Para mim, em companhia do Dr. Odilon, o aprendizado se fazia incessante.
Estando com ele, uma vez mais, nas reuniões do Lar Espírita "Pedro e Paulo", em Uberaba, instituição dedicada ao abrigo de idosos desamparados, deparei-me com um caso, no mínimo curioso, que, de pronto, me chamou a atenção.
Uma das assistidas da referida casa, senhora já septuagenária, de nome Tiana, recostada numa poltrona, tinha a seu lado a figura de um homem desencarnado em estado de grande aflição.
À primeira análise, tive impressão de que ele, chamado Flausino, não conseguia, psiquicamente, desvincular-se dela, qual se entre os dois existisse invisível imantação de caráter magnético. Tiana, apesar dos esforços de Flausino para distanciar-se, parecia um ímã a atraí-lo do modo constante.
Percebendo o meu interesse pelo caso, o Dr. Odilon Fernandes esclareceu-me:
- Trata-se, Paulino, de um caso interessante... Tiana, durante longos anos, foi namorada de Flausino, que nunca cumpriu a promessa de consorciar-se com ela. Ambos tiveram uma convivência afetiva relativamente longas, mas Flausino, depois, acabou casando-se com outra, deixando este irmão na esperança de que, um dia, ainda voltaria para buscá-la... Aliás, Tiana nunca soube que o namorado, na realidade, jamais pensara em assumir com ela um compromisso mais sério. Com o passar do tempo, dentro das provas que lhe assinalaram o retorno ao corpo físico na presente existência, nossa irmã, que sempre, desde jovem, foi isenta de discernimento mental mais claro, terminou agora, na velhice, tendo a razão parcialmente eclipsada... Praticamente, chama pelo noivo o dia inteiro!
- Mas - atalhei, interessado em maiores informações sobre o caso - não nos seria possível intervir de algum modo?...
- Por enquanto, não, Paulino. As evocações afetivas de Tiana encontram ressonância na consciência culpada de Flausino... Ele a enganou, prometeu e não cumpriu. Não chegou, é verdade, a abusar dela do ponto de vista sexual, mas brincou com os seus sentimentos... Inclusive, nossa Tiana, em seu anseio natural de mulher, impulsionada pelo instinto da maternidade, chega a sentir-se grávida dele!...
Realmente, a quem dela se aproximasse, para carinhosamente saudá-la, toda empoada e com o pescoço enfeitado de bijuterias, Tiana convidava para o casamento, que aconteceria dentro de poucos dias, afirmando que, por outro lado, nada poderia ser feito, posto que estava grávida de gêmeos. E passando a mão sobre o ventre, dizia, satisfeita:
- São dois... Um vai ser homem e o outro, mulher: Benedito e Maria Abadia...
Os amigos tentavam contemporizar, temendo até pela saúde dela, que, habitualmente alegre, às vezes, entrava em certa depressão, a exigir maiores cuidados médicos.
O quadro era comovedor. E, mais, quando Tiana, inconscientemente, percebia que Flausino se afastava, ela o chamava com veemência:
- Ele vem vindo aí... O casamento será amanhã... Tudo já está arrumado... Ele me ama... Estou esperando dois filhos dele... Veio fazer uma serenata para mim e pulo a janela...
Atormentado pelo remorso, Flausino, então, voltava correndo e, não raro, de joelhos, pedia em lágrimas que Tiana o libertasse.
- E - indaguei - a esposa dele, a família que ele constituiu, como fica?...
- Tudo concorre para agravar os padecimentos de nosso Flausino, que, em verdade, nunca foi homem tão responsável assim... Espírito leviano e imaturo, aprenderá, a duras penas, que ninguém lesa alguém sem lesar-se primeiro. Eis que ele, constrangido pelo remorso, não descansará até que salde os débitos para com Tiana. Ao desencarnar, o que talvez não demore muito, exigirá dele que cumpra para com ela a palavra empenhada... Não sei, ao certo, como haverão de se ajeitar, mas tudo leva a crer que Flausino, na próxima existência, formará na Terra uma família numerosa...
Estando com ele, uma vez mais, nas reuniões do Lar Espírita "Pedro e Paulo", em Uberaba, instituição dedicada ao abrigo de idosos desamparados, deparei-me com um caso, no mínimo curioso, que, de pronto, me chamou a atenção.
Uma das assistidas da referida casa, senhora já septuagenária, de nome Tiana, recostada numa poltrona, tinha a seu lado a figura de um homem desencarnado em estado de grande aflição.
À primeira análise, tive impressão de que ele, chamado Flausino, não conseguia, psiquicamente, desvincular-se dela, qual se entre os dois existisse invisível imantação de caráter magnético. Tiana, apesar dos esforços de Flausino para distanciar-se, parecia um ímã a atraí-lo do modo constante.
Percebendo o meu interesse pelo caso, o Dr. Odilon Fernandes esclareceu-me:
- Trata-se, Paulino, de um caso interessante... Tiana, durante longos anos, foi namorada de Flausino, que nunca cumpriu a promessa de consorciar-se com ela. Ambos tiveram uma convivência afetiva relativamente longas, mas Flausino, depois, acabou casando-se com outra, deixando este irmão na esperança de que, um dia, ainda voltaria para buscá-la... Aliás, Tiana nunca soube que o namorado, na realidade, jamais pensara em assumir com ela um compromisso mais sério. Com o passar do tempo, dentro das provas que lhe assinalaram o retorno ao corpo físico na presente existência, nossa irmã, que sempre, desde jovem, foi isenta de discernimento mental mais claro, terminou agora, na velhice, tendo a razão parcialmente eclipsada... Praticamente, chama pelo noivo o dia inteiro!
- Mas - atalhei, interessado em maiores informações sobre o caso - não nos seria possível intervir de algum modo?...
- Por enquanto, não, Paulino. As evocações afetivas de Tiana encontram ressonância na consciência culpada de Flausino... Ele a enganou, prometeu e não cumpriu. Não chegou, é verdade, a abusar dela do ponto de vista sexual, mas brincou com os seus sentimentos... Inclusive, nossa Tiana, em seu anseio natural de mulher, impulsionada pelo instinto da maternidade, chega a sentir-se grávida dele!...
Realmente, a quem dela se aproximasse, para carinhosamente saudá-la, toda empoada e com o pescoço enfeitado de bijuterias, Tiana convidava para o casamento, que aconteceria dentro de poucos dias, afirmando que, por outro lado, nada poderia ser feito, posto que estava grávida de gêmeos. E passando a mão sobre o ventre, dizia, satisfeita:
- São dois... Um vai ser homem e o outro, mulher: Benedito e Maria Abadia...
Os amigos tentavam contemporizar, temendo até pela saúde dela, que, habitualmente alegre, às vezes, entrava em certa depressão, a exigir maiores cuidados médicos.
O quadro era comovedor. E, mais, quando Tiana, inconscientemente, percebia que Flausino se afastava, ela o chamava com veemência:
- Ele vem vindo aí... O casamento será amanhã... Tudo já está arrumado... Ele me ama... Estou esperando dois filhos dele... Veio fazer uma serenata para mim e pulo a janela...
Atormentado pelo remorso, Flausino, então, voltava correndo e, não raro, de joelhos, pedia em lágrimas que Tiana o libertasse.
- E - indaguei - a esposa dele, a família que ele constituiu, como fica?...
- Tudo concorre para agravar os padecimentos de nosso Flausino, que, em verdade, nunca foi homem tão responsável assim... Espírito leviano e imaturo, aprenderá, a duras penas, que ninguém lesa alguém sem lesar-se primeiro. Eis que ele, constrangido pelo remorso, não descansará até que salde os débitos para com Tiana. Ao desencarnar, o que talvez não demore muito, exigirá dele que cumpra para com ela a palavra empenhada... Não sei, ao certo, como haverão de se ajeitar, mas tudo leva a crer que Flausino, na próxima existência, formará na Terra uma família numerosa...
De "Vida sem fim"
De Carlos A. Baccelli
Pelo Espírito Paulino Garcia
De Carlos A. Baccelli
Pelo Espírito Paulino Garcia
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