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06 outubro 2011

Prêmios e Castigos - Izabel Bueno


PRÊMIOS E CASTIGOS

Conta-se que uma menina muito estudiosa, ao ser promovida à série seguinte na escola com ótimo aproveitamento, perguntou ao seu pai:

— Papai, qual o presente que irei receber do senhor, pela minha promoção na Escola?

— Nenhum, minha filha! respondeu o pai com naturalidade.

— Como assim, meu pai? Então não mereço uma recompensa pelo meu esforço nos estudos?

— Filha querida, você vai à escola para estudar e assim, o trabalho desempenhado com as tarefas escolares e o esforço despendido para alcançar essa excelente promoção, que merece os nossos aplausos, nada mais representam do que o cumprimento do seu dever, demonstrando a sua responsabilidade da palavra empenhada por ocasião da sua matrícula.
Portanto, não há motivo para receber presente como recompensa, entendeu?

— Compreendo meu pai, eu não tinha pensado nisso, e agradeço-lhe o ensinamento.

O estudo com os trabalhos decorrentes do desenvolvimento do processo educativo, constituindo um dever natural na vida do estudante, não se justifica oferecer prêmios pela promoção no fim do período escolar.

A verdadeira educação não recompensa e nem castiga.

As lições ministradas pelos professores, e especialmente o seu exemplo, demonstrado em seu comportamento, seguindo o fenômeno natural da aprendizagem, irão penetrando na mente do aprendiz, para a conquista da sua responsabilidade pessoal.

Quantas vezes presenciamos as escolas concederem prêmios aos alunos que são classificados nos primeiros lugares, colocando os seus nomes no "quadro de honra" ou mesmo, oferecendo presentes, e ainda, sendo também agraciados aqueles que mantiveram a freqüência integral!

Analisando as condições dos premiados, e comparando com as dos outros alunos, chegaremos a conclusões que preocupam qualquer educador. Atentemos para as diferenças individuais, o grau de inteligência, o sistema de vida da família, as condições de saúde, que sem dúvida, exercem a maior influência na aprendizagem.

Desta forma, às vezes, a criança que obteve menor classificação se esforçou talvez muito mais, do que aquela mais bem dotada de inteligência e que vive uma situação mais equilibrada, podendo assimilar melhor as lições apresentadas nas aulas.

Os pais e educadores devem transmitir à criança as noções de responsabilidade no estudo, fazendo-a sentir a necessidade do conhecimento para a evolução do seu espírito.

Assim sendo, a criança compreenderá que o aproveitamento escolar é uma conseqüência natural do estudo metódico e perseverante, promovido pelo seu esforço e pela freqüência regular às aulas. Não será, então, pelo interesse dos prêmios e presentes que se aplicará nos estudos, realizando uma aprendizagem consciente, isenta de orgulho e vaidade.

E, quando houver a falta do cumprimento das tarefas determinadas, o professor deverá oferecer ao aluno uma nova oportunidade para a elaboração do trabalho exigido, explicando-lhe que não representa um castigo, mas apenas a necessidade do atendimento dos deveres estabelecidos.

Logo, concluímos que, nem prêmios nem castigos, mas sim, a formação do caráter, no sentido de plasmar no espírito infantil o senso da responsabilidade, com as idéias do respeito e da dignidade humana.

De “Crianças e Jovens”
De Izabel Bueno

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