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23 novembro 2008

A Impiedosa Artesã de Males Imprevisíveis - Rogério Coelho

A IMPIEDOSA ARTESÃ DE MALES IMPREVISÍVEIS
Autor: Rogério Coelho

"Entrando no Templo do Senhor, deve-se deixar fora todo sentimento de ódio e animosidade, todo mau pensamento contra seu irmão." - Allan Kardec

Tanto as peças das engrenagens orgânicas do homem quanto os seus equipamentos da organização psíquica são extremamente delicados; e, como toda máquina, necessita de lubrificação e cuidados específicos para o seu funcionamento normal, não podendo sofrer abalos, sob pena de graves prejuízos em seus mecanismos...

Assim como as mutilações de ordem física impede-lhe o bom desempenho, podemos dizer o mesmo das mutilações emocionais.

A mágoa, por exemplo, age como ácido corrosivo, desgastando o equipamento fisio-psíquico, com reflexos danosos na economia da Vida. Assim, acoroçoá-la no coração, é o mesmo que lançar um punhado de areia nas engrenagens sensíveis e frágeis de uma máquina que exige cuidados especiais e lubrificação adequada...

Penetrando a intimidade do ser, transforma-se a mágoa em uma espécie de poderoso isolante a obstar o concurso do otimismo, da esperança da boa vontade para anteporem-se aos fatores constringentes que o maceram e martirizam.

A mágoa, uma vez instalada, fornece à sua vítima as munições da impiedade e do rancor, induzindo-a a atitudes tão deploráveis quão doentias. Exteriorizando mau humor e azedume, a criatura exala amargura e desconforto, tornando-se refratária a todas as pessoas que intentam reverter a situação.

Quem acumula mágoas, torna-se, mentalmente, uma lixeira ambulante, exalando os seus miasmas pestilenciais por onde passe, emporcalhando, contaminando, destruindo...

À semelhança do Sol que enriquece tudo de luz, ilumine sua estrada, não mergulhando jamais nas trevas dos sentimentos destrutivos.

Há que se reagir, de imediato, às tentativas de alojamento da mágoa em seu coração.

Estamos no mundo, por conta de um programa carinhosamente elaborado na Espiritualidade e devemos atendê-lo fielmente, vez que só "aquele que perseverar até o fim, será salvo".

Deixemos deslizar na superfície, sem dilaceramentos interiores toda causa de ressentimentos. Saibamos enfrentar com otimismo e paciência os infortúnios, os acontecimentos infelizes.

"Acima das nuvens, brilha o Sol", afiança Joanna de Ângelis.

"Jesus ensina que o sacrifício mais agradável a Deus é o que o homem faça do seu próprio ressentimento."

Antes de pedir perdão para si, mister se faz ter perdoado primeiro a todos de quem recebeu agravo. Ao oferecemos a Alma à Deus tem ela de estar escoimada de toda jaça, completamente purificada ao calor do perdão e do amor incondicionais.

"Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos fariseus e escribas, não entrareis no Reino dos Céus."

Constituindo o amor ao próximo o princípio da Caridade, amar os inimigos é o zênite e o nadir da aplicação desse princípio, porquanto, "a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho."

Transcrito do Boletim GEAE 533, de 15/03/2008

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