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30 novembro 2008

Os Anjos Guardiães - Raul Teixeira

Os Anjos Guardiães

Jamais suponhas que tu estejas ao léu na Terra. Não. Cada qual de nós que renasce no mundo, a Divindade aciona alguém para nos orientar, ao longo de nossa trajetória por aqui.

Esse alguém, esse ser espiritual é conhecido, desde todos os tempos, e nós o chamamos de nosso anjo guardião.

Desde quando surgiu no palco da mentalidade humana a idéia de que há anjos, de que existem seres angélicos, aquele ser superior a nós, que nos guia a vida, que nos orienta a vida, que nos coordena os passos, é chamado de anjo guardião, ou simplesmente anjo da guarda, ou simplesmente nosso guia.

Existem várias imagens que tentam representar o nosso anjo guardião. Há uma muito conhecida, muito popular, de um anjo com asas enormes acompanhando um menino que corre atrás da bola na direção do abismo.

É tão importante saber que a imagem que se tem do anjo guardião é a imagem de quem nos guia, de quem nos protege.E, de fato, o anjo guardião é um Espírito de hierarquia superior à nossa. O bom senso nos diz que tem que ser assim.

Alguém para guiar outro alguém não pode estar no mesmo nível, não pode ser equiparado, porque não saberia sair das situações complexas, inspirar nas situações difíceis.

Logo, o nosso anjo guardião, invariavelmente, é um Espírito de hierarquia mais alta que a nossa.

O anjo guardião funciona como se fosse um irmão mais velho, um pai amoroso, um mestre, um professor, mas fundamentalmente, um amigo.

E nessa amizade, nessa paternidade, nessa irmandade, o nosso anjo guardião não nega recursos para nos fazer criaturas felizes, ainda que para isso tenha que nos deixar sofrer, ainda que para isso nos permita a lágrima.

Desse modo, nós ficamos pensando como é importante essa consciência de que, apesar de sermos pessoas maduras, racionais, homens e mulheres que já conseguimos decidir as nossas vidas na Terra, se não tivéssemos o nosso guardião, cairíamos invariavelmente em muitas trampas do caminho, em muitas armadilhas da vida material na Terra.

Porque é na Terra onde encontramos toda gama de perigos, todas as dificuldades, e a nossa visão humana não é tão abrangente, em termos espirituais, que nos permita identificar onde se acham determinados perigos, determinadas dificuldades.

O anjo guardião é essa criatura que nos inspira, que nos orienta, mas de nenhuma maneira interfere no nosso livre arbítrio, senão ninguém mataria outra pessoa, ninguém roubaria, ninguém furtaria.

Se não fosse esse respeito pelo livre arbítrio, ninguém trairia ninguém, ninguém mentiria contra ninguém, porque o nosso anjo guardião não chancela isso, não aprova isso, não pode aplaudir essas coisas. Mas, em nome do respeito ao nosso livre arbítrio, ele nos deixa agir, na certeza de que, depois da nossa ação teremos que suportar o peso da reação.

É desse modo que verificamos que a nossa vida na Terra só não é mais feliz porque ainda não o desejamos, nem sabemos que é possível ser mais feliz na Terra.

Para nós, nascer na Terra já é, em si próprio, motivo de sofrimento. Pouca gente faz idéia de que a nossa vida no mundo é destinada ao nosso crescimento, à nossa felicidade.

Só que, para que alcancemos esse crescimento, para que logremos essa felicidade, temos que fazer a nossa parte.O nosso anjo guardião nos inspira, repito, nos orienta, nos ajuda, mas ele não pode fazer o que somente nós podemos.

Alguém que visite o médico diante de um problema de saúde, ouvirá do médico as orientações devidas, receberá do médico a prescrição quanto à medicação a tomar, mas vai tomar se quiser, fará uso, se quiser, de tudo quanto o facultativo lhe haja indicado.

Assim é a nossa vida com nossos anjos guardiães. Nós poderemos receber deles toda boa inspiração, mas colocá-la em prática já será de nossa inteira liberdade.

Nosso anjo guardião merece, por isso, ser buscado, procurarmos estreitar os vínculos com ele. É certo que ele não nos abandona, mas nós, muitas vezes, nos desplugamos da sintonia com ele, saímos dessa sintonia com ele e obviamente nos sentiremos a sós, um tanto quanto perdidos nessa vastidão do mundo Terra.

E é tão triste essa sensação de que não temos ninguém, embora tenhamos todos a nosso favor, porque se temos Deus conosco através da figura do nosso guardião, não precisaríamos de mais nada.

* * *

Essa presença de Deus junto a nós, através da figura do nosso anjo guardião, precisa ser valorizada por nós. Sim, precisa ser valorizada por nós.

É muito comum que cheguemos ao ponto de sair procurando ajuda através de outras criaturas.Vamos procurar os médiuns, os sacerdotes, os rabinos, os pastores, os pais de santo, na tentativa de que eles nos resolvam problemas, supondo que eles nos apontarão caminhos.

Muitas vezes o fazem, mas porque são criaturas humanas como nós, vivendo as mesmas lutas e necessidades do mundo, às vezes num plano de melhor visão, muitas vezes dotados de maior experiência que a gente, mas não deixam de ser criaturas humanas, atropeladas pelos mesmos vendavais que atropelam as nossas vidas, nem sempre eles atinarão para com o sentido daquele sofrimento que nos acontece, para com a fonte daquele tormento que nos acicata.

Mas, o nosso anjo guardião sabe exatamente porque é que nós estamos atravessando determinadas quadras da vida, positivas ou doloridas. Nosso anjo guardião sabe.

Será importantíssimo nós aprendermos a fechar circuito com eles, a travar contato com eles. Poderemos fazer isso, sem dúvida, aprendendo a fazer silêncio íntimo.

Temos vivido num tempo na Terra e, particularmente nesse lado ocidental do mundo, em que não conseguimos fazer silêncio mental. Acostumamo-nos culturalmente ao barulho, ao tumulto.

Dessa forma, será muito difícil para nós manter contato com nosso anjo guardião. Para ouvirmos entre aspas, sua voz, para captarmos seu psiquismo, é necessário silenciar nossos barulhos internos, nossos tumultos interiores.

Os orientais costumavam dizer que a nossa mente ocidental é semelhante a um macaco louco, porque salta de um para outro galho. Nós pensamos várias coisas ao mesmo tempo e isso nos perturba muito a capacidade de concentração.

É necessário, em nossa vida, o exercício de fazer silêncio íntimo, o exercício de silenciar, desligar os celulares, a campainha da porta, desligarmos o rádio, a televisão e fazermos durante um tempo, a nossa reflexão.

Pensar na natureza, os quadros bons da natureza, as coisas que nos sensibilizam, que nos comovem. Gradativamente nós vamos aprendendo a concentrar.

Concentrar-se é dirigir-se para alguma coisa ou algum lugar. É transformar alguma coisa, algum lugar, algum fato, no centro da nossa atenção.

Daí então, o nosso anjo guardião merece que nós façamos esse exercício para conseguirmos, ao longo do tempo, estabelecer ponte com ele.

A princípio, quando começarmos a fazer silêncio íntimo, sentiremos grande dificuldade, porque estamos acostumados ao barulho.Temos que falar o tempo todo da nossa vida. Não temos costume de silenciar, de passar algumas horas por conta da nossa própria reflexão.

Temos que estar escutando alguma coisa, seja música, seja conversa dos outros, seja irradiação de futebol, seja a novela, seja o que for: o tempo todo nos acostumamos ao barulho, não conseguimos fazer ponte com o Além Superior.

É importante que comecemos o exercício. Na hora em que o pensamento evadir-se, retornamos e recomeçamos a pensar naquilo que era alvo da nossa atenção.O tempo vai passando e nós vamos aprendendo, gradativamente, a ficar mais tempo em silêncio. Silêncio, ouvindo a voz do infinito.

O célebre Pitágoras estabeleceu que o Universo tem uma harmonia, uma sinfonia, corpos que giram para todos os lados, com velocidades variadas não podem ter outra destinação senão a produção de sons.

Mas Pitágoras estabeleceu que nós não conseguimos ouvir esses sons da natureza, porque já nascemos mergulhados nele, não temos o contraste do som e do silêncio.

Então, para nós será importante aprendermos a ouvir esse som do Universo conscientemente, sabedores de que não saberemos distingui-lo do silêncio cósmico. Mas vamos aprender a ouvir o silêncio do Universo que, para nós, será uma verdadeira sinfonia.

Somente quando o logremos, saberemos. Teremos conseguido fazer ponte mental com nosso anjo guardião. Surgir-nos-ão inspirações, idéias, palavras, aprimoramento daquelas idéias que já tínhamos desenvolvido.

Desse modo, estaremos entrosados com aquele Espírito que foi destinado a nos conduzir na Terra, do nosso berço ao nosso túmulo. Muitas vezes, desde antes do nosso berço terrestre, muitas vezes, para além da nossa morte física, nosso anjo guardião nosso amigo, representante de Deus junto a nós.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 120, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 03.08.2008.

29 novembro 2008

Em Torno do Abortamento - Raul Teixeira

 Em Torno do Abortamento

A sociedade terrestre, volta e meia, é sacudida por movimentos variados em torno de idéias, de ideologias, de concepções.

Concepções essas que nascem no campo da política, das crenças religiosas, dos esportes, da vida social de maneira geral.

Certamente que, nesses tempos que estamos vivendo no mundo, há uma peleja que vários países já defrontaram. Alguns conseguiram abolir, outros conseguiram incrementar, que é a questão do abortamento.

Agora estamos às voltas, em nosso país, com essa questão do abortamento. Há criaturas contra, há criaturas favoráveis.

Mas o importante é saber que, em nenhum momento, nós seremos felizes por praticar aborto ou abortamento, já que o aborto é o produto do abortamento, é o que se retira da mulher depois de trucidado no ato do abortamento.

Ora, cada vez que nós pensamos nas teses levantadas por partidos políticos, por lideranças sociais, por indivíduos, por associações, parece que nós estamos lidando num mundo de raízes eminentemente materialistas.

E, algumas vezes, um materialismo cruel, um materialismo asselvajado. Alguns imaginam que se tem que fazer aborto porque a mulher tem direito de fazer aborto. Outros dizem que se tem que fazer aborto para se evitar essa natalidade descontrolada que se encontra pelo mundo.Outros asseveram que o aborto viria resolver problemas sérios da relação íntima dos casais.Outros imaginam que o abortamento poderia ser uma arma bastante poderosa nos combates econômicos, nas lutas econômicas de uma sociedade.

Cada qual tem uma argumentação para chancelar o abortamento, enquanto que aqueles que levantam as bandeiras em oposição a essas teses abortistas, se sentem cada dia mais chocados, agredidos, violentados com essa concepção materialista de que se tem que matar para que alguém seja feliz.

Ora, os argumentos levantados para matar as crianças, os embriões, os fetos na intimidade da mãe, são alguns deles ponderáveis. Mas, muitos deles absurdos.

Obviamente, quando se pensa em abortamento, se está imaginando que, dentro do ventre de uma mulher, não esteja senão alguns gramas de tecido orgânico, de carne, de gorduras, de lipídios e nada mais.

O que se passa porém, é que, quando ocorre a fecundação na madre feminina, aí se liga um ser espiritual. Nós estamos diante de uma questão espiritual porque o abortamento caracterizará um homicídio.

A partir do momento em que o espermatozóide penetrou o óvulo, surgiu o zigoto, já o ser espiritual passa a gerenciar esse cosmo orgânico que começa dessa célula grande, macroscópica e que vai se multiplicando gradativamente, através dos campos eletromagnéticos que esse ser espiritual leva consigo.

Essas células se vão multiplicando, através dos seus processos de mitoses, de meioses, nós vamos achando um corpinho se formando pouco a pouco e aparecem as instrumentações íntimas que vão gerar os ossos, os músculos, todos os tipos de tecidos vão sendo definidos desde o embrião.

E, a partir daí, é que ao levarmos essa mulher grávida a um aparelho para que possa ser observada, já identificamos esse ser espiritual que pulsa em sua intimidade, que canta as belezas da vida em sua intimidade.

Já lhe ouvimos o coração batendo descompassadamente, variadas vezes, para a emoção de quem escuta, desde o médico aos pais.

Então não se justifica que com um mês, dois meses, três meses, quatro meses, seis, sete meses, se possa perpetrar o abortamento. Estaremos incorrendo em gravames muito sérios diante da consciência, quando optamos por essa saída aparentemente mais fácil, mas que é muito complexa porque, mesmo que a mulher não se dê conta disso, ela ficará envolvida nesse processo durante o resto de sua vida.

Por mais que trabalhe, por mais que realize, essa consciência de que um dia foi levada a matar seu próprio filho, ou desejou matar seu próprio filho, fará com que ela carregue essa chaga aberta no coração, que nem sempre conseguirá se converter em cicatriz.

* * *

Todos os argumentos que, até agora, têm sido utilizados para justificar ou tentar justificar o ato do abortamento, são argumentos vazios em si próprios.

Quando ouvimos a voz dos Espíritos do Senhor que falaram em O Livro dos Espíritos e outras vozes do Senhor que têm falado em diversas igrejas, em diversas filosofias, pela boca de várias criaturas de bom senso, nós encontramos o fato de que, diante das Leis de Deus, o abortamento é um crime, qualquer que seja o período da gestação.

Não existe essa questão de que tem poucas semanas, tem poucos meses. Desde que o Espírito se ligou ao corpo que vai se desenvolvendo, retirar de dentro da criatura humana esse corpo, se configura num crime de homicídio. E com um agravante, a criatura não tem como se defender.

O embrião, o feto estão à disposição daquela criatura em quem mais eles deviam confiar, suas mães.

Então, não se pode justificar algo desse quilate, algo desse sentido. Alguns afirmam que as mulheres têm direito ao seu corpo e gritam isso em altas vozes.

Jamais ninguém de bom senso negaria às mulheres o direito ao seu corpo. Todas as mulheres têm direito ao seu corpo.

Mas há algo que, muitas vezes, não se pára a pensar. Quando alguém perpetra o abortamento, não é o corpo da mulher que é lesionado e assassinado, é o do seu filho. E o corpo do seu filho não é o dela, está se nutrindo no dela, está resguardado pelo dela, mas é o corpo do seu filho.

Obviamente, matar alguém que depende de nós; matar alguém que nos está pedindo abrigo, não se justifica.

Outros dizem que, quando a mulher sofre estupros, violências sexuais e disso decorra uma gravidez, ela tem direito a retirar o filho indesejado.

Poderíamos discutir isso, e levá-la a pensar no seguinte: ela está agredida, violentada, traumatizada, porque alguém lhe desrespeitou a intimidade, o desejo íntimo, a privacidade sexual.

Nada obstante, ela pretende sujar suas mãos de sangue, sangue do seu próprio filho?

Ora, alguém que tenha coragem de trucidar seu próprio filho, seja porque argumento seja, vai se comportar bem pior do que o violador, do que o violento que a tenha seduzido, seviciado, fecundado.

É importante que nós, no desejo de ganhar uma batalha, uma peleja, uma argumentação, não fiquemos tomando expressões e posições infantilizadas, que certamente só terão nutrientes, só terão respaldo se estivermos tratando dentro de um enfoque eminentemente materialista ou niilista, que não contemple a realidade do Espírito.

É injustificável que, numa sociedade que se afirma cristã, numa sociedade que afirma amar a Deus e a crer em Jesus Cristo e em Suas lições, ainda haja espaços para que se pense em abortamento.

Não podemos alimentar qualquer ilusão de que os poderes econômicos, os poderes políticos, aqueles que estão desejosos, seja porque motivo seja, de perpetrar o aborto ou as práticas do abortamento, possam consegui-lo.

Neste mundo de desvalores espirituais, neste mundo de tantas dificuldades de ordem moral, não é difícil acreditar que o aborto possa ter o aplauso de nossas autoridades, de muitas comunidades de classe, de uma população muito grande no planeta e no nosso país.

Mas, não esqueçamos de que nós vamos ter que dar conta disso mais dia, menos dia. Retornaremos para explicar a nós próprios, para dar conta à nossa consciência desse crime que cometemos.

Os Espíritos do Senhor liberam somente um tipo de abortamento: aquele abortamento terapêutico, quando o médico decide fazê-lo em virtude do comprometimento da vida da mãe.

Não é a mãe que decide: Eu quero fazer aborto porque eu sofro do coração. Não é o pai da criança que decide: Eu quero que minha mulher faça aborto porque eu não posso criar. Não. É o médico que, ao verificar o risco iminente que corre a vida da mãe, analisa, sob a influência dos Bons Espíritos, entre uma vida que já está, e outra que ainda virá... e sacrifica essa que ainda virá em favor da que está, para que continue.

Abortamento é tisnar as mãos com o sangue de um inocente. Numa sociedade cristã, deveríamos ter fé e consciência, e ajudar as mulheres a ter seus filhos e dirigi-los a outras mãos, caso não os quisessem.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 113, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 27.07.2008. 

28 novembro 2008

Segurança Intíma - Joanna de Ângelis

SEGURANÇA ÍNTIMA

Embora atingido pela maleivosa insinuação da inveja, não te deixes arrastar à inquietação.

Não obstante a urdidura da
maledicência tentando envolver-te em suas malhas, não te perturbes com a sua insídia.

Mesmo que te percebas incompreendido,
quando não caluniado pelos frívolos
e despeitados, não te aflijas.

Segurança interior deve ser a tua
força de equilíbrio, a resistência dos teus propósitos.

Quem é fiel a um ideal dignificante não consegue isentar-se da animosidade gratuita, que grassa soberana, ou sequer logra permanecer inatacável pela pertinácia da incúria...

Somente os inúteis poderiam acreditar-se não agredidos.

O bom operário, todavia, quando na
desincumbência dos deveres, experimenta as agressões de todo porte com que os cômodos e insatisfeitos pretendem desanimá-lo.

De forma alguma concedas acesso à
irritação ou à informação malsã na tua esfera de atividades.

Quando te sentires compreendido, laureado pelos sorrisos e beneplácitos humanos, quiçá estejas atendendo aos interesses do mundo, contudo não te encontrarás em
conduta correta em relação aos compromissos com Jesus.

Quem serve ao mundo e a ele se submete certamente não dispõe de tempo para os deveres relevantes, em relação ao espírito.
A recíproca, no caso, é verdadeira.

Não te eximirás, portanto, à calúnia, à difamação, às artimanhas dos famanazes da irresponsabilidade, exceto se estiveres de acordo com eles.

Não produzem e sentem-se atingidos por aqueles que realizam, assim desgastando-se e partindo para a agressividade, com as
armas que lhes são afins.

Compreende-os, malgrado não te concedas sintonizar com eles nas faixas psíquicas em que atuam.

Não reajas, nem os aceites.

Suas farpas não devem atingir-te.

Eles estão contra tudo. Afinal estão
contra eles mesmos, por padecerem de
hipertrofia dos sentimentos e enregelamento da razão.

Segurança íntima é fruto de uma consciência tranqüila, que decorre do dever retamente cumprido, mediante um comportamento vazado nas lições que haures na Doutrina de Libertação espiritual, que é o Espiritismo.

Assim, não te submetas ou te condiciones às injunções de homens ou Entidades, se pretendes servir ao Senhor...

Toda sujeição aos transitórios impositivos das paixões humanas, em nome do Ideal de vida espiritual, se transforma em escravidão com lamentável desrespeito aos compromissos reais assumidos em relação ao Senhor.

Recorda-te d’Ele, crucificado, desprezado, odiado por não se submeter aos impositivos da mentira e das vacuidades humanas, todavia triunfante sempre pela Sua fidelidade ao Pai.

Autor: Joanna de Ângelis (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco
Do livro: As Leis Morais da Vida

27 novembro 2008

Firmeza e Constância - Emmanuel

FIRMEZA E CONSTÂNCIA

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão." - Paulo. (I Coríntios, 15, 58).

Muita gente acredita que abraçar a fé será confiar-se ao êxtase improdutivo.

A pretexto de garantir a iluminação da alma, muitos corações fogem à luta, trancando-se entre as quatro paredes do santuário doméstico, entre vigílias de adoração e pensamentos profundos acerca dos mistérios divinos, esquecendo-se de que todo o conjunto da vida é Criação Universal de Deus.

Fé representa visão.

Visão é conhecimento e capacidade de auxiliar.

Quem penetrou a "terra espiritual da verdade", encontrou o trabalho por graça maior.

O Senhor e os discípulos não viveram apenas na contemplação.

Oravam, sim, porque ninguém pode sustentar-se sem o banho interior de silêncio, restaurando as próprias forças nas correntes superiores de energia sublime que fluem dos Mananciais celestes A prece e a reflexão constituem o lubrificante sutil em nossa máquina de experiências cotidianas.

Importa reconhecer, porém, que o Mestre e os aprendizes lutaram, serviram e sofreram na lavoura ativa do bem e que o Evangelho estabelece incessante trabalho para quantos lhe esposam os princípios salvadores.

Aceitar o Cristianismo é renovar-se para as Alturas e só o clima do serviço consegue reestruturar o espírito e santificar-lhe o destino.

Paulo de Tarso, invariavelmente peremptório nas advertências e avisos, escrevendo aos coríntios, encareceu a necessidade de nossa firmeza e constância nas tarefas de elevação, para que sejamos abundantes em ações nobres com o Senhor.

Agir ajudando, criar alegria, concórdia e esperanças, abrir novos horizontes ao conhecimento superior e melhorar a vida, onde estivermos, é o apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova.

Procuremos as águas vivas da prece para lenir o coração, mas não nos esqueçamos de acionar os nossos sentimentos, raciocínios e braços, no progresso e aperfeiçoamento de nós mesmos, de todos e de tudo, compreendendo que Jesus reclama obreiros diligentes para a edificação de seu Reino em toda a Terra.

Emmanuel (espírito)
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva

26 novembro 2008

A Postura do Pai - Momento Espírita

A Postura do Pai

Jesus tinha o hábito de ministrar ensinamentos por parábolas.

São pequenas histórias que contêm grandes lições.

O povo rude da época não possuía condições de compreender a amplitude das idéias do Mestre Divino.

Por isso, ele sabiamente vestiu Suas idéias com uma capa de alegoria.

Cada qual identifica nessas histórias um ensinamento de acordo com seu nível de entendimento.

O Espiritismo lança luzes sobre uma série de questões que, por muito tempo, permaneceram incompreensíveis.

É interessante refletir sobre as parábolas tendo em mente princípios espíritas, como a reencarnação e as leis de liberdade e de causa e efeito.

A parábola do Filho Pródigo é emblemática, pelas graves reflexões que suscita.

Dentre elas, chama a atenção a postura do pai.

Ele é instado por um dos filhos a lhe fornecer recursos para sair pelo mundo.

Generosamente, atende o pedido do filho.

Quando esse retorna, em triste estado, não o recrimina.

Ao contrário, recebe-o com festas e presentes.

Perante o outro filho, que se revela ciumento, também sua conduta é generosa e compreensiva.

Vai até o mancebo e o exorta a se alegrar pelo retorno do irmão que estivera perdido.

Ele compreende as fraquezas de seus rebentos e não se agasta, não recrimina e nem afasta nenhum deles.

É possível vislumbrar na figura desse pai sábio e amoroso a representação da Divindade.

Deus fornece recursos para que Seus filhos se lancem no mundo.

Ele dota todos os Espíritos de variados talentos e permite que façam o que desejam.

Essa postura atesta a Lei de Liberdade que vigora no Universo.

Todos são livres para escolher o modo como desejam viver.

Entretanto, é necessário arcar com as conseqüências das opções feitas.

Deus não pune ninguém, pois não se ofende com os erros de Suas criaturas.

Ele fornece tantas oportunidades quantas sejam necessárias para que cada Espírito aprenda suas lições.

As reencarnações se sucedem, enquanto o Espírito constrói em si o respeito às Leis Divinas e se pacifica.

O pai de braços abertos ao filho pródigo simboliza a eterna boa vontade de Deus para com todos os Espíritos.

Ele não se cansa de esperar e jamais deixa de amar, por longas que sejam a rebeldia ou a ilusão.

Afinal, sabe que sempre chegará o momento de glória da paz conquistada e da harmonia construída no íntimo do ser.

A conduta do pai perante o filho enciumado contém o ensinamento da Lei de Fraternidade que deve reger as relações humanas.

Ele exorta o rapaz a se alegrar pelo resgate do irmão.

Tem-se aí a lição de que não é suficiente obedecer regras e viver retamente.

A plenitude da evolução só se dá quando o Espírito lança um olhar generoso ao seu próximo e lhe estende as mãos.

Pense nisso!

Redação do Momento Espírita

25 novembro 2008

Amizade é o Amor Sublimado - Bezerra de Menezes

AMIZADE É O AMOR SUBLIMADO

Nascer e morrer são duas situações que deveriam ser encaradas pelos encarnados como uma coisa normal. A pessoa, para nascer, recebe ajuda de pessoas especializadas e. na minha época. em vida, de parteiras prestimosas. era o chegar ria vida. Ali era cortado o cordão umbilical, a criança respirava pelos seus pulmõezinhos e começava mais unia etapa reencarnatória, mais experiências, mais vivências, o resgatar de débitos, o assimilar de conhecimentos e a vida era recebida, na sua grande maioria. com manifestações de alegria. Era um bebê que chegava, era uma vida nova.

Quando a pessoa desencarna, ela tem os mesmos preparativos de quando ela nasce, ela parte para o inundo espiritual. Assim como existe para os que nascem o cordão umbilical, existe no plano espiritual o cordão fluídico, seja qual for a forma pela qual a pessoa desencarnou, com exceção de mortes violentas ou suicídio ‑ que quando não está tempo previsto, o cordão fluídico rompe‑se com violência ‑ existem os mesmos aparatos, cortar o cordão fluídico, a importância desse seccionar o cordão fluídico paia que o espírito permaneça num mundo espiritual sem aquela força vital que pode lhe trazer alguns distúrbios. É a mesma técnica para se nascer, porque se você não cortar bem o cordão umbilical, ou deixá‑lo sem cortar, a criança pode se esvair em sangue. Então, a vida material depende desse cortar do cordão, como a vida espiritual, no seu equilíbrio, depende desse cortar do cordão fluídico.

Mas o ser humano encara a vida como promessa e o desencarne como uma fatalidade. O desencarne material programado. aquele desencarne que é o cessar da prova, é visto no plano espiritual com muita alegria por aqueles que se encontram, no além. P com muita tristeza quando alguém parte por acidente, por invigilância ou por suicídio porque sabemos que aí a criatura vai esvaindo o seu fluido vital em grande sofrimento, não terá toda aquela ;reparação para se esgotar o fluido vital e ajuda: esta pessoa. então ela ficará colocada à própria sorte, porque se rebelou contra os desígnios divinos, se rebelou contra a dor que ela mesma programou para si.

Porque, se nós sofremos, se nós choramos, se passamos por testes difíceis, se o desespero nos bate à porta da alma, tudo isso foi conquistado pela nossa vontade, com nossos esforços, com as nossas opções de ‑‑ida. em decorrência das nossas decisões tomadas em vidas pretéritas.

Existem aquelas vidas em que, na própria carne, a pessoa já vai complicando o seu quadro cármico, com atitudes, com viciações, com imprevidência, com leviandade, com desonestidade, com indignidade, tudo isso são agravantes sérios para a criatura que já traz uma programação reencarnatória, dificuldades para serem superadas e tudo isso representará também agravantes seríssimos no plano espiritual para a pessoa que veio resgatar o que leva na sua bagagem, mais algumas contas para saldar. No geral do saldo ainda fica o devedor.

Sabemos o quanto é difícil enfrentar o mundo com as suas lutas, tomar as decisões certas, nos momentos mais imprevistos. Nós estamos juntos a todos vocês, sentimos a dor de todos vocês. compartilhamos desta dor e procuramos minorá‑las tanto quanto possível, mas respeitando sempre o canoa de cada urre, porque se nós não respeitarmos esse traçado cármico, nós estaremos impedindo as pessoas que amamos de crescer.

Uma criança aprende a escrever com sua própria mão, ela não aprende a escrever com a mão da mãe ou a do pai. A mãe que faz os exercícios do filho não está ajudando o seu filho, ela tem que ajudar o filho a superar as suas dificuldades, ensiná‑lo. estar presente, ter aquela voz mansa, não aquela voz traumática e agressiva, não a voz punitiva, mas a voz apoio, para que o filho aprenda. sem traumas, adquira conhecimentos de forma agradável. Mas a criança tem que fazer por ela, tem que amealhar conhecimentos. tem que incorporar em seu cérebro as informações que obtém no curse que está realizando, e, no curso da vida, as experiências naturais de todo espírito em desenvolvimento.

Por isto, fazer grandes dramas diante da morte só complica o quadro cármico daqueles que estão na terra e daqueles que partiram, porque a saudade desequilibrada, o amor desajustado, provoca sofrimentos enormes, mesmo para aqueles que já estão en5 colônias, já estão em hospitais e enfermarias. Eles passara por convulsões, espasmos violentíssimos, passam horas, dias era inconsciência, só recebendo aquelas emanações envenenadas da terra.

Por isso, em relação àqueles que partiram de uma forma violenta, desajustada ou suicídio, não .se deve pensar nas imagens negativas que eles deixaram. Deve‑se pensar nos instantes em que eles foram felizes, deve‑se pensar em momentos jubilosos. não nos instantes dolorosos, para que eles tenham força e se alimentem dessas energias lenitivas que são emitidas pelo pensamento.

Abençoado aquele que sabe orar pelos que partiram, porque nós sabemos a terapia de apoio que representa. mesmo para os que estão muito desajustados no plano espiritual. Às vezes nos encontramos com eles nos corredores, radiosos, felizes e perguntamos

‑ Porque você está tão feliz ?

‑ Recebi hoje uma prece de uma pessoa amiga. E essa notícia me foi muito prazerosa.

Ou então, quando alguém está dando uma aula, fazendo urra palestra ou recebendo uma terapia e chega aquela vibração boa, aí é projetado nos telões de prece‑ que nós chamarmos de telas de prece‑ em que é projetado o rosto da pessoa ali. Muitas vezes eles choram.

‑ Porque que esta pessoa que eu não conheço está orando por mim ? Porque não estão orando por mim meus parentes. meus filhos, meus amigos?

Naquele instante ele percebe, o ser que está recebendo a prece, que realmente a amizade não está ligada aos elos biológicos, amizade é o amor sublimado, na sua mais alta essência divina. Amizade é o sentimento mais puro que envolve a terra. Amor e paixão passam em várias experiência reencarnatórias, mas, a amizade são os companheiros de sempre, nas alegrias de sempre.

Bezerra de Menezes(espírito)
Psicografia de Shyrlene Soares Campos

24 novembro 2008

Estranho Amor - Lourdes Catherine

ESTRANHO AMOR

Na mitologia clássica, cada flor era encarada como uma dádiva dos deuses, uma obra divina do Olimpo. Assim, Narciso era um flor que correspondia à metamorfose de um belo jovem com esse mesmo nome. Filho da ninfa Liríope e do deus fluvial Cefiso, era dotado de extraordinária beleza. Ao nascer, um vidente profetizou que ele viveria muito tempo se jamais se desse conta de sua beleza. Um dia, porém, caçando em uma extensa floresta, se aproxima de um lago límpido a fim de aliviar a sede. Vê sua imagem refletida nas águas e por ela se enamora, vivendo obstinada fascinação. Deitado no solo, contempla fixo o lago que espelha sua face. Imóvel dia e noite, é incapaz de afastar-se; fica perdidamente apaixonado por si mesmo. O jovem deixa de alimentar-se, de dormir, de saciar a sede e vai se consumindo na melancolia de um amor impossível. Quantas vezes em vão mergulha os braços nas águas para abraçar aquele figura admirada. A mesma ilusão que lhe engana os olhos aumenta sua paixão ardente. Depois de morto, os deuses tiveram compaixão dele e o transformaram em uma delicada flor de miolo amarelo rodeado de pétalas brancas; flores que sempre nasceriam às margens das lagoas em memória desse jovem tão infeliz.

Numerosos foram os pintores e os escritores que se utilizaram da figura mítica de Narciso. Também para muitos estudiosos do comportamento humano, ele passou a representar as tendências ao egocentrismo existentes no ser humano.

Narciso, na verdade, não estava enamorado de si mesmo, mas de sua imagem. O processo ocorre de maneira idêntica nos pais narcisistas. Para eles o filho é sua própria imagem projetada.

A expressão do amor materno é um impulso natural, desprovido de qualquer interesse egoístico. Esse instinto de proteção surge ante a fragilidade do bebê, ainda incapaz de prover sua sobrevivência.

Contudo, grande parte das mães continua se relacionando com os filhos crescidos como se fossem eternas criancinhas. Inconscientemente, crêem que eles são ainda parte delas próprias,como realmente o foram quando estavam no ventre.

Assim acreditando, criam condições negativas ao desenvolvimento íntimo deles, prejudicando-lhes a mentalidade quanto ao uso da livre escolha. Estão constantemente interferindo,ordenando e criticando de maneira possessivamente dócil.

A criança, a quem foi permitida a possibilidade de errar para buscar experiências e, mais tarde, colher os frutos da segurança, se tornará uma personalidade saída e confiante em si mesma. Toda ascensão exige atividade. Não há lição sem preço.

Você deve conceder liberdade a seu filho, obviamente levando em conta sua faixa etária, para que ele não corra risco ou prejuízo em sua vida física, psíquica e social.

Mesmo sem perceber, você pode estar afastando seu filho dos testes do mundo; por isso ele está nessa situação constrangedora, desenvolvendo o medo e uma extrema dependência de tudo.

As crianças são muito sensíveis às energias do ambiente doméstico.
Quando elas manifestam dificuldades e problemas, na maioria das vezes estão apenas refletindo os comportamentos familiares.

Ao recomendar-lhe que dê liberdade a seu filho, não estou me referindo ao ato de mimar, à falta de controle, à ausência de limites. Tampouco que o entregue à própria sorte, mas que o ensine a pensar para tomar decisões e tecer os fios de sua felicidade.

Certos pais não transmitem a necessária confiança e apoio a seus filhos, pois não reconhecem nem respeitam sua individualidade. Dificultam, assim, o relacionamento deles com outras crianças no ambiente social. Essas atitudes de superproteção os mantêm presos a laços invisíveis, bloqueando-lhes o anseio de liberdade infantil.

Pais que pensam por suas crianças, como se elas fossem destituídas de inteligência, não se desenvolveram a ponto de reconhecer a existência independente de uma outra pessoa.

Acreditam que os filhos têm sua mesma intenção, querer e propósito, permanecendo durante anos, ainda quando eles se tornam adultos, na mesma expectativa de que deverão estar sempre a postos para suprir todas as necessidades filiais. Crises, infortúnios e dissabores são medidas de socorro com que os Céus amparam as criaturas.

As nódoas da vida e os percalços do caminho, hoje, poderão parecer trevas, mas, amanhã, serão suas luzes. Portanto, modifique essa sua atitude; excesso de zelo prejudica ao invés de beneficiar.

Deus a todos ama e abençoa, nunca desampara e não esquece ninguém.
Não sufoque os outros; ao contrário, coopera e incentive.

O narcisistas supervaloriza seu próprio mundo e acredita que o mundo do outro é dele. É incapaz de afastar-se de sua imagem, ficando completamente perdido na contemplação de si mesmo. O narcisismo dos pais é uma fascinação por si mesmos refletida nos filhos. Sou especial e, portanto, devo tratar e proteger meu filho especialmente.

A criança, à medida que se vai tornando adulta, não precisa tanto das mães para suprirem suas necessidades corriqueiras; mas carece de sua presença colaboradora e amiga a seu lado.

A insegurança de seu filho é a causa primordial e atrativa dessas influências perturbadoras. Comece a exercitá-lo para sentir-se independente e para participar de forma ativa dentro do próprio lar, e mostre-lhe as limitações naturais de sua liberdade, procurando, no entanto, distingui-la dos caprichos e dos desejos infantis.

Possessividade é um estranho amor que machuca a alma com rudeza, da vida tira a alegria e dos olhos muito pranto.

Texto extraído do Livro Conviver e Melhorar
Ditado pelo espírito Lourdes Catherine
Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto

23 novembro 2008

A Impiedosa Artesã de Males Imprevisíveis - Rogério Coelho

A IMPIEDOSA ARTESÃ DE MALES IMPREVISÍVEIS
Autor: Rogério Coelho

"Entrando no Templo do Senhor, deve-se deixar fora todo sentimento de ódio e animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão." - Allan Kardec

Tanto as peças das engrenagens orgânicas do homem quanto os seus equipamentos da organização psíquica são extremamente delicados; e, como toda máquina, necessita de lubrificação e cuidados específicos para o seu funcionamento normal, não podendo sofrer abalos, sob pena de graves prejuízos em seus mecanismos...

Assim como as mutilações de ordem física impede-lhe o bom desempenho, podemos dizer o mesmo das mutilações emocionais.

A mágoa, por exemplo, age como ácido corrosivo, desgastando o equipamento fisio-psíquico, com reflexos danosos na economia da Vida. Assim, acoroçoá-la no coração, é o mesmo que lançar um punhado de areia nas engrenagens sensíveis e frágeis de uma máquina que exige cuidados especiais e lubrificação adequada...

Penetrando a intimidade do ser, transforma-se a mágoa em uma espécie de poderoso isolante a obstar o concurso do otimismo, da esperança da boa vontade para anteporem-se aos fatores constringentes que o maceram e martirizam.

A mágoa, uma vez instalada, fornece à sua vítima as munições da impiedade e do rancor, induzindo-a a atitudes tão deploráveis quão doentias. Exteriorizando mau humor e azedume, a criatura exala amargura e desconforto, tornando-se refratária a todas as pessoas que intentam reverter a situação.

Quem acumula mágoas, torna-se, mentalmente, uma lixeira ambulante, exalando os seus miasmas pestilenciais por onde passe, emporcalhando, contaminando, destruindo...

À semelhança do Sol que enriquece tudo de luz, ilumine sua estrada, não mergulhando jamais nas trevas dos sentimentos destrutivos.

Há que se reagir, de imediato, às tentativas de alojamento da mágoa em seu coração.

Estamos no mundo, por conta de um programa carinhosamente elaborado na Espiritualidade e devemos atendê-lo fielmente, vez que só "aquele que perseverar até o fim, será salvo".

Deixemos deslizar na superfície, sem dilaceramentos interiores toda causa de ressentimentos. Saibamos enfrentar com otimismo e paciência os infortúnios, os acontecimentos infelizes.

"Acima das nuvens, brilha o Sol", afiança Joanna de Ângelis.

"Jesus ensina que o sacrifício mais agradável a Deus é o que o homem faça do seu próprio ressentimento."

Antes de pedir perdão para si, mister se faz ter perdoado primeiro a todos de quem recebeu agravo. Ao oferecemos a Alma à Deus tem ela de estar escoimada de toda jaça, completamente purificada ao calor do perdão e do amor incondicionais.

"Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos fariseus e escribas, não entrareis no Reino dos Céus."

Constituindo o amor ao próximo o princípio da Caridade, amar os inimigos é o zênite e o nadir da aplicação desse princípio, porquanto, "a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho."

Transcrito do Boletim GEAE 533, de 15/03/2008

22 novembro 2008

Subjugação - Manoel Philomento de Miranda

SUBJUGAÇÃO

Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.

A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz, traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.

A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da aparelhagem mental.

Noutras vezes, a irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das células, provocando desconsertos que se transformam em paralisias, paresias e distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.

O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.

Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.

Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são irrealizáveis.

Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram incursos no embate.

Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.

O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.

Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo, mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo psíquico para as vinculações obsessivas.

Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.

No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.

Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula aquele que a fomenta.

Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.

A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.

Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los abandonado.

Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.

De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal, envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e de libertação.

A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa até aos nossos dias.

Por: Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Jornal Mundo Espírita de Fevereiro de 2000

21 novembro 2008

Teoria Palingenética - Carlos de Brito Imbassahy

 
TEORIA PALINGENÉTICA


Para os reencarnacionistas, o corpo é apenas uma veste que cada um usa em sua passagem pela Terra, a fim de dar prosseguimento ao seu processo evolutivo.

Desta forma, sua raça é decorrência das características de vida; não depende da evolução espiritual e tão somente da necessidade na vida que se venha a ter.

Consta, até, que muitos negros atuais teriam sido brancos escravocratas e segregacionistas em vidas anteriores e teriam vindo nesta nova existência vestindo um corpo da raça que tanto perseguiram.

Já Confúcio dizia: – “Tu és a causa da sua vida” – numa alegoria para transmitir a idéia que Jesus transformou na máxima “assim como fizeres, assim acharás” e que Galileo Galilei transformou numa lei física, ao enunciar seu princípio de equilíbrio que nos diz “a toda ação corresponde uma reação igual e contrária”.

Baseados nesta afirmativa de que cada um sofre as conseqüências de seus atos passados, os reencarnacionistas admitem que a sábia lei física do equilíbrio universal é que determina as necessidades de vida de cada um, fazendo com que nasçamos numa família compatível com nosso destino (karma em sânscrito) e com um corpo essencialmente moldado pelos nossos atos na vida anterior.

Isto justificaria porque alguns nascem com defeitos físicos, outros tenham saúde precária e maioria se constitua de organismos com alguma deficiência de caráter biológico, embora sem apresentarem defeitos somáticos.

Ora, pois, não haveria justiça em fazer com que um recém nascido seja excelentemente saudável e outro, sem qualquer culpa, venha a ter uma deficiência orgânica que o faça sofrer sem sequer, na presente vida, ter cometido qualquer ato que justifique seu sofrimento.

A hipótese de que o descendente responda pelos atos de seus antepassados é uma incoerência porque, se, geneticamente, ele possua os elementos biológicos dos seus ascendentes, sua personalidade é outra, o que se evidencia, até, pelos consangüíneos filhos de mesmos pais, por vezes tão divergentes, até, no caráter.

Um católico inglês, Dr. Cyril Burt, tentando defender esta posição da Igreja, catalogou uma série de casos onde sua pesquisa teria chegado à minúcia de justificar, até pequenos defeitos de caráter moral que decorreriam da sua correspondência com avós distantes. Todavia, um par de jornalistas do New York Times, William Broad e Nicholas Wade desmascarou a farsa provando que nunca existiram os personagens analisados, muito menos suas ditas assistentes, fazendo ruir o único apoio que tal hipótese genética ainda pudesse ter.

A reencarnação, portanto, justifica plenamente o destino de cada um assegurando que, tudo o que praticarmos na presente existência acarretará na nossa vida seguinte e, com isso, aqueles que, aparentemente, faleçam impunemente, sem resgatar seus débitos das maldades cometidas, responderão em vidas futuras por eles, constituindo-se em sofrimento e dor, aparentemente injustificados naquela próxima vida.

Desta forma, pode-se entender a Justiça Divina onde cada um traça sua sorte e sua vida futura com seus atos presentes e sofre em conseqüência de suas atitudes passados.

Caso contrário, o Grande Arquiteto do Universo, como dizem os maçons ou o Criador dos Seres e das Coisas, segundo as religiões, seria de uma injustiça imensa, principalmente se, de fato, só protegesse os crentes adeptos de suas seitas.

Afinal, o Universo é por demais perfeito para que sofra a influência da vontade de um Deus absoluto, parcial, que só faça o que lhe der na mente, ignorando as próprias leis por Ele criadas.

Por: Carlos de Brito Imbassahy

 

20 novembro 2008

Tipos de Solo - Richard Simonetti

TIPOS DE SOLO
por: Richard Simonetti

Mateus, 13:1-9 / Marcos 4:1-9 / Lucas 8:4-8

E o semeador saiu a semear.
Uma parte das sementes caiu à beira do caminho, e vieram as aves do céu e as comeram, e outras foram pisadas pelos homens.
Outras caíram em lugares pedregosos, onde não havia muita terra nem umidade. Logo as sementes germinaram porque a terra não era profunda, mas ao surgir o sol, queimaram-se e, porque não tinham raiz, secaram.
Outras caíram entre os espinhos; e os espinhos cresceram e as sufocaram, e não deram fruto algum.
Outras, finalmente, caíram em terra boa, fértil e, brotando, cresceram e produziram frutos. Algumas produziram trinta, outras sessenta e outras cem por um.

Temos aqui a famosa Parábola do Semeador, a primeira contada por Jesus, dentre dezenas. É uma das mais populares, com um detalhe: o Mestre a explicou aos discípulos.

A semente é a “Palavra de Deus”, representada por seus ensinamentos.

O que Deus espera de nós?

Segundo Jesus, que nos amemos uns aos outros; que façamos ao próximo todo o bem que desejaríamos; que estejamos dispostos ao sacrifício dos interesses pessoais em favor do bem comum.

O solo onde caem as sementes divinas é o coração humano.

Há a turma da “beira”.

É o pessoal do lado de fora, alheio à palavra.

Seus representantes comparecem ao Espírita'>Centro Espírita motivados por variados problemas, de ordem física e emocional.

Procuram o hospital.

Sua intenção é meramente receber benefícios. Escasso interesse quanto às palestras e orientações.

A atenção fica difícil, vêm os bocejos; as pálpebras pesam; cerram-se se os olhos e o sono triunfa.

Há quem fale em influência espiritual. Espíritos que não querem seu aprendizado. Boa explicação, mas é difícil imaginá-los ao nosso lado, exercitando suas artes. E onde fica a proteção dos benfeitores espirituais, vedando seu acesso ao recinto da reunião?

Estariam a vibrar do lado de fora?

Complicado imaginá-los concentrados, alhures, a sintonizar com suas vítimas, sugerindo-lhes dormir sentadas.

E as barreiras vibratórias de proteção, não funcionam?

Ouvi um dorminhoco justificar:

– Fecho os olhos para concentrar-me melhor.

Se é assim, por que a cabeça vai se inclinando lentamente, e só não cai porque está fixada no pescoço?

As igrejas tradicionais resolvem esse problema com o senta-levanta do culto, em momentos específicos, envolvendo rezas. Impossível dormir.

No culto evangélico há os hinos. Quando o pastor percebe que os fieis estão se entregando aos braços de Morfeu, logo os convida à cantoria. Soltar a voz é uma boa maneira de afugentar o sono.

Não obstante, por mais sofisticados sejam os recursos para mantê-los atentos, o aproveitamento dos nossos irmãos da “beira” será sempre precário, principalmente em relação à Doutrina Espírita, apelo à razão, que exige atenção e disposição para assimilar seus conceitos renovadores.

Há a turma das “pedras”.

Ouvem a palavra e a recebem com alegria.

Assimilam algo, mas não estão dispostos a enfrentar os dissabores da adesão.

O sol abrasador dos preconceitos e das discriminações torra facilmente as frágeis raízes de sua fé.

Acontecia com o Espiritismo no passado.

Falava-se que os espíritas eram adoradores do demo. As pessoas recusavam-se a passar em frente ao Centro.

Na própria família havia problemas. Raros resistiam.

Ainda hoje, temos simpatizantes que não se integram para não criar problemas com o cônjuge, renunciando a um dos dons mais preciosos da existência – a liberdade de consciência, o direito de exercitar nossos ideais e convicções.

Conheço senhoras que não freqüentam o Centro, embora amem a Doutrina Espírita, para não contrariar o marido.

E o que dá ao marido o direito de decidir quanto à crença da cara-metade? Como pode funcionar bem um casamento em que um dos cônjuges interfere nas convicções religiosas do outro?

Frágeis as sementes de nossa fé, quando permitimos que isso aconteça.

Há a turma dos “espinhos”.

Aceitam a palavra, mas as seduções do mundo a sufocam.

Com a ampla visão das realidades espirituais que a Doutrina Espírita nos oferece, ficam encantados, mas…

Conversei, certa feita, com um simpatizante:

– O Espiritismo é bênção de Deus. Amo seus princípios, a ação espírita no campo social, o exercício da caridade. Gostaria de participar, mas não me sinto preparado. Sou fumante inveterado e abuso dos aperitivos.

Como comerciante, nem sempre me comporto com lisura e reconheço ter gênio difícil.

O Espiritismo deitou boas raízes nele, mas as fraquezas, espinhos danosos que não quer eliminar, falam mais alto.

Outro dizia.

– Reconheço-me despreparado para a Doutrina, mas não me preocupo. Temos a eternidade pela frente.

Realmente, temos todo o tempo do mundo, para atingir a perfeição, mas as pessoas esquecem uma recomendação de Jesus (João, 12:35):

Andai enquanto tendes luz.

Imperioso aproveitar as oportunidades de edificação da jornada humana. É para isso que estamos aqui.

Amanhã, poderá nos faltar a luz, a lucidez, a saúde, o vigor físico, a possibilidade de mudar e penoso será o futuro se não o fizermos.

E há a turma do “solo fértil”.

É o pessoal que ao primeiro contato com a palavra, sente um frêmito de emoção, algo que toca o mais íntimo do ser, como se sua vida estivesse, até então, em compasso de espera. É um maravilhoso despertar, que ilumina os caminhos.

Estes logo “arregaçam as mangas” e tornam-se multiplicadores de sementes, produzindo trinta, sessenta ou cem por um, segundo suas possibilidades, mas sempre estendendo o Bem ao redor de seus passos para que o Reino se estenda pelo mundo.

Há um aspecto a ser destacado.

Por que, se somos todos filhos de Deus, há vários tipos de solo?

Por que muitos não se sensibilizam?

Por que, há os que se sensibilizam, mas permanecem distantes, preocupados com opiniões alheias?

Por que há os que se aproximam, mas não estão dispostos a se envolver?

Por que, enfim, há os que se envolvem?

Por que, dentre eles, há os que produzem pouco e os que produzem muito?

Que fatores determinam reações tão díspares?

Se a palavra é para todos, porque não somos todos dadivosos?

A teologia medieval situava a turma do “solo fértil” como indivíduos escolhidos por Deus para a santidade, mas isso só complica a questão, configurando uma injustiça inconcebível.

Por que Deus escolheu o meu irmão ou o meu vizinho ou o meu adversário?

Por que não eu?

Só a reencarnação pode explicar essa diversidade de solos.

A natureza de nosso envolvimento com os valores do Evangelho e o que produzimos, condiciona-se à maturidade.

A vocação de servir, a disposição de uma participação efetiva, são frutos de experiências pretéritas.

Geralmente, o servidor do Evangelho já nasce feito, não por mera graça divina, mas como o resultado de suas experiências anteriores.

Veio da “beira”, para o “solo dadivoso”, com trânsito pelos “espinhos” e as “pedras”.

Será que podemos, já na presente existência, entrar para a turma especial do “solo dadivoso”?

Sem dúvida!

O lavrador pode limpar o campo, tirar as pedras e os espinhos revolver a terra, aplicar adubo…

Podemos e devemos fazer isso.

Para isso estamos aqui.

Depende de nossa iniciativa.

É preciso tão somente usar a enxada da vontade, revolver a terra da indiferença e aplicar o adubo do trabalho, preparando o solo do coração para as sementes do Evangelho.

Então, gloriosa será a nossa passagem pela Terra, com frutos dadivosos em favor do próximo e abençoada edificação para nós.

19 novembro 2008

Tino e Destino - Kelvin Van Dine

TINO E DESTINO

Seja feliz criando a felicidade para você, para nós. Desfaça o cárcere da tristeza sem reclamar o tempo dos outros em sua libertação. Assuma a iniciativa da alegria.

Não vale descarregar sempre as cargas dos deveres ou o peso das frustrações em irmãos obsessores, nos companheiros desatentos, nos homens da governança, nos vizinhos mais próximos, na incompreensão geral, no ambiente onde você respira, nos desvios do passado ou na hereditariedade que lhe dirige a estrutura de carne.

Alma alguma foge de si própria.. Você há de se vasculhar por dentro para identificar as causas de seus desgostos. Jamais transformaremos o mundo sem a transformação pessoal. Imagine habitar um planeta absolutamente feliz, carregando aflição; o desequilíbrio estaria em você e não nele.

Areje e alimpe o porão da consciência. Vistorie a dinâmica das idéias que lhe residem na cabeça. Há pensamentos que são operários da evolução, outros se classificam por malfeitores ocultos. Repare esses agentes da comunidade cerebral que forjamos. Eles também são eleitores e votam na consagração de nossa felicidade ou de nosso infortúnio.

Senso, discernimento, ponderação e análise - note bem - constituem nomes diversos para vestir a necessidade comum de vigilância. Temos tino espiritual para comandar o destino e ninguém rompe com a verdade da sobrevivência, sem prejuízo, quando a reconhece.

Atos de hoje perduram indefinidamente, lançando sugestões, articulando f flashes de caráter, reflexos de nós na clicheria da vida. Euforia é obra-prima da Lei, sofrimento é a caricatura que fazemos.

Na trilha da evolução, uma infinidade de problemas devem ser esquecidos nas margens, outros muitos exigem solução sem dilação. Atitude fundamental é não subverter valores ou inverter posições.

Caridade e prudência não são sentimentos fora de moda. Quem não existe desfrutando a bondade infinita da vida e precisando tato para conservá-la?

Desmaterialize sentimentos, espiritualizando convicções. As realidades profundas transcendem os riscos do metro. Os dedos tangem as teclas ou as cordas, a melodia é tema da alma. Mais patente que a sensação tátil da beleza da Terra materializada, vibra o reconhecimento íntimo de uma Consciência Superior velando-nos o equilíbrio e a tranqüilidade das consciências.

Espírita amigo, só a possibilidade de pensar na elevação de seus objetivos e na certeza da colheita dos frutos de suas realizações, já é receber o maior estímulo possível ao juízo reto para cultivar a felicidade e distribuir a felicidade.

Por: Kelvin Van Dine
Psicografia de Waldo Vieira

18 novembro 2008

Um Nome Difícil de Dizer - Saara Nousiainen

UM NOME DIFÍCIL DE DIZER
por: Saara Nousiainen

Todo espírita estudioso e observador sabe que estamos vivendo o momento mais importante da história da humanidade, o mais sério e decisivo no que se refere às nossas responsabilidades espirituais. E percebe também que o movimento espírita poderia estar caminhando bem melhor .

O que você, caro leitor, entende ser prioritário para o nosso movimento?

Discussões em torno de aspectos doutrinários? Unirmo-nos numa organização forte? Preencher aqueles espaços que entendemos dever ocupar nas estatísticas? Provar ao mundo as nossas Verdades? Sermos olhados com mais respeito, visando sairmos da longa marginalização?

Estes são indubitavelmente objetivos justos, mas, será que não estão sendo para nós um desvio das metas prioritárias, mais urgentes e reais?

A propósito, convém lembrar a mensagem de Jesus à Igreja de Laodicéia (a última das sete igrejas) através de João, em suas visões na ilha de Patmos (Apocalipse, 3: 16, 17).

“ Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”

Mas é claro que essa advertência foi feita às outras religiões; não a nós... Ou, será que foi?...

Inspirando-nos nas informações do espírito Manoel P. de Miranda, no livro Trilhas da Libertação, psicografado por Divaldo Franco e, mediante outras observações, é possível fazer a seguinte narrativa:

“O mais poderoso dos Gênios infernais, intitulado “Soberano Gênio das Trevas”, depois de longas análises do movimento espírita, e de terem sido ouvidos os maiores especialistas nas mais diversas áreas, orientou seus assessores, os Comandantes dos Setores, dizendo:

Quero que os ataques sistemáticos contra o Espiritismo sejam muito bem organizados.

Primeiro, vamos atacar com todas as possibilidades através do sexo, estimulando-o ao máximo, principalmente entre os líderes, médiuns, doutrinadores, oradores e todos os que lidam com o público. Esse é um velho sistema que sempre dá certo. Além disso, já temos os nossos esquemas prontos. Basta adaptá-los e amplia-los de acordo com as situações.

Agora, prestem bem atenção porque vamos usar uma arma nova, infalível... Nova, agora, porque ela já foi usada com pleno sucesso há muito tempo atrás.

Nós vamos mudar o rumo das prioridades nos meios espíritas. Vamos estimular discussões em torno de temas como pureza doutrinária, cantar ou não nos centros espíritas, orar em pé ou sentado, de olhos abertos ou fechados, fazer ou não bingos e semelhantes, enfim, todos os temas que podem gerar belas polêmicas, para que não sobre tempo nem energia para cuidar da nossa maior inimiga... a ...

A palavra engasgava na boca do chefão, enquanto a platéia aguardava, curiosa. Por fim desistiu de pronunciá-la, continuando:

Quero também que estimulem o estudo da Doutrina...

Essa recomendação do Soberano deixou estupefatos todos os presentes, mas ninguém teve coragem de fazer qualquer observação. Rindo desagradavelmente, aquele ser tenebroso continuou:

- Procurem acompanhar meu raciocínio. Os espíritas valorizam muito esse estudo. Então, se é impossível leva-los a abandoná-lo, que seria o ideal, vamos aproveitar essa característica para nosso benefício. Vamos estimular verdadeira febre de estudo. Deixá-los com a cabeça cheia de conceitos... tão cheia que esqueçam da nossa maior inimiga, a ...

A palavra novamente estava difícil de ser pronunciada. Todos estavam pendurados na fala do chefão, curiosíssimos para saberem qual era afinal essa terrível inimiga. Com dificuldade, o chefe concluiu:

- A ... reforma... moral.

Os Comandantes olharam-se, quase não acreditando em tanta astúcia na organização da maior estratégia de todos os tempos em sua luta contra a luz. Quando refeitos, todos, sem exceção, atiraram-se ao solo, genuflexos diante do Soberano. Este mandou que levantassem e continuou:

- Levem os espíritas a acreditarem que ela... a ... nossa inimiga é tão difícil de ser alcançada que o Criador estabeleceu a reencarnação, como um caminho longo, interminável... para que nesse caminho a criatura tenha todo o tempo da eternidade para atingir aquela... meta.

Desta vez foram palmas estrondosas que estrugiram no ambiente. O soberano sorriu de novo, mais um esgar do que um sorriso e continuou:

- Não se esqueçam de que foi essa a arma com que vencemos o cristianismo nos seus primeiros séculos, transformando-o numa organização religiosa, muito preocupada com tudo menos com a vivência das “tolices” que o Cordeiro ensinou. Foi assim que conseguimos atenuar os seus efeitos, já que era impossível acabar com ele.

E, lançando um olhar de aço em torno, concluiu:

- É isso que vamos fazer... Já que é impossível acabar com o Espiritismo, vamos atenuar os seus efeitos.

- Outra coisa. Façam os espíritas acreditarem que a tal da... a ... reforma... moral... pode ser substituída por estudos e por trabalhos de caridade... Eles vão gostar da idéia... e vão adotá-la.”

Lembramos então aos que dirigem, lideram ou trabalham nesta seara que aquele nome tão difícil de ser pronunciado pelo Soberano Gênio das Trevas, a reforma moral, deve ser a primeira prioridade do movimento espírita; deve ser a nossa bandeira de luta, a maior de todas as batalhas, que precisamos vencer.

E, por favor, não diga que esta é uma tarefa pessoal de cada um e não uma atribuição da instituição espírita. A instituição, desde o Centro até as entidades federativas, estas últimas acima de todas, têm o dever de promover com todas as suas possibilidades a reforma moral, ou crescimento interior do seu “rebanho”, já que esta é a principal finalidade do Espiritismo.

Não estamos falando do que já se faz. É preciso fazer-se muito mais.

Se as nossas imperfeições são condicionamentos que adquirimos ao longo das encarnações, para corrigi-las teremos de passar por um recondicionamento. E isto não se consegue com meras leituras, palestras e exortações. É preciso ação. Uma ação programada e permanente. Uma programação de ações e atitudes que formem um roteiro, capaz de produzir os resultados esperados.

O Espiritismo deve ser uma escola técnica, onde a teoria é aplicada em aulas práticas, ou oficinas.

Sem falar de alguns esforços localizados, entendemos que o movimento espírita, como um todo, está precisando ser atualizado com urgência. Não, no que toca ao marketing religioso, mas no que diz respeito a ajuda-lo em seu crescimento moral-espiritual. Ver o que há de bom nos meios leigos relacionados a cursos, técnicas, práticas, educação da mente, enfim, tudo sobre auto-ajuda, que possa ser adaptado aos fins propostos. Elaborar sugestões de atividades e técnicas para os Centros poderem efetivamente ajudar seus trabalhadores e demais interessados.

Neste momento é fundamental realizar-se uma grande campanha de âmbito nacional, usando todos os meios possíveis para despertar o nosso movimento, a fim de que fuja ao jogo estabelecido pelas Trevas e caminhe firmemente na direção apontada pelo Espírito de Verdade.

17 novembro 2008

Unificação - Bezerra de Menezes

UNIFICAÇÃOJustificar
por: Bezerra de Menezes

“O serviço de unificação em nossas fileiras é urgente mas não apressado. Uma afirmativa parece destruir a outra. Mas não é assim. É urgente porque define objetivos a que devemos todos visar: mas não apressado, porquanto não nos compete violentar consciência alguma.

Mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender, e, se possível, estabeleçamos em cada lugar, onde o nome do Espiritismo apareça por legenda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzido, da Obra Kardequiana, à luz do Cristo de Deus.

Nós que nos empenhamos carinhosamente a todos os tipos de realização respeitável que os nossos princípios nos oferecem, não podemos esquecer o trabalho do raciocínio claro para que a vida se nos povoe de estradas menos sombrias.

Comparemos a nossa Doutrina Redentora a uma cidade metropolitana, com todas as exigências de conforto e progresso, paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e no vestuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o problema da luz.

A luz foi sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna primeira. Antes de tudo, o fogo obtido por atrito, a lareira doméstica, a tocha, os lumes vinculados às resinas, a candeia e, nos tempos modernos, a força elétrica transformada em clarão.

A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração tríplice. Que ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção.

Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia que lhe engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as aspirações, mas que a base kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organização.

Nenhuma hostilidade recíproca, nenhum desapreço a quem quer que seja. Acontece, porém, que temos necessidade de preservar os fundamentos espíritas, honrá-los e sublimá-los, senão acabaremos estranhos uns aos outros, ou então cadaverizados em arregimentações que nos mutilarão os melhores anseios, convertendo o movimento de libertação numa seita estanque encarcerada em novas interpretações e teologias que nos acomodariam nas conveniências do plano inferior e nos afastariam da Verdade.

Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de que a nossa fé não se faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre as mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.

Libertação da palavra divina é desentranhar o ensinamento do Cristo de todos os cárceres a que foi algemado e, na atualidade, sem querer qualquer privilégio para nós, apenas o Espiritismo retém bastante força moral para se não prender a interesses subalternos e efetuar a recuperação da luz que se derrama do verbo cristalino do Mestre, dessedentando e orientando as almas.

Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação.

Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar.
Falamos em provações e sofrimentos, mas não dispomos de outros veículos para assegurar a vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem amor, ninguém ama sem lágrimas.

Somente aqui, na vida espiritual, vim aprender que a cruz do Cristo era uma estaca que Ele, o Mestre, fincava no chão para levantar o mundo novo. E, para dizer-nos em todos os tempos que nada se faz de útil e bom sem sacrifícios, morreu nela, espezinhado, batido, enterrou-a no solo, revelando-nos que esse é o nosso caminho – o caminho de quem constrói para cima, de quem mira os continentes do Alto.

É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista e poderes terrestres transitórios.

Respeito a todas as criaturas, apreço a todas as autoridades, devotamento ao bem comum e instrução do povo, em todas as direções, sobre as Verdades do espírito, imutáveis, eternas...
Nada que lembre castas, discriminações, evidências individuais, injustificáveis, privilégios, imunidades, prioridades.

Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.
Em cada templo, o mais forte deve ser o escudo para o mais fraco, o mais esclarecido a luz para o menos esclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o mais protegido e o mais auxiliado, como entre os que menos sofram seja o maior aquele que se fizer o servidor de todos, conforme a observação do Mentor Divino.
Sigamos para a frente, buscando a inspiração do Senhor.”