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30 setembro 2015

Refexões sobre humildade - Joanna de Ângelis


REFLEXÕES SOBRE A HUMILDADE

A humildade é uma virtude de difícil aquisição, por exigir esforço para superar-se os instintos que predominam em a natureza humana, especialmente o da sobrevivência.

Ao materialismo devem-se muitos males, entre os quais aqueles que defluem dos estímulos e aplicações pedagógicas em favor do ego e das suas mazelas. Há uma preocupação ancestral dedicada à formação do caráter que privilegia a força pessoal, o destaque, a independência, o poder. Essa preocupação em torno dos falsos conceitos de que o homem não chora, o forte prevalece, o vitorioso é aquele que soube resguardar-se, distante dos problemas alheios, demonstra que esses são elementos perniciosos e que se opõem à humildade.

Cuida-se de condicionar o educando à presunção, ao orgulho das suas conquistas em detrimento da fragilidade de que todos os seres são formados.

Uma insignificante picada de um instrumento infectado interrompe uma vida esplendorosa e um ser triunfante.

Modesto mosquito transmite vírus terríveis que devoram existências poderosas.

Bastaria ligeira reflexão para a criatura humana dar-se conta da sua fraqueza ante as forças da Vida e os fatores destrutivos que pululam em toda parte.

No sentido inverso, a grandeza cósmica que o deslumbra, pode dar-lhe dimensão da sua pequenez, levando-o a considerações profundas quanto ao significado existencial.

A humildade é virtude essencial para uma jornada feliz na Terra. Mediante a sua presença, percebe-se quanto se deve trabalhar o íntimo para aformosear-se as aspirações e avançar-se na solidariedade como fundamental comportamento para o equilíbrio.

Analisando-se as conquistas conseguidas pela ciência e tecnologia, ao invés da presunção ingênua, perceber o infinito de possibilidades a conhecer e de enigmas a solucionar.

O deslumbramento inicial pode levar o rei da criação, dito ser a criatura humana, a esse estado de orgulho infantil que o ilude a respeito dos poderes que lhe estão ao alcance das mãos para a glória e o prazer, sempre relativos, da sua breve caminhada entre o berço e o túmulo.

A vã ilusão de potência e domínio na mocidade e idade adulta dilui-se quando as energias diminuem na velhice e nos períodos de enfermidade, confirmando-lhe a fragilidade acima de toda e qualquer robustez.

A maioria dos Hércules e Vênus do culto ao corpo, passado o período específico dos esportes e dos exercícios exaustivos, da alimentação sob rígido controle, tomba nos graves problemas cardiológicos e outros que o excesso de técnicas e de substâncias que contribuem para a beleza exterior, que agora se transforma em degenerescência e debilidade.

A experiência terrestre tem como essencial a finalidade do autodescobrimento, do sentido de existir, do desenvolvimento da inteligência e do Si profundo.

Utilizar-se das ocorrências para aprimorar-se é o programa da Vida para todos.

Jesus, que é o protótipo da perfeição e da beleza de que se tem notícia, apagou a Sua grandeza na humildade para ensinar a vitória sobre as paixões inferiores.

Deu o exemplo máximo da Sua elevação na última ceia quando, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos discípulos, demonstrando que sendo o Senhor fazia-se servo para todos.

Incompreendido por Pedro, que se Lhe recusara, explicou-Lhe que se o não fizesse nada teria com Ele, e o apóstolo emocionado entregou-se-Lhe em totalidade.

A grandeza do Seu gesto demonstra a força moral, o Seu poder de servir, deixando a lição perene como advertência e orientação.

Cuida de penetrar-te até às nascentes do coração, para que a mosca azul da vaidade não pouse na tua insignificância.

Busca a simplicidade e a compreensão existenciais, tendo em vista que tudo mais é transitório e tem somente o valor que lhe atribuis.

Faze-te acessível e atento para aprender com os pobres de espírito a forma de enriquecer-te de humildade e de paz.

Nunca disputes projeção e destaque, recordando o ensinamento de Jesus, quando informou que os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros.

Afeiçoa-te ao anonimato, não deixando sinais do bem que faças, a fim de que não sejas exaltado, qual ocorre com muitos fúteis e irresponsáveis, que são louvados e bajulados sem mérito real.

Mas não penses que humildade é menosprezo, desconsideração por si mesmo, subalternidade, escondendo conflitos de inferioridade.

A verdadeira humildade permite o autoconhecimento em torno dos valores que são legítimos no ser, sem os exaltar nem se engrandecer, compreendendo o quanto ainda necessitas para atingir o ideal, tendo o prazer de sacrificar-se pelo conseguir.

Muitos Espíritos reencarnaram-se com nobres missões e falharam, porque se ensoberbeceram e se permitiram as glórias terrenas que os frustraram, abandonando-os na etapa final da vida.

Recorda-te daqueles outros que se apagaram na humildade, adotando o sacrifício e a abnegação, edificando o bem em vidas incontáveis.

Bem-aventurados os humildes de coração e ricos de amor, porque eles fruirão a plenitude.


Pelo Espírito Joanna de Ângelis

Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 10 de agosto de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

29 setembro 2015

Advertência de Amor - Bezerra de Menezes


ADVERTÊNCIA DE AMOR

Quando nós conseguimos introjetar o Cristo em nosso coração, a vida muda de significado, nós mudamos de trajetória e surge, em nosso mundo interior, uma emoção completamente nova em que a criatura humana agora se identifica com o Criador e pode manter o intercâmbio de Pai a filho e de filho a Pai.

Não lamenteis as dificuldades que ora assolam a Terra. A crise de qualquer natureza é uma experiência evolutiva para o desenvolvimento intelecto-moral da criatura humana.

Examinai a vida do Mundo espiritual para a Terra e não dos efeitos para a causa.

Somente nos acontece aquilo de que temos necessidade para evoluir.

Enriqueçamos, filhos amados, a nossa alma, com a dúlcida paz que vem de Jesus e deixemos que Ele norteie os nossos passos, que nos levem pelas estradas difíceis que devemos vencer até alcançar o calvário sublime da nossa cruz de redenção.

Não sofreis sem um motivo justo. A dor é um divino buril que lapida as imperfeições da alma. É claro que a bênção da saúde, o equilíbrio orgânico, emocional, psíquico, fazem parte também do esquema da vida espiritual, mas é necessário compreender que saímos do instinto para a razão e ainda não conseguimos imprimir a razão no bom tom, no ádito dos corações nem das atividades. E, como consequência, erramos, enganamo-nos, equivocamo-nos a cada passo, com o direito sublime da reparação.

Arrependamo-nos do mal que nos fizemos, expiemos como recomenda o egrégio Codificador e reparemos através do amor e da misericórdia.

Jesus, meus filhos, espera por nós.

Que cada um de nós cumpra com o seu dever. Que cada um de nós realize o mínimo ao seu alcance, esse mínimo que seja, possivelmente, uma grande parte para quem recebe, nada tendo.

A nossa jornada na Terra é uma experiência de libertação. Não mais tergiversemos, não nos permitamos mais tombar nos desfiladeiros da agonia pela presunção, pelo egotismo. É ampla a estrada do amor embora a porta redentora seja estreita. Entremos por ela, atentando para encontrarmos na Casa do Pai o lugar de misericórdia que nos está reservado.

Servir é a honra que nos cabe. Amai, é a oportunidade de autorredenção e confiai infinitamente no amor do Amado, em nome do Pai Celestial, para que as Suas bênçãos penetrem-nos a alma e libertem-nos das aflições.

Que o Senhor de bênçãos vos abençoe, são os votos do humilde servidor paternal em nome dos amigos espirituais deste templo para todos vós.

Muita paz

Bezerra

Psicofonia de Divaldo P. Franco, no final da conferência, realizada no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 27 de agosto de 2015

28 setembro 2015

Depois da Morte - O Regresso aos Domínios Espirituais - Neuza Brienze

 

DEPOIS DA MORTE
O REGRESSO AOS DOMÍNIOS ESPIRITUAIS


“Para morrer bem é preciso viver bem”. – Confúcio

A maioria das pessoas, apesar de acreditar na imortalidade da alma, sente muito medo da morte. Esse medo ocorre pelo desconhecimento do que acontece durante a morte, do que vem depois ou para onde vão assim como do receio de perder afeições. As religiões pouco fazem para esclarecer os fiéis sobre a vida além-túmulo, assustando-os ainda mais.

A Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec é o Consolador prometido por Jesus, que vem eliminar esse medo, preparando-nos para enfrentá-lo serenamente, pois todos morreremos um dia. Orienta-nos sobre a vida e a morte. A vida é uma propriedade da alma, do nosso Espírito a vida é eterna porque somos eternos. Informa que toda pessoa é formada por três partes essências: - o corpo físico ou ser material, animado pelo princípio ou fluido vital; - a alma, que é o espírito encarnado, habitando o corpo; - o perispírito ou corpo espiritual que une a alma ao corpo.

Então, o que acontece durante a morte, também chamada desencarnação?

O que acontece é uma mudança do lado material para o lado espiritual. Você que está lendo tem um corpo físico, adaptado à vida material, utilizado pelo seu espírito que está unido a ele através do perispírito. Isto é necessário para que você possa cumprir a sua finalidade na Terra, que é progredir em conhecimentos e sentimentos, através do esforço pessoal e do relacionamento com o próximo. O organismo funcionando ao longo do tempo e segundo as circunstâncias vai se desgastando, diminuindo o fluido vital e a morte acontece. Você deixa o corpo físico, mas a sua alma (ou espírito) que é imaterial e imortal muda-se para o lado espiritual continuando a viver com o corpo espiritual (perispírito). Acontece um desligamento dos laços que uniam o perispírito ao corpo físico. Quando mudamos de um lugar para outro continuamos a ser o que somos, apenas nos desfazemos do que não é necessário. Assim, também, quando desencarnamos, continuamos a ser a mesma pessoa, mas, nos desfazemos do corpo físico, pois não é necessário no mundo espiritual.

Agora que você já sabe que a morte é mudança, pense no seguinte, para perder o medo:

- Aqui na Terra temos hospitais, escolas, instituições beneficentes, etc. Quantas pessoas dedicadas ao bem em todos os níveis sociais! Só não é auxiliado quem não quer. Imagine agora no Plano Espiritual. Nele está também a Bondade Divina, através dos Espíritos Protetores, dos Anjos de Guarda, dos Grupos de Socorro e Esclarecimento.

Aqui é uma cópia do que tem lá e sendo assim a assistência, o amparo, o esclarecimento no mundo espiritual são maiores. Há também técnicos em auxílio aos que desencarnam.

- Também fique sabendo que a família terrena continua fazendo parte do nosso relacionamento juntamente com a família espiritual.

Há três tipos de desencarnação

a) A desencarnação lenta, a mais usual e ideal. A pessoa adoece por um prazo mais ou menos longo. Tem tempo para meditar, reformular pontos de vista, fazer acertos, modificar-se.

Pode ser por velhice também, o fluido vital vai se esgotando. Não é uma desgraça como pensam, é um fator de equilíbrio.

b) A desencarnação súbita, o espírito é apanhado de surpresa, despreparado e se não praticou o bem fica apegado à vida material e sensações físicas. As pessoas dedicadas ao bem com sinceridade não sofrem neste tipo de desencarnação.

c) A desencarnação coletiva, semelhante à súbita, mas em conjunto com outras pessoas, por meio de desastres variados. Não se dá acaso. Espíritos com débitos semelhantes reúnem-se para uma expiação coletiva.

A perturbação da passagem

Na passagem da vida corporal para a espiritual acontece também um outro fenômeno: a perturbação. A alma experimenta um torpor, espécie de sono ou desmaio e por isso quase nunca testemunha conscientemente o último suspiro. A perturbação pode ser considerada o estado normal no instante da morte e pode durar de algumas horas a muitos anos, dependendo do estado moral e dos atos praticados.

O despertar do torpor ou sono apresenta variantes:

1) O espírito acorda ouvindo choro, lamentações, etc, de entes queridos que não se conformam. Isto dificulta a sua adaptação à nova vida. Essa situação só melhora com a mudança do comportamento de tristeza dessas pessoas, substituindo-o por equilíbrio, preces e conformação. O espírito desencarnante também pode expressar os mesmos s

entimentos chorando muito pela separação, necessitando também se esforçar para superar a crise e consolar os que ficaram. 2) O despertar se dá em hospital ou casa de repouso. Devido ao atendimento médico e aos cuidados que recebe, o espírito pensa que permanece no mundo material. É esclarecido, pode receber a visita de alguém que já desencarnou ou, então, perceber, à distância, o que se passa no antigo lar, sentindo que já não vive mais lá.

3) Há espíritos que acordam surpresos porque se sentem vivos, sabendo que passaram por situações em que iriam deixar a vida física, como doenças terminais, acidentes, etc.

Há também um fenômeno que se verifica com alguns espíritos antes ou após o desencarne. É a revisão total ou parcial dos acontecimentos que vivenciaram ao longo da existência material que se finda. Seria como a exibição de um “vídeo-tape” guardado nos arquivos do pretérito, documentando fatos importantes da última existência. Assim revela uma comunicação do espírito Germano Sestini, extraída do livro “Vida no Além”, psicografado por Chico Xavier.

“Meu espanto foi enorme. Parecia que estava retornando aos tempos de menino... Na mente apareceu a paisagem de Cravinhos e tornei a ver meu pai João e minha mãe, acariciando-me e ensinando-me a rezar. Mariquinha, revi tudo... a nossa felicidade, o nascimento dos filhos... Os dias difíceis, o duro trabalho para melhorar...”

Onde ficam os espíritos após a morte?

Esta é a grande preocupação dos que temem a morte. Não há lugar especialmente destinado ao sofrimento ou à paz e à felicidade. Os espíritos se reúnem segundo a afinidade vibratória, conseqüência do estado moral. Ao desencarnar cada um é o que é, o produto dos seus pensamentos, sentimentos e atos. “A cada um segundo suas obras”. Surgem daí as esferas, planos ou mundos espirituais. Os espíritos voltados para o mal se reúnem em regiões dimensionais conhecidas como Trevas. Suas formas perispirituais não são nada agradáveis devido às suas vibrações inferiores, conseqüência das faltas cometidas. Aí estão os criminosos endurecidos, os que cometeram faltas pesadas, que só conheceram gozos vis, que só tiveram sentimento de ódio e maldade para com seus semelhantes. 

É o Umbral mais pesado. Aí permanecerão por longo tempo, mas não eternamente, pois a bondade de Deus é infinita e ampara a todos. Em outro plano, provavelmente correspondente à superfície da Terra (na dimensão espiritual) ou pouco acima, vivem os que ficaram ligados à matéria, que viveram para si mesmos, sem ideal, sem fé, podem ter feito pouco mal, mas de bem nada fizeram. É o Umbral mais ameno. Nele há vegetação e moradias. Os espíritos do bem encontram aí mais facilidade para assistência. A terceira esfera ou plano, também Umbral, é uma região de transição para planos superiores como também abriga espíritos necessitados de reencarnar, isto é, voltar a renascer na Terra novamente. Aí fica a colônia-cidade Nosso Lar, local de trabalho e reeducação. Existem outras centenas de colônias-cidades em torno da Terra. O livro “Nosso Lar”, que recomendamos para leitura, dá notícias sobre estas três esferas.

O suicida provoca um rompimento brusco do funcionamento dos órgãos. Por ficar o perispírito saturado de fluidos vitais (não era chegada a hora) permanece ligado ao corpo físico. Dependendo das circunstâncias, o espírito sente os efeitos da decomposição, revê o ato e sofre intensamente. Suicida também é quem desencarna antes da hora porque lesou o corpo físico com desgastes necessário, alimentação desregrada, prazeres desmedidos, uso de tóxicos, desajustes emocionais (ódio, raiva, inveja, ciúmes, preguiça, etc). Por estarem imantados ao nosso mundo material são agrupados por afinidade a determinados locais da espiritualidade. As nossas preces por eles ajudam a se libertarem dos fluidos materiais. São conduzidos por espíritos amigos às sessões mediúnicas onde são esclarecidos e confortados.

Os espíritos que já alcançaram determinados graus de superioridade se reúnem nas esferas superiores, onde reinam a paz, a harmonia e o trabalho.

“Nos planos imediatos à experiência física, os felizes estão sempre dispostos ao trabalho em favor dos infelizes, os mais fortes em benefício dos mais fracos, os bons em socorro dos desequilibrados e os mais sábios em apoio aos desorientados e ignorantes”, conforme explica-nos André Luiz no livro “Cidade no Além”.

“Para morrer bem é preciso viver bem”, ensinava Confúcio. Para viver bem basta seguir o ensinamento de Jesus: “Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo”.


Neuza Brienze 
Centro Espírita Vicente de Paulo, CEVIP Mirassol – SP


Bibliografia “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec “Espiritismo e Vida Eterna”, Ariovaldo Caversan e Geziel Andrade “O que nos espera depois da morte”, George Gonzalez “Cidade no Além”, Francisco Cândido Xavier e Heigorina Cunha, ditado pelos Espíritos André Luiz e Lucius “Evolução para o Terceiro Milênio”, Carlos Toledo Rizzini

Nota: Para você saber mais sobre a vida além da morte conheça a Doutrina Espírita. Além desses livros recomendamos, entre outros: “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec “Nosso Lar”, Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito André Luiz “Como vivem os Espíritos”, Antonio Fernandes Rodrigues “Vida no Além”, Francisco Cândido Xavier, mensagens de espíritos que residiram em São José do Rio Preto – SP.

27 setembro 2015

Conflitos - Joanna de Ângelis

 (Via Láctea por Mikey Mackinven)

CONFLITOS


Sociável, o ser humano se encontra equipado de instrumentos necessários à comunhão fraternal através dos seus relacionamentos. Todavia, herdeiro da agressividade que nele vigeu nos primórdios da evolução, prossegue com certa prepotência no instinto de conservação da vida, tornando-se, com frequência, hostil e violento.

Invariavelmente permanece armado em relação ao próximo, duvidando dos valores morais que servem de roteiro a todas as vidas, quando seria ideal encontrar-se aberto à afetividade para tornar-se amado.

Mesmo sendo gentil, toda vez quando se sente incompreendido, logo pensa que poderá ser exterminado, e, de imediato, dispõe-se a reagir, no processo inconsciente de eliminar aquele que se lhe apresenta como ameaça à sua existência.

Acreditando-se injustiçado, quando a agressão de que é vítima não procede, por faltarem os elementos que a poderiam justificar, tomba no revide conforme as circunstâncias e os recursos de que dispõe.

Utiliza-se, então, de acusações indébitas, de calúnias, mediante as quais procura punir o opositor, e crê estar atendendo ao dever da consciência saudável. Nos seus padrões de lucidez, acredita que a sua defesa é uma necessidade, permitindo-se a utilização de recursos procedentes ou não, como vingança ou, na sua visão distorcida, justiça reparadora.

Em decorrência, o conflito se lhe instala, porque lhe falta segurança íntima em torno dos próprios valores, liberando o medo que escamoteia com habilidade, desse modo compensando-se com as atitudes de agressividade. Em consequência, existem os pequenos e os grandes conflitos, que resultam do volume de pacientes que explodem ante as ocorrências para as quais não têm resistências morais a fim de enfrentá-las com serenidade.

Noutras circunstâncias, a depender do significado daquilo que considera como ofensa, passa às reações semelhantes que no outro censura, culminando em lutas corporais, crimes hediondos e guerras infelizes...

A ignorância das Divinas Leis que programam as existências humanas de acordo com as suas próprias ações, responde pela prepotência que facilmente comanda o comportamento social.

Transferindo-se de uma para outra existência no carreiro das reencarnações, o conflito domina a vida íntima, devorando, não poucas vezes, as aspirações da beleza, do progresso, das realizações dignificadoras da sociedade.

Todos indivíduos experimentam conflitos, sofrem situações conflitivas que os afligem. Fazem parte do processo evolutivo.

Desde o momento, porém, que se deem conta do transtorno na área emocional, procure-se enfrentá-lo com naturalidade e, de imediato, começam a diluir-se os fatores causais, vencendo-se a injunção momentânea.

Para que assim possam proceder, faz-se necessário ver o conflito com amor, entendê-lo na sua gênese, treinando paciência e confiança em Deus.


*


Jesus asseverou com propriedade: - No mundo somente tereis aflições; mas tendo bom ânimo, eu venci o mundo.

Portadora de profundo sentido é a Sua assertiva, por ensejar a reflexão de que a Terra é uma escola de aprendizagem transitória e a luta que se trava tem como objetivo a vitória sobre todas as paixões vis.

A maioria das criaturas humanas, no entanto, desde a infância é educada equivocadamente para vencer no mundo, isto é: triunfar no palco das apresentações competitivas, tornar-se destaque, fruir prazeres inexauríveis, desfrutar de todos os gozos. A imortalidade não encontra campo para desenvolver-se e a questão da vida após a morte é deixada à margem, como se a ocorrência pudesse ser evitada ou não existisse...

Quando algo não concorre para esse imediato desiderato, permite-se o conflito que se lhe assenhoreia e produz-lhe sofrimento.

Caso opte pelo trabalho de autorrealização, o que equivale a dizer: incessante labor para enfrentar as ocorrências menos agradáveis com certo grau de misericórdia, superar o egoísmo e considerar que as alegrias transitórias são necessárias, mas não as únicas manifestações que proporcionam plenitude, e estará vencendo o mundo.

Jesus experimentou a hostilidade gratuita e contínua de todos aqueles que se Lhe opunham, a perseguição sistemática, a zombaria e o desagrado, mas não se deixou afetar pela belicosidade dos Seus adversários, e por essa razão superou-os.

Levado ao sacrifício, manteve-se sereno e permitiu-se o holocausto, vencendo a hediondez dos conflitos coletivos que geraram os ódios e a violência contra Ele através da misericórdia e da compaixão.

Fez-se exemplo para todos que vieram depois e permanece como lição viva do não conflito.


*


Ante os conflitos que te aturdem e afligem, trabalha o ego e desenvolve o sentimento de amor, mantendo serenidade em todas as situações em que te encontres e perceberás que para vencer no mundo não faltam os contributos da traição, da violência e do desrespeito às leis. No entanto, para vencer o mundo e os seus conflitos, a presença de Jesus na mente e na emoção bastará para equacionar os desafios.

Joanna de Ângelis


Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 15 de abril de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

26 setembro 2015

Autismo na Visão Espírita - Grupo de Estudo Allan Kardec


AUTISMO NA VISÃO ESPÍRITA


Certa vez, um casal aproximou-se ao Chico, o pai sustentando uma criança de ano e meio nos braços, acompanhando por distinto medico espírita de Uberaba. A mãe permaneceu a meia distância, em mutismo total, embora com alguma aflição no semblante.

O médico, adiantando-se, explicou o caso ao Chico: ...

- A criança, desde que nasceu, sofre sucessivas convulsões, tendo que ficar sob o controle de medicamento, permanecendo dormindo a maior parte do tempo, em consequência, mal consegue engatinhar e não fala.

Após dialogarem durante alguns minutos. O Chico perguntou ao nosso confrade a que diagnostico havia chegado.

- Para mim, trata-se de um caso de AUTISMO – respondeu ele.

O Chico disse que o diagnostico lhe parecia bastante acertado, mas que convinha diminuir o anticonvulsivos mesmo que tal medida, a principio, intensificasse os ataques. Explicou, detalhadamente, as contra indicações do medicamento no organismo infantil.

Recomendou passes.

- Vamos orar- concluiu.

O casal saiu visivelmente mais confortado, mas, segurando o braço do médico nosso confrade. Chico Explicou a todos que estávamos ali mais próximos:

- “o AUTISMO”, é um caso muito sério, podendo ser considerado uma verdadeira calamidade. Tanto envolve crianças quanto adultos...

E o Chico falou ao médico:

- É preciso que os pais dessa criança conversem muito com ela, principalmente a mãe. É necessário chamar o espírito para o corpo. Se não agirmos assim, muitos espíritos não permaneceram na carne, porque a reencarnação para eles é muito dolorosa.

Evidentemente que não conseguimos registrar tudo, mas a essência do assunto é o que está exposto aqui.

O espírito daquela criança sacudia o corpo que convulsionava, na ânsia de libertar-se (desencarnar)...

Sem dúvida, era preciso convencer o Espírito a ficar.

Tentar dizer-lhe que a Terra não é cruel assim... Que precisamos trabalhar pela melhoria do homem.

OBSERVAÇÃO DE DIVALDO FRANCO:


Precisamos considerar que “somos herdeiros dos próprios atos”.

Em cada encarnação adicionamos conquistas ou prejuízos a nossa contabilidade evolutiva e, em determinados momentos, ao contrairmos débitos mais sérios, reencarnamos para ressarci-los sob a injunção dolorosa de fenômenos expiatórios, tais os estados esquizóides e suas manifestações várias. Dentre eles, um dos mais cruéis é o AUTISMO. No fenômeno do autismo estamos diante de um ex-suicida a qual, desejando fugir à responsabilidade dos delitos cometidos, envereda pela porta falsa da autodestruição.

Posteriormente, reencarna com o drama na consciência por não ter conseguido libertar-se deles. São, também, os criminosos não justiçados pelas leis humanas ou Espíritos que dissimularam muito bem suas tragédias. Assim, retornam à Terra escondendo-se da consciência nas várias patologias dos fenômenos esquizofrênicos.

Os pais devem esperar a criança dormir e conversar com ela. Pois a conversa é captada pelo inconsciente (Espírito). Fale devagar, pausadamente: Estamos contentes por você estar entre nós; Você tem muito que fazer na Terra; você vai ser feliz nesta vida; Nós te amamos muito; etc.


Fonte - Apostila 05 - Temas Espíritas 
(Grupo de Estudo Allan Kardec)

25 setembro 2015

O significado da perda - Simão Pedro de Lima



O SIGNIFICADO DA PERDA

No "O Livro dos Espíritos", na questão 934, temos, na própria pergunta a palavra “perda” com o sentido de morte ("A perda de entes queridos não nos causa um sofrimento tanto mais legítimo quanto é ela irreparável e independente da nossa vontade"?). Os Espíritos não fizeram nenhuma correção em relação à palavra “perda” contida na pergunta. Responderam, de forma clara, à per...gunta, pois entenderam o sentido dado à palavra "perda" ("Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.") Pode-se objetar que, em termos espirituais, a morte não existe e que ninguém perde ninguém. Pelo prisma da imortalidade da alma sim, mas pelo aspecto da encarnação não, pois a encarnação tem começo e fim. A pessoa que conhecemos é um conjunto espírito/matéria, cuja convivência solidifica os sentimentos. Portanto é natural que havendo a morte física, haverá a descontinuidade da convivência (sentida, vista, percebida) e isso é uma perda, pois não mais se terá o que se tinha, qual seja, a convivência física.

Ainda sob o prisma da morte não existir, muitos preferem o termo desencarnar. Salvo melhor juízo, morte e desencarnação não têm o mesmo sentido e não são, necessariamente, simultâneas. A primeira é física, a segunda é a separação espiritual, o desprendimento mental.Quando damos um nome a alguém, não damos o nome ao Espírito, mas sim à pessoa (Espírito encarnado em uma dada encarnação). O Espírito, justamente pelo fato de se reencarnar várias vezes, não tem um nome específico. Recebe um nome em cada encarnação. Então, o nome, a persona, é o Espírito reencarnado. Esse conjunto desaparece com a cessação da vida orgânica e a isso é que chamamos morte (veja a questão 68 de “O Livro dos Espíritos”).

Desencarnação é o ato do desligamento do Espírito; desligamento completo, ou seja, inclusive o mental. Quantos espíritos há que, anos após a morte do corpo, ainda se sentem ligados a ele?. Vejamos as dissertações dos espíritos infelizes contidas no livro o Céu e o Inferno (segunda parte), quanto dizem ainda estarem "ligados ao corpo" (alguns por anos ou décadas)... Esses não desencarnaram. Houve a morte física, mas não a desencarnação.

Portanto, em certo sentido, ou melhor, no sentido físico, a morte existe sim, referindo-se a uma estrutura orgânica (LE 68). Quando dizemos "fulano" morreu, não estamos nos referindo ao Espírito imortal ou liberto (que já teve vários nomes), mas sim à pessoa encarnada que não mais será vista "em carne e osso" (valendo-me de expressão coloquial). É a esse fenômeno que se refere a palavra "perda", uma vez que "não mais" haverá esta "pessoa" convivendo fisicamente com os seus amados.Essas minhas observações estão sempre sujeitas a serem corrigidas, pois externo apenas uma opinião pessoal, sujeita a erro e, por isso mesmo, pode e deve ser corrigida. Espero que meu longo texto não tenha sido uma "perda de tempo" para quem o leu.

Um fraternal abraço, com votos de paz

Simão Pedro

Simão Pedro de Lima – Professor universitário, historiador e contabilista, com Mestrado em Educação Evangelica.

24 setembro 2015

Reencarnação - Luiz Sérgio

(by Zhengyin Tu)

REENCARNAÇÃO


A lei da reencarnação é nosso tema de hoje. Assunto de grande interesse por parte das pessoas no mundo atual é, entretanto, uma verdade antiga, que tende a se ampliar e a ser esclarecida, à medida que a mente humana se esmera no aprofundamento e na pesquisa de tal matéria. Antigamente, esta verdade era trazida à criatura humana sobretudo através da revelação. Hoje, ela é o resultado do esforço do homem em utilizar a metodologia científica na indagação sobre os problemas que o afligem, que o atraem ou que, simplesmente, o “encucam”.

A metodologia da regressão da memória, embora já utilizada há bastante tempo, vem sendo, na atualidade, aprimorada e empregada como instrumento de trabalho na pesquisa de vários especialistas.

Até aí, tudo lindo, tudo bem! Mas, resta-nos perguntar: e as conseqüências morais? Qual a utilidade dos resultados desta pesquisa para o homem angustiado do mundo moderno?

Antes de tudo, as comprovações devem servir de reforço para os ensinamentos evangélicos e doutrinários sobre a necessidade de amarmos os nossos semelhantes, de perdoarmos aos que nos fizeram mal, de refazermos o que fizemos de errado, de agirmos no bem enquanto estamos a caminho, de assumirmos a responsabilidade dos nossos atos.

Devem lembrar os irmãos que já revelei, em mensagens anteriores, que fui submetido, no plano espiritual, à regressão de memória. É uma técnica aqui utilizada com muito critério, quando, por necessidade evolutiva de determinado espírito lhe seja útil rever o passado, para que se justifique situações do presente.

Bendita a reencarnação que reequilibra o espírito; que dá ensejos de refazimento; que reúne amigos e inimigos.

Bendita a reencarnação que permite que não exista a condenação eterna e que nos mostra que o Pai é benevolente, complacente com todos os Seus filhos, permitindo novos contatos para a troca de novas experiências, com vistas ao aperfeiçoamento moral dos espíritos.

Quando as coisas não se desenrolarem bem no relacionamento entre parentes ou amigos, lembremo-nos de agradecer ao Pai a oportunidade de convivermos com eles e roguemos ao Criador forças maiores para a prática real do perdão e da paciência.


Espírito Luiz Sérgio
Livro Intercâmbio, cap. Reencarnação
Espírito Luiz Sérgio
psicografia de Alayde Assunção e Silva, Lucia Maria Secron Pinto

23 setembro 2015

No domínio das provas - Emmanuel

 

NO DOMÍNIO DAS PROVAS


“Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham escândalos mas ai daquele por quem o escândalo vier”. – Jesus. (Mateus, 18:7.)

“É preciso que haja escândalo no mundo, disse Jesus, porque imperfeitos como são na Terra, os homens se mostram propensos a praticar o mal, e porque, árvores más, só maus frutos dão. Deve-se, pois, entender por essas palavras que o mal é uma consequência da imperfeição dos homens e não que haja, para estes, a obrigação de praticá-lo”. (ESE, Cap. 8, 13.)


Imaginemos um pai que, a pretexto de amor, decidisse furtar um filho querido de toda relação com as revezes do mundo.

Semelhante rebento de tal devoção afetiva seria mantido em sistema de exceção.

Para evitar acidentes climáticos inevitáveis, descansaria exclusivamente na estufa, durante a fase de berço e, posto a cavaleiro, de perigos e vicissitudes, mal terminada a infância, encerrar-se ia numa cidadela inexpugnável, onde somente prevalecesse a ternura paterna, a empolgá-lo de mimos.

Não frequentaria qualquer educandário, a fim de não aturar professores austeros ou sofrer a influência de colegas que não lhe respirassem o mesmo nível; alfabetizado, assim, no reduto doméstico, apreciaria unicamente os assuntos e heróis de ficção que o genitor lhe escolhesse.

Isolar-se-ia de todo o contato humano para não arrostar problemas e desconheceria todo o noticiário ambiente para não recolher informações que lhe desfigurassem a suavidade interior.

Candura inviolável e ignorância completa.

Santa inocência e inaptidão absoluta.

Chega, porém, o dia em que o genitor, naturalmente vinculado a interesses outros, se ausenta compulsoriamente do lar e, tangido pela necessidade, o moço é obrigado a entrar na corrente da vida comum.

Homem feito, sofre o conflito da readaptação, que lhe rasga a carne e a alma, para que se lhe recupere o tempo perdido, e o filho acaba, enxergando insânia e crueldade onde o pai supunha cultivar preservação e carinho.

A imagem ilustra claramente a necessidade da encarnação e da reencarnação do espírito nos mundos inumeráveis da imensidade cósmica, de maneira a que se lhe apurem as qualidades e se lhe institua a responsabilidade na consciência.

Dificuldades e lutas semelham materiais didáticos na escola ou andaimes na construção; amealhada a cultura, ou levantado o edifício, desaparecem uns e outros.

Abençoemos, pois, as disciplinas e as provas com que a Infinita Sabedoria nos acrisolam as forças, enrijando-nos o caráter. Ingenuidade é predicado encantador na personalidade, mas se o trabalho não a transfigura em tesouro de experiência, laboriosamente adquirido, não passará de flor preciosa a confundir-se no pó da terra, ao primeiro golpe de vento.


Emmanuel (Espírito)
Livro da Esperança - Capítulo Vinte
(psicografado por) Francisco Cândido Xavier
Uberaba: Comunidade Espírita Cristã


22 setembro 2015

Enfrentando uma Grande Perda - Maria José Gomes da Silva Nery


ENFRENTANDO UMA GRADE PERDA

Muitas situações na vida nos trazem a sensação de um mal irreparável. As situações mais dolorosas referem-se à perda de um ente querido.

As pessoas ficam com a sensação de terem sido roubadas em algo a que tinham direito. Passam por um processo doloroso que envolve sofrimento, medo, revolta, raiva, culpa, depressão, isolamento, desinteresse pelas atividades costumeiras ou excesso de atividades (fuga); apresentam sintomas físicos e psicológicos de estresse, podendo até vir a adoecer.

O tempo requerido para o "luto" (fase de maior sofrimento) e a maneira de vivê-lo depende muito das circunstâncias da perda, o significado desta para a pessoa, seu modo particular de lidar com situações de crise, apoio disponível no seu meio familiar e social, como a comunidade onde vive encara esta perda, suas próprias crenças e outros aspectos.


A recuperação de uma perda significativa leva de alguns meses a dois anos e, mesmo aí, alguns aspectos podem continuar não muito bem resolvidos.

Mas, além da tristeza, as situações dolorosas podem fazer com que descubramos em nós mesmos forças antes desconhecidas, faz com que repensemos nossas vidas e nossos valores, passando a perceber o que realmente é importante e o que é supérfluo, e podem nos transformar em pessoas mais ricas espiritual e emocionalmente


Apesar das pessoas sentirem e reagirem diferentemente, existem pontos em comum nas situações de perda, quando geralmente passam por fases semelhantes. Quando descobrem que estão com uma doença grave ou isto acontece com uma pessoa muito próxima, a morte inesperada de alguém que amam, ou com quase todos os outros tipos de perda, primeiro passam pelo estágio de choque e negação, não querendo acreditar na realidade. Depois vem a fase da raiva, revolta (contra tudo, todos e até contra Deus) e muita mágoa. Mais tarde passam a negociar com Deus e com a vida, tentando fazer trocas e promessas; depois ficam deprimidos, perguntando-se "por que eu?", "por que ele (ou ela)?" ou "por que comigo (ou conosco)?". A seguir a tendência é retraírem-se por algum tempo, afastando-se dos outros, enquanto buscam alcançar um estado de entendimento, paz, de aceitar aquilo que não pode ser mudado. (E. Kubler-Ross).


Muitos param em determinada fase e não vão adiante na superação da perda que já aconteceu ou, no caso de doença, irá ocorrer; alguns pulam de uma fase para outra, podendo retornar a fases anteriores; outros caminham para a superação. Isto vai depender muito do suporte que recebem do meio, dos amigos, de terapeutas ou orientadores; do entendimento que têm sobre a vida e sua finalidade, de suas crenças filosóficas e/ ou religiosas e outros aspectos.

Seguem-se algumas sugestões que podem ajudar nesta fase difícil:

1 - Fale sobre sua perda e sua dor

Nos primeiros meses muitos têm esta necessidade, deixe que os outros saibam que este assunto não deve ser evitado e que lhe faz bem falar sobre isto, abrir-se com alguém de confiança, ajuda no entendimento e na aceitação. Quando os amigos entendem o processo, percebem que ouvindo e compartilhando o sofrimento, estão ajudando; e você vai se sentir melhor desabafando. Entretanto, em algumas situações, ou com algumas pessoas, quando não quiser falar sobre o assunto, também diga isto claramente.

2 - Enfrente o sentimento de culpa

Quando se perde alguém importante é difícil sentir que se fez o bastante. Discutir este sentimento com alguém compreensivo e de confiança vai ajudar a distinguir a culpa real e irreal e, aos poucos, esta começa a diminuir. Não pode se sentir responsável por não prever os acontecimentos, ou culpa como se tivesse tido a intenção de prejudicar alguém. Além do mais, temos que aceitar a realidade de que ninguém é perfeito, fazemos o possível de acordo com nossa capacidade.

3 - Trabalhe os sentimentos de raiva e revolta

Estes sentimentos existem em face de uma grande perda; é importante percebê-los e expressar os sentimentos de raiva e amargura.
Não adianta negá-los ou envergonhar-se deles, são normais e irão desaparecendo com o tempo e a aceitação do fato.

4 - Idealização

Há uma fase em que a pessoa pensa em suas falhas como pai, mãe, filho, cônjuge, irmão, namorado ou amigo... e vê a pessoa que se foi como um ser perfeito. Com o tempo, começará a vê-la como um ser humano real, com suas qualidades e defeitos, assim como todos nós.

5 - Não se isole

Mesmo que não se sinta à vontade para compartilhar seu sofrimento e prefira ficar sozinho, precisa buscar a companhia de outras pessoas. Amigos e familiares que o estimem podem ajudar muito. Não se esqueça que não está só; muitos o estimam, querem lhe dar amor e conforto, assim como precisam do seu amor e atenção. Isto consola, renova suas forças e ajuda na construção de novos objetivos e, com o tempo, a recuperar a alegria de viver. Estas pessoas podem fazer muito por você e você por elas.

6 - Mudança de valores

Diante da morte ou de uma grande perda, a pessoa tende a repensar seus valores, a reavaliar seus objetivos de vida; deixar de lado coisas que anteriormente valorizava e que agora percebe que são insignificantes e/ou fúteis, e a valorizar aspectos que percebe serem realmente mais importantes. Muitas vezes implementa mudanças positivas na sua maneira de ser e de viver, tornando-se menos preocupada com o ter e mais com o SER, evoluindo moral, emocional e Espiritualmente.

7 - "Nunca mais serei o mesmo"...

É freqüente haver um grande sofrimento neste pensamento que pode ser real, mas isto não significa que nunca mais possa ser feliz. Embora esta idéia possa parecer inaceitável no período do sofrimento, as transformações podem nos enriquecer. Geralmente é isto que acontece, quando a pessoa aceita trabalhar e superar a fase de mágoa e revolta, decidindo que pode e deve viver o melhor possível.

8 - Evite decisões importantes ou grandes mudanças

O primeiro ano após a perda, geralmente não é um período adequado para tomar decisões importantes ou fazer grandes mudanças, a menos que as circunstâncias o exijam. Uma pessoa amargurada tem a capacidade de julgamento diminuída. Se algumas mudanças forem necessárias e inadiáveis, peça a ajuda de alguém competente e não envolvido emocionalmente com os problemas.

9 - Reserve períodos e local para lembranças

Não fique o tempo todo pensando e vendo objetos da pessoa que se foi. Coloque alguns pertences dela numa caixa ou armário, não os deixe espalhados. Tente reservar algum período específico do dia (no início), da semana ou do mês, para pensar na pessoa e no seu luto, quando também poderá rever os objetos. Evite fazer isto o resto do tempo, pois nada de bom e útil se consegue com a tristeza contínua. Para algumas pessoas isto não é fácil de conseguir, mas é necessário à sobrevivência e recuperação.

10 - Prevendo dias e datas difíceis

É útil saber que vai sentir-se mais triste, solitário e infeliz em certos dias e datas do que em outros, isto mesmo após já ter-se passado algum tempo e com a vida mais estabilizada. Estes dias especiais geralmente envolvem datas de aniversário, Natal, passagem de ano, Páscoa e outros, onde a falta da pessoa se faz mais presente. 

Planeje passá-los com amigos ou familiares, pois é provável que fique mais triste, choroso e deprimido que em outras ocasiões. Não se isole, é bom que esteja em companhia de pessoas que o estimem.

11 - A crença de que a vida transcende nossa estada na terra e num Ser Superior

Desde a antigüidade, a maioria dos povos de todas as regiões do globo, com culturas e religiões diferentes, acredita na imortalidade da alma ou espírito e na existência de um Deus ou "Algo Superior". 
Isto é quase que uma intuição que trazemos desde o nascimento. 

Um Ser com Amor Incondicional e Sabedoria, perfeito e justo, não castiga as pessoas, mas sempre quer o seu bem, sua evolução, mesmo que muitos de nós ainda não tenhamos a capacidade para entender o porquê de muitos acontecimentos. Hoje, mais do que nunca, temos tido provas da imortalidade do espírito e de que tudo na vida tem um propósito positivo, que nada acontece por acaso. 

Mesmo que não sejamos religiosos, esta crença traz consolo. Pensar que a pessoa não acabou, mas apenas deixou seu corpo e transferiu-se para um tipo de vida diferente, em outro plano, faz com que as pessoas sintam-se melhor diante da perda; e significará que a separação é temporária, não definitiva.

12 - Culpa por sentir-se bem

É comum as pessoas não se permitirem alegria após uma grande perda, não aceitando convites de amigos, ou evitando atividades agradáveis. Não lute para continuar sendo ou parecendo infeliz. 

Perceba que sentir-se contente, ter novos objetivos, não é deslealdade nem significa que não ama ou está esquecendo o ente querido. Conseguir prazer em algo significa que está trazendo um pouco de alívio ao seu sofrimento; retomando ou recomeçando a construir sua vida. Além disso, se a pessoa que se foi o estima, com certeza gostaria de vê-lo bem e não sofrendo, preferiria vê-lo contente e isto lhe daria mais tranqüilidade. Procure investir em seu bem estar, engajando-se em atividades produtivas e que lhe são agradáveis, e poderá tornar sua vida melhor ainda do que antes, se aprendeu algo com o acontecido, se cresceu com o sofrimento e compreensão do que é realmente mais importante na vida.

13 - Reajuste-se à vida e ao trabalho

Tirar alguns dias ou semanas para reequilibrar-se e, depois, uma folga ocasional, quando necessário, é perfeitamente normal. Mas as atividades devem ser retomadas assim que for possível, pois são importantes no processo de recuperação. Seja paciente consigo mesmo, porque nos primeiros meses sua capacidade física e mental podem não ser as mesmas. Deve diminuir sua carga horária ou o número de atividades, se sentir que é excessiva; mas a inatividade prolongada faz as pessoas repetirem ou prolongarem a fase depressiva sem nenhum benefício. Com o tempo poderá também perceber que é importante utilizar um pouco da sua energia em uma atividade que possa ajudar outras pessoas e/ou instituições, saindo um pouco de seu pequeno mundo e percebendo a importância e bem estar que traz ajudar ao próximo, de conseguir tornar outros um pouco mais felizes e menos carentes física e psicologicamente.

14 - Liberte-se de expectativas irreais

Acreditar que a vida deveria ser diferente, não envolvendo escolhas dolorosas, sofrimentos e perdas é irreal e só traz revolta, o que só prejudica. Tornando nossas expectativas quanto a nós mesmos, aos outros e à vida mais realistas, fica mais difícil nos frustrarmos e mais fácil nos adaptarmos. Ninguém passa por situações que não mereça por puro acaso; nem enfrenta uma carga maior do que a que tenha capacidade para carregar. Saber que não vivemos num mundo desorganizado pois existem leis universais, que "nada acontece por acaso" e tudo tem uma razão de ser justa e produtiva, nos leva a encarar os acontecimentos (com relação a nós e aos outros envolvidos), mesmo os mais difíceis, como oportunidades de aprendizagem e crescimento.

15 - Integrando a perda

As pessoas não "têm" que ser "vítimas", qualquer que seja a perda, por pior que tenha sido. Situações de muito sofrimento podem ser transformadas em aprendizado. É preciso deixar de lado as perguntas centradas no passado (que é imutável) e no sofrimento ("Por que isso aconteceu comigo"?) e começar a fazer perguntas que abrem as portas para o futuro: "Agora que isto aconteceu o que posso e devo fazer? O que posso aprender com isto? O que posso fazer para Ser e sentir-me melhor?". Geralmente quando chegamos na fase da aceitação, atingimos a compreensão e crescemos com a experiência, a dor se vai. Fica a saudade de uma pessoa com a qual convivemos e que nos proporcionou bons momentos e ensinamentos, tanto com suas qualidades, como com seus defeitos; com a qual compartilhamos uma parte de nossa vida. Só se tem saudade de algo que foi bom ou nos trouxe algo de positivo. Deve ser mais triste não ter de quem sentir saudade, seja de uma pessoa deste ou de outro plano.

16 - Pesar excessivamente longo

Quando um sofrimento excessivo consome alguém por mais de um ano, geralmente o problema principal não é a perda em si, mas algum outro aspecto que precisa ser entendido. Muitas vezes isto ocorre quando havia uma dependência excessiva em relação à pessoa que se foi, quando a culpa por algum motivo é um componente muito forte na situação, problemas emocionais pessoais ativados ou reforçados pela perda ou outras razões significativas. Amigos, conselheiros ou um psicólogo podem ser necessários neste caso.

17 - Procure ajuda profissional, se necessário

A maioria dos que procuram ajuda de psicoterapeuta não são doentes mentais, são pessoas comuns enfrentando problemas, passando por uma crise e muitas delas sofrendo uma perda. Um profissional da área é alguém com quem você pode dividir seu sofrimento, sua revolta, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus conflitos; que pode compreendê-lo e ajudá-lo. As sessões de terapia podem ajudá-lo também a tomar decisões práticas que o farão sentir-se melhor. Você pode precisar de apenas algumas sessões, muitos meses para superar a fase mais difícil, ou mais tempo; tudo vai depender do significado individual da perda, da maneira como reage às crises e à terapia.


No início do pesar, uma das formas mais comuns de manifestar o sofrimento é resistir a crescer com ele. A vida pode ser prejudicada ou fortalecida por uma perda. Ninguém permanece o mesmo. Cada situação é única e só a própria pessoa pode buscar e encontrar respostas relativas ao "outro eu" e à outra vida que vão emergir.

Cada pessoa decide se vai ou não crescer com essa experiência dolorosa, e quando.



Maria José Gomes da Silva Nery, Psicóloga Clínica - Campinas (SP)
E-mail: majonery@yahoo.com.br
Site: Pingo de Luz

21 setembro 2015

A Esperança é a última que morre? - Geraldo Campetti Sobrinho



A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE?


O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena. Tanto mais sofre ele, quanto mais longa se lhe afigura a duração do sofrimento. Ora, aquele que a encara pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 5, it. 13. Trad. Guillon Ribeiro. Ed. FEB).

Pandora era uma princesa da Grécia antiga que recebeu de deuses ciumentos de sua beleza um presente, uma caixa misteriosa. Disseram-lhe que jamais a abrisse. Mas um dia, vencida pela curiosidade e tentação, ela ergueu a tampa para dar uma espiada, liberando no mundo os grandes males: a doença, a inquietação e a loucura. Um deus compadecido permitiu-lhe, porém, fechar a caixa a tempo de prender o único antídoto que torna suportável a infelicidade da vida: a esperança.

Diz o ditado popular que a esperança é a última que morre. Mas poucos de nós recordamos que ela é também a primeira que sempre renasce…

No fundo, a esperança nunca morre, ou, pelo menos, jamais deveria morrer. Para o espírita, a crença na vida futura e na imortalidade da alma facilitam o entendimento sobre as dificuldades cotidianamente enfrentadas pelo Espírito em seu processo evolutivo, por meio das vidas sucessivas.

O princípio fundamental da reencarnação permite ao homem entender que a existência física não é única. Ao longo de sua trajetória evolutiva, o espírito é submetido a inúmeras existências corporais, tantas quantas forem necessárias ao seu completo desprendimento da materialidade, até que alcance o estado de puro Espírito, a que todos estamos destinados. Submetida à lei de causa e efeito que rege o seu destino, a criatura humana compreende, ao longo das experiências reencarnatórias, que é responsável pelos seus atos e que, por meio da lei de liberdade, é livre na hora da semeadura, mas “escrava” no momento da colheita.

Aos poucos compreende que as dores e sofrimentos são decorrentes de suas próprias ações, presentes ou passadas, constituindo-se em valiosas oportunidades de aprendizado, seja pela prova redentora ou pela expiação libertadora.

Não obstante reconhecer-se limitada e imperfeita, já vislumbra, em visão prospectiva, que o porvir pode ser melhor, a depender de suas próprias escolhas, da capacidade de superação de seus limites e do entendimento de que, acima de tudo, reina na natureza a imponente lei de evolução. E esta, mais cedo ou mais tarde, a todos arrebata, despertando o ser humano para a necessidade da prática de ações eficazes que o conduzirão ao seu inevitável destino futuro de paz e felicidade.


Geraldo Campetti Sobrinho
Extratos do livro Anotações espíritas, ditado por Espíritos diversos e psicografado por Divaldo Pereira Franco. Ed. FEB.

20 setembro 2015

Espírita! Imploremos a paz social - Jorge Hessen


ESPÍRITAS! IMPLOREMOS A PAZ SOCIAL

É óbvio que o dinheiro não é instrumento do mal; ao contrário, o dinheiro é suor convertido em cifrão. É importante que lhe demos funções nobres, lembrando que a moeda no bem faz prodígios de amor. Porém, vale refletir o preceito de Paulo, qual seja: “tendo sustento e com o que nos cobrirmos, estejamos, com isso, contentes”. [1] Essa lição deve ser sempre ponderada quando nos faltam recursos financeiros.

O Espiritismo anuncia o regime da responsabilidade, em que cada Espírito deve enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. Não se engana com as alucinações da igualdade absoluta [comunismo], em vista dos conhecimentos da lei do esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de opressão dos magnatas da economia e do poder [capitalismo], por consciente dos imperativos da solidariedade humana.

Os espíritas, embora compreendamos e expliquemos muitos fenômenos sociais e econômicos através da tese reencarnacionista, somos evolucionários, porque propomos mudanças estruturais do ser humano; não contemporizamos com a concentração de riqueza e com a ausência de fraternidade, que significam a manutenção de privilégios e de excessos no uso dos bens, das riquezas e do poder de uns poucos em detrimento do infortúnio da maioria.

Importa esclarecer aos emissários do ódio político que a desigualdade das riquezas não se resolve com falácias e cartilhas de ideologia materialista. As pessoas não são ao mesmo tempo ricas em face de não serem igualmente inteligentes, ativas e laboriosas para adquirir, nem sóbrias e previdentes para conservar. Considerando a pluralidade das existências, a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação, razão pela qual o pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e estes não têm para se vangloriar do que possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de decretos nem de leis suntuárias que se poderá remediar o mal. [2]

A variedade das aptidões, ao contrário do ideal igualitário, é um meio propulsor do progresso social, já que cada homem contribui com sua parcela de conhecimento. As desigualdades que apresentamos entre nós, seja em inteligência ou moralidade, não derivam de privilégios de uns em detrimento de outros, mas do maior ou menor aproveitamento desse “tempo cósmico”, no esforço do alargamento das habilidades e virtudes que nos são inerentes, consoante o melhor uso do livre arbítrio por parte de cada um. 

Destarte, as desigualdades naturais das aptidões humanas são os degraus das múltiplas experiências do passado. E cremos que essas diferenças constituem os agentes do progresso e paz social.

Reconhecemos que os benefícios do desenvolvimento material não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre afortunados e deserdados (ricos x pobres) é gigantesco. Essa tendência é ameaçadora para o equilíbrio social, por isso é urgente corrigi-la. 

Caso contrário, as bases da segurança global estarão seriamente ameaçadas. Temos o conhecimento e a tecnologia a nosso favor, necessários para sustentar toda a população e reduzir os impactos das desigualdades, até porque os desafios econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e, juntos, podemos criar, de início, soluções emergenciais para que evitemos o caos absoluto em pouco tempo.

A Mensagem de Jesus não preconiza que os ricos do mundo se façam pobres, e sim que todos os homens se façam ricos de conhecimento, porque somente nas aquisições de ordem moral descansa a verdadeira fortuna. E mais: “a concepção igualitária absoluta é um erro grave dos estudiosos, em qualquer departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço”. [3]

Urge que se crie uma mentalidade crítica, que permita estabelecer novos comportamentos, reduzindo os extremismos, mormente dos discursos vazios dos que se fantasiam de “pais dos pobres” (no Brasil isso é tradição) e entronizar-se entre nós a solidariedade legítima. A sociedade deve formatar novos modelos de convivência lastreados na fraternidade e no amor. A falta de percepção da interdependência e complementaridade entre os cidadãos gera uma visão individualista, materialista, separatista. Isso não é alvissareiro.

É imperioso que se criem serviços necessários para uma vida humana decente. O crescimento desordenado da população, o desemprego estrutural, a pobreza, a miséria, a exclusão social, a falta de atendimento às necessidades básicas, o não reconhecimento dos direitos do cidadão, o desrespeito aos direitos humanos, a facilidade de acesso às drogas e às armas, a falta de Deus nos corações, a influência nociva das mídias e novas tecnologias, o uso abusivo de bebidas alcoólicas e outras drogas favorecerão todo tipo de desequilíbrio social. Em face disso, urge um alto grau trabalho de todos. Desapego, oração, sim! Muita rogativa ao Criador, a fim de conquistarmos decisivamente a paz social na Terra.


Jorge Hessen


Referências bibliográficas:

[1] 1Timóteo 6:6-10
[2] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, “Desigualdades das Riquezas”; RJ: Ed. FEB, 2000
[3] Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB 2001, pergs. 55,56,57