CONVERSANDO COM DEUS
Ao sul da Índia e a leste da África, há um país cujo território é
feito de pequenas ilhas, mais de mil, espalhadas numa extensão de
oitenta mil quilômetros quadrados. Seu nome, Maldivas, vem do sânscrito maladiv, que significa guirlanda de ilhas, todas belíssimas, como uma grinalda de flores.
Os visitantes confirmam: as ilhas são maravilhosas, uma rara
combinação de céu azul, mar límpido, águas mansas, alvas praias, peixes
em profusão, frutos e flores – verdadeiro paraíso.
O que mais impressiona é a tranquilidade dos maldivenses. Não
obstante a pobreza do país, vivem felizes, sem os problemas de
violência, roubo e vício que conturbam as sociedades atuais.
Em princípio se poderia dizer que o caráter risonho e cordial do povo
maldivo vem da placidez do oceano, da beleza das ilhas, da exuberância
da Natureza. Não é só isso, porquanto em outros lugares a Natureza
mostra-se igualmente generosa, mas a existência é conturbada.
Exemplo típico temos no Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do
Mundo. Quando contemplamos a Baía da Guanabara, do alto do Corcovado, e
nos deslumbramos com a magnificência da paisagem, sentimos a presença
de Deus e compreendemos a exaltação do sambista ao cantar a cidade maravilhosa, cheia de encantos mil… No
entanto, o Rio enfrenta graves problemas, envolvendo drogas,
assassinatos, assaltos, prostituição… A cidade maravilhosa continua
linda, como sempre, mas a vida está cada vez pior.
Qual seria, pois, o segredo dos maldivenses? Os pesquisadores têm
constatado que a fórmula mágica que lhes sustenta a cordialidade, o bom
humor e a urbanidade, é a oração. Cinco vezes por dia, em horários
determinados, a população, formada por muçulmanos sunitas, entrega-se à
oração, nos templos e pequenas igrejas que existem em grande quantidade.
Não dura mais que alguns minutos, mas é o suficiente para iluminar o
dia, mantendo-os conscientes da presença de Deus e da necessidade de
cumprir os preceitos morais de sua religião.
Certamente passaríamos por uma mudança radical, se ao longo do dia,
lembrássemos de Deus. Muitos problemas seriam evitados, muitas
dificuldades superadas, se nos habituássemos a conversar com Deus com
maior frequência.
Há uma situação curiosa em relação à oração. A pessoa conversa com Deus e parece que tudo piora.
– Não sei o que acontece comigo. Quando oro minha cabeça fica conturbada, sinto-me estranho.
Ocorre que a oração funciona como um mergulho na intimidade de nossa
própria consciência, uma espécie de varrer e colocar em ordem a casa
mental. Quando usamos a vassoura, sobe a poeira. Pode nos incomodar em
princípio, mas depois o ambiente fica melhor, mais limpo, mais saudável.
A introspeção, esse voltar para dentro de nós mesmos, revolve o
entulho de nossas fraquezas, de nossos pensamentos negativos, das más
palavras, e em princípio poderemos sentir algum desconforto.
Com perseverança, buscando cumprir a vontade do Senhor, expressa nas
lições de Jesus, em breve teremos muita paz em nosso coração.
A oração, dizem os mentores espirituais, deve ser algo tão natural,
tão instintivo em nossa vida, como a respiração. Devemos lembrar de Deus
em todas as horas de nossos dias, para que sintamos sua presença em
todos os dias de nossa vida.
Principalmente na hora de dormir é importante pensar em Deus, pedindo
sua proteção para um sono reparador e um despertar tranquilo.
Estaremos, então, preparados para o novo dia, como está na singela
oração de Robert Louis Stevenson, famoso escritor americano:
Senhor, quando o dia voltar,
Fazei que eu desperte
Trazendo no rosto e no coração
A alegria das alvoradas,
Disposto ao trabalho,
Feliz se a felicidade for o meu quinhão,
Resignado e corajoso,
Se me couber, nesse dia,
Uma parcela de sofrimento.
Richard Simonetti – richardsimonetti@uol.com.br
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