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20 janeiro 2017

Carta de uma jovem homossexual ao Movimento Espírita - Iza Amora

 

CARTA DE UMA JOVEM HOMOSSEXUAL AO MOVIMENTO ESPÍRITA

A questão mais importante a ser observada quando falamos em Homossexualidade à luz da Doutrina Espírita, é lembrar que somos todos espíritos eternos, em constante evolução e que somos mais, muito mais do que a forma como expressamos nosso afeto.

Todos nós estamos suscetíveis às mais diversas experiências nessa marcha evolutiva e a condição homossexual, assim como todas as demais condições sexuais e de gênero, estão atreladas à existência corpórea, não necessariamente ao espírito, visto que o mesmo não possui apenas uma polaridade masculina e/ou apenas uma polaridade feminina.

Ser homossexual e espírita é uma experiência incrível, porém ainda requer disposição e mente aberta não apenas do movimento, mas também nossa, que vivenciamos essa condição. Os conceitos pré-concebidos existem em ambos os lados: se alguns irmãos no movimento espírita ainda oferecem resistência no respeito à diversidade, acreditando que a promiscuidade está no homossexual, não na nossa natureza humana, ainda em expurgação de impulsos mais primitivos, ainda existe por parte do homossexual o receio do rechaço, o receio do não acolhimento, o receio de mais uma vez ser marginalizado dentro de um grupo social.

Acredito muito que quando estamos prontos para um determinado aprendizado, ele vem até nós e nós podemos escolher se corremos na direção dele ou se postergaremos essa oportunidade. E essa escolha chega até todos nós, independentemente da nossa condição sexual, o avanço ou a estagnação no aprendizado vai depender da nossa atitude perante a ele.

Em geral, as casas espíritas são um ambiente receptivo e acolhedor para conosco, pois o movimento em si nos enxerga como somos, espíritos em busca de ascensão, em busca de nossa melhora. São poucos os relatos de preconceito direto. Porém o preconceito velado ainda ocorre com certa frequência, o que apesar de triste, considero ainda normal.

Ainda estamos em processo de melhoramento, assim como todos os demais irmãos e ainda é desafiador para todos lidar com as diferenças. Não estou aqui para enaltecer esses aspectos desafiadores da homossexualidade dentro do Movimento Espírita. O intuito não é segregar, não é criar uma "facção" dentro do Movimento, pelo contrário: a intenção é incluir, é inserir o indivíduo, independente de suas condições temporais nessa encarnação. Contudo, por fazer parte da comunidade LGBT e tentarmos vivenciar o conhecimento espírita, acreditamos que talvez seja mais fácil mostrar aos demais irmãos de causa, que não estamos sozinhos, que não temos que nos preocupar com julgamentos, pois somos quem somos. Simples assim! Sem buscar por razões, causas, sem buscar curas, posto que nossa sexualidade não é "doente" apenas por manifestar-se de forma diferente.

É imprescindível que o movimento espírita nesse momento tão importante de transição, auxilie os indivíduos na construção de uma certeza de quem somos, quanto filhos de um mesmo Pai, que nos ama, não nos desampara e que não nos imputa "castigos", mas sim oportunidades de melhorarmo-nos, de crescermos e de aprendermos cada vez mais, sobre o que é o amor e o respeito, sobre fortalecer os nossos laços de irmandade apesar das diferenças.

Que Deus seja conosco nessa caminhada, nos auxiliando, guiando, sustentando e amparando por toda a jornada.

Luz e paz!


Carta escrita por Iza Amora


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