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31 dezembro 2016

O sono e os sonhos - Edvaldo Kulcheski



O SONO E OS SONHOS
Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e sensoriais. Dormimos um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto dormimos.

Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante o sono. Os sonhos, em sua generalidade, não representam, como muitos pensam, uma fantasia das nossas almas.
A ciência e o espiritismo

A ciência oficial, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas (relativo aos sonhos) ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o sono e o sonho.

Sem considerar a emancipação da alma; sem conhecer as propriedades e funções do perispírito, fica, realmente, difícil explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico. Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área, julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma destas manifestações seria através dos sonhos. Allan Kardec, através da codificação espírita, principalmente em O Livro dos Espíritos, cap. VIII - questões 400 a 455, analisou a emancipação da alma e os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais.

Allan Kardec tece comentários muito importantes acerca dos sonhos: o sono liberta parcialmente a alma do corpo; o espírito jamais está inativo, têm a lembrança do passado e, às vezes, a previsão do futuro; adquire maior liberdade de ação delimitada pelo grau de exteriorização; podemos entrar em contato com outros espíritos encarnados ou desencarnados; enquanto dormem, algumas pessoas procuram espíritos que lhes são superiores (estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos); outras pessoas procuram os espíritos inferiores com os quais irão aos lugares com que se afinizam.

Sonhos comuns 

São aqueles que refletem nossas vivências diárias. Envolvimento e dominação de imagens e pensamentos que perturbam nosso mundo psíquico.

O espírito, desligando-se parcialmente do corpo, se vê envolvido pela onda de imagens e pensamentos, de sua própria mente, das que lhe são afins e do mundo exterior, uma vez que vivemos e nos movimentamos num turbilhão de energias e ondas vibrando sem cessar.

Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização perispiritual. São muito freqüentes dada a nossa condição espiritual. Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo de impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília (vivências ocorridas durante o dia, quando acordados).

Nos sonhos comuns, o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito do corpo; mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens que povoam a sua memória, trazendo impressões confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos.

Sonhos reflexivos


Há maior exteriorização que nos sonhos comuns.

Por reflexivos, categorizamos os sonhos, em que a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente, inconsciente e superconsciente e plasmadas na organização perispiritual. Tal registro é possível de ser feito em virtude da modificação vibratória, que põe o espírito em relação com fatos e paisagens remotos, desta e de outras existências.

Ocorrências de séculos e milênios gravam-se indelevelmente em nossa memória, estratificando-se em camadas superpostas. A modificação vibratória, determinada pela liberdade de que passa a gozar o espírito, no sono, o faz entrar em relação com acontecimentos e cenas de eras distantes, vindos à tona em forma de sonho.

Mentores espirituais poderão revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências.

Poderão os espíritos inferiores motivarem estas recordações com a finalidade de nos perseguirem, amedrontar, desanimar ou humilhar, desviando-nos dos objetivos benéficos da existência atual.

Geralmente os sonhos reflexivos são imprecisos, desconexos, freqüentemente interrompidos por cenas e paisagens inteiramente estranhas, sem o mais elementar sentido de ordem e seqüência.

Ao despertarmos, guardaremos imprecisa recordação de tudo, especialmente da ausência de conexão nos acontecimentos que, em forma de incompreensível sonho, estiverem em nossa vida mental durante o sono.

Sonhos espíritas


Também chamados de viagem astral ou espiritual; há mais ampla exteriorização do perispírito.

Leon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.

Durante a viagem astral, a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e efetiva, encontrando-se com parentes, amigos, instrutores e também com os inimigos desta e de outras existências. Nas projeções temos que considerar a lei de afinidade.

Nossa condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa: o religioso buscará um templo; o viciado procurará os antros de perdição; o abnegado do Bem irá ao encontro do sofrimento e da lágrima, para assisti-los fraternalmente; o interessado em aproveitar bem a encarnação irá de encontro a instrutores devotados e ouvirá deles conselhos, esclarecimentos e instruções, que proporcionarão conforto, estímulos e fortalecimento das esperanças.

Infelizmente, porém, a maioria se vale de repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas.

Ao despertarmos, conserva o espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência vibratória.

Fica em nós apenas uma espécie vaga de pressentimento dos acontecimentos, situações e encontros vividos durante o sono.

Recordação do sonho 

O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono, mas nem sempre nos lembramos daquilo que vimos ou de tudo o que vimos. Isto porque não temos nossa alma em todo o seu desenvolvimento. 

Na questão 403, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga :

“Por que não nos lembramos de todos os sonhos? Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros seja neste ou noutro mundo. 

Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.” 

Mecanismo da recordação 

O registro pelo cérebro físico do que aconteceu durante a emancipação da alma através do sono é possível através da modificação vibratória. As diversas modificações vibratórias dos fluidos é que formam os ambientes dimensionais de atuação do espírito. 

Quanto maior for a velocidade vibratória, mais sutil é o fluido. 

Quanto mais lenta é a velocidade vibratória, mais denso é o fluido. Este raciocínio explica aquela dúvida que sempre ouvimos: Porque raramente lembro de meus sonhos? É por que não sonhei? A resposta para está dúvida é a seguinte: As pessoas que não lembram dos sonhos é porque os acontecimentos vividos ou lembrados durante o sono não foram registrados no cérebro físico. Ficaram apenas registrado no cérebro do perispírito. 

Agora, quando recordamos dos detalhes dos sonhos é porque tivemos predisposição cerebral para os registros. O fato de não lembrarmos dos sonhos não significa que não tenhamos sonhado, ou seja, vivemos uma vida no plano espiritual e apenas não recordamos. 

Dessa oportunidade se valem nossos amigos do espaço para dar-nos conselhos e sugestões úteis ao desenvolvimento de nossa encarnação. Procuram afastar-nos do mal, fortalecem-nos moralmente e apontam-nos a maneira certa de respeitarmos as Leis Divinas. 

Ao despertarmos, embora não lembremos deles, ficam no fundo de nossa consciência, em forma de intuições, como idéias inatas. Podemos dedicar os momentos de semi-libertos à execução de tarefas espirituais, sob a direção de elevados mentores. 

Acontece muitas vezes acordamos com uma deliciosa sensação de bem-estar, de contentamento e de alegria. Isto acontece por termos sabido usar bem de nossa estada no mundo espiritual, executando trabalhos de real valor. Contudo, não raras vezes despertamos tristes e com uma espécie de ressentimento no fundo do nosso coração.

O motivo dessa tristeza sem causa aparente é que, muitas vezes, nos são mostradas as provas e as expiações que nos caberão na vida, as quais teremos de suportar, e conquanto sejamos confortados por nossos benfeitores, não deixamos de nos entristecer e ficamos um tanto apreensivos.

Há espíritos encarnados que, ao penetrarem no mundo espiritual através do sono, entregam-se aos estudos de sua predileção e por isso têm sempre idéias novas no campo de suas atividades terrenas.

Outros valem-se da facilidade de locomoção para realizarem viagens de observação, não só na Terra, mas também nas esferas espirituais que lhe são vizinhas.

Assim como visitamos nossos amigos encarnados, também podemos ir visitar nossos amigos desencarnados e com eles passarmos momentos agradáveis enquanto nosso corpo físico repousa; disso nos resulta grande conforto. Estado de Entorpecimento: 

São comuns os encarnados cujos espíritos não se afastam do lado do corpo, enquanto este repousa; ficam junto ao leito, como que adormecidos também.

É comum o sono favorecer o encontro de inimigos para explicações recíprocas. Esses inimigos podem ser da encarnação atual ou encarnações antigas. Os mentores espirituais procuram aproximar os inimigos, a fim de induzi-los ao perdão mútuo. Extingüem-se assim muitos ódios e grande número de inimigos se tornam amigos, o que lhes evitará sofrimentos. É a maior e melhor percepção de que goza o espírito semi-liberto pelo sono, facilita a extinção de ódios e a correção de situações desagradáveis e por dolorosas vezes.

Os sonhos e a evolução


Considerável porcentagem de encarnados, ao entregarem seu corpo físico ao repouso, continuam, sono adentro, com suas preocupações materiais.

Não aproveitam a oportunidade para se dedicarem um pouco à vida eterna do espírito. Estudam os negócios que pretendem realizar, completamente alheios aos verdadeiros interesses de seus espíritos; e nada vêem e nada percebem do mundo espiritual no qual ingressam por algumas horas.

Há encarnados que ao se verem semi-libertos do corpo de carne pelo sono, procuram os lugares de vícios, com o fito de darem expansão a suas paixões inferiores, na ânsia de satisfazerem seus vícios e seu sensualismo. Outros se entregam mesmo ao crime, perturbando e influenciando perniciosamente suas vítimas, tornando-se instrumentos de perversidade.

No livro Mecanismos da Mediunidade, psicografado por Chico Xavier, André Luiz nos diz que quanto mais inferiorizado, mais dificuldade terá o homem em se emancipar espiritualmente.

Qual ocorre ao animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico.

No animal, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas e no homem primitivo, em que a onda mental está em fase inicial de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariavelmente ação reflexa de seu próprio mundo consciencial e afetivo.

Há leis de afinidade que respondem pelas aglutinações sócio-morais-intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e valores. Estaremos, então, durante o repouso noturno, se emancipados espiritualmente, vivenciando cenas e realizando tarefas afins.

Buscamos sempre, durante o sono, companheiros que se afinam conosco e com os ideais que nos são peculiares. Procuraremos a companhia daqueles espíritos que estejam na mesma sintonia, para realizações positivas, visando nosso progresso moral ou em atitudes negativas, viciosas, junto àqueles que, ainda, se comprazem em atos ou reminiscências degradantes, que nos perturbam e desequilibram a alma.

Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue na direção dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou onde gostaria de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais.

Os sonhos espíritas, isto é, naqueles que nos liberamos parcialmente do corpo e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de nosso posicionamento espiritual.

Refletem de nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos.

O tipo de vida que levarmos durante o dia determinará invariavelmente o tipo dos sonhos que a noite nos ofertará, em resposta às nossas tendências. Dorme-se, portanto, como se vive, sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da sua vida moral e espiritual.  

Análise dos sonhos

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso autodescobrimento.

Devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens e lembranças esparsas.

Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.

Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a situações e espíritos desequilibrados. Daí, a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos do bem, vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece e à meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos.

Prepara-se para bem dormir


Elizeu Rigonatti, no livro Espiritismo Aplicado diz que, para termos um bom sono, que ajude o nosso espírito a desprender-se com facilidade do corpo, é preciso que prestemos atenção no seguinte: o mal e os vícios seguram o espírito preso à Terra.

Quem se entregar ao mal e aos vícios durante o dia, embora o seu corpo durma à noite, seu espírito não terá forças para subir e ficará perambulando por aqui, correndo o risco de ser arrastado por outros espíritos viciosos e perversos. A excessiva preocupação com os negócios materiais também dificulta o espírito a desprender-se da Terra.

A prática do bem e da virtude nos levarão, através do sono, às colônias espirituais onde fruiremos a companhia de mentores espirituais elevados; receberemos bom ânimo para a luta diária; ouviremos lições enobrecedoras e poderemos nos dedicar a ótimos trabalhos.

Oremos ao deitar, mas compreendamos que é de grande valia a maneira pela qual passamos o dia; cultivemos bons pensamentos, falemos boas palavras e pratiquemos bons atos, evitando a ira, rancor e ódio. E de manhã, ao retornarmos ao nosso veículo físico, elevemos ao Senhor nossa prece de agradecimento pela noite que nos concedeu de repouso ao nosso corpo e de liberdade ao nosso espírito.

Algumas considerações 

No estado de vigília (quando estamos acordados) as percepções se fazem com o concurso dos órgãos físicos; os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos e transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas. No cérebro físico, são gravados para serem reproduzidos pela memória biológica a cada evocação.

Quando dormimos cessam as atividades físicas (exceto as autônomas), motoras e sensoriais. O espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem que estes cheguem ao cérebro físico; tudo é percebido diretamente pelo espírito. Por “adaptação vibratória”, as percepções da alma poderão repercutir no cérebro físico; quando lembramos, dizemos que sonhamos, mas na verdade sonhamos todo dia.


Escrito por Edvaldo Kulcheski

30 dezembro 2016

Amor das vidas passadas - Hugo Lapa

 
AMOR DAS VIDAS PASSADAS


Para se entender com maior profundidade a origem do amor é necessário contextualizá-lo dentro da teoria da palingenesia, ou reencarnação. Um amor não nasce de simples semelhanças de modos de ser e de interesses comuns, ele é o resultado de um longo processo de dezenas ou mesmo centenas de vidas passadas em que duas almas conviveram juntas. Nestas experiências conjuntas, ambas foram passando por circunstâncias juntos, enfrentando desafios, superando obstáculos, atravessando todas as dificuldades, e envolveram-se em laços afetivos e amorosos um com o outro, brotando daí uma profunda identificação e um sentimento verdadeiro.

Muitas pessoas me perguntam como podemos descobrir se alguém que muito amamos fez parte do nosso passado de outras vidas. A resposta a essa pergunta é bem simples: se você ama verdadeiramente essa pessoa, e a conhece a pouco tempo, então vocês já viveram, sem sombra de dúvida, experiências mútuas em vidas passadas. Isso significa que o amor verdadeiro, aquele que reside numa esfera muito íntima do nosso ser, não pode ser desperto em apenas uma vida. Os laços do amor real são tão fortes, que apenas experiências milenares podem despertar em nós um amor que é quase divino, que nasce do infinito e que se manifesta no ser humano como a expressão do sentimento mais puro que o homem da face da Terra pode ter acesso: o amor incondicional.

Em nossos estudos com terapia de vidas passadas chegamos a conclusão, tal como centenas de terapeutas ao redor do mundo, que todos os seres se agrupam naquilo que se convencionou chamar de “família de almas” ou “grupo anímico”. Além de nossa família consangüínea, que forma indivíduos com laços de sangue comuns, todos os seres possuem uma família espiritual, que é bem maior do que a nossa família genética atual. Ela é composta por centenas de espíritos que tiveram milhares de experiências conosco em vidas passadas; são espíritos que nos conhecem há milênios, e todo esse arcabouço de experiências coletivas os liga por laços de amizade, carinho, amor, cooperação, compaixão, e outros. 

Como tudo na vida tem dois pólos, as experiências negativas também fazem parte destes laços, sendo comuns sentimentos de ódio, raiva, antipatias, rejeição, ojeriza, malquerença, amargor, mágoa, etc. Toda essa mistura de sentimentos, tanto os positivos quanto os negativos, podem se expressar em nossas relações, e na maioria das vezes nem desconfiamos que eles vêm de vidas passadas, e não da vida atual. Dentre nossa família de almas, há aqueles espíritos que cada um de nós guarda uma afeição mais profunda. 

Esses geralmente oscilaram, nos diversos papéis de vidas passadas, sendo nossos filhos, amigos, marido, esposa, pai, mãe, avô, avó, irmão ou irmã. A proximidade do parentesco físico não é definitiva para indicar o grau de afeição entre duas almas. Por exemplo, um filho pode amar mais a avó do que a própria mãe, pois seus laços espirituais podem ter sido mais estreitos em diversas vidas passadas. 

Um pai pode amar mais um filho do que o outro: embora muitos pais neguem essa diferença afetiva, sabemos que isso existe e é perfeitamente normal, já que um pai pode ter mais experiências amorosas pretéritas com um filho do que com o outro.

Algumas vezes as experiências traumáticas do passado podem abafar um amor entre duas almas. Por exemplo: uma mãe que matou seu filho numa vida passada, quando eles eram irmãos que disputavam algo. O filho pode carregar essa recordação inconsciente dentro de si e expressa-la em forma de rejeições, afastamento, ojeriza e até uma raiva inconsciente pelo que foi feito. É preciso lembrar sempre que esses traumas, apesar de terem sido esquecidos entre uma vida e outra, não apagam os sentimentos, sejam eles positivos ou negativos. A falta de memória não destrói as emoções que guardamos dos espíritos que fizeram parte do nosso histórico encarnatório.

Dessa forma, a família de almas é nossa família espiritual e vale muito mais do que nossa família física. Um bom exemplo é observar o comportamento afetivo das pessoas. Algumas podem gostar mais de um amigo do que de um parente próximo, como pai, mãe ou irmão. Esse amigo, apesar de não fazer parte de sua família consangüínea, pode ser um membro próximo de nossa família espiritual, e um amor muito grande pode estar presente na relação de ambos. Assim, a família espiritual transcende nossa família de sangue e demonstra a existência de laços muito maiores, mais sutis e imensamente mais antigos do que os laços consangüíneos.

Cada família espiritual é parte de uma família ainda maior, que pode nem sequer viver atualmente no planeta Terra. Há pessoas que sentem internamente, com grande certeza íntima, de que seus amigos verdadeiros e sua família não são deste planeta. Esse é o caso de muitas pessoas que foram exiladas de seu planeta de origem e estão aqui na Terra há algumas vidas tentando transmutar uma parcela do karma que ainda as prende nos grilhões terrestres. Alguns sentem isso tão forte que sequer conseguem manter laços afetivos na Terra, tal é o seu grau de apego a sua família espiritual extraterrestre.

Alguns podem imaginar que isso representa uma evolução e que é uma indicação de superioridade espiritual, mas não é bem assim. Essa recusa em se viver a realidade atual implica num forte apego a um estado arcaico de existência, e esse apego pode aprisionar o espírito muito fortemente dentro de limites muito reduzidos, o que abafa a natureza essencial daquela alma e pode degradar seus sentimentos, pensamentos e comportamentos. O apego é um sinal claro de atraso espiritual e deve ser objeto de um esforço no sentido da libertação do cárcere terrestre. Se estamos vivendo aqui na Terra, precisamos da Terra para atingir esse desprendimento; de nada adianta desejar sair daqui para uma condição externa melhor e mais elevada. O universo é perfeita harmonia e inteligência, e nada ocorre por acaso. Quem está aqui, precisa das experiências terrestres para seu desenvolvimento espiritual.

Um fenômeno interessante que pode ocorrer é a inversão de papel. Uma mãe, que teve experiências afetivas de marido-esposa muito fortes com seu filho atual, pode sentir desejos inconscientes de experimentar novamente o amor de marido-mulher. Alguns pais conseguem desapegar-se disso e viver a condição da atual encarnação dentro da função de pai e filho. Outros, no entanto, cedem a essas tendências e podem ser levados até mesmo, em última instância, a molestar seus filhos. Todo pai que sinta essa inversão de papel deve lutar contra essa tendência, esse apego, pois só assim poderá viver com mais intensidade a relação atual de pai-filho. Isso ocorre também entre irmãos, que no passado foram marido e mulher e hoje sentem vontade de ter carinhos mais próximos, que extrapolam a relação fraterna natural.

Outro exemplo são marido e mulher atual, que numa outra existência (ou existências) foram irmãos e acabam depois se tornando amigos, ou têm dificuldades de manter relações sexuais por conta das lembranças inconscientes de vidas como irmãos. Há muitos outros exemplos dessa inversão de papel; o mais importante aqui é entender que o passado não deve interferir em nossas relações atuais da forma que elas se apresentam hoje: se hoje sou pai da minha filha, devo trata-la como filha e deixar de lado os sentimentos típicos de marido e mulher que tivemos em vidas passadas.

Outro fenômeno que pode ocorrer, esse não muito comum, é quando duas almas muito próximas, e que se amam muito, se reencontram, querem viver juntas, mas ambas são do mesmo sexo. Eles podem viver como bons amigos, ou podem desejar, se o apego for grande, viverem juntas como companheiros. Se forem dois homens, podem ceder aos desejos sexuais e iniciarem uma relação que vai além da amizade, passando a viver como amantes; se forem duas mulheres, podem fazer o mesmo e até casarem. O mais interessante é que, mesmo sem existir um histórico de homossexualidade, essas almas podem decidir estreitar os laços dentro de um contexto amoroso e sexual. Já vi casos como esse, e as pessoas envolvidas me garantiram que nunca tiveram desejos homossexuais, e o que sentiam uma pela outra só servia para essa pessoa em específico, e para nenhuma outra.

Por exemplo, uma das meninas gosta de outra menina e quer ficar com ela, mas nunca havia se relacionado com outras mulheres e garante não sentir qualquer tipo de desejo sexual por outras mulheres, somente por aquela que se torna sua companheira. Esse é um caso típico de apego a condição anterior em vidas passadas. Ninguém pode julgar se isso é correto ou não; a escolha, neste caso, é da própria pessoa e só a ela compete avaliar a qualidade de suas relações. Repudiamos aqui o preconceito a homossexualidade e somos favoráveis a liberdade de expressão da sexualidade. Advertimos, porém, que qualquer excesso nessa área, seja com heterossexuais ou homossexuais, pode implicar em efeitos graves e num karma negativo, com severas complicações futuras, na vida atual ou em vidas futuras.

Quando duas almas que se amam muito estão em planos diferentes, isso pode se tornar um problema. É o caso de pessoas que nascem no plano físico, e que sonham ou sentem a presença de espíritos que não estão em corpo físico. Essa pessoa ama o espírito, e deseja ficar com ele, mas como essa alma não se encontra encarnada, ela nada pode fazer. É possível encontros em projeção astral, quando dormimos a noite e nosso corpo espiritual deixa o corpo físico e passa a interagir com outras dimensões. Nesses momentos, as duas almas podem se encontrar e ficar um tempo juntas. O encarnado pode ter vários sonhos com o desencarnado, mesmo sem saber quem ele é e nunca te-lo conhecido na vida atual. Mas intimamente ela sabe que o conhece, que o ama, e sente vontade de ficar com ele, como mostra esse exemplo de um breve relato que recebemos:

“Mais uma noite eu sonhei com aquela moça linda, ela me faz sentir uma forte emoção, uma saudade, eu a amo, eu acordo chorando, sempre, há anos.”

Os espíritos de luz que comandam o destino dos seres podem autorizar esta situação para estimular o desapego entre as duas almas.

O universo sempre conspira para que uma alma se desenvolva espiritual e passe a amar a todos, e não apenas uma só pessoa. Embora o amor entre nossa família física e espiritual seja um exercício do amor incondicional, a maioria dos espíritos que vivem na Terra ainda estão longe do amor incondicional a todos os seres. Por esse motivo, a inteligência divina cria circunstâncias que nos façam entender que o amor vale muito mais quando ele se expande para abraçar todos os seres do universo, e não apenas pessoas de nossa convivência. O amor universal é a meta sagrada de todas as almas que aspiram à perfeição. Quando acontece de duas almas que se amam estarem separadas, uma no plano físico e outra no plano espiritual, ambas devem exercitar o desapego e procurar outras pessoas para se relacionar. Essa situação também pode ser problemática quando há muitas energias pendentes entre ambos. Pode acontecer, por exemplo, de o desencarnado desejar ficar junto do encarnado e começar a boicotar todos os seus relacionamentos. O desejo do desencarnado é que o encarnado seja só dele, e por conta disso ele poderá agir no sentido de isolar o encarnado de todos, desejando que fique sozinho. Como o encarnado sente um amor sincero pelo desencarnado, pode ceder a isso, e aceitar as sugestões de sempre permanecer sem se relacionar com outros. Quando esse tipo de assédio ocorre, é bem mais difícil de ser tratado num trabalho espiritual, pois há uma permissão inconsciente do encarnado diante da obsessão exercida pelo desencarnado. Neste caso, a melhor forma de agir é conscientizar o encarnado a se libertar desse apego e viver a vida física naturalmente, sem ficar esperando que o desencarnado venha a preencher um vazio que ficou das experiências “perdidas” de vidas passadas, quando ambos viveram juntos.

Outro fenômeno bastante interessante e inexplicável é o chamado “amor à primeira vista”. Esse fenômeno só é inexplicável quando não se leva em conta a teoria da reencarnação. O amor à primeira vista consiste no despertar de um sentimento tão logo vemos ou estamos na presença de uma pessoa desconhecida que nos desperta algo portentoso, excelso, superior, quase celeste e divino, e que é incompreensível. Há uma nítida impressão de que já conhecemos aquela pessoa. Alguns indivíduos, não muito versados na noção reencarnacionista, afirmam que não existe o amor à primeira vista, mas sim uma espécie de encantamento, de fascinação, de deslumbramento pela beleza do outro. Apesar de estes sentimentos estarem misturados no primeiro momento, não seria apressado dizer que há, de fato, um amor que pode estar sendo ressuscitado, reaceso, vindo à superfície e despertando, trazendo à tona um sentimento sublime e transcendente que até então estava meio apagado dentro de nós.

Esse amor pode ter sua origem em dezenas ou mesmo centenas de vidas passadas onde estas duas almas viveram juntas. Pode até mesmo ser anterior aos primeiros nascimentos terrestres. Esse reencontro faz ressurgir uma emoção, um envolvimento que já existia dentro da pessoa, mas que ainda estava disperso. O amor à primeira vista não deve ser confundido com maravilhamento pela beleza física. Ele é uma profunda identificação com alguém que já conhecemos há milênios e que reencontramos nesta vida. Esse pode ser o início de uma longa história de amor.

Para se diferenciar um amor verdadeiro e uma simples paixão é preciso notar se há um total desprendimento em relação a pessoa que amamos. O amor real é calmo, sereno, não se deixa influenciar por sentimentos de controle, posse, ciúme, e outras armadilhas inferiores. O amor verdadeiro deseja que o outro esteja bem, mesmo que ele não fique conosco. Ele é espontânea, livre e há desprendimento; só o que importa é o bem estar do outro. Fazemos de tudo para que o outro seja feliz.

A melhor forma que eu conheço para harmonizar o nosso passado e cuidar para que estes laços não se tornem disfuncionais e problemáticos na vida atual é a realização da terapia de vidas passadas. Através da regressão o passado pode ser revisto e os laços amorosos podem ser tratados, dissolvendo os resíduos de energias conflituosas, brigas, assassinatos, traumas, e qualquer situação negativa que tenha ocorrido em vidas passadas. Muitos afirmam que tratar o passado conjunto com nossos entes queridos pode reacender velhas mágoas, nos fazer lembrar de velhas disputas e ódios passados, e que isso inviabilizaria nossa convivência atual com eles.

Quem defende esta tese alega que uma mãe não poderia conviver bem com seu filho caso descubra que ele a torturou e matou em vidas passadas. A nossa experiência de mais de 2.000 regressões individuais prova que essa ideia é bastante equivocada. Jamais pude presenciar nenhuma relação que tivesse piorado após uma revisão de vidas passadas negativas entre membros de uma mesma família. Pelo contrário, as experiências negativas são tratadas e os laços de amor são purificados, o que torna a convivência atual muito melhor e mais satisfatória.

Já atendi dezenas de casos em que visitamos vidas passadas bastante duras entre familiares e o resultado sempre foi uma grande melhora na qualidade da relação atual. Os bloqueios caem, os conflitos são tratados, as disputas são harmonizadas e tudo passa a ser objeto de precioso aprendizado. Além disso, o esquecimento do passado não apaga os sentimentos negativos de vidas passadas, eles continuam existindo hoje, podem e devem ser tratados, para que as relações familiares melhorem e para que possamos viver bem com nossos familiares e com as pessoas que amamos.

Autor: Hugo Lapa

29 dezembro 2016

Tragédias Coletivas - Divaldo P.Franco



TRAGÉDIA COLETIVAS


Constantemente a humanidade é surpreendida por tragédias coletivas. Desde os fenômenos sísmicos às guerras, aos acidentes de várias ordens, demonstrando a fragilidade do ser humano ante as forças da natureza e as suas próprias paixões, que, amiúde, somos convidados a reflexionar em torno da transitoriedade carnal e sobre a continuidade da vida em outra dimensão.

Há poucos dias, um desastre aéreo de lamentáveis consequências feriu dezenas de famílias, ceifando vidas juvenis em plena busca da felicidade. Desejamos referir-nos ao acidente que arrebatou 71 vidas, especialmente de chapecoenses, deixando aflições inomináveis em muitos familiares e amigos.

Os conceitos filosóficos do materialismo diante do infortúnio não conseguem acalmar as ansiedades e as dores dos sentimentos vitimados pelas ocorrências infelizes do cotidiano, provocando, não raro, revolta e desespero.

Algumas correntes religiosas despreparadas para o enfrentamento dos desafios afligentes que ferem a humanidade simplificam a maneira de os encarar, transferindo para a “vontade de Deus” todas as ocorrências nefastas, sem que, igualmente, com algumas exceções, logrem o conforto moral e a esperança nas suas vítimas.

Ao Espiritismo cabe a tarefa urgente de demonstrar que a criatura humana é autora do próprio destino através dos atos que realiza.

A Divindade estabelece leis morais que atuam nas existências, com a mesma severidade que aqueloutras que regem o Universo e são inalteradas.

Embora Deus seja amor, o dever e o equilíbrio são expressões desse incomparável amor pelas criaturas.

O sofrimento não é um ato punitivo da Divindade, mas uma resposta da Vida ao comportamento malsão de quem se permite desrespeito aos supremos códigos.

Por intermédio da reencarnação o Espiritismo explica a lógica de acontecimentos tão funestos.

No caso em tópico, segundo a Imprensa, a Anac havia proibido a viagem programada, mas a fatalidade conseguiu uma maneira de atender ao determinismo cármico, mediante o aluguel de uma outra aeronave boliviana. Alguns sobreviventes e outros, que não puderam viajar por uma ou outra razão, foram poupados da terrível provação, por não fazerem parte do grupo comprometido com as Leis divinas.

Provavelmente essas vítimas resgataram antigo débito moral no seu processo evolutivo e foram reunidas para o ressarcimento coletivo, conforme a responsabilidade do conjunto em algum desmando anterior, de existência pregressa. Hoje, no mundo espiritual, na condição de vítimas das circunstâncias de que não são responsáveis, encontram-se amparados por Espíritos nobres, que os auxiliarão a encontrar a plenitude. Aos seus familiares e amigos, apresentamos a nossa solidariedade. 



Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 01/12/2016.


28 dezembro 2016

A felicidade que há em nós - Adriana Machado




A FELICIDADE QUE HÁ EM NÓS


Eu estava pensando no tema que poderia conversar com vocês essa semana e uma querida amiga me deu uma dica para que eu falasse sobre a felicidade. O engraçado é que a minha primeira impressão foi imaginar que não haveria muito para se falar sobre esse tema, pois, ou já o mencionei em um post anterior (A felicidade mora ao lado?) ou todos nós, de uma forma ou de outra, vivenciamos a felicidade em nossa vida e isso não seria novidade nenhuma.

Mas, percebi que nem todos nós, inclusive eu, temos a consciência do que é a verdadeira felicidade ou, simplesmente, o que é ser feliz, por isso vale a pena discorrer mais um pouco sobre o assunto.

Primeiro, precisamos entender onde que vivenciaremos este estado de felicidade. Alguém sabe? Não existe outro lugar que não seja o nosso templo interior. O sorriso de felicidade e os gestos que identificamos como um reflexo dela (felicidade) são a exteriorização de um estado que transborda além de nossos limites interiores.

Então, não há como falarmos de felicidade se ela for vinculada por nós a algo que não nos pertence verdadeiramente. Pessoas e coisas não nos pertencem, não poderão ser levados por nós quando daqui nos despedirmos.

Deturpamos tanto esta verdade que procuramos no mundo exterior o que tem que ser construído em nossa casa íntima. É claro que a felicidade é um sentimento muito particular. Cada um de nós a sente de uma maneira diferente, porque cada um de nós possuiu experiências diferentes que farão que a flagremos, ou não, segundo a nossa visão do mundo.

Para muitos a felicidade é ter dinheiro, poder, bens materiais... Para outros, é ter alguém ao seu lado, uma família, filhos, amigos, uma casa simples para morar, um travesseiro para depositar a cabeça... Para outros tantos, é ser livre, sem amarras, sem compromissos...

Infelizmente, para cada uma dessas pessoas a felicidade plena ainda está para ser alcançada, porque ela “não mora ainda em seu coração”! Por menor que seja a sua ambição quanto ao seu alvo de felicidade, ainda assim essa pessoa a deposita em algo ou alguém, o que a torna sua refém. Mesmo as que querem ser livres, o que faz parecer que elas estão se desapegando, não espelha a realidade em seu íntimo, porque elas também se “sentem” amarradas a essa questão de “ter que ter” a liberdade para serem felizes.

Pensem comigo: se assim fosse, se a nossa felicidade só existisse com esses alvos, Deus não estaria em conformidade com a Sua perfeição, porque estaríamos à mercê da vontade alheia ou da existência de algo para sermos felizes. Ele sabe que precisamos ser autossuficientes para alcançarmos a nossa evolução.

Sei que já ouvimos falar, infinitas vezes, que dependemos do “outro” para aprender. Essa afirmativa é real e verdadeira, porque com o próximo nos testamos, com o próximo enxergamos a nossa capacidade de amar e reagir emocionalmente às circunstâncias provocadas pelo outro. Mas, para tudo isso acontecer, precisamos estar inteiros emocionalmente, todo o resto é complemento e instrumentos impulsionadores de nosso crescimento.

A felicidade não deveria estar nas coisas ou nas pessoas; não deveria estar em situações que ainda não vivenciamos; não deveria estar em um tempo futuro a ser alcançado...

Ela deve estar no nosso momento presente; ela deve estar no que estamos vivenciando e construindo em nosso íntimo!

Se hoje estamos “amarrados” a alguém ou a situações que não podemos mudar, que sejamos felizes enquanto não pudermos fazer algo diferente!

Se hoje a vida nos convida a situações que não nos é confortável na sua essência, que possamos encontrar a felicidade nas mínimas coisas que nos são ofertadas, porque Deus não nos leva a uma vida de desamparo e precisamos enxergar essas bênçãos em nós.

Sei que é fácil afirmarmos isso quando não estamos passando por um turbilhão de emoções ou situações negativas, mas se pensarmos que está tudo errado e que nada que temos nos torna felizes, estaremos dizendo para o nosso ser que não acreditamos na Providência Divina e aí a nossa Essência não poderá sentir a felicidade que já portamos.

Somos portadores da felicidade sim, seja ela de que tamanho for. Mas, que a enxerguemos com os olhos da verdade e que compreendamos que os verdadeiros construtores dela em nós somos nós mesmos, todo o resto é complemento de uma felicidade íntegra e real.

Deus nos criou para sermos felizes! É só nos compreendermos como seres divinos que a cada passo estamos mais próximos de percebermos a fonte primária de nossa felicidade: O Deus que há em nós!


Adriana Machado

27 dezembro 2016

Advogado ambicioso reencarna com hidrocefalia - Irmão X/Humberto de Campos

 

“ADVOGADO AMBICIOSO REENCARNA COM HIDROCEFALIA"


Dr. Abelardo Tourinho era, indiscutivelmente, verdadeira águia de inteligência. Advogado de renome, não conhecia derrotas. Sua palavra sugestiva, nos grandes processos, tocava-se de maravilhosa expressão de magnetismo pessoal. Seus pareceres denunciavam apurada cultura. Abelardo se mantinha, horas e horas, no gabinete particular, surpreendendo as colisões das leis humanas entre si. Mas, seu talento privilegiado caracterizava-se por um traço lamentável. Não vacilava na defesa do mal, diante do dinheiro.

Se o cliente prometia pagamento farto, o advogado torturava decretos, ladeava artigos, forçava interpretações e acabava em triunfo espetacular. Chamavam-lhe “grande cabeça” nos círculos de convivência comum. Era temido pelos colegas de carreira. Os assistentes se atropelavam a fim de atendê-lo no que desejasse. 

Muitas vezes, foi convidado a atuar, em posição destacada, nas esferas político-administrativas; entretanto, esquivava-se, porque as gratificações dum deputado eram singelas, perto dos honorários que recebia. Seus clientes degradantes eram sempre numerosos. Sua banca era frequentada por avarentos transformados em sanguessugas do povo, por negociantes inescrupulosos ou por criminosos da vida econômica, detentores de importante ficha bancária. Abelardo nunca foi visto lutando em causa humilde, defendendo os fracos contra os poderosos, amparando infortunados contra os favorecidos da sorte. Afirmava não se interessar por questões pequenas.

Mas, havia alguém que o acompanhava, sem tecer elogios precipitados. Era sua mãe, nobre velhinha cristã, que o alertava, de quando em quando, com sinceridade e amor. Dizia ela:

- Abelardo, não te descuides na missão do Direito. Não admitas que a ideia de ganho te avassale as cogitações. Creio que a tarefa da justiça terrestre é muito delicada, além de profundamente complexa. Ser advogado ou juiz é difícil ministério da consciência. 

Por vezes, observo-te as inquietações na defesa dos clientes ricos e fico preocupada. Não te impressiones pelo dinheiro, meu filho! Repara, sobretudo, o dever cristão e o bem a praticar. Sinto falta dos humildes, em derredor de teu nome.

Ouço os aplausos de teus colegas e conheço a estima que desfrutas, no seio das classes abastadas, mas ainda não vi, em teu círculo, os amigos apagados de que Jesus se cercava sempre. Nunca pensaste, Abelardo, que o Mestre Divino foi advogado da mulher infeliz e que, na própria cruz, foi ardoroso defensor dum ladrão arrependido? Creio que o teu apostolado é também santo... O eminente advogado balançava a cabeça, em sinal de desacordo, e respondia:

- Mãezinha, os tempos são outros. Devo preservar as conquistas efetuadas. Não posso, por isso, satisfazer-lhe as sugestões. 

Compreende a senhora que o advogado de renome necessita cliente à altura. Aliás, não desprezo os mais fracos. Tenho meu gabinete vasto, onde dou serviço a companheiros iniciantes, junto aos quais os menos favorecidos do campo social encontram os recursos que necessitam...

- Oh! Meu filho! Estimaria tanto ver-te a sementeira evangélica! ... 

O advogado interrompia lhe as observações, sentenciando: 
- A senhora, porém, necessita compreender que não sou ministro religioso. Não devo ligar-me a preceituação estranha ao Direito. E é tão escasso o tempo para a leitura e analise dos códigos que me não sobra ensejo para estudos do Evangelho. Além do mais – e fazia um gesto irônico -, que seria de meus filhos e de mim mesmo se apenas me rodeasse de pobretões? Seria o fim da carreira e a bancarrota geral.

A genitora discutia amorosa, fazendo-lhe sentir a beleza dos ensinamentos cristãos, mas Abelardo, que se habituara aos conceitos religiosos de toda gente, não se curvava às advertências maternas, conservando mordaz sorriso ao canto da boca.

A experiência terrestre foi passando devagar, como quem não sentia pressa em revelar a eternidade da vida infinita.

A Senhora Tourinho regressou à espiritualidade, muito antes do filho.

Abelardo, todavia, jamais cedeu aos seus pedidos.

E foi assim que a morte o recolheu, envolvido em extensa rede de compromissos (com a lei divina). Compreendeu, tarde demais, as tortuosidades perigosas que traçara para si mesmo. Muito sofreu (no umbral) e chorou nos caminhos novos. Não conseguia levantar-se, achava-se caído, na expressão literal. Crescera-lhe a cabeça enormemente, retirando-lhe a posição de equilíbrio normal. Colara-se à terra, entontecido e frequentemente atormentado pelas vítimas ignorantes e sofredoras (pessoas que ele prejudicou quando os fez perder a causa tornaram-se obsessores).

A devotada mãezinha visitou-o por anos, sem alcançar resultados animadores. Ele prosseguia na mesma situação de imobilidade, deformação e sofrimento. A mãe, reparando na ineficácia de seus carinhos, trouxe um elevado orientador de almas à paisagem escura (umbral).

Pretendia um parecer, a fim de traçar diretrizes de ação.

O prestimoso amigo examinou o paciente, registrou lhe as pesadas vibrações mentais, pensou, pensou e dirigiu-se à abnegada mãe, compadecido:

- Minha irmã, o nosso amigo padece de inchação da inteligência pelos crimes cometidos com as armas intelectuais. Seus órgãos da ideia foram atacados pela hipertrofia de amor-próprio. Ao que vejo, a única medida capaz de lhe apressar a cura é a hidrocefalia no corpo terrestre.

A nobre genitora chorou amargurada, mas não havia remédio senão conformar-se.

E, daí a algum tempo, pela inesgotável bondade do Cristo, Abelardo Tourinho reencarnou e podia ser identificado por amigos espirituais numa desventurada criança do mundo, colada a triste carrinho de rodas, apresentando um crânio terrivelmente disforme, para curar os desvarios da “grande cabeça”.

Observação: Se todos acreditassem na reencarnação, pensariam duas vezes antes de transgredir as leis de Deus. Saberiam que a lei é a de causa e efeito (o que causarmos de bom e de ruim a tudo que conviva conosco neste planeta, seja uma pessoa, um animal, a Natureza e a nós mesmos sofreremos as consequências); colheremos aquilo que plantarmos; seja nessa ou em outra encarnação, ninguém sofre a toa e, consequentemente, Deus é justo.


Escrito pelo espírito: Irmão X (Humberto de Campos)
Psicografia de: Chico Xavier-Livro: Pontos e Contos

26 dezembro 2016

Sonambulismo: Independência do Espírito - José Roberto Pereira Santos



SONAMBULISMO: INDEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO


Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo, com residência em Medicina Interna e Reumatologia no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, José Roberto Pereira Santos, 47 anos, é especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Atualmente, é o coordenador e médico de Rotina da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha (ES), e secretário da Associação Médico-Espírita do Brasil. Nesta entrevista à Folha Espírita ele fala sobre o sonambulismo, que, após vários questionamentos do meio espírita, tornou-se seu objeto de estudo.

Folha Espírita – O que é o sonambulismo?
José Roberto Pereira Santos – A palavra sonambulismo origina-se do latim somnus = sono + ambulare = marchar, passear. O transtorno de sonambulismo diz respeito a episódios repetidos de comportamento motor complexo iniciado durante o sono, freqüentemente durante a primeira terça parte do sono. Nos episódios leves, o indivíduo pode simplesmente sentar-se na cama, olhar em volta ou se remexer no leito. Mais tipicamente, o indivíduo levanta-se da cama, podendo ir ao banheiro, sair do quarto, subir ou descer escadas e mesmo sair de casa. Pode usar o banheiro, comer e falar durante os episódios, que duram, em sua maior parte, de alguns minutos a meia hora. No entender da Medicina, o sonambulismo é tratado como uma parassonia. As parassonias são fenômenos físicos compreensíveis, que acompanham o sono e envolvem atividade muscular esquelética ou mudanças do sistema nervoso autônomo, ou ambas.

FE – E pelo lado espiritual?
Santos – Segundo o conhecimento trazido pelos espíritos (O Livro dos Espíritos, questão 425), o sonambulismo “é um estado de independência do espírito (emancipação da alma), mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito”. Esta é a descrição do sonambulismo natural, que é um fenômeno produzido espontaneamente. Existem algumas pessoas dotadas de uma organização especial que podem, através de ações magnéticas, entrar em estado sonambúlico, que nesse caso é denominado sonambulismo magnético.

FE – Por que as pessoas que são sonâmbulas levantam, fazem coisas, mas não se lembram de nada depois?
Santos – Uma das características do sonambulismo é que, ao ser despertado do episódio, ou pela manhã, quando acorda, o indivíduo tem amnésia para o episódio. Tal fato não tem uma explicação satisfatória pela ciência médica. De acordo com as elucidações espíritas, no sonambulismo, o espírito está na posse plena de si mesmo. Os órgãos materiais, achando-se de certa forma em estado de catalepsia, deixam de receber as impressões exteriores (O Livro dos Espíritos, questão 425). O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos (O Livro dos Médiuns, item 172). No sonambulismo, portanto, o cérebro físico não é envolvido nas percepções do episódio. Quem percebe é o corpo espiritual, e é uma percepção bem mais ampliada do que no sonho, em que as percepções têm a participação do cérebro físico. Como não há registro cerebral das impressões, o indivíduo não se recorda de nada, ao acordar.

FE – Existe alguma semelhança entre sonambulismo e atividade mediúnica inconsciente? Se sim, explique o que acontece com o espírito nos dois casos...
Santos – O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio espírito e exprime o seu próprio pensamento, enquanto o médium inconsciente exprime o pensamento de outrem, ou seja, é instrumento de uma inteligência estranha. Segundo O Livro dos Médiuns (item 172), o espírito que se comunica com um médium também o pode fazer com um sonâmbulo. Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os espíritos e os descrevem com tanta precisão quanto os médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos seus pensamentos (ver item 173 de O Livro dos Médiuns). Nesse caso, pode-se considerar o sonambulismo como uma variedade da faculdade mediúnica, mas não uma mediunidade inconsciente.

FE – Ouvimos muito falar que as pessoas sonâmbulas são, geralmente, adolescentes. Isso é verdade? Por quê?
Santos – Não. O sonambulismo ocorre com maior freqüência entre os 4 e 12 anos de idade, e sua ocorrência diminui a partir dos 15 anos, sendo mais raro no adulto. Como causa do sonambulismo no adulto, devem ser afastados alguns distúrbios médicos como: síndrome da apneia do sono, uso ou abuso do álcool, doença febril, privação do sono, gravidez e medicamentos específicos (carbonato de lítio e agentes com efeitos anticolinérgicos).

FE – Mas há uma explicação sobre o porquê de ocorrer com maior freqüência entre 4 e 12 anos?
Santos – Não li, até hoje, nenhuma explicação para essa ocorrência, mas com o conhecimento espírita entendemos que nada ocorre por acaso e nenhum atributo da alma (nesse caso o sonambulismo) aparece para prejuízo de alguém. Acredito que a ocorrência do processo em crianças é uma oportunidade de aprendizado do espírito, na fase infantil da encarnação (em que se encontra mais influenciável aos exemplos e ensinamentos), nos momentos de maior desprendimento espiritual do sonambulismo, em que pode receber instruções e diretrizes dos bons espíritos para uma melhor evolução.

FE – O sonâmbulo corre riscos? Deve haver sempre alguém por perto? Se sim, por quê?
Santos – Riscos existem. Acidentes como quedas de janelas e de escadas, ou acidentes com objetos pontiagudos ou de vidro podem ocorrer. Não é sempre que os pais percebem as “caminhadas” da criança e, portanto, alguns cuidados devem ser tomados para garantir a segurança do sonâmbulo: evitar o uso de beliches e camas altas, trancar portas que possam levar as crianças para fora de casa, fechar ou colocar grades em janelas, impedir o acesso para escadas e esconder objetos pontiagudos ou que possam machucar as crianças.

FE – Como ficam essas crianças que, durante o sonambulismo, se atiram de prédios, vindo a desencarnar? Não existe proteção espiritual nesse caso?
Santos – A ocorrência de traumatismos durante o sono ocorre geralmente em adultos. Nesses casos deve ser afastada a associação com a ingestão de álcool. Nos casos de crianças é importante recordar que elas são espíritos encarnados com um passado de realizações positivas e negativas. No momento do sonambulismo, estado em que a alma encontra-se mais emancipada do que no sono, a alma desprendida, caso esteja em consonância vibratória com as regiões espirituais inferiores, pode sofrer maior interferência de espíritos obsessores, através de técnicas hipnóticas, que influenciam o espírito do sonâmbulo no comando da atividade mecânica do seu corpo físico, conforme as suas orientações. Por isso, devemos recomendar às crianças sonâmbulas e aos seus pais a prática da oração antes do sono, solicitando a proteção dos bons espíritos, bem como uma vivência familiar diária, baseada em uma orientação cristã. O culto evangélico no lar, qualquer que seja a orientação religiosa da família, é um excelente instrumento de equilíbrio familiar, colaborando de forma positiva para uma melhor ambiência em que vive o sonâmbulo.


Fonte: Dr. José Roberto Pereira Santos (Secretário da AME-Brasil), reumatologista e médico intensivista/ Associação Médico Espírita


25 dezembro 2016

Atualidade do Natal - Joanna de Ângelis


ATUALIDADE DO NATAL


Andando sem rumo, sob o flagício de mil aflições, o homem moderno deixa-se dominar pelo desânimo ou pela ansiedade, malbaratando o valioso contributo da inteligência e do sentimento com que a vida o enriqueceu, exaurindo-se, ora no consumismo insensato, ora na revolta desastrada por falta de recursos econômicos ou emocionais para realizar-se.

A insatisfação é a tônica do comportamento individual e social que vige na Terra.

Aqueles indivíduos que experimentam carência de qualquer natureza lamentam-se e rebolcam-se na rebeldia, que degenera em violência, enquanto aqueloutros que se encontram afortunados, deixam-se dominar pelas extravagâncias ou pelo tédio, derrapando, uns e outros, nas viciações perturbadoras ou na dependência de substâncias químicas de funestas conseqüências.

As admiráveis conquistas da Ciência e da Tecnologia não os tornaram mais felizes nem menos tensos, pelo contrário, empurraram-nos na direção trágica da neurastenia ou da depressão nas quais estorcegam.

Indubitavelmente trouxeram incomparável ajuda para a solução de diversos sofrimentos e situações penosas, de progresso rnateriall e social, porém, não conseguiram penetrar o cerne dos seres humanos, modificando-lhes as disposições íntimas em relação à existência terrena e aos seus objetivos essenciais.

Considerando a vida apenas do ponto de vista material, sem as conseqüentes avaliações em torno do Espírito imortal, o comportamento materialista domina as mentes e os corações, que acreditam na felicidade em forma de valores amoedados, satisfações dos sentidos, destaque social e harmonia física...

Vive-se o apogeu da glória tecnológica diante dos descalabros comportamentais que jugulam os seres humanos aos estados primevos da evolução.

Há conquistas do Infinito sem realização pessoal, sorrisos de triunfo sem sustentação de felicidade, que logo se transformam em esgares, situações invejáveis mas alicerçadas na miséria, na doença e no desconforto das pessoas excluídas... Faltando-lhes, porém, a vivência dos compromissos ético-morais, logo se lhes apresentam os desapontamentos íntimos, e os conflitos se lhes instalam devoradores.

Uma tormenta inigualável paira nos céus da sociedade moderna, ameaçando-a com tragédias inomináveis.

*

Em período idêntico, no passado, salvadas as distâncias compreensíveis, veio Jesus à Terra.

O mundo encontrava-se conturbado pelo poder mentiroso, pela falácia dos dominadores, pelas ambições desmedidas, pelas conquistas arbitrárias, pelas ilusões tresvariadas...

Predominavam o luxo e a ostentação em alguns segmentos da humanidade, enquanto nos porões do abandono em que desfaleciam, incontáveis criaturas espiavam angustiadas o passar do tufão devorador...

Apareceu Jesus, e una aragem abençoada varreu o mundo, modificando-lhe a psicosfèra.

Sua voz levantou-se para profligar contra o crime e a insensatez, contra a indiferença dos fortes em relação aos seus irmãos mais fracos, contra a hipocrisia e o egoísmo então vigentes e dominantes como hoje ocorrem......

Misturando-se aos mutilados do corpo e da alma, ergueu-os do pó em que se asfixiavam, conduzindo-os na direção da glória estelar, demonstrando-lhes que a vida física é experiência transitória, e que os valores reais são os que pertencem ao Espírito imortal.

Utilizou-se da cátedra da Natureza e ensinou a fèlicidade mediante o desapego e o despojamento das alucinantes prisões às coisas e às paixões materiais.

Cantou a esperança aos ouvidos da angústia e proporcionou a saúde temporária a quantos se Lhe acercaram, alentando-os com a certeza da plenitude após vencidas as etapas de regeneração e de resgate que todos os seres se impõem no processo da evolução.

Atendeu a dor de todos os matizes, defendeu os pobres e oprimidos, os esfaimados e sedentos de justiça, a quem ofereceu os preciosos recursos de paz. No entanto, quando acusado, abandonado, marchando para o testemunho, elegeu o silêncio, a submissão à vontade de Deus, a fim de ensinar pelo exemplo resignação e misericórdia para com os maus e perversos, confirmando a indiferença pelos valores do mundo físico destituídos de utilidade...

E permanece até hoje como o Triunfador não conquistado, que prossegue alentando os padecentes, convocando-os à transformação moral para a conquista dos imperecíveis tesouros internos do amor, do perdão, da caridade, da paz...

*

Recorda-te de Jesus neste Natal e reaproxima--te dEle, analisando como te encontras e de que forma deverias estar moralmente, conscientizando-te do que já fizeste e de quanto ainda podes e deves investir em favor de ti mesmo e do teu próximo mais próximo, no lar, na rua, na humanidade...

O Natal é presença constante do amor e do bem na atualidade de todos os tempos.

Não te esqueças que a evocação do nascimento do Excelente Filho de Deus entre as criaturas humanas, é um convite para que O permitas renascer no teu íntimo, se estiver desaparecido da tua emoçao, ou prosseguir vivo e atuante nos teus sentimentos, convidados à construção da solidariedade, do dever e da lídima fraternidade que deve viger entre todos os seres sencientes que vagueiam no Planeta .

... E deixa que Jesus te fale novamente à acústica do coração e aos escaninhos da mente, repetindo-te o poema imortal das Bem -aventuranças.


Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 20 de setembro de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

24 dezembro 2016

Sublime Natal - Joanna de Ângelis



SUBLIME NATAL


Sublime Natal Aquele nascimento, nas especiais circunstâncias em que ocorreu, deveria assinalar, conforme sucedeu, o período de renovação humana e social, alterando, por definitivo, os fastos históricos.

Antes dele, o tumulto galopava o corcel da violência e a barbárie solucionava as disputas, favorecendo o perverso que elaborava as próprias leis.

É certo que, depois, por um largo período continuou predominando a força da estupidez e o desequilíbrio dos crimes hediondos na governança das nações.

Mergulhou, naquela oportunidade, Jesus, nas vestes humanas, a fim de conviver com os seres terrestres.

Ele, porém, dividiu as épocas, em face da significação de que se revestiu a Sua vida.

Renunciando ao sólio do Altíssimo, Ele entregou-se às atividades próprias daqueles que estagiavam nas faixas primárias da evolução moral.

Naquele período, a guerra alterava, a cada instante, o mapa terrestre; os impérios sucediam-se uns aos outros, reduzidos sempre a escombros após os breves períodos de esplendor, enquanto a crueldade se encarregava de estabelecer os seus impositivos.

Reduzidos à condição de animália de carga, os pobres e esquecidos nada representavam no cenário convulsionado em que reinavam os execrandos dominadores.

Os exércitos alucinados sucediam-se sob comandos perversos, varrendo o planeta conhecido e a tudo transformando.

Suas glórias de efêmera duração cediam lugar a sofrimentos inomináveis.

Os triunfadores de um dia logo cediam lugar a outros, não menos ensandecidos, posteriormente passando à servidão ou sendo consumidos por mortes vergonhosas...

Foi nesse clima que nasceu Jesus e um mundo novo se iniciou...

*

É certo que ainda vigem o abuso do poder, os crimes covardes, as dominações arbitrárias, a arrogância dos poderosos, o horror dos extermínios em massa, a crueza do terrorismo...

Nada obstante, as leis, mesmo que não cumpridas por enquanto, bafejadas pelas Suas diretrizes vêm-se humanizando, enquanto se alargam as possibilidades para a vigência do amor, da solidariedade, do respeito pelos direitos humanos e pela Natureza...

Desenvolveram-se os sentimentos da compaixão e o anjo da caridade passou a cuidar dos réprobos, dos oprimidos, dos considerados excluídos, que eram descartados sem consideração, tidos como peso negativo na economia da sociedade que os ignorava.

Certamente ainda ocorrem as lamentáveis execuções grupais, o olvido dos países miseráveis, o exclusivismo que se permite o poder... No entanto, periodicamente tomam forma humana estrelas espirituais fulgurantes em nome do Seu amor, iluminando as sendas sombrias, diminuindo a amargura generalizada e ensejando esperança e paz.

Sucede que a evolução é um processo muito lento, em razão das fixações perturbadoras que são trazidas das experiências primitivas.

A vinculação com a força predomina em a natureza humana durante muito tempo em detrimento dos valores morais, o que faz retardar a marcha do progresso.

Aquele nascimento insculpiu na memória dos tempos a grandeza do amor, então desconhecido ou ignorado.

Mediante os ensinamentos de Jesus, porém, ocorreram significativas alterações em favor do mais rápido desenvolvimento espiritual dos seres humanos.

A misericórdia, que era desconsiderada, passou a assinalar as consciências, ensejando visão diferente a respeito dos párias e dos deserdados.

Ele próprio entregou-se ao ministério de exemplificar, tomando-se a Sua vida um evangelho de feitos.

O Seu inefável amor renovou a face do planeta com a palavra libertadora, musical, severa e nobre.

Não amado, porfiou amando.

Não compreendido, manteve-se compreensível.

Não aceito, perseverou nos ensinamentos sublimes.

Jesus entre as criaturas humanas é o momento culminante no processo histórico da evolução.

Não mais se repetirão aquele nascimento, aqueles dias, aquelas bênçãos. Nem serão necessários, porquanto os acontecimentos permanecem indeléveis na consciência dos tempos idos, assinalando os porvindouros...

*

Estes são igualmente dias muito difíceis.

Durante a larga transição que se opera na Terra, atinge-se; neste momento, o ponto culminante das provações e dores acerbas, invitando à reflexão e à mudança de atitude comporta mental para melhor.

Não te desesperes em vão, se te sentes excruciado por problemas e dores.

Recorda-te de Jesus e deixa-te por Ele conduzir.

Na data evocativa do Seu nascimento, faze uma reflexão mais profunda e verifica se Ele já nasceu em teu coração.

Após a constatação da Sua presença ou não em ti, sai do desconforto moral ou da comodidade, da indiferença ou do erro e deixa que este seja um sublime Natal em tua vida, passando a viver feliz e dedicado ao Bem de que Ele se fez vexilário.


Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião mediúnica da noite de 21 de setembro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.