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22 outubro 2011

Espíritas Delinquentes - Weimar Muniz de Oliveira


ESPÍRITAS DELINQUENTES

Estou convencido de que o homem não tem sabido tirar real proveito da inteligência com que se distingue dos demais seres que habitam a Terra.

Detentor da razão desde milhares de séculos, e, apesar de sua enorme experiência, em inúmeros setores do pensamento e das atividades, continua sendo vítima de si mesmo. Em virtude de sua cegueira espiritual, decorrência de incorrigível vaidade, tem sido, ao longo das eras, algoz e vítima de si próprio, há um tempo. É fenômeno que se tem repetido entre os intelectuais de todas as áreas do conhecimento.

No seio da Doutrina Espírita não tem sido diferente. Não é difícil detectar ainda o império da arrogância sobre a humildade, verdadeiro estandarte da sabedoria e iniciação espirituais.

E daí, levados pela sede de notoriedade, efeito natural do cultivo da soberbia, deixa de lado o que o Cristianismo Redivivo tem de mais belo: o sentimento de fraternidade entre todos os irmãos. Ao contrário, irmãos do mesmo ideal, procuram se depreciar e acusar, as mais das vezes, como se fossem verazes inimigos.

Sobre esse ponto, Chico Xavier teve, certa vez, o seguinte diálogo com a médium de Memórias de Um Suicida* (Chico e Emmanuel, Carlos A. Baccelli, Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier, páginas 90/91):

"Um dia, encontrando-me com D. Yvonne Pereira no Rio de Janeiro, perguntei-lhe se estava indo ao Mundo Espiritual... Ela respondeu-me que, algumas vezes, conseguia o seu intento ao desdobrar-se do corpo físico.

Questionei-a se os Espíritos, com os quais se encontrava na oportunidade, tinham alguma opinião formada sobre as atitudes pouco fraternais dos espíritas.

Ela disse-me que o Dr. Bezerra de Menezes conversava muito com ela a respeito do assunto e que, embora demonstrasse preocupação, dizia que os espíritas estavam fazendo o que podiam fazer, de vez que a maioria deles era delinquente, Espíritos que haviam caído nas vidas anteriores pelos abusos da inteligência ou pelo excesso de personalismo...”

Mas os homens, e entre eles muitos irmãos espíritas, feridos pela vaidade, filha dileta do orgulho, não se dignam descer do pedestal onde se contemplam e se adoram, para reconhecerem a soberania do sentimento e do coração sobre a mente e o cérebro, frutos da sensibilidade, que demanda dezenas de milênios para eclodir e aperfeiçoar, e que, por isso mesmo, representa o legítimo altar do espírito.

Há, inegavelmente, incontestável aliança entre a Ciência (lato sensu) e a Religião, conforme muito bem está colocado em O Evangelho Segundo O Espiritismo (capítulo I, 8, FEB – Federação Espírita Brasileira):

"A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral...”

De acordo com Ferdinando (Espírito protetor - Bordeux, 1862 / capítulo VII, item 13, in fine, ob. citada):

“... A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa de sua inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu."

Dando continuidade ao comentário iniciado acima, Chico acrescenta:

"É por isso, meu filho, que encontramos nas fileiras espíritas tanta gente que se diz ter sido barão, príncipe, marquesa, rainha, ou algo semelhante, numa existência passada...”

E, ao final, Chico sentencia, com sabor de advertência:

"Afirma Emmanuel que eles foram mesmo e hoje estão por aí resgatando os seus débitos.

As lavadeiras, os lavradores, os serviçais humildes estão todos nos Planos Superiores..."


Do livro: O Apóstolo do Século XX - Chico Xavier
Autor: Weimar Muniz de Oliveira

FEEGO - Federação Espírita do Estado de Goiás


Nota de Fernando Peron (dezembro de 2010):


(*) – Memórias de Um Suicida / Yvonne A. Pereira (obra mediúnica) / FEB – Federação Espírita Brasileira. Obra-prima da literatura espírita, riquíssima de conteúdo sobre o Plano Espiritual e as Leis de Ação e Reação; considerada uma das dez melhores obras espíritas do século XX.

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