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21 setembro 2011

Também Nós - Odilon Fernandes


TAMBÉM NÓS

"Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros..." - Tito, cap. 3 - v.3

Sem dúvida, o homem-velho ainda não jaz completamente desintegrado dentro de nós; ecos longínquos do que fomos, nos provocam, por vezes, sinistras recordações...

O ontem representa o campo de semeadura sobre o qual continuamos a colher o resultado da própria insensatez. Inútil tentar olvidar o passado de sombras.

Paulo alerta o jovem amigo para o perigo que representam as inclinações negativas das quais não conseguimos nos libertar totalmente.

A luta íntima do cristão supera todo o confronto de ordem exterior que o desafia.

Vigilância e compaixão - vigilância para que não voltemos a cair no abismo do qual mal temos saído; compaixão para com aqueles que ainda se comprazem no estado em que se encontram...

A lida com a mediunidade impõe ao medianeiro um problema que deve ser considerado: nele, muito mais facilmente os velhos esqueletos de seus antigos equívocos podem ressuscitar.

A mediunidade é uma condição de hipersensibilidade. Em contato com situações as mais diversas, o médium experimenta o reavivar de certos estados psicológicos e emocionais que supunhas superados. É um fenômeno de psicometria de que o medianeiro é o próprio objeto. Reminiscências inconscientes, provocadas por acontecimentos e pessoas, podem induzir o médium a repetir frustradas experiências.

A mediunidade faz com que o medianeiro lide mais de perto com o próprio passado do que qualquer outra pessoa. Em outras palavras, a mediunidade mal conduzida expõe mais à ação dos espíritos obsessores.

Os espíritos, quando lidam com o médium, não lidam com a sua mediunidade apenas - tanto os espíritos ditos benfeitores quanto os chamados perturbadores.

No ato de manipular a faculdade mediúnica, o espírito comunicante, que possui certo grau de consciência do fenômeno, manipula todo o sensório do medianeiro.

Admitir a própria fragilidade é um ato de se fortalecer.

Confessando-se um homem que emergia de um pretérito sombrio - e, no caso dele, o pretérito era o dia anterior ao de sua conversão -, Paulo montava sentinela às portas da alma, precavendo-se contra si mesmo.

A mediunidade estabelece, na mente do médium, livre trânsito entre o seu passado e o presente, sem necessidade que lembranças detalhadas das experiências vivenciadas por ele aconteçam.

Por tudo isso, o sensitivo sempre carece de maior vigilância, sobretudo, não consentindo que a mediunidade o leve a viver abstraído da própria realidade existencial.

Existem médiuns que somente vivem a vida dos espíritos que se comunicam por eles. Este é um grande equívoco que precisa ser corrigido.

O momento da mediunidade, se se estende por toda a vida do médium, não deve ocupá-lo ao ponto de não deixá-lo sentir-se integrado ao contexto sociocultural do Planeta, como se, ao lidar com o divino, humano ele não fosse.

De "No mundo da mediunidade"
De Carlos A. Baccelli
pelo espírito Odilon Fernandes

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