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30 abril 2017

O espírito não tem cor! - Rossano Sobrinho




O ESPÍRITO NÃO TEM COR!


Racismo, xenofobia: pontos em destaque no quotidiano. Não há diário que se preze que não contenha uma notícia sobre violência racista. Exacerbam-se os nacionalismos. Que se passa com os seres humanos?

Ultimamente temos sido flagelados com notícias de vária ordem abordando o racismo, quer no nosso país quer em outras partes do Mundo. Inclusive parece estar na moda ser racista (veja-se o caso dos imigrantes africanos), ser contra os imigrantes ou pelo menos mostrar um pouco de intolerância para com eles. E, é claro, é chique estar contra os «pretos» como usualmente se designa, em sentido pejorativo, os seres humanos que reencarnaram na raça negra.

O planeta Terra está a passando por uma fase de transição, fase essa que não é estanque, nem será catastrófica, não será rigorosamente neste século que o mundo vai acabar como apregoam os profetas da desgraça. Bem vistas as coisas, essa fase já começou há muito tempo e por muito tempo se prolongará com a natural e paulatina mudança do estado das coisas: de planeta de expiação e provas, a Terra passará a planeta de regeneração (onde as pessoas evoluirão mais pelo amor que pelo sofrimento). Normal é, por isso, que existam situações conflituosas, forças em descontrolo, sentimentos catárticos nos homens, conflitos sociais, entre outros.

A resposta espírita

No entanto, a doutrina espírita vem dar um grande contributo à Humanidade, explicando os fundamentos do cristianismo, de uma forma clara, aberta e acessível a todos. Sabendo nós que os espíritos não têm cor, que os espíritos têm um corpo temporário para que assim possam atuar no planeta onde reencarnarem, lógico será que esses mesmos espíritos possam nascer (reencarnar) neste ou naquele país, nesta ou naquela situação social, com esta ou aquela cor de pele, conforme as suas necessidades evolutivas. 

Muito enganados andam aqueles que pensam que uma coloração lhes pode conferir uma superioridade de qualquer tipo. No futuro, esse mesmo espírito (hoje racista) orgulhoso, poderá reencarnar num outro povo qualquer de raça negra ou não, pois todos os seres humanos fazem parte da grande família universal criada por Deus. 

Estamos no planeta Terra à semelhança do aluno que é mandado para uma escola para que se aprimore, para que lime as suas arestas no campo dos sentimentos e da inteligência. Uns irão para umas «turmas» (povos), outros para outras. Nada impede que aquele que por preguiça e livre-arbítrio «chumbou» de ano venha a ser transferido para outras «turmas» noutras escolas, com as quais está mais afinizado, assim como aquele que passou de ano fique apto a ingressar em «turmas» condizentes com o seu grau evolutivo.

Proposta antiga

Com o espiritismo, a fraternidade, o amor ao próximo deixam de ser uma quimera, um capricho meramente humano para passarem a ser uma necessidade intrínseca ao desenvolvimento moral do homem e inerente bem-estar interior. Agora, o homem compreende que volta mais vezes à Terra (reencarnação) e que a sua futura existência será o fruto daquilo que semeou em existências anteriores, de acordo com a lei de causa e efeito; que só um masoquista se dará ao luxo de odiar, se dará ao luxo de dar guarida ao egoísmo feroz, à tola vaidade, ao orgulho estéril.

O espiritualista, e mais propriamente o espírita, sabe que que todos os homens são músicos dessa orquestra universal que é o Cosmos infinito, e como tal não deve existir espaço no seu coração para racismos e outros tipos de atitudes hostis para com os seres humanos. A solução para os problemas sociais mantém-se inalterável e foi apresentada por Cristo: o amor ao próximo, fazer aos outros o que quereríamos para nós próprios, a fraternidade, o entendimento, a bondade, a ajuda mútua. Muitas surpresas esperam aqueles que sonham com a superioridade rácica ou com outro tipo de hegemonia, todas aparentes, pois ao desencarnarem (falecerem) o seu desalento será grande demais ao verem que desperdiçaram uma existência a apostar em projetos falidos.

Depois, é o recomeçar... até que o aprendizado se consolide.

Cada um colherá o que semear e pela colheita será o único responsável. Abrangidos pela lei de causa e efeito, que nos condiciona quer acreditemos nela ou não, os racistas voltam mais tarde, reencarnando num grupo étnico que persigam, aprendendo a dar valor ao que realmente interessa: a pessoa em si, qualquer que seja cor da pele do seu corpo, o veículo de manifestação do ser humano, ou seja, do espírito que é cada um de nós.

Por isso, não surpreende que até haja espíritos racistas, neste ou noutro plano de vida. O fenómeno da morte é apenas o soltarmo-nos do corpo físico, continuando com as paixões, as virtudes que estamos a caminho de adquirir e os defeitos que ainda não burilámos.

Mas todas essas separações se diluirão no tempo, à medida que mais nos identificarmos com o que somos - por dentro - e menos acreditarmos ser aquilo que parecemos. A espiritualidade latente no íntimo de cada um vai desabrochando, ampliando-se pouco a pouco, dando lugar ao homem de bem, mais ou menos lentamente, conforme o esforço de cada um.


José Lucas
Revista de Espiritismo - Nº.  25, 1994


29 abril 2017

Como entrar em sintonia com os espíritos benfeitores - Victor Rebelo

 

COMO ENTRAR EM SINTONIA COM OS ESPÍRITOS BENFEITORES


Se a capacidade de entrarmos em relação com o mundo espiritual e os espíritos é um potencial que todos temos, em maior ou menor grau, o que é necessário para entrarmos em sintonia com os guias espirituais, ou seja, com os espíritos benfeitores?

Vejamos o que diz um trecho do capítulo 13, do livro Nos Domínios da Mediunidade, do espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier: “Em matéria de mediunidade, não nos esqueçamos do pensamento.

Nossa alma vive onde se lhe situa o coração.

Caminharemos, ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.

A gravitação no campo mental é tão incisiva, quanto na esfera da experiência física.

Servindo ao progresso geral, move-se a alma na glória do bem. Emparedando-se no egoísmo, arrasta-se, em desequilíbrio, sob as trevas do mal. A Lei Divina é o Bem de todos.”

Fica claro que técnica e disciplina não bastam para nos colocar em sintonia com os espíritos benfeitores. Se não vivermos de acordo com a lei do equilíbrio e da harmonia, algo que só é possível desenvolvendo nossa capacidade de amar e tornando-nos mais sábios, a cada dia, não seremos capazes de interagir com os espíritos que já vivem essa realidade que tanto almejamos. Para haver comunicação, deve haver sintonia. Portanto, o fenômeno mediúnico – não importa o grau – ocorrerá sempre em conjunto com o fenômeno anímico, ou seja, conjugado com as qualidades morais e afinidades do médium.

Então, se você quiser receber uma inspiração da parte dos guias espirituais que porventura lhe acompanham, ou sentir a presença dos benfeitores espirituais do centro que você frequenta, você deve, primeiramente, trabalhar para viver, cada vez mais, o mesmo clima interno que eles vivem.

Se você chega no centro, seja para assistir a uma palestra ou dar passes, mas seu estado psicoemocional está desequilibrado, os guias não conseguirão inspirá-lo. O fenômeno telepático, que é a transmissão de ideias, entre você e os guias, não ocorrerá. Ao contrário: talvez consiga, apenas, perceber as formas-pensamento ou energias geradas por sua raiva, medo, arrogância, vaidade...

e que estão agregadas à sua aura. Você pode até pensar que é “encosto”, obsessão... mas geralmente não é. É você mesmo mantendo seu desequilíbrio.

Então, o primeiro passo para entrar em contato consciente com os espíritos mais esclarecidos, equilibrados, chamados “espíritos de Luz”, é você acender a Luz dentro da sua consciência. Como? Com autoconhecimento, buscando desvendar, cada vez mais, sua realidade interna...

A mudança de hábitos é fundamental. Se você quer reformar algo que não está bom, não adianta somente conhecer o ambiente e traçar planos. A execução da obra é fundamental, senão a reforma não acontece!

Aliado ao processo de autoconhecimento e reforma íntima, devemos realizar exercícios para o desenvolvimento das nossas faculdades medianímicas. Entre eles, temos as práticas bioenergéticas, a meditação, etc.

Cabe a cada um de nós tirarmos grandes lições para o nosso crescimento, não apenas na teoria ou dependendo de terceiros, mas por conta própria, a fim de servirmos como ferramentas mais úteis ao progresso da humanidade.

Victor Rebelo
Fonte: Revista Cristã de Espíritismo

28 abril 2017

Espiritismo e medicina – Caminhos para terapêutica dos distúrbios mentais - Jorge Hessen

 

ESPIRITISMO E MEDICINA - CAMINHOS PARA TERAPÊUTICA DOS DISTÚRBIOS MENTAIS
 

As mulheres em quase toda a Inglaterra são agredidas ou às vezes ficam em situações muito desumanas, como no caso das mulheres grávidas que perdem seus bebês (aborto) diante das violências praticadas pelos seus esposos (muitos deles obsidiados) diagnosticados como estressados pós-traumático. Uma delas , a britânica Lindsey Roberts, diz ter sofrido cinco abortos após ser agredida por seu marido, o militar Andrew Roberts, que era um obsedado e repleto de paranóias de guerra , além de distúrbios de ansiedade contraídos nos campos de batalha (Iraque, Afeganistão). (1)

A obsessão é a trágica pandemia dos dias atuais. A perturbação espiritual dos soldados oriundos dos campos de batalha não é um problema inglês, pois nos EUA, na França, na Itália é comum existirem homens (ex-soldados) obsidiados, portadores de demência e distúrbios de ansiedade, contraídos nos campos de guerra, lembrando aqui que tais países fomentam, convivem e mantêm a guerra no planeta.

O fato é que a ciência desses países e do mundo não alcança elucidar suficientemente as razoáveis causas dos distúrbios espirituais , psicológicos e mentais de ex-combatentes. O psiquiatra se mantém aprisionado aos limites do cérebro, fonte que, como nós espíritas sabemos, não é a raiz essencial das patologias, sejam espirituais e/ou mentais, mas tão somente a exteriorização do efeito da enfermidade.

A ideia da existência de um “ente” extra físico (Espírito) pode elucidar a origem de muitos enigmas patológicos da psiquê. Em todas as épocas da história das civilizações, existiram psicopatas que sofriam influências nefastas desses “entes” extra físicos (obsessores e inimigos de guerra), e, em alguns casos, envolvendo personagens que se celebrizaram por seus atos.

Nabucodonosor II, rei dos Caldeus, sofreu uma licantropia e pastava no jardim do palácio, como um animal. Tibério, envolvido por muitos espíritos cobradores, cometeu muitos deslizes, com muita malignidade. Calígula e Gengis-Khan marcaram presença, em função de suas aberrações psicóticas. Domício Nero, em função de grandes desequilíbrios psíquicos, entre tantos equívocos, mandou assassinar a mãe e sua esposa, e, depois, as reencontrava em desdobramentos.

Até mesmo no campo das artes encontramos obsedados por “entes” extra físicos. Dostoiévski sofria de ataques “epilépticos”. Nietzsche perambulou pelos asilos de “alienados”. Van Gogh cortou as orelhas num momento de “insanidade” e as enviou de presente para sua musa inspiradora, findando, posteriormente, a vida, com um tiro. Schumann, notável compositor, atirou-se ao Reno, sendo salvo pelos amigos e internado num hospício, onde ele encerrou a carreira. Edgar Allan Poe sucumbiu arrasado pelo álcool e tendo visões infernais.

Naturalmente há tratamento para tais problemas. A terapêutica para as tragédias psicopatológicas (obsessivas ou não) é essencialmente preventiva. O Espiritismo sugere a resignação ante às vicissitudes da vida que poderiam causar o acirramento ou a atenuação da doença. Para que haja mais sucesso no tratamento do processo obsessivo, o primeiro passo é que se faça um bom diagnóstico do conjunto dos sintomas.

Apesar de todos os esforços, às vezes, é difícil fazer um diagnóstico diferencial específico, considerando que os sinais e sintomas são idênticos, tanto na loucura, propriamente dita, com lesões cerebrais, quanto nos processos obsessivos, onde há grande perturbação na transmissão do pensamento.

Para tratamentos das obsessões é fundamental que se considere a existência do psicossoma, contextura sutil que envolve o corpo físico. “É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados. O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos.” (2)

O êxito do tratamento ou até mesmo “a cura se opera mediante a substituição de uma molécula [perispiritual] malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas depende, também, da energia, da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.” (3)

Urge, mais uma vez, deixar bem claro que o tratamento espiritual, oferecido na Casa Espírita, não dispensa tratamento médico. O prognóstico, de modo geral, poderá ser bom ou ruim, considerando todos os fatores envolvidos, especialmente, o interesse do obsidiado em profundas transformações íntimas e a boa vontade da família em dar-lhe toda a assistência possível sob todos os aspectos.

“A Doutrina Espírita, aliada às Ciências Médicas, poderá se entender não se contradizendo, mas de mãos dadas, caminhando juntas, buscando todos os recursos disponíveis no sentido de abrandar o sofrimento do doente[obsedado]” (4). Caso contrário, “a ciência nadará em um oceano de incertezas, enquanto acreditar que a loucura depende, exclusivamente, do cérebro. A ciência precisa distinguir as causas físicas das causas morais, para poder aplicar às moléstias os meios correlativos”.(5)


Jorge Hessen

Referencias bibliográficas:

[1] Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/geral-39191695 acesso em 30/03/2017

[2] KARDEC, Allan. A Gênese, RJ: Ed. Feb, 29ª edição, 1986, cap. XIV

[3] KARDEC, Allan. A Gênese, RJ: Ed. Feb, 29ª edição, 1986, cap. XIV

[4] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 117ª edição, 1990, Instituto de Difusão Espírita – IDE, 117ª ed., cap. I, item 8

[5] MENEZES Adolfo Bezerra de. A Loucura sob um Novo Prisma, 2ª edição, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1987

27 abril 2017

Renovação - André Luiz

 
RENOVAÇÃO


Desligando-me dos laços Inferiores que me prendiam às atividades terrestres, elevado entendimento felicitou-me o espírito.

Semelhante libertação, contudo, não se fizera espontânea.

Sabia, no fundo, quanto me custara abandonar a paisagem doméstica, suportar a incompreensão da esposa e a divergência dos filhos amados.

Guardava a certeza de que amigos espirituais, abnegados e poderosos, me haviam auxiliado a alma pobre e imperfeita, na grande transição.

Antes, a inquietude relativa à companheira torturava-me incessantemente o coração; mas, agora, vendo-a profundamente identificada com o segundo marido, não via recurso outro que procurar diferentes motivos de interesse.

Foi assim que, eminentemente surpreendido, observei minha própria transformação, no curso dos acontecimentos.

Experimentava o júbilo da descoberta de mim mesmo. Dantes, vivia à feição do caramujo, segregado na concha, impermeável aos grandiosos espetáculos da Natureza, rastejando no lodo. Agora, entretanto, convencia-me de que a dor agira em minha construção mental, à maneira da aluvião pesada, cujos golpes eu não entendera de pronto. A aluvião quebrara a concha de antigas viciações do sentimento. Libertara-me. Expusera-me o organismo espiritual ao sol da Bondade Infinita. E comecei a ver mais alto, alcançando longa distância.

Pela primeira vez, cataloguei adversários na categoria de benfeitores.

Comecei a freqüentar, de novo, o ninho da família terrestre, não mais como senhor do círculo doméstico, mas como operário que ama o trabalho da oficina que a vida lhe designou. Não mais procurei, na esposa do mundo, a companheira que não pudera compreender-me e sim a irmã a quem deveria auxiliar, quanto estivesse em minhas forças. Abstive-me de encarar o segundo marido como intruso que modificara meus propósitos, para ver apenas o irmão que necessitava o concurso de minhas experiências. Não voltei a considerar os filhos propriedade minha e alui companheiros muito caros, aos quais me competia estender os benefícios do conhecimento novo, amparando-os espiritualmente na medida de minhas possibilidades.

Compelido a destruir meus castelos de exclusivismo injusto, senti que outro amor se instalava em minhalma.

Órfão de afetos terrenos e conformado com os desígnios superiores que me haviam traçado diverso rumo ao destino, comecei a ouvir o apelo profundo e divino, da Consciência Universal.

Somente agora, percebia quão distanciado vivera das leis sublimes que regem a evolução das criaturas.

A Natureza recebia-me com transportes de amor. Suas vozes, agora, eram muito mais altas que as dos meus interesses isolados. Conquistava, pouco a pouco, o júbilo de escutar-lhe os ensinamentos misteriosos no grande silêncio das coisas. Os elementos mais simples adquiriam, a meus olhos, extraordinária significação. A colônia espiritual, que me abrigara generosamente, revelava novas expressões de indefinível beleza. O rumor das asas de um pássaro, o sussurro do vento e a luz do Sol pareciam dirigir-se à minhalma, enchendo-me o pensamento de prodigiosa harmonia.

A vida espiritual, inexprimível e bela, abrira-me os pórticos resplandecentes. Até então, vivera em “Nosso Lar” como hóspede enfermo de um palácio brilhante, tão extremamente preocupado comigo mesmo, que me tornara incapaz de anotar deslumbramentos e maravilhas.

A conversação espiritualizante tornara-se indispensável.

Aprazia-me, antigamente, torturar a própria alma com as reminiscências da Terra. Estimava as narrativas dramáticas de certos companheiros de luta, lembrando o meu caso pessoal e embriagando-me nas perspectivas de me agarrar, novamente, à parentela do mundo, valendo-me de laços inferiores.

Mas agora... perdera totalmente a paixão pelos assuntos de ordem menos digna: as próprias descrições dos enfermos, nas Câmaras de Retificação, figuravam-se-me desprovidas de maior interesse. Não mais desejava informar-me da procedência dos infelizes, não indagava de suas aventuras nas zonas mais baixas. Buscava irmãos necessitados. Desejava saber em que lhes poderia ser útil.

Identificando essa profunda transformação, falou-me Narcisa certo dia:

— André, meu amigo, você vem fazendo a renovação mental. Em tais períodos, extremas dificuldades espirituais nos assaltam o coração. Lembre-se da meditação no Evangelho de Jesus. Sei que você experimenta intraduzível alegria ao contacto da harmonia universal, após o abandono de suas criações caprichosas, mas reconheço que, ao lado das rosas do júbilo, defrontando os novos caminhos que se descerram para sua esperança, há espinhos de tédio nas margens das velhas estradas inferiores que você vai deixando para trás. Seu coração é uma taça iluminada aos raios do alvorecer divino, mas vazia dos sentimentos do mundo, que a encheram por séculos consecutivos.

Não poderia, eu mesmo, formular tão exata definição do meu estado espiritual.

Narcisa tinha razão. Suprema alegria inundava-me o espírito, ao lado de incomensurável sensação de tédio, quanto às situações da natureza inferior.

Sentia-me liberto de pesados grilhões, porém, não mais possuía o lar, a esposa, os filhos amados. Regressava freqüentemente ao círculo doméstico e aí trabalhava pelo bem de todos, mas sem qualquer estímulo. Minha devotada amiga acertara. Meu coração era bem um cálice luminoso, porém, vazio. A definição comovera-me.

Vendo-me as lágrimas silenciosas, Narcisa acentuou:

— Encha sua taça nas águas eternas daquele que é o Doador Divino. Além disso, André, todos nós somos portadores da planta do Cristo, na terra do coração. Em períodos como o que você atravessa, há mais facilidade para nos desenvolvermos com êxito, se soubermos aproveitar as oportunidades. Enquanto o espírito do homem se engolfa apenas em cálculos e raciocínios, o Evangelho de Jesus não lhe parece mais que repositório de ensinamentos comuns; mas, quando se lhe despertam os sentimentos superiores, verifica que as lições do Mestre têm vida própria e revelam expressões desconhecidas da sua inteligência, à medida que se esforça na edificação de si mesmo, como ensinamento do Pai. Quando crescemos para o Senhor, seus ensinos crescem igualmente aos nossos olhos. Vamos fazer o bem, meu caro! Encha seu cálice com o bálsamo do amor divino. Já que você sente os raios da alvorada nova, caminhe confiante para o dia!...

E, conhecendo meu temperamento de homem, amante do serviço movimentado, acrescentou, generosa:

— Você tem trabalhado bastante aqui nas Câmaras, onde me preparo, por minha vez, considerando o futuro próximo, na carne. Não poderei, portanto, acompanhá-lo, mas creio deve você aproveitar os novos cursos de serviço, instalados no Ministério da Comunicação. Muitos companheiros nossos habilitam-se a prestar concurso na Terra, nos campos visíveis e invisíveis ao homem, acompanhados, todos eles, por nobres instrutores. Poderia você conhecer experiências novas, aprender muito e cooperar com excelente ação individual. Porque não tenta?

Antes que pudesse agradecer o alvitre valioso, Narcisa foi chamada ao interior das Câmaras, a serviço, deixando-me dominado por esperanças diferentes de quantas abrigara até então, relativa mente às minhas tarefas.

Pelo Espírito André Luiz
Do livro: Os Mensageiros
Médium: Francisco Cândido Xavier



26 abril 2017

Por que os maus se dão bem na vida? - Hugo Lapa



POR QUE OS MAUS SE DÃO BEM NA VIDA?


De vez em quando vemos as pessoas fazerem a seguinte indagação:
Por que muitas pessoas boas, que ajudam os outros, estão mal, sofrendo, e ficam com suas vidas bloqueadas? E por que outras pessoas egoístas, orgulhosas, que prejudicam os outros, estão bem, ganham dinheiro, tudo em suas vidas dá certo e elas conseguem o que desejam?

Em primeiro lugar devemos dizer que não há como saber se essas pessoas estão mesmo bem e felizes. Alguns desses indivíduos egoístas, arrogantes, rancorosos, intolerantes etc, podem ter boas condições financeiras, família, uma vida confortável e ter poucos problemas, mas nada disso garante alegria e paz. A felicidade não se encontra em nenhuma destas coisas, mas num desprendimento interior, numa liberdade de ser e numa consciência que independem de qualquer aspecto da vida humana. Por isso, nada nos faz acreditar que essas pessoas são felizes. Talvez essa felicidade seja apenas uma aparência. Aliás quase tudo na vida humana é feito de imagens, de miragens e de ilusões. A imagem de felicidade e bem-estar que muitas pessoas projetam a outras não é exceção.

Em segundo lugar, é preciso verificar se as pessoas que julgamos “boas” são tal como nós pensamos. O ser humano cria em sua mente um modelo de bondade, de santidade, de solidariedade que está baseado em suas crenças pessoais. Pessoas boas podem ser boas apenas na aparência, mas por dentro guardarem uma escuridão interior. Elas fingem ser bondosas a fim de ganhar alguma coisa com isso, nem que seja reconhecimento que vem alimentar seu ego. Por outro lado, muitas pessoas que são supostamente boas, caso tivessem poder, usariam mal esse poder adquirido. Vemos todos os dias situações parecidas com essa. Pessoas que pareciam ser boas apenas por não lhes ter sido dada a oportunidade de se mostrarem tal como são. 

Como diz a máxima: “Quer conhecer uma pessoa? Dê poder a ela.” É certo que muitos oprimidos anseiam em se tornar opressores. Ao invés de lutarem contra as injustiças, sonham em um dia terem as mesmas condições de seus algozes e ser como eles. Portanto, é preciso tomar cuidado com rótulos de bondade. Da mesma forma que não devemos fazer um julgamento de uma pessoa como sendo alguém mau e perverso, não devemos também julgar uma pessoa como sendo boa antes de conhece-la mais a fundo.

O terceiro ponto dessa resposta, e o mais importante, é entender que as pessoas realmente boas e puras estão mais adiantadas no caminho espiritual, e por esse motivo, estão aptas a enfrentar provas mais duras. Para entender esse ponto, vamos recorrer a um exemplo. Vamos imaginar um aluno da primeira série fazendo uma prova. Vamos imaginar também um aluno da sétima série fazendo uma prova. Cada um desses alunos realiza um exame que foi preparado de acordo com os conhecimentos do aluno dentro da série onde ele está. Alguém imagina o aluno da primeira série sendo obrigado a resolver as questões de uma prova da sétima série? Claro que não. O aluno da primeira série deverá fazer uma prova adaptada aos padrões da ensino da série em que se encontra.

O mesmo ocorre com as almas que vem a esse mundo. Cada alma possui um certo nível de amadurecimento espiritual. Os espíritos se encontram em certa fase de seu desenvolvimento. Uns são mais adiantados e outros são mais atrasados. As almas mais adiantadas devem obviamente realizar provas mais difíceis porque já estão aptas a serem bem sucedidas. As almas mais atrasadas, por outro lado, não estão preparadas para provações mais complexas, mais duras, mais pesadas, que exijam muito delas, pois se isso ocorrer, elas facilmente vão sucumbir a essas adversidades. Não se pode exigir algo de quem não tem. É necessário dar as provações mais difíceis aos espíritos mais avançados e provas mais simples aos espíritos igualmente mais simples. No futuro, as almas menos adiantadas vão avançar em evolução, e nesse momento, estarão preparadas para as provas mais árduas, mais penosas, que exijam mais de si mesmos. Como diz a máxima: “Deus dá as batalhas mais difíceis aos seus melhores soldados”.

Por isso, ninguém deve se surpreender quando pessoas sem caráter, primitivas e grosseiras se dão bem na vida. Na realidade, esses espíritos ainda não podem ser submetidos aos testes mais rigorosos, caso contrário, ficarão revoltados, perdidos e podem desistir. É preciso que as almas primitivas vão recebendo as lições espirituais mais lentamente, aos poucos, dentro do nível que eles são capazes de assimilar. Assim, eles vão sendo preparados de forma branda para depois serem introduzidos nas provações de nível mais alto. Por outro lado, aqueles que sofrem provações mais severas devem agradecer essa oportunidade, pois Deus já sabe que essas almas são mais adiantadas e estão preparadas para desafios maiores.

Respondendo então a pergunta inicial, os espíritos atrasados não se dão bem na vida. Eles apenas se encontram incapacitados de superar provas mais duras. Por isso, essas provas são adiadas até que eles estejam preparados.

Hugo Lapa 

25 abril 2017

Morrer é natural - Momento Espírita



MORRER É NATURAL


Certos assuntos, em nossas vidas, ainda são encarados com o ranço dos posicionamentos preconceituosos.

Ideias alimentadas na ignorância da Idade Média, em especial, passam pelas gerações, atemorizando as almas.

Existem pessoas que não podem ouvir falar em morte. Perturbam-se, perdem o sono. E nem conversam a respeito.

No entanto, vemos que as novas gerações não apresentam temor, ao contrário, trazem uma tranquilidade interior.

E foi o que demonstrou aquela menina, surpreendendo a todos.

Ela tinha um cachorro pequeno, Pitoco, que era toda a sua alegria. Quando ia para a escola, fazia questão de despedir-se do amiguinho, dizendo que logo voltaria.

Pois Pitoco adoeceu e os remédios, receitados pelo veterinário, aliados a cuidados adicionais recomendados, não faziam efeito algum.

Naquele dia, enquanto Lia estava na escola, o cachorro piorou e, depois de uma curta agonia, morreu.

Os pais ficaram muito apreensivos. Como contariam para a filha que Pitoco morrera? Como ela se sentiria, sobretudo por não ter estado presente à sua morte?

Indagavam-se qual seria a reação dela. E, por isso, ensaiaram a melhor maneira de contar o acontecido.

Quando Lia chegou em casa, percebeu o clima tenso, pesado. Inteligente, logo imaginou que o seu amiguinho tivesse piorado e correu para o seu cantinho.

A mãe lhe cortou o caminho, o pai a olhou preocupado. E, embora os tantos ensaios para a escolha das melhores palavras, nenhum deles conseguiu dizer nada.

Ela deduziu e perguntou: Vocês estão com este jeito estranho por que o Pitoco morreu? Meu cachorrinho se foi?

Ante o assentimento mudo dos pais, ela foi se encaminhando ao local onde estava o cadáver do seu amiguinho.

Tadinho do Pitoco. Mas, como ele estava muito doente, melhor assim. Afinal, todos morremos, não é mesmo?

Tudo morre: as plantas, as flores, as árvores. Também os bichos, as pessoas. É a vida.

Os pais se olharam, surpresos. E descobriram, naquele momento, com as expressões da filha, que ela tinha uma visão muito mais clara a respeito da vida e da morte do que eles próprios.

Muita gente acostumou-se a ver a morte como ponto final de tudo.

Há fantasias e crendices que penetram a mente das pessoas de tal modo que passam a lhes minar a segurança íntima, determinando pavores cruéis que maltratam as criaturas.

Bom seria se na educação da criança e do jovem, nas conversas entre adultos, e em todos os meios de comunicação, não se desprezasse a importância desse tema.

Se existe uma certeza em nossa vida, é a de que morreremos um dia.

Portanto, estarmos preparados para enfrentar essa realidade seria um grande avanço na nossa maneira de viver.

Saber que quem morre é apenas o corpo físico, que somos imortais e conservamos nossas capacidades cognitivas e emocionais, nos deixaria mais serenos.

Também saber que reencontraremos nossos amores; que poderemos refazer nossos enganos; que teremos novos recomeços.

Ter certeza de que a morte, que nos tolhe a vida física, significa simplesmente que vencemos mais uma etapa na linha do progresso.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 20, pt. V, do livro Todos precisam de paz na alma, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

24 abril 2017

Porque certos desafetos reencarnam como nossos familiares? - Morel Felipe Wilkon

 (Santos/SP)


"PORQUE CERTOS DESAFETOS REENCARNAM COMO NOSSOS FAMILIARES?"

Como a Doutrina Espírita explica a existência de desafetos dentro da própria família? Quase todas as famílias têm seus casos de desentendimento entre alguns dos seus membros, muitas vezes verdadeira aversão sem nenhuma explicação na existência presente. 

“Por que certos desafetos reencarnam como nossos familiares? Mesmo se o perdão for obtido em uma das partes eles continuarão reencarnando próximos um ao outro em outras vidas?”

É bom nós sabermos – e quem fez essa pergunta já sabe disso – que é comum que antigos desafetos reencarnem próximos um do outro, principalmente no meio familiar. Numa mesma família geralmente há o encontro de antigos desafetos. Por quê? Imagine que você se mude para o outro lado do mundo, que você nunca mais tenha contato com ninguém do Brasil, com ninguém que você conheceu aqui. Daqui a uns 40 anos, quando eventualmente você se lembrar de alguém que você conheceu aqui, de quem você vai se lembrar?

Você vai lembrar das pessoas que você ama e das pessoas que você odeia. Talvez você não ame ninguém, ou você não odeie ninguém. 

Mas você certamente formou vínculos de afeto e de desafeto. 

Muitas pessoas que nós conhecemos nessa existência não irão representar grande coisa para nós no futuro. São coadjuvantes em nossa vida. Mas há os protagonistas em nossa vida, que são aquelas pessoas por quem nós nutrimos sentimentos de amor e ódio.

São com essas pessoas que nós temos vínculos. É a elas que nós estamos ligados. É importante considerarmos que se nós sentimos ódio de alguém é porque muito provavelmente antes de experimentarmos esse sentimento de ódio nós sentimos por esse alguém algo muito próximo muito semelhante ao amor. Ninguém sente ódio de alguém se nunca gostou desse alguém antes. As relações de ódio quase sempre surgem a partir da traição, do engano, da inveja, da disputa desenfreada – mas antes de se manifestar a traição, o engano, a inveja, a disputa desenfreada, havia amor – não o amor verdadeiro porque nós ainda não sabemos amar de verdade, mas algo muito próximo ao amor.

Se uma pessoa que eu não conheço, ou um conhecido qualquer – se essa pessoa me trai, é claro que eu não vou gostar, mas também não vou morrer de ódio dessa pessoa.

Mas se alguém que eu amo – um irmão, um filho, o cônjuge – se um deles me trair, o amor que eu sinto poderia se transformar em ódio: eu tenho um vínculo muito forte com essa pessoa e esse vínculo permanece – ele apenas deixa de ser positivo e se torna negativo.

Os nossos grandes desafetos, então, são espíritos com quem nós já convivemos no passado, em outras existências, e são espíritos de quem nós já gostamos, fomos grandes amigos, talvez sócios, ou irmãos, ou amantes – já tivemos laços de amor no passado. Os espíritos se atraem por afinidade. 

A reencarnação acontece normalmente por afinidade. É um equívoco supor que todos nós passamos por um planejamento antes de reencarnar. Isso é correto se considerarmos que a Lei de Deus (o grande conjunto de Leis que nos regem) seja um planejamento – ou que comportem um planejamento. Mas não há planejamento individual para cada espírito que reencarna.

Nós nos aproximamos, então, por afinidade. Nós temos vínculos aqui, temos laços de afeto e desafeto com algumas pessoas, nós mantemos esses laços depois de desencarnados, e esses laços permanecem ainda quando reencarnamos. São esses vínculos que nos unem, que aproximam as pessoas em pequenos e grandes grupos.

– Qual é a razão, na Lei de Deus, para que os desafetos se encontrem? 
Não seria melhor se nós nunca mais encontrássemos os nossos desafetos? Não. Se nós não os encontrássemos novamente, nós não curaríamos as feridas produzidas por esses laços de ódio. O ódio é uma doença do espírito. 

Enquanto nós sentimos ódio, enquanto nós tivermos ódio dentro de nós, mesmo que bem controlado, mesmo que nós nem percebamos que sentimos ódio – nós não nos curamos. E a única maneira de curar essa doença chamada ódio – ódio e seus derivados: mágoa, rancor, ressentimento – o meio de nós curarmos essa doença é nos rearmonizando com nós mesmos e com os nossos desafetos.

Em relação ao perdão: eu posso perdoar, posso me elevar espiritualmente e superar esses laços negativos. Perdoar é desligar-se, deixar para trás. Perdoar alguém de quem eu tive ódio é romper com esses laços de ódio, eu já não estou ligado a essa pessoa por laços de ódio.

Poderíamos pensar, então, que basta perdoar para nos vermos livres dos nossos desafetos.

É mais ou menos. Quando eu perdoo eu me livro da doença, eu estou curado do ódio. Mas a Lei é perfeita. A Lei de Deus é perfeita. Nada escapa da Lei. 

Temos que considerar que nós contribuímos para a formação desses laços de ódio, nós contribuímos para que essa desarmonia acontecesse. 

Se examinarmos as nossas existências anteriores veremos que nós não somos vítimas. Podemos ter sido vítimas numa determinada existência, mas fomos algozes em outra existência anterior – às vezes espíritos se perseguem durante milênios, alternando as posições de perseguido e perseguidor. Isso só termina com o perdão e a rearmonização.

Referindo-se a esses laços de desafeto, a essas relações de ódio, Jesus nos ensinou no sermão da montanha:

“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.” Mateus 5:25-26

Temos que pagar até o último centavo. O que isso quer dizer?
Quer dizer que nós não nos elevaremos de verdade enquanto estivermos em débito com as Leis divinas.

Jesus disse para entrarmos em acordo com o nosso adversário, para nos conciliarmos, ou nos reconciliarmos com o nosso adversário – o adversário é esse desafeto que reencarnou como nosso familiar. 

Temos a oportunidade de nos reconciliarmos agora. Isso não quer dizer que temos que morrer de amores por esse familiar nosso. Se nós construímos grandes diferenças um com o outro, a ponto de mal nos suportarmos, dificilmente vamos amar esse desafeto, nesta reencarnação, como nós amamos outras pessoas. Mas é preciso começar a rearmonização. É preciso tolerar; compreender; ajudar, se for o caso; e querer o bem para essa pessoa, orar por essa pessoa – isso é o mínimo que podemos fazer.

O perdão liberta, é verdade. Mas não nos isenta de trabalharmos pela rearmonização, de trabalharmos pela harmonia do universo. A Lei de Deus é pura harmonia. Deus é amor, é alegria, é prazer – para vivermos o reino de Deus, que é o nosso próximo estágio evolutivo, temos que estar em plena harmonia com as Leis de Deus.


Fonte: Morel Felipe Wilkon


23 abril 2017

O desapego que liberta - Viviane Draghetti

 

O DESAPEGO QUE LIBERTA


Nós somos almas ainda muito apegadas às pessoas, situações, à matéria e emoções, sentindo grande dificuldade em deixar ir o velho, o desnecessário e até mesmo quem tem que ir, para continuar seu caminho evolutivo longe de nós, aqui ou em outro plano.

Atendi uma pessoa que estava sofrendo muito com a doença do pai, um câncer, e sentia que faltava pouco para ele desencarnar. Ela sentia um apego muito forte pelo pai e depois de muita conversa direcionamos o trabalho para a regressão. Ela não regrediu, mas visualizou sua vida atual, desde os sete anos de idade, viu a relação com o pai e mãe, a qual havia esquecido devido o passar dos anos. Percebeu que desde a infância, sentia muito apego pelo pai, sofrendo quando ele ia trabalhar, ou quando a deixava com um terceiro para sair com sua mãe. Viu também que durante a infância passou por diversas situações em que pessoas da família desencarnaram, umas cinco ou seis, uma atrás da outra. Em todas essas ocasiões, via o pai e mãe chorarem muito e sempre a deixavam na casa de um conhecido, vizinho ou amigo e dirigiam-se ao velório, ela nunca ia junto. Portanto, desde a infância, o desencarne para ela foi visto como algo terrível, com muita dor e desespero, encarado como algo que a privava do convívio familiar e fazia todos sofrerem.

A consultante também visualizou cenas corriqueiras do dia a dia onde sentia muita pena do pai, inclusive nos momentos em que ele passava por desafios diários. Por fim, viu o genitor doente (no momento atual) e então seu mentor espiritual apareceu, ordenando que ela seguisse, momento em que visualizou o pai em um caixão. Seu Amparador lhe disse que precisa deixar ele ir, pois irá para um lugar melhor, escolhido antes de encarnar.

Com o relato acima, percebemos o quanto confundimos amor incondicional com apego, ou seja, amor condicionado. Amamos as pessoas e situações porque elas nos fazem bem, porque nos trazem felicidade, porque suprem nossa carência. Mas quando surge alguém que mostra nossas inferioridades, que nos critica, que pensa diferente, o julgamos, vendo-o como uma pessoa má ou distante da espiritualidade.

Quando nos apegamos a um relacionamento, não estamos pensando no outro, ma somente em nós. As pessoas precisam partir, para esse ou outro plano no momento oportuno e nossa carência não deve prender quem amamos. Todo relacionamento deveria estar baseado no amor incondicional, ou seja, a pessoa, a situação, complementando a felicidade, mas não suprindo um sentimento inferior.

Quando amamos incondicionalmente, soltamos as pessoas, as situações, entendemos que o novo somente entra em nossa vida quando permitimos que o velho se distancie. Não somos donos da verdade e nem temos o controle da vida dos outros, ou seja, mal controlamos nossa encarnação com o livre arbítrio (que muitas vezes não usamos adequadamente).

Não sabemos o que é melhor para o outro, isto é, o que ele deve seguir, fazer, ser, para onde deve ir e principalmente quando deve partir. Quando controlamos muito a vida das pessoas, esquecemos de olhar para nosso redor, é uma fuga para não encarar a nossa realidade, nossa vida com os medos e desafios.

Precisamos olhar para nosso interior, onde estão as respostas para todos os conflitos e dúvidas, desapegando também dos sentimentos de medo, orgulho e arrogância. Querer controlar o destino do outro é arrogância, pois não conseguimos nem cumprir satisfatoriamente nosso plano pré-reencarnatório, estamos sempre nos desviando, nos perdendo nos caminhos da vida.

Então, vamos permitir que cada um viva sua vida do jeito que preferir, sem controle, sem julgamento, sem arrogância, pois não temos consciência do propósito espiritual e missão dos outros. Vamos cuidar de nossa caminhada evolutiva, pois isso demonstra maturidade e consciência espiritual.



Por Viviane Draghetti
é Terapeuta Holística, com formação em Psicoterapia Reencarnacionista, Radiestesia, Fitoenergética, Mestre Reiki, Mestre Karuna Reiki

22 abril 2017

Deciri "Pra Lamentar" - Orson Peter Carrara


DECORO "PRA LAMENTAR"


A palavra DECORO signfica decência, honestidade, dignidade. Ela é bastante usada e conhecida na formação da expressão decoro parlamentar, que é a conduta individual exemplar que se espera ser adotada pelos políticos, representantes eleitos de sua sociedade. Pelo "andar da carruagem", parece-nos mais indicado alterá-la para o título que usamos na presente abordagem. Afinal, o que se vê é exatamente o contrário de decoro, em todas as áreas. É de se lamentar realmente.

Se soubessem nossos políticos e demais envolvidos com a corrupção da máquina governamental, nas manipulações de bastidores, no jogo de interesses - repita-se: em todas as áreas – o buraco que cavam para si mesmos no futuro de reparações perante a própria consciência que terão que enfrentar não se envolveriam em corrupções, em jogos de interesses ou nas manipulações a que se permitem.

Toda lesão que causamos a nós mesmos, ao próximo, mas também à sociedade, teremos que reparar, custe o que custar. A lei de causa e efeito é perfeita. Não é castigo, mas simplesmente consequencia, que nos devolve o que oferecemos à vida.

É ilusória a ganância ou a vaidade pelo poder e mesmo pelo status social de projeção. Vantagens, benefícios, momentos de glória e projeção indevidamente utilizados não compensam os danos posteriores que enfrentaremos perante a própria consciência.

É que todos temos o dever da honestidade. A própria palavra DEVER já é indicativa da responsabilidade que detemos perante a vida e toda vez que enganamos a consciência para atender os interesses ou seduções que ferem a justiça ou a dignidade, adentramos no periogoso precipício dos desastres morais que exigirão reparações no futuro. O dever é obrigação moral perante nós mesmos e perante os outros. É difícil de ser cumprido porque normalmente é seduzido pela vaidade, pela ganância, pela ingratidão ou pelo poder e pelas manipulações a que nos permitimos. Como é uma questão consciencial, ele não tem aplausos ou reprimendas, permanecendo na intimidade das decisões que conseguimos esconder da visão alheia, mas permanece conhecido pela própria consciência. E o futuro, breve ou remoto, nos colocará novamente para o devido enfrentamento.

É, pois, de se lamentar, o que se vê, o que se ouve. Nossos políticos, eleitos pelo povo, deveriam honrar o cargo de alta responsabilidade. Os eleitores, por sua vez, igualmente nos enquadramos na mesma questão quando o voto é movido pelo interesse. É falta de decoro mesmo. Os interesses da coletividade não podem estar expostos ou sobrepostos pelo interesse individual ou de grupos. Como usar a máquina administrativa de uma instituição, pública ou não, de uma cidade, de um partido, de uma nação, para atender interesses particulares? Isso não é coerente, não combina com a dignidade, com o dever de consciência do papel que assumimos ou representamos.

Abramos os olhos, como políticos ou eleitores. A responsabilidade será sempre nossa daquilo que fizermos com nossos dons, conquistas, recursos, poderes, habilidades, cargos ou influência...

Melhor ouvirmos mais a consciência. Afinal, o desfrute de tais situações é tão efêmero, tão frágil e tão rápido, que não compensa o que enfrentaremos depois, quando burlamos a consciência.


Orson Peter Carrara

21 abril 2017

Momento atual e mensagens apócrifas - Valentim Fernandes)

 

MOMENTO ATUAL E MENSAGENS APÓCRIFAS


Natural que no momento difícil que estamos vivendo, aumente a procura por mensagens espíritas que possam trazer algum alento para as criaturas.

E é nesse contexto, de dúvidas e incertezas, que surge uma série de mensagens assinadas por espíritos cujos nomes são respeitáveis no movimento espírita. Porém é nesta hora também que devemos estar muito atentos com as mistificações de médiuns e de espíritos que se aproveitam da credulidade das pessoas para se passarem por veneráveis, com recomendações, ora repetitivas, ora esdrúxulas, que não acrescentam absolutamente nada.

Diz Kardec no item 255 de "O Livro dos Médiuns": "A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. Porque os Espíritos, de fato, não trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles usam nomes emprestados".

Diz ele ainda, mais adiante, no mesmo item, que a questão se torna mais complexa quando temos de comprovar a identidade de Espíritos de personalidades antigas, o que muitas vezes é impossível.

De modo geral devemos avaliar os Espíritos como avaliamos os homens: pela sua linguagem, estilo, tendências morais, atos, pelos conselhos dados etc. Desde que o Espírito só diga coisas boas e proveitosas, pouco importa o seu nome. É como nos disse Jesus: "Porque não é boa árvore a que dá maus frutos, nem má árvore a que dá bons frutos. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto" (Lucas, VI: 43 e 44).

Isso se aplica a encarnados e desencarnados, médiuns e Espíritos. Entre as comunicações espíritas no último capítulo de "O Livro dos Médiuns", (XXXI), temos alguns exemplos dados por Allan Kardec de mensagens consideradas apócrifas, que é algo escrito sobre o que não se tem a certeza da autoria ou cuja autenticidade não pode ser comprovada.

“Há muitas vezes comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom-senso demonstra a sua falsidade. Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes que se faça a distinção à primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério”.

Em síntese, Kardec apresenta no item 267 de "O Livro dos Médiuns", vinte e seis princípios que nos auxiliam a reconhecer a identidade e qualidade dos Espíritos. Vejamos alguns:

- "Não há outro critério para discernir o valor dos Espíritos, senão o bom-senso";

- "Julgamos os Espíritos pela sua linguagem e pelas suas ações";

- "A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem nenhuma mistura de trivialidade";

- "A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto à substância. As ideias são as mesmas, sejam quais forem o tempo e o lugar";

- "Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância sobre o que não sabem";

- "Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer";

- "Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das ideias e das expressões";

- "Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de maneira prudente";

- "Os Espíritos superiores mantêm-se, em todas as coisas, acima das puerilidades formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as ideias verdadeiramente elevadas";

Outras recomendações poderiam ser citadas, porém estas já são suficientes às nossas reflexões. Com certeza os espíritos superiores se preocupam com o estado atual das coisas, mas de forma alguma estariam disseminando o medo, a desesperança, e tampouco se comportando como se estivessem em um palanque político.

Sábias as recomendações de Kardec:

- "Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se apresentam com muita facilidade usando nomes bastante venerados e só com muita reserva aceitar o que dizem" ("O Livro dos Médiuns" item 267).


Por Valentim Fernandes*
*é dirigente e expositor espírita na cidade de Matão - SP.


20 abril 2017

Como é a vida dos espíritos no Umbral? - Marcos Paterra


 

AUTISMO – UMA ANALISE PROFUNDA A LUZ DO ESPIRITISMO


Esse artigo trás como intento afastar as más interpretações e desinformações sobre o autismo e tentar o entender sob a ótica espírita, sob esse prisma é necessário entendermos que a palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa : “voltar-se para sí mesmo”.

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, o precursor de seus estudos foi Léo Kanner[1] (1943) o qual pesquisou o primeiro vários casos e lançou o livro : "Autistic disturbances of affective contact",[2] onde descreveu os casos de onze crianças que tinham em comum : "um isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela preservação da mesmice"[i], denominando-as de "autistas"

É bom salientar de que embora só em 1943 tenha se publicado as pesquisas, ao longo da história sempre houve crianças autistas, Kanner começou a interessar-se nesses casos específicos quando ingressou na psiquiatria infantil : “ Desde 1938 têm chamado a minha atenção algumas crianças cujas condições diferem de forma marcante e tão específica de qualquer coisa até agora registrada que creio que cada caso merece, e eu espero que eventualmente receba , uma apreciação detalhada de suas fascinantes peculiaridades [...]”.(KANNNER. 1943.p.217)

Alguns podem questionar de como reconhecemos uma criança autista em resumo podemos afirmar que é o autismo é síndrome[3] definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. Sob esse prisma Lorna Wing e Judith Gould em seu estudo realizado em 1979[4] caracterizaram estes três desvios, que ao aparecerem juntos caracterizam o autismo, denominam de “Tríade”. A Tríade é responsável por um padrão de comportamento restrito e repetitivo, mas com condições de inteligência que podem variar do retardo mental a níveis acima da média.

As autoras usaram o termo “espectro autista”[5] para permitir uma definição mais abrangente da perturbação, uma vez que constataram que algumas das crianças observadas não se integravam totalmente na caraterização efetuada por Kanner.

[…] É esta tríade que define o que é comum a todas elas, consistindo em dificuldades em três áreas do desenvolvimento mas nenhuma dessas áreas, isoladamente e por si só, se pode assumir como reveladora de “autismo”. É a tríade, no seu conjunto, que indica se a criança estará, ou não, a seguir um padrão de desenvolvimento anómalo […] (Wing & Gould, 1979, p.17)

Em resumo o espectro nos abre um leque enorme de tipos de autistas, sendo o mais severo o autista denominado no CID 10[6] como “Transtorno Global de Desenvolvimento” onde é classificado (F84.0) , ou pelo DSM 5. [7] o qual classifica como leve[8] ou moderado e severo[9] os : “ Transtornos Invasivos do Desenvolvimento” e no meio desses espectro destacamos os que tem a “síndrome de Asperger” a qual diferencia-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo.

O termo “Síndrome de Asperger” foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 em um jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger[10], cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990. A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no DSM, na 4º edição em 1994 (DSM-IV)[11]

Ao contrário dos autistas “clássicos”, que normalmente estão ausentes e desinteressados do mundo que os rodeia, muitos “aspies” (apelido dado aos que sofrem da síndrome) querem ser sociáveis e gostam do contato humano. Têm no entanto dificuldade em perceber sinais não-verbais, incluindo os sentimentos traduzidos em expressões faciais, o que levanta problemas em criar e manter relações com pessoas que não percebem esta dificuldade.

Conforme Bryson e col. em seu estudo conduzido no Canadá em 1988, em cada mil crianças nascidas uma teria autismo; Segundo a mesma fonte, o autismo seria Três vezes mais frequente em pessoas do sexo masculino do sexo feminino, e incide igualmente em famílias de diferentes raças, credos ou classes sociais. [12]

Muitos cientistas e pesquisadores procuram sua causa, e ainda não chegaram a um denominador comum, hoje com os avanços da neurociência e do conhecimento sobre o genoma humano, tem-se avançado pelo campo das consequências mas não das causas propriamente ditas, a exemplo podemos citar de que nesse campo de investigação os pesquisadores convergem na afirmativa de que o autismo tem sua causa esta na formação do cérebro quando a criança ainda é um feto; ou seja quando dá-se inicio na formação do cérebro... Ali ocorre algo; uma excentricidade.

Em média, os autistas têm 67% mais neurônios do que as outras crianças no córtex pré-frontal, além disso, a massa do cérebro também mostrou uma grande diferença; segundo os dados obtidos, o cérebro dos autistas é 17,6% mais pesado que a média geral.

Estudos de James Sikela[13] e colaboradores através de pesquisas da Universidade do Colorado, descobriam correlação entre um alto numero de copias de um gene numa certa região do DNA humano e o desenvolvimento do cérebro, acarretando autismo e esquizofrenia. Conforme Sikela em uma região instável do genoma 1q21.1 concentra-se um numero alto de cópias de um gene chamado : DUF1220; Essa variação do numero de copias do genoma 1q21.1 , no autismo e na esquizofrenia, se encaixa na ideia de que os indivíduos com essas doenças são os que o mecanismo humano permitiu a geração de mais copias do gene DFU1220.

James Watson[14] lança a hipótese de que existe uma correlação entre autismo, esquizofrenia e inteligência, sua hipótese surgiu depois que sequenciou o genoma humano, o que levou a descoberta de que tinha mutações em genes ligados ao reparo do DNA : BRCA 1 e BRCA2 que atuam corrigindo danos causados durante a replicação do DNA.

As correções segundo Watson acabam por exceder ou não atingir o numero de genes defeituosos.[15]

“Desse modo as pessoas com essas mutações tendem a ter filhos especiais”.[16]

Adentrando á ótica espírita, podemos perguntar, por que nasceriam crianças assim, encontraremos entre diversas respostas na codificação a questão 373 do Livro dos espíritos [ii]: P: Qual será o mérito da existência de seres que, como os cretinos e os idiotas, não podendo fazer o bem nem o mal, se acham incapacitados de progredir?

R: “É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário.” E complementa no item “a” da mesma questão:

“P: Pode assim o corpo de um idiota conter um Espírito que tenha animado um homem de gênio em precedente existência?”

“ R: Certo. O gênio se torna por vezes um flagelo, quando dele abusa o homem”

Na questão 374 mostra-nos a consciência do espírito: “P: Na condição de Espírito livre, tem o idiota consciência do seu estado mental?

R: “Frequentemente tem. Compreende que as cadeias que lhe obstam ao voo são prova e expiação.”

E nos brinda com a 375 item “a” : P: Então, o desorganizado é sempre o corpo e não o Espírito?”

R:“Exatamente; mas, convém não perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que pode acontecer impressionar-se o Espírito temporariamente com a alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe as impressões. Pode mesmo suceder que, com a continuação, durando longo tempo a loucura, a repetição dos mesmos atos acabe por exercer sobre o Espírito uma influência, de que ele não se libertará senão depois de se haver libertado de toda impressão material”

O corpo humano está subordinado às informações ou ordens dos genes, desde que há, em verdade, um “Poder Inteligente” que orienta a formação do DNA e permite repará-lo quando necessário. Logo após a fecundação, a entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva, grava o seu código cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o DNA.

Portanto, todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de todas as células são orientadas e dirigidas pelo espírito que preside a tudo, funcionando o corpo como um grande computador biológico.

A doutrina espírita ensina que somos mentores do nosso próprio destino (o acaso não existe). Quando nascemos com alguma deformidade, em verdade a mesma já existia antes em espírito, porque a criamos dentro de nós, em determinada vivência física. Sob esse prisma entendemos que o espírito é responsável por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei de Causa e Efeito. Se tivermos algo a expiar, a distonia arquivada, em nosso períspirito, propiciará a escolha compatível ao novo encarne.

Conforme Bezerra de Menezes, o Autismo, assim como também todos os processos de limitações e doenças psíquicas e/ou mentais, é um resgate para espíritos que em suas encarnações passadas tiveram "poder" de influencia, decisão, liderança, ideológico ou coisas assim e que não utilizaram aquele "dom" em um objetivo útil ao próximo, abusando de sua influencia e muitas vezes se aproveitando de tudo o que podia fazer para ganho próprio.

" [...] Espíritos há que buscaram, na alienação mental através do autismo, fugir às suas vítimas e apagar as lembranças que os acicatam, produzindo um mundo interior agitado ante uma exteriorização apática, quase sem vida. O modelador biológico imprime, automaticamente, nas delicadas engrenagens do cérebro e do sistema nervoso, o de que necessita para progredir: asas para a liberdade ou presídio para a reeducação". (FRANCO.1988 )[iii]

Conforme o psicólogo Adenáuer de Novaes[17] em sua obra “Reencarnação[iv]: processo educativo”, o processo reencarnatório desses espíritos é muito complexo : “Há crianças que rejeitam tão fortemente a encarnação atual, aos membros de sua família, ao ambiente em que retornaram, que se alheiam da realidade. Experimentam uma rejeição muito grande à atual encarnação. O espírito prefere permanecer vinculado ao passado, a algo distante e remoto que, de alguma forma, lhe recompensa. Esses casos podem levar ao autismo. [...] ” e complementa de modo sublime : “[...] O mutismo, a indiferença, a ausência quase que completa de emoções, geralmente têm suas raízes em encarnações anteriores. A aceitação da atual existência seria fundamental. O trabalho dos pais consiste, em princípio, em reconquistar o filho nessa condição.(NOVAES. Cap. Psicologia e Reencarnação P.84/85)

Analisando essas informações, podemos de aqui destacar a frase do Dr. Jorge Andrea[18] : “O mundo espiritual aqui e ali tem informado que a condição autista desde o nascimento seria o resultado da revolta do espírito diante a imposição reencarnatória; bem claro que, além disso, estarão presente reações como respostas de uma vida pretérita distoante.”[v]

O autismo até a presente data não tem cura, nos casos mais severos há a necessidade de auxilio psiquiátrico e tratamento com remédios, a doutrina espírita aconselha sempre manter o tratamento com os profissionais especializados, e em paralelo um tratamento a base de fluidoterapia. A água fluidificada é um recurso também dos mais interessantes, já que a própria espiritualidade tem a possibilidade de impregnar a água destinada a ser tomada após o passe, com vibrações adequadas para aquele paciente, como um medicamento que seja apropriado para aquele momento específico e para aquela situação específica do paciente.

“Com o tempo tem havido assimilação vibratória dessas energias benéficas, por mimetismo natural, e os interregnos, sem a intoxicação telepática dos adversários desencarnados, vêm proporcionando -lhe a revitalização mental, destruindo as paredes do mundo íntimo para onde, apavorado, fugiu, desde quando a reencarnação o trouxe à infância carnal.”(Bezerra de Menezes – Loucura e Obsessão, cap. 7, pp. 83 e 84).

Os autistas de grau mais leve ou os Aspegers, podem também assistir as palestras, assimilando as informações e educando a alma.

“A criança como ser humano é um ser aberto à mudança, deficiente ou não deficiente, pode modificar-se por efeitos da educação e, ao mudar a sua estrutura de informação, formação e transformação do envolvimento, pode adquirir novas possibilidades e novas capacidades.” ( Vitor da Fonseca. 1995)[vi]

Autor: Marcos Paterra




[1] Leo Kanner ( 1894 - 1981) psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos. Especializou por seu próprio esforço em psiquiatria pediátrica, tendo estudado por seus próprios meios.

[2] Tradução : "Distúrbios autísticos do contato afetivo", publicado na revista Nervous Children (crianças nervosas)..

[3] Síndrome - s.f. (gr. Syndrome) Conjunto dos sintomas que caracterizam uma doença.

[4] Lorna Wing e Judith Gould, efetuaram um estudo epidemiológico num bairro Londrino, onde concluíram que as dificuldades que caraterizam o autismo podem ser relatadas segundo uma “Tríade de Limitações” (Cumine et al., 2006, p. 9)

[5] Espectro autista, também referido por desordens do espectro autista (DEA, ou ASD em inglês) ou inda condições do espectro autista (CEA, ou ASC em inglês), é um espectro de condições psicológicas caracterizado por anormalidades generalizadas de interação social e de comunicação, e por gama de interesses muito restrita e comportamento altamente repetitivo.

[6] CID = Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

[7] DSM= Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais.

[8] Transtorno invasivo do desenvolvimento não-especificado TID ou TEA = Transtorno do Espectro Autista., CID 10 = F84.1 Autismo atípico

[9] Autismo Clássico

[10] Hans Asperger (1906-1980): médico pediatra austríaco formado na Universidade de Viena.

[11] Asperger tinha especial interesse em crianças "fisicamente anormais". Submeteu em 1943, o artigo Die 'Autistischen Psychopathen' im Kindesalter (A psicopatia autista na infância), à revista científica Archiv fur psychiatrie und Nervenkrankheiten, que o publicou no ano seguinte, no seu número 117, páginas 76-136. Seu trabalho baseou-se em estudos que envolveram mais de 400 crianças.

[12] Informações coletadas no site da ASA - Autism Society of America (www.autism-society.org).

[13] James Sikela: Professor Do departamento de bioquímica e genética molecular da Universidade do Colorado (escola de medicina).

[14] James Dewey Watson: Biólogo molecular e geneticista; Premio Nobel e um dos descobridores da estrutura do DNA.

[15] Watson apresentou sua tese durante o 74º Simpósio de Cold Spring Harbor sobre Biologia Quantitativa, organizado pelo laboratório do qual ele era chanceler.

[16] Reportagem publicada na Folha Online em 03/06/2009 - "Autismo é o preço da inteligência, diz descobridor da estrutura do DNA" disponível em : http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2009/06/575851-autismo-e-o-pre... (pagina visitada em 07/02/2014)

[17] Adenáuer M. F. de Novaes: psicólogo clínico, escritor e orador espírita, fundador e diretor da Fundação Lar Harmonia, na cidade de Salvador.

[18] Jorge Andrea dos Santos, Nascido em 1916, em mais de meio século cruzou o país de Norte a Sul, fazendo palestras divulgando o espiritismo em seu aspecto cientifico.




Referências :

[i] KANNER Leo. Autistic disturbances of affective contact. revista Nervous Children. Nº 2, páginas 217-250.

[ii] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

[iii] FRANCO, Divaldo. Loucura e Obsessão –pelo espírito de Manoel Philomeno de Miranda / Bezerra de Menezes. Rio de Janeiro.

FEB. 1988.

[iv] NOVAES. Adenáuer Marcos Ferraz de . Reencarnação : processo educativo. Ed. Fundação Harmonia. Salvador/BA. 1997.

[v] SANTOS, Jorge Andrea. VISÃO ESPÍRITA NAS DISTONIAS MENTAIS. Rio de janeiro. FEB. 1998.

[vi] FONSECA, VITOR. Educação especial: programa de estimulação precoce – uma introdução às ideias de Feuerstein. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.


Autor: Marcos Paterra