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04 dezembro 2014

Conversando com Deus - Richard Simonetti

 
CONVERSANDO COM DEUS


Ao sul da Índia e a leste da África, há um país cujo território é feito de pequenas ilhas, mais de mil, espalhadas numa extensão de oitenta mil quilômetros quadrados. Seu nome, Maldivas, vem do sânscrito maladiv, que significa guirlanda de ilhas, todas belíssimas, como uma grinalda de flores.

Os visitantes confirmam: as ilhas são maravilhosas, uma rara combinação de céu azul, mar límpido, águas mansas, alvas praias, peixes em profusão, frutos e flores – verdadeiro paraíso.

O que mais impressiona é a tranquilidade dos maldivenses. Não obstante a pobreza do país, vivem felizes, sem os problemas de violência, roubo e vício que conturbam as sociedades atuais.

Em princípio se poderia dizer que o caráter risonho e cordial do povo maldivo vem da placidez do oceano, da beleza das ilhas, da exuberância da Natureza. Não é só isso, porquanto em outros lugares a Natureza mostra-se igualmente generosa, mas a existência é conturbada.

Exemplo típico temos no Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do Mundo. Quando contemplamos a Baía da Guanabara, do alto do Corcovado, e nos deslumbramos com a magnificência da paisagem, sentimos a presença de Deus e compreendemos a exaltação do sambista ao cantar a cidade maravilhosa, cheia de encantos mil… No entanto, o Rio enfrenta graves problemas, envolvendo drogas, assassinatos, assaltos, prostituição… A cidade maravilhosa continua linda, como sempre, mas a vida está cada vez pior.

Qual seria, pois, o segredo dos maldivenses? Os pesquisadores têm constatado que a fórmula mágica que lhes sustenta a cordialidade, o bom humor e a urbanidade, é a oração. Cinco vezes por dia, em horários determinados, a população, formada por muçulmanos sunitas, entrega-se à oração, nos templos e pequenas igrejas que existem em grande quantidade.

Não dura mais que alguns minutos, mas é o suficiente para iluminar o dia, mantendo-os conscientes da presença de Deus e da necessidade de cumprir os preceitos morais de sua religião.

Certamente passaríamos por uma mudança radical, se ao longo do dia, lembrássemos de Deus. Muitos problemas seriam evitados, muitas dificuldades superadas, se nos habituássemos a conversar com Deus com maior frequência.

Há uma situação curiosa em relação à oração. A pessoa conversa com Deus e parece que tudo piora.

– Não sei o que acontece comigo. Quando oro minha cabeça fica conturbada, sinto-me estranho.

Ocorre que a oração funciona como um mergulho na intimidade de nossa própria consciência, uma espécie de varrer e colocar em ordem a casa mental. Quando usamos a vassoura, sobe a poeira. Pode nos incomodar em princípio, mas depois o ambiente fica melhor, mais limpo, mais saudável.

A introspeção, esse voltar para dentro de nós mesmos, revolve o entulho de nossas fraquezas, de nossos pensamentos negativos, das más palavras, e em princípio poderemos sentir algum desconforto.

Com perseverança, buscando cumprir a vontade do Senhor, expressa nas lições de Jesus, em breve teremos muita paz em nosso coração.

A oração, dizem os mentores espirituais, deve ser algo tão natural, tão instintivo em nossa vida, como a respiração. Devemos lembrar de Deus em todas as horas de nossos dias, para que sintamos sua presença em todos os dias de nossa vida.

Principalmente na hora de dormir é importante pensar em Deus, pedindo sua proteção para um sono reparador e um despertar tranquilo. Estaremos, então, preparados para o novo dia, como está na singela oração de Robert Louis Stevenson, famoso escritor americano:

Senhor, quando o dia voltar,
          
Fazei que eu desperte
          
Trazendo no rosto e no coração
          
A alegria das alvoradas,
          
Disposto ao trabalho,
          
Feliz se a felicidade for o meu quinhão,
          
Resignado e corajoso,
          
Se me couber, nesse dia,
          
Uma parcela de sofrimento.


Richard Simonetti – richardsimonetti@uol.com.br


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