uma emoção.

Abençoa os acidentes de percurso, que denominas como desdita, segue na direção das metas, e verás quantas concessões de felicidade pela frente, aguardando por ti.

Quem avança monte acima, pisa pedregulhos que ferem os pés, mas também flores miúdas e verdejante relva, que teimam em nascer ali colocando beleza no chão.

Reúne essas florezinhas em um ramalhete, toma das pedras pequeninas fazendo colares, e descobrirás que, para a criatura ser feliz, basta amar e saber discernir, nas coisas e nos sucessos da marcha, a vontade de Deus e as necessidades para a evolução.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

12 janeiro 2007

Contato com os Guias Espirituais - Joanna de Ângelis

CONTATO COM OS GUIAS ESPIRITUAIS

Afliges-te, porque ainda não lograste o contato psíquico com os teus guias espirituais.

Reflexionas que buscaste a fé religiosa, abraçando a mediunidade, e, não obstante, tens a impressão que navegas sem rumo, padecendo conflitos e experimentando desânimo.

Momentos surgem nos quais receias pela legitimidade do intercâmbio espiritual de que te fazes objeto.

Anseias por informações precisas sobre o teu papel nas tarefas da mediunidade.

Relacionas pessoas que te parecem menos equipadas, e, apesar disso, apresentam-se superprotegidas pelos Espíritos Nobres, assessoradas por Benfeitores Venerandos e Entidades outras, que na Terra deixaram nomes respeitáveis, famosos...

Planejas desistir, acreditando que as tuas são faculdades atormentadas, sem credencial ou recurso capaz de registrar a proteção dos guias espirituais.

Tem, porém, cuidado e medita sem queixa.

A mediunidade é instrumento de serviço em nome do amor de Deus, para apressar o progresso dos homens e facultar o intercâmbio com os Espíritos, deles recebendo a ajuda.

Candidatas-te ao labor socorrista, como recurso saudável para te recuperares moralmente do passado delituoso, mediante cuja contribuição terias, também, as dores lenidas ou alteradas no seu organograma para a evolução.

Honrado pelo trabalho de iluminação de consciência, estás colocado como veículo de bênçãos.

Buscam-te os sofredores, porque são trazidos a ti pelos teus guias espirituais, que confiam na tua ductibilidade, no teu sentimento de amor.

Porque não ouves os teus Benfeitores, não te creias abandonado, sem apoio.

Tem paciência.

Faze silêncio íntimo e entrega-te mais.

Quando desdobrado parcialmente pelo sono, eles te confortam e instruem, fortalecem-te e programam as atividades para as quais renasceste.

Se não o recordas conscientemente, ficam impressos nos teus registros psíquicos, esses salutares conúbios edificantes.

Se aprofundares reflexão, perceberás quantas vezes eles já te falaram, socorreram e apoiaram nos momentos rudes das provações e dos testemunhos.

Eles são discretos e agem sem alarde, não brindando recursos que induzam à vaidade, ao exibicionismo.

Amparam em silêncio, instruem em calma, conduzem com afabilidade.

Quando vejas, na mediunidade, o campeonato das disputas humanas e o calafrio que provoca a presença de seres nobres do passado, aureolando com pompa terrestre a memória, que pretendem manter rutilante, acautela-te e desconfia.

Importante não é o nome que firma ou enuncia uma mensagem, mas, sim, o seu conteúdo de qualidade e penetração benéfica.

Desse modo, trabalha no anonimato e, consciente das responsabilidades que te dizem respeito, deixa que os teus guias espirituais zelosamente te guardem e conduzam, não te expondo no palco da insensatez, onde brilha por um dia e se apaga de imediato a vaidade humana.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
2a edição. Salvador, BA: LEAL, 1990.

11 janeiro 2007

Insegurança e Medo - Joanna de Ângelis

INSEGURANÇA E MEDO

O homem é as suas memórias, o somatório das experiências que se lhe armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu comportamento moral, social, educacional.

Essas memórias constituem-lhe o que convém e o que não é lícito realizar.

Concorrem para a libertação ou a submissão aos códigos estabelecidos, que propõem o correto e o errado, o moral, o legal, o conveniente e o prejudicial.

Face a tais impositivos desencadeiam-se, no seu comportamento, as fobias, as ansiedades, as satisfações, o bem ou o mal-estar.

Neste momento social, o medo assume avantajadas proporções, perturbando a liberdade pessoal e comunitária do indivíduo terrestre.

Procurando liberar-se desse terrível algoz, as suas vítimas intentam descobrir-lhe as causas, as raízes que alimentam a sua proliferação. Todavia, estas são facilmente detectáveis. Estão constituídas pela insegurança gerada pela violência; pelo desequilíbrio social vigente; pela fragilidade da vida física - saúde em deterioramento, equilíbrio em dissolução, afetividade sob ameaça; receio de serem desvelados ao público os engodos e erros praticados às escondidas; e, por fim, a presença invisível da morte...

Mais importante do que pensar e repensar as causas do medo é a atitude saudável, ante uma conduta existencial tranqüila, pelo fruir cada momento em plenitude, sem memória do passado - evitando o padrão atemorizante - nem preocupação com o futuro.

A existência humana deve transcorrer dentro de um esquema atemporal, sem passado, sem futuro, num interminável presente.

Não transfiras para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas.

Toma a atitude natural do momento e age conforme as circunstâncias, as possibilidades.

Cada instante, vive-o, totalmente sem aguardar o que virá ou lamentar o que se foi.

Descobrirás que assim agindo, sem constrições, nem pressas ou postergações, te sentirás interiormente livre, pois que somente em liberdade o medo desaparece.

Não aguardes, nem busques a liberdade. Realiza-a na consciência plena que age de forma responsável e tranqüiliza os sentimentos.

O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam.

É responsável pela ansiedade - medo de perder isto ou aquilo - sem dar-se conta que somente se perde o que se não tem, portanto, o que não faz falta.

A ação consciente, prolongando-se pelo fio das horas, anula o medo, por não facultar a medida do comportamento nas memórias pessoais ou sociais.

Simão Pedro, por medo dos poderosos do seu tempo, negou o Amigo que o amava e a Quem amava.

Judas, por medo que Ele não levasse a cabo os compromissos assumidos, vendeu o Benfeitor.

Os beneficiários das mãos misericordiosas de Jesus, por medo se omitiram, quando Ele foi levado ao sublime holocausto.

Pilatos, por medo, indeciso e pusilânime, lavou as mãos quanto à vida do Justo.

...E Anás, Caifás, a turbamulta, com medo do Homem Livre, resolveram crucificá-lO, através do hediondo e covarde conciliábulo da própria miséria moral, que os caracterizava.

Ele porém, não teve medo. Pensa e busca-O, libertando-te do medo e seguindo-O, em consciência tranqüila, mediante cujo comportamento te sentirás pleno, em harmonia.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.

10 janeiro 2007

Compaixão - Joanna de Ângelis

COMPAIXÃO

Escasseia, na atual conjuntura terrestre, o sentimento da compaixão. Habituando-se aos próprios problemas e aflições, o homem passa a não perceber os sofrimentos do seu próximo.

Mergulhado nas suas necessidades, fica alheio às do seu irmão, às vezes, resguardando-se numa couraça de indiferença, a fim de poupar-se a maior soma de dores.

Deixando de interessar-se pelos outros, estes esquecem-se dele, e a vida social não vai além das superficialidades imediatistas, insignificantes.

Empedernindo o sentimento da compaixão, a criatura avança para a impiedade e até para o crime.

Olvida-se da gratidão aos pais e aos benfeitores, tornando-se de feitio soberbo, no qual a presunção domina com arbitrariedade.

Movimentando-se, na multidão, o indivíduo que foge da compaixão, distancia-se de todos, pensando e vivendo exclusivamente para o seu ego e para os seus. No entanto, sem um relacionamento salutar, que favorece a alegria e a amizade, os sentimentos se deterioram, e os objetivos da vida perdem a sua alta significação tornando-se mais estreitos e egotistas.

A compaixão é uma ponte de mão dupla, propiciando o sentimento que avança em socorro e o que retorna em aflição.

É o primeiro passo para a vigência ativa das virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o bem-estar pessoal.

O individualismo é-lhe a grande barreira, face a sua programação doentia, estabelecida nas bases do egocentrismo, que impede o desenvolvimento das colossais potencialidades da vida, jacentes em todos os indivíduos.

A compaixão auxilia o equilíbrio psicológico, por fazer que se reflexione em torno das ocorrências que atingem a todos os transeuntes da experiência humana.

É possível que esse sentimento não resolva grandes problemas, nem execute excelentes programas. Não obstante, o simples desejo de auxiliar os outros proporciona saudáveis disposições físicas e mentais, que se transformarão em recursos de socorro nas próximas oportunidades.

Mediante o hábito da compaixão, o homem aprende a sacrificar os sentimentos inferiores e a abrir o coração.

Pouco importa se o outro, o beneficiado pela compaixão, não o valoriza, nem a reconheça ou sequer venha a identificá-la. O essencial é o sentimento de edificação, o júbilo da realização por menor que seja, naquele que a experimenta.

Expandir esse sentimento é dar significação à vida.

A compaixão está cima da emotividade desequilibrada e vazia. Ela age, enquanto a outra lamenta; realiza o socorro, na razão em que a última apenas se apiada.

Quando se é capaz de participar dos sofrimentos alheios, os próprios não parecem tão importantes e significativos.

Repartindo a atenção com os demais, desaparece o tempo vazio para as lamentações pessoais.

Graças à compaixão, o poder de destruição humana cede lugar aos anseios da harmonia e de beleza na Terra.

Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o teu próximo, o mundo, e, compadecendo-te das suas limitações e deficiências, cresce em ação no rumo do Grande Poder.

Divaldo P. Franco. Da obra: Responsabilidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

09 janeiro 2007

O Bem é a Meta - Joanna de Ângelis

O BEM É A META

Surge a Era Nova.

O sol da esperança desbasta as trevas da ignorância.

Pequenos grupos de servidores verdadeiros do Evangelho, no silêncio da renúncia, estão levantando os pilotis sobre os quais será erguida a Era Nova.

Sem alarde, em luta ingente, esses corações convidados constituem segurança para o mundo melhor de amanhã.

Não obstante o vendaval, as ameaças do desequilíbrio e o predomínio aparente das forças da violência, o bem, corno fluido de libertação, penetra todo o organismo terrestre preparando o mundo novo.

Não engrossam as fileiras dos desanimados, nem aplaudem a insensatez dos perversos ou apóiam a estultícia dos vitoriosos da ilusão.

Quem aprendeu a confiar em Jesus põe as suas raízes na verdade. São minoria, não, porém, grupo ao abandono.

Todos os grandes ideais da humanidade surgem em pequeninos núcleos, que se alargam em gerações após gerações.

O Cristianismo restaurado, por sua vez, é a doutrina do amanhã, no enfoque espírita, porque, enquanto a mensagem de Jesus teve de destruir as bases do paganismo para erguer o santuário do amor, o Espiritismo deve apenas erigir, sobre o Cristianismo, o templo luminoso da caridade.

Chamados para este ministério, não duvidam, alegrando-se por ter seus nomes inscritos, como diz o Evangelho, no livro do reino dos céus e serem conhecidos do Senhor.

Nossa Casa tem ação. É hoje reduto festivo, santuário que alberga Espíritos mensageiros da luz, oficina onde se trabalha, escola de educação e hospital de recuperação de vidas.

Com outros Obreiros aqui temos estado, mantendo a chama da verdade acesa - como ocorria com os antigos faróis com a flama ardente, apontando a entrada dos portos e mais tarde dando notícias dos recifes e perigos do mar.

Filhos da alma, nunca desistam de fazer o bem, face ao aparente triunfo do mal em desgoverno, em torno de suas vidas.

Passada a tempestade, a luz volta a fulgir.

A sombra é somente ausência da claridade. Não é real.

Só Deus é Vida; somente o Bem é meta.


Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1994.

08 janeiro 2007

Milagre e demônio - Orson Peter Carrara


Milagre e Demônio

Antes de quaisquer considerações, conheçamos as definições dessas palavras. Milagre, segundo o dicionário, quer dizer fato que se atribui a causas sobrenaturais ou efeito cuja causa escapa à razão humana; demônio quer dizer, ainda segundo o dicionário, gênio do mal, anjo caído.

As duas palavras são vazias de sentido pois ambas definem, respectivamente, um acontecimento e um ser que não existem. É simples: basta observar atentamente as definições. Nada há de sobrenatural. Ao contrário tudo é natural, perfeitamente enquadrado em leis naturais estabelecidas pelo Criador. O que pode ocorrer é que temporariamente não podemos compreender determinados fatos. E também não escapam à razão humana, pois esta não está restrita ao acanhado cenário do mundo.

Mas, atualmente, com as pesquisas que avançam aquilo que era incompreendido passa a ser compreendido. Quem afirmaria (isto para usar um único exemplo), há mais de um século a possibilidade de comunicação, à distância com outra pessoa, através do usual aparelho que hoje denominamos telefone? Seria um milagre no passado. Hoje já integra o cotidiano da vida humana. Curas inexplicáveis, aparições surpreendentes, fenômenos que causam grande admiração já não são mais milagres. O conhecimento da verdadeira natureza humana - que transcende os limites da vida material - e da possibilidade real da comunicação entre os chamados vivos e os considerados mortos (e acrescente-se de sua permanente intervenção nos caminhos humanos), derruba qualquer tentativa de classificação desses fatos como sendo sobrenaturais ou milagrosos.

O mesmo se dá com a palavra demônio. Como conceber a expressão anjo caído ou gênio do mal, diante da bondade de Deus, manifesta em tantas belezas naturais e provas irrecusáveis da existência de um Pai extremamente amoroso? Como poderia ter Ele, o Criador de todas as coisas e de todos os seres, um concorrente? Ou também permitir a existência de um gênio do mal? E ainda como estar incapaz de enfrentar os poderes de tal gênio? E mais, como que leis soberanas e sábias permitiriam a decaída de um anjo?

Que ninguém tema nem se assuste. Diabo não existe! Essa idéia raia pelo absurdo. E milagre é apenas um fato ainda incompreendido. As más ações, a conduta reprovável, estas sim caracterizam um demônio interior no ser humano, requerendo corrigenda. E que milagre seja o esforço pela renovação de propósitos no bem. É o que ensina o Espiritismo.

Orson Peter Carrara

07 janeiro 2007

Nada é Inútil - Emmanuel

Nada é inútil

Não aguardes aparente grandeza para ser útil.

Missão quer dizer incumbência.

E ninguém existe ao acaso.

Buscando entender os mandatos de trabalho que nos competem, estudemos, de leve, algumas lições de coisas da natureza.

A usina poderosa ilumina qualquer lugar, á longa distância, contudo, para isso, não age por si só.

Usa Transformadores de um circuito a outro, alterando, em geral, a tensão da corrente.

Os transformadores requisitam fios de condução.

Os fios recorrem á tomada de força.

Isso, porém, ainda não resolve.

Para que a luz se faça, é indispensável a presença da lâmpada, que se forma de componentes diversos.

O rio, de muito longe, fornece água limpa á atividade caseira, mas não se projeta desordenado, a serviço das criaturas.

Cede os próprios recursos á rede de encanamento.

A rede pede tubos de formação variada.

Os tubos exigem a torneira de controle.

Isso, porém, não é tudo.

Para que o líquido se mostre purificado, solicita-se o concurso do filtro.

O Avião transporta o homem, de um lado a outro da Terra, mas não é um gigante auto-suficiente.

A fim de elevar-se, precisa combustível.

O combustível solicita motores que o aproveitem.

Os motores reclamam os elementos de que se constituem.

Isso, porém, ainda não chega.

Para que a máquina voadora satisfaça aos próprios fins, é imprescindível se lhe construa adequado campo de pouso.

No Dicionário das Leis Divinas, as nossas tarefas têm o sinônimo de dever.

Atendamos à obrigação para qual fomos chamados no clima do bem.

Não te digas inútil, nem te asseveres incompetente.

Para cumprir a missão que nos cabe, não são necessários um cargo diretivo, uma tribuna brilhante, um nome preclaro ou uma fortuna de milhões.

Basta estimemos a disciplina no lugar que nos é próprio, com o prazer de servir.

Livro: Escultores de Almas - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

06 janeiro 2007

Obsessão Prazerosa - Waldehir Bezerra de Almeida

Obsessão Prazerosa

Não é raro que nosso psiquismo encontre benefícios no sofrimento; há casos em que não queremos a cura, mesmo inconscientemente

Certa feita ouvi um expositor dizer que algumas pessoas têm prazer em serem obsidiadas. Estranhei a assertiva e busquei estudar o assunto. Encontrei na psicanálise as afirmações de que a neurose é doença que se desencadeia e se mantém devido à satisfação que proporciona ao neurótico; que esse processo é conforme o princípio do prazer e tende a obter um benefício; que esse beneficio ou ganho fica evidenciado pela resistência do doente ao seu tratamento, não querendo, inconscientemente, se curar. Sigmund Freud, o criador da Psicanálise denominou esse fato de beneficio secundário da doença que, em resumo, significa qualquer satisfação direta ou indireta que um sujeito tira da sua doença. Informa Laplanche (2001) que esse ganho ou beneficio é determinado pela "satisfação encontrada no sintoma, fuga para a doença e modificação vantajosa das relações com o meio".

Brenner (1973) diz que, "uma vez formado um sintoma, o ego pode descobrir que ele traz vantagens consigo. [ ... ] Do ponto de vista da teoria dos sintomas psiconeuróticos, o ganho secundário não é tão importante quanto o primário mas, do ponto de vista de seu tratamento, pode ser importante, já que uma grande proporção de ganho secundário pode advir do fato de que o paciente inconscientemente prefere conservar sua neurose a perdê-la, pois seus sintomas se lhe tornaram valiosos."
Essas considerações freudianas não nos convenceram de imediato. Não foram suficientes para crermos que alguém tire vantagens do mal que lhe apoquenta, admitindo que ele, inconscientemente, não deseja a cura, embora a procure. Buscamos, então, o esclarecimento da Doutrina Espírita.

O que dizem os Espíritos

"Não raro - afirma o Espírito Dr. José Carneiro de Campos -, pessoas portadoras de neoplasia maligna e outras doenças, quando recuperam a saúde, sentem-se surpreendidas e algo decepcionadas, tão acostumadas se encontravam com a injunção mortificadora de que eram objeto. Por outro lado, dão-se conta de que a família já lhes não dispensa a mesma atenção e o grupo social logo se desinteressa por suas vidas, despreocupando-se em relação às mesmas. Sentindo-se isoladas desmotivam-se de viver, criam recidivas ou facultam a presença de outras mazelas com que refazem o quadro de protecionismo que passam a receber, satisfazendo-se com a ocorrência aflitiva". Freud tinha mesmo razão.

Encontramos esse procedimento também no processo obsessivo, doença mental, com graves reflexos no organismo físico. Nela, o obsidiado, muita vez não deseja sinceramente se desvencilhar do seu obsessor, embora se apresente interessado na libertação. Recolhemos da obra de André Luiz um trecho que confirma exatamente esse comportamento.

- "Que vemos? - exclamou Hilário, intrigado. Não será esta a criatura que o serviço desta noite pretende isolar das más influências?

E porque o orientador respondesse de modo afirmativo, meu colega continuou:

- Deus de bondade! mas não está ela interessada no reajustamento da própria saúde? Não roga socorro à instituição que freqüenta?

- Isso é o que ela julga querer explicou Áulus, cuidadoso. - Entretanto no íntimo, alimenta se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente. Milhares de pessoas são assim. Registra doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem- se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se comprazem, Isso acontece na maioria dos fenômenos de obsessão. Encarnados e desencarnados se prendem uns aos outros, sob vigorosa fascinação mútua, até que o centro de vida mental se lhes altere. É por esse motivo que, em muitas ocasiões, as dores maiores são chamadas a funcionar sobre as dores menores, com o objetivo de acordar as almas viciadas nesse gênero de trocas inferiores".

Doutrinadores e Desobsessão

Essas informações devem conduzir aqueles que atuam na desobsessão nos centros espíritas a desenvolverem cuidados especiais a cada um dos que procuram os benefícios da Doutrina Espírita, pela terapêutica desobsessiva. Esta deve ser fundamentada sempre na realidade do Espírito e dos reflexos que a obsessão produz no complexo psiquismo de todos nós. Sem nos precipitarmos a fazer julgamentos, nós, os doutrinadores, não podemos deixar de reconhecer, como ensina o Mentor Áulus, que nem todos os que buscam a saúde da alma estão dispostos à luta pela sua conquista. A vítima da obsessão tem a consciência culpada e que, por isso mesmo, permite a sintonia com aquele ou aqueles Espíritos que lhe impõem pelos aguilhões do sofrimento a reforma íntima. Mas a criatura não quer trocar a doença pela reforma, que vai lhe exigir muito esforço moral. Em razão dessa verdade não se pode querer resolver o problema do obsidiado sem que ele primeiro o deseje.

Na condição de seres melhorados, fazendo uso da Moratória Divina, nós, os doutrinadores, devemos direcionar cuidados às duas vítimas do processo obsessivo, não trabalhando para afastar uma da outra, porque nem sempre é isso que desejam, e sim para mostrar-lhes o caminho da convivência pacífica e renovadora, que é ajardinado com as flores do Evangelho do Sublime Peregrino. Mas, caminho esse, que deve ser palmilhado pelo obsessor e pelo obsidiado, com as sandálias do perdão.

É necessário acreditarmos - mesmo que não aparente - que a libertação do escravo da obsessão não se dá, em muitos casos, porque ele se compraz no calabouço, encontrando vantagens em assim permanecer. Somente o estudo e a compreensão das Leis Divinas, responsabilizando-o pelo que lhe acontece, conduzem-no à prática da humildade e do perdão, fazendo com que se encoraje a arrebentar os grilhões do passado e reconstruir no presente um futuro prenhe de paz e harmonia.

Ensina-nos Joanna de Angelis: "As causas profundas das doenças, portanto, estão no indivíduo mesmo, que se deve auto-examinar, autoconhecer-se a fim de libertar-se desse tipo de sofrimento". Ora, o auto-exame e o autoconhecimento somente alcançaremos se combatermos o orgulho em nós para que tenhamos coragem de realizar a nossa reforma íntima, livrando-nos das causas das nossas doenças que não estão fora, mas dentro de nós mesmos.

Não há dúvidas, pois aprendemos ao longo das experiências, que há prazer que nos gera sofrimento. Mas é um tanto difícil admitirmos, não obstante o que nos ensinam a psicanálise e os Espíritos, que há sofrimento que nos dá prazer.

Quão complexo é esse nosso psiquismo!

Nota:o autor é professor aposentado; atua no movimento espírita de Brasília-DF .
Revista Internacional de Espiritismo.Abril de 2006