OS ORFÃOS
Esta mensagem, de Um Espírito Protetor*, embora escrita em 1862, é atualíssima, considerando a quantidade de crianças pelas ruas, pedindo dinheiro nos semáforos e, considerando também, que órfãos hoje, não são somente as que não têm pais e mães, mas as que são consideradas carentes, que vivem nas ruas durante o dia indo para casa a noite, as abandonadas ou as que fugiram de casa, as exploradas por adultos, as que não freqüentam escolas, com pais ou sem eles...
A mensagem toda é um apelo a que os homens amem essas crianças, cuidem delas, as amparem, considerando que, se Deus permite que elas existam, pela imperfeição dos próprios homens, no respeito ao livre-arbítrio do Espírito imortal, espera que elas despertem os sentimentos bons, que todos possuem, em maior ou menor grau de desenvolvimento, amparando-as, servindo-lhes de pais.
Criança abandonada, sem a proteção da família é presa fácil de adultos inescrupulosos, que as usam para seus próprios interesses.
Criança abandonada encontra motivos para desenvolver ódio, rancor, inveja, tristeza, em relação aos homens e em relação à vida.
Criança abandonada não tem parâmetro de uma estrutura familiar, que facilite seu julgamento em relação aos fatos da vida e dos
comportamentos humanos.
Criança abandonada desenvolve a desconfiança em relação aos adultos, à vida, que abafa aquela simplicidade e confiança, que levou Jesus a dizer que os céus pertencem a quem a elas se assemelharem.
Criança abandonada, na sua curiosidade natural, sem a estrutura familiar, é, mais facilmente, atraída pelas drogas, viciando-se, e envolvendo-se nas suas conseqüências.
Criança abandonada desenvolve a esperteza, a malícia, a malandragem, na luta pela sobrevivência, não se preocupando com valores morais, considerados inadequados no meio onde vive.
Quantos adultos infratores das leis humanas e divinas, poderiam não existir, se tivessem sido amparados na infância! Quão grande é a responsabilidade da sociedade como um todo, na existência de crianças abandonadas!
Lembra o autor que, “freqüentemente, a criança que agora socorreis vos foi cara numa encarnação anterior, e se o pudésseis recordar, o que fazeis não é caridade, mas o cumprimento de um dever.”
Cita que “todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade. Não a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima a mão que a recebe, pois, os vossos óbolos são freqüentemente muito amargos! Quantas vezes eles seriam recusados, se a doença e a privação não os esperassem no casebre!”
No auxiliar alguém, assim como em tudo que se faz, a maneira como se faz é que diz da verdadeira intenção de quem age.
Auxiliar criticando, sem consideração e respeito ao que pede como ser humano que é, auxiliar apressadamente, como querendo libertar-se de um dever desagradável, auxiliar impondo condições, pode amenizar a situação do auxiliado, mas, não concorre para o desenvolvimento do amor em quem assim faz e em quem recebe.
Não estabelece vínculos de simpatia, de gratidão, de afetividade, entre ambos, que é uma importante conseqüência da verdadeira caridade.
Por isso, o autor escreve “Dai com ternura, juntando ao benefício material o mais precioso de todos : uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo. Evitai esse ar protetoral, que revolve a lâmina no coração que sangra, e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e para os vossos.”
Procuremos oferecer às crianças, a toda e qualquer criança, nossos melhores sentimentos, nossos melhores pensamentos e nossas melhores ações em seu favor. Estaremos assim , contribuindo com a melhoria da humanidade em um futuro mais próximo.
Leda de Almeida Rezende Ebner
* Evangelho Segundo o Espíritismo - Allan Kardec - Capitulo XIII - Item IV
Tradução José Herculano Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário