Desejamos a cura, mas fugimos da responsabilidade, negligenciando com
relação à indispensável transformação íntima.
“[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos
medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos
psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de forças e
possibilidades espirituais junto das almas.” (Emmanuel)
Embora
para nós, espíritos encarnados e leigos quanto aos assuntos da alma, saúde
signifique apenas o bom funcionamento dos órgãos do corpo físico, na realidade
é resultado da interação de vários fatores: espiritual, biológico, psíquico,
social, etc, e todos funcionando de acordo com a lei de causa e efeito – cada
criatura recebendo segundo as suas obras (ou merecimento).
Com
base no exposto, podemos afirmar que as moléstias e deficiências são resultado
de uma desarmonia interior; ainda que constrangedoras e indesejáveis, são na
verdade recursos indispensáveis para a obtenção do equilíbrio psicofísico,
conforme nos esclarecem os benfeitores espirituais. De forma alegórica podemos
dizer que é o caos antecedendo a ordem; a tempestade eliminando os miasmas
doentios antes de causarem epidemias destruidoras.
O
desconhecimento sobre essa complexa relação – enfermidades e suas causas, cura
e mérito – já causou muito desencanto, e até mesmo revolta, em pessoas que se
submeteram a intervenções espirituais e não obtiveram o êxito esperado; algumas
não foram curadas e outras apenas foram curadas temporariamente. Sob o peso de
tal frustração, não raro, concluem precipitadamente que a intervenção dos
espíritos desencarnados no mundo material é uma farsa e que tudo não passa de
mistificação por parte daquele que se diz médium.
Para
que sejam evitadas conclusões precipitadas como estas, seria oportuno lembramos
que Jesus, o excelente médico das almas, ao realizar intervenções magnéticas,
libertando as criaturas das
enfermidades, advertia a respeito da necessidade de tornar a cura permanente
através da renovação íntima. Ao paralítico curado por Ele junto ao poço de
Betesda, quando o encontrou no templo, recomendou que não pecasse novamente,
para que não tornasse a adoecer; à mulher adúltera, enferma da alma, a mesma
orientação.
Através
destas advertências Jesus confirmou a estreita relação entre a cura real e a
transformação do enfermo; legou preciosa lição, válida também para a
posteridade. Porque não raro, buscamos com avidez a cura de enfermidades que
nos fazem sofre, atendendo sempre à lei do menor esforço e na esperança de que
o resultado seja imediato; fugimos da responsabilidade, negligenciando com
relação à indispensável transformação, olvidando que as enfermidades do corpo,
com raras exceções, refletem as distonias do espírito, assim como a saúde é
resultado da harmonia interior. Daí podermos afirmar que na alma se encontram,
tanto as causas das doenças como os recursos indispensáveis à cura definitiva.
Jamais
entenderemos o sucesso ou o insucesso das curas espirituais ou das intervenções
médicas, desconsiderando a lei de causa e efeito; há enfermidades que são
conseqüência da negligência de hoje e/ou imensidão de débitos do passado,
reclamando do espírito a mudança necessária; contudo, quanto à cura integral,
nem sempre é possível em uma só encarnação.
Esta verdade não deve causar qualquer menosprezo às intervenções
médicas, às ações medicamentosas, à fluidoterapia ou cirurgias espirituais;
elas são ações complementares indispensáveis e através delas pode-se também
alcançar a cura definitiva, no entanto, é imprescindível o merecimento do
enfermo.
Esclarece muito bem Emmanuel em O
Consolador, através da mediunidade de Francisco C. Xavier, na questão
97: “[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos
medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos
psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de forças e
possibilidades espirituais junto das almas.”
É inegável a
influência dos nossos pensamentos e ações sobre a nossa saúde. O grande
filósofo e escritor espírita Leon Denis, em sua obra O problema do ser, do destino e
da dor, afirma: “Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em
movimentos vibratórios, e seu foco de emissão, pela repetição freqüente dos
mesmos atos e pensamentos, transformam-se pouco a pouco, em poderoso
gerador do bem e do mal”. O que
podemos complementar de forma mais específica: gerador de saúde e doenças.
Algumas
pessoas poderão argumentar que sobe essa ótica os espíritos não deveriam
prescrever receitas ou realizar cirurgias em enfermos portadores de doenças
consideradas pela medicina como incuráveis, pois, esses procedimentos podem
gerar uma falsa expectativa nos doentes e em seus familiares. Nós entendemos
que esta forma de pensar, apenas atesta o desconhecimento sobre o assunto,
pois, um prognóstico médico por mais respeitável que seja, nem sempre
corresponde à realidade. São inúmeros os casos de pessoas portadoras de
enfermidades, reconhecidas como incuráveis pela medicina, que se curaram e
viveram longos anos. Com certeza atenderam às exigências da lei de causa e
efeito e se tornaram merecedoras.
Reforçamos que
toda tentativa de cura através de intervenções externas não logrará êxito se não
acontecerem as mudanças adequadas à neutralização dos fatores internos
causadores da doença. Na obra Plenitude de Joana de Angelis,
através da mediunidade de Divaldo P. Franco, esclarece: “Certamente as terapias
convencionais ajudam na recuperação da saúde, na sua relativa manutenção. Todavia,
somente os fatores internos que respondem pelo comportamento emocional e social
podem criar as condições permanentes de bem-estar, erradicando as causas
penosas, proporcionando outras novas que compensarão aquelas, se não superadas,
promovendo o equilíbrio estrutural do ser”.
Para finalizarmos transcrevemos de Céu e o Inferno, da parte 1ª capítulo VII, o resumo do código penal da vida futura que pode ser aplicado muito bem ao assunto em pauta:
1º - O sofrimento é inerente à imperfeição.
2º - Toda imperfeição assim como toda falta
dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e
inevitáveis; a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que
haja mister de uma condenação especial para cada indivíduo.
3º - Podendo todo homem libertar-se das
imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente dos males consecutivos e
assegurar a futura felicidade.
A casa um segundo as suas obras, no céu como
na terra: tal é a lei da Justiça Divina.
Autoria: F.Altamir da Cunha
Revista RIE – junho de 2015
Revista RIE – junho de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário