LUZ INEXTINGUÍVEL
Mais
poderoso do que os povos e as suas realizações através dos séculos, o
Livro de cada época é um marco decisivo na história da evolução do
pensamento.
Os
Vedas, ditados por Brama aos richis, enriqueceram a India de
espiritualidade durante milênios, e o Vedanta, que tem por objeto a sua
explicação mística, até hoje domina a alma filosófica do povo hindu,
iluminando-a com luz inextinguível.
A
Pérsia milenária deixou-se conduzir pelo Zendavestá, atribuído a
Zoroastro, e inundou-se de sabedoria que, há milênios, lhe norteia os
caminhos, na busca da Imortalidade.
Israel,
entre tormentos e inquietações, tem encontrado no Antigo Testamento, há
quase cinco mil anos, o roteiro espiritual da liberdade buscada em
todos os séculos.
Toda a Arábia passou a beber nas fontes augustas do Alcorão a Mensagem de Alá, transmitida ao Profeta em visões.
Desde
então, sejam os pensamentos de Marco Aurélio ou os conceitos de
Sócrates, apresentados por Platão, as poesias de Vergílio ou as antigas
tragédias de Sófocles, o Novo Testamento, que nos apresenta a nobre vida
do Homem que se fez maior do que a Humanidade, ou os Sermões de Vieira,
o Livro é uma luz incomparável, colocando marcos históricos nos fastos
da Humanidade.
Seja
através da Divina Comédia, de Dante Alighieri, ou da Obra grandiosa de
Cervantes, ou manuseando os conceitos de Castelar, após a Imprensa o
homem passou a considerar o Livro como um monumento colossal dentro do
qual se pode refugiar a Civilização, mesmo quando o horror da guerra
ameaça a vida de extermínio total...
O
Século XIX com as conquistas fulgurantes da Ciência, com as conclusões
notáveis da Filosofia e com as pesquisas na Moral e na Religião,
recebeu, numa Obra, o mais vigoroso trabalho filosófico de que se tem
notícia: «O Livro dos Espíritos» que, embora a singeleza com que foi
apresentado, em Paris, se fez o marco básico dos tempos novos, clareando
mentes e conduzindo almas ao aprisco da paz, onde é possível uma
felicidade imorredoura. Isto porque «O Livro dos Espíritos» difere, na
essência, na estrutura e na planificação, de todos os que o precederam
como daqueles que lhe vieram depois.
Não
é a Obra de um homem nem a manifestação revelada de um só Espírito. É,
talvez, a maior síntese que a Humanidade já leu em Filosofia
Espiritualista, porquanto examina as consequências morais, através das
Civilizações, apresentando os efeitos calamitosos dos desequilíbrios
sociais, no homem reencarnado...
Não
é um diálogo entre a alma que inquire e a voz que responde, embora o
método dialético em que se apresenta. E' grandioso, igualmente, pelas
conclusões do indagador e, na sua síntese preciosa, vai além dos
problemas filosóficos, demorando-se em estudos de ordem metafísica,
sociológica... Tentando oferecer soluções claras às diversidades
étnicas, dentro de princípios essencialmente morais, conduzindo o
pensamento em superior roteiro, capaz de libertar o homem das expiações
amargas e dolorosas, em que se vem debatendo.
«O
Livro dos Espíritos» é um Sol conduzindo, intrinsecamente, o seu
próprio combustível. Guarda, na sua planificação, sabiamente, toda a
Doutrina Espírita Codificada. Nele estão em germe os livros que viriam
depois, abrindo novos horizontes à Ciência em «O Livro dos Médiuns»,
clareando os meandros da Religião em «O Evangelho...”. », explicando a
essência da vida e sua origem em «A Gênese» e apresentando em «O Céu e o
Inferno» consolações e punições necessárias ao progresso da alma
encarnada ou desencarnada. E mais do que isto, a Introdução e os
Prolegômenos deram origem aos opúsculos «Introdução ao Estudo da
Doutrina Espírita» e ao «O que é o Espiritismo».
Monumento
mais grandioso que as tradicionais obras da Engenharia que o tempo
corrói, «O Livro dos Espíritos» amplia o pensamento filosófico da
Humanidade, derramando luz sobre a Razão entorpecida nas limitações do
materialismo.
Espíritas! Homenageando a data de publicação d'«O Livro dos Espíritos», banhemo-nos na sua luz, estudando-o carinhosamente.
Não
o olhar precipitado de quem se empolga com a narrativa romanceada, não a
observação impensada de quem procura concluir antes de terminar o
conteúdo, mas, estudo sério para sorvê-lo lentamente na taça augusta da
meditação, e exame continuado e intermitente para absorver o pensamento
divino que os Espíritos Superiores trouxeram ao espírito de escol do
«Professor Rivail», o escolhido para projeção da Mensagem grandiosa que
brilha como farol sublime na Doutrina Espírita.
Divulgá-lo
e entendê-lo, senti-lo e apresentá-lo ao mundo é tarefa inadiável que a
todos, espíritas e Espíritos, nos impomos como corolário natural das
nossas convicções.
E
recordando o seu aparecimento em Paris, há 113 anos, penetremo-nos de
sua sublime mensagem, tornando-nos interiormente iluminados, para levar
essa chama grandiosa às gerações do futuro, como ainda brilha entre nós a
palavra de Crisna, Moisés, Jesus e tantos outros Embaixadores do Céu, e
que «O Livro dos Espíritos» confirma e aclara.
Vianna de Carvalho
Por Divaldo P. Franco
Reformador’ (FEB) Abril 1970
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